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domingo, 8 de dezembro de 2019

Reflexão para o II Domingo do Advento

Advento é tempo de mudar de vida para amar em plenitude
Advento é tempo de mudar de vida para amar em plenitude
"Que nossa vida, com toda a sua riqueza, seja colocada em favor da paz e da harmonia entre os homens.”

Pe. Cesar Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano

A liturgia de hoje, de modo especial, nos propõe uma mudança radical que nos torne pessoas de acordo com o coração de Deus. A primeira leitura tirada do livro do Profeta Isaías nos dá uma visão do mundo querido por Deus e pelo qual deveríamos trabalhar para que se tornasse realidade: a harmonia reinando entre as criaturas, sejam animais racionais ou irracionais. O Evangelho nos leva à radicalidade ao apresentar a pessoa de João Batista: ele prega a “metanoia”, mudança de mentalidade.

O termo técnico usado pela espiritualidade ao falar de mudança de pensar e de querer é a palavra grega “metanoia”. Usamos geralmente a palavra metamorfose para falar de mudança de forma. “Metanoia” é mudar de cabeça, de maneira de pensar e de agir.

João Batista prega isso ao falar em conversão e a mostra quando se apresenta com um modo de proceder bastante simples e voltado para aquele que virá – Jesus Cristo!

Se viver voltado para mim mesmo, se sou consumista, se me fecho em meu mundinho formado por minha família e minha roda de amigos, se desconheço a realidade que está à minha volta e se penso apenas nos negócios da família, necessito de conversão. Se continuar assim, nunca será Natal em minha vida, mesmo que minha casa esteja bem iluminada e decorada, mesmo que em cada canto haja um presépio, mas será o famoso Natal consumista, sem a presença do aniversariante porque não existe lugar para ele com seus valores em nossa vida.

O Natal autêntico é a abertura do coração ao Senhor para que venha até nós e se instale como quiser. Certamente os frutos serão a fraternidade, a alegria sincera, o serviço despretensioso, a gratuidade no ser e no agir.

Eis o tempo propício à conversão, à mudança de mentalidade. Se o coração não estiver mudado, o Senhor não virá até cada um de nós. A imagem usada pelo Batista deixa claro que para o rei poder chegar ao seu povo, necessita de haver caminhos endireitados, caso contrário se torna impossível. Não é que o Senhor exija caminhos, mas como entrar em um coração fechado, em uma mente que não se abre para acolher novas ideias e para sempre deixar outras? Como acolher o outro se têm muros que impedem o acesso a nós?

Na Eucaristia celebramos o mundo da partilha, onde Deus e não o dinheiro é o Pai. O caminho é o da austeridade de vida e o da solidariedade. E isso com todos os bens que possuímos, desde os materiais até os espirituais, passando pelos psicológicos, os afetivos, os intelectuais. Sacrificar-se pelo outro e até a própria liberdade, se for o caso, faz parte dessa dinâmica, pois Eucaristia é o sacrifício da Vida, realizado pelo Amor, partilhada em favor de todos.

A segunda leitura nos ensina que essa acolhida será para todos os homens, sejam fracos ou fortes, sem preconceito algum. Mas ela também nos diz a necessidade de unirmos nossos sentimentos, a exemplo de Jesus Cristo.

Além disso, é preciso criar raízes. Nos primeiros tempos da Evangelização do Brasil, os nossos índios, após um tempo em que os missionários estavam contentes pelos aparentes frutos colhidos, voltavam aos antigos costumes, deixando com isso os missionários muito tristes com a falta de perseverança dos nativos. É necessária mudança radical!

Nesse segundo domingo peçamos ao Senhor que invada nosso coração e aplaine nossa afetividade, corrija nossos valores e derrube nossos muros. Que nossa vida, com toda sua riqueza seja colocada em favor da paz, da harmonia entre os homens. Que a paz e a beleza da noite de Natal, quando veio ao mundo o Príncipe da Paz, não sejam impedidas pelo nosso egoísmo, mas permitida pelo nosso querer e agir, pelo nosso coração. Advento/Natal é tempo de amar, tempo de mudar de vida para amar mais, em plenitude.

Nossa vocação é o Amor! Vivamos o Amor sem limites, sem empecilhos, sem barreiras, o Amor da Noite de Natal!

Radio Vaticana / Vatican News

IMACULADA CONCEIÇÃO - ANO A: EIS AQUI A SERVA DO SENHOR!

+ Dom Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Continuamos a viver o tempo do Advento, voltando o nosso olhar para Maria, a Mãe do Salvador, recorrendo à sua intercessão e aprendendo com ela a dizer “sim” à Palavra de Deus. Unidos a toda a Igreja, nós celebramos a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Além da importância desta grande festa mariana no calendário litúrgico universal, recordemos que a padroeira do Brasil e de Brasília é invocada com o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Nesta Eucaristia, a Igreja nos convida ao louvor e a alegria, conforme rezamos no Salmo 97: “cantai ao Senhor um cântico novo: o Senhor fez maravilhas”; “aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai”. A razão maior deste louvor e alegria encontra-se no Evangelho proclamado: a anunciação do nascimento de Jesus Cristo a Maria e o seu “sim” diante de Deus, que lhe confiou a missão de ser a mãe do Messias esperado. Maria é a Imaculada, desde a sua concepção, pela graça de Deus, em vista de seu filho Jesus. Na anunciação, o anjo Gabriel a ela se dirige, chamando-a de “cheia de graça”, isto é, toda pura, sem mácula, plena do amor de Deus. “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo” é a saudação angélica imortalizada na oração da Ave-Maria.
A nossa resposta diante de Deus deve assemelhar-se à de Maria. Quem nele crê e confia, pratica a sua palavra e cumpre a sua vontade, permanecendo fiel, em qualquer situação. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se se em mim segundo a tua palavra” deve ser também a nossa resposta a Deus, lembrando que Maria se fez serva do Senhor na Anunciação, mas também no serviço prestado à Isabel e nas bodas de Caná. Ela permaneceu a serva fiel do Senhor também na hora da cruz.
Diante das tarefas e dos desafios, Deus também nos diz: “Não temas”. O anjo disse a Maria: “Não temas, porque encontraste graça diante de Deus”. Não temas porque “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra”. Quem se dispõe a cumprir a palavra de Deus não deve temer, mas nele confiar e permanecer fiel, na certeza de contar com a sua presença amorosa e com a força do seu Espírito.
A Palavra de Deus desta solenidade anuncia a vitória sobre o pecado, representada pela imagem da cabeça da serpente esmagada pela mulher, conforme a primeira leitura (Gn 3,15). Na Carta aos Efésios, São Paulo anuncia que Deus nos chamou “antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor” (Ef 1,4). Possamos dizer “sim” a este chamado à santidade, contando com a intercessão e o exemplo da Senhora da Imaculada Conceição.
Arquidiocese de Brasília / O Povo de Deus

Solenidade da Imaculada Conceição

REDAÇÃO CENTRAL, 08 Dez. 19 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 8 de dezembro, a Igreja celebra a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, o dogma de fé segundo o qual a Mãe do Jesus foi preservada do pecado desde o momento de sua concepção, ou seja, desde o instante em que começou sua vida humana.

Em 8 de dezembro de 1854, o Papa Pio IX, depois de receber inúmeros pedidos de bispos e fiéis de todo o mundo, ante mais de 200 cardeais, bispos, embaixadores e milhares de fiéis católicos, declarou com sua bula “Ineffabilis Deus”:
“A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, é revelada por Deus e por isso deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”.
Em Roma, enviou-se uma grande quantidade de pombas mensageiras em todas as direções levando a grande notícia. E nos 400 mil templos católicos do mundo celebraram-se grandes festas em honra da Imaculada Conceição da Virgem Maria.
Antes mesmo da publicação desta bula, em 1830, a Virgem Maria havia aparecido a Santa Catarina Labouré, na França, pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.
Anos depois da “Ineffabilis Deus”, em 1858, em uma de suas aparições em Lourdes, na França, Nossa Senhora se apresentou diante da humilde Santa Bernardette Soubirous com estas palavras: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Atualmente são milhares as Igrejas dedicadas a este título de Nossa Senhora em todo mundo e milhões de fiéis têm uma particular devoção a Ela.
ACI Digital

8 coisas que precisa saber sobre a Imaculada Conceição

Imaculada Conceição
REDAÇÃO CENTRAL, 08 Dez. 19 / 06:00 am (ACI).- Neste dia 8 de dezembro, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição, doutrina de origem apostólica foi proclamado dogma pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, com a bula “Ineffabilis Deus”.
Para entender melhor este dogma, apresentamos a seguir oito coisas que deve saber:
1. A quem se refere a Imaculada Conceição?
Há uma ideia popular de que se refere à concepção de Jesus pela Virgem Maria. Entretanto, não é a este fato que se refere esta solenidade, mas sim à maneira especial em que Maria foi concebida. Esta concepção não foi virginal (ou seja, ela teve um pai humano e uma mãe humana), mas foi especial e única de outra maneira ...
2. O que é a Imaculada Conceição?
A explicação está no Catecismo da Igreja Católica:
490. Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria “foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão”. O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.
491. Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX:
“Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição”.
3. Isso significa que Maria nunca pecou?
Sim. Devido à forma de redenção que foi aplicada a Maria no momento de sua concepção, ela não só foi protegida do pecado original, mas também do pecado pessoal. O Catecismo explica:
493. Os Padres da tradição oriental chamam ã Mãe de Deus “a toda santa” (“Panaghia”), celebram-na como “imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura”. Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.
4. Quer dizer que Maria não precisava que Jesus morresse por ela na cruz?
Não. O que dissemos é que Maria foi concebida imaculadamente como parte de seu ser “cheia de graça” e assim “redimida desde a sua conceição” por “uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano”. O Catecismo afirma:
492. Este esplendor de uma “santidade de todo singular”, com que foi “enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição”, vem-lhe totalmente de Cristo: foi “remida de um modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho”. Mais que toda e qualquer outra pessoa  criada, o Pai a “encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1, 3). “N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença” (Ef 1, 4).
508. Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho. “Cheia de graça”, ela é “o mais excelso fruto da Redenção”. Desde o primeiro instante da sua concepção, ela foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida.
5. Como isso faz um paralelo entre Maria e Eva?
Adão e Eva foram criados imaculados – sem pecado original ou sua mancha. Ambos caíram em desgraça e, através deles, a humanidade estava destinada a pecar.
Cristo e Maria também foram concebidos imaculados. Ambos permaneceram fiéis e, através deles, a humanidade foi redimida do pecado.
Jesus é o novo Adão e Maria, a nova Eva.
O Catecismo diz:
494 ...“ Como diz Santo Irineu, ‘obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano’. Eis porque não poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações, que ‘o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé’; e, por comparação com Eva, chamam Maria a ‘Mãe dos vivos’ e afirmam muitas vezes: ‘a morte veio por Eva, a vida veio por Maria’”.
6. Como isso torna Maria um ícone do nosso destino?
Aqueles que morrem na amizade com Deus e assim vão para o céu serão libertados de todo pecado e mancha de pecado. Assim, todos voltaremos a ser “imaculados” (latim, immaculatus = “sem mancha”), se permanecermos fiéis a Deus.
Mesmo nesta vida, Deus nos purifica e prepara em santidade e, se morrermos na sua amizade, mas ainda imperfeitamente purificados, Ele nos purificará no purgatório e nos tornará imaculados de novo. Ao dar a Maria esta graça desde o primeiro momento de sua concepção, Deus nos mostra uma imagem de nosso próprio destino. Ele nos mostra que isso é possível para os seres humanos através da sua graça. São João Paulo II disse:
“Contemplando este mistério numa perspectiva mariana, podemos afirmar que ‘Maria é, ao lado do seu Filho, a imagem mais perfeita da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos. É para ela, pois, que a Igreja, da qual ela é mãe e modelo, deve olhar para compreender, na sua integralidade, o sentido de sua missão’”.
“Fixemos, então, o nosso olhar sobre Maria, imagem da Igreja peregrina no deserto da história, mas dirigida para a meta gloriosa da Jerusalém celeste, onde resplandecerá como Esposa do Cordeiro, Cristo Senhor”.
7. Era necessário para Deus que Maria fosse imaculada na sua concepção para que pudesse ser Mãe de Jesus?
Não. A Igreja fala apenas da Imaculada Conceição como algo que era “apropriado”, algo que fez de Maria uma “morada apropriada” (ou seja, uma moradia adequada) para o Filho de Deus, não algo que era necessário. Assim, em preparação para definir do dogma, o Papa Pio IX declarou:
“...e, por isso, afirmaram (os Padres da Igreja) que a mesma santíssima Virgem foi por graça limpa de toda mancha de pecado e livre de toda mácula de corpo, alma e entendimento, que sempre esteve com Deus, unida com ele com eterna aliança, que nunca esteve nas trevas, mas na luz e, de conseguinte, que foi aptidíssima morada para Cristo, não por disposição corporal, mas pela graça original”.
“Pois não caía bem que Aquele objeto de eleição fosse atacado, da universal miséria pois, diferenciando-se imensamente dos demais, participou da natureza, não da culpa; mais ainda, muito mais convinha que como o unigênito teve Pai no céu, a quem os serafins exaltam por Santíssimo, tivesse também na terra Mãe que não houvesse jamais sofrido diminuição no brilho de sua santidade “.
8. Como celebramos a Imaculada Conceição hoje?
No rito latino da Igreja Católica, a Solenidade da Imaculada Conceição é no dia 8 de dezembro e em muitos países é uma festa de guarda; portanto, os fiéis católicos devem assistir à Missa.
Publicado originalmente em National Catholic Register.
ACI Digital

sábado, 7 de dezembro de 2019

Carta apostólica do Papa sobre o significado e o valor do Presépio

CARTA APOSTÓLICA ADMIRABILE SIGNUM
Carta apostólica do Papa Francisco sobre o significado e o valor do Presépio
1. O SINAL ADMIRÁVEL do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De facto, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele.
Com esta Carta, quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias prepararem o Presépio, nos dias que antecedem o Natal, e também o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças… Trata-se verdadeiramente dum exercício de imaginação criativa, que recorre aos mais variados materiais para produzir, em miniatura, obras-primas de beleza. Aprende-se em criança, quando o pai e a mãe, juntamente com os avós, transmitem este gracioso costume, que encerra uma rica espiritualidade popular. Almejo que esta prática nunca desapareça; mais, espero que a mesma, onde porventura tenha caído em desuso, se possa redescobrir e revitalizar.
2. A origem do Presépio fica-se a dever, antes de mais nada, a alguns pormenores do nascimento de Jesus em Belém, referidos no Evangelho. O evangelista Lucas limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, «teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria» (2, 7). Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio.
Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como «o pão vivo, o que desceu do céu» (Jo6, 51). Uma simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu: «Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento».[1]Na realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária.
Passemos agora à origem do Presépio, tal como nós o entendemos. A mente leva-nos a Gréccio, na Valada de Rieti; aqui se deteve São Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde recebera, do Papa Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de novembro de 1223. Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de modo particular a paisagem de Belém. E é possível que, em Roma, o «Poverello» de Assis tenha ficado encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria Maior, que representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar onde, segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas da manjedoura.
As Fontes Franciscanas narram, de forma detalhada, o que aconteceu em Gréccio. Quinze dias antes do Natal, Francisco chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: «Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro».[2]Mal acabara de o ouvir, o fiel amigo foi preparar, no lugar designado, tudo o que era necessário segundo o desejo do Santo. No dia 25 de dezembro, chegaram a Gréccio muitos frades, vindos de vários lados, e também homens e mulheres das casas da região, trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro. À vista da representação do Natal, as pessoas lá reunidas manifestaram uma alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes. Depois o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura, mostrando também deste modo a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia. Em Gréccio, naquela ocasião, não havia figuras; o Presépio foi formado e vivido pelos que estavam presentes.[3]
Assim nasce a nossa tradição: todos à volta da gruta e repletos de alegria, sem qualquer distância entre o acontecimento que se realiza e as pessoas que participam no mistério.
O primeiro biógrafo de São Francisco, Tomás de Celano, lembra que naquela noite, à simples e comovente representação se veio juntar o dom duma visão maravilhosa: um dos presentes viu que jazia na manjedoura o próprio Menino Jesus. Daquele Presépio do Natal de 1223, «todos voltaram para suas casas cheios de inefável alegria»[4].
3. Com a simplicidade daquele sinal, São Francisco realizou uma grande obra de evangelização. O seu ensinamento penetrou no coração dos cristãos, permanecendo até aos nossos dias como uma forma genuína de repropor, com simplicidade, a beleza da nossa fé. Aliás, o próprio lugar onde se realizou o primeiro Presépio sugere e suscita estes sentimentos. Gréccio torna-se um refúgio para a alma que se esconde na rocha, deixando-se envolver pelo silêncio.
Por que motivo suscita o Presépio tanto enlevo e nos comove? Antes de mais nada, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez. O dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda a vida. Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado.
Armar o Presépio em nossas casas ajuda-nos a reviver a história sucedida em Belém. Naturalmente os Evangelhos continuam a ser a fonte, que nos permite conhecer e meditar aquele Acontecimento; mas, a sua representação no Presépio ajuda a imaginar as várias cenas, estimula os afetos, convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais.
De modo particular, desde a sua origem franciscana, o Presépio é um convite a «sentir», a «tocar» a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados (cf. Mt 25, 31-46).
4. Gostava agora de repassar os vários sinais do Presépio para apreendermos o significado que encerram. Em primeiro lugar, representamos o céu estrelado na escuridão e no silêncio da noite. Fazemos-lo não apenas para ser fiéis às narrações do Evangelho, mas também pelo significado que possui. Pensemos nas vezes sem conta que a noite envolve a nossa vida. Pois bem, mesmo em tais momentos, Deus não nos deixa sozinhos, mas faz-Se spresente para dar resposta às questões decisivas sobre o sentido da nossa existência: Quem sou eu? Donde venho? Por que nasci neste tempo? Por que amo? Por que sofro? Por que hei de morrer? Foi para dar uma resposta a estas questões que Deus Se fez homem. A sua proximidade traz luz onde há escuridão, e ilumina a quantos atravessam as trevas do sofrimento (cf. Lc 1, 79).
Merecem também uma referência as paisagens que fazem parte do Presépio; muitas vezes aparecem representadas as ruínas de casas e palácios antigos que, nalguns casos, substituem a gruta de Belém tornando-se a habitação da Sagrada Família. Parece que estas ruínas se inspiram na Legenda Áurea, do dominicano Jacopo de Varazze (século XIII), onde se refere a crença pagã segundo a qual o templo da Paz, em Roma, iria desabar quando desse à luz uma Virgem. Aquelas ruínas são sinal visível sobretudo da humanidade decaída, de tudo aquilo que cai em ruína, que se corrompe e definha. Este cenário diz que Jesus é a novidade no meio dum mundo velho, e veio para curar e reconstruir, para reconduzir a nossa vida e o mundo ao seu esplendor originário.
5. Uma grande emoção se deveria apoderar de nós, ao colocarmos no Presépio as montanhas, os riachos, as ovelhas e os pastores! Pois assim lembramos, como preanunciaram os profetas, que toda a criação participa na festa da vinda do Messias. Os anjos e a estrela-cometa são o sinal de que também nós somos chamados a pôr-nos a caminho para ir até à gruta adorar o Senhor.
«Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer» (Lc 2, 15): assim falam os pastores, depois do anúncio que os anjos lhes fizeram. É um ensinamento muito belo, que nos é dado na simplicidade da descrição. Ao contrário de tanta gente ocupada a fazer muitas outras coisas, os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da salvação que nos é oferecida. São os mais humildes e os mais pobres que sabem acolher o acontecimento da Encarnação. A Deus, que vem ao nosso encontro no Menino Jesus, os pastores respondem, pondo-se a caminho rumo a Ele, para um encontro de amor e de grata admiração. É precisamente este encontro entre Deus e os seus filhos, graças a Jesus, que dá vida à nossa religião e constitui a sua beleza singular, que transparece de modo particular no Presépio.
6. Nos nossos Presépios, costumamos colocar muitas figuras simbólicas. Em primeiro lugar, as de mendigos e pessoas que não conhecem outra abundância a não ser a do coração. Também estas figuras estão próximas do Menino Jesus de pleno direito, sem que ninguém possa expulsá-las ou afastá-las dum berço de tal modo improvisado que os pobres, ao seu redor, não destoam absolutamente. Antes, os pobres são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós.
No Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus Se faz homem para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua proximidade. Jesus, «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), nasceu pobre, levou uma vida simples, para nos ensinar a identificar e a viver do essencial. Do Presépio surge, clara, a mensagem de que não podemos deixar-nos iludir pela riqueza e por tantas propostas efémeras de felicidade. Como pano de fundo, aparece o palácio de Herodes, fechado, surdo ao jubiloso anúncio. Nascendo no Presépio, o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado.
Muitas vezes, as crianças (mas os adultos também!) gostam de acrescentar, no Presépio, outras figuras que parecem não ter qualquer relação com as narrações do Evangelho. Contudo esta imaginação pretende expressar que, neste mundo novo inaugurado por Jesus, há espaço para tudo o que é humano e para toda a criatura. Do pastor ao ferreiro, do padeiro aos músicos, das mulheres com a bilha de água ao ombro às crianças que brincam… tudo isso representa a santidade do dia a dia, a alegria de realizar de modo extraordinário as coisas de todos os dias, quando Jesus partilha connosco a sua vida divina.
7. A pouco e pouco, o Presépio leva-nos à gruta, onde encontramos as figuras de Maria e de José. Maria é uma mãe que contempla o seu Menino e O mostra a quantos vêm visitá-Lo. A sua figura faz pensar no grande mistério que envolveu esta jovem, quando Deus bateu à porta do seu coração imaculado. Ao anúncio do anjo que Lhe pedia para Se tornar a mãe de Deus, Maria responde com obediência plena e total. As suas palavras – «eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38) – são, para todos nós, o testemunho do modo como abandonar-se, na fé, à vontade de Deus. Com aquele «sim», Maria tornava-Se mãe do Filho de Deus, sem perder – antes, graças a Ele, consagrando – a sua virgindade. N’Ela, vemos a Mãe de Deus que não guarda o seu Filho só para Si mesma, mas pede a todos que obedeçam à palavra d’Ele e a ponham em prática (cf. Jo 2, 5).
Ao lado de Maria, em atitude de quem protege o Menino e sua mãe, está São José. Geralmente, é representado com o bordão na mão e, por vezes, também segurando um lampião. São José desempenha um papel muito importante na vida de Jesus e Maria. É o guardião que nunca se cansa de proteger a sua família. Quando Deus o avisar da ameaça de Herodes, não hesitará a pôr-se em viagem emigrando para o Egito (cf. Mt 2, 13-15). E depois, passado o perigo, reconduzirá a família para Nazaré, onde será o primeiro educador de Jesus, na sua infância e adolescência. José trazia no coração o grande mistério que envolvia Maria, sua esposa, e Jesus; homem justo que era, sempre se entregou à vontade de Deus e pô-la em prática.
8. O coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura do Menino Jesus. Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços. Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do seu amor, que se manifesta num sorriso e nas suas mãos estendidas para quem quer que seja.
O nascimento duma criança suscita alegria e encanto, porque nos coloca perante o grande mistério da vida. Quando vemos brilhar os olhos dos jovens esposos diante do seu filho recém-nascido, compreendemos os sentimentos de Maria e José que, olhando o Menino Jesus, entreviam a presença de Deus na sua vida.
«De facto, a vida manifestou-se» (1 Jo 1, 2): assim o apóstolo João resume o mistério da Encarnação. O Presépio faz-nos ver, faz-nos tocar este acontecimento único e extraordinário que mudou o curso da história e a partir do qual também se contam os anos, antes e depois do nascimento de Cristo.
O modo de agir de Deus quase cria vertigens, pois parece impossível que Ele renuncie à sua glória para Se fazer homem como nós. Que surpresa ver Deus adotar os nossos próprios comportamentos: dorme, mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças. Como sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece continuamente fora dos nossos esquemas. Assim o Presépio, ao mesmo tempo que nos mostra Deus tal como entrou no mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus; convida a tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o sentido último da vida.
9. Quando se aproxima a festa da Epifania, colocam-se no Presépio as três figuras dos Reis Magos. Tendo observado a estrela, aqueles sábios e ricos senhores do Oriente puseram-se a caminho rumo a Belém para conhecer Jesus e oferecer-Lhe de presente ouro, incenso e mirra. Estes presentes têm também um significado alegórico: o ouro honra a realeza de Jesus; o incenso, a sua divindade; a mirra, a sua humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura.
Ao fixarmos esta cena no Presépio, somos chamados a refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador. Cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia.
Os Magos ensinam que se pode partir de muito longe para chegar a Cristo: são homens ricos, estrangeiros sábios, sedentos de infinito, que saem para uma viagem longa e perigosa e que os leva até Belém (cf. Mt 2, 1-12). À vista do Menino Rei, invade-os uma grande alegria. Não se deixam escandalizar pela pobreza do ambiente; não hesitam em pôr-se de joelhos e adorá-Lo. Diante d’Ele compreendem que Deus, tal como regula com soberana sabedoria o curso dos astros, assim também guia o curso da história, derrubando os poderosos e exaltando os humildes. E de certeza, quando regressaram ao seu país, falaram deste encontro surpreendente com o Messias, inaugurando a viagem do Evangelho entre os gentios.
10. Diante do Presépio, a mente corre de bom grado aos tempos em que se era criança e se esperava, com impaciência, o tempo para começar a construí-lo. Estas recordações induzem-nos a tomar consciência sempre de novo do grande dom que nos foi feito, transmitindo-nos a fé; e ao mesmo tempo, fazem-nos sentir o dever e a alegria de comunicar a mesma experiência aos filhos e netos. Não é importante a forma como se arma o Presépio; pode ser sempre igual ou modificá-la cada ano. O que conta, é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano, independentemente da condição em que este se encontre.
Queridos irmãos e irmãs, o Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade. Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso «obrigado» a Deus, que tudo quis partilhar connosco para nunca nos deixar sozinhos.
Dado em Gréccio, no Santuário do Presépio, a 1 de dezembro de 2019, sétimo do meu pontificado.
Franciscus
[1] Santo Agostinho, Sermão 189, 4.
[2] Tomás de Celano, Vita Prima, 85: Fontes Franciscanas, 468.
[3] Cf. ibid., 85: o. c., 469.
[4] Ibid., 86: o. c., 470.
ARQUIDICIOCESE DE BRASÍLIA

Segundo Domingo do Advento ou Imaculada Conceição: o que celebrar em 8 de dezembro?

Imagens referenciais / Crédito: Pixabay (Domínio público)
REDAÇÃO CENTRAL, 05 Dez. 19 / 05:30 am (ACI).- Neste ano, cairão no mesmo dia, isto é, em 8 de dezembro, a Solenidade da Imaculada Conceição e o Segundo Domingo do Advento; diante disso, muitos se perguntam: o que celebraremos no próximo fim de semana?
No Brasil e em outros países, a Igreja celebrará a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, embora a precedência seria do Segundo Domingo do Advento.
Padre Moisés Fragoso, sacerdote da Diocese de Petrópolis (RJ), que atualmente estuda Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico em Roma, explicou à ACI Digital que, “pela regra geral da Liturgia, a Imaculada Conceição deveria ser celebrada no dia seguinte, porque o Domingo do Advento tem precedência até mesmo a qualquer solenidade”.
Como exemplo, citou que, “quando acontece de São José cair em um domingo de Quaresma, ele é celebrado no dia 20, em vez do dia 19” de março. Lembrou ainda que, há alguns anos a Solenidade de São José “caiu na Semana Santa” e, por isso, “foi celebrado na segunda-feira depois do segundo domingo de Páscoa, porque esses domingos têm a precedência”.
Entretanto, indicou Pe. Moisés Fragoso, “por causa da devoção popular e, de uma certa maneira, pelo fato de a Solenidade da Imaculada Conceição estar ligada ao Natal, então, a Igreja permite em alguns lugares que se celebre a Imaculada Conceição no lugar do Segundo Domingo do Advento”.
“É uma exceção a qualquer regra litúrgica, porque o domingo tem sempre a precedência, a festa é sempre do Cristo Senhor. Embora a Imaculada Conceição também seja festa do Cristo Senhor, o domingo do Advento tem uma força maior ainda”, completou, ressaltando que “por causa da devoção popular, a Igreja permite que se celebre” a Imaculada Conceição no próximo domingo.
As celebrações litúrgicas seguem certa precedência que está indicada nas ‘Normas Universais do Ano Litúrgico e o Novo Calendário Romano Geral’. Em seu numeral 59, o documento apresenta uma ‘tabela dos dias litúrgicos segundo sua ordem de precedência’, que estabelece, entre outros:
“1. Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor.
2. Natal do Senhor, Epifania, Ascensão e Pentecostes.
Domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa.
Quarta-feira de Cinzas.
Dias da Semana Santa, de Segunda à Quinta-feira inclusive.
Dias dentro da Oitava da Páscoa.
3. Solenidades do Senhor, da Bem-aventurada Virgem Maria e dos Santos inscritos no calendário geral.
Comemoração de todos os fiéis defuntos (...)”.
Além disso, o numeral 60 de tais ‘Normas’ indica que, “se ocorrem no mesmo dia várias celebrações, celebra-se a que ocupa um lugar superior na tabela dos dias litúrgicos. Entretanto, a solenidade impedida por um dia litúrgico, que goze de precedência, seja transferida para o dia livre mais próximo”.
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Santo Ambrósio, Bispo de Milão e mentor de Santo Agostinho

REDAÇÃO CENTRAL, 07 Dez. 19 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 7 de dezembro, a Igreja celebra Santo Ambrósio, um dos quatro tradicionais Doutores da Igreja latina. Entre seus escritos estão os comentários aos Salmos e Tratados sobre os Mistérios. Bispo de Milão, foi também o mentor de Santo Agostinho, tendo contribuído para sua conversão.

De família cristã, o nome do santo significa “imortal”. Ele nasceu por volta de 340 em Tréveros, onde o pai era prefeito das Gálias. Quando sua mãe ficou viúva, foi com os filhos para Roma.
Ambrósio estudou direito, retórica e iniciou sua carreira jurídica e, por volta de 370, foi enviado a governar as províncias da Emília e da Ligúria, com sede em Milão.
Quando o Bispo de Milão morreu, Ambrósio foi para a eleição eclesiástica, a fim de evitar um conflito. Mas, saiu de lá aclamado Bispo pela assembleia. Surpreso, sendo um catecúmeno, recusou-se por se reconhecer despreparado na abordagem da Sagrada Escritura.
Entretanto, cedeu à vontade de Deus, foi batizado e consagrado e dedicou-se intensamente aos estudos das Escrituras.
Foi conselheiro e pai espiritual de imperadores romanos, como Graciano, Valentiniano II e Teodósio I. Em relação a este último, ficou conhecida a dura penitência que aplicou após ele ter consentido uma invasão à cidade de Tessalônica, que resultou na morte de muitos.
Santo Ambrósio compunha formosos cantos e os ensinava ao povo. Além disso, escreveu belos livros explicando a Bíblia e aconselhando métodos práticos para progredir na santidade. Deu grande valor à virgindade de Maria e aos mártires de Cristo.
Em 2007, em uma catequese sobre este santo, o Papa Bento XVI declarou: “Como o apóstolo João, o Bispo Ambrósio que nunca se cansava de repetir ‘Omnia Christus est nobis!; Cristo é tudo para nós!’, permanece uma testemunha autêntica do Senhor”.
Santo Ambrósio morreu em Milão, na noite de 3 para 4 de abril de 397, uma Sexta-Feira Santa. É venerado no dia 7 de dezembro, data em que, no ano 374, foi aclamado pela população Bispo de Milão.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

São Nicolau, padroeiro das crianças

REDAÇÃO CENTRAL, 06 Dez. 19 / 05:00 am (ACI).- “Seria um pecado não repartir muito, sendo que Deus nos dá tanto”, costumava dizer São Nicolau, padroeiro das crianças, das moças solteiras, dos marinheiros, dos viajantes e da Rússia, Grécia e Turquia. Um azeite milagroso brota de seus restos, que serviu para a cura dos doentes. Sua festa se celebra neste dia 6 de dezembro.

Por se tratar de um santo dos primeiros séculos, pouco se sabe com exatidão a respeito dele, salvo que nasceu na Licia (atual a Turquia), em uma família muito rica. Tinha um tio Bispo que o ordenou sacerdote.
Seus pais morreram ajudando os doentes de uma epidemia e deixaram uma fortuna para Nicolau. Entretanto, o jovem decidiu reparti-la entre os pobres e tornar-se monge. Mais tarde, peregrinou ao Egito e à Palestina, onde conheceu a Terra Santa.
Ao retornar, chegou à cidade de Mira, na Turquia, onde os bispos e sacerdotes discutiam no templo sobre quem devia ser eleito novo Bispo da cidade. Ao final, decidiram que seria o próximo sacerdote que ingressasse no recinto. Nesse momento, São Nicolau entrou e foi eleito Prelado por aclamação de todos.
Mas, teve início uma perseguição promovida pelo imperador Diocleciano contra os cristãos e ele foi preso, sendo libertado apenas quando o imperador Constantino subiu ao trono.
“Graças aos ensinamentos de Nicolau, a metrópole de Mira foi a única que não se contaminou com a heresia ariana, a qual rechaçou firmemente, como se fosse um veneno mortal”, dizia São Metódio. O arianismo negava a divindade de Jesus Cristo. Dessa forma, São Nicolau combateu incansavelmente o paganismo.
Defensor da justiça, salvou três jovens de ser executados, vítimas de um suborno do governador Eustácio, que logo se arrependeu ao ser repreendido por São Nicolau.
Três oficiais foram testemunhas destes fatos e, posteriormente, quando estavam em perigo de morte, rezaram a São Nicolau. O santo apareceu em sonhos a Constantino e lhe ordenou que os libertasse porque eram inocentes.
Após os soldados dizerem ao imperador que tinham invocado São Nicolau, ele os libertou, com uma carta ao Bispo, em que lhe pedia que rezasse pela paz no mundo.
O santo é patrono dos marinheiros porque, em meio a uma tempestade, alguns marinheiros começaram a clamar: “Oh Deus, pelas orações de nosso bom Bispo Nicolau, nos salve”. Nesse momento, conta-se, apareceu São Nicolau sobre o navio, abençoou o mar e este se acalmou. Em seguida, o Bispo desapareceu.
Segundo o costume do Oriente, os marinheiros do mar Egeu e do Jônico têm uma “estrela de São Nicolau” e desejam boa viagem dizendo: “Que São Nicolau leve seu leme”.
Narra-se também que três meninos foram assassinados e jogados em um barril de sal. Mas, pela oração de São Nicolau, os infantes voltaram para a vida. Por isso, é padroeiro das crianças e costuma ser representado com três pequenos ao seu lado.
Outra lenda narra que na Diocese de Mira havia um vizinho em extrema pobreza que decidiu expor suas três filhas virgens à prostituição para que todos eles pudessem sobreviver.
São Nicolau, procurando evitar que isto acontecesse e na escuridão da noite, jogou pela chaminé da casa daquele homem uma bolsa com moedas de ouro. Com o dinheiro, a filha mais velha se casou.
Quis o santo fazer o mesmo em benefício das outras duas, mas na segunda ocasião, depois de atirar a bolsa sobre a parede do pátio da casa, acabou sendo descoberto pelo pai das jovens, que lhe agradeceu por sua caridade.
São Nicolau partiu para a Casa do Pai em 6 de dezembro, mas não sabe com exatidão se foi no ano 345 ou 352. Mais tarde, sua devoção aumentou e foram reportados inúmeros milagres.
No século VI, o imperador Justiniano construiu uma Igreja em Constantinopla (hoje Istambul) em sua honra e o santo se tornou popular em todo o mundo.
São Nicolau é patrono da Rússia, Grécia e Turquia. Além disso, é honrado em cidades da Itália, Holanda, Suíça, Alemanha, Áustria e Bélgica.
Em 1087 seus ossos foram resgatados de Mira, que já estava sob domínio dos muçulmanos, e levados para Bari, na costa da Itália. Por isso, é chamado São Nicolau de Mira ou São Nicolau de Bari. Suas relíquias repousam na Igreja de “San Nicola de Bari”, na Itália.
De seus restos mortais brota um azeite conhecido como o “Manna di S. Nicola”. Em Mira, dizia-se que “o venerável corpo do bispo, embalsamado no azeite da virtude, suava uma suave mirra que lhe preservava da corrupção e curava os doentes, para glória daquele que tinha glorificado Jesus Cristo, nosso verdadeiro Deus”.
Sua figura bondosa e caridosa passou a ser associada em muitos lugares a figura do Papai Noel nos países latinos, que traz presentes para as crianças na Noite de Natal. Na Alemanha, é Nikolaus, e nos países anglo-saxões, Santa Claus. Neste período, este simbolismo deve remeter a São Nicolau e, assim, recordar a todos do amor e caridade para com as crianças e os mais pobres, além da alegria de servir a Deus.
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Thor, São Bonifácio e a origem da árvore de Natal

Foto: Thor. São Bonifácio e árvore de natal /
Crédito: (Wikipédia Domínio Público) -
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REDAÇÃO CENTRAL, 05 Dez. 19 / 07:30 am (ACI).- Quando pensamos em um santo, talvez em um primeiro momento não consideramos que essa pessoa seja ousada, empunhe um machado, um martelo ou que derrube árvores como os carvalhos. Entretanto, existe um santo assim, conhecido como São Bonifácio.
Este santo nasceu na Inglaterra por volta do ano 680. Bonifácio ingressou em um mosteiro beneditino antes de ser enviado pelo Papa para evangelizar os territórios que pertencem a atual a Alemanha. Primeiro foi como um sacerdote e depois eventualmente como bispo.
Sob a proteção do grande Charles Martel (conhecido como Carlos Magno), Bonifácio viajou por toda a Alemanha fortalecendo as regiões que já tinham abraçado o cristianismo e levou a luz de Cristo àqueles que ainda não o conheciam.
A respeito deste santo, o Papa Bento XVI disse no ano 2009 que “seu incansável trabalho, seu dom para a organização e seu caráter flexível, amigável e forte” foram fundamentais para o sucesso das suas viagens.
O escritor Henry Van Dyke o descreveu assim, em 1897, em seu livro The First Christmas Tree, (A primeira árvore de natal): “Que pessoa tão boa! Que boa pessoa! Era branco e magro, mas reto como uma lança e forte como um cajado de carvalho. Seu rosto ainda era jovem; sua pele suave estava bronzeada pelo sol e pelo o vento. Seus olhos cinzas, limpos e amáveis, brilhavam como o fogo quando falava das suas aventuras e das más ações dos falsos sacerdotes aos quais enfrentou”.
Aproximadamente no ano 723, Bonifácio viajou com um pequeno grupo de pessoas na região da Baixa Saxônia. Ele conhecia uma comunidade de pagãos perto de Geismar que, no meio do inverno, realizavam um sacrifício humano (onde a vítima normalmente era uma criança) a Thor, o deus do trovão, na base de um carvalho o qual consideravam sagrado e que era conhecido como “O Carvalho do Trovão”.
Bonifácio, acatando o conselho de um irmão bispo, quis destruir o Carvalho do Trovão não somente a fim de salvar a vítima, mas também para mostrar àqueles pagãos que ele não seria derrubado por um raio lançado por Thor.
O Santo e seus companheiros chegaram à aldeia na véspera de Natal, bem a tempo para interromper o sacrifício. Com seu báculo de bispo na mão, Bonifácio se aproximou dos pagãos que estavam reunidos na base do Carvalho do Trovão e lhes disse: “Aqui está o Carvalho do Trovão e aqui a cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o deus falso”.
O verdugo levantou um martelo para matar o pequeno menino que tinha sido entregue para o sacrifício. Mas, o Bispo estendeu seu báculo para impedir o golpe e milagrosamente quebrou o grande martelo de pedra e salvou a vida deste menino.
Logo, dizem que Bonifácio disse ao povo: “Escutai filhos do bosque! O sangue não fluirá esta noite, a não ser que piedade se derrame do peito de uma mãe. Porque esta é a noite em que nasceu Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que Baldur, maior que Odim, o Sábio, mais gentil do que Freya, o Bom. Desde sua vinda, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem chamaram em vão, é a morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. Desta forma, a partir de agora vocês começarão a viver. Esta árvore sangrenta nunca mais escurecerá sua terra. Em nome de Deus, vou destruí-la”.
Então, Bonifácio pegou um machado que estava perto dele e, segundo a tradição, quando o brandiu poderosamente ao carvalho, uma grande rajada de vento atingiu o bosque e derrubou a árvore, inclusive as suas raízes. A árvore caiu no chão, quebrou-se em quatro pedaços.
Depois deste acontecimento, o Santo construiu uma capela com a madeira do carvalho, mas esta história foi muito além das destruições da poderosa árvore.
O “Apóstolo da Alemanha” continuou pregando ao povo alemão que estava assombrado e não podia acreditar que o assassino do Carvalho de Thor não tivesse sido ferido por seu deus. Bonifácio olhou mais à frente onde jazia o carvalho e assinalou um pequeno abeto e disse: “Esta pequena árvore, este pequeno filho do bosque, será sua árvore santa esta noite. Esta é a madeira da paz…É o sinal de uma vida sem fim, porque suas folhas são sempre verdes. Olhem como as pontas estão dirigidas para o céu. Terá que chamá-lo a árvore do Menino Jesus; reúnam-se em torno dela, não no bosque selvagem, mas em seus lares; ali haverá refúgio e não haverá ações sangrentas, mas presentes amorosos e gestos de bondade”.
Desta forma, os alemães começaram uma nova tradição nessa noite, a qual foi estendida até os nossos dias. Ao trazer um abeto a seus lares, decorando-o com velas e ornamentos e ao celebrar o nascimento do Salvador, o Apóstolo da Alemanha e seu rebanho nos mostraram o que hoje conhecemos como a árvore de Natal.
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São João Damasceno, defensor da veneração de imagens

REDAÇÃO CENTRAL, 04 Dez. 19 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 4 de dezembro, a Igreja celebra a festa de São João Damasceno, Doutor da Igreja e defensor da veneração de imagens e relíquias dos santos. “Dado que agora Deus foi visto na carne e viveu entre os homens, eu represento o que é visível em Deus”.

São João nasceu em Damasco, capital da Síria, de onde provém seu gentilício Damasceno. Viveu entre os séculos VII e VIII e cresceu em uma família cristã rica. Insatisfeito com a vida da corte, ingressou no mosteiro de São Saba, perto de Jerusalém.
Foi ordenado sacerdote e, sem se afastar do mosteiro, dedicou-se à ascese, à atividade literária e pastoral.
Naquela época, o imperador de Constantinopla, Leão o Isáurio, proibiu o culta às imagens, seguindo os iconoclastas que acusavam os católicos de adorar imagens. Iconoclasta é uma heresia que afirma que é superstição o uso de uma imagem religiosa e pede que seja destruída. Por isso, os iconoclastas destruíam as imagens e perseguiam quem as venerava.
São João Damasceno defendeu esta veneração em seus três “Discursos contra quem calunia as imagens sagradas”. O santo escreveu: “Eu não venero a matéria, mas o Criador da matéria, que Se fez matéria por mim e dignou-Se a habitar na matéria e através da matéria realizar minha Salvação”.
“Não é matéria o lenho da Cruz três vezes bendita?... E a tinta e o santíssimo livro dos Evangelhos, não são matéria? O salvífico altar que nos dispensa o Pão da Vida não é matéria?... E antes que nada, não são matéria a Carne e o Sangue de Meu Senhor?”, acrescentou.
Sobre as relíquias dos santos, São João Damasceno sustentou que “antes de tudo (veneramos) aqueles entre quem Deus descansou, Ele, Único Santo que mora entre os santos, como a Santa Mãe de Deus e todos os Santos”.
“Estes são aqueles que, enquanto possível, tornaram-se semelhantes a Deus com Sua vontade e pela inabitação e a ajuda de Deus; são chamados realmente de deuses, não por natureza, mas por contingência, assim como o ferro incandescente é chamado de fogo, não por natureza, mas por contingência e por participação do fogo. Diz, de fato: ‘Sereis santos porque Eu sou santo’”, recordou.
São João Damasceno morreu em meados do século VIII. O Segundo Concílio de Niceia (787) respaldou o que o santo tanto defendeu, pois assinalou que as imagens podem ser expostas e veneradas legitimamente porque o respeito que lhes é demonstrado é dirigido à pessoa que representam. O Papa Leão XIII o proclamou Doutor da Igreja Universal em 1890.
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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF