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domingo, 6 de outubro de 2019

Homilia do Papa na abertura do Sínodo para a Amazônia

O Papa Francisco durante a Missa inaugural do Sínodo da Amazônia.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI/Prensa
Vaticano, 06 Out. 19 / 07:01 am (ACI).- O Papa Francisco presidiu neste domingo 6 de outubro, na Basílica de São Pedro do Vaticano, a Missa de abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, conhecida também como Sínodo da Amazônia, e que se desenvolverá no Vaticano até o próximo 27 de outubro.
Na Missa, em que participaram também os 13 novos Cardeais criados no consistório celebrado ontem, sábado 5 de outubro, o Santo Padre contrapôs o fogo de Deus, “que ilumina, esquenta e dá vida”, ao fogo do mundo, “que destrói”.
O Santo Padre destacou a importância do Sínodo “para renovar os caminhos da Igreja na Amazônia, de modo que não se apague o fogo da missão”. Do mesmo modo, recordou que “muitos irmãos e irmãs na Amazônia levam cruzes pesadas e esperam a consolação libertadora do Evangelho e a carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.
A seguir, a homilia completa do Papa Francisco:
O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a «fazer Sínodo», a «caminhar juntos»; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo.
Começa dizendo: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos» (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de presente. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós mesmos no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de «servos inúteis» (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também «servos sem lucro». Por outras palavras, não trabalhamos para obter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus.
Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender é, literalmente, «dar vida a uma fogueira» [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo «sempre se fez assim», então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas «a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo.
O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, dador dos dons. Por isso, São Paulo continua: «Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14). E antes escrevera: «Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de prudência» (1, 7). Não um espírito de timidez, mas de prudência: em oposição à timidez, Paulo coloca a prudência. Que é, então, esta prudência do Espírito? Como ensina o Catecismo, a prudência «não se confunde com a timidez ou o medo», mas «é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir» (n. 1806). A prudência não é indecisão, não é um comportamento defensivo. É a virtude do Pastor que, para servir com sabedoria, sabe discernir, sensível à novidade do Espírito. Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazónia, para que não se apague o fogo da missão.
O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3, 2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazónia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos.
Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade; São Paulo faz uma última exortação: «Não te envergonhes de dar testemunho (…), mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus» (2 Tm 1, 8). Pede para testemunhar o Evangelho, sofrer pelo Evangelho; numa palavra: viver para o Evangelho. O anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja. Mais adiante, Paulo escreve: «Estou pronto para oferecer-me como sacrifício» (4, 6). Anunciar o Evangelho é viver a oferta, é testemunhar radicalmente, é fazer-se tudo por todos (cf. 1 Cor 9, 22), é amar até ao martírio. De facto, como assinala o Apóstolo, serve-se o Evangelho, não com a força do mundo, mas simplesmente com a força de Deus: permanecendo sempre no amor humilde, acreditando que a única maneira de possuir verdadeiramente a vida é perdê-la por amor.
Queridos irmãos, olhemos juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto por nós. Comecemos dali, porque dali brotou o dom que nos gerou; dali foi derramado o Espírito que renova (cf. Jo 19, 30). Dali, sentimo-nos chamados, todos e cada um, a dar a vida. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos.
ACI Digital

Beato Bartolo Longo, de espírita a “Apóstolo do Rosário”

REDAÇÃO CENTRAL, 06 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- O Beato Bartolo Longo foi um advogado e leigo que fundou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Itália) e que, além disso, dedicou-se a ensinar o catecismo e a difundir a devoção ao Santo Rosário.

Durante sua juventude, ingressou no espiritismo até que, finalmente, Deus tocou seu coração e converteu-se. O Beato Longo foi definido pelo Papa São João Paulo II como “o homem da Virgem”.
Na homilia de sua beatificação, em 26 de outubro de 1980, o Santo Padre disse que ele, “por amor de Maria, tornou-se escritor, apóstolo do Evangelho, propagador do Rosário, e fundador do célebre Santuário no meio de enormes dificuldades e adversidades; por amor de Maria criou institutos de caridade, fez-se mendicante em favor dos filhos dos pobres e transformou Pompeia numa viva cidadezinha de bondade humana e cristã; por amor de Maria suportou em silêncio tribulações e calúnias, passando através de um longo Getsêmani, sempre confiado na Providência, sempre obediente ao Papa e à Igreja”.
Bartolo Longo nasceu em Latiano (Itália), em 10 de fevereiro de 1841. Antes de obter a licenciatura como advogado na Universidade de Nápoles, enveredou-se na moda anticristã da época e dedicou-se à política, às superstições, ao espiritismo: chegou a ser “médium” de primeiro grau e “sacerdote espírita”.
Por outro lado, a filosofia ateia e o racionalismo o tinham totalmente preso. Começou a odiar a Igreja, organizando conferências contra ela e louvando os que criticavam o clero.
Graças à influência de seu amigo Vicente Pepe e do dominicano Pe. Alberto Radente, voltou à fé. Sua conversão aconteceu no dia do Sagrado Coração de Jesus, em 1865, na Igreja do Rosário de Nápoles.
Após seu encontro com Cristo, abandonou a vida libertina e dedicou-se às obras de caridade e ao estudo da religião.
Mais tarde, escreveu, fazendo alusão à sua própria experiência, que “não pode haver nenhum pecador tão perdido, nem alma escravizada pelo implacável inimigo do homem, Satanás, que não possa se salvar pela virtude e eficácia admirável do santíssimo Rosário de Maria, agarrando-se dessa corrente misteriosa que nos estende do céu a Rainha misericordiosíssima das místicas rosas para salvar os tristes náufragos deste tempestuoso mar do mundo”.
Em 1876, por sugestão do Bispo de Nola, iniciou uma campanha para construir um templo em Pompeia. Como resultado da cooperação e da intercessão da Virgem Maria, surgiu o belo Santuário.
No dia 5 de outubro de 1926, aos 85 anos, morreu em Pompeia. Em seu testamento, deixou escrito o seguinte: “Desejo morrer como terciário dominicano... entre os braços da Virgem do Rosário, com a assistência de meu pai São Domingos e de minha mãe Santa Catarina de Sena”.
ACI Digital

O Sínodo da Amazônia: Observações ao Instrumentum Laboris (Parte 1/3)



  • Autor: Cardeal Jorge Urosa Savino, Arcebispo Emérito de Caracas
    • Fonte: https://www.infocatolica.com/?t=ic&cod=35877
    • Tradução: Carlos Martins Nabeto
    INTRODUÇÃO
    Dentro de alguns dias, iniciará o Sínodo Especial sobre a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco para abordar a “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”.
    Este é um Sínodo especialmente dedicado ao estudo dos problemas da Igreja numa região específica – a Amazônia -, que abrange grande parte da América do Sul. No entanto, é especialmente importante para toda a Igreja, pois tanto o Papa quanto os que trabalharam na sua preparação dão a este Sínodo uma projeção universal. Portanto, esta assembleia sinodal influenciará toda a Igreja e não apenas os países amazônicos. Entre eles, é claro, nosso país, a Venezuela.
    O Instrumentum Laboris circula desde junho passado. Dada a metodologia dos Sínodos, que utilizam esses textos como base para a discussão sinodal, este documento é de grande importância. Ainda mais porque, sem dúvida, é muito complexo e inovador também em sua estruturação, e inclusive desconfortável e bastante polêmico, motivo pelo qual tem sido muito controverso. Por essa razão, dediquei-me à tarefa de estudá-lo para, destacando seus pontos fortes, possa ajudar os pais sinodais a superarem as falhas e fragilidades do texto.
    CONTEÚDO DO INSTRUMENTUM
    Ele é dividido em três partes: a primeira, intitulada “A Voz da Amazônia”, dedicada aos aspectos fundamentais da realidade social e cultural da Amazônia; a segunda, dedicada principalmente aos problemas de ecologia e ordem sócio-econômica, é chamada de “Ecologia Integral: clamor da terra e dos pobres”; e a terceira, que apresenta propostas de ação pastoral: “Igreja Profética na Amazônia: desafios e esperanças”. No entanto, os vários temas se entrelaçam nas três partes, o que implica repetições, prolonga desnecessariamente o texto e reduz a clareza das abordagens. As mais abundantes no texto são questões culturais, ecológicas e socioeconômicas. Menos abundantes, mas extremamente e mais importantes para nós, pastores da Igreja, a evangelização e as propostas de ação pastoral.
    DEFESA CORRETA DA AMAZÔNIA E DOS POVOS DA AMAZÔNIA
    Sem dúvida, é muito louvável o interesse em abordar a dramática situação da Amazônia, atualmente ameaçada por uma agressão economicista voraz e irracional. Um dos méritos do documento é que ele reúne as experiências, problemas e aspirações de muitas pessoas, ouvidas pelos membros da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica), precisamente em preparação para o Sínodo. Por isso, o Instrumentum Laboris levanta a grave situação ecológica, social e econômica sofrida pelo território e pelos povos da Amazônia.
    Como bispo venezuelano, apoio a denúncia e a rejeição feitas pelo Instrumentum Laboris (IL) de toda violência contra os povos e o território amazônico. Essa séria exploração ocorre hoje também na Venezuela. Especificamente, em nossa região amazônica, o atual governo [de Nicolás Maduro] promoveu uma operação de mineração agressiva e desordenada no “arco de mineração”, ao sul do Orinoco, que não leva em consideração a proteção do meio ambiente e os direitos dos povos indígenas.
    Graças a Deus, o Instrumentum enfatiza e denuncia de maneira justa e correta a seriedade dos abusos que estão sendo cometidos contra os povos da Amazônia, em particular contra os povos indígenas, chamados no texto “povos originários”. A agressão da ambição humana transformou a Amazônia num espaço de “desacordos e extermínio de povos, culturas e gerações” (IL 23). Essa agressão suscita e exige precisamente a defesa da vida, território e recursos naturais, bem como a cultura e organização dos povos (cf. IL 17). E neste trabalho a Igreja na Amazônia agiu energicamente e – com razão levanta o documento -, sem dúvida deve continuar a fazê-lo.
    Apoiamos totalmente essa denúncia e rejeição a toda injustiça. Isso é bom. Devemos concordar com a defesa que o documento faz dos povos amazônicos e do ambiente natural, a ecologia dessa zona privilegiada. Concordo também em afirmar a obrigação da Igreja de acompanhar e proteger os povos oprimidos.
    BELEZA DA AMAZÔNIA E UMA ANTROPOLOGIA IDEALISTA
    Uma observação importante: o Instrumentum Laboris parece pensar que toda a população da Amazônia é indígena, originária. Não é verdade — pelo menos na Venezuela. Em nossa região amazônica, nas dioceses estabelecidas – não nos vicariatos -, há uma maioria de crioulos, venezuelanos brancos ou mulatos e afrovenezuelanos que não possuem esta cultura indígena. Nem toda a população da Amazônia é originária ou indígena.
    Outro aspecto que chama a atenção no texto é a visão otimista e laudatória, quase utópica, com a qual a população indígena da Amazônia é apresentada na Primeira Parte do texto. Esse território é apresentado quase que como uma espécie de paraíso terrestre, de beleza sem limites (IL 22) “cheio de vida e sabedoria” (IL 5), onde os povos da Amazônia, especialmente os indígenas, buscam “o bom viver”, que é viver em harmonia consigo mesmo, com a natureza, com os seres humanos e com o Ser Supremo (cf. IL 11). A natureza também é mencionada em uma expressão estranha à visão cristã como um todo, na qual os seres humanos são assumidos e referindo-se à “Mãe Terra” (com as iniciais em maiúsculo) quase que como uma pessoa (cf. IL 44).
    Por outro lado, o texto elogia a sabedoria ancestral dos povos amazônicos manifestada no cuidado da terra, da água e das florestas… E propõe que os novos caminhos da evangelização sejam construídos em diálogo com ela, na qual se manifestam as sementes do Verbo (IL 29). “A diversidade original oferecida pela região amazônica – biológica, religiosa e cultural – evoca um novo Pentecostes” (IL 30). Por que essa diversidade original evocaria um novo Pentecostes? Seria necessário estudar em profundidade o que significa essa frase, à primeira vista confusa e exagerada.
    Algo romântico também é a descrição do povo original da Amazônia – os indígenas – como seres excepcionais, que vivem em harmonia com a natureza e o ser supremo, e que personificariam um utópico “bom selvagem”, virtuoso, gentil, ingênuo e confiável. Isso possuiria uma sabedoria na qual as sementes do Verbo seriam encontradas. É uma visão antropológica muito otimista, que ignora as deficiências das culturas indígenas, que omite suas limitações e falhas, e que é diversa e distante da bem realista antropologia católica, da visão bíblica e cristã do homem, sem dúvida imagem de Deus, mas golpeado pelo pecado e necessitado da redenção. Será por isso que pouco se fala da necessidade de salvação e redenção, bem como em fortalecer intensamente a ação pastoral e abertamente evangelizadora da Igreja no Amazonas, como se Cristo não fosse necessário e a harmonia natural utópica fosse o suficiente?
    NOVA REVELAÇÃO?
    Fala-se também do clamor da justiça no território da Amazônia e esta região é apresentada quase que personalizada…, como um “locus theologicus”, um lugar teológico onde se vive a fé e que seria uma nova fonte da revelação de Deus (cf. IL 18 e 19). Aqui encontramos um ponto problemático, de séria discussão, porque é atribuído a um território particular e à luta pela justiça a categoria de nova fonte de revelação! Ou fonte de uma nova revelação?
    Consideremos que a palavra “revelação” no Magistério eclesiástico e na teologia em geral é bastante concreta e específica, significando a comunicação, a revelação, a manifestação que Deus fez de si mesmo à humanidade por meio de Jesus Cristo. Isso está muito claro no documento “Dei Verbum”, sobre a revelação divina, do Concílio Vaticano II (DV 2). Sabemos que a revelação total já ocorreu em Jesus Cristo e uma linguagem ambígua, que obscurece que a realidade teológica e doutrinária, não pode ser usada num documento oficial. O mínimo que se pode dizer é que se trata de uma linguagem inadequada e imprecisa, que deve ser sempre evitada num texto oficial; alguém poderia simplesmente falar de “manifestação de Deus”. Uma das fraquezas do texto é exatamente fazer uso de uma linguagem difusa, equívoca, imprecisa. Será necessário empregar no Sínodo maior rigor conceitual, teológico e doutrinário.
    DIÁLOGO E EVANGELIZAÇÃO
    Nos parágrafos finais da Primeira Parte, o Instrumentum Laboris aborda a questão do diálogo e da evangelização. Sem dúvida, a afirmação da necessidade do diálogo para evangelizar é muito correta. Nosso Senhor Jesus Cristo falou com a mulher samaritana e assim devemos fazer hoje (cf. IL 37). Mas o documento faz declarações românticas ou excessivas à primeira vista. A Amazônia é apresentada como um paradigma para o pacto social do diálogo (IL 37); afirma-se que são os povos da Amazônia, especialmente os pobres, os originários e culturalmente diferentes, os principais interlocutores e protagonistas do diálogo. Isso pode ser aceito caso não seja considerado excludente.
    Porém, um diálogo sem proposta de conversão, sem convite para acolher Jesus como o único Salvador, como o redentor do ser humano ferido pelo pecado? Por que não dizê-lo expressamente? Parece estar ausente do texto o entusiasmo ou uma maior consciência da necessidade de que a Igreja realize ali uma ação evangelizadora mais intensa, precisamente, algo vital para a Igreja em todos os lugares. Isto deve estar no centro, no coração do texto e, depois, no Sínodo: a revitalização da Igreja na Amazônia. A urgência de cumprir a missão evangelizadora da Igreja parece estar ausente ou é expressa muito fracamente. Ao contrário, é necessário acolher o que diz o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, nº 14:
    – “A evangelização está essencialmente ligada à proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou sempre o rejeitaram… Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de anunciar isso sem excluir ninguém; não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem compartilha uma alegria”.
    É verdade que se fala em novos caminhos, mas esses caminhos parecem consistir, acima de tudo, segundo o IL, num diálogo com sabedorias ancestrais e numa firme defesa da ecologia e das populações originárias. Isso não basta! Não se insiste no anúncio mais explícito do “kerygma” e numa ação mais abertamente evangelizadora, santificadora e pastoral de implantação e expansão da Igreja em toda a Amazônia e não apenas para as populações originárias. Esse desequilíbrio é uma grande fraqueza do texto, que esperamos que os padres sinodais venham a superar nas suas deliberações.
    Abordaremos sobre isso em um próximo artigo.

    sábado, 5 de outubro de 2019

    27º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C: AUMENTA A NOSSA FÉ!

    + Dom Sérgio da Rocha
    Cardeal Arcebispo de Brasília
    O Evangelho proclamado inicia-se com um pedido dos apóstolos a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5). Diante dos desafios do mundo atual e da nossa fragilidade, sentimos a necessidade de repetir, com os apóstolos: “Aumenta a nossa fé!”. Na vida de cada um, a fé necessita crescer, purificar-se, fortalecer-se e amadurecer. O texto de S. Lucas se conclui com uma afirmação de Jesus que nos pensar na necessidade de vivenciar a fé no dia a dia, a fim de poder dizer: “somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Para isso, é fundamental a atitude permanente de servo–discípulo que procura fazer sempre a vontade do Senhor, com fidelidade e humildade. Além disso, pedir a Jesus pelo aumento da fé significa reconhecer humildemente que a fé é dom de Deus e se sustenta pela graça divina.     A fé é sempre muito necessária, especialmente quando queremos superar os graves problemas do mundo de hoje. Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, esperando a sua intervenção para por fim a violência, a maldade e a discórdia. Em resposta, Deus suscita a esperança e dá a certeza de que não falhará, advertindo para a consequência da iniquidade, que é a morte, e proclamando que “o justo viverá por sua fé” (Hab 1,4). Conforme a segunda leitura, no serviço à comunidade, é preciso viver da fé e da fidelidade, guardando o “precioso depósito” em “matéria de fé e de amor em Cristo Jesus” (2Tm 1,13-14).
    Estamos iniciando o Mês Missionário Extraordinário, com muitas atividades pastorais programadas nos quinze Setores da Arquidiocese de Brasília e em cada uma das Paróquias. Todos nós, segundo a vocação recebida, devemos participar da missão de transmitir a fé, através das palavras e do testemunho de vida. Rezemos pelos missionários! Sejamos missionários!
    Tem início, neste domingo, o Sínodo Especial para a Amazônia, presidido pelo papa Francisco, reunindo, no Vaticano, os bispos e outros representantes da Igreja na Amazônia. Até o dia 27 de outubro, eles estarão refletindo sobre o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Unidos ao Papa Francisco, acompanhemos o Sínodo com as nossas orações!
    No próximo sábado, estaremos celebrando a festa da Padroeira da Arquidiocese de Brasília e de todo o Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Participe da missa e da tradicional procissão, na Esplanada dos Ministérios. A celebração eucarística terá início às 17:00 h. Vamos todos celebrar e testemunhar publicamente a nossa fé, contando com a intercessão e o exemplo de Nossa Senhora!
    Arquidiocese de Brasília / O Povo de Deus

    Sínodo da Amazônia: Tudo o que deve saber

    Dom David Martínez, Secretário-Geral do Sínodo da Amazônia, e
    Papa Francisco durante sua visita ao Peru.
    Crédito: Eduardo Berdejo (ACI)
    REDAÇÃO CENTRAL, 04 Out. 19 / 09:56 am (ACI).- Nos próximos dias, em Roma, começará o Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, convocado pelo Papa Francisco para "identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus", mas cujo Instrumentum laboris, publicado em 17 de junho, recebeu críticas.
    A seguir, alguns fatos sobre o próximo Sínodo da Amazônia.
    1. Quando começa o Sínodo da Amazônia?
    O Sínodo começará no domingo, 6 de outubro, e terminará no dia 27 de outubro. Seu tema é "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral".
    2. O Papa Francisco explicou o propósito do Sínodo
    No dia 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco anunciou o Sínodo e explicou que seu principal objetivo "é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”.
    O Papa disse que convocou o Sínodo atendendo o desejo de algumas Conferências Episcopais na América Latina, assim como as vozes de vários pastores e fiéis de outras partes do mundo.
    3. Quem participa do Sínodo da Amazônia?
    Participarão do Sínodo Bispos dos nove países cujos territórios abrangem partes da Amazônia: 4 de Antilhas, 12 da Bolívia, 58 do Brasil, 15 da Colômbia, 7 do Equador, 11 do Peru e 7 da Venezuela.
    Também participarão 13 chefes de Dicastérios da Cúria Romana, 33 membros nomeados diretamente pelo Papa, 15 eleitos pela União dos Superiores Gerais, 19 membros do Conselho Pré-sinodal, 25 especialistas, 55 auditores e auditoras, 6 delegados fraternos e 12 convidados especiais.
    A lista completa encontra-se AQUI.
    4. O documento de trabalho contém 21 capítulos
    Instrumentum laboris, aprovado pelo Conselho Pré-sinodal, foi publicado pelo Vaticano em 17 de junho.
    O documento possui 147 pontos divididos em 21 capítulos, separados por três partes que abordam os seguintes assuntos: “A voz da Amazônia”, entendida como escuta deste território; a "Ecologia integral: o clamor da terra e dos pobres" e a Igreja "com rosto amazônico e missionário".
    Segundo os responsáveis ​​pelo documento, seu objetivo é apresentar a situação pastoral da Amazônia e novos caminhos para uma evangelização mais incisiva. Além disso, está redigido como uma reflexão sobre o problema ecológico que interessa a essa região, segundo a encíclica Laudato Si'.
    5. Instrumentum laboris recomenda ordenar homens casados
    Instrumentum laboris confirma que "o celibato é uma dádiva para a Igreja". No entanto, também recomenda, entre outras coisas, a possibilidade de ordenar sacerdotes a idosos casados, chamados "viri probati" em áreas remotas.
    No ponto 129, explica que, nas áreas mais remotas da região, perguntam sobre “a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”.
    O direito canônico para a Igreja Católica Latina proíbe a ordenação de homens casados ​​para o sacerdócio, com exceções limitadas com respeito à ordenação de líderes anglicanos e protestantes que se converteram ao catolicismo.
    Além disso, apesar das vozes a favor do que é proposto no ponto 129, o Papa Francisco disse em uma entrevista ao jornal italiano ‘La Stampa’ que a possibilidade de ordenar padres casados ​​não é uma questão importante do Sínodo. “Absolutamente não: É simplesmente um número do Instrumentum Laboris. O importante serão os ministros da evangelização e as diferentes formas de evangelizar”, disse.
    6. Houve controvérsia sobre a possibilidade de aprovação do diaconato feminino
    O Documento de Trabalho recomenda que o Sínodo identifique um "ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que hoje ela desempenha na Igreja amazônica".
    Dom Fabio Fabene, Subsecretário do Sínodo dos Bispos, destacou a chamada do documento a novos ministérios leigos.
    "Nesse sentido, podemos nos perguntar sobre qual o ministério oficial que pode ser concedido às mulheres", disse Dom Fabene em uma entrevista coletiva no Vaticano em 17 de junho. Depois, esclareceu que “o documento não fala do diaconato feminino, já que o Papa já se expressou sobre o assunto na Assembleia dos Superiores Gerais, declarando que o assunto precisa de mais estudos".
    "De fato, a comissão de estudos estabelecida em 2016 não chegou a uma opinião unânime sobre o tema", afirmou.
    No entanto, em 2 de maio, Dom Franz-Josef Overbeck, Bispo de Essen e presidente da Comissão para a América Latina do episcopado alemão, comentou que "nada será como antes" após o Sínodo da Amazônia, pois o papel das mulheres na Igreja, a moral sexual, o papel do sacerdócio e toda a estrutura hierárquica eclesiástica serão reconsiderados. O Prelado também apoiou publicamente a "greve das mulheres" contra a Igreja na Alemanha, convocada por um grupo de católicas após o ‘não’ do Papa Francisco à ordenação de diaconisas.
    7. Instrumentum laboris recebeu objeções de renomados cardeais
    Em junho de 2019, o Cardeal alemão Walter Brandmüller, de 90 anos, expressou suas objeções ao documento de trabalho em um artigo intitulado "Uma crítica ao Instrumentum laboris para o Sínodo da Amazônia". Indicou que o documento é "herético", representa uma "apostasia" e, portanto, "deve ser rejeitado com máxima firmeza".
    “Deve ser dito enfaticamente que o Instrumentum laboris contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos decisivos e, portanto, deve ser qualificado como um documento herético. Visto que o fato da revelação divina é aqui questionado, ou mal entendido, deve-se também falar em apostasia", disse.
    Segundo o Purpurado, três quartos do Instrumentum laboris têm afirmações que apenas marginalmente se relacionam com “o Evangelho e a Igreja”.
    Em julho, o Cardeal alemão Gerhard Müller também apresentou suas objeções ao Instrumentum laboris.
    Em uma análise oferecida a CNA Deutsch – agência em alemão Grupo ACI – e a outros meios de comunicação, o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé adverte sobre uma ambivalência na definição de termos e objetivos do documento. Em segundo lugar, assegura que "a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica".
    O Cardeal venezuelano Jorge Urosa também abordou em três artigos os prós e contras do Instrumentum laboris; assim como o bispo emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, que trabalhou na diocese da Amazônia entre 1987 e 2016, e que em vários artigos alertou sobre as deficiências do Documento de Trabalho do Sínodo da Amazônia.
    ACI Digital

    Santa Faustina Kowalska, servidora da Divina Misericórdia

    REDAÇÃO CENTRAL, 05 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “As almas que divulgam o culto da Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso”, disse o Senhor à sua serva Santa Faustina Kowalska, cuja festa é celebrada neste dia 5 de outubro.

    Foi a esta santa que Jesus revelou o desejo de instituir a Festa da Divina Misericórdia, sua devoção, bem como a imagem de Jesus Misericordioso.
    Santa Faustina nasceu na Polônia em 1905. No dia em que foi receber a Primeira Comunhão, beijou as mãos de seus pais para demonstrar sua pena por tê-los ofendido. Costumava ajudar em casa com as tarefas da cozinha, ordenhando as vacas e cuidando de seus irmãos.
    Frequentou a escola, mas só pôde completar três trimestres porque foi dada uma ordem que os alunos mais velhos tinham que sair para dar lugar às crianças mais novas.
    Aos 15 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica e sentiu mais fortemente o chamado à vocação religiosa. Contou esta inquietude a seus pais em várias ocasiões, mas eles se opuseram.
    Assim, entregou-se às vaidades da vida, sem fazer caso do chamado que experimentava, até que escutou a voz de Jesus que lhe pediu para deixar tudo e ir a Varsóvia para entrar em um convento.
    Sem despedir-se pessoalmente de seus pais, foi para Varsóvia apenas com um vestido. Lá, falou com um sacerdote, o qual conseguiu hospedagem na casa de uma paroquiana. Batia à porta de vários conventos, mas era rejeitada.
    Foi recebida na Casa Mãe da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, mas antes teve que trabalhar como doméstica um ano para pagar seu ingresso. Poucas semanas depois, teve a tentação de deixar o convento e teve uma visão na qual Jesus apareceu com seu rosto destroçado e coberto de chagas.
    Ela perguntou: “Jesus, quem te feriu tanto?”. O Senhor respondeu: “Esta é a dor que me causaria deixar este convento. É aqui onde te chamei e não a outro; e tenho preparadas para ti muitas graças”.
    Mais tarde, foi enviada para o noviciado, tomou o hábito religioso e chegou a pronunciar seus primeiros votos e os perpétuos. Entre suas irmãs, serviu como cozinheira, jardineira e até mesmo porteira.
    A esta simples mulher, piedosa, mas também alegre e caritativa, Jesus apareceu em diversas ocasiões mostrando-lhe o seu infinito amor misericordioso pela humanidade. Da mesma forma, Deus lhe concedeu estigmas ocultos, dons de profecia, revelações e o Terço da Divina Misericórdia.
    “Nem as graças, nem as revelações, nem os êxtases, nem nenhum outro dom concedido à alma a fazem perfeita, mas sim a comunhão interior com Deus... Minha santidade e perfeição consistem na íntima união da minha vontade com a vontade de Deus”, escreveu uma vez.
    Em 5 de outubro de 1938, após longos sofrimentos suportados com grande paciência, partiu para a Casa do Pai. No ano 2000, foi canonizado pelo seu compatriota João Paulo II, que estabeleceu o segundo domingo de Páscoa como “Domingo da Divina Misericórdia”.
    ACI Digital

    sexta-feira, 4 de outubro de 2019

    Papa Francisco autoriza beatificação de mártir brasileira

    Benigna Cardoso da Silva / Crédito: Facebook Paróquia Senhora Sant'Ana - Santana do Cariri
    Vaticano, 03 Out. 19 / 12:19 pm (ACI).- O Papa Francisco autorizou a beatificação da menina brasileira Benigna Cardoso da Silva, que morreu mártir aos 13 anos de idade e é chamada “heroína da castidade”.
    Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Em 24 de outubro de 1941, aos 13 anos, foi assassinada, após se recusar a ter relações sexuais com um adolescente.
    Segundo consta, a menina saiu de cassa para buscar água a poucos metros de sua casa, como costumava fazer. Porém, foi abordada por Raul Alves, que a golpeou com um facão depois que ela resistiu a suas tentativas de ter relação sexual.
    Na época do assassinato, conforme conta Vatican News, Pe. Cristiano Coelho Rodrigues, que fora mentor espiritual da jovem, escreveu a seguinte nota ao lado do registro de batismo de Benigna: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.
    Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004, teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24 de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará em junho deste ano.
    O Bispo da Diocese do Crato (CE), Dom Gilberto Pastana, fez o anúncio da autorização da beatificação de Benigna na manha desta quinta-feira, através da Rádio Educadora do Cariri. “Alegremo-nos todos, toquemos os sinos de nossas igrejas, clamemos ao Senhor essa vibrante alegria, não somente para a Diocese de Crato, mas para todo o Ceará e o Brasil”, disse.
    Segundo a Diocese cearense, será celebrada uma Missa em 21 de outubro, às 17h, na Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, “em louvor a tão grande acontecimento”.
    Em declarações ao site ‘O Povo’, o pároco de Santana do Cariri, Pe. Paulo Lemos destacou que a beatificação de Benigna é muito importante “porque a Igreja nos chancela. Está confirmando que, de fato, aqui viveu uma santa de Deus e ela poderá ser elevada à honra dos altares”.
    ACI Digital

    São Francisco de Assis, exemplo de pobreza, harmonia e paz

    REDAÇÃO CENTRAL, 04 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Conheço Jesus pobre e crucificado e isso me basta”, dizia São Francisco de Assis, cuja festa se celebra neste dia 4 de outubro. O Papa, que escolheu o nome Francisco por causa deste santo, definiu-o como homem de harmonia e de paz.

    São Francisco nasceu em Assis (Itália) em 1182, em uma família abastada. Tinha muito dinheiro e o gastava com ostentação. Só se interessava por “gozar a vida”.
    Em sua juventude, foi à guerra e acabou sendo feito prisioneiro. Logo depois de ser libertado, ficou doente até que escutou uma voz que lhe questionou: “Francisco, a quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?”.  Retornou para casa e com a oração foi entendendo que Deus queria algo a mais dele.
    Começou a visitar e servir aos doentes, até dar de presente suas roupas e dinheiro. Desta maneira desenvolvia seu espírito de pobreza, humildade e compaixão.
    Certo dia, enquanto rezava na Igreja de São Damião, pareceu-lhe que o crucifixo repetia três vezes: “Francisco, vai e repara a minha Igreja que, como vês, está toda em ruínas”. Então, acreditando que lhe pedia que reparasse o templo físico, foi, vendeu os vestidos da loja de seu pai, levou o dinheiro ao sacerdote do templo e pediu para viver ali.
    O presbítero aceitou que ficasse, mas não o dinheiro. Seu pai o buscou, golpeou-o furiosamente e, ao ver que seu filho não queria retornar para casa, exigiu o dinheiro. Francisco, ante o conselho do Bispo, devolveu-lhe até a roupa que levava no corpo.
    Mais adiante, ajudou a reconstruir a Igreja de São Damião e de São Pedro. Com o tempo, transferiu-se para uma capela chamada Porciúncula, a qual reparou e onde viveu. Pelos caminhos, costumava saudar dizendo: “A paz do Senhor esteja contigo”.
    Sua radicalidade de vida foi atraindo algumas pessoas que queriam ser seus discípulos. Foi assim que, em 1210, Francisco redigiu uma breve regra e junto a seus amigos foi a Roma, onde obteve a aprovação.
    O santo fez da pobreza o fundamento de sua ordem e o amor à pobreza se manifestava na maneira de se vestir, nos utensílios que usavam e nos atos. Apesar de tudo, sempre eram vistos alegres e contentes.
    Sua humildade não era um desprezo sentimental de si mesmo, a não ser na convicção de que “ante os olhos de Deus o homem vale pelo que é e não mais”.
    “Muitos há que, insistindo em orações e serviços, fazem muitas abstinências e macerações dos seus corpos, mas por causa de uma única palavra que lhes parece ser uma injúria a seu próprio eu ou por causa de alguma coisa que se lhes tire, sempre se escandalizam e se perturbam. Estes não são pobres de espírito, porque quem é verdadeiramente pobre de espirito se odeia a si mesmo e ama quem lhe bate a face”, dizia.
    Considerando-se indigno, chegou a receber só o diaconato e deu à sua Ordem o nome de frades menores porque queria que seus irmãos fossem os servos de todos e buscassem sempre os lugares mais humildes.
    É atribuído a ele ter começado a tradição do “presépio” que se mantém até os dias de hoje. Além disso, Deus lhe concedeu o milagre dos estigmas.
    Ao visitar Assis em 4 de outubro de 2013, o Papa Francisco disse que São Francisco “dá testemunho de respeito por tudo, dá testemunho de que o homem é chamado a salvaguardar o homem, de modo que o homem esteja no centro da criação, no lugar onde Deus – o Criador – o quis; e não instrumento dos ídolos que nós criamos! A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia e de paz”.
    ACI Digital

    quinta-feira, 3 de outubro de 2019

    Protomártires do Brasil

    REDAÇÃO CENTRAL, 03 Out. 19 / 06:00 am (ACI).- “Mártires da fé, filhos do Rio Grande, homens e mulheres, jovens e meninos. Pelo bom pastor deram o seu sangue, nossa Igreja em festa canta os seus hinos”, diz o refrão do hino dedicado aos Protomártires do Brasil, os quais celebramos neste dia 3 de outubro.

    Padre André de Soveral, Padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e outros 27 companheiros morreram por defender a fé diante daqueles que queriam impedi-los de praticá-la.
    A história desses homens remonta ao período em que holandeses calvinistas ocuparam territórios do nordeste do Brasil, entre 1630 e 1654. Na época, quiseram obrigar os católicos a se converterem ao calvinismo e proibiram a celebração da Santa Missa.
    Então, em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Eles participavam da Missa na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, município de Canguaretama (RN).
    Três meses depois, em 3 de outubro de 1645, houve o massacre em Uruaçu, onde foram mortos Padre Ambrósio Francisco Ferro e o leigo Mateus Moreira, o qual, segundo relatos, teve o coração arrancado pelas costas, mas, antes de morrer pôde gritar em alta voz: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”.
    O nome de protomártires foi dado na ocasião da visita do Papa João Paulo II, em 13 de outubro de 1991, na Missa de encerramento do XII Congresso Eucarístico, ocorrido em Natal.
    Padre André de Soveral, Padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e outros 27 companheiros foram beatificados por São João Paulo II, em 5 de março de 2000.
    Em 15 de outubro de 2017, os protomártires foram canonizados junto com outros 5 beatos pelo Papa Francisco, em Missa na Praça de São Pedro, no Vaticano, quando destacou que “eles não disseram ‘sim’ ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim”.
    ACI Digital

    quarta-feira, 2 de outubro de 2019

    Anjos da Guarda, mensageiros de Deus

    REDAÇÃO CENTRAL, 02 Out. 19 / 05:00 am (ACI).- “Todo fiel tem junto de si um anjo como tutor e pastor, para levá-lo à vida”, dizia São Basílio ao se referir ao anjo da guarda, aquele que Deus dispõe a cada um desde a concepção e cuja festa se celebra neste dia 2 de outubro.

    Na Bíblia, anjo significa “mensageiro”. Estes espíritos muito puros são citados, por exemplo, no Salmo 90 quando diz: “Aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos”.
    De igual modo Jesus os menciona quando declara essa famosa frase: “Guardai-vos de desprezar algum desses pequeninos, pois eu vos digo, nos céus os seus anjos se mantêm sem cessar na presença do meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10).
    No Novo Testamento é tão viva a crença de que cada um tem um anjo da guarda que, quando São Pedro, ao ser tirado do cárcere, chega a bater na porta da casa onde estão reunidos os discípulos de Jesus, eles acreditam a princípio que não é Pedro em pessoa e exclamam: “Será seu anjo” (At 12, 15).
    São Bernardo, no ano 1010, aconselhou os fiéis a respeitar a presença dos anjos, portando-se como é devido, agradecer seus favores que são muitos e confiar em sua ajuda.
    A Festa dos Anjos da Guarda foi instituída no dia 2 outubro para toda a Igreja Universal em 1608, pelo Papa Paulo V.
    Entretanto, já era comemorada anos antes. No ano 800, celebrava-se na Inglaterra uma festa aos Anjos da Guarda e desde ano 1111 existe uma oração que diz: “Anjo do Senhor – que por ordem da piedosa providência Divina, sois meu guardião – guardai-me neste dia (tarde ou noite); iluminai meu entendimento; dirigi meus afetos; governai meus sentimentos para que eu jamais ofenda ao Deus e Senhor. Amém”.
    ACI Digital

    Pe. Manuel Pérez Candela

    Pe. Manuel Pérez Candela
    Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF