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terça-feira, 21 de abril de 2020

Dom Henrique rebate ministro Barroso: não cabe ao STF querer legislar sobre o aborto

Dom Henrique Soares da Costa / Foto: Facebook Dom Henrique Soares da Costa
REDAÇÃO CENTRAL, 13 Nov. 18 / 11:46 am (ACI).- Na segunda-feira, 12 de novembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso defendeu que o debate sobre o aborto deve ser feito nesta Corte Suprema, ao que o Bispo de Palmares (PE), Dom Henrique Soares da Costa, rebateu indicando que não cabe a esta instância judicial “querer legislar”.
O ministro Barroso participou do I Congresso Internacional de Direito e Gênero, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, tendo se pronunciado no painel sobre Direitos Reprodutivos.
Nesta ocasião, o ministro do STF defendeu que a questão do aborto se trata de debate sobre direitos fundamentais da mulher. “Nenhuma emenda constitucional pode impedir o desfrute de um direito fundamental porque, no caso brasileiro, seria violação de cláusula pétrea. Os direitos fundamentais têm aplicabilidade direta e imediata e, quando eles entram em rota de colisão, é o Poder Judiciário que deve dirimir a questão”, afirmou.
Para ele, em relação a este tema do aborto, uma das colisões de direitos fundamentais se dá entre o da mulher e, “para quem acha que existe vida desde o momento da concepção, também os direitos fundamentais do feto”.
“Estão em jogo direitos fundamentais da mulher e do feto. Resta fazer uma ponderação de qual deve prevalecer. Esse é um papel típico do judiciário. A característica dos direitos fundamentais é que independem de legislador e da aprovação da maioria. A autonomia individual da mulher é um direito fundamental em jogo”, expressou.
O ministro ainda afirmou que “a mulher não é um útero a serviço da sociedade. Se os homens engravidassem, esse problema já teria sido resolvido. O ponto é que a criminalização se tornou uma má política”.
Frente a tais comentários de Barroso, Dom Henrique Soares fez uma publicação em sua página no Facebook intitulada “Suprema leviandade”. Conforme manifestou o Bispo de Palmares, “é impressionante como um juiz da Suprema Corte da República pode ter uma visão tão míope e um pensamento tão raso e cínico num tema moralmente tão relevante”.
“Direito fundamental da mulher não tem nada a ver com assassinato de embriões! Para o Excelentíssimo togado, qual o estatuto do embrião? Qual o direito do ser humano no ventre materno? Qual seria o direito do feto?”, questionou.
Nesse sentido, ressaltou que “é preciso que o Supremo cumpra a Constituição e deixe de lado a impostura de querer legislar”. “Esperamos que a próxima legislatura, na Câmara e no Senado, ponha fim a isto”, expressou.
Além disso, indicou “o Povo deve sempre recordar que os ministros do Supremo podem sofrer impeachment, quando não são dignos da função ou, exorbitam nas suas atribuições constitucionais”.
“O Povo poderia pressionar o Congresso no sentido de uma limpeza de alguns senhores que se colocam acima da Constituição, dos demais Poderes da República e do Povo brasileiro...”, completou.
A questão do aborto no STF
Esta não foi a primeira vez que o ministro Luís Roberto Barroso se manifestou sobre o aborto. O magistrado já havia demonstrado posição semelhante em 2016, quando a maioria da primeira Turma do STF declarou que o aborto até o terceiro mês de gestação não é crime.
A decisão se deu quando os ministros analisavam o pedido de habeas corpus cinco funcionários de uma clínica clandestina de aborto de Duque de Caxias (RJ). Na ocasião, votaram no sentido de não considerar o aborto um crime os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Edson Fachin.
Em seu voto, Barroso declarou que os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto nos três primeiros meses de gestação violam os direitos fundamentais da mulher, entre os quais listou: autonomia da mulher, integridade física e psíquica, direitos sexuais e reprodutivos e igualdade de gênero.
Para o ministro, “na medida em que é a mulher que suporta o ônus integral da gravidez, e que o homem não engravida, somente haverá igualdade plena se a ela for reconhecido o direito de decidir acerca da sua manutenção ou não”.
Recentemente, a questão do aborto voltou à pauta do Supremo, devido à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442), apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Esta ADPF 442 questiona os artigos 124 e 126 do Código Penal, que tipificam o crime de aborto, alegando a sua inconstitucionalidade. Assim, propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
Em agosto deste ano, a questão foi tema de uma audiência pública no STF, convocada pela ministra Rosa Weber, relatora do caso.
Diante disso, movimentos pró-vida e diversos Bispos alertaram nos últimos meses sobre tentativas de aprovar pela via do STF a prática do aborto no Brasil, no que denunciaram como um ativismo do judiciário.
Em uma nota publicada em julho deste ano, às vésperas da audiência pública no STF, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Comissão Nacional da Pastoral Familiar assinalaram que “cabe, de fato, ao Congresso Nacional colocar limites a toda e qualquer espécie de ativismo judiciário”.
ACI Digital

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Presidência da CNBB publica a nota “Em defesa da vida: É tempo de cuidar” para pedir a todos o empenho contra o aborto

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, porta-voz da Igreja Católica na sociedade brasileira, escreveu uma nota com o título “Em defesa da vida: É tempo de cuidar”. O documento, em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convoca a todos pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto, e se dirige publicamente, como o faz em carta pessoal, aos ministros do Supremo Tribunal Federal, para que eles defendam o dom inviolável da vida.
A nota é uma resposta ao fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter agendado para o próximo dia 24 de abril o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581 –, que versa sobre a liberação do aborto em caso de Zika vírus. O julgamento tinha sido adiado em maio do ano passado após pressão de diversos movimentos pró-vida. A votação está prevista para acontecer de forma virtual.
Segue a nota abaixo:
EM DEFESA DA VIDA – Nota à sociedade brasileira
EM DEFESA DA VIDA: É TEMPO DE CUIDAR
A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, porta-voz da Igreja Católica na sociedade brasileira, em sintonia com segmentos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, convoca a todos pelo empenho em defesa da vida, contra o aborto, e se dirige, publicamente, como o faz em carta pessoal, aos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal para dizer, compartilhar e ponderar argumentações, e considerar, seriamente, pelo dom inviolável da vida, o quanto segue:
“É tempo de cuidar”, a vida é dom e compromisso! A fé cristã nos compromete, de modo inarredável, na defesa da vida, em todas as suas etapas, desde a fecundação até seu fim natural. Este compromisso de fé é também um compromisso cidadão, em respeito à Carta Magna que rege o Estado e a Sociedade Brasileira, como no seu Art 5º, quando reza sobre a inviolabilidade do direito à vida.
Preocupa-nos e nos causa perplexidades, no grave momento de luta sanitária pela vida, neste tempo de pandemia do COVID-19, desafiados a cuidar e amparar muitos pobres e empobrecidos pelo agravamento da crise econômico-financeira, saber que o Supremo Tribunal Federal pauta para este dia 24 de abril 2020, em sessão virtual, o tratamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP, requerendo a declaração de inconstitucionalidade de alguns dispositivos da Lei 13.301/2016 e a interpretação conforme a Constituição de outros dispositivos do mesmo diploma legal.
Há de se examinar juridicamente a legitimidade ativa desta Associação de Defensores Públicos, como bem destacado nas manifestações realizadas nos autos pela Presidência da República, Presidência do Congresso Nacional, Advocacia Geral da União e Procuradoria Geral da República, pois nos parece, também, que a referida Associação não é legitimada para propor a presente ADI, tendo bem presente que a Lei 13.985/2020 trouxe suporte e apoio para as famílias que foram afetadas pelo Zika vírus, instituindo uma pensão vitalícia as crianças com Síndrome Congênita como consequência.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reitera sua imutável e comprometida posição em defesa da vida humana com toda a sua integralidade, inviolabilidade e dignidade, desde a sua fecundação até a morte natural comprometida com a verdade moral intocável de que o direito à vida é incondicional, deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto”. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil insta destacar que o combatido artigo 18 da referida Lei 13.301/2016, cuja ADI pretendia a declaração de inconstitucionalidade de alguns dispositivos, foi completamente revogado pela MP 894 de 2019, convertida em Lei em 2020 (L. 13.985/2020). Desta forma, parece-nos ainda que o objeto da ação foi superado, não servindo a ação para declarar a inconstitucionalidade de outra lei que não a inicialmente combatida.
A CNBB requer, portanto, que, acaso seja superada a preliminar de ilegitimidade ativa suscitada por todas as autoridades públicas que se manifestaram, e não seja extinta a ADI pela perda do objeto, no mérito não sejam acolhidos quaisquer dos pedidos formulados para autorizar, de qualquer forma, o aborto de crianças cujas mães sejam diagnosticadas com o zikavirus durante a gestação.
Reafirmamos, fiéis ao Evangelho de Jesus Cristo, nosso repúdio ao aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente, as que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. São atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana. (S. João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae, 58)
Esperamos e contamos que a Suprema Corte, pautada no respeito à inviolabilidade da vida, no horizonte da fidelidade moral e profissional jurídica, finalize esta inquietante pauta, fazendo valer a vida como dom e compromisso, na negação e criminalização do aborto, contribuindo ainda mais decisivamente nesta reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça, do respeito incondicional à dignidade humana e na reorganização da vivência na Casa Comum, segundos os princípios e parâmetros da solidariedade.
Cordialmente,
Brasília, 19 de abril de 2020
Domingo da Misericórdia
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Presidente
Dom Jaime Spengler
1º Vice-presidente
Mário Antônio da Silva
2º Vice-presidente
Dom Joel Portella Amado
Secretário-geral

CNBB

domingo, 19 de abril de 2020

Filme sobre Santa Faustina Kowalska estreia no Brasil em abril

REDAÇÃO CENTRAL, 10 Mar. 20 / 10:30 am (ACI).- “Amor e Misericórdia: Faustina”, filme sobre Santa Faustina Kowalska estreia no Brasil em abril e promete levar aos espectadores, além de emoção, a fé a espiritualidade da “Secretária da Misericórdia”.


A obra de 2019, no formato docudrama, é dirigida por Michal Kondrat e alcançou sucesso de público nos Estados Unidos. Agora, chega ao Brasil, onde será distribuída pela “Lança Filmes”, com divulgação da “Kolbe Arte Produções”, especialista em conteúdo católico.
O filme estará disponível para todas as regiões do Brasil a partir da segunda quinzena de abril, em comemoração da Festa da Misericórdia de 2020, mas sem data ainda divulgada. No último dia 6 de março, foi lançado o trailer com legenda em português.
A obra conta como Santa Faustina Kowlaska foi escolhida por Deus para a missão de levar a mensagem da Divina Misericórdia ao mundo com suas cartas e documentos revelados.
Segundo o autor do filme, ele apresenta o movimento da Divina Misericórdia desde seu nascimento e até o espalhar pelo mundo. Mostra ainda os detalhes de como foi pintada a imagem de Jesus Misericordioso, a pedido do próprio Cristo à Santa Faustina.
No filme, a religiosa é interpretada pela atriz também polonesa Kamila Kaminska, que viveu uma verdadeira experiência de fé com o papel da santa. “Em certo momento, parei de me concentrar em Santa Faustina e comecei a experimentar a presença, o amor e a confiança de Deus”.
Santa Faustina Kowalska

Santa Faustina Kowalska foi uma religiosa polonesa, membro da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia. É conhecida como a “secretária da Misericórdia”, pois, por meio de seus escritos, relatou as aparições de Jesus, que prometeu grandes graças e misericordiosas bênçãos.
Teve uma vida envolvida por grandes místicas. A religiosa seguiu perfeitamente a voz de Deus e no convento Jesus apareceu para ela. Essas visões e o diálogo com o próprio Cristo estão escritas em seu “Diário”, além das profecias, a oração do Terço da Misericórdia e a pintura da verdadeira imagem de Jesus, conforme Ele mesmo pediu a ela que fosse feito.
Foi o confessor de Faustina, Pe. Michal Spoocko – segundo ela, escolhido pelo próprio Jesus para esta missão – quem a orientou a que escrevesse todos seus encontros com Cristo, dando origem ao seu “Diário”, que se tornou um dos livros católicos mais vendidos do mundo e sobre o qual se baseia o filme “Amor e Misericórdia”.
Pe. Spoocko e o Papa São João Paulo II foram os grandes divulgadores da mensagem da Divina Misericórdia, após a morte de Faustina. São João Paulo II foi o Papa que deu uma resposta ao pedido que Jesus manifestou para a Santa Faustina Kowalska, “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia” (Diário de Santa Faustina, 49), e em 2000 proclamou a Festa da Divina Misericórdia, celebrada no segundo domingo de Páscoa.
Bíblia Católica News

A mensagem de Páscoa de Kirill: o Senhor nos dará a perseverança e a coragem necessárias

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"Acreditamos que o Senhor Ressuscitado não nos abandonará e nos dará a perseverança e a coragem necessárias para permanecermos firmes na fé - conclui Kirill - e alcançar a vida eterna no final do caminho da vida terrena". Disse o patriarca da Igreja Ortodoxa de Moscou e de toda a Rússia na mensagem dirigida aos fiéis.

Vatican News

"Alegremo-nos novamente pela gloriosa ressurreição de Cristo". Com estas palavras de Júbilo o patriarca da Igreja Ortodoxa de Moscou e de toda a Rússia Kirill inicia sua mensagem de Páscoa, a "Solenidade de todas as Solenidades".

Recordando que "na Ressurreição de Cristo manifestou-se em plenitude o amor de Deus" e a morte foi vencida, Kirill observa que "este ano os povos do mundo estão passando por uma provação específica" devido à epidemia de coronavírus.

"Mas nós, cristãos ortodoxos, não devemos nos render ao desespero nessas difíceis circunstâncias, muito menos ao pânico - escreve o patriarca -. Somos chamados a preservar na paz interior e a lembrar as palavras do Salvador, pronunciadas na véspera de sua paixão salvadora: no mundo tereis tribulações, mas Eu venci o mundo! ".

Na mensagem dirigida aos fiéis da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill ressalta que "somente graças à Ressurreição de Cristo obtivemos a verdadeira liberdade", convidando a não se tornarem "escravos da vaidade do mundo, cedendo a medos passageiros e esquecendo o verdadeiro tesouro espiritual e o verdadeiro chamado do cristão em servir ao Senhor".

"A religião pura e sem mácula diante de Deus nosso Pai consiste precisamente em crescer no amor e na paciência em relação a fraquezas dos outros - acrescenta o patriarca de Moscou e de toda a Rússia - em ajudar e apoiar os outros nas provações, de acordo com o exemplo, revelado a nós no Evangelho pelo Bom Pastor".

Kirill enfatiza que nenhuma restrição externa pode dissolver a unidade, uma vez que somos membros do único Corpo de Cristo, e enfatiza que é a fé que nos dá "a força para viver e superar, com a ajuda de Deus, as doenças e provações".

Por fim, o patriarca pede a todos que fortaleçam a oração comum. "Que o Senhor nos dê a graça de permanecer coparticipes da vida litúrgica da Igreja, apesar de todas as dificuldades" e faz votos que "o sacramento da Eucaristia continue a ser celebrado", que "os fiéis possam ter acesso à verdadeira Fonte da vida, o Corpo e o Sangue de Cristo" e que "os enfermos recebam a cura".

"Acreditamos que o Senhor Ressuscitado não nos abandonará e nos dará a perseverança e a coragem necessárias para permanecermos firmes na fé - conclui Kirill - e alcançar a vida eterna no final do caminho da vida terrena".

Vatican News

II DOMINGO DA PÁSCOA - Ano "A": DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Cardeal Dom Sérgio da Rocha
Administrador Apostólico da
Arquidiocese de Brasília
 “Daí graças ao Senhor porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia”. Assim rezamos, hoje, com o Salmo 117, continuando a expressar o nosso louvor pela Páscoa da Ressurreição do Senhor. A Igreja nos pede que “os cinquenta dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa”.
O segundo Domingo da Páscoa é denominado “Domingo da Divina Misericórdia”, conforme estabeleceu São João Paulo II. O Papa Francisco afirmou que “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai”. O Evangelho segundo João (Jo 20,19-31) nos apresenta o primeiro encontro de Jesus com os seus discípulos, após a paixão e a morte na cruz. Apenas o “discípulo amado” havia permanecido aos pés da cruz, com as santas mulheres, conforme o relato joanino da Paixão. Contudo, depois de ter sido traído e abandonado, Jesus Ressuscitado reencontra os seus discípulos, desejando-lhes a paz, transmitindo-lhes o dom do Espírito e a missão de perdoar. Ao invés de cobrar explicações ou de condenar, Jesus lhes oferece a paz e propõe o perdão.
O texto meditado ressalta a figura do apóstolo Tomé. Ele não estava na comunidade dos discípulos, quando o Senhor se colocou no meio deles, e nem acreditou no testemunho dado por eles. Por isso, não foi capaz de fazer a experiência do encontro com o Ressuscitado. Num segundo momento, estando novamente com os discípulos, ele encontrou Jesus. Numa atitude de fé, Tomé se prostrou diante dele, proclamando: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). O Evangelho nos mostra, assim, a importância de estar na comunidade dos discípulos, a Igreja, para encontrar Jesus Ressuscitado e alimentar a fé.
Os Atos dos Apóstolos (At 2,42-47) nos descreve como era a vida da primeira comunidade cristã. “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”, e partilhavam os seus bens.  Hoje, cada comunidade é chamada a viver assim, para ser reconhecida, de fato, como comunidade cristã.
Continuemos a rezar pela superação da pandemia no Brasil e no mundo, lembrando-nos, de modo especial, dos enfermos e das pessoas falecidas, dos seus familiares e de todos os que estão a serviço dos doentes nas casas e nos hospitais, aos quais expressamos a nossa profunda gratidão. Sejamos testemunhas da esperança e da caridade, sendo mais fraternos e solidários com os que mais sofrem.
Folheto: "O Povo de Deus"/Arquidiocese de Brasília

sábado, 18 de abril de 2020

O “Relato das duas Cidades”: a Semana Santa na Antiga Constantinopla


I.- INTRODUÇÃO
A Semana Santa tanto na Tradição Romana como na Bizantina é fruto de uma mescla de tradições; logo, se poderia afirmar com o Padre Robert Taft, que as duas tiveram uma grandíssima capacidade de absorver e sintetizar novas tendências e influxos externos e de adaptar-se a novas exigências.
Das duas, será Constantinopla a que adquirá, pouco a pouco, um poder dominante, já que era a capital do Império oriental, daí a rápida difusão dos costumes e dos ritos constantinopolitanos. Mas não somente é importante esta capital, senão que teríamos de acrescentar: Jerusalém e os monastérios da Palestina; os usos litúrgicos de Jerusalém se difundiram por todo o orbe graças aos peregrinos, como não destacar a Peregrina por excelência: Egeria.
Este intercâmbio, diz o Padre Taft, se intensifica após o primeiro período do iconoclasmo (726-775), durante a “restauração monástica” levada a cabo por São Teodoro Estudita (+826) que trouxe à capital monges do monastério palestinense de São Sabas para combater contra os hereges, isto é, contra os iconoclastas. Fruto disso foi a síntese litúrgica constantinopolitana-sabaítica, que mais tarde dará como resultado o chamado “rito bizantino”.
Sebastián Janeras expôs esta evolução mostrando a estrutura, as leituras e a hinografia que contêm os livros das duas tradições:
1.-Jerusalém: Lecionário hagiopolita armênio (s. V) e georgiano (s. V-VIII) e Ofícios da Semana Santa no Codex Stavrou 43, transcrito em 1122;
2.- Constantinopla: Typikon da Grande Igreja: manuscritos dos s. IX-X, Evangeliário e Prophetologion (Lecionário com as leituras do AT).
Estas fontes, prossegue o Padre Taft, parecem demostrar um triplo processo de empréstimo recíproco: 1.- Importância primária de Jerusalém como centro de peregrinação, sobretudo na Semana Santa; isto faz com que se infiltrem elementos hagiopolitas nos ritos constantinopolitanos. Ej: Lecionário do s. IX; o Orthros (Laudes) da Sexta- Feira Santa tem uma série de 11 Leituras do Evangelho, fruto da união das Leituras da antiga Vigília de Jerusalém da noite da Quinta- Feira Santa com as das Horas do dia da Sexta- Feira Santa hagiopolita. 2.- Influência constantinopolitana na “Cidade Santa”: esta série de Leituras segundo o Typicon da “Grande Igreja” chegam até Jerusalém e são incorporadas ao Ofício hagiopolita no final do primeiro milênio; assim se pode ver no Stavrou 43 (ant. 1009). 3.- “Triódion” bizantino: todo o anterior será codificado definitivamente neste livro litúrgico: Matinas da Sexta- Feira Santa de Jerusalém, 11 Leituras hagiopolitas-constantinopolitanas do Evangelho, Vésperas da Sexta- Feira Santa em Jerusalém e Matinas do Sábado Santo com as Leituras constantinopolitanas, mais as Horas do dia da Sexta- Feira Santa de Jerusalém.
II.- A SEMANA SANTA NA “ANTIGA CONSTANTINOPLA”
Na maior parte do primeiro milênio, Constantinopla permanece imune à influência dos novos Ofícios da Semana Santa de Jerusalém, mantendo assim uma Liturgia sóbria até o período do predomínio monástico posterior à luta contra o iconoclasmo, (726-775 / 815-843) na qual se enriquece de elementos hagiopolitas.
O Orthros do Sábado Santo no Typikon não tem nada de particular, exceto os dois estribilhos referidos aos soldados que montam guarda diante do túmulo de Jesus, sepultado por nossa salvação. O Evangelho deste dia narra a ordem que dá Pilatos para que montem guarda os soldados e assim não possam roubar os discípulos o corpo de Jesus dizendo que ressuscitou. A Profecia que se lê este dia é a dos “ossos secos” do profeta Ezequiel.
Salvador Aguilera López

Por que o mundo precisa de catedrais?

Catedral de Notre Dame, em Paris.
Foto: Wikipédia / GuidoR (CC BY-SA 3.0).
PARIS, 17 Abr. 20 / 12:00 pm (ACI).- A alma francesa teve que engolir as chamas para nos lembrar que as catedrais continuam sendo um dos melhores evangelizadores, e que a França já foi considerada como o mais cristão dos países.
No entanto, na segunda-feira da Semana Santa de 2019, a joia daquele que uma vez foi um país católico (e vaticino que seguirá sendo), a Catedral de Notre Dame – personagem tão central para Victor Hugo como Esmeralda e Quasimodo, mais icônico de tudo o que Paris acrescentou à sua paisagem urbana nos 850 anos desde que foi construída, e tão duradoura ​​que sobreviveu às cerimônias do Culto ao Ser Supremo de Robespierre durante a Revolução Francesa, testemunhou o império de Napoleão e permaneceu de pé quando os nazistas ocuparam Paris –evangelizava enquanto ardia, tal como Joana d'Arc, tal como os mártires.
Ela estava nos recordando que o mundo ainda precisa da Igreja, porque ainda precisa de Deus.
A angústia pelo incêndio de Notre Dame foi sentida por muitos, amada como era não apenas pelos católicos parisienses da Arquidiocese de Paris, que chamavam a catedral de lar, mas por admiradores de diferentes origens em todo o mundo.
Todos eles olhavam para Notre Dame e estremeciam diante de sua magnificência, da amplitude da ambição humana e de sua realização, do peso da história. Até 15 de abril, ajoelhavam-se diante de um dos mais gloriosos santuários do mundo para honrar a presença real de Jesus Cristo.
A angústia coletiva da humanidade ferida pela chocante desintegração interna da catedral, enquanto o pináculo ruía, enquanto a nuvem de fumaça flutuava sobre Paris nessa tarde de primavera, sugeria algo metafísico: na semana da comemoração da Paixão de Cristo, uma consciência da perda de algo precioso pairava sobre Paris e além dela. Ao ver a nave do símbolo de Paris transformada em cinzas, somos derrotados com o temido sentimento humano de que simplesmente não somos capazes de apreciar plenamente aquilo que temos até que seja tarde demais.
E, suspeito, que a cena perturbadora talvez tenha despertado algo em não poucos, incentivados pela estrutura que sobreviveu: um entendimento de que Notre Dame e outros espaços não existem primeiramente como edifícios para serem admirados, mas como portais para os mistérios sagrados, dentro da natureza sacramental do nosso catolicismo, com a experiência cósmica do pão e do vinho se tornando o Corpo e o Sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo todos os dias. (...)
Agora, um dia em breve haverá novos trabalhadores transformando Notre Dame, unindo-se ao trabalho daqueles construtores medievais, anteriores a eles, tentando preservar aquilo que as catedrais e as igrejas defendem em um tempo tão frequentemente em desacordo com a sua mensagem.
Quando as grandes catedrais góticas se ergueram, elas se elevaram acima de tudo na cidade, significando que aqui, neste lugar, estava a porta para o divino. Não havia nada comparável ao redor. Seu propósito era singular e urgente: Deus está aqui e ele está chamando você. Somos lembrados disso quando vemos as grandes catedrais ainda em pé hoje. Mesmo como uma das nossas catedrais mais amadas, de alguma forma ainda dignificada em seu estado carbonizado. Sua santidade se manteve.
Entremos por suas portas enquanto ainda temos tempo, antes que seja tarde demais. Só que agora, não entremos mais como turistas, e sim como peregrinos. Não mais como pedestres lacônicos, mas como penitentes necessitados. Deus está aqui. As catedrais ainda anunciam Deus para um mundo incrédulo e Ele está chamando você.
James Day é o Gerente de Operações de EWTN em Orange County, Califórnia.

Conheça a santa a quem Jesus revelou a devoção da Divina Misericórdia

REDAÇÃO CENTRAL, 18 Abr. 20 / 06:00 am (ACI).- “As almas que divulgam o culto da Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso”, disse o Senhor à sua serva Santa Faustina Kowalska, a quem revelou o desejo de instituir a Festa da Divina Misericórdia, sua devoção, bem como a imagem de Jesus Misericordioso.

Santa Faustina nasceu na Polônia em 1905. No dia em que foi receber a Primeira Comunhão, beijou as mãos de seus pais para demonstrar sua pena por tê-los ofendido. Costumava ajudar em casa com as tarefas da cozinha, ordenhando as vacas e cuidando de seus irmãos. Frequentou a escola, mas só pôde completar três trimestres porque foi dada uma ordem que os alunos mais velhos tinham que sair para dar lugar às crianças mais novas.
Aos 15 anos, começou a trabalhar como empregada doméstica e sentiu mais fortemente o chamado à vocação religiosa. Contou esta inquietude a seus pais em várias ocasiões, mas eles se opuseram. Foi assim que se entregou às vaidades da vida, sem fazer caso do chamado que experimentava, até que escutou a voz de Jesus que lhe pediu para deixar tudo e ir a Varsóvia para entrar em um convento.
Sem despedir-se pessoalmente de seus pais, foi para Varsóvia apenas com um vestido. Lá, falou com um sacerdote, o qual conseguiu hospedagem na casa de uma paroquiana. Batia à porta de vários conventos, mas era rejeitada.
Foi recebida na Casa Mãe da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, mas antes teve que trabalhar como doméstica um ano para pagar seu ingresso. Poucas semanas depois, teve a tentação de deixar o convento e teve uma visão na qual Jesus apareceu com seu rosto destroçado e coberto de chagas.
Ela perguntou: “Jesus, quem te feriu tanto?”. O Senhor respondeu: “Esta é a dor que me causaria deixar este convento. É aqui onde te chamei e não a outro; e tenho preparadas para ti muitas graças”.
Mais tarde, foi enviada para o noviciado, tomou o hábito religioso e chegou a pronunciar seus primeiros votos e os perpétuos. Entre suas irmãs, serviu como cozinheira, jardineira e até mesmo porteira.
A esta simples mulher, piedosa, mas também alegre e de caritativa, Jesus apareceu em diversas ocasiões mostrando-lhe o seu infinito amor misericordioso pela humanidade. Da mesma forma, Deus lhe concedeu estigmas ocultos, dons de profecia, revelações e o Terço da Divina Misericórdia.
“Nem as graças, nem as revelações, nem os êxtases, nem nenhum outro dom concedido à alma a fazem perfeita, mas sim a comunhão interior com Deus... Minha santidade e perfeição consistem na íntima união da minha vontade com a vontade de Deus”, escreveu certa vez.
Em 5 de outubro de 1938, após longos sofrimentos suportados com grande paciência, partiu para a Casa do Pai. No ano 2000, foi canonizado pelo seu compatriota João Paulo II, que estabeleceu o segundo domingo de Páscoa como “Domingo da Divina Misericórdia”.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

PERMANECE CONOSCO, SENHOR!

Imagem da internet
Ao surgir os primeiros raios do sol, Cléofas e o seu companheiro retomaram a difícil caminhada em direção a Emaús. Para eles, caminhar nunca havia sido tão complicado, pois a poeira, as pedras e os desníveis do caminho não eram nada diante da tristeza, da desesperança e do sentimento de perda provocados pela Paixão, crucifixão e morte do Salvador. Por que fizeram isso com o Messias esperado? E agora onde iremos depositar todas as nossas esperanças? Essas e tantas outras perguntas ruminavam, silenciosamente, no interior de seus corações que estavam revestidos dos sentimentos de tristeza, de perda e de ausência.
Tal qual encanto, desde as primeiras horas daquele memorável dia, o sol irradiava uma maior quantidade de luz e de calor. Era como se o sol quisesse alegrar os dois discípulos. Mas, como seria possível transmitir alegria quando só se vislumbravam os sinais do sofrimento?  Esses sinais de sofrimento, sinais de uma perda irreparável, eram visíveis nas faces dos discípulos. Com a voz embargada e com os olhos cheios de lágrimas, Cléofas e o seu companheiro caminhavam recordando aquelas trágicas horas.
Buscando novas forças para prosseguir naquele caminho que parecia não levar a lugar nenhum, Cléofas tentava consolar o companheiro, mas, ao mesmo tempo, ele também precisava ser consolado. Ao olhar para o horizonte, notou que o vento começou a soprar impetuosamente, parecia que uma tempestade estava se aproximando. O ruah emitido pelo vento era assustador. Mas, em pouco tempo, o vento passou e foi aí que eles ouviram uma voz que lhes dizia: “Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando? ”.
Com espanto e sem palavras para uma resposta imediata, os dois discípulos se questionavam, interiormente: de onde havia surgido aquele peregrino? Será que ele estava conosco desde o início de nossa caminhada?  Sentindo que o peregrino transmitia uma certa paz e uma imensa tranquilidade e, mesmo sem reparar nos primeiros momentos quem era aquele desconhecido, Cléofas e o seu companheiro começaram a entabular com Aquele viandante o mais significativo diálogo de suas vidas. No decorrer desse diálogo, os discípulos de Emaús ouviram a Palavra de Deus, que lhes foi explicada de uma forma única e com tal fascínio que, diante da intenção do peregrino de partir, de ir mais adiante, os dois discípulos suplicaram: “Fica conosco, Senhor! ” Por favor, permanece conosco, pois há pouco o nosso caminho era vazio, sem ideal, sem perspectivas de vida e sem nenhuma possibilidade de mudança. Por favor, permanece conosco, pois com você tudo adquire um sentido novo, suas palavras são centelhas de amor, são fogo de um evento pascal que irradia algo novo em nosso ser, transformando profundamente as nossas vidas. Sem suas palavras, sem sua contínua catequese, perdemos o nosso referencial. Então, por favor, continue conosco, amigo peregrino!
Percebendo nas faces de Cléofas e do companheiro a visibilidade da maturação do crer em Deus e a retomada da confiança em Suas promessas de ressurreição, o amigo peregrino aceitou ficar e participar da Ceia. Naquela inesquecível Ceia, tudo aos poucos foi se modificando. Logo no início, ficou claro que, apesar do convite para o banquete ter sido feito pelos discípulos, a presidência da comensalidade coube ao Peregrino que, de uma forma profunda, harmônica e autêntica, partiu o Pão, evidenciando, com os gestos, os sinais e as Palavras, os anunciados e esperados sinais da ressurreição. Sim, era Ele! Ele é Jesus, o Crucificado Ressuscitado que caminha conosco pela estrada de Emaús, ensinando-nos que, nesta via de purificação na qual caminhamos, juntos com  Cléofas e o seu companheiro, a Fração do Pão, a Sagrada Eucaristia, é o mais perfeito sinal de Sua presença em meio a nós e, por isso, hoje, neste Terceiro Milênio da era cristã, o caminho de Emaús continua acessível a todo aquele que aceita o convite a sentar-se à Mesa, a todo aquele que aceita o convite para se alimentar, não com as ideias e as palavras humanas, mas sim, com a Palavra de Deus e a Sua real presença na Eucaristia.
Após a participação na Fração do Pão, Cristo desapareceu dos olhos dos discípulos de Emaús, mas nunca mais desapareceu de seus corações, de suas mentes, de seus pensamentos e de suas almas. Cristo permaneceu de tal modo junto a eles que, de imediato, eles voltaram para Jerusalém, para anunciar com renovado entusiasmo: “O Senhor ressuscitou! ” E ali, junto aos Apóstolos, eles puderam narrar todos os detalhes da aparição do Cristo ressuscitado em Emaús e puderam também ouvir os relatos de Pedro, de João e dos demais Apóstolos sobre outras aparições do Senhor vivo e ressuscitado. Nos detalhes desses relatos, os discípulos de Emaús perceberam como é bom pertencer à Igreja, como é bom estar junto de Pedro, de Maria Santíssima e dos Apóstolos, anunciando ao mundo que a luz prevalece sobre as trevas, a vida prevalece sobre a morte, a caridade prevalece sobre a desesperança e a presença de Cristo prevalece sobre qualquer forma de medo.
Não sei quanto a você, caro amigo, mas eu, cada vez mais, me reconheço como um descendente e herdeiro de Cléofas e de seu companheiro e daqueles primeiros discípulos que participaram dos acontecimentos da Páscoa de Jesus, pois, todas as vezes que permaneço diante do Altar de nosso Senhor, eu reconheço o Cristo na Fração do Pão, na Sagrada Comunhão, na benevolência de Seu olhar misericordioso. Faço e refaço a experiência de Emaús quando medito nas Sagradas Escrituras tudo o que diz respeito ao Cristo, o Cordeiro de Deus que nos libertou do pecado e de todos os males.
Atualizo a experiência de Emaús quando reconheço que a Sagrada Comunhão é um Sacramento, um Sinal do amor de Deus, um Sacrifício, uma Presença viva e transformadora. Renovo a experiência de Emaús quando percebo que o caminho de Emaús é o caminho de todos os discípulos de Jesus, mais ainda, o caminho de Emaús é o caminho de todo o ser humano. E assim é, porque nas nossas caminhadas, nas nossas estradas, Cristo vivo e ressuscitado faz-Se nosso amado Companheiro de percurso, para revigorar em nossos corações o ardor da fé, da esperança e da caridade.
Não sei quanto a você, caro amigo, mas eu aprendi que, no final de cada dia, no final das celebrações eucarísticas e ao término de mais um serviço missionário, eu devo voltar para casa, eu devo voltar para Jerusalém, eu devo voltar para a minha cidade, transbordando do amor de Deus Pai, da presença de Cristo, na comunhão do Espírito Santo, bradando efusivamente: Ele apareceu também a mim! Ele aceitou o meu convite e, diante da Mesa, revelou-me os sinais da Sua eterna presença! Ele permanece comigo! Ele permanece conosco! No caminho de Emaús, Ele permanece em nós! Hoje e sempre, quando a noite se aproxima e o dia cai, Ele permanece conosco, aquecendo a nossa esperança com os sinais do Seu amor e do Seu acolhimento!
  Aloísio Parreiras
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Papa adverte sobre perigo de que o coronavírus favoreça uma religiosidade gnóstica

Papa Francisco durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Foto: Vatican Media
VATICANO, 17 Abr. 20 / 10:00 am (ACI).- O Papa Francisco enfatizou, durante a Missa celebrada nesta sexta-feira, 17 de abril na Casa Santa Marta, que a familiaridade com Jesus deve ser comunitária: com a Igreja, com os sacramentos e com o povo.
Advertiu que "uma familiaridade sem comunidade, uma familiaridade sem o pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos, é perigosa".
“Pode tornar-se uma familiaridade – digamos – gnóstica, uma familiaridade separada do povo de Deus. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor sempre era comunitária, se dava sempre à mesa, sinal da comunidade. Sempre era com o Sacramento, com o pão”, afirmou.
O Pontífice fez essa reflexão à raiz da situação excepcional que a Igreja está vivendo por causa da pandemia de coronavírus, que obrigou a celebração da Missa através dos meios de comunicação por causa do isolamento social.
Assinalou que essa familiaridade gnóstica é um perigo no qual os cristãos podem cair neste momento de pandemia em que "todos nos comunicamos também religiosamente através da mídia, inclusive esta Missa, estamos todos comunicados, mas não juntos, espiritualmente juntos”.
"Esta não é a Igreja", enfatizou. “Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os Sacramentos. Sempre”.
Nesse sentido, contou uma anedota. Ele explicou que “antes da Páscoa, quando saiu a notícia que eu celebraria a Páscoa em São Pedro vazia, um bispo me escreveu – um bom bispo: bom – e me repreendeu. ‘Mas como é possível, São Pedro é tão grande, por que não colocam 30 pessoas ao menos, para que se veja as pessoas? Não haverá nenhum perigo...’".
"Eu pensei: ‘Mas, o que esse tem na cabeça, para me dizer isso?’. No momento, não entendi. Mas como é um bom bispo, muito próximo do povo, algo quererá dizer-me. Quando o encontrar, lhe perguntarei".
O Papa explicou que “depois entendi, não viralizar o povo de Deus. A Igreja, os Sacramentos, o Povo de Deus são concretos".
"É verdade que neste momento devemos ter esta familiaridade com o Senhor desse modo, mas para sair do túnel, não para permanecer aí", disse o Papa.
O Papa deu como exemplo a familiaridade cristã com Deus, a familiaridade demonstrada pelos apóstolos com Jesus, e que é especialmente revelada quando se reencontram na Galileia após a ressurreição.
Pedro e os demais apóstolos foram pescar no mar de Tiberíades, mas não pegaram nada. Quando amanheceu, Jesus se apresentou na margem, embora não o reconheceram. Jesus os convidou a lançar suas redes novamente, e eles conseguiram uma pesca abundante. Então o reconheceram.
“Ninguém lhe perguntou, aí, ‘quem és?’: sabiam que era o Senhor", assinalou o Papa, porque tinham “uma familiaridade cotidiana com o Senhor". "E, certamente, fizeram a primeira refeição do dia juntos, com o peixe e o pão, certamente falaram de muitas coisas com naturalidade. Esta familiaridade dos cristãos com o Senhor sempre é comunitária. Sim, é íntima, é pessoal, mas em comunidade”.
“E essa é a  familiaridade dos apóstolos: não gnóstica, não viralizada, não egoísta para cada um deles, mas uma familiaridade concreta, no povo. A familiaridade com o Senhor na vida cotidiana, a familiaridade com o Senhor nos Sacramentos, no meio do Povo de Deus. Eles fizeram um caminho de amadurecimento na familiaridade com o Senhor: aprendamos nós a fazê-lo também”, concluiu o Papa Francisco.
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
João 21, 1-14

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF