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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Fundamento Bíblico da Teologia Católica: Mariologia (Parte 3/6)

Ecclesia
Tradução: Carlos Martins Nabeto

III. DA CONCEPÇÃO À ASSUNÇÃO: OUTRAS PRERROGATIVAS
Em suma:
1. Imune à concupiscência.
2. Imune ao pecado venial.
3. Foi apresentada no Templo.
4. Fez voto de virgindade.
5. Casou-se com José, seu consanguíneo.
6. O Arcanjo Gabriel foi eleito por Deus como mensageiro da Encarnação.
7. Apareceu a ela em visão corporal.
8. O Arcanjo lhe propôs três fins ao visitá-la
9. Foi constituída no Templo mais grandioso da Trindade
10. A Encarnação devia ser anunciada para obter seu livre consentimento
11. Conheceu vários idiomas
1. MARIA FOI IMUNE À CONCUPISCÊNCIA
Concupiscência, no sentido dogmático, é o apetite cujo movimento transtorna o ato deliberativo e o ditame da razão, persistente contra o império da vontade.
Maria foi imune ao pecado original e uma das conseqüências foi imunidade à concupiscência.
O pecado venial é conseqüência da concupiscência. Como Maria nunca teve pecado venial, deduz-se que esteve livre de toda concupiscência.
Parece mais congruente que Maria nunca tivesse pecado por ser dotada do dom da integridade do que pelo governo interior de seus desejos.
2. MARIA FOI IMUNE A TODO PECADO VENIAL
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo'” (Lucas 1,28).
Esclarecimento: A plenitude da graça afirmada pelo anjo não seria tal se tivesse existido nela qualquer pecado. Além disso, se Maria tivesse pecado alguma vez, tal ignomínia teria redundado no Filho, identificado com a própria sabedoria e santidade de Deus.
3. A VIRGEM MARIA FOI APRESENTADA NO TEMPLO PARA QUE SE DEDICASSE TEMPORALMENTE AO SERVIÇO DO SENHOR
Não há textos claros na Sagrada Escritura que demonstrem este fato histórico; porém, pode ser deduzido do costume de muitas mulheres, naquele tempo, serem apresentadas para que se dedicassem à oração, ao jejum e ao serviço do tabernáculo.
“Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Após a virgindade, vivera sete anos com o marido; ficou viúva e chegou aos oitenta e quatro anos. Não deixava o Templo, servindo a Deus dia e noite com jejuns e orações” (Lucas 2,36-37).
4. É MUITO PROVÁVEL QUE MARIA, ANTES DO ANÚNCIO DO ANJO, TIVESSE FEITO A DEUS VOTO DE VIRGINDADE
“Maria respondeu ao Anjo: ‘Como se dará isto, já que não conheço varão?'” (Lucas 1,34).
Esclarecimento: Santo Agostinho e muitos teólogos explicam esta pergunta apontando que ela já tinha feito voto de virgindade. São Tomás afirma que as obras de perfeição são mais louváveis se feitas por voto e que, portanto, Maria tinha consagrado sua virgindade a Deus.
5. A VIRGEM MARIA, COMO FILHA ÚNICA DOS BENS PATERNOS, CASOU-SE COM JOSÉ, SEU CONSANGUÍNEO MAIS PRÓXIMO, EM RAZÃO DO MANDAMENTO DA LEI DE MOISÉS
“Casar-se-ão com quem lhes agradar, conquanto que se casem com alguém de um clã da tribo do seu pai. A herança dos filhos de Israel não passará de tribo a tribo; os filhos de Israel permanecerão vinculados, cada um, à herança da sua tribo” (Números 36,6-7).
Esclarecimento: Alguns dizem que o matrimônio de Maria com José foi em razão do milagre da vara florida; outros, por inspiração divina; outros, por indicação expressa de um anjo. Porém, a razão que encontra fundamento na Sagrada Escritura é a prescrição da Lei de Moisés.
6. O ARCANJO GABRIEL FOI ELEITO POR DEUS COMO MENSAGEIRO DO MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria” (Lucas 1,26-27).
Esclarecimento: Gabriel significa “Fortaleza de Deus” e por isso foi eleito para anunciar a Cristo, que deveria lutar contra o diabo e obter contra ele a vitória mais completa.
7. O ARCANJO GABRIEL APARECEU À VIRGEM MARIA EM VISÃO CORPORAL
Não consta claramente na Sagrada Escritura; porém, isto pode ser deduzido dos seguintes detalhes:
a) Da entrada do Arcanjo no local onde Maria se encontrava:
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça'” (Lucas 1,28).
b) Maria ficou perturbada, pois nunca tinha sido saudada por um varão:
“Ela ficou perturbada por essas palavras” (Lucas 1,29).
c) Maria, que a princípio temia o homem, acaba o diálogo intrépida com o Arcanjo:
“Disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas 1,38).
d) A saída do Arcanjo:
“E o anjo, deixando-a, se foi” (Lucas 1,38).
Esclarecimento: Da entrada do Arcanjo, do temor da Virgem Maria e da saída do mesmo, parece que este lhe tenha aparecido em forma corporal visível.
8. O ARCANJO GABRIEL PROPÔS TRÊS FINALIDADES AO VISITAR A VIRGEM MARIA: DEIXÁ-LA CONSIDERAR SOBRE TÃO GRANDE MISTÉRIO; INSTRUÍ-LA SOBRE O MESMO; E MOVER SUA VONTADE PARA QUE ACEITASSE SER A MÃE DO VERBO ENCARNADO
a) Deixá-la considerar sobre o mistério:
“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lucas 1,28).
b) Instruí-la sobre o mesmo mistério:
“Conceberás no teu seio e darás à luz um filho” (Lucas 1,31).
c) Mover sua vontade para que aceitasse ser a Mãe do Verbo Encarnado:
1º) Propondo-lhe o exemplo de Isabel:
“Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice” (Lucas 1,36)
2º) Apoiando-se na onipotência de Deus:
“Porque nada é impossível para Deus” (Lucas 1,37).
9. A VIRGEM MARIA FOI CONSTITUÍDA NO TEMPLO GRANDIOSO E PERFEITO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
a) Toda alma em graça é constituída em santuário de Deus:
“Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1João 4,16).
b) A Virgem Maria foi cheia de graça:
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo'” (Lucas 1,28).
c) A maior grandiosidade e perfeição de Maria, como Templo da Trindade, correspondem à plenitude da graça com que Deus a dotou.
10. A ENCARNAÇÃO DEVIA SER ANUNCIADA À VIRGEM MARIA, PARA OBTER SEU LIVRE CONSENTIMENTO, SEM O QUAL NÃO TERIA COMO SE REALIZAR
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo’. Ela ficou perturbada com estas palavras e pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo lhe disse: ‘Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; reinará sobre a casa de Jacó pelos séculos e seu reino não terá fim’. Maria respondeu ao anjo: ‘Como se dará isto, já que não conheço varão?’. O anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso, aquele que há de nascer será santo e será chamado ‘Filho de Deus'” (Lucas 1,28-35).
Esclarecimento: Nesta narração, aparece o pedido de consentimento à Virgem Maria, para a realização da obra da Encarnação; o anjo não a intimida sobre o decreto da vontade divina, como se devesse ser realizado ainda que sem a vontade dela; ao contrário, expõe a Maria o desígnio de Deus e quando Maria opõe-lhe o voto de virgindade como obstáculo, o anjo contesta sua objeção e não se retira até que, convencida de que teria conservada íntegra sua virgindade, deu seu consentimento dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo, deixando-a, se foi (Lucas 1,38).
11. A VIRGEM MARIA CONHECEU E FALOU VÁRIOS IDIOMAS DURANTE SUA VIDA SOBRE A TERRA
Não existem textos da Sagrada Escritura que contenham esta verdade; porém, pode ser deduzida dos seguintes:
a) Falou normalmente com os Magos, no idioma destes, durante sua visita:
“Entraram na casa e viram o menino com sua Mãe Maria; e, prostrando-se, o adoraram; depois, abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2,11).
b) Em suas relações normais com os habitantes do Egito, conversaria igualmente com eles:
“Ele (José) se levantou durante a noite, tomou o Menino e sua Mãe, e se retirou para o Egito; e ali ficou até a morte de Herodes” (Mateus 2,14-15).
Veritatis Splendor 

Beato Charles de Foucauld será proclamado santo

Beato Charles de Foucauld. Foto: Domínio público
Vaticano, 27 Mai. 20 / 05:00 pm (ACI).- O sacerdote e missionário francês Charles de Foucauld será proclamado santo depois que o Papa Francisco reconheceu o milagre atribuído à sua intercessão através da assinatura do decreto da Congregação para as Causas dos Santos.
Depois de uma primeira etapa de sua vida afastado da fé, Charles de Foucauld, pertencente a uma família aristocrática, experimentou uma profunda conversão depois de testemunhar a religiosidade dos muçulmanos durante uma viagem ao Marrocos e de experimentar a fé cristã de sua família na França.
Após um longo caminho em busca de sua vocação, foi ordenado sacerdote e mudou-se para a África, onde realizou intenso trabalho missionário baseado no diálogo com o Islã e na luta contra a escravidão.
O Beato Charles de Foucauld nasceu na cidade francesa de Estrasburgo, em 15 de setembro de 1858. Aos 6 anos de idade ficou órfão e cresceu com o irmão na casa dos avós. Estudou com os jesuítas em Nancy e em Paris.
Durante a sua adolescência, ele se distanciou da fé e se entregou a uma vida mundana, embora sempre demonstrasse grande força de vontade e capacidade inata de superação. Entrou para a carreira militar, uma vocação que seu avô tentou incutir nele desde pequeno, mas foi expulso por má conduta e fugiu com sua amante.
Posteriormente, retornou ao exército, mas essa segunda experiência militar também não deu certo e renunciou para se dedicar ao estudo das línguas semitas, em concreto, o árabe e o hebreu.
Suas inquietações o levaram a uma perigosa viagem ao Marrocos de 1883 a 1884, fazendo-se passar por religioso judeu. Também percorreu parte da Argélia e Tunísia e realizou importantes trabalhos cartográficos que lhe renderam a medalha de ouro da Sociedade Francesa de Geografia.
O contato com os muçulmanos o levou a se perguntar sobre Deus. Ficou impressionado com a religiosidade islâmica e como os muçulmanos levavam a sério sua religião enquanto ele tinha se dedicado a desperdiçar dinheiro em aventuras.
De volta à França, a chama da espiritualidade acendeu nele quando compreendeu a fé cristã de sua família. Entrou em contato com o sacerdote Pe. Huvelin e, graças a ele, voltou ao cristianismo em outubro de 1886, quando tinha 28 anos.
Para aprofundar sua fé, fez uma peregrinação à Terra Santa e lá descobriu sua vocação. Durante 7 anos, morou em diferentes mosteiros trapistas, primeiro em Nossa Senhora das Neves e depois no mosteiro sírio de Akbes. Mais tarde, mudou-se para Roma para estudar e depois se retirou para morar sozinho em oração e adoração junto às Clarissas de Nazaré.
Foi ordenado sacerdote em 1901, aos 43 anos, e empreendeu uma nova viagem ao Saara, onde iniciou sua missão com os tuaregues na aldeia de Tamanrasset. Lá, evangelizou os povos do deserto e lutou contra a escravidão: começou a comprar escravos para libertá-los.
Escreveu vários livros sobre a cultura dos tuaregues e de outros povos saarauís e traduziu os Evangelhos para o seu idioma.
Em 1909, fundou a União de Irmãos e Irmãs do Sagrado Coração com a missão de evangelizar as colônias francesas na África. Os povos berberes, maioria no noroeste da África, reconheceram que a missão de Charles de Foucauld gerava sentimentos amigáveis ​​em relação aos franceses.
Foi assassinado, em 1º de dezembro de 1916, na porta de sua ermida durante uma revolta antifrancesa na Argélia.
Do seu carisma surgiram dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual. Ele foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 2005.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Da Providência Divina (Parte 1/10)

Canção Nova
DA  PROVIDÊNCIA DIVINA
São Tomás de Aquino
(cf. Suma Teológica)
ARTIGO 1º – A QUAIS DOS ATRIBUTOS DIVINOS DEVE-SE REDUZIR A PROVIDÊNCIA DIVINA.
Respondo dizendo que as coisas que inteligimos de Deus, por causa da imbecilidade ou enfermidade do nosso intelecto, não as podemos conhecer senão a partir das coisas que existem junto a nós. E por isto, para que saibamos como a Providência é dita em Deus, deve-se examinar como a Providência existe em nós.
1. Deve-se saber, portanto, que Túlio, no segundo livro da Velha Retórica, colocou a providência como parte da prudência, a qual é parte da prudência como que completiva. De fato, as outras duas partes, a saber, a memória e a inteligência, não são senão certas preparações ao ato da prudência.
A prudência, porém, segundo o Filósofo no VI da Ética, é a reta razão dos agíveis. E diferem os agíveis dos factíveis, porque factíveis são ditas aquelas coisas que procedem do agente em direção à matéria externa, assim como uma cadeira e uma casa, e a reta razão destas coisas é a arte. Mas agíveis são ditos as ações que não progridem para fora do agente, sendo atos aperfeiçoantes do mesmo, assim como viver castamente, comportar-se pacientemente e outros tais, e destas a reta razão é a prudência.
Mas nestes agíveis duas coisas devem ser consideradas, a saber, o fim e aquilo que é meio para o fim. A prudência dirige naquelas coisas que são meios para o fim; de fato, alguém é dito prudente na medida em que é bom conselheiro, conforme é dito no VI da Ética. Ora, o conselho não é do fim, mas das coisas que são meios para o fim, conforme está dito no III da Ética.
Porém o fim dos agíveis pre-existe em nós de dois modos. De um primeiro modo, pelo conhecimento natural do fim do homem, o qual conhecimento natural pertence ao intelecto que é tanto dos princípios dos operáveis quanto dos especuláveis, conforme diz o Filósofo no VI da Ética. Ora, os princípios dos operáveis são os fins, conforme se diz no mesmo livro.
De um segundo modo, o fim dos agíveis pré-existe em nós quanto aos afeto, e segundo este outro modo os fins dos agíveis estão em nós pelas virtudes morais, pelas quais o homem se afeiçoa à vida segundo a justiça, a fortaleza ou a temperança, que é como que o fim próximo dos agíveis.
De um modo semelhante somos aperfeiçoados quanto às coisas que são meios para o fim, tanto quanto ao conhecimento como quanto ao apetite. Quanto ao conhecimento o somos pelo conselho, e quanto ao apetite o somos pela eleição, e em ambas estas coisas somos dirigidos pela prudência.
2. É evidente, portanto, que pertence à prudência dispor ordenadamente em relação ao fim certas coisas que são meios para se alcançá-lo. Ora, esta ação de dispor as coisas que são meios para se alcançar um fim, ordenando-as ao fim pela prudência, se dá por modo de um certo raciocínio cujos princípios são os fins. De fato, destes fins é que vem toda a razão da ordem situada em todos os operáveis, assim como manifestamente aparece nas coisas artificiais. Portanto, para que alguém seja prudente, é necessário que se tenha corretamente para com os próprios fins. Não pode existir, de fato, a reta razão a não ser que se salvem os princípios da razão. E por isso para a prudência se requerem o intelecto dos fins e as virtudes morais, pelas quais os afetos são corretamente postos no fim; e por causa disso é necessário que todo homem prudente seja virtuoso, conforme se diz no VI da Ética.
Ora, em todas as virtudes e os atos ordenados da alma isto é comum, que a virtude do primeiro se salve em todos os seguintes; e portanto na prudência de uma certa maneira inclui-se a vontade, que é do fim, e o conhecimento do fim.
3. Do que foi dito fica evidente como a providência se situa para com as demais coisas que são ditas de Deus.
A ciência, de modo geral, está tanto para o conhecimento do fim como das coisas que são meios para o fim; pela ciência, de fato, Deus conhece a si e às criaturas.
Mas a providência pertence somente ao conhecimento das coisas que são meios para o fim, na medida em que são ordenadas ao fim; e por isso a providência inclui a ciência e a vontade; porém, situa-se essencialmente no conhecimento; não, entretanto, no especulativo, mas no prático.
Já a potência é executiva da providência, de onde que o ato da potência pressupõe o ato da providência como um dirigente, daí que na providência não esteja incluída a potência assim como estava a vontade.
Veritatis Splendor

Padre Jeová Elias Ferreira: Novo bispo da diocese de Goiás (GO)

Ordenação Episcopal (CNBB / Centro-Oeste)
Padre Jeová Elias Ferreira nasceu em 24 de agosto de 1961, em Sobral (CE). Estudou Filosofia no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, de 1985 a 1987, sendo licenciado pela Universidade Estadual do Ceará, em 2000. Estudou Teologia no mesmo seminário, tornando-se bacharel, com reconhecimento pela Universidade Pontifícia Bolivariana, Medellín, em 2017.
Foi ordenado padre em 30 de novembro de 1991, na catedral metropolitana de Brasília (DF). Na arquidiocese de Brasília, exerceu a função de pároco nas seguintes paróquias: Santíssima Trindade, Ceilândia; Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Sobradinho e Nossa Senhora de
Nazaré em Planaltina.
O padre aprofundou seus estudos em teologia pastoral e também foi professor de Doutrina Social da Igreja no Seminário Nossa Senhora de Fátima, da arquidiocese de Brasília, de 2004 a 2005. Também foi membro do Colégio de Consultores, do Conselho Econômico, vigário episcopal do Vicariato Norte. Atualmente exerce a função de vigário-geral na arquidiocese de Brasília (DF).
CNBB

Papa reconhece milagre atribuído à intercessão do Beato Charles de Foucauld

Beato Charles de Foucauld e seu ermitério
Beato Charles de Foucauld e seu ermitério
O Santo Padre, entre outros, também reconheceu o martírio de um sacerdote franciscano italiano morto em El Salvador em 1980 e o milagre atribuído ao fundador dos Cavaleiros de Colombo
Cidade do Vaticano

Em 26 de maio de 2020, o Papa Francisco recebeu em audiência o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, ocasião em que autorizou a mesma Congregação a promulgar os Decretos relativos:

- ao milagre atribuído à intercessão do Beato Cesare de Bus, sacerdote, fundador da Congregação dos Padres da Doutrina Cristã (Doutrinários); nascido em 3 de fevereiro de 1544 em Cavaillon (França), faleceu em Avignon (França) em 15 de abril de 1607;

- ao milagre atribuído à intercessão do Beato Charles de Foucauld; sacerdote diocesano, nascido em Estrasburgo (França) em 15 de setembro de 1858 e falecido em Tamanrasset (Argélia) em 1º de dezembro de 1916;

- ao milagre atribuído à intercessão da Beata Maria Domenica Mantovani, co-fundadora e primeira Superiora Geral do Instituto das Pequenas Irmãs da Sagrada Família; nascida em 12 de novembro de 1862 em Castelletto di Brenzone (Itália), faleceu em 2 de fevereiro de 1934;

- ao milagre atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus Michele McGivney, sacerdote diocesano, fundador da Ordem dos Cavaleiros de Colombo, v.d. The Knights of Columbus; nasceu em 12 de agosto de 1852 em Waterbury (Estados Unidos da América) e faleceu em Thomaston (Estados Unidos da América) em 14 de agosto de 1890;

- ao milagre atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Pauline Maria Jaricot, fundadora das Obras do "Conselho de Propagação da Fé" e do "Rosário Vivo"; nasceu em 22 de julho de 1799 em Lyon (França) e morreu em 9 de janeiro de 1862;

- ao martírio dos Servos de Deus Simeone Cardon e 5 Companheiros, professos religiosos da Congregação Cisterciense de Casamari; mortos em Casamari, por ódio à fé, entre 13 e 16 de maio de 1799;

- ao martírio do Servo de Deus Cosme Spessotto (também conhecido como: Sante), professo sacerdote da Ordem dos Frades Menores; nascido em Mansué (Itália) e morto em San Juan Nonualco (El Salvador), por ódio à fé, em 14 de junho de 1980;

- às virtudes heroicas do Servo de Deus Melchiorre Maria de Marion Brésillac, bispo titular de Prusa, ex-vigário apostólico de Coimbaore, fundador da Sociedade de Missões Africanas; nasceu em 2 de dezembro de 1813 em Castelnaudary (França) e morreu em Freetown (Serra Leoa) em 25 de junho de 1859.

Vatican News

Fundamento Bíblico da Teologia Católica: Mariologia (Parte 2/6)

Ecclesia
Tradução: Carlos Martins Nabeto

II. DA CONCEPÇÃO À ASSUNÇÃO: GRAÇA
Em suma:
1. Foi concebida por geração seminal
2. Foi preservada do pecado original
3. Sua graça, desde o primeiro instante, foi mais abundante do que a de todos os anjos e homens
4. Sua graça foi aumentando enquanto viveu sobre a terra
5. Supera muitíssimo todas as demais criaturas
1. A VIRGEM MARIA FOI CONCEBIDA POR SEUS PAIS DE MODO NATURAL, ISTO É, ATRAVÉS DE GERAÇÃO SEMINAL
Não consta claramente na Sagrada Escritura, mas é possível efetuar deduções dignas de crédito:
“O anjo lhe respondeu: ‘O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra” (Lucas 1,35).
Esclarecimento: É evidente que “concebeu”, porém que não “foi concebida” por obra milagrosa do Espírito Santo. Ademais, o privilégio de ser concebido milagrosamente exige-se pela dignidade da união hipostática, que é própria apenas de Cristo.
“E o Verbo se fez carne” (João 1,14).
2. A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA FOI PRESERVADA IMUNE DO PECADO ORIGINAL, POR GRAÇA E PRIVILÉGIO DE DEUS, DESDE O PRIMEIRO INSTANTE DE SUA CONCEPÇÃO E EM RAZÃO DOS MÉRITOS DE CRISTO, SALVADOR DO GÊNERO HUMANO
a) No Antigo Testamento:
“Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênese 3,15).
Esclarecimentos:
– Tua linhagem: os pecadores.
– Linhagem dela: o Messias, Cristo.
– A mulher: Maria.
– Hostilidade: negação de qualquer relação amistosa com o diabo; imunidade perfeita contra a escravidão do diabo; imunidade perfeita de todo pecado; libertação do reino do diabo e de sua hostilidade que tende a fazer buscar o mal.
Disto se deduz a hostilidade comum da mulher (Maria) e de sua descendência (Cristo). Portanto, o triunfo está consumado e é comum a um e ao outro, ou seja, a hostilidade e o triunfo de Cristo e Maria contra o diabo é comum a ambos. Com efeito, a hostilidade de Cristo contra o diabo é absoluta e perpétua, com triunfo totalmente perfeito; e o mesmo ocorre com Maria.
Tal hostilidade e triunfo de Maria contra o diabo não poderiam ocorrer se ela tivesse sido manchada pelo pecado original. Conseqüentemente, Maria nunca teve a mancha do pecado original, ou seja, foi preservada dele.
b) No Novo Testamento:
“Entrando onde ela estava, disse-lhe: ‘Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo'” (Lucas 1,28).
Esclarecimentos:
Esta saudação solene e sem igual expressa uma denominação nova e própria, adequada e proporcional à dignidade da Mãe de Deus. Porém, esta plenitude da graça não exclui nenhum grau de limitação que Deus pode conceder a uma pessoa criada, nem em abundância, nem em duração. Por conseguinte, Maria obteve uma união contínua com Deus pela graça concedida desde o primeiro instante de sua concepção e na plenitude máxima de que era capaz como criatura. Logo, em Maria jamais houve algum pecado, o qual é diametralmente oposto à graça.
Comparando os dois textos [A.T. x N.T.], vê-se que a plenitude da graça que o anjo reconhece a ela está em perfeita consonância com a hostilidade perpétua e absoluta com o diabo.
3. A GRAÇA CONCEDIDA À VIRGEM MARIA, NO PRIMEIRO INSTANTE DE SUA CONCEPÇÃO, FOI MAIS ABUNDANTE QUE A GRAÇA CONCEDIDA AOS ANJOS E AOS HOMENS, CONSIDERADOS COLETIVAMENTE
Não há textos claros na Sagrada Escritura para apoiar esta verdade; porém, existem duas alusões que permitem afirmá-la sem temer incorrer em erro:
“Fundada sobre as montanhas sagradas, Iahweh ama as portas de Sião mais que todas as moradas de Jacó” (Salmo 86,1-2)
Esclarecimento: Onde os outros se consumam e terminar, ali começa a Virgem Maria.
“Dias virão em que o monte da casa de Iahweh será estabelecido no mais alto das montanhas e se alçará acima de todos os outeiros” (Isaías 2,2).
Esclarecimento: A graça que para outros foi vértice e ápice, para Maria foi raiz e fundamento (São Gregório).
4. A VIRGEM MARIA FOI RECEBENDO AUMENTO DA GRAÇA ENQUANTO VIVEU SOBRE A TERRA.
Não há testemunho certo na Sagrada Escritura; porém, podem ser aplicadas a ela estas palavras:
“Mas a senda dos justos brilha como a aurora e vai alumiando até que se faça o dia” (Provérbios 4,18).
5. MARIA SUPERA MUITÍSSIMO TODAS AS DEMAIS CRIATURAS NA PLENITUDE DAS GRAÇAS
“Cheia de Graça” (Lucas 1,28)
Esclarecimento: Maria é saudada pelo Anjo com a denominação “Cheia de Graça” como nome próprio que a distingue e destaca de todas as outras criaturas.
“O Senhor é contigo” (Lucas 1,28)
Esclarecimento: Expressa a proteção de Deus para que possa cumprir a altíssima missão que lhe foi confiada; e como isto exige extraordinária santidade interna, verifica-se que a graça que lhe foi concedida é muito maior que a de todas as demais criaturas.
Veritatis Splendor

terça-feira, 26 de maio de 2020

Como o cristianismo conseguiu ganhar força depois de duas pandemias

CRUCIFIX
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Alguns comportamentos dos cristãos durante as pandemias dos séculos primeiro e segundo levaram à expansão da Igreja.

Você sabia que o cristianismo se tornou a força dominante no Ocidente por causa de duas pandemias?
Em seu livro The Rise of Christianity (“A expansão do Cristianismo”), o estudioso Rodney Stark explica que foram duas grandes epidemias, uma em 165 e outra cem anos depois, que abriram o caminho para o cristianismo no Ocidente.
“Se a sociedade clássica não tivesse sido perturbada e desmoralizada por essas catástrofes, o cristianismo poderia nunca ter se tornado uma fé tão dominante”, diz ele.
Mas como isso aconteceu? E o que podemos aprender com esses cristãos do passado?
Primeiro: os cristãos tinham esperança diante das dificuldades. Os deuses pagãos em que os romanos se baseavam falharam em tempos difíceis. “Em contraste, o cristianismo ofereceu um relato mais satisfatório do motivo pelo qual esses tempos terríveis caíram sobre a humanidade”, escreve Stark. “O cristianismo projetou um retrato esperançoso e entusiasmado do futuro.” Os cristãos sabem que as dificuldades virão – e sabemos que a vida é cheia de beleza e graça de qualquer maneira.
Segundo: os cristãos tinham esperança diante da morte. Stark diz que encontrou pela primeira vez a ideia de que o cristianismo se levantou em meio à pandemia no livro de William McNeill, Plagues and Peoples (“Pragas e Pessoas”).”Outra vantagem que os cristãos tinham sobre os pagãos era que os ensinamentos de sua fé tornavam a vida significativa, mesmo em meio à morte súbita e surpreendente”, escreveu McNeill. “[Todo] um remanescente destruído de sobreviventes da guerra, da pestilência ou de ambas puderam encontrar um consolo imediato e caloroso na visão da existência celestial”.
Terceiro: os cristãos se destacaram na construção da comunidade. Como estamos aprendendo da maneira mais difícil em nosso tempo, a comunidade é absolutamente necessária para a sobrevivência humana. O que está chegando a nós como uma lição dolorosa do que esquecemos veio aos primeiros cristãos como uma descoberta emocionante. “O cristianismo não cresceu por causa de milagres nos mercados, porque Constantino disse que deveria ou porque os mártires lhe deram tanta credibilidade. Cresceu porque os cristãos constituíam uma comunidade intensa”, escreveu Stark. Os cristãos ofereciam cuidado e dignidade aos desabrigados e pobres, permitiam que estranhos encontrassem um lugar em uma nova cidade e foram pacificadores em meio à violência étnica. “Os valores cristãos do amor e da caridade foram, desde o início, traduzidos em normas de serviço social e solidariedade comunitária”, escreveu Stark.
Quarto: o cristianismo se saiu bem porque os cristãos eram caridosos. Os cristãos serviam aos outros com cuidado e intencionalidade, promovendo a cura e a esperança. Stark menciona uma carta de Páscoa de Dionísio, bispo de Alexandria, comemorando os cristãos que ajudavam os doentes. Dionísio escreveu: “A maioria dos nossos irmãos cristãos mostrou amor e lealdade ilimitados, nunca se poupando e pensando apenas no outro. Indiferentes ao perigo, eles cuidavam dos doentes, atendendo a todas em suas necessidades e ministrando-os em Cristo. ”
Quinto: os primeiros cristãos eram grandes evangelizadores. A característica mais importante de todas, no entanto, diz Stark, foi a propensão do cristianismo a compartilhar a Boa-Nova. “[O] principal meio de seu crescimento foi através dos esforços unidos e motivados de um número crescente de crentes cristãos, que convidavam seus amigos, parentes e vizinhos para compartilhar a ‘boa- nova'”, disse ele.
Mas será que tudo isso ainda descreve os cristãos de nosso tempo? Ainda temos esperança? Os cristãos ainda constroem comunidades fortes? Estamos ansiosos e entusiasmados em evangelizar?
Pode ser que a esperança na pandemia tenha vindo de outro lugar. E pode ter sido que fizemos pouco – fizemos o mínimo, ou menos, e não evangelizamos, mas acusamos, reclamamos e criticamos. O que me leva a pensar no outro motivo pelo qual a Igreja primitiva triunfou: o perdão.
A igreja primitiva não era perfeita. Em 250, o imperador exigiu que todos os cidadãos romanos se sacrificassem publicamente pelos ídolos. Muitos cristãos – incluindo líderes da Igreja – fugiram, deixando seus rebanhos abandonados.
Para avançar, a Igreja teve que encontrar uma maneira de perdoar os “caducados” – aqueles que haviam se comportado com covardia. Esse esforço ajudou a dar ao Sacramento da Reconciliação a sua forma atual
Nós também podemos ficar com raiva da Igreja, de nossos vizinhos ou de nós mesmos, pela maneira como todos nos comportamos na pandemia. Porém, agora precisamos, acima de tudo, de ter esperança, construir comunidades, servir, evangelizar e perdoar.
É um novo dia, e o campo está maduro para a colheita!
Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF