TEMA
O tema fundamental da liturgia deste domingo é o do amor: o que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o
“mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.
Na primeira leitura apresenta-se a vida dessas comunidades cristãs chamadas a viver no amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus. É esse projeto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama, aos confins da Ásia Menor.
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade de chamados a viver no amor.
LEITURA I – At 14, 21b-27
ATUALIZAÇÃO
Para refletir, partilhar e atualizar este texto, considerar as seguintes linhas:
♦ Como é que vivem as nossas comunidades cristãs? Notamos nelas o mesmo empenho missionário dos inícios? Há partilha fraterna e preocupação em ir ao encontro dos mais débeis, em apoiá-los e ajudá-los a superar as crises e as angústias? São comunidades que se fortalecem com uma vida de oração e de diálogo com Deus?
♦ Temos consciência de que por detrás do nosso trabalho e do nosso testemunho está Deus? Temos consciência de que o anúncio do Evangelho não é uma obra nossa, na qual expomos as nossas ideias e a nossa ideologia, mas é obra de Deus? Temos consciência de que não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo libertador?
♦Para aqueles que têm responsabilidades de direcção ou de animação das comunidades: a missão que lhes foi confiada não é um privilégio, mas um serviço que está subordinado à construção da própria comunidade. A comunidade não existe para servir quem preside; quem preside é que existe em função da comunidade e do serviço comunitário.
LEITURA II – Ap 21,1-5a
ATUALIZAÇÃO
Para a reflexão desta Palavra, considerar os seguintes dados:
♦ O testemunho profético de João garante-nos que não estamos destinados ao fracasso, mas sim à vida plena, ao encontro com Deus, à felicidade sem fim. Esta esperança tem de iluminar a nossa caminhada e dar-nos a coragem de enfrentar os dramas e as crises que dia a dia se nos apresentam.
♦ A Igreja de que fazemos parte tem de procurar ser um anúncio dessa comunidade escatológica, uma “noiva” bela e que caminha com amor ao encontro de Deus, o amado. Isto significa que o egoísmo, as divisões, os conflitos, as lutas pelo poder, têm de ser banidos da nossa experiência eclesial: eles são chagas que desfeiam o rosto da Igreja e a impedem de dar testemunho do mundo novo que nos espera.
♦ É verdade que a instauração plena do “novo céu e da nova terra” só acontecerá quando o mal for vencido em definitivo; mas essa nova realidade pode e deve começar desde já: a ressurreição de Cristo convoca-nos para a renovação das nossas vidas, da nossa comunidade cristã ou religiosa, da sociedade e das suas estruturas, do mundo em que vivemos (e que geme num violento esforço de libertação ).
EVANGELHO – Jo 13,31-33a.34-35
ATUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão da Palavra, as seguintes linhas:
♦ A proposta cristã resume-se no amor. É o amor que nos distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos? Com que força nos impomos no mundo – a força do amor, ou a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
♦ Falar de amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?
♦ Por um lado, a comunidade de Jesus tem de testemunhar, com gestos concretos, o amor de Deus; por outro, ela tem de demonstrar que a utopia é possível e que os homens podem ser irmãos. É esse o nosso testemunho de comunidade cristã ou religiosa? Nos nossos comportamentos e atitudes uns para com os outros, os homens descobrem a presença do amor de Deus no mundo? Amamos mais do que os outros e interessamo-nos mais do que eles pelos pobres e pelos que sofrem?
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