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domingo, 19 de abril de 2020

II DOMINGO DA PÁSCOA - Ano "A": DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Cardeal Dom Sérgio da Rocha
Administrador Apostólico da
Arquidiocese de Brasília
 “Daí graças ao Senhor porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia”. Assim rezamos, hoje, com o Salmo 117, continuando a expressar o nosso louvor pela Páscoa da Ressurreição do Senhor. A Igreja nos pede que “os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa”.
O segundo Domingo da Páscoa é denominado “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme estabeleceu São João Paulo II. O Papa Francisco afirmou que “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. O Evangelho segundo João (Jo 20,19-31) nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com os seus discípulos, após a paixão e a morte na cruz. Apenas o “discípulo amado” havia permanecido aos pés da cruz, com as santas mulheres, conforme o relato joanino da Paixão. Contudo, depois de ter sido traído e abandonado, Jesus Ressuscitado reencontra os seus discípulos, desejando-lhes a paz, transmitindo-lhes o dom do Espírito e a missão de perdoar. Ao invés de cobrar explicações ou de condenar, Jesus lhes oferece a paz e propõe o perdão.
O texto meditado ressalta a figura do apóstolo Tomé. Ele não estava na comunidade dos discípulos, quando o Senhor se colocou no meio deles, e nem acreditou no testemunho dado por eles. Por isso, não foi capaz de fazer a experiência do encontro com o Ressuscitado. Num segundo momento, estando novamente com os discípulos, ele encontrou Jesus. Numa atitude de fé, Tomé se prostrou diante dele, proclamando: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). O Evangelho nos mostra, assim, a importância de estar na comunidade dos discípulos, a Igreja, para encontrar Jesus Ressuscitado e alimentar a fé.
Os Atos dos Apóstolos (At 2,42-47) nos descreve como era a vida da primeira comunidade cristã. “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”, e partilhavam os seus bens.  Hoje, cada comunidade é chamada a viver assim, para ser reconhecida, de fato, como comunidade cristã.
Continuemos a rezar pela superação da pandemia no Brasil e no mundo, lembrando-nos, de modo especial, dos enfermos e das pessoas falecidas, dos seus familiares e de todos os que estão a serviço dos doentes nas casas e nos hospitais, aos quais expressamos a nossa profunda gratidão. Sejamos testemunhas da esperança e da caridade, sendo mais fraternos e solidários com os que mais sofrem.
Folheto: "O Povo de Deus"/Arquidiocese de Brasília

sábado, 18 de abril de 2020

O “Relato das duas Cidades”: a Semana Santa na Antiga Constantinopla


I.- INTRODUÇÃO
A Semana Santa tanto na Tradição Romana como na Bizantina é fruto de uma mescla de tradições; logo, se poderia afirmar com o Padre Robert Taft, que as duas tiveram uma grandíssima capacidade de absorver e sintetizar novas tendências e influxos externos e de adaptar-se a novas exigências.
Das duas, será Constantinopla a que adquirá, pouco a pouco, um poder dominante, já que era a capital do Império oriental, daí a rápida difusão dos costumes e dos ritos constantinopolitanos. Mas não somente é importante esta capital, senão que teríamos de acrescentar: Jerusalém e os monastérios da Palestina; os usos litúrgicos de Jerusalém se difundiram por todo o orbe graças aos peregrinos, como não destacar a Peregrina por excelência: Egeria.
Este intercâmbio, diz o Padre Taft, se intensifica após o primeiro período do iconoclasmo (726-775), durante a “restauração monástica” levada a cabo por São Teodoro Estudita (+826) que trouxe à capital monges do monastério palestinense de São Sabas para combater contra os hereges, isto é, contra os iconoclastas. Fruto disso foi a síntese litúrgica constantinopolitana-sabaítica, que mais tarde dará como resultado o chamado “rito bizantino”.
Sebastián Janeras expôs esta evolução mostrando a estrutura, as leituras e a hinografia que contêm os livros das duas tradições:
1.-Jerusalém: Lecionário hagiopolita armênio (s. V) e georgiano (s. V-VIII) e Ofícios da Semana Santa no Codex Stavrou 43, transcrito em 1122;
2.- Constantinopla: Typikon da Grande Igreja: manuscritos dos s. IX-X, Evangeliário e Prophetologion (Lecionário com as leituras do AT).
Estas fontes, prossegue o Padre Taft, parecem demostrar um triplo processo de empréstimo recíproco: 1.- Importância primária de Jerusalém como centro de peregrinação, sobretudo na Semana Santa; isto faz com que se infiltrem elementos hagiopolitas nos ritos constantinopolitanos. Ej: Lecionário do s. IX; o Orthros (Laudes) da Sexta- Feira Santa tem uma série de 11 Leituras do Evangelho, fruto da união das Leituras da antiga Vigília de Jerusalém da noite da Quinta- Feira Santa com as das Horas do dia da Sexta- Feira Santa hagiopolita. 2.- Influência constantinopolitana na “Cidade Santa”: esta série de Leituras segundo o Typicon da “Grande Igreja” chegam até Jerusalém e são incorporadas ao Ofício hagiopolita no final do primeiro milênio; assim se pode ver no Stavrou 43 (ant. 1009). 3.- “Triódion” bizantino: todo o anterior será codificado definitivamente neste livro litúrgico: Matinas da Sexta- Feira Santa de Jerusalém, 11 Leituras hagiopolitas-constantinopolitanas do Evangelho, Vésperas da Sexta- Feira Santa em Jerusalém e Matinas do Sábado Santo com as Leituras constantinopolitanas, mais as Horas do dia da Sexta- Feira Santa de Jerusalém.
II.- A SEMANA SANTA NA “ANTIGA CONSTANTINOPLA”
Na maior parte do primeiro milênio, Constantinopla permanece imune à influência dos novos Ofícios da Semana Santa de Jerusalém, mantendo assim uma Liturgia sóbria até o período do predomínio monástico posterior à luta contra o iconoclasmo, (726-775 / 815-843) na qual se enriquece de elementos hagiopolitas.
O Orthros do Sábado Santo no Typikon não tem nada de particular, exceto os dois estribilhos referidos aos soldados que montam guarda diante do túmulo de Jesus, sepultado por nossa salvação. O Evangelho deste dia narra a ordem que dá Pilatos para que montem guarda os soldados e assim não possam roubar os discípulos o corpo de Jesus dizendo que ressuscitou. A Profecia que se lê este dia é a dos “ossos secos” do profeta Ezequiel.
Salvador Aguilera López

Por que o mundo precisa de catedrais?

Catedral de Notre Dame, em Paris.
Foto: Wikipédia / GuidoR (CC BY-SA 3.0).
PARIS, 17 Abr. 20 / 12:00 pm (ACI).- A alma francesa teve que engolir as chamas para nos lembrar que as catedrais continuam sendo um dos melhores evangelizadores, e que a França já foi considerada como o mais cristão dos países.
No entanto, na segunda-feira da Semana Santa de 2019, a joia daquele que uma vez foi um país católico (e vaticino que seguirá sendo), a Catedral de Notre Dame – personagem tão central para Victor Hugo como Esmeralda e Quasimodo, mais icônico de tudo o que Paris acrescentou à sua paisagem urbana nos 850 anos desde que foi construída, e tão duradoura ​​que sobreviveu às cerimônias do Culto ao Ser Supremo de Robespierre durante a Revolução Francesa, testemunhou o império de Napoleão e permaneceu de pé quando os nazistas ocuparam Paris –evangelizava enquanto ardia, tal como Joana d'Arc, tal como os mártires.
Ela estava nos recordando que o mundo ainda precisa da Igreja, porque ainda precisa de Deus.
A angústia pelo incêndio de Notre Dame foi sentida por muitos, amada como era não apenas pelos católicos parisienses da Arquidiocese de Paris, que chamavam a catedral de lar, mas por admiradores de diferentes origens em todo o mundo.
Todos eles olhavam para Notre Dame e estremeciam diante de sua magnificência, da amplitude da ambição humana e de sua realização, do peso da história. Até 15 de abril, ajoelhavam-se diante de um dos mais gloriosos santuários do mundo para honrar a presença real de Jesus Cristo.
A angústia coletiva da humanidade ferida pela chocante desintegração interna da catedral, enquanto o pináculo ruía, enquanto a nuvem de fumaça flutuava sobre Paris nessa tarde de primavera, sugeria algo metafísico: na semana da comemoração da Paixão de Cristo, uma consciência da perda de algo precioso pairava sobre Paris e além dela. Ao ver a nave do símbolo de Paris transformada em cinzas, somos derrotados com o temido sentimento humano de que simplesmente não somos capazes de apreciar plenamente aquilo que temos até que seja tarde demais.
E, suspeito, que a cena perturbadora talvez tenha despertado algo em não poucos, incentivados pela estrutura que sobreviveu: um entendimento de que Notre Dame e outros espaços não existem primeiramente como edifícios para serem admirados, mas como portais para os mistérios sagrados, dentro da natureza sacramental do nosso catolicismo, com a experiência cósmica do pão e do vinho se tornando o Corpo e o Sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo todos os dias. (...)
Agora, um dia em breve haverá novos trabalhadores transformando Notre Dame, unindo-se ao trabalho daqueles construtores medievais, anteriores a eles, tentando preservar aquilo que as catedrais e as igrejas defendem em um tempo tão frequentemente em desacordo com a sua mensagem.
Quando as grandes catedrais góticas se ergueram, elas se elevaram acima de tudo na cidade, significando que aqui, neste lugar, estava a porta para o divino. Não havia nada comparável ao redor. Seu propósito era singular e urgente: Deus está aqui e ele está chamando você. Somos lembrados disso quando vemos as grandes catedrais ainda em pé hoje. Mesmo como uma das nossas catedrais mais amadas, de alguma forma ainda dignificada em seu estado carbonizado. Sua santidade se manteve.
Entremos por suas portas enquanto ainda temos tempo, antes que seja tarde demais. Só que agora, não entremos mais como turistas, e sim como peregrinos. Não mais como pedestres lacônicos, mas como penitentes necessitados. Deus está aqui. As catedrais ainda anunciam Deus para um mundo incrédulo e Ele está chamando você.
James Day é o Gerente de Operações de EWTN em Orange County, Califórnia.

Conheça a santa a quem Jesus revelou a devoção da Divina Misericórdia

REDAÇÃO CENTRAL, 18 Abr. 20 / 06:00 am (ACI).- “As almas que divulgam o culto da Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso”, disse o Senhor à sua serva Santa Faustina Kowalska, a quem revelou o desejo de instituir a Festa da Divina Misericórdia, sua devoção, bem como a imagem de Jesus Misericordioso.

Santa Faustina nasceu na Polônia em 1905. No dia em que foi receber a Primeira Comunhão, beijou as mãos de seus pais para demonstrar sua pena por tê-los ofendido. Costumava ajudar em casa com as tarefas da cozinha, ordenhando as vacas e cuidando de seus irmãos. Frequentou a escola, mas só pôde completar três trimestres porque foi dada uma ordem que os alunos mais velhos tinham que sair para dar lugar às crianças mais novas.
Aos 15 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica e sentiu mais fortemente o chamado à vocação religiosa. Contou esta inquietude a seus pais em várias ocasiões, mas eles se opuseram. Foi assim que se entregou às vaidades da vida, sem fazer caso do chamado que experimentava, até que escutou a voz de Jesus que lhe pediu para deixar tudo e ir a Varsóvia para entrar em um convento.
Sem despedir-se pessoalmente de seus pais, foi para Varsóvia apenas com um vestido. Lá, falou com um sacerdote, o qual conseguiu hospedagem na casa de uma paroquiana. Batia à porta de vários conventos, mas era rejeitada.
Foi recebida na Casa Mãe da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, mas antes teve que trabalhar como doméstica um ano para pagar seu ingresso. Poucas semanas depois, teve a tentação de deixar o convento e teve uma visão na qual Jesus apareceu com seu rosto destroçado e coberto de chagas.
Ela perguntou: “Jesus, quem te feriu tanto?”. O Senhor respondeu: “Esta é a dor que me causaria deixar este convento. É aqui onde te chamei e não a outro; e tenho preparadas para ti muitas graças”.
Mais tarde, foi enviada para o noviciado, tomou o hábito religioso e chegou a pronunciar seus primeiros votos e os perpétuos. Entre suas irmãs, serviu como cozinheira, jardineira e até mesmo porteira.
A esta simples mulher, piedosa, mas também alegre e de caritativa, Jesus apareceu em diversas ocasiões mostrando-lhe o seu infinito amor misericordioso pela humanidade. Da mesma forma, Deus lhe concedeu estigmas ocultos, dons de profecia, revelações e o Terço da Divina Misericórdia.
“Nem as graças, nem as revelações, nem os êxtases, nem nenhum outro dom concedido à alma a fazem perfeita, mas sim a comunhão interior com Deus... Minha santidade e perfeição consistem na íntima união da minha vontade com a vontade de Deus”, escreveu certa vez.
Em 5 de outubro de 1938, após longos sofrimentos suportados com grande paciência, partiu para a Casa do Pai. No ano 2000, foi canonizado pelo seu compatriota João Paulo II, que estabeleceu o segundo domingo de Páscoa como “Domingo da Divina Misericórdia”.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

PERMANECE CONOSCO, SENHOR!

Imagem da internet
Ao surgir os primeiros raios do sol, Cléofas e o seu companheiro retomaram a difícil caminhada em direção a Emaús. Para eles, caminhar nunca havia sido tão complicado, pois a poeira, as pedras e os desníveis do caminho não eram nada diante da tristeza, da desesperança e do sentimento de perda provocados pela Paixão, crucifixão e morte do Salvador. Por que fizeram isso com o Messias esperado? E agora onde iremos depositar todas as nossas esperanças? Essas e tantas outras perguntas ruminavam, silenciosamente, no interior de seus corações que estavam revestidos dos sentimentos de tristeza, de perda e de ausência.
Tal qual encanto, desde as primeiras horas daquele memorável dia, o sol irradiava uma maior quantidade de luz e de calor. Era como se o sol quisesse alegrar os dois discípulos. Mas, como seria possível transmitir alegria quando só se vislumbravam os sinais do sofrimento?  Esses sinais de sofrimento, sinais de uma perda irreparável, eram visíveis nas faces dos discípulos. Com a voz embargada e com os olhos cheios de lágrimas, Cléofas e o seu companheiro caminhavam recordando aquelas trágicas horas.
Buscando novas forças para prosseguir naquele caminho que parecia não levar a lugar nenhum, Cléofas tentava consolar o companheiro, mas, ao mesmo tempo, ele também precisava ser consolado. Ao olhar para o horizonte, notou que o vento começou a soprar impetuosamente, parecia que uma tempestade estava se aproximando. O ruah emitido pelo vento era assustador. Mas, em pouco tempo, o vento passou e foi aí que eles ouviram uma voz que lhes dizia: “Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando? ”.
Com espanto e sem palavras para uma resposta imediata, os dois discípulos se questionavam, interiormente: de onde havia surgido aquele peregrino? Será que ele estava conosco desde o início de nossa caminhada?  Sentindo que o peregrino transmitia uma certa paz e uma imensa tranquilidade e, mesmo sem reparar nos primeiros momentos quem era aquele desconhecido, Cléofas e o seu companheiro começaram a entabular com Aquele viandante o mais significativo diálogo de suas vidas. No decorrer desse diálogo, os discípulos de Emaús ouviram a Palavra de Deus, que lhes foi explicada de uma forma única e com tal fascínio que, diante da intenção do peregrino de partir, de ir mais adiante, os dois discípulos suplicaram: “Fica conosco, Senhor! ” Por favor, permanece conosco, pois há pouco o nosso caminho era vazio, sem ideal, sem perspectivas de vida e sem nenhuma possibilidade de mudança. Por favor, permanece conosco, pois com você tudo adquire um sentido novo, suas palavras são centelhas de amor, são fogo de um evento pascal que irradia algo novo em nosso ser, transformando profundamente as nossas vidas. Sem suas palavras, sem sua contínua catequese, perdemos o nosso referencial. Então, por favor, continue conosco, amigo peregrino!
Percebendo nas faces de Cléofas e do companheiro a visibilidade da maturação do crer em Deus e a retomada da confiança em Suas promessas de ressurreição, o amigo peregrino aceitou ficar e participar da Ceia. Naquela inesquecível Ceia, tudo aos poucos foi se modificando. Logo no início, ficou claro que, apesar do convite para o banquete ter sido feito pelos discípulos, a presidência da comensalidade coube ao Peregrino que, de uma forma profunda, harmônica e autêntica, partiu o Pão, evidenciando, com os gestos, os sinais e as Palavras, os anunciados e esperados sinais da ressurreição. Sim, era Ele! Ele é Jesus, o Crucificado Ressuscitado que caminha conosco pela estrada de Emaús, ensinando-nos que, nesta via de purificação na qual caminhamos, juntos com  Cléofas e o seu companheiro, a Fração do Pão, a Sagrada Eucaristia, é o mais perfeito sinal de Sua presença em meio a nós e, por isso, hoje, neste Terceiro Milênio da era cristã, o caminho de Emaús continua acessível a todo aquele que aceita o convite a sentar-se à Mesa, a todo aquele que aceita o convite para se alimentar, não com as ideias e as palavras humanas, mas sim, com a Palavra de Deus e a Sua real presença na Eucaristia.
Após a participação na Fração do Pão, Cristo desapareceu dos olhos dos discípulos de Emaús, mas nunca mais desapareceu de seus corações, de suas mentes, de seus pensamentos e de suas almas. Cristo permaneceu de tal modo junto a eles que, de imediato, eles voltaram para Jerusalém, para anunciar com renovado entusiasmo: “O Senhor ressuscitou! ” E ali, junto aos Apóstolos, eles puderam narrar todos os detalhes da aparição do Cristo ressuscitado em Emaús e puderam também ouvir os relatos de Pedro, de João e dos demais Apóstolos sobre outras aparições do Senhor vivo e ressuscitado. Nos detalhes desses relatos, os discípulos de Emaús perceberam como é bom pertencer à Igreja, como é bom estar junto de Pedro, de Maria Santíssima e dos Apóstolos, anunciando ao mundo que a luz prevalece sobre as trevas, a vida prevalece sobre a morte, a caridade prevalece sobre a desesperança e a presença de Cristo prevalece sobre qualquer forma de medo.
Não sei quanto a você, caro amigo, mas eu, cada vez mais, me reconheço como um descendente e herdeiro de Cléofas e de seu companheiro e daqueles primeiros discípulos que participaram dos acontecimentos da Páscoa de Jesus, pois, todas as vezes que permaneço diante do Altar de nosso Senhor, eu reconheço o Cristo na Fração do Pão, na Sagrada Comunhão, na benevolência de Seu olhar misericordioso. Faço e refaço a experiência de Emaús quando medito nas Sagradas Escrituras tudo o que diz respeito ao Cristo, o Cordeiro de Deus que nos libertou do pecado e de todos os males.
Atualizo a experiência de Emaús quando reconheço que a Sagrada Comunhão é um Sacramento, um Sinal do amor de Deus, um Sacrifício, uma Presença viva e transformadora. Renovo a experiência de Emaús quando percebo que o caminho de Emaús é o caminho de todos os discípulos de Jesus, mais ainda, o caminho de Emaús é o caminho de todo o ser humano. E assim é, porque nas nossas caminhadas, nas nossas estradas, Cristo vivo e ressuscitado faz-Se nosso amado Companheiro de percurso, para revigorar em nossos corações o ardor da fé, da esperança e da caridade.
Não sei quanto a você, caro amigo, mas eu aprendi que, no final de cada dia, no final das celebrações eucarísticas e ao término de mais um serviço missionário, eu devo voltar para casa, eu devo voltar para Jerusalém, eu devo voltar para a minha cidade, transbordando do amor de Deus Pai, da presença de Cristo, na comunhão do Espírito Santo, bradando efusivamente: Ele apareceu também a mim! Ele aceitou o meu convite e, diante da Mesa, revelou-me os sinais da Sua eterna presença! Ele permanece comigo! Ele permanece conosco! No caminho de Emaús, Ele permanece em nós! Hoje e sempre, quando a noite se aproxima e o dia cai, Ele permanece conosco, aquecendo a nossa esperança com os sinais do Seu amor e do Seu acolhimento!
  Aloísio Parreiras
https://arqbrasilia.com.br/

Papa adverte sobre perigo de que o coronavírus favoreça uma religiosidade gnóstica

Papa Francisco durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Foto: Vatican Media
VATICANO, 17 Abr. 20 / 10:00 am (ACI).- O Papa Francisco enfatizou, durante a Missa celebrada nesta sexta-feira, 17 de abril na Casa Santa Marta, que a familiaridade com Jesus deve ser comunitária: com a Igreja, com os sacramentos e com o povo.
Advertiu que "uma familiaridade sem comunidade, uma familiaridade sem o pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos, é perigosa".
“Pode tornar-se uma familiaridade – digamos – gnóstica, uma familiaridade separada do povo de Deus. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor sempre era comunitária, se dava sempre à mesa, sinal da comunidade. Sempre era com o Sacramento, com o pão”, afirmou.
O Pontífice fez essa reflexão à raiz da situação excepcional que a Igreja está vivendo por causa da pandemia de coronavírus, que obrigou a celebração da Missa através dos meios de comunicação por causa do isolamento social.
Assinalou que essa familiaridade gnóstica é um perigo no qual os cristãos podem cair neste momento de pandemia em que "todos nos comunicamos também religiosamente através da mídia, inclusive esta Missa, estamos todos comunicados, mas não juntos, espiritualmente juntos”.
"Esta não é a Igreja", enfatizou. “Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os Sacramentos. Sempre”.
Nesse sentido, contou uma anedota. Ele explicou que “antes da Páscoa, quando saiu a notícia que eu celebraria a Páscoa em São Pedro vazia, um bispo me escreveu – um bom bispo: bom – e me repreendeu. ‘Mas como é possível, São Pedro é tão grande, por que não colocam 30 pessoas ao menos, para que se veja as pessoas? Não haverá nenhum perigo...’".
"Eu pensei: ‘Mas, o que esse tem na cabeça, para me dizer isso?’. No momento, não entendi. Mas como é um bom bispo, muito próximo do povo, algo quererá dizer-me. Quando o encontrar, lhe perguntarei".
O Papa explicou que “depois entendi, não viralizar o povo de Deus. A Igreja, os Sacramentos, o Povo de Deus são concretos".
"É verdade que neste momento devemos ter esta familiaridade com o Senhor desse modo, mas para sair do túnel, não para permanecer aí", disse o Papa.
O Papa deu como exemplo a familiaridade cristã com Deus, a familiaridade demonstrada pelos apóstolos com Jesus, e que é especialmente revelada quando se reencontram na Galileia após a ressurreição.
Pedro e os demais apóstolos foram pescar no mar de Tiberíades, mas não pegaram nada. Quando amanheceu, Jesus se apresentou na margem, embora não o reconheceram. Jesus os convidou a lançar suas redes novamente, e eles conseguiram uma pesca abundante. Então o reconheceram.
“Ninguém lhe perguntou, aí, ‘quem és?’: sabiam que era o Senhor", assinalou o Papa, porque tinham “uma familiaridade cotidiana com o Senhor". "E, certamente, fizeram a primeira refeição do dia juntos, com o peixe e o pão, certamente falaram de muitas coisas com naturalidade. Esta familiaridade dos cristãos com o Senhor sempre é comunitária. Sim, é íntima, é pessoal, mas em comunidade”.
“E essa é a  familiaridade dos apóstolos: não gnóstica, não viralizada, não egoísta para cada um deles, mas uma familiaridade concreta, no povo. A familiaridade com o Senhor na vida cotidiana, a familiaridade com o Senhor nos Sacramentos, no meio do Povo de Deus. Eles fizeram um caminho de amadurecimento na familiaridade com o Senhor: aprendamos nós a fazê-lo também”, concluiu o Papa Francisco.
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
João 21, 1-14

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Os 75 anos da libertação do campo nazista de Bergen-Belsen: para não esquecer

Ana Frank, morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen, em 1945
Ana Frank, morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen, em 1945
Um aniversário que homenageia a memória de 70 mil vítimas na maioria judeus, mas também ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, presos políticos e prisioneiros de guerra, vítimas de uma ditadura brutal, marcada pelo ódio de raça. Foi libertado em abril de 1945.

Cidade do Vaticano

Em 15 de abril de 1945, quando as tropas do general inglês Bernard Montgomery entraram no campo de concentração Bergen-Belsen, na Baixa Saxônia, viram imagens chocantes. Encontraram 60 mil prisioneiros, na maioria judeus, muitos em fim de vida ou em graves condições de saúde, mas também milhares e milhares de corpos não sepultados ou amontoados dentro dos pavilhões ou ao seu redor. Foram necessárias várias semanas para sanear toda a área, durante as quais morreram 13 mil prisioneiros, muito debilitados para sobreviver.

Os horrores e os terríveis abusos no campo nazista
A descoberta do campo de Bergen-Belsen, por parte dos aliados, depois de Auschwitz descoberto em 27 de janeiro de 1945 pelas tropas russas, foi um grande choque para a opinião pública mundial, principalmente na Grã-Bretanha e Estados Unidos, onde a imprensa deu grande destaque às imagens e aos filmes que documentavam de modo inequívoco os horrores que aconteciam dentro dos campos de prisão e de concentração nazistas. Abusos que já tinham sido denunciados, mas foram arquivados, ou não acreditados por motivos de oportunidade bélica.

70 mil vítimas do ódio racial e do desprezo do inimigo
No campo de concentração Bergen-Belsen, estima-se que morreram entre 1943 e 1945 cerca de 50 mil internos, dos quais mais de 35 mil de tifo nos primeiros cinco meses de 1945. A grande maioria dos prisioneiros eram judeus da Boêmia e da Morávia e poloneses, mas também criminosos comuns, prisioneiros políticos, ciganos, testemunhas de Jeová e homossexuais. A esta dramática conta devem ser somados os milhares de prisioneiros de guerra, mortos entre 1940 a 1943, entre os quais 20 mil soldados soviéticos.

As duras condições de detenção dos prisioneiros de guerra
O campo de Bergen-Belsen foi aberto em 1940, com o nome de Stalag 311 ou Stalag XI-C, como campo de prisioneiros de guerra, franceses, belgas, italianos e principalmente russos, na maioria mortos pelas duras condições de detenção. Depois, em abril de 1943 foi colocado sob a direção das SS e subdividido em suas seções, residencial e detentiva. O campo residencial era destinado aos prisioneiros judeus que deveriam ser trocados com civis alemães no exterior: de 14.700 judeus que chegaram ao campo entre 1943 e 1944, apenas 2.560 foram libertados por troca de prisioneiros.

Apenas um forno crematório e muitas fossas comuns
O campo de detenção era também de referência para outros campos, entre os quais Auschwitz-Birkenau, de onde por causa do colapso do front de guerra oriental, chegavam cada vez mais prisioneiros, até a super lotação do início de 1945: faltava comida e água potável e as pessoas morriam por causa de doenças e desnutrição. Com apenas um forno crematório os corpos eram jogados em fossas comuns. Em março de 1945 morreram 18 mil pessoas. Até que, duas semanas depois chegaria a salvação com os aliados, impedindo que a tragédia acontecesse a todos.

Entre as vítimas Ana Frank, símbolo do ódio anti-semita
Entre as vítimas deste campo está Ana Frank, que se tornou o símbolo do ódio anti-semita. Veio do campo de Auschwitz-Birkenau de onde foi transferida no final de 1944, ali foi infectada pelo tifo e morreu entre fevereiro e março de 1945, com apenas 15 anos, poucos dias depois de sua irmã, Margot.

https://www.vaticannews.va/

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Da Homilia pascal de um Autor antigo

Aleteia
(Sermo 35, 6-9:PL17 [ed. 1879],696-697)
Cristo, autor da ressurreição e da vida
        Lembrando a felicidade da salvação recuperada, Paulo exclama: assim como por Adão entrou a morte neste mundo, da mesma forma por Cristo foi restituída a salvação ao mundo. (cf. Rm 5,12). E ainda: O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem, que vem do céu, é celeste (1Cor 15,47).
        E prossegue, dizendo: Como já refletimos a imagem do homem terreno, isto é, envelhecido pelo pecado, assim também refletimos a imagem do celeste (1Cor 15,49), ou seja, conservaremos a salvação do homem recuperado, redimido, renovado e purificado em Cristo. Segundo o mesmo Apóstolo, Cristo é o princípio, quer dizer, é o autor da ressurreição e da vida; em seguida, vêm os que são de Cristo, isto é, os que vivendo na imitação da sua santidade, podem considerar-se sempre seguros na esperança da sua ressurreição e receber com ele a glória da promessa celeste. É o próprio Senhor quem afirma no Evangelho: Quem me segue não perecerá, mas passará da morte para a vida (cf. Jo 5,24).
        Deste modo, a paixão do Salvador é a salvação da vida humana. Precisamente para isso ele quis morrer por nós, a fim de que, acreditando nele, vivamos para sempre. Ele quis, por algum tempo, tornar-se o que somos, para que, alcançando a sua promessa de eternidade, vivamos com ele para sempre.
        É esta a imensa graça dos mistérios celestes, é este o dom da Páscoa, é esta a grande festa anual tão esperada, é este o princípio da nova criação.
        Nesta solenidade, os novos filhos que são gerados nas águas vivificantes da santa Igreja, com a simplicidade de crianças recém-nascidas, fazem ouvir o balbuciar da sua consciência inocente. Nesta solenidade, os pais e mães cristãos obtêm, por meio da fé, uma nova e inumerável descendência.
        Nesta solenidade, à sombra da árvore da fé, brilha o esplendor dos círios com o fulgor que irradia da pura fonte batismal. Nesta solenidade, desce do céu o dom da graça que santifica os recém-nascidos e o sacramento espiritual do admirável mistério que os alimenta.
        Nesta solenidade, a assembleia dos fiéis, alimentada no regaço materno da santa Igreja, formando um só povo e uma só família, adorando a Unidade da natureza divina e o nome da Trindade, canta com o Profeta o salmo da grande festa anual: Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos (Sl 117,24).
        Mas, pergunto, que dia é este? Precisamente, aquele que nos trouxe o princípio da vida, a origem e o autor da luz, o próprio Senhor Jesus Cristo que de si mesmo afirma: Eu sou a luz. Se alguém caminha de dia, não tropeça (Jo 8,12; 11,9), quer dizer, aquele que em todas as coisas segue a Cristo, chegará, seguindo os seus passos, ao trono da eterna luz. Assim pedia ele ao Pai em nosso favor, quando ainda vivia em seu corpo mortal, ao dizer: Pai, quero que onde eu estou, aí estejam também os que acreditaram em mim; para que assim como tu estás em mim e eu em ti, assim também eles estejam em nós (cf. Jo 17,20s).

Responsório 1Cor 15,47.49.48
R. O homem primeiro é terrestre porque é tirado da terra;
o segundo, porém, é celeste porque é do céu sua origem.
* Assim como em nós carregamos
a imagem do homem terrestre,
carreguemos em nós, igualmente,
a imagem do homem celeste. Aleluia.
V. Os terrestres são como o terrestre;
os celestes são como o celeste. * Assim como.

Reze o Terço da Esperança e da Solidariedade nesta quarta-feira, 15 de abril, às 15h30

Reze o Terço da Esperança e da Solidariedade nesta quarta-feira, 15 de abril, às 15h30
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) continua sua iniciativa de oração do Terço da Esperança e da Solidariedade nesta quarta-feira, 15 de abril, às 15h30. O momento será transmitido pelas TVs de inspiração católica do país, emissoras de rádio e pelas páginas da Conferência no Facebook e no Youtube.

Conduzirá o momento de oração em torno da emergência de saúde pública da covid-19 os padres Eduardo Dougherty, Nilso Motta, Fernando Venâncio, Rafael André e Heitor de Menezes, diretamente dos estúdios da TV Século 21.
O Terço da Esperança e da Solidariedade é uma iniciativa da CNBB que, frente à pandemia do novo coronavírus e em comunhão com o Papa Francisco no compromisso de intensificar as orações neste período, une todo o Brasil em um momento comum de oração.
Para compartilhar os momentos de oração nas redes sociais use a hashtag adotada pelo Papa Francisco: #rezemosjuntos
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terça-feira, 14 de abril de 2020

Santa Ludovina

Imagem Santa Ludovina
Hoje vamos falar sobre Santa Ludovina, nascida na Holanda em 1380, em uma família pobre no sentido material, mas rica espiritualmente.

Mesmo sendo uma criança aparentemente normal, brincalhona, cheia de vida, porém dentro de si trazia um lindo chamado a uma consagração ao Senhor.
Como era comum no período Santa Ludovina recebeu muitas propostas de casamento antes dos 15 anos de idade, mas recusou todas, por seu amor a Jesus e sua fidelidade a Deus, pois já sentia sua vocação, optando pelo celibato muito cedo.

Abraçando a Cruz de Jesus Cristo

Aos 15 ano Santa Ludovina sofreu um acidente no gelo, ficando praticamente paralisada. Esta se tornaria sua cruz, que carregava junto de sua família e seu diretor, se unindo a cruz de Cristo, deixando se iluminar pela ciência de Jesus.
Apesar de acusada de mentiras, sendo incompreendida por muitas pessoas, e do que muitos acreditavam ser um castigo de Deus. Santa Ludovina abraçou a mesma atitude de Jesus na Cruz: o amor e o perdão.

Sua consagração

Santa Ludovina chegou a passar 7 anos sem comer ou beber nada, vivendo apenas do Jesus Eucarístico como seu alimento.

Morte e Canonização

Faleceu no ano de 1433, sendo considerada santa por seus sacrifícios e força de vontade mediante ao sofrimento, e ao julgamento das pessoas.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF