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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Em comemoração ao centenário de São João Paulo II


A história da relação entre São João Paulo II e o Caminho Neocatecumenal, com Kiko, Carmen e Pe Mário, foi incrível. Algo grande: por um lado ele intuiu com espírito profético o dom que o Caminho era para a Igreja e, por outro, por parte dos iniciadores do Caminho, houve uma correspondência feita de confiança e de comprometimento na missão da Igreja.
Com toda razão Kiko manifestou: “Encontrei em João Paulo II um gigante: sempre nos deu o dobro do que pedíamos e esperávamos dele, sempre foi além: algo que fazia você sentir-se pequeno. Aprovou o Caminho com uma carta surpreendente dirigida ao Monsenhor Josef Cordes, encarregado por ele de seguir o apostolado do Caminho, na qual se dizia: ‘…Desejo que os irmãos no Episcopado valorizem e ajudem – junto com os presbíteros – esta obra para a nova evangelização, para que se realize segundo as linhas propostas pelos iniciadores…’. Foi mais do que podíamos imaginar. Teve a coragem de aprovar a fundação do Seminário Redemptoris Mater de Roma, contra mil dificuldades e controvérsias”.
Kiko recorda o primeiro encontro com o Papa João Paulo II, no final da Eucaristia na capela de Castel Gandolfo: “… no final da Missa, ele nos disse que durante a celebração, e pensando em nós, havia visto diante de si: ‘Ateísmo, Batismo, Catecumenato’. E isso nos surpreendeu porque havia posto a palavra Catecumenato depois do Batismo, algo extraordinário e totalmente novo, especialmente depois das tribulações que havíamos tido precisamente por falar de Catecumenato depois do Batismo”.
“Depois da Missa, perguntei se ele poderia me receber a sós, e ele me pegou pelo braço e me levou a um local onde nos sentamos, um diante do outro. Eu, cheio de medo, disse-lhe a respeito da aparição que havia tido da Santa Virgem Maria: ‘Há que fazer comunidades como a Sagrada Família de Nazaré, que vivam em humildade, simplicidade e louvor; o outro é Cristo’. Eu disse a ele, ainda com o temor de que me considerasse um ‘visionário’, para perguntar-lhe: ‘Estas comunidades, Padre, que são?’. Tínhamos, de fato, o problema de nossa identidade nas paróquias: Um movimento? Uma associação laical? Que somos? Que somos na Igreja? E ele, para minha surpresa, me disse: ‘São a Igreja’“.
O Papa sempre teve uma atenção especial com Carmen, uma grande admiração, reconhecendo a importância dela para o Caminho, sobretudo pelo seu “gênio feminino” e por seu grande amor ao Concílio e à Igreja. Kiko se lembra sempre de um episódio: “Quando, como consultor do Pontifício Conselho para os Leigos, depois de uma plenária, passamos um por um diante do Santo Padre, para saudá-lo, e ele já estava muito enfermo: não sabíamos se ouvia ou não, estava sentado com a cabeça inclinada e os olhos fechados. Quando cheguei diante dele, o cardeal Rylko, que estava a seu lado, lhe disse ao ouvido: ‘É o Kiko’. Nisto, o Papa levantou a cabeça, abriu os olhos e com voz forte disse: ‘E Carmen? Onde está Carmen?’ E todos os presentes deram um grande aplauso”.
“Fundamentalmente podemos dizer – continua Kiko – que São João Paulo II era ‘um homem’, sem nenhum tipo de clericalismo, sem dúvidas, sempre afável. Um homem, eu disse? ‘Um amigo’. E mais ainda: ‘Um profeta’; no VI Simpósio dos Bispos da Europa, em 11 de outubro de 1985, fez una análise muito profunda sobre a situação de secularização da Europa, do relativismo social, da destruição da família, da falta de vocações, etc. Ante esta análise, que à primeira vista parecia catastrófica, começou dizendo aos Bispos que o Espírito Santo já havia respondido a essa situação. Para encontrar ‘sintomas deste sopro do Espírito’, disse, ‘é necessário deixar esquemas atrofiados’ e ir aonde se veja o Espírito Santo agindo, aonde as famílias sejam novamente reconstruídas, aonde retornem as vocações, aonde haja um verdadeiro crescimento da fé… E concluiu afirmando que a Igreja deve voltar ao Cenáculo, para receber o Espírito Santo que ajudará na Nova Evangelização e por isso é necessário ‘voltar a se inspirar no primeiríssimo modelo apostólico‘. Quer dizer porventura que a Igreja deve voltar a se reunir nas casas, como diz, por exemplo, a Carta aos Colossenses, na qual São Paulo saúda Ninfas e a Igreja que se reúne em sua casa…?”.
Já como arcebispo de Cracóvia havia conhecido e acolhido o Caminho Neocatecumenal, mas foi sobretudo durante seu longo pontificado que ele entrou profundamente em contato com este “dom de Deus para a sua Igreja” [1].
O Papa João Paulo II começou a visitar as paróquias da diocese de Roma e encontrou ali a realidade do Caminho. Foi, assim, conhecendo de forma direta o que era o Caminho, o bem que está fazendo nas paróquias, como está fazendo tantos afastados voltarem à Igreja, à alegria do Batismo, à beleza da vida: viu as comunidades cheias de matrimônios que se abriam sem medo à vida, cheia de jovens, e de seu coração de pai nasceram palavras de ânimo, de gozo, de alegria… Ele mesmo pediu que se fizesse algum canto particular do Caminho, canto que aprendeu a conhecer em suas numerosas viagens aos cinco continentes.
Visitando as comunidades, ao final da visita pastoral à paróquia de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento e Santos Mártires Canadenses de Roma, falou do “enfrentamento radical” presente hoje na sociedade e que por isso “temos necessidade de uma fé radical”:
Nós, queridos, vivemos em um período no qual se sente, se experimenta um enfrentamento radical – e eu digo isso porque esta é também minha experiencia de muitos anos –, um enfrentamento radical que se impõe em toda parte. Não existe uma única edição, existem muitas no mundo: fé e antifé, Evangelho e antievangelho, Igreja e anti-Igreja, Deus e antideus, se podemos falar assim (…)  Assim, portanto, nós vivemos esta experiência histórica, e agora muito mais que nas épocas anteriores. Nesta nossa época temos necessidade de redescobrir uma fé radical, radicalmente compreendida, radicalmente vivida e radicalmente realizada. Necessitamos de uma fé assim. Espero que vossa experiência tenha nascido nesta perspectiva e possa guiar a uma sã radicalização de nosso cristianismo, de nossa fé, a um autêntico radicalismo evangélico [2].
Alguns anos mais tarde, na paróquia de Santa Maria Goretti de Roma, disse:
Vejo assim a gênese do Neocatecumenato, de vosso Caminho: alguém – não sei se Kiko ou outro – se perguntou: De onde vinha a força da Igreja primitiva? E de onde vem a debilidade da Igreja de hoje, muito mais numerosa? Eu creio que encontrou a resposta no Catecumenato, neste Caminho. Isso é o que sinto vivendo convosco alguns momentos.
Desejo que continueis neste Caminho, que sigais vivendo todas as exigências que provêm dele, porque não é um caminho breve; se se pensa no Catecumenato missionário, às vezes parece duro; quatro anos! Vós sois mais exigentes: o vosso dura sete anos ou mais! Desejo, portanto, que continueis sendo sempre exigentes em vosso caminho e sobretudo que continueis produzindo todos esses frutos, porque em vós, em vossas comunidades, se vê, verdadeiramente, como do Batismo provêm todos os frutos do Espírito Santo, todos os carismas do Espírito Santo, todas as vocações, toda a autenticidade da vida cristã no matrimônio, no sacerdócio, nas diversas profissões, finalmente, no mundo [3].
Eis aqui o Neocatecumenato como uma realidade temporal, quer dizer uma comunidade que recupera na paróquia a novidade da vida cristã, o seu frescor, a sua originalidade, porque esta é a vida no seu sentido pleno, a vida divina. Esta é a vida que se projeta diante de nós para toda a eternidade, não somente a vida destes anos aqui sobre a Terra. Vida com Deus, vida como filhos de Deus, animados do Filho Unigênito de Deus que é o Verbo, a Palavra encarnada e nascida da Virgem Maria: Jesus Cristo [4].
Na iniciação cristã já se encontra a dimensão comunitária que o Santo Padre frequentemente enfatiza:
Tudo isso explicais com a vossa comunidade, com a vossa comunhão fraterna e com a vossa alegria, também com o vosso canto e, certamente, com a oração… [5].
O grupo, ou melhor, a comunidade, se constitui sempre de dentro, interiormente, porque é interiormente onde o Espírito Santo toca; toca aquilo que cada um de nós é, a sua intimidade pessoal, a sua intimidade espiritual, mas não nos toca a nenhum de nós separadamente, individualmente, porque nos criou para ser comunidade, para viver na comunhão; toca a cada um para nos reconstruir na comunhão, e assim se explicam também todas estas comunidades na comunhão cristã, como a vossa, como todas as vossas, porque sois cinco comunidades [6].
Vós o fazeis [descobrir o que é o Batismo] em comunidade, o viveis em comunidade. Não é um processo solitário, é um processo de comunidade, um caminho juntos. Viveis com a alegria de redescobrir o Batismo, o seu verdadeiro significado, a sua plena realidade: juntos, juntos! [7].
Na paróquia de São Félix de Cantalice (Roma), o Papa destacou o dom dos filhos nas comunidades do Caminho:
Dizem que os neocatecúmenos­ têm famílias numerosas, têm tantos filhos: esta é uma prova de fé, da fé em Deus. Para dar vida ao homem é preciso a fé em Deus. Se hoje nós vivemos esta grande crise denominada demográfica, crise da família, crise da paternidade, da maternidade, crise grande e profunda, esta é justamente uma consequência da falta de fé em Deus. Não é possível melhorar isso senão com uma fé profunda em Deus. É preciso ter fé em Deus para dar a vida ao homem [8].
E na paróquia de Santa Maria Goretti (Roma) acrescentou:
Como se explica a antinatalidade, a mentalidade antinatalista das comunidades das nações, dos grupos e de ambientes políticos? Tudo isso se explica pela falta de fé que há no homem. Esta falta de fé do homem vem da falta de fé em Deus; o homem tem sua dimensão, seu princípio; este princípio está em Deus mesmo porque ele foi criado à sua imagem e semelhança, e isso nos explica quem é o homem, como pode viver e como pode morrer. Falta valor para viver neste mundo, e eu vejo neste encontro com estas famílias e com estes itinerantes um sinal de valor cristão [9].
Como conclusão desta breve apresentação da relação entre São João Paulo II e o Caminho Neocatecumenal, e como selo de um caminho eclesial cheio de frutos e de bênçãos celestes, parece-nos obrigatório recordar suas palavras consoladoras ao final do ‘iter’ de preparação e aprovação do Estatuto, em Castel Gandolfo em 2002:
Como deixar de agradecer ao Senhor os frutos dados pelo Caminho Neocatecumenal nos seus mais de 30 anos de existência? Numa sociedade secularizada como a nossa, em que se alastra a indiferença religiosa e muitas pessoas vivem como se Deus não existisse, são muitos os que precisam de uma nova descoberta dos sacramentos da iniciação cristã, especialmente o do Batismo. O Caminho, sem dúvida, é uma das respostas providenciais a esta urgente necessidade.
Olhemos para as vossas comunidades: quantas descobertas da beleza e da grandeza da vocação batismal recebida! Quanta generosidade e zelo no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo, sobretudo aos mais afastados! Quantas vocações ao sacerdócio e à vida religiosa surgiram graças a este itinerário de formação cristã! [10]
[1] Bento XVI, Discurso aos membros do Caminho Neocatecumenal, 17 de janeiro de 2011. [2] L’Osservatore Romano, 3-4 de novembro de 1980. [3] L’Osservatore Romano, 1-2 de fevereiro de 1988. [4] Visita do Papa João Paulo II à paróquia de Santa Ana em Casal Morena (Roma), no L’Osservatore Romano, 3-4 de dezembro de 1984. [5] Visita do Papa João Paulo II à paróquia de Santo Antônio em Piazza Asti (Roma), no L’Osservatore Romano, 7-8 de maio de 1979. [6] Visita do Papa João Paulo II à paróquia de São Lucas Evangelista (Roma), no L’Osservatore Romano, 5-6 de novembro de 1979. [7] Visita do Papa João Paulo II à paróquia de São João Evangelista em Spinaceto (Roma), no L’Osservatore Romano, 19-20 de novembro de 1979. [8] Cf. L’Osservatore Romano, 5-6 de maio de 1986, integrando a gravação durante sua intervenção. [9] L’Osservatore Romano, 1-2 de fevereiro de 1988. [10] Discurso do Santo Padre aos iniciadores do Caminho, aos Catequistas itinerantes e aos presbíteros do Caminho Neocatecumenal (Castel Gandolfo, 21 de setembro de 2002), no L’Osservatore Romano, 22 de setembro de 2002.

https://neocatechumenaleiter.org/

Um olhar sobre a Bíblia de Gutenberg


Atualidades

  • Autor: Charles the Hammer
  • Fonte: Site “Traditional Catholic Apologetics” (http://www.catholicapologetics.net)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto
– A Bíblia foi o primeiro livro impresso e foi feita por um católico.
A Bíblia de Gutenberg tem sido frequentemente chamada de “o maior livro do mundo”. Há uma razão boa e significativa para essa afirmação. Marcando o limiar de uma nova arte, essa obra magnífica foi o primeiro livro importante do Ocidente a ser impresso a partir de tipos móveis. Os produtores da Bíblia figuram em alta posição entre os poucos homens que contribuíram com a civilização, [por oferecer a] impressão moderna, uma invenção que se compara com a da roda, da descoberta de fogo ou do uso da pólvora.
A impressão pode ter sido a suprema conquista do Renascimento do [hemisfério] norte. Por conta disso, a escuridão bárbara foi afastada. Os defensores do novo humanismo ou da velha teologia podiam [agora] contar com a imprensa para enviar seus princípios básicos para fora das fronteiras nacionais, para os lugares mais distantes da terra. O conhecimento escrito, outrora posse de poucos cultos, tornava-se disponível para todo homem alfabetizado.
A publicação da Grande Bíblia (às vezes chamada de “Bíblia de 42 Linhas” em razão do número de linhas por página; e às vezes chamada de “Bíblia de Mazarin”, em razão do Cardeal em cuja biblioteca foi encontrada uma cópia dessa Bíblia, em 1763) marcou o início de uma série de impressores na Europa: de 1457 a 1500, apareceram prensas em Estrasburgo, Colônia, Augsburgo, Nuremberg, Ulm, Basileia, Roma, Veneza, Florença, Paris, Lião, Westminster e muitas outras cidades. Juntamente com a proliferação das prensas, surgiram demandantes rivais, procurando demover Gutenberg da sua posição de inventor da prensa. Nunca houve prova definitiva quanto a um inventor específico da impressão no Ocidente. Como a maioria das invenções, deve ter surgido [da contribuição] de muitas mãos. Mas ao longo dos anos, o peso da evidência favoreceu Johann Gutenberg como pioneiro e principal praticante da nova arte. Gutenberg, como Shakespeare, deixou para trás apenas fragmentos curiosos sobre sua vida e obra.
Johann Gensfleisch, nascido em uma próspera família católica de Mainz, por volta de 1400, recebeu o nome de Gutenberg de sua mãe patriciana. Algum tempo depois do seu nascimento, distúrbios políticos forçaram a família a fugir de Mainz e se estabelecer em Estrasburgo. Lá, Gutenberg cresceu e estabeleceu uma parceria, presumivelmente para realizar alguma forma de impressão experimental. Os detalhes desse período são nebulosos e conhecidos apenas através de procedimentos legais. Por vários anos antes de meados do século, Gutenberg desaparece dos registros históricos. Em 1448, ele tornou-se cidadão de Mainz.
Nessa cidade, de 1450 a 1455, o impressor pioneiro passou por um período crucial de sua carreira: por volta de 1450, pediu emprestado 800 gulden a Johann Fust, ourives e capitalista; dois anos depois, pediu [novamente] e recebeu quantia semelhante. A soma foi usada para promover a arte da impressão e o equipamento de trabalho de Gutenberg foi colocado em seguro. Quando o pagamento [do empréstimo] não foi realizado, Fust acionou o Tribunal em 1455, processando para recuperar seu dinheiro com juros e também solicitando a posse das ferramentas de Gutenberg. Como testemunha, o [foi ouvido] Peter Schoeffer, de Gernsheim, um técnico contratado por Gutenberg. Novamente, as brumas do tempo apagam os registros; ao que parece, Fust assumiu a maior parte do equipamento de impressão. A parceria de Fust e Schoeffer foi então estabelecida e eles se tornaram impressores de destaque em Mainz, produzindo um magnífico Saltério em 1457, entre outros trabalhos. Gutenberg aparentemente faliu, mas conseguiu continuar imprimindo. Em 1465, o arcebispo Adolf, de Mainz, nomeou-o para um cargo vitalício, pelos [bons] serviços prestados no passado. O grande impressor faleceu em 1468, mas as circunstâncias da sua morte e sepultamento são desconhecidas.
Entre as peças impressas atribuídas a Gutenberg estão várias edições de uma gramática latina de Donato, algumas cartas de indulgência do Papa (datadas de 1454 e 1455), uma rara Bíblia de 36 linhas e um dicionário de latim chamado “Catholicon”. Mas a principal questão permanece: qual a conexão de Gutenberg com a famosa “Bíblia de 42 Linhas” que carrega o seu nome? Não há respostas claras. Após muita pesquisa, os estudiosos concluíram que a Bíblia foi concebida e iniciada por Gutenberg, mas provavelmente terminada e comercializada por Fust-Schoeffer.
A Bíblia de Gutenberg foi inserida no tempo por Heinrich Cremer, vigário da Igreja Colegiada de Santo Estêvão, em Mainz, o qual rubricou, iluminou e encadernou um conjunto da obras em 1456, marcando a data nos volumes. Concedendo vários meses aos esforços de Cremer, parece aparente que essa Bíblia chegou da imprensa em algum momento de 1455. Os próprios impressores não colocaram data na obra. Qualquer que seja a data real, a Bíblia de 42 Linhas foi uma conquista notável para aquela época ou qualquer outra. A maioria das primeiras obras costuma a ser grosseira, experimental e desastrada, mas a Bíblia de Gutenberg não é assim. Como uma entidade completa e bem-realizada, está em exposição há 500 anos.
Os impressores medievais, exercendo arte ao invés de ofício, esbanjaram um infinito cuidado nesta primeira impressão do Livro dos livros: formato grande e distinto, impressão fina, papel cremoso e tipos góticos elaboradamente belos contribuem para esta produção majestosa. Após experiências com páginas de 40 e 41 linhas, os impressores decidiram-se por uma página de 42 linhas e duas colunas de tipos. São 1.282 páginas impressas em tinta preta. Foram deixados espaços para letras maiúsculas e títulos, e os proprietários do livro empregavam artistas para colocar iluminuras em suas páginas com motivos religiosos, dragões, pavões, falcões e ramalhetes góticos de flores medievais.
O número de Bíblias de Gutenberg impressas em Mainz é desconhecido. Estima-se que vieram desses impressores cerca de 200 cópias, das quais 165 em papel e 35 em pergaminho. Atualmente, existem 51 cópias conhecidas, segundo a Biblioteca Britânica.
(Imagem deste artigo: Bíblia de Gutenberg de 42 Linhas mantida na Biblioteca Pierpont Morgan, em Nova Iorque).
Veritatis Splendor

14 coisas que você acredita estar na Bíblia, mas não estão!

Mitos na Bíblia (Terra)

  • Autor: Jesús Mondragón (Saulo de Tarso)
  • Fonte: Católico, Defiende tu Fe (http://www.catolicodefiendetufe.org/)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto
1) Adão e Eva pecaram por comerem uma maçã
Se perguntarmos para quase qualquer pessoa que não esteja familiarizada com a Bíblia: “Qual foi o pecado de Adão e Eva?”, a maioria delas responderá: “Eles comeram uma maçã”.
Porém, ainda que milhões de pessoas acreditem que isto está na Bíblia, a verdade é que não está! A Escritura não menciona nenhuma maçã; o que ela diz é:
  • “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: ‘De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás'” (Gênesis 2,16-17).
  • “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis 3,6).
Não há, pois, nenhuma maçã. O que a Bíblia menciona é “a árvore do conhecimento do bem e do mal”. Então, por que a confusão?
Quando o Papa Dâmaso I pediu ao seu principal erudito, o grande São Jerônimo, que traduzisse a Bíblia hebraica original para o latim (projeto que Jerônimo demorou 15 anos para concluir e que resultou na primeira Bíblia canônica do mundo), ele empregou o latim falado pelo homem comum ou vulgar (daí o nome de “Vulgata latina”), e daí veio a causa dessa confusão: a grande semelhança que há entre o substantivo “mālus” (maçã) e o adjetivo “malus” (mal), do fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal”.
Ambas as palavras são quase idênticas!
2) Davi matou Golias com uma pedra
Quem não conhece a famosa história de Davi, o jovem valente que armado tão somente com uma funda, enfrentou o gigante Golias, matando-o com uma pedra?
Porém, a verdade é que quase todo mundo foi enganado. Davi não matou Golias com uma pedra. Vejamos o que diz exatamente o texto bíblico:
  • “E tomou o seu cajado na mão, e escolheu para si cinco seixos do ribeiro, e pô-los no alforje de pastor, que trazia, a saber, no surrão, e lançou mão da sua funda; e foi aproximando-se do filisteu. (…) E Davi pôs a mão no alforje, e tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa, e a pedra se lhe encravou na testa, e caiu sobre o seu rosto em terra” (1Samuel 17,40.49).
Até aqui, a parte da história que a maioria das pessoas conhecem. Mas há algo mais, que tem passado despercebido:
  • “Por isso correu Davi, e pôs-se em pé sobre o filisteu, e tomou a sua espada, e tirou-a da bainha, e o matou, e lhe cortou com ela a cabeça; vendo então os filisteus, que o seu herói era morto, fugiram” (1Samuel 17,51)
A pedra sobre feriu o gigante, derrubando-o no solo; mas não foi a pedra que o matou. Davi aproveitou a oportunidade, correu, tirou a espada de Golias e com ela mesma o matou, cortando-lhe a cabeça.
3) Salvação apenas pela fé
Milhões de pessoas creem que basta apenas a fé para se salvarem: “Aceita Jesus no teu coração, como teu Senhor e Salvador, e serás salvo”. O seguinte texto bíblico é a base dessa crença:
  • “A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Romanos 10,9).
Porém, com esta crença se dá o que no caso de Davi e Golias, que já vimos. Milhões creem que Golias foi morto por uma pedra, e que isto tem base bíblica, mas não é verdade. Não porque a Escritura minta, mas porque não é tudo o que a Bíblia afirma sobre esse tema. Se se continua a ler, descobre-se que Golias morreu decapitado por sua própria espada. Da mesma forma, se continuarmos a ler tudo o que a Bíblia Sagrada nos tem a dizer sobre a salvação, veremos que ter fé em Cristo é tão somente um primeiro passo, mas não o único, nem muito menos o último.
Em primeiro lugar: não há nenhum texto na Bíblia que afirme: “Somente pela fé serás salvo”.
Até porque a salvação não vem pela fé, mas pela graça de Deus, isto é, a Salvação é um presente de Deus que não merecemos; a fé é apenas um meio entre outros, pelos quais os homens alcançam a salvação:
  • “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2,8).
Aceitar Jesus como seu Senhor, tampouco assegura a alguém a salvação. Há algo mais importante que deve ser feito, sem o qual, nem a fé em Cristo, nem sua aceitação como Senhor, nos servem. E o que é mais importante? A obediência!
  • “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?’ E então lhes direi abertamente: ‘Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade'” (Mateus 7,21-23).
  • “E por que me chamais ‘Senhor, Senhor’, e não fazeis o que eu digo?” (Lucas 6,46).
Há ainda outra coisa que é mais importante do que a fé e que se não tivermos, tampouco a fé nos servirá para nada:
  • “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria” (1Coríntios 13,2).
  • “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor” (1Coríntios 13,13).
A salvação somente pela fé não procede da Bíblia. O que ela afirma é justamente o contrário: somente a fé não salva!
  • “Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé” (Tiago 2,24).
Então agora você já sabe: o “sola fides” não está na Bíblia.
4) Ajuda-te e Eu te ajudarei
Esta é uma frase bastante comum. Muitas pessoas que desejam aparentar conhecimento bíblico, esgrimem esta famosa frase: “Pois como diz a Bíblia, ‘ajuda-te e Eu te ajudarei'”.
Mas não. Esta frase não se encontra em nenhum lugar da Bíblia!
5) Elias subiu ao céu em uma carruagem de fogo: sim ou não?
O profeta Elias é bem famoso pelo fato de não ter morrido. Ele foi levado ao céu em corpo e alma. Abundam publicações como esta, de nossos irmãos protestantes, onde se afirmam “coisas que a Bíblia não diz”. E eles enquadram nesta categoria o tema “Elias não foi arrebatado em uma carruagem de fogo”. Para isso, citam:
  • “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho” (2Reis 2,11).
Concluem então que Elias não subiu ao céu em uma carruagem de fogo, mas em um redemoinho. Por possuírem uma Bíblia incompleta, é natural que os nossos irmãos protestantes cheguem a essa conclusão. No entanto, Elias subiu ao céu em uma carruagem de fogo; é o que afirma a Bíblia em um outro texto que não consta nas Bíblias protestantes:
  • “Tu que foste arrebatado num redemoinho de fogo, numa carruagem puxada por cavalos ardentes” (Eclesiástico 48,9).
Então agora você já sabe: Elias foi levado ao céu em um redemoinho de fogo, numa carruagem de fogo.
6) A Bíblia é a única regra de moral, doutrina e conduta
A ideia de a Bíblia ser a única norma de fé, moral e conduta também é bastante comum em milhões de pessoas. Mas se isso fosse verdade, seria de se esperar que a própria Bíblia o afirmasse. Mas a verdade é que não! Em nenhuma parte da Escritura ocorre a ideia do “somente a Bíblia”. O texto mais usado para afirmar esta ideia é o seguinte:
  • “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
    Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Timóteo 3,16-17).
Como se pode ver facilmente, este versículo não afirma que a Bíblia é a única [regra], mas que é “proveitosa”. De fato, o próprio texto destrói essa ideia ao afirma que a Escritura é proveitosa para que o homem seja preparado para “toda a boa obra”. Com efeito, a Bíblia é um começo “proveitoso”. Com que fim? Para que o homem realize boas obras. Logo, já não é apenas a Bíblia, nem apenas a Fé. São também as boas obras!
A Escritura é proveitosa, mas não é a única [regra]. O oxigênio é proveitoso para a vida humana, mas não é a única coisa que alguém necessita para viver. A água também é proveitosa para a vida e tampouco é a única coisa que se necessita. O alimento é proveitoso para viver, porém tampouco é a única coisa… de modo que se faltar qualquer dessas coisas proveitosas para se viver, o homem morre.
“Toda a Escritura é proveitosa” significa “Somente a Bíblia”? Então, como entender o texto abaixo?
  • “Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito proveitoso para o ministério” (2Timóteo 4,11).
Enquanto que da Bíblia o Apóstolo São Paulo ensina que é “proveitosa”, de Marcos ele afirma que é “muito proveitoso”! Portanto, Marcos seria mais proveitoso do que a Bíblia? Absurda verdade?
Com efeito, não há na Bíblia nada disso de “somente a Bíblia”. E citar 2Timóteo 3,16-17 não ajuda nada.
7) Somente Cristo salva
Esta é outra afirmação muito comum em milhões de pessoas: “Somente Cristo salva”. E ainda que a frase exista na Bíblia, não existe com o significado que lhe dão os irmãos protestantes.
  • “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4,12).
Cristo é Nosso Senhor e Salvador do mundo, é verdade:
  • “Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de Israel” (Atos 13,23).
No entanto, Deus Pai também nos salva. De fato, a salvação procede do Pai:
  • “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2,8).
Maria, inspirada pelo Espírito Santo, chama o Pai de “Salvador”:
  • “E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lucas 1,47).
O Apóstolo São Paulo afirma que Deus Pai é nosso Salvador e Cristo é nossa esperança:
  • “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa” (1Timóteo 1,1).
Somos salvos por crer no Evangelho:
  • “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis, pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão” (1Coríntios 15,1-2).
Através do Batismo, também somos salvos:
  • “Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo” (1Pedro 3,21).
O Espírito Santo também age para nos salvar mediante o Batismo:
  • “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador” (Tito 3,5-6).
Cristo nos salva, sim. É óbvio. Mas a salvação é obra da Santíssima Trindade: Pai e Filho e Espírito Santo.
Não está na Bíblia que “somente Cristo salva”; não, ao menos, com esse significado protestante. De outra forma, as citações anteriores são mentirosas? Deus Pai não salva? O Espírito Santo não salva? Quando a Sagrada Escritura diz que apenas em Cristo há salvação, refere-se ao seu sacrifício na Cruz, ao fato de que apenas Ele morreu por nós. É o que mostra o contexto de Atos 4,12. Vejamos o contexto, pois dois versículos antes, diz:
  • “Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós” (Atos 4,10).
A Bíblia afirma que o Pai é o único salvador. Então, quantos “únicos salvadores” há?
  • “Vós sois as minhas testemunhas – diz o Senhor – e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador” (Isaías 43,10-11).
Então, quando Atos 4,12 afirma que em nenhum outro há salvação, está afirmando que Cristo é Deus, já que faz referência a Isaías 43,11. que acabamos de ver.
8) Noé soltou um corvo após o Dilúvio e este não voltou
Na verdade, o corvo voltou e ficou dando voltas:
  • “E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito. E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra” (Gênesis 8,6-7).
Foi a pomba que não regressou:
  • “Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornou mais a ele” (Gênesis 8,12).
9) Deus aborrece o pecador
Há uma frase bastante comum entre as pessoas, que diz: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”. E imediatamente surgem, principalmente entre os irmãos protestantes, aqueles que a acrescentam à lista das “coisas que a Bíblia não diz”. Para isso, citam o seguinte texto:
  • “Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. Destruirás aqueles que falam a mentira; o Senhor aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento” (Salmo 5,5-6).
Com base neste texto bíblico, concluem que Deus odeia o pecador, da mesma forma como odeia o pecado.
O problema por citar um texto do Antigo Testamente é que este ensina a vingança e o ódio para com os inimigos:
  • “Ah! filha de Babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós. Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras” (Salmo 137,8-9).
Um texto nada edificante se se enxerga a luz de Cristo, que no Novo Testamento nos ensinou a superar essa mentalidade e a amar nossos inimigos.
Deus ama o pecador? Claro que sim, nos diz a Bíblia. Vejamos:
  • “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5,8).
Conclusão: efetivamente, Deus odeia o pecado, mas ama o pecador, principalmente quando ele se arrepende e se converte.
10) Jesus Cristo não é religião, mas relação
Esta é outra frase bastante empregada pelos nossos irmãos protestantes e também por um ou outro “católico” desavisado. Mas está realmente na Bíblia?
A ideia aqui é apresentar a religião como algo ruim. Mas o verdadeiramente ruim aqui é que aqueles que esgrimam essa frase apenas estão passando vergonha, ao manifestar dessa forma a sua ignorância. Isto porque religião e relação são sinônimos, isto é, são exatamente a mesma coisa. “Religião” vem do latim “religare” e significa “reunir, restabelecer uma relação”, de modo que são a mesma palavra em idioma ou raiz etimológica diferente. Ademais, a Bíblia identifica a religião como algo bom:
  • “Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve” (João 9,31).
  • “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hebreus 11,7).
E, como podemos ver a seguir, Deus é religião:
  • “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1,26-27).
11) Não cai a folha de uma árvore se esta não for a vontade de Deus
Também esta frase é muito famosa. A maioria das pessoas que a conhecem jurariam que se encontra na Bíblia. Mas não. Tal frase não está em nenhuma parte da Sagrada Escritura, mas sim no Corão, livro sagrado dos muçulmanos!
  • “E com ele estão as chaves daquilo que não se vê. Ninguém os conhece, senão Ele. E sabe o que há na terra e no mar. Não cai sequer uma folha que Ele não saiba.E não há grão nas trevas da terra e não há [coisa] úmida ou seca, senão que esteja [escrito] em algum registro claro” (Sura 6,59).
Um outro lugar em que aparece é na obra prima da língua espanhola “El Ingenioso Hidalgo, Don Quijote de la Mancha”, de Miguel de Cervantes Saavedra:
  • “Disse dom Quixote: ‘Entrega a Deus, Sancho, que tudo dará certo e talvez até melhor do que você imagina, pois não se move a folha na árvore sem que isso seja a vontade de Deus”.
12) Os três Reis Magos
Não, a Bíblia não diz que eram Reis, nem que eram três. O que ela diz é que eram Magos:
  • “E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém” (Mateus 2,1).
Tampouco seu nomes (Belchior, Gaspar e Baltazar) são mencionados.
13) Deus aperta a corda mas não enforca
Ainda que esse ditado seja bastante popular e comunique uma verdade, o fato é que ele não se encontra em nenhuma parte da Bíblia.
14) Maria Madalena era uma prostituta
A Bíblia não diz que Maria Madalena era uma prostituta. Grupos anticatólicos, feministas e protestantes, atribuem ao Papa Gregório Magno a “terrível maldade” de ter iniciado a difamação de Madalena, quando em sua Homilia 33, no ano de 591, a identificou como uma prostituta.
A verdade é que nunca houve má intenção por parte do Papa, pois hpa uma forte evidência para se idenfiticar Maria Madalena como prostituta. A razão se dá por causa de dois acontecimentos quase idênticos, um narrado por Lucas e outro pelo Apóstolo São João. Acontecimentos estes que muitos especialistas da Bíblia ainda não concordam se Lucas e João narram um mesmo fato ou se são dois fatos bastante parecidos. Eis o primeiro, em que Lucas fala de uma prostituta:
  • “E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento” (Lucas 7,37-38).
O segundo relato, quase idêntico, nos é transmitido por São João. Ele menciona a uma Maria e daí nasce a confusão, bastante comum, de que poderia ser a Madalena:
  • “Então Maria, tomando um arrátel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (João 12,3).
O mais provável é que se trate de eventos diferentes, um na cidade de Naim, na casa de um fariseu, onde não se aponta o nome da prostituta; e o outro, na cidade de Betânia, na casa de Lázaro, e protagonizado por Maria, irmã de Lázaro e Marta.
De forma que não foi por maldade da Igreja Católica, nem do Papa Gregório Magno. Identificar Maria Madalena com a prostituta é um erro tão comum que, desde o século II, outros autores a associaram com uma mulher mencionada no Talmud judaico, chamada “Miriam Megaddlela”, que quer dizer “Maria do cabelo trançado”. Na comunidade judaica, esse título era atribuído a uma mulher de má reputação, uma adúltera ou prostituta.
É verdade que a Bíblia não diz que Maria Madalena era prostituta, mas há até uma forte evidência que apoia essa confusão.
Veritatis Splendor

S. JÚLIA, VIRGEM E MÁRTIR NA CÓRSEGA

S. Júlia, mártir
S. Júlia, mártir   (© Musei Vaticani)
Virgem e mártir
Santa Júlia, virgem, recebeu a palma do martírio na Córsega, por meio do suplício da cruz. O navio, que transportava esta jovem cristã, - de origem cartaginesa, vendida como escrava, - teria encalhado em Zonza, no porto de Cabo Corso. Ali, por ódio à fé, teria sido torturada e crucificada, no ano 303, apesar da data não ser exata. Esta santa sempre foi venerada com fervor.

Vendida como escrava
Na época da invasão de Cartago, Júlia foi comprada por um homem chamado Eusébio. Seu patrão, embora fosse pagão, admirava a coragem com a qual a mulher cumpria seu dever. Ao término do seu trabalho diário, durante a hora de descanso, ela se dedicava à leitura ou se recolhia em oração. Movida pelo amor de Deus, ela jejuava com frequência; seu patrão jamais conseguiu fazê-la interromper o jejum, nem um só dia, a não ser no domingo da Ressurreição.

Torturada e crucificada
Quando o navio do seu patrão atracou no porto de Cabo Corso, Eusébio participou de uma festa pagã. Entorpecido pelos pagãos, aproveitaram para raptar Júlia, que havia permanecido a bordo da embarcação. Ela rejeitava renegar a Cristo, dizendo: “A minha liberdade é servir a Cristo, que adoro todos os dias e com toda a pureza da minha alma”.
Júlia foi torturada e, depois, flagelada. Em meio aos tormentos, a Santa continuava a confessar a sua fé, sempre com maior ardor, e gritava em alta voz: “Confesso a minha fé naquele que, por amor a mim, padeceu o suplício da flagelação. Se o meu Senhor foi coroado de espinhos e pregado no madeiro da Cruz, por minha causa, porque eu deveria rejeitar arrancar meus cabelos como preço da confissão da minha fé, para merecer a palma do martírio?”. Assim, a Santa Júlia foi crucificada.
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S. RITA DE CÁSSIA, RELIGIOSA AGOSTINIANA

S. Rita, Santuário de Cássia
S. Rita, Santuário de Cássia 

A pequena periferia de Roccaporena, na Úmbria, foi berço de Margarida Lotti, provavelmente por volta de 1371, chamada com o diminutivo de “Rita”. Seus pais, humildes camponeses e pacificadores, procuraram dar-lhe uma boa educação escolar e religiosa na vizinha cidade de Cássia, onde a instrução era confiada aos Agostinianos. Naquele contexto, amadurece a devoção a Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que Rita escolheu como seus protetores.

Rita, mulher e mãe
Por volta de 1385, a jovem se uniu em matrimônio com Paulo de Ferdinando de Mancino. A sociedade de então era caracterizada por diversas contendas e rivalidades políticas, nas quais seu marido estava envolvido. Mas a jovem esposa, através da sua oração, serenidade e capacidade de apaziguar, herdadas pelos pais, o ajudou a viver, aos poucos, como cristão de modo mais autêntico. Com amor, compreensão e paciência, a união entre Rita e Paulo tornou-se fecunda, embelezada pelo nascimento de dois filhos: Giangiacomo e Paulo Maria. Porém, a espiral de ódio das facções políticas da época acometeram seu lar doméstico. O esposo de Rita, que se encontrava envolvido, também por vínculos de parentela, foi assassinado. Para evitar a vingança dos filhos, escondeu a camisa ensanguentada do pai. Em seu coração, Rita perdoou os assassinos do seu marido, mas a família Mancino não se resignou e fazia pressão, a ponto de desatar rancores e hostilidades. Rita continuava a rezar, para que não fosse derramado mais sangue, fazendo da oração a sua arma e consolação. Entretanto, as tribulações não faltaram. Uma doença causou a morte de Giangiacomo e de Paulo Maria; seu único conforto foi pensar que, pelo menos, suas almas foram salvas, sem mais correr o risco de serem envolvidos pelo clima de represálias, provocado pelo assassinato do marido.

Monja agostiniana
Tendo ficado sozinha, Rita intensificou sua vida de oração, seja pelos seus queridos defuntos, seja pela família de Mancino, para que perdoasse e encontrasse a paz.
Com a idade de 36 anos, Rita pediu para ser admitida na comunidade das monjas agostinianas do Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia. Porém, seu pedido foi recusado: as religiosas temiam, talvez, que a entrada da viúva de um homem assassinado pudesse comprometer a segurança do Convento. No entanto, as orações de Rita e as intercessões dos seus Santos protetores levaram à pacificação das famílias envolvidas na morte de Paulo de Mancino e, após tantas dificuldades, ela conseguiu entrar para o Mosteiro.
Narra-se que, durante o Noviciado, para provar a humildade de Rita, a Abadessa pediu-lhe para regar o troco seco de uma planta e que sua obediência foi premiada por Deus, pois a videira, até hoje, é vigorosa. Com o passar dos anos, Rita distinguiu-se como religiosa humilde, zelosa na oração e nos trabalhos que lhe eram confiados, capaz de fazer frequentes jejuns e penitências. Suas virtudes tornaram-se famosas até fora dos muros do Mosteiro, também por causa das suas obras de caridade, juntamente com algumas coirmãs; além da sua vida de oração, ela visitava os idosos, cuidava dos enfermos e assistia aos pobres.

A Santa das rosas
Cada vez mais imersa na contemplação de Cristo, Rita pediu-lhe para participar da sua Paixão. Em 1432, absorvida em oração, recebeu a ferida na fronte de um espinho da coroa do Crucifixo. O estigma permaneceu, por quinze anos, até à sua morte. No inverno, que precedeu a sua morte, enferma e obrigada a ficar acamada, Rita pediu a uma prima, que lhe veio visitar em Roccaporena, dois figos e uma rosa do jardim da casa paterna. Era janeiro, período de inverno na Itália, mas a jovem aceitou seu pedido, pensando que Rita estivesse delirando por causa da doença. Ao voltar para casa, ficou maravilhada por ver a rosa e os figos no jardim e, imediatamente, os levou a Rita. Para ela, estes eram sinais da bondade de Deus, que acolheu no Céu seus dois filhos e seu marido.
Santa Rita expirou na noite entre 21 e 22 de maio de 1447. Devido ao grande culto que brotou logo depois da sua morte, o corpo de Rita nunca foi enterrado, mas mantido em uma urna de vidro. Rita conseguiu reflorescer, apesar dos espinhos que a vida lhe reservou, espalhando o bom perfume de Cristo e aquecendo tantos corações no seu gélido inverno. Por este motivo e em recordação do prodígio de Roccaporena, a rosa é, por excelência, o símbolo de Rita.
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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF