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terça-feira, 19 de maio de 2020

A Fé Católica em breve resumo


Apologética

  • Autor: Anônimo
  • Fonte: A Catholic Response Inc. (http://users.binary.net/polycarp)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto
– “[Cremos] em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus; está sentado à direita do Pai, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos. [Cremos] no Espírito Santo; na Santa Igreja Católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. Amém” (Símbolo dos Apóstolos).
* * *
Nós cristãos católicos cremos em um Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis. Deus revelou o Seu nome como “Javé”, que significa “Eu sou quem sou” (Êxodo 3,14). Este Nome revela Deus como a fonte não-criada de todo ser. Ele também se revelou como Amor (1João 4,16) e como Santo (Salmo 99,9Lucas 1,49). Ele nos criou para que possamos compartilhar da Sua vida e do Seu amor. Mas Ele também é Santo e tremendo. “O temor ao Senhor é o início da sabedoria” (Salmo 111,10). Nosso objetivo final na vida é compartilhar para sempre da sua vida e do seu amor, conhecendo-O, amando-O e servindo-O agora [nesta vida] (Eclesiastes 12,13-14).
Deus nos criou à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1,27; 6,3; João 4,24). Isso nos diferencia das plantas e dos animais. Ele deseja que O amemos, mas podemos escolher livremente amá-Lo ou nos rebelar contra Ele. Deus não nos força a amá-Lo em troca. Nosso amor é expresso pela obediência aos Seus Mandamentos (João 14,151João 5,2-3). O pecado é a nossa rejeição à amizade de Deus, desobedecendo-O. Adão e Eva, nossos primeiros pais, escolheram rejeitar a Deus e à Sua amizade. Essa primeira rebelião é chamada de “Pecado Original”. Por causa do pecado de Adão, perdemos o dom da santidade e da justiça originais (1Coríntios 15,21-22). Homens e mulheres ficaram afastados de Deus e uns dos outros. Agora precisamos de um Redentor para restabelecer a amizade com Deus.
Cremos em Jesus Cristo, o Filho único de Deus (Hebreus 1; João 1,14). Ele é a Segunda Pessoa Divina da Santíssima Trindade. O Pai e o Filho são duas Pessoas Divinas que Se amam (João 10,30). Este vínculo de amor é a Terceira Pessoa Divina: o Espírito Santo. Existe apenas um Deus, mas três Pessoas Divinas. Isto é professado neste simples versículo: “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28,19).
“Mas quando chegou a hora, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar aqueles que estavam sob a lei, para que pudéssemos ser adotados como filhos” (Gálatas 4,4-5). O século I d.C. marca o tempo na História da Humanidade quando Deus Filho se fez homem. Cristo é verdadeiro Deus (João 5,18; 9,38; 20,28; Mateus 4,10; 28,17; Colossenses 2,9) e verdadeiro homem (1Timóteo 2,5). Ele nasceu da Virgem Maria (Mateus 1,18-23). Visto que Jesus é uma Pessoa Divina e Maria é a mãe de Jesus, Maria pode ser chamada de “Mãe de Deus”, mesmo sendo [apenas] humana e não divina (Lucas 1,42-43). Maria nos direciona a Jesus. Jesus veio ao mundo para revelar totalmente o Pai e o Seu amor por toda a humanidade. Jesus foi crucificado sob Pôncio Pilatos. Por amor a nós, Ele sofreu e morreu na cruz pelas mãos de homens pecadores, para nos salvar do inferno (Romanos 5; CIC 633). Seu sacrifício nos redime de nossos pecados (Romanos 6,6), mas também é um exemplo para nós de sacrifício amoroso (1Pedro 2,19-24). No terceiro dia, Ele ressuscitou fisicamente dos mortos e restabeleceu a amizade entre Deus e o homem. Jesus é o Salvador de toda a humanidade. Cristo nos devolve mais do que Adão perdeu, para que possamos dizer: “Ó feliz culpa, ó pecado necessário de Adão, que ganhou para nós um Redentor tão grande!” (Exultet no Sábado Santo).
Somos salvos pela fé em Jesus Cristo; no entanto, a fé é mais do que crer em Deus. “Até os demônios creem e tremem” (Tiago 2,19). Movida pela graça, a fé é também a mudança do egoísmo para a confiança em Deus (CIC 2018). Essa resposta inclui obediência a Deus (Romanos 1,5; Hebreus 5,9; Mateus 7,21). Deus deseja que sejamos santos (1Tessalonicenses 4,3-8). Não podemos merecer o Céu (CIC 1024) por nossas boas obras (Efésios 2,8-10), mas Jesus ainda nos julgará a todos de acordo com nossas ações (2Coríntios 5,10; Mateus 25,33-35). Nossos pecados mortais não-arrependidos podem nos levar ao inferno. Podemos voluntariamente rejeitar o presente de Deus para a salvação pelo pecado mortal. (…) Se escolhemos livremente os prazeres do pecado, ao invés da amizade de Deus, rejeitamos a fé e escolhemos o inferno, que é a eterna separação de Deus (CIC 1033). Felizmente, pela graça e misericórdia de Deus, podemos nos arrepender (ainda enquanto vivos) de nossos pecados e sermos perdoados por Deus (CIC 2018). Podemos ser salvos do inferno e ter vida eterna com Jesus. O Sangue de Cristo lava a culpa de nossos pecados (1João 1,7). Purgatório é o fogo do amor de Deus que nos limpa do apego aos nossos pecados (Hebreus 12,29; 1Coríntios 3,12-15). Somos salvos pela graça de Deus, que Jesus mereceu por nós na cruz. A salvação vem somente de Deus.
Esta graça salvadora é recebida através dos Sacramentos, começando com o Batismo (Marcos 16,161Pedro 3,21). Pelo Batismo na água e no Espírito Santo, recebemos a graça santificadora que nos torna justos diante de Deus (João 3,5; Atos 22,16; 1Coríntios 6,9-11). Nascemos de novo como filhos de Deus (Tito 3,3-5). Como ainda podemos pecar seriamente após o Batismo e perder o dom da vida eterna, Jesus nos deu o Sacramento da Penitência e da Reconciliação (João 20: 21-23). Neste Sacramento, podemos confessar nossos pecados e receber o perdão e as graças de Deus. Deus é misericordioso e perdoador. Jesus também nos dá Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade no Santíssimo Sacramento: a Eucaristia (João 6; 1Coríntios 11). Sua comida nos ajuda a ficarmos mais fortes em nossa amizade com Deus. A Igreja Católica reconhece Sete Sacramentos: Batismo (Mateus 28,18-19), Reconciliação (João 20,21-23), Eucaristia (1Coríntios 10,16), Confirmação (Atos 8,14-17), Sagrado Matrimônio (Efésios 5,22-32), Ordens Sagradas (Atos 6,5-6) e Unção dos Enfermos (Marcos 6,13; Tiago 5,14-15). Esses Sacramentos são sinais externos instituídos por Cristo, que nos dão as graças salvadoras de Deus.
Deus Se revelou e também [revelou] o Seu amor por todos nós através de Abraão, Moisés, os Profetas e, finalmente, através do Seu Filho: Jesus, o Verbo encarnado (João 1,14; Hebreus 1,1-3). Por inspiração do Espírito Santo, algumas das revelações de Deus foram escritas, como Escrituras. Essas Escrituras são livros que mais tarde foram reunidos na Bíblia. A Igreja Católica ensina que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Inspiradas pelo Espírito Santo, as Escrituras foram escritas por homens, mas são da autoria de Deus. Mas os ensinamentos dos Apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, também foram transmitidos oralmente (2Timóteo 2,2). “Mantenham-se firmes e mantenham as tradições que ensinamos, seja oralmente, seja por carta nossa” (2Tessalonicenses 2,15). Embora a Bíblia seja a Palavra de Deus, ela ainda precisa ser interpretada (2Pedro 1,20-21). Esse ensinamento, que nos ajuda a entender e interpretar a Bíblia, é chamado de “Sagrada Tradição”. O Símbolo dos Apóstolos é um exemplo de Sagrada Tradição que antecedeu a Bíblia. No entanto, ambas [- Escrituras e Tradição -] pertencem ao mesmo [depósito de fé], uma vez que ambas são inspiradas pelo mesmo Espírito Santo.
Jesus, enquanto estava na terra, também estabeleceu a Sua Igreja. Nossa amizade com Deus é pessoal, mas o relacionamento “Jesus e eu” nos leva a um relacionamento comunitário (Gálatas 6,10; João 13,34-351João 4,20-21). Deus chama todos nós à amizade como uma família: a Igreja. Os membros da Igreja na Terra (Igreja Militante) ajudam-se mutuamente a crescer mais no amor e na amizade de Deus por meio de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e o homem (1Timóteo 2,5), mas somos chamados a orar e interceder uns pelos outros (1Timóteo 2,1-2). Os Santos no céu também fazem parte da família da Igreja (Efésios 3,15). Eles estão vivos no céu com Jesus (Mateus 22,29-32; Lucas 9,30) e são chamados de “Igreja Triunfante”. Os Santos no céu são uma “nuvem de testemunhas” (Hebreus 12,1). “Haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lucas 15,7).
A Igreja também pode ser vista como o Novo Reino. Jesus Cristo é o Rei (Lucas 1,33), enquanto Maria é sua Rainha-Mãe (1Reis 2,19; Jeremias 29,2). Jesus também escolheu Seus representantes e um primeiro-ministro para ajudá-Lo a governar Sua Igreja (2Samuel 8,15-18; Isaías 22,20-22; 2Reis 18,37). Ele escolheu Simão e o renomeou como “Pedra” – Pedro ou Cefas (João 1,42): “E eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e os poderes da morte não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus e tudo o que ligares na terra será ligado no céu; e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mateus 16,18-19; cf. Isaías 22,20-22). O Papa é o sucessor de São Pedro e o líder visível da Igreja na terra.
Cremos que podemos continuar a participação no sacrifício de Cristo e no triunfo sobre o pecado e a morte. “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou o pão e, dando graças, o partiu e disse: ‘Isto é o o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isso em memória de Mim’ (…) Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis do cálice, proclamais a morte do Senhor até que Ele venha” (1Coríntios 11,23-26). O Santo Sacrifício da Missa ou a celebração da Eucaristia é uma comemoração da Última Ceia de Nosso Senhor e, ao mesmo tempo, uma reapresentação do Sacrifício de Nosso Senhor na Cruz (Apocalipse 5,6; CIC 1137). É o sacrifício puro, tal como profetizado em Malaquias 1,11 (cf. Didaqué 14).
Este breve resumo apresenta apenas alguns pontos importantes daquilo que os católicos creem. Maiores detalhes sobre os tópicos seguintes podem ser encontrados no Catecismo da Igreja Católica (CIC), nas seções sobre: ​​Deus (198-231), Jesus (430-455), Trindade (232-267), Maria (487-511), Pecado Original (396-421), Inferno (1033-1041), Purgatório (1030-1032), Céu (1023-1029), Salvação (161, 169, 1987 -1995), Fé (142-184), Graça (1996-2029), Tradição (75-100), Bíblia (101-141), Igreja (169, 171, 811-879), Papa (880-896), Sacramentos (1113-1134) e Missa (1136-1139; 1341-1382).
Veritatis Splendor

São João Paulo II: Esses são 10 dados que deve conhecer

São João Paulo II / L'Osservatore Romano
REDAÇÃO CENTRAL, 18 Mai. 20 / 08:50 am (ACI).- Hoje recorda-se os 100 anos do nascimento e São João Paulo II e, por isso, apresentamos 10 chaves para conhecer mais sobre a vida do Papa peregrino, denominado “Apóstolo da Misericórdia” e um dos líderes mais influentes do século XX.
1. Nasceu na Polônia
Nasceu em Wadowice, em 18 de maio de 1920, em uma pequena cidade a 50 quilômetros de Cracóvia. Era o mais novo dos três filhos de Karol Wojtyla e Emília Kaczorowska. Sua mãe faleceu em 1929. Seu irmão mais velho, Edmundo (médico), morreu em 1932 e seu pai (suboficial do exército), em 1041. Sua irmã Olga morreu antes dele nascer.
2. Seu santo patrono era São Carlos (Karol) Borromeu
Embora tenham vivido em épocas diferentes, os dois estão unidos por ter histórias parecidas que o próprio São João Paulo II ressaltou em sua audiência de 4 de novembro de 1981.
A primeira semelhança está no nome, pois “Karol” Wojtyla em português é “Carlos”, nome com o qual São João Paulo II foi batizado. Outras semelhanças são que ambos sofreram tentativas de assassinato, participaram de Concílios e compartilharam o amor pelos pobres e doentes.
3. Bateu recordes e obteve importantes conquistas
O Papa São João Paulo II foi o primeiro Pontífice não italiano desde Adriano VI (1522-1523). Do mesmo modo, foi quem fez mais viagens, somando 129 países; e quem mais realizou beatificações e canonizações – 1.340 beatos e 483 santos. Também foi o primeiro a visitar uma sinagoga, a Casa Branca (Estados Unidos) e Cuba.
4. Foi um grande diplomata
Durante seu pontificado, São João Paulo II aumentou o número de nações que contam com relações diplomáticas com a Santa Sé. Passou de 85 países em 1978 para 174 em 2003.
Isso incluiu s Estados Unidos (que previamente só tinha status de delegação), a União Europeia, a Ordem Militar Soberana de Malta e a maioria das nações do antigo bloco comunista. Além disso, estabeleceu “relações de natureza especial” com a Federação russa e a Organização para a Libertação da Palestina.
5. Criou a Jornada Mundial da Juventude
Seu amor pelos jovens o impulsionou a iniciar em 1985 as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). Nas 19 edições da JMJ celebradas ao longo de seu pontificado, foram reunidos milhões de jovens de todo o mundo.
Além disso, sua atenção para com a família se manifestou com os encontros mundiais das famílias, inaugurados por ele em 1994.
6. Tinha dois doutorados
Em 1948, obteve o doutorado em teologia pela Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, com uma tese sobre o tema da fé nas obras de São João da Cruz.
Em 1953, obteve o doutorado em filosofia pela Universidade Católica de Lublin, cm uma tese intitulada “Avaliação da possibilidade de fundar uma ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler”.
7. Sobreviveu a mais de um atentado
Em 13 de maio de 1981, recebeu um tiro na Praça de São Pedro por parte do turco Mehmet Al Agca.
Em 12 de maio de 1982, em Fátima, Portugal, onde o Papa havia chegado para agradecer por sua vida depois do atentado do ano anterior, um sacerdote cismático tentou apunhalá-lo com uma faca, mas foi detido a poucos metros.
É conhecido pelo menos mais um atentado, o de terroristas muçulmanos que tentaram explodir o avião no qual o Papa viajava durante sua visita a Filipinas. Autoridades filipinas frustraram o plano elaborado.
8. Pediu perdão em nome da Igreja
Em 12 de março de 2000, pediu perdão pelas faltas humanas cometidas na Igreja Católica em toda a sua história. Fazendo referência à discriminação para com as mulheres, os pobres e etnias.
Em 15 de junho de 2004, pediu perdão pela inquisição, “por erros cometidos no serviço da verdade por meio do uso de métodos que não tinham nada a ver com o evangelho”.
9. Promulgou o Catecismo da Igreja Católica
Promulgou o Catecismo Universal da Igreja Católica, fruto do sínodo especial de bispos de 1985 dedicado ao Concílio Vaticano II. Também reformou o Código de Direito Canônico, o Código de Cânones das Igrejas Orientais e reorganizou a Cúria Romana.
Além disso, entre seus documentos magisteriais estão incluídos 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.
10. Sua beatificação foi a mais rápida dos tempos modernos
São João Paulo II faleceu em 2 de abril de 2005. No dia 28 do mesmo mês, o Papa Bento XVI dispensou o tempo de cinco anos de espera após sua morte para iniciar a causa de beatificação e canonização.
A causa foi aberta oficialmente pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário geral para a Diocese de Roma, em 28 de junho de 2005. O Papa Bento XVI o beatificou em 1º de maio de 2011 e o Papa Francisco o canonizou, junto com João XXIII, em 27 de abril de 2014.
ACI Digital

O Credo de Paulo VI. Tradição e profecia

ACI Digital

Com a profissão de fé proclamada em 30 de junho de 1968, Paulo VI não expôs suas idéias pessoais, mas emprestou sua boca à grande voz da Igreja, garantindo assim a liberdade de todos os fiéis.


do cardeal Godfried Danneels

Em 30 de junho de 1968, Paulo VI publicou o Credo do Povo de Deus Era um gesto tradicional e ao mesmo tempo um gesto profético.

Tradicional , porque o Credo do Povo de Deus não é obra pessoal de Paulo VI. Com sua promulgação, o papa agiu como Pedro: ele não formulou suas idéias ou pensamentos pessoais, mas prestou sua boca à grande voz da Igreja universal. Com este texto, a Igreja realizou um ato de autoconsciência e vitalidade. Ao mesmo tempo, ela garantiu a liberdade de seus filhos, protegendo-os contra qualquer condicionamento por outras forças que não as do Espírito de Jesus, e ao mesmo tempo foi um ato profético.Porque essa promulgação do Credo do Povo de Deus estava perfeitamente inscrita nas demandas decorrentes dos sinais dos tempos. Porque Paulo VI tinha a arte de ler o que o Espírito disse às igrejas na época, na década de 1960.

A fé cristã é baseada em eventos históricos : o mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo. Está solidamente enraizado na terra da história. Baseia-se em fatos. Agora, nossa era tende facilmente a reduzir a fé cristã a um vago sentimento religioso, a uma crença em um Deus impessoal, que paira acima da história sem nunca entrar nela. Credo do Povo de Deus desafia essa redução da fé cristã a um vago sentimento religioso.

A fé cristã não é sequer uma religião natural ou cósmica, um tipo de caminho de cura para o homem que precisa de terapias psicoculturais. Para a fé cristã, Deus é uma pessoa que se comunica em sua criação, mas acima de tudo, no fim dos tempos, em seu unigênito Filho Jesus Cristo. Deus encarna e se entrega em seu Filho, que viveu seus mistérios da salvação em um lugar específico e em uma era específica. Deus não é uma força cósmica, ele quebrou o ciclo da natureza para assumir o risco de encarnar ao longo do tempo, levando todos os servos dessa encarnação com antecedência.

O ato de fé do cristão não é nem um salto no vazio, cego e indeterminado. Certamente, esse ato de fé é feito com confiança e abandono. Mas também tem um objetivo : o Deus de Jesus Cristo, como revelado em sua Palavra. fides aqui não nos isenta de uma fides quae : não acreditamos em nada. A fé tem um conteúdo que escapa a qualquer subjetivismo. Fé não é um choro.

Finalmente, a fé cristã não é um compromisso moral, uma ética simples. Tem seu conteúdo doutrinário, depositado pela primeira vez nas Escrituras, sistematizado nos primeiros símbolos da fé, finalmente tornado explícito nos catecismos. Porque uma moralidade sem fundamento doutrinário é instável como areias movediças. E a perversão moral não tem sua raiz, nas palavras de São Paulo na carta aos romanos ( Rm 1-2), numa perversão do pensamento que a precede? Os antigos se perguntavam quanto valem as leis sem moral. Mas qual é o valor moral sem seu fundamento doutrinário? Não seria como uma estátua sem pedestal?

Trinta anos após a publicação do Credo do Povo de Deus, só se pode agradecer o espírito profético de Paulo VI, que assim interpretou os sinais dos tempos dos anos sessenta. Mas esses sinais mudaram assim no limiar do terceiro milênio?

ESTUDOS BÍBLICOS: O LIVRO DE JÓ (6/6)

Tradução do espanhol por: Pe. André Sperandio

JURO QUE SOU INOCENTE! (31,1-40)

Duas vezes citado diante de Deus para que comparecesse em juízo e respondesse às acusações contra ele (13,13-19; 23,2-7); Jó pronuncia agora um longo juramento de inocência. Pede a Deus, em primeiro lugar, que, o pese na balança da justiça, ou seja, numa balança «fiel», verdadeira (6). Apresenta em seguida, um resumo das suas condutas, rigorosamente morais. O texto é às vezes um tanto quanto é incerto, mas podemos citar, pelo menos, as seguintes seções: 1. Falsidade e engano (5-8). 2. luxúria e adultério (9-12). 3. Direitos dos escravos (13-15). Jó não só tratou be, aos escravos, mas a todos, homens e mulheres que para ele são iguais, criaturas de um mesmo Criador (cf. Pr 14:31; 17,5; 22,2; 29,13). 4. Mau-trato aos pobres e necessitados (16-23). 5. Idolatria (24-28) -O versículo 25 se refere ao ídolo da riqueza e do dinheiro; os versículos 26s são uma advertência contra as religiões pagãs circunvizinhas, adoradores do sol e da lua. 6. Ódio contra os inimigos (20-30) - A maldição contra os inimigos é comum nos salmos de lamentações (cf. Sl 29,23-29), mas Jó não havia amaldiçooado a ninguém. 7. Hospitalidade (31-33) - Nas sociedades antigas, a hospitalidade para com os estrangeiros era um valor sagrado e um dever. 8. Hipocrisia (33s) Novamente Jó centra-se em suas atitudes de integridade pessoal. 9. Exploração da terra (38-40) – Face à crise ecológica que hoje enfrentamos, a preocupação do Antigo Testamento pela a integridade da criação deve nos fazer pensar. Jó deu conta de todas as relações que tecem a vida humana: com Deus, consigo mesmo, com os outros – amigos, inimigos, servos, pobres e necessitados - e com o meio ambiente. Tudo isso entra no conceito bíblico de justiça. E pela última vez, Jó reafirma sua inocência (35-37).

DISCURSOS DE ELIÚ (32,1–37,24)

Jó conclui sua defesa pedindo uma resposta a Deus. O que vai acontecer agora? E, quando menos espera, surge em cena um intruso chamado Eliú. Trata-se de um jovem revoltado que, aparentemente, esteve ouvindo todo o debate e não pode conter-se mais. Irritado com o que acabara de ouvir, quer ainda botar mais lenha naquela fogueira (32,19). E o faz com quatro discursos que, ainda que não tragam nenhuma novidade, manifesta sua convicção, paixão e verborragia.

PRIMEIRO DISCURSO DE ELIÚ 32,1-33,33.

Apesar de sua juventude, Eliú se acha no dever de falar. A sabedoria nem sempre, - ou não necesariamente -, não está associada tem a ver com a idade, pois é um dom do espírito/sopro de Deus (32,8-18). Ao contrário dos outros dois amigos, o jovem chama Jó pelo nome (33,31). Depois de um longo preâmbulo (32, 6-B-33.7), entra finalmente no assunto. Jó reivindicou sua inocência, afirmando que Deus estava lhe tratando como a um inimigo, ignorando seus gritos de socorro. Pois bem, Jó está equivocado (33,12). Deus fala, mas jó é que, provavelmente, não tenha o escutado. E fala, seja por meio de sonhos e pesadelos ou através da enfermidade, para advertir o pecador e trazê-los de volta ao caminho da vida (33,14-22). Eliú também cita ainda um mediador celestial, membro da corte de Deus (33.23), o que vem em socorro dos pecadores que se arrependem. Jó desejou ardentemente um mediador (16,19-22), mas certamente esperava dele outra coisa.

SEGUNDO DISCURSO DE ELIÚ (34,1-37)

Depois de censurar os amigos, Eliú empreende uma longa defesa da justiça e da equidade de Deus (10-29). Deus vê tudo e é ele quem dita a sentença. Aquele que se afasta de Deus só pode culpar-se a si mesmo (24-27). Como os amigos, da primeira rodada de discursos, o jovem sugere a Jó o que ele deve dizer para manifestar seu arrependimento (31s). Os versículos finais (34-37) são duros e cruéis, - e irrelevantes -, como aqueles que saíram da boca dos amigos.

TERCEIRO DISCURSO DE ELIÚ (35,1-16)

Eliú continua a desenvolver o tema da grandeza e da transcendência de Deus. Os oprimidos clamam a Deus, mas ele parece não escutá-los. Deus, porém, escuta e responderá, mas os que por clamam é que se encontram fechados em si mesmos e não esperaram o tempo suficiente (14). É a resposta simplista e banal de sempre para proteger «nossas» idéias acerca de Deus.

QUARTO DISCURSO DE ELIÚ (36,1–37,24)

A primeira parte do discurso (36,1-21) é a continuação da discussão das sessões anteriores. Os destinos do justo e do malvado são submetidos novamente à revisão. A segunda parte (36,22-37,13) louva a grandeza do Criador. Seu poder, sabedoria e conhecimento estão acima da nossa capacidade de compreensão (36.26). Eliú centra-se no dom divino da chuva (36,27-37,13): Será que Jó está çevando em conta as maravilhosas obras de Deus? (37,14). Em todo o Antigo Testamento, as «maravilhas de Deus» dizem respeito às grandes obras que realizou quando libertou Israel da escravidão no Egito. Na tradição sapiencial, as maravilhas de Deus são as obras da criação. Eliú lança uma série de perguntas a Jó que, é claro, sempre tem como resposta um «não» (37,15-21). Por mais sábios que sejamos, jamais poemos responsabilizar Deus. Tudo o que podemos fazer é «teme-lo» - adora-lo e reverencia-lo -, e nisso consiste o princípio da sabedoria (28,28). Eliú é um figurante na cena, uma simples figura de transição. Suas observações anteriores trataram das discussões que Jó teve com seus amigos; agora volta-se para adiante, centrando cada vez mais em Deus, terminando com a descrição da tempestade e mais uma série de questões que pretendem humilhar Jó. O Senhor irá falar a partir da tempestade com uma lista de questões semelhantes.

DISCURSOS DO SENHOR (38,1–42,6)

Agora é o Senhor, que esteve ouvindo e tomando notas (35.13), quem fala. Os amigos achavam que Deus não precisava falar. Jó, pelo contrário, sim; pediu a Deus, ou uma lista de obrigações (penitências) ou uma sentença. Todos ficam chocados. O Senhor entra como um a mais no debate e responde com dois discursos (38,1-40,2, 40,6-41,26). Jó, por sua vez, responde brevemente com dois outros (40, 3-5; 42,1-6). O Senhor não responde a nenhuma das questões colocadas; na realidade, suas palavras oferecem apenas uma série de contra-questões destinadas a tirar Jó do seu pequeno mundo, abrindo-lhe um horizonte mais amplo.

PRIMEIRO DISCURSO DO SENHOR (38,1-40,2)

Deus fala a partir da tempestade. Agora é a vez de Deus perguntar e de Jó responder. Jó é convidado a entrar no mistério primordial do cosmos. Em primeiro lugar, a fundação da terra é descrita como uma casa construída de acordo com um plano detalhado de arquitetura (38,4-7). Em seguida, sob a ordem do Criador, surge o mar que é revestido e circunscrito por seus limites cósmicos. E o que dizer da manhã (38,12-15), quando a claridade reúne todas as cores e lança sua luz sobre as ações dos malvados? Jó será capaz de compreender as águas primordiais ou as fontes da luz? (38,16-20). No versículo 38.21 podemos perceber um toque da ironia divina. Depois de discorrer sobre a estrutura básica do cosmos, o Senhor volta aos mistérios que envolve o universo, especialmente os fenômenos da natureza (38,22-30). Os interesses de Deus vão muito além do pequeno mundo de preocupações humanas de Jó. Seu poder criador manifesta a sua providência - na antiguidade, muitos acreditavam que o destino humano estava escrito nas estrelas. Em seguida são mencionadas as constelações celestes (38,31-33). Pode Jó produzir a chuva e envolver-se a si mesmo com nuvem da tempestade como num manto? (38,34s). Verdadeiramente o Senhor criou tudo com sabedoria (38,33-38; cf. Pr 3,18-20; 18,22-30; Sl 104,24). O resto do discurso é dedicado ao mundo animal (38,39-39,30). Cinco pares de animais silvestres são mencionados: Os leões e os corvos (38,39-41); as cabras montesas e as cervas (39,1-4); jumento montês e o boi selvagem (39,5-12); o avestruz e o cavalo de guerra (39,13-25); o falcão e águia (39,26-30). Na cultura do Oriente Médio, todos esses animais foram associados com imagens negativas (demônios, caos, deserto). O Senhor é quem sugere que não só cuida desses animais, mas que também estão sob seu o controle, e isso é uma bênção para a humanidade. Assim terminam as duas partes do primeiro discurso com o qual o Senhor responde a acusação de Jó de que não há nenhum plano ou providência no mundo.

RESPOSTA DE JÓ AO SENHOR (40,3-5)

O Senhor faz uma pausa para recuperar o fôlego e dar a Jó oportunidade de responder. Antes Jó havia mencionado como as pessoas cobriam a boca com as mãos ante suas palavras como sinal de respeito (29.9). Agora é ele que cobre respeitosamente a sua boca. Jó não confessa qualquer pecado, é simplesmente inundado ante o mistério de Deus e do universo.

SEGUNDO DISCURSO DO SENHOR (40,6-41,26)

O Senhor lança um novo desafio a Jó: é mesmo necessário que condenes a Deus para afirmar tua inocência? (40,8). E no que segue, apresenta a descrição de dois grandes monstros: Beemot (40,15-24) e, mais extensivamente, Leviatã (40,25-41,26). Os especialistas querem identifica-los com o hipopótamo e o crocodilo - e assim os temos traduzido -, porém, na cultura do Oriente Médio, são também mitos/símbolos do caos primordial que o Senhor, tendo-os criado, mantém sobre eles domínio e controle. Estamos, provavelmente, diante de uma mescla de mitologia e zoologia. Deus desafia Jó: Quem os seguraria pela frente, e lhe furaria as ventas para nelas passar cordas? Podes tu captura-los? (40,24). Eles se exibem pelo mundo, afrontando e atacando, de modo a fazer com que tudo volte ao caos. Contudo, Deus não os destrói, antes, controla-os.

RESPOSTA DE JÓ AO SENHOR (42,1-6)

Finalmente, Jó reconhece o poder e os desígnios de Deus e admite que vão além de sua capacidade de compreensão. Antes, Jó sabia sobre Deus através dos ensinamentos da tradição. Agora, submerso no mistério, tem um conhecimento mais direto Dele, e renega tudo o que tinha falado. Estarian mostrando arrependimento por seus supostos pecados? Certamente que não, pois a Deus não se serve com mentiras. Jó pode ter ido longe demais em sua ânsia por compreender, porém seu sofrimento não é consequência do pecado. O que realmente agora compreende é a fragilidade e os limites da condição humana ( [6] «pó e cinza»).

EPÍLOGO (42,7-17)

O livro chega ao seu final com um epílogo em forma de prosa e que se desenvolve em três cenas: 1. Deus censura Elifaz e seus dois companheiros: «Não falastes corretamente de mim, como Jó, meu servo» (7). E isto é tão irônico quanto importante. Para dar ainda mais ênfase, é repetido no versículo seguinte. Os amigos precisam pedir perdão a Jó se quizerem evitar o castigo. Jó concede o que pedem e Deus aceita que seja assim. 2. Além da honra, Deus devolve a Jó as suas propriedades (10s), ainda que este não tenha feito qualquer menção ou pedido a esse respeito. Familiares e amigos vêm agora dar-lhe verdadeiro consolo. 3. Por fim, Deus o abençoa (12-17), devolvendo-lhe o gado (duas vezes o que possuia antes), uma família com sete filhos e três filhas, cujos nomes refletem seu apelo: Jemimah (Paloma), Keziah (Acácia) e Keren-happuch (Azabache*). Jó morre feliz, cheio de anos e cercado pelos filhos até a terceira geração.

REFERÊNCIA BIBLIOGÁFICA:
Autor desconhecido | Retirado de: http://www.bibleclaret.org/bibles/lbnp/AT/44Job.doc | Acesso em 28/10/2014 | Pastoral Bible Foundation | # 8 Mayumi St. U.P. P.O. Box 4 Diliman 1101 Quezon City, PHILIPPINES | Tel: (632) 921-3984, Fax: (632) 921-7429 Website: www.bible.claret.org | Email: cci@claret.org | or contact our new office in Los Angeles, California: 2500 Wilshire Blvd Suit 105 | Los Angeles, CA 90057 | TE: 1-888-989-4528, 213-251-8161 | FAX: 213-387-7860 | Email: pbf@claret.org
NOTA
*Azabache: mineral negro e brilhante, duro, compacto e leve, que é uma variedade de carvão utilizado para fazer jóias ou ornamentos.

S. URBANO I, PAPA

S. Urbano I, Basílica de São Paulo Fora dos Muros
S. Urbano I, papa
Uma colina separa a cidade de Chieti, nos Abruços, da aldeia de Bucchianico. Em meados do ano 1300, as duas localidades tomaram parte de uma das muitas guerras fronteiriças. Chieti decidiu que estava na hora de atacar e envolveu os habitantes da pequena aldeia, obstinadamente apinhados dentro e ao redor do castelo, com vista para o vale.
«Certo dia, – narra a história, que muito deve à lenda - um exército, talvez de mercenários, avançou para Bucchianico, com intenções facilmente compreensíveis pelos vigias da aldeia. Os habitantes eram poucos, mas seu comandante militar, o "sargento", teve uma ideia genial: pediu aos poucos homens, dizem também às mulheres, para usar couraças ou qualquer tipo de armadura e começar a se mover dentro do castelo e ao lado da colina, sem interrupção. Os invasores notam de longe aquele vai e vem, que parecia um gigantesco exército em manobra, e desistem das suas intenções beligerantes».

Papado tranquilo
Segundo a tradição, o estratagema que inspirou o sargento, parece em sonho, partiu do Papa Urbano. Ainda hoje, na pequena aldeia, o episódio é comemorado, todos os anos, com uma grande festa popular. Não obstante este evento, a história fala pouco da vida deste Pontífice. Eusébio de Cesareia escreve, em sua famosa "História Eclesiástica", que Urbano subiu ao trono após a morte do Papa Calisto. Por volta do ano 223 a maio de 230, o Pontificado deste Papa que, provavelmente, era natural de Teano, transcorreu sem sobressaltos sob o império de Alexandre Severo. Na realidade, as coisas pioraram com o antipapa Hipólito, que deu muito trabalho a Calisto. Porém, narra-se que Urbano o tratou com a mesma firmeza de seu predecessor.

Firmeza e caridade
As questões, que o Papa Urbano teve que enfrentar, dão uma ideia dos problemas da Igreja na época. Tentou abrir uma ação civil complexa contra os produtores de hóstias; revogou o decreto do Papa Zeferino, sobre o uso de cálices de vidro para o sacrifício da Missa, obrigando o uso de cálices de prata; foi tenaz em reivindicar as propriedades eclesiais.
Os biógrafos daquele tempo descrevem o seu perfil como um homem caridoso e, ao mesmo tempo, resolvido, capaz de levar muitos pagãos a se batizar, inclusive a família romana dos Valerios.

Histórias duvidosas
Muitas dúvidas pairam também sobre a morte do Papa Urbano, que, para algumas fontes, foi natural, mas violenta para outros, que falam de um assassinato por obra do prefeito Almenio.
Uma “Passio” tardia relata que ele foi um mártir, ligado à história de Santa Cecília, mas os documentos não são fidedignos neste aspecto.
Segundo o “Liber Pontificalis”, a biografia mais verossímil dos Papas, no início da Idade Média, os restos mortais do Papa Urbano I descansam no cemitério de São Calisto, na Via Ápia, em Roma.
Vatican News

S. PEDRO CELESTINO V, PAPA (PIETRO DEL MURRONE)

S. Pedro Celestino V, papa, Basílica de São Paulo fora dos muros
S. Pedro Celestino V, papa
À busca de Deus
Pedro Angeleri de Morrone, desde a sua juventude, pôs-se à contínua busca de Deus; encontrava, no silêncio e na beleza da natureza, a dimensão favorável para contemplar o Criador e servir os irmãos.
Pedro nasceu em uma família de camponeses, em Isernia, em 1215, e era o penúltimo de doze filhos. Bem cedo, tendo ficado órfão de pai, foi encaminhado por sua mãe aos estudos eclesiásticos.Atraído pela vida monacal, entrou para a Ordem Beneditina. Aos 24 anos, tornou-se sacerdote, mas escolheu viver como eremita no monte Morrone, na região dos Abruços. Oração, penitência e jejum marcaram seus dias; porém, não lhe faltaram tentações, que as venceu com a cruz nas mãos. Atraídos pelo seu exemplo, muitos o seguiram.Assim, nasceu o primeiro núcleo de Eremitas de Maiella, com a aprovação de Urbano IV. Graças à benevolência do Cardeal Latina Malabranca e do Rei de Nápoles, Carlos II de Anjou, conhecido como o “aleijado”, os "Celestinos" – assim se chamaram – se expandiram, fundando mosteiros e restaurando abadias decadentes. Para Pedro, o tempo era marcado pela oração ininterrupta.A sua fama se difundiu, na Europa, como homem de Deus. A ele acorriam pessoas de todos os lugares, para receber conselhos e curas. A todos o Santo propunha a conversão de coração como meio para se obter a paz, em um momento histórico, dilacerado por tensões, conflitos - mesmo dentro da Igreja - e pestilências.

Homem de oração, alheio aos conflitos
Transcorria o ano de 1292. Com a morte do Papa Nicolau IV, seguiram-se 27 meses de Sede Vacante. Os onze Cardeais eleitores não conseguiam entrar em um acordo, polarizados pelo conflito entre as famílias Orsini e Colonna, como também pressionados pelo desejo do Rei Carlos II de encontrar um candidato do seu gosto.
Do isolamento na sua cela, Pedro de Morrone advertiu os Cardeais com a profecia de uma iminente punição divina, que poderia ser evitada apenas com a eleição do Sumo Pontífice, no prazo de poucos meses.
A fama do eremita, conhecido por seus milagres e sua conduta espiritual íntegra, levou os Cardeais eleitores a identificar precisamente ele, como candidato ideal para superar o impasse. Recebendo, na sua caverna de Maiella, uma delegação de prelados, Pedro, a princípio, recusou-se, mas, depois, entendeu que era o próprio Deus que o chamava para esta nobre responsabilidade. No entanto, rejeitou o convite dos Cardeais de ir a Perugia.
No dia 29 de agosto de 1294, memória litúrgica de São João Batista, escoltado pelo Rei Carlos, foi a Áquila, montado em um jumento, onde recebeu a tiara na grande igreja de Santa Maria em Collemaggio, por ele construída alguns anos antes. O novo Papa escolheu o nome de Celestino V e convocou o primeiro Jubileu da história, conhecido como “Jubileu do Perdão".

Um Pontificado curto e sofrido
Celestino percebeu, logo, que não era livre no exercício do seu Ministério, por causa daqueles que, na Cúria, esperavam se beneficiar pela sua pouca experiência de governo. Por isso, convocou um Consistório e nomeou 12 Cardeais. Muitos criticaram, com severidade, a decisão do Papa de confiar na proteção de Carlos de Anjou e de transferir a sede da Cúria para Nápoles. Muito cedo, porém, percebeu ter sido refém da coroa.
Na sua pequena cela, em Castel Nuovo, que se tornou sua morada, amadureceu a ideia de desistir do Pontificado, sustentada também pelo Cardeal Benedetto Caetani, especialista em Direito Canônico, que o sucedeu com o nome de Bonifácio VIII.
«Eu, Papa Celestino V, impelido por legítimas razões, pela humildade e debilidade do meu corpo e pela maldade da Plebe, e com o intuito de retornar à minha tranquilidade perdida, renuncio livre e espontaneamente ao Pontificado, como também ao trono, à dignidade, às honras e ônus, que comporta». Com estas palavras, no dia 13 de dezembro de 1294, Celestino despoja-se dos seus paramentos sagrados e se reveste com o antigo saio.
Apenas onze dias depois, o novo Papa mandou levar Pedro, - que havia fugido para lugares desertos, - ao castelo de Fumone. Ali, em uma restrita cela, o eremita morreu em oração, no dia 19 de maio de 1296.
Ao passar para a história pela sua "grande renúncia", - deplorada por Dante, na Divina Comédia, - Pedro foi exemplo de liberdade evangélica e santidade.
São Pedro Celestino V foi canonizado pelo Papa Clemente V, em 1313. Seus restos mortais, que descansam na Basílica de Collemaggio, são meta de contínuas peregrinações. Entre os mais ilustres peregrinos destaca-se Bento XVI, que, em 2009, ali deixou o pálio recebido no início do seu Pontificado.
Vatican News

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Hoje celebramos 100 anos do nascimento de São João Paulo II, o “Papa da família”

Os pais de Karol Wojtyla | Aleteia
Ele, no entanto, perdeu muito cedo a própria família: a mãe aos 9 anos, o irmão aos 12 e o pai aos 21. Um futuro Papa a sós no mundo, mas nunca sozinho.
Neste 18 de maio de 2020, celebramos o centenário de nascimento de São João Paulo II, o “Papa da família”, como foi descrito no dia da sua canonização pelo Papa Francisco.
De fato, a família foi a instituição mais apaixonadamente defendida pelo pontífice polonês, a ponto de ele ter chegado a declarar:
“Em torno da família se trava o combate fundamental da dignidade do homem”.
O amor do Papa Wojtyła pela família vinha de casa. Os seus pais, aliás, acabam de ter aberta, na Polônia, a fase diocesana do seu processo de beatificação.
E é sobre essa família polonesa e católica, sofrida, mas cheia de fé, esperança e amor cristão, que nos fala um artigo especial assinado no Vatican News por Alessandro Gisotti, vice-diretor editorial dos meios de comunicação da Santa Sé.
Gisotti observa que basta ler os dados biográficos básicos da mãe, Emilia, e do pai, Karol, de quem herdou o nome, para se compreender o quanto o testemunho deles influenciou profundamente a personalidade do futuro pontífice, nascido na pequena cidade de Wadowice, no extremo sul da Polônia, em 18 de maio de 1920.
A mãe
“Sobre o teu túmulo branco florescem as flores brancas da vida. Ah, quantos anos já se foram sem você, quantos anos?”.
Essas palavras tocantes, dedicadas à mãe, foram escritas por Wojtyła em Cracóvia na primavera de 1939. O futuro Papa tinha então 19 anos e já fazia uma década que havia perdido a mãe, quando era apenas um garotinho de 9 anos de idade. Emilia, de saúde muito frágil, tinha vivido uma gravidez muito difícil, que, aliás, os médicos a tinham desaconselhado de levar adiante, e, desde então, passou os 9 anos seguintes entre internações e o progressivo enfraquecimento que a levou desta vida.
Vem do amor materno, inegavelmente, boa parte da profunda sensibilidade de Wojtyła na defesa enfática da vida humana mais frágil, desde a concepção até a morte natural. Foi ele, não custa lembrar, quem beatificou em 1995 e depois canonizou em 2004 a médica e mãe italiana Gianna Beretta Molla, que, para proteger a vida do seu filho nascituro, não hesitou em sacrificar a própria, recusando-se também ela a abortar.
Não admira que os cidadãos de Wadowice tenham dedicado a Emilia Kaczorowska Wojtyła uma obra em prol das mulheres que, mesmo no meio de muitas dificuldades, escolheram proteger o fruto da sua maternidade: a Casa da Mãe Sozinha. Em visita à sua terra natal em junho de 1999, João Paulo II declarou sobre essa obra:
“Sou grato por esse grande dom do amor de vocês pelo homem e da solicitude de vocês pela vida. A minha gratidão é tanto maior porque esta casa é dedicada à minha mãe, Emilia. Acredito que aquela que me colocou no mundo e envolveu de amor a minha infância cuidará também desta obra”.
O irmão
Três anos depois da morte precoce da mãe, outro luto comoveria os Wojtyła: a trágica morte de Edmund, o irmão maior a quem Karol tanto amava e admirava. Médico, Edmund foi arrancado deste mundo com apenas 26 anos, em 1932, porque cuidou de uma jovem doente de escarlatina, uma doença infectocontagiosa aguda, provocada por bactéria, contra a qual não existia vacina na época. Edmund sabia dos riscos, mas, como o Bom Samaritano, priorizou o socorro ao próximo que precisava dele. É uma figura excepcional a ser lembrada neste período de particular heroísmo de tantos médicos e profissionais da saúde que comprometem a própria vida para cuidar dos enfermos de covid-19.
Muitos anos mais tarde, o futuro Papa contaria que a morte do irmão foi um choque profundo, tanto pelas circunstâncias dramáticas em que aconteceu quanto porque ele próprio, Karol, já tinha muito mais consciência da morte do que quando tinha perdido a mãe, na infância. A memória de Karol Wojtyła gravaria para sempre o exemplo do irmão, “mártir do dever”: era Edmund quem mais o encorajava nos estudos; tinha sido Edmund quem o ensinou a jogar bola; era Edmund, junto com o pai, quem cuidava do caçula depois da morte da mãe.
O pai
Karol tinha apenas 12 anos e já tinha perdido a mãe e o irmão. Restava-lhe, porém, o amado pai, o Karol que lhe dera o seu mesmo nome, um militar de carreira do exército polonês, bom e rigoroso, de fé inabalável apesar das tragédias pessoais, familiares e nacionais. O Karol pai acompanharia o Karol filho até a idade adulta, ajudando a consolidar a sua personalidade e a gerir a própria conduta com base na honestidade, no patriotismo, no amor à Virgem Maria e em outras virtudes humanas e espirituais que se tornariam para ele um “segundo DNA”.
Quando já era Papa, em conversa com o amigo jornalista André Frossard, São João Paulo II testemunhou:
“Meu pai foi admirável. E quase todas as minhas recordações de infância e de adolescência se referem a ele”.
O Papa declarou, ainda, que os muitos sofrimentos vividos tão cedo não fecharam seu pai em si mesmo, mas abriram nele “imensas profundezas espirituais”:
“A dor dele se transformava em oração. O simples fato de vê-lo se ajoelhar teve uma influência decisiva nos meus anos jovens”.
A influência do pai se estendeu também à vocação sacerdotal do filho. Em seu livro autobiográfico “Dom e Mistério”, publicado no seu aniversário de 50 anos de sacerdócio, o Papa contou:
“Não falávamos de vocação ao sacerdócio, mas o exemplo dele foi para mim, de qualquer modo, o primeiro seminário, um tipo de seminário doméstico”.
São João Paulo II também contou, no livro-entrevista “Cruzando o Limiar da Esperança”, escrito com o jornalista italiano Vittorio Messori em 1994, que o pai lhe tinha recomendado uma particular oração ao Espírito Santo:
“Ele me disse para rezá-la diariamente. E, desde aquele dia, procuro fazer isso. Foi assim que eu entendi pela primeira vez o que significam as palavras de Cristo à samaritana sobre os verdadeiros adoradores de Deus, ou seja, sobre aqueles que O adoram em espírito e verdade”.
Os anos da maturidade são decisivos para a sua confiança total no Senhor e na Mãe Santíssima. Karol filho e Karol pai vivem em Cracóvia, onde o jovem estuda na universidade, quando irrompe a ocupação nazista. Os sofrimentos da família se entrelaçam e se fundem com os da pátria polonesa, tornando-se um só.
Aos 21 anos, o futuro Pontífice perde também o pai, que morre na fria noite de inverno de 18 de fevereiro de 1941, talvez o dia mais doloroso da sua vida.
Um jovem futuro Papa a sós no mundo, mas nunca sozinho
Karol Wojtyła parece ter ficado sozinho no mundo. Na verdade, ele ficou a sós em termos de ausência física dos pais e do irmão, mas, sozinho, ele nunca esteve. Ele sabia que existe uma Esperança que nenhuma doença e nem sequer a morte podem vencer. Ele o sabia justamente por causa do amor e do exemplo dos pais e do irmão, aqueles “santos da porta ao lado”, como diria o Papa Francisco. Santos do dia-a-dia.
Ao longo do caminho da sua existência, do seu peregrinar pelo mundo anunciando o Evangelho, Karol Wojtyła sempre manteve a família consigo. Assim como sua mãe, ele defendeu a vida corajosamente. Assim como seu irmão, ele se doou ao próximo até o fim. Assim como seu pai, ele não teve medo, porque abriu, ou melhor, escancarou as portas para Cristo.
Neste 18 de maio de 2020, marcado mundialmente pela pandemia de covid-19, a celebração dos 100 anos do nascimento de São João Paulo II é um lembrete de que sempre podemos cruzar o limiar da esperança.
“Não tenham medo! Abram, ou melhor, escancarem as portas para Cristo!” (São João Paulo II, discurso de inauguração do pontificado, 22 de outubro de 1978).
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A partir de artigo de Alessandro Gisotti no Vatican News
Aleteia

EU CREIO NO ESPÍRITO SANTO!

Com renovada fé, justiça e esperança, eu gosto de professar: eu creio no Espírito Santo. Creio porque sinto que, na vivência cotidiana da santidade, o Paráclito é a fonte inesgotável da vida de Deus em nós. Creio porque percebo que, no exercício da missão de ser Igreja, o Espírito Santo torna-nos destemidos no anúncio do Evangelho, impele-nos a fazer a experiência do mistério de Cristo na Liturgia, concede-nos o dom da piedade, para que possamos degustar o sabor das adorações eucarísticas e das comunhões espirituais e ainda nos fortalece no aprendizado da caridade. Creio porque, mesmo diante de uma pandemia, o Divino Consolador nos inspira no serviço samaritano da misericórdia, renovando a nossa esperança na humanidade.

Por crer no Espírito Santo, eu não me canso de suplicar a Deus os dons e os carismas suscitados pelo Divino Espírito, pois, no aprendizado da santidade, percebo que Ele é a força e a fonte das virtudes, dos bons hábitos, da docilidade, da contemplação, da fidelidade e da humildade. Em sintonia com o Cristo, eu aprendo que o Paráclito é o Princípio da Vida Nova que nos ajuda a superar a acomodação espiritual e a tibieza.
O Espírito Santo é o motor que renova, incrementa e atualiza a nossa oração, o nosso apostolado e a nossa pertença à Igreja. Ele é a luz que ilumina o caminho dos valores humanos e cristãos, o fogo que incendeia a nossa alma e a força que impulsiona os nossos ideais de mudança. Ele abre, diante de nossos olhos, novos horizontes e nos dá a consciência de que, sem Deus, nós somos apenas seres humanos confusos, desorientados e desnorteados. Por outro lado, em plena sintonia com Deus, nós somos construtores de novos tempos, aprendizes da santidade e bravos membros do Corpo Místico de Cristo que bradam com coragem: “A Igreja tem necessidade de seu contínuo Pentecostes, tem necessidade de fogo no coração, de palavras nos lábios, de profecia no olhar”. (Papa Paulo VI).
Quando eu sinto que estou correndo o risco de me tornar um sedentário discípulo missionário de Cristo ou quando tenho medo das perseguições pelo compromisso com a defesa da Verdade, eu recorro imediatamente à oração e peço ao Divino Espírito que abale vigorosamente a minha acomodação e me faça sentir que “o jugo de Cristo é suave e o Seu fardo é leve”. (Mt 11, 30). Recordo-me também dos ensinamentos de São Paulo Apóstolo, que nos ensina: “O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8, 26). Agindo assim, eu aprendo a não resistir ao Paráclito e, com docilidade, verifico que Ele é o Divino intérprete que me faz compreender o que Deus deseja de mim e o que eu posso e devo fazer em prol da defesa e da beleza da fé.
Eu creio no Espírito Santo porque Ele produz um fogo abrasador em meu coração. Por meio desse fogo, eu sinto a necessidade de continuar escrevendo as coisas de Deus e o nobre desejo de prosseguir cantando a esperança de seguir adiante com ciência, sabedoria e inteligência. Eu creio no Espírito Santo, o doce Hóspede de nossas almas, e, por isso, hoje e sempre, eu quero ser guiado pelo suave Consolador.
Neste intuito, eu não me canso de dobrar os meus joelhos, em uma contínua oração, suplicando: “Ficai conosco, Espírito Santo, derramai a Vossa bênção no nosso coração. Ensinai-nos o que fazer, mostrai-nos o que pensar, mostrai-nos como atuar. Vós que amais a verdade acima de tudo, não permitais que desorganizemos o que Vós organizastes. tes. Que a ignorância não nos conduza ao erro, que os aplausos não nos iludam, que o suborno e as falsas cortesias não nos corrompam. Deixai-nos ficar em Vós e não nos afastemos da verdade. Amém”. (Oração dos padres conciliares, 1962). Que a ignorância não nos conduza ao erro, que os aplausos não nos iludam, que o suborno e as falsas cortesias não nos corrompam. Deixai-nos ficar em Vós e não nos afastemos da verdade. Amém!”. (Oração dos padres conciliares, 1962).
Ficai conosco, Espírito Santo, acompanhai-nos nas modernas estradas de Jerusalém, fortalecei-nos no bom combate da fé, consagrai-nos no serviço missionário e empurrai-nos ao encontro dos nossos coetâneos que anseiam por ouvir o testemunho escancarado de um cristão apaixonado que foi e é renovado pelo vento impetuoso de Pentecostes. Vinde, Espírito Consolador, abrandai as penas e os sofrimentos que nos afiligem, nesta noite escura do mundo, e concedei-nos fortaleza e paciência, para que possamos atravessar essa pandemia com a consciência de que dias melhores virão. Vinde, Espírito Santo, vinde! Assim seja! Amém!
Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF