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domingo, 1 de março de 2020

1º DOMINGO DA QUARESMA - Ano "A": CONVERTEI-VOS!

Dom Sérgio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
Ao receber as cinzas, no início desta Quaresma, nós acolhemos a Palavra de Jesus, repetida a cada ano pela Igreja, chamando-nos à conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Esta Palavra continuará a ecoar ao longo deste tempo litúrgico, preparando-nos para a Páscoa. A atitude de conversão deve ser vivida através da oração, da penitência e da caridade. Por isso, a cor litúrgica roxa utilizada na Quaresma é sinal e recordação da penitência que não pode faltar no processo de conversão. O esforço de superação do pecado, sustentado pela graça de Deus, comporta sempre renúncias e sacrifícios.
Recordemos que a Quaresma é um tempo especial de perdão e de reconciliação. É necessário buscar o perdão de Deus através do Sacramento da Reconciliação e oferecer o perdão aos irmãos. É preciso viver reconciliados e chegar reconciliados à festa da Páscoa, para bem celebrar a ressurreição de Jesus. Nesta Eucaristia, com o Salmo 50, nós nos reconhecemos pecadores e suplicamos a misericórdia divina: “Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós”.
O Evangelho proclamado nos fala das tentações de Jesus no deserto, conforme a narrativa de Mateus (Mt 4,1-11), fazendo-nos pensar nas tentações encontradas no mundo de hoje. O Evangelho nos transmite, acima de tudo, a certeza da vitória de Cristo e daqueles que, unidos a Cristo, lutam para vencer as tentações. Conforme o livro do Gênesis, o homem e a mulher caíram na tentação de não cumprir a Palavra de Deus, acarretando a condenação e a morte. Entretanto, por meio do homem novo, Jesus Cristo, que permaneceu na obediência ao Pai, nós recebemos “a justificação que dá a vida”, segundo a Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm 5,19).
Na Quaresma, uma das principais expressões de vivência do amor fraterno é a Campanha da Fraternidade, promovida pela Igreja no Brasil. A Campanha da Fraternidade está intimamente associada à Quaresma, embora deva ser vivida além dela. Trata-se de um exercício intensivo de amor fraterno, que pode ajudar muito cada um de nós a fazer-se irmão e a reconhecer no outro um irmão a ser amado. Neste ano, o tema da Campanha é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. A vida deve ser acolhida como dom precioso a ser valorizado e defendido em qualquer situação ou fase em que se encontre. Por isso, exige compromisso pessoal e comunitário. O belo lema proposto é inspirado na parábola do Bom Samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
Folheto: O Povo de Deus/Arquidiocese de Brasília

Hoje é o Primeiro Domingo da Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 01 Mar. 20 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 1º de março, a Igreja celebra o primeiro domingo da Quaresma. O Evangelho de hoje corresponde à leitura de Mateus 4,1-11, passagem que narra o momento em que Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, apresentando assim os temas dos 40 dias deste tempo litúrgico.

A seguir, leia e reflita o Evangelho deste primeiro domingo da Quaresma:
Mt 4,1-11
Naquele tempo, 1 o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome. 3 Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” 4 Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”.
5 Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, 6 e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. 7 Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’”
8 Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, 9 e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. 10 Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto’”.
11 Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus.
ACI Digital

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Arquidiocese promove iniciativa para recuperar o domingo como Dia do Senhor.

Arquidiocese promove iniciativa para recuperar o domingo como Dia do Senhor.jpg
Guadium Press
Estados Unidos - Detroit (Sexta-feira, 28-02-2020, Gaudium Press) O Diretor de Evangelização, Catequese e Escolas da Arquidiocese de Detroit, Estados Unidos, Padre Stephen Pullis, destacou o impacto que teve um novo programa implementado em 2020 para motivar as famílias católicas a respeitar o domingo como o Dia do Senhor e dia do encontro com a família. Sob o nome de ‘52 Sundays' (52 Domingos), a iniciativa se apoia nas novas tecnologias para motivar a participação familiar nas reflexões, orações e inclusive a convivência através da cozinha.
"A ideia é aproveitar este dia que Deus consagrou como sagrado e viver isso como uma família", comentou o sacerdote a CNS. "Sabemos que se vê diferente para um adulto jovem ou um casal de recém-casados, pelo que realmente nos focamos nas famílias que têm filhos em casa". As famílias católicas podem se inscrever em um boletim semanal com as atividades para cada semana ou seguir o programa da Arquidiocese através da página do Facebook ‘Unleash the Gospel', criada pela Arquidiocese para o serviço de seu novo programa pastoral. A iniciativa ‘52 Sundays' inclui um livro de recursos e exercícios semanais para a família baseados no Evangelho da liturgia dominical. A guia também oferece reflexões sobre os Santos, orações sugeridas e uma receita de cozinha para cada semana. Mas além de chegar às famílias em seus lares, a Arquidiocese de Detroit implementou um Dia de Renovação Paroquial que busca capacitar os ministros da Paróquia para melhorar a transmissão pessoal da Fé, a formação de grupos pastorais pequenos e o oferecimento de uma "hospitalidade radical" para com as pessoas recém-chegadas à comunidade. "Nossas paróquias devem ser centros onde as pessoas se sintam bem-vindas, onde possamos compartilhar a alegria e o que significa seguir a Jesus", explicou o Padre Pullis. A criação de grupos pastorais pequenos facilita que a Paróquia chegue a cada pessoa, uma tarefa difícil sobretudo nas paróquias maiores. "Cada paróquia deve ser decidida em como dar as boas vindas àqueles que nunca vem à Igreja, que não estiveram ali em anos, que podem cruzar o umbral com certa inquietude", afirmou o sacerdote. "A paróquia realmente está destinada a ser fermento para toda a comunidade". (EPC)

‪Todos os direitos reservados www.gaudiumpress.org (c)‬ https://www.gaudiumpress.org/content/107781-Arquidiocese-promove-iniciativa-para-recuperar-o-domingo-como-Dia-do-Senhor. ‪A publicação é autorizada desde que a fonte seja citada.

O que é abstinência e como se pratica?

Imagem referencial / Foto: Pixabay (Domínio Público)
REDAÇÃO CENTRAL, 29 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- A abstinência é um gesto penitencial no qual os fiéis se privam ou abstêm voluntariamente de comer carne.
Vem da palavra em latim “abstinentia” e, ao realizar este sacrifício, a pessoa faz – em espírito, alma e corpo – um ato de reparação pelo dano ocasionado pelo pecado e para o bem da Igreja.
O Código de Direito Canônico indica que “todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência”, a fim de que “se abneguem a si mesmos”.
“Para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência, prescrevem-se os dias de penitência em que os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade”, assinala o cânon 1249.
Por isso, a partir dos 14 até os 59 anos, os católicos devem praticar a abstinência todas as sextas-feiras do ano em honra à Paixão de Cristo, a menos que este dia coincida com uma solenidade, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa.
No cânon 1253, a Igreja assinala que cada Conferência Episcopal pode determinar os modos de observar o jejum e a abstinência, assim como “substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum”.
Em declarações ao Grupo ACI, Donato Jiménez explicou a origem da prática da abstinência.
Disse que, antigamente, preparar uma comida que incluísse carne era caro e considerava-se “suculento”. Por isso, “uma forma de jejuar e uma forma de austeridade era não comer carne”.
Acrescentou que, atualmente, a abstinência implica não só “nos privarmos de carne, mas de outras delícias”, como fast food, doces, lanches e outras opções gastronômicas agradáveis.
Abster-se não é o mesmo que jejuar
O jejum consiste em substituir a refeição forte do dia (o almoço) por pão e água. Os católicos que têm entre 18 e 59 anos são obrigados a praticá-lo na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Se a pessoa tem problemas de saúde, pode ingerir comidas sóbrias.
ACI Digital

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O Papa: novas tecnologias, um dom de Deus, mas é necessária a “algor-ética”

Congresso sobre inteligência artificial, no Vaticano
Congresso sobre inteligência artificial, no Vaticano
Francisco não recebeu os participantes do congresso por causa de uma “leve indisposição” que, desde quinta-feira (27/02), o levou a mudar sua agenda de compromissos. A mensagem do Pontífice foi lida pelo presidente da Pontifícia Academia para a Vida, dom Vincenzo Paglia.

Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano

“A “galáxia digital” e a “inteligência artificial” estão no centro da mudança de época que estamos vivendo. A inovação digital diz respeito a todos os aspectos da vida seja pessoal seja social.”
É o que afirma o Papa Francisco em sua mensagem aos participantes da plenária da Pontifícia Academia para a Vida, divulgada nesta sexta-feira (28/02), lida pelo presidente do organismo vaticano, dom Vincenzo Paglia.
O Papa não recebeu os participantes por causa de uma “leve indisposição” que, desde quinta-feira (27/02), o levou a mudar sua agenda de compromissos.  De fato, o pontífice não saudou pessoalmente as personalidades presentes esta manhã, no Vaticano, como o presidente do Parlamento europeu, o diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), demais autoridades e personalidades do campo da tecnologia informática que participaram do encontro “O bom algoritmo? Inteligência artificial: ética, direito e saúde”.
Segundo o Papa, a inovação digital “incide em nossa maneira de entender o mundo e também a nós mesmos. Está cada vez mais presente nas atividades e decisões humanas, e está mudando o nosso modo de pensar e agir. As decisões, mesmo as mais importantes, como as das áreas médica, econômica ou social, são hoje o resultado da vontade humana e de uma série de contribuições algorítmicas. O ato pessoal chega ao ponto de convergência entre a contribuição propriamente humana e o cálculo automático, de modo que é cada vez mais complexo entender seu objeto, prever seus efeitos, definir suas responsabilidades”.
     
Tecnologias digitais e democracia

“No plano pessoal, a época digital muda a percepção do espaço, tempo e corpo. Infunde um sentido de expansão de si que parece não ter mais limites e a homologação se afirma como critério predominante de agregação: reconhecer e apreciar a diferença se torna cada vez mais difícil. No âmbito socioeconômico, os usuários são reduzidos a consumidores, escravos de interesses privados concentrados nas mãos de poucos”, frisa o Pontífice.
Para Francisco, “dos canais digitais disseminados na internet, os algoritmos extraem dados que permitem controlar hábitos mentais e relacionais, para fins comerciais ou políticos, geralmente sem o nosso conhecimento. Essa assimetria, na qual poucos sabem tudo sobre nós, enquanto nós nada sabemos sobre eles, entorpece o pensamento crítico e o exercício consciente da liberdade".

“As desigualdades se ampliam demasiadamente, o conhecimento e a riqueza se acumulam nas mãos de poucos, com sérios riscos para as sociedades democráticas. Esses perigos não devem esconder o grande potencial que as novas tecnologias nos oferecem. Estamos diante de um dom de Deus, ou seja, um recurso que pode dar frutos para o bem.”
O Papa reconhece que as ciências biológicas se beneficiam da  “inteligência artificial”. “Esse desenvolvimento induz mudanças profundas na maneira de interpretar e gerir os seres vivos e as características da vida humana, que é nosso compromisso proteger e promover, não apenas em sua dimensão biológica constitutiva, mas também em sua qualidade biográfica irredutível.”

Ação educacional mais ampla

 

Francisco afirma na mensagem, “que não basta educar simplesmente ao uso correto das novas tecnologias: não são instrumentos neutros, pois plasmam o mundo e comprometem as consciências no plano dos valores. É necessária uma ação educacional mais ampla e amadurecer motivações fortes a fim de perseverar na busca do bem comum”.  
Segundo o Pontífice, existe uma “dimensão política na produção e uso da inteligência artificial que não é apenas distribuir seus benefícios individuais e abstratamente funcionais. Em outras palavras: não basta simplesmente nos confiar à sensibilidade moral de quem faz pesquisa e projeta dispositivos e algoritmos. É preciso criar órgãos sociais intermediários que representem a sensibilidade ética de usuários e educadores.”

Princípios da Doutrina Social da Igreja

 

“Na busca comum por esses objetivos”, sublinha o Papa, “os princípios da Doutrina Social da Igreja oferecem uma contribuição decisiva: dignidade da pessoa, justiça, subsidiariedade e solidariedade. Expressam seu compromisso de se colocar a serviço de cada pessoa em sua totalidade e de todas as pessoas, sem discriminação ou exclusão. Mas a complexidade do mundo tecnológico exige uma elaboração ética mais articulada, para tornar esse compromisso verdadeiramente incisivo”.
Francisco concluiu o texto, ressaltando que “a “algor-ética”, ética algorítmica, “pode ser uma ponte para garantir que os princípios sejam inscritos nas tecnologias digitais, através de um diálogo transdisciplinar eficaz. Além disso, no encontro entre diferentes visões de mundo, os direitos humanos são um importante ponto de convergência para a busca de um terreno comum”.

Vatican News

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

São Gabriel das Dores, copadroeiro da juventude católica italiana


REDAÇÃO CENTRAL, 27 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- “Jesus, José e Maria, expire em paz, entre vós, a alma”, foram as últimas palavras de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, copadroeiro da juventude católica italiana, cuja festa é celebrada neste dia 27 de fevereiro. Ele abandonou toda uma série de “vaidades” para seguir o conselho da Virgem Maria.

Seu nome original era Francisco, assim como São Francisco de Assis. Inclusive, nasceu em Assis (Itália), em 1838, e foi batizado na mesma pia batismal que São Francisco e Santa Clara. Era o décimo primeiro de treze irmãos e ficou órfão de mãe quando tinha quatro anos.
Desde criança, destacou-se por seu grande amor aos pobres, mas tinha o defeito de explodir rapidamente de raiva. Na adolescência, sua vaidade cresceu. Gostava de se vestir na moda, com roupas elegantes. Ia frequentemente ao teatro, gostava de ler romances e sentia paixão por bailes.
Entretanto, Francisco cumpria fielmente suas práticas religiosas e tinha uma grande devoção pela Virgem Maria, sob a advocação de Nossa Senhora das Dores. Em casa, conservava uma imagem da Pietá que enfeitava com flores.
Era um líder entre os jovens. Frequentou o colégio dos irmãos das Escolas Cristãs e o liceu clássico com os jesuítas. Certo dia, um conhecido lhe fez uma proposta imoral e Francisco puxou um canivete que ocultava entre suas roupas para afastá-lo.
O chamado
Aos 17 anos, a vocação sacerdotal começou a inquietá-lo. Ficou gravemente doente e, acreditando que estava morrendo, prometeu se tornar religioso se sua vida fosse salva. Uma vez recuperado, esqueceu-se de sua promessa. Mais tarde, ficou novamente doente e se encomendou ao então Beato jesuíta (hoje santo) Andrés Bobola.
Quando recuperou a saúde, prometeu igualmente se tornar religioso, mas as diversões o atraiam mais. Em um dia de caça, Francisco tropeçou e disparou um tiro que passou de raspão em seu rosto. Viu nisso um aviso do céu e renovou sua promessa. Tempos depois, comunicou sua inquietação vocacional ao seu pai, que o distraiu com teatro e reuniões.
Um 22 de agosto de 1856, na procissão de “Santa Ícone” (imagem mariana venerada em Spoleto), Francisco fixou seus olhos nos da imagem da Virgem e escutou a voz da Mãe de Deus em seu coração que lhe disse: “Tu não és chamado a seguir no mundo. O que fazes, então, nele? Entra na vida religiosa”.
Mais tarde, despediu-se de sua suposta “noiva” chamada Maria, que esteve presente em sua beatificação, e ingressou no noviciado passionista. Quando recebeu o hábito, adotou o nome “Gabriel de Nossa Senhora das Dores”. “A alegria e o gozo que disfruto dentro dessas paredes são indescritíveis”, escreveu uma vez.
Teve que aprender a controlar seu gênio e, em 1857, emitiu a profissão religiosa. No jardim, São Gabriel tinha reservado um espaço para semear e cuidar das flores especificamente para o altar. Posteriormente foi enviado ao convento passionista de Isola del Gran Sasso.
Aos 23 anos, São Gabriel se sentiu cansado, sem forças e vomitou sangue pela primeira vez, por causa da tuberculose. A comunidade se alarmou, o santo permaneceu sereno, mas piorou.
Em 27 de fevereiro de 1862, pediu a absolvição várias vezes e, com os olhos voltados para o céu, disse: “Pronto, minha Mãe. Maria, Mãe de graça, Mãe de misericórdia, defende-me do inimigo e acolhe-me na hora da morte”. Neste dia, partiu para a Casa do Pai.
ACI Digital

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O sentido das Cinzas que recebemos no início da Quaresma

Rito da Imposição das Cinza na Basílica de Santa Sabina
Rito da Imposição das Cinza na Basílica de Santa Sabina

Ao impor essa cinza sobre nós, o sacerdote, ou ministro, dirá: “convertei-vos e crede no Evangelho”. Esta é a frase de Jesus, que sintetiza o desejo do Pai Celeste de que voltemos a Ele, nos recorda Padre Paulo de Souza, monge beneditino do Mosteiro de São Geraldo de São Paulo.
Padre Paulo de Souza OSB - Cidade do Vaticano

Quarta-feira de Cinzas

Bem vindos, irmãos e irmãs. Bem vindos à Quaresma. Bem vindos a este tempo de graça, de bênção e da Salvação de Deus. Nosso Pai Celeste está com muita saudade de nós. Ele sente falta de seus filhos amados, assim como todo pai e toda mãe anseiam pela volta dos filhos que estavam distantes. Ouçamos o convite que o próprio Deus nos faz, através do Profeta Joel: “voltai para mim com todo o vosso coração”.
A volta é uma ocasião de alegria, de júbilo e de festa.  Mas o profeta acrescenta que devemos voltar a Deus com jejuns, lágrimas e gemidos. Por quê? Ora, porque estamos distantes d’Ele pelo nosso pecado, pela maldade que cometemos, pelo nosso mundo de erros e de iniquidades. Praticamos o mal, cometemos tantas injustiças, ofendemos a Ele e aos irmãos e irmãs que nos rodeiam.
Nossa volta é o abandono sincero e penitente do desamor ao nosso Pai Celeste, fonte de todo amor e bondade. É a reconciliação para a qual somos chamados, a fim de reatar o pacto de amor e fidelidade com aquele que nos fez por amor, e de quem nos afastamos pela ímpia desobediência. “Ele é benigno e compassivo”, diz o profeta. “É paciente e cheio de misericórdia. É generoso no perdão e na bondade, apesar de nossa indignidade”.
Com certeza seremos bem recebidos, com aquele abraço amoroso e paterno, como nos anunciou seu próprio Filho Jesus, na monumental Parábola do Pai Misericordioso e do Filho Pródigo de Lc 15. Nosso jejum, nossas lágrimas e gemidos são aquela dor, aquele arrependimento e a humildade do filho que voltou. E como esse filho, vamos ao Pai com o coração totalmente despojado das glórias e conquistas deste mundo. Com a cabeça inclinada, diremos a Ele que não somos dignos de ser seus filhos, e merecemos realmente a condição de empregados.

Convertei-vos e crede no Evangelho

Queridos amigos, irmãos e irmãs, este é o sentido das Cinzas que vamos receber. Ao impor essa cinza sobre nós, o sacerdote, ou ministro, dirá: “convertei-vos e crede no Evangelho”. Esta é a frase de Jesus, que sintetiza o desejo do Pai Celeste de que voltemos a Ele.
É uma mensagem de alegria e libertação, o abandono radical de tudo o que é mundano, da hipocrisia e do farisaísmo, da falta de autenticidade que nos faz viver de aparências enganosas, do egoísmo, da luxúria, da soberba e especialmente da falta do amor e da fé. Nossa volta a Deus é o desejo de uma vida totalmente renovada, porque estávamos no lodaçal do pecado e da imundície, como mais uma vez está bem expresso na parábola do Filho Pródigo: estávamos cuidando de porcos e passando fome.
Os animais comiam melhor do que nós. Por isso, ao voltarmos à casa do Pai, nosso impulso fundamental é a penitência, a humildade, o pedido de perdão e o reconhecimento da nossa indignidade. Aliás, ao recebermos as cinzas, a frase alternativa do ministro é: “lembra-te de que és pó, e ao pó voltarás”. É uma mensagem triste e dolorosa, como se não tivéssemos direito a mais nada, a não ser ao castigo, à dor, ao sofrimento e à morte!
Mas é aqui que precisamos voltar ao sentido da festa e da alegria do Pai que nos recebe. Por um lado, voltaremos a ser o pó da terra. Com certeza! Por isso deixamos que se derramem cinzas sobre nós. Por outro lado, a cinza desta Quarta-feira é a cinza da ressurreição.
É necessário que morra e volte ao pó o corpo contaminado pela lepra do pecado, para que, como nos ensina o apóstolo Paulo em 1 Cor 15, o Pai Celeste nos dê um novo corpo, que não mais será sujeito à corrupção deste mundo; será um corpo imortal, totalmente renovado, lavado e purificado no sangue glorioso de Nosso Senhor Jesus. É o sentido profundo deste tempo de Quaresma, que irá desembocar na gloriosa Páscoa.

Redimidos pelo sangue de Jesus

O castigo, a dor, o sofrimento e a morte serão assumidos totalmente por Jesus, que carregará a Cruz que seria destinada a cada um de nós, pecadores. E por este sangue precioso, que mais do que sangue humano é sangue de Deus, o nosso Pai bondoso e Misericordioso nos vestirá com a melhor roupa de sua casa, fará a festa e nos devolverá a dignidade de filhos.
Aqui está o feliz desfecho da parábola do Filho Pródigo: na cinza que éramos, quando estávamos longe da casa do Pai pelo pecado, será derramado o sangue do nosso Redentor. E este Cristo que sofre a morte por nós, vencerá a morte pela ressurreição; e pelo desmedido amor que Deus tem para conosco, desta Ressurreição todos participaremos felizes no Reino dos Céus.
Assim, a Páscoa de Cristo não será somente sua, mas de todos os que Ele faz voltar para Deus. Com Jesus, todos seremos filhos pródigos.
Iniciemos, portanto, nossa preparação para a Páscoa de Jesus, deixando-nos reconciliar com Deus, como pede São Paulo. Este é o tempo favorável. Este é o dia da Salvação. Como o Filho Pródigo, voltemos ao Pai na humildade, na contrição do coração, na força do amor e da fé.
É o que Jesus nos pede no Evangelho. Joguemos fora e libertemo-nos das falsas aparências, da vaidade, da arrogância, da soberba e de todos os males. Esqueçamos as recompensas e os louvores do mundo, que se transformam na podridão e na condição daquele pobre filho, que estava cuidando de porcos; e de tanta fome que tinha, desejava comer a comida dos porcos.
E quantas vezes nós alimentamos nossa mente e o coração com o lixo, com o vitupério da iniquidade e - desculpem a vulgaridade da expressão -, com as porcarias deste mundo! Ao voltarmos à casa do Pai pelo jejum, pela esmola, pela humildade, pela caridade, pela oração, teremos a verdadeira recompensa, que nos proporcionará a verdadeira alegria do Reino dos Céus, que durará para sempre. 

Tenhamos todos uma santa preparação para a Páscoa de Jesus, que é também a nossa Páscoa. Louvado seja Ele, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vatican News
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Quarta-feira de Cinzas, a Igreja Católica começa a Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 26 Fev. 20 / 05:00 am (ACI).- A Igreja Católica inicia hoje, com a Quarta-feira de Cinzas, o tempo litúrgico da Quaresma no qual, durante 40 dias e através da vivência do jejum, da oração e da esmola, os fiéis se preparam para a Semana Santa em que se atualizam os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.

Neste tempo, os fiéis estão chamados à conversão pessoal, exortação que durante a imposição das Cinzas o celebrante expressa com as palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Do mesmo modo, com a expressão “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás”, recorda-se a fragilidade da vida humana e que a morte é um destino inevitável.
Na Roma antiga, os fiéis começavam com uma penitência pública o primeiro dia de Quaresma no qual eram salpicados com cinzas. Atualmente os fiéis são marcados com uma cruz na testa com as cinzas obtidas ao queimar as palmas usadas no domingo de Ramos do ano anterior.
Em sua mensagem para a Quaresma deste ano, intitulada “A criação encontra-se em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8, 19), o Papa Francisco fez um chamado à conversão, mediante o jejum, a oração e a esmola
“Que a nossa Quaresma seja percorrer o mesmo caminho, para levar a esperança de Cristo também à criação, que ‘será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus’. Não deixemos que passe em vão este tempo favorável! Peçamos a Deus que nos ajude a realizar um caminho de verdadeira conversão. Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; façamo-nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, partilhando com eles os nossos bens espirituais e materiais”, afirmou.
ACI Digital

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Papa: Quaresma é graça, não deixar passar este tempo em vão

Papa propõe diálogo "coração a coração" com o Senhor
Papa propõe diálogo "coração a coração" com o Senhor
Em sua mensagem, o Papa Francisco recordou a convocação para esta Quaresma de jovens economistas em Assis, de 26 a 28 de março, como um passo no processo de "conversão" da economia.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo com Jesus: é o que propõe o Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma 2020.
O título escolhido foi inspirado na 2ª carta de São Paulo aos Coríntios: “Em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus” (2 Cor 5, 20).
Neste tempo quaresmal, o Pontífice estende a todos os cristãos o que escreveu aos jovens na Exortação apostólica Christus vivit: fixar os braços abertos de Cristo crucificado e deixar-se salvar sempre de novo. “A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas pessoas que sofrem.”

Face a face com o Senhor

Francisco insiste numa contemplação mais profunda do Mistério pascal, recordando que a experiência da misericórdia só é possível “face a face” com o Senhor crucificado e ressuscitado.
“Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta.”
De fato, prossegue o Papa, o cristão reza ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave dentro de cada um de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à vontade.
Quanto mais nos deixarmos envolver pela sua Palavra, tanto mais conseguiremos experimentar a sua misericórdia gratuita por nós. O convite do Pontífice, portanto, é não deixar passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele.

Não interromper o diálogo com o Senhor


Esta nova oportunidade, prossegue Francisco, deve suscitar em nós um sentido de gratidão e sacudir-nos do torpor em que nos encontramos, às vezes estimulados por um “uso pervertido” dos meios de comunicação
“Não obstante a presença do mal, por vezes até dramática, tanto na nossa existência como na vida da Igreja e do mundo, este período que nos é oferecido para uma mudança de rumo manifesta a vontade tenaz de Deus de não interromper o diálogo de salvação conosco.”
Colocar o Mistério pascal no centro da vida, acrescenta o Papa, significa sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado presentes nas inúmeras “vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria”.

Encontro de Assis


Para reverter este cenário, Francisco chama em causa a partilha na caridade e uma nova maneira de gerir a economia, mais justa e inclusiva, recordando a convocação para esta Quaresma de jovens economistas em Assis, de 26 a 28 de março. O magistério da Igreja nos lembra que a política é uma forma eminente de caridade.
O Papa então conclui:
“Invoco a intercessão de Maria Santíssima sobre a próxima Quaresma, para que acolhamos o apelo a deixar-nos reconciliar com Deus, fixemos o olhar do coração no Mistério pascal e nos convertamos a um diálogo aberto e sincero com Deus. Assim, poderemos tornar-nos aquilo que Cristo diz dos seus discípulos: sal da terra e luz do mundo.”

Vatican News

5 coisas que deve saber sobre a Quaresma

REDAÇÃO CENTRAL, 25 Fev. 20 / 07:00 am (ACI).- A Quaresma é um tempo litúrgico em que por 40 dias a Igreja chama os fiéis à penitência e à conversão, para se preparar verdadeiramente para viver os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo na Semana Santa.
Aqui estão cinco pontos que todo católico deve saber sobre a Quaresma:
1. Oração, mortificação e caridade: as três práticas quaresmais
A oração é uma condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, o cristão entra em diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça entre em seu coração e, como Maria, abre-se para a oração do Espírito cooperando com ela em sua resposta livre e generosa (ver Lc 1,38).
A mortificação se realiza cotidianamente e sem a necessidade de fazer grandes sacrifícios. Com ela, são oferecidos a Cristo aqueles momentos que geram desânimo no transcorrer do dia e se aceita com humildade, gozo e alegria, todas as diversidades que chegam.
Da mesma forma, saber renunciar a certas coisas legítimas ajuda a viver o desapego e desprendimento. Dentro dessa prática quaresmal, estão o jejum e a abstinência que serão explicados mais adiante.
A caridade é necessária como refere São Leão Magno: “Se desejamos chegar à Páscoa santificados em nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados”.
Sobre esta prática, São João Paulo II explica que este chamado a dar “está enraizado no mais profundo do coração humano: toda pessoa sente o desejo de colocar-se em contato com os outros e se realiza plenamente quando se dá livremente aos demais”.
2. O jejum e a abstinência
O jejum consiste em fazer uma refeição forte por dia, enquanto a abstinência consiste em não comer carne. Com ambos os sacrifícios, reconhecemos a necessidade de fazer obras para reparar o dano causado por nossos pecados e para o bem da Igreja.
Além disso, de forma voluntária, deixam-se de lado necessidades terrenas e se redescobre a necessidade da vida do céu. “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4).
O jejum não proíbe de tomar um pouco de alimento na parte da manhã e à noite. É obrigatório dos 18 aos 59 anos.
Por outro lado, a abstinência, embora proíba o consumo de carne, não é o caso de ovos, leite e qualquer condimento feito a partir de gorduras animais. O jejum é obrigatório a partir de 14 anos de idade.
3. A Quaresma começa com a Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira Santa
Na Quarta-feira de Cinzas começam os 40 dias de preparação para a Páscoa. Após a Missa, o sacerdote abençoa e impõe as cinzas feitas de ramos de oliveira abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. Estas são impostas fazendo o sinal da cruz na testa e dizendo as palavras bíblicas: “Lembra-te que és pó e ao pó retornarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Desta forma, a cinza é um sinal de humildade e recorda ao cristão sua origem e seu fim.
A Quaresma termina na Quinta-feira Santa. Nesse dia, a Igreja recorda a Última Ceia do Senhor, quando Jesus de Nazaré compartilhou a refeição pela última vez com seus apóstolos antes de ser crucificado na Sexta-feira Santa.
4. A duração da Quaresma está baseada na simbologia do número 40 na Bíblia
Os 40 dias da Quaresma representam o mesmo número de dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, os quarenta dias do dilúvio, os quarenta dias da marcha do povo judeu pelo deserto, os quarenta dias de Moisés e Elias na montanha e os 400 anos que durou a estadia dos judeus no Egito.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provas e dificuldades.
5. Na Quaresma, a cor litúrgica é o roxo
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. É um tempo de reflexão, penitência, conversão espiritual; tempo para preparar o mistério pascal.
ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF