Translate

quarta-feira, 17 de junho de 2020

São João Paulo II: a crise ecológica é um problema moral

Papa João Paulo II no Vale d'Aosta, no ano 2000
Papa João Paulo II no Vale d'Aosta, no ano 2000

Há 30 anos, em sua mensagem para o XXIII Dia Mundial da Paz, São João Paulo II chamava a atenção que “existe no universo uma ordem que deve ser respeitada; e a pessoa humana, dotada da possibilidade de livre escolha, tem uma grave responsabilidade na preservação desta ordem, também em função do bem-estar das gerações futuras (...). A questão ecológica nos dias de hoje assumiu tais dimensões, que nela está envolvida a responsabilidade de todos”.

Vatican News

“O respeito pela vida e pela dignidade da pessoa humana inclui também o respeito e o cuidado pelo universo criado, que está chamado a unir-se com o homem para glorificar a Deus”.
Ao ler, quer esta passagem colocada ao final, como as linhas iniciais do texto, não teríamos dúvidas em afirmar tratar-se de uma mensagem escrita pelo Papa Francisco sobre o cuidado com a Casa comum, indissociável do respeito pela dignidade do homem.

Trata-se, na verdade, da mensagem de São João Paulo II intitulada “Paz com Deus criador, paz com toda a criação”, com a data de 8 de dezembro de 1989, divulgada por ocasião do XXIII do Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de 1990, onde o então Pontífice afirma ser a crise ecológica um problema moral.

A base da Laudato Si

 

Não seria equivocado afirmar que a mensagem do Papa polonês divulgada há mais de 30 anos, lançou as bases para a Encíclia Laudato Si do Papa Francisco, da qual comemoramos os cinco anos de publicação. Na realidade, o magistério de Francisco está em total continuidade com o Papa polonês quando levantou estas questões.

 

A preocupação com a saúde da criação começou a ganhar corpo em alguns países principalmente a partir dos anos 70-80, e envolveu também a questão da guerra e do uso da energia nuclear e seus riscos. O acidente de Chernobyl em abril de 1986 - considerado o maior acidente nuclear da história - afetou seriamente a Ucrânia, Belarus e Rússia, lançou uma nuvem radioativa sobre parte da Europa, acendendo um sinal de alerta em relação à segurança destas usinas, e não só.

 

Sustentabilidade, reciclagem, uso energias alternativas geradas pelo sol e pelo vento, poluição do ar e dos oceanos, desperdício, efeito estufa, agricultura orgânica, pesticidas, são questões que passaram a ser discutidas em círculos mais amplos, ganhando espaço mesmo na legislação de muitos Estados. E também passou a se tornar uma preocupação da Igreja.

 

“Observa-se nos nossos dias uma consciência crescente de que a paz mundial está ameaçada, não apenas pela corrida aos armamentos, pelos conflitos regionais e por causa das injustiças que ainda existem no seio dos povos e entre as nações, mas também pela falta do respeito devido à natureza, pela desordenada exploração dos seus recursos e pela progressiva deterioração da qualidade de vida. Semelhante situação gera um sentido de precariedade e de insegurança, que, por sua vez, favorece formas de egoísmo coletivo, de açambarcamento e de prevaricação”, escreve São João Paulo II no n.1 do documento, recordando logo a seguir, que “a experiência deste «sofrimento» da terra” é compartilhada por cristãos e não cristãos: “Estão, efetivamente, diante dos olhos de todos as devastações crescentes, causadas no mundo da natureza pelo comportamento de homens indiferentes às exigências da ordem e da harmonia que o regem, exigências recônditas sim, mas claramente perceptíveis.”

 

Visão moral do mundo


Sua mensagem está subdividida em uma introdução e quatro capítulos, a saber: e Deus viu que as coisas eram boas; a crise ecológica: um problema moral; em busca de uma solução; a urgência de uma nova solidariedade; a questão ecológica: uma responsabilidade para todos.

 

O Papa polonês fala da formação de uma “consciência ecológica” que não deve ser reprimida, mas sim favorecida, “de maneira que se desenvolva e vá amadurecendo até encontrar expressão adequada em programas e iniciativas concretas”, e afirma que a interligação de muitos desafios enfrentados pelo mundo, exigem “soluções coordenadas e baseadas numa coerente visão moral do mundo”.

 

E “para os cristãos – observa -  essa visão apoia-se nas convicções religiosas derivantes da Revelação”, motivo pelo qual inicia a mensagem com uma reflexão sobre o Livro do Gênesis, que somada a outras passagens bíblicas, “lançam uma luz maior sobre a relação entre o agir humano e a integridade da criação”.

“Será possível ainda dar remédio aos danos provocados?”, pergunta Wojtyla, afirmando “ser necessário examinar a fundo e enfrentar no seu conjunto a grave crise moral de que a degradação do ambiente é um dos aspectos preocupantes.”

Um problema moral


No capítulo II, o então Pontífice inicia enumerando os elementos que revelam “o caráter moral” da atual crise ecológica, como a aplicação sem discernimento dos progressos científicos e tecnológicos; a falta de respeito pela vida, como se pode verificar em muitos comportamentos poluentes; as possibilidades formidáveis da pesquisa biológica.

Acenando para os “efeitos negativos” decorrentes de “descobertas no campo industrial e agrícola”, João Paulo II recorda que “qualquer intervenção numa área determinada do «ecossistema» não pode prescindir da considerarão das suas consequências noutras áreas e, em geral, das consequências no bem-estar das futuras gerações”, e fala das “múltiplas mudanças meteorológicas e atmosféricas, cujos efeitos vão desde o prejuízos para a saúde até à possível submersão, no futuro, de terras baixas.”

As descobertas científicas – enfatiza São João Paulo II - revelam quão nobre é a “vocação do homem para participar de modo responsável na ação criadora de Deus no mundo”, mas ao mesmo tempo observa que “o índice mais profundo e mais grave das implicações morais, ínsitas na problemática ecológica, é constituído pela falta de respeito pela vida”.

“Muitas vezes as condições da produção prevalecem sobre a dignidade do trabalhador e os interesses económicos são postos acima do bem de cada uma das pessoas, se não mesmo acima do bem de populações inteiras. Nestes casos, o inquinamento e a destruição do ambiente são fruto de uma visão redutiva e inatural que, algumas vezes, denota um verdadeiro desprezo do homem.”

Em relação à pesquisa biológica - com “uma indiscriminada manipulação genética e pelo imprudente desenvolvimento de novas plantas e de novas formas de vida animal” - João Paulo II afirma que “a norma fundamental, capaz de inspirar um sadio progresso econômico, industrial e científico, é o respeito pela vida e, em primeiro lugar, pela dignidade da pessoa humana”.

Ordem do universo deve ser respeitada


Ao falar da “busca de uma solução”, recorda inicialmente que a teologia, a filosofia e a ciência “estão de acordo quanto a uma concepção do universo harmonioso (...), dotado de uma sua integridade e um seu equilíbrio interno e dinâmico”, ordem esta que “tem de ser respeitada”. A humanidade é chamada a explorar este «cosmos» com prudente cautela e “fazer uso dele salvaguardando a sua integridade.”
“Os conceitos de ordem no universo e de herança comum põem, ambos eles, em realce, a necessidade de um sistema de gestão dos recursos da terra mais bem coordenado a nível internacional”. Disto, a responsabilidade de cada Estado, “no âmbito do próprio território”, de “prevenir a degradação da atmosfera e da biosfera, exercendo um controle atento, além do mais, sobre os efeitos das novas descobertas tecnológicas e científicas; e ainda, dando aos próprios cidadãos a garantia de não estarem expostos a agentes poluentes e a emanações tóxicas. Hoje em dia, vai-se falando cada vez mais frequentemente do direito a um ambiente seguro, como de algo que deve passar a figurar numa Carta atualizada dos direitos do homem.”

Por uma nova solidariedade


A “crise ecológica”, como a definiu, exige uma urgente necessidade moral de uma nova solidariedade, especialmente nas relações entre os países em vias de desenvolvimento e os países altamente industrializados.

“Nenhum plano e nenhuma organização, todavia, estão em condições de efetuar as mudanças entrevistas, se os responsáveis das Nações de todo o mundo não estiverem verdadeiramente convencidos da necessidade absoluta desta nova solidariedade, que é exigida pela crise ecológica e que é essencial para a paz. Semelhante exigência proporcionará ocasiões oportunas para consolidar as relações pacíficas entre os Estados.”

E assim como Francisco, o Papa polonês já defendia que somente se alcançará um justo equilíbrio ecológico, quando forem enfrentadas “as formas estruturais de pobreza existentes no mundo”. “É necessário, antes de mais, ajudar os pobres, a quem a terra está confiada, como aliás o está a todos os demais, a superarem a sua pobreza; e isto requer uma reforma corajosa das estruturas e novos esquemas nas relações entre os Estados e os povos.”

Depois de falar sobre as perigosas ameaças de uma guerra “química, bacteriológica e biológica”, São João Paulo II exorta a sociedade a rever seriamente seu estilo de vida.

“Em muitas partes do mundo, ela mostra-se propensa ao hedonismo e ao consumismo e permanece indiferente aos danos que deles derivam. Como já observei, a gravidade da situação ecológica revela quanto é profunda a crise moral do homem. Se faltar o sentido do valor da pessoa e da vida humana, dá-se o desinteresse pelos outros e pela terra. A austeridade, a temperança, a disciplina e o espírito de sacrifício devem conformar a vida de todos os dias, a fim de que não se verifique para todos o constrangimento a suportar as consequências negativas da incúria de alguns poucos.”

Conversão na maneira de pensar e agir


Para tal, urge uma “educação para a responsabilidade ecológica: responsabilidade em relação a si próprio, responsabilidade em relação aos outros e responsabilidade em relação ao ambiente”, alertando que “seu fim não pode ser ideológico nem político e a maneira de a estruturar não pode apoiar-se na rejeição do mundo moderno, nem num vago desejo de retornar ao «paraíso perdido». A educação autêntica para a responsabilidade implica uma verdadeira conversão na maneira de pensar e no comportamento.”

Responsabilidade de todos


Por fim, no último capítulo, o Pontífice polonês reitera: “A crise ecológica é um problema moral”, afirmando que a questão ecológica é responsabilidade de todos, pois seus vários aspectos, “indicam a necessidade de esforços conjugados, com o fim de estabelecer os deveres e as tarefas que competem às pessoas individualmente consideradas, aos povos, aos Estados e à Comunidade internacional. Isto não somente anda junto com as tentativas para construir a paz, mas objetivamente também as confirma e reforça”.

E “inserindo a questão ecológica no contexto mais vasto da causa da paz na sociedade humana, melhor nos darmos conta quanto é importante prestar atenção àquilo que a terra e a atmosfera nos revelam: existe no universo uma ordem que deve ser respeitada; e a pessoa humana, dotada da possibilidade de livre escolha, tem uma grave responsabilidade na preservação desta ordem, também em função do bem-estar das gerações futuras.”

Respeito pela vida inclui respeito pela criação


“Ao concluir esta Mensagem, desejo dirigir-me especialmente aos meus Irmãos e às minhas Irmãs da Igreja católica, para lhes recordar a obrigação importante de tomarem cuidado com tudo o que foi criado. O empenho de quem acredita em Deus por um ambiente sadio promana diretamente da sua fé no mesmo Deus criador, das avaliações dos efeitos do pecado original e dos pecados pessoais e da certeza de terem sido remidos por Cristo. O respeito pela vida e pela dignidade da pessoa humana inclui também o respeito e o cuidado pelo universo criado, que está chamado a unir-se com o homem para glorificar a Deus”.

“São Francisco de Assis, que proclamei em 1979 Patrono dos cultores da ecologia, dá aos cristãos o exemplo de um respeito pleno e autêntico pela integridade da criação. Amigo dos pobres e amado pelas criaturas de Deus, ele convidou a todos - animais, plantas, forças naturais e até mesmo o irmão Sol e a irmã Lua - a honrarem e louvarem o Senhor. Do mesmo « Pobrezinho » de Assis nos vem o testemunho de que: estando em paz com Deus, melhor nos podemos consagrar a construir a paz com toda a criação, inseparável da paz entre os povos.”

"São meus votos que a sua inspiração: nos ajude a conservar sempre vivo o sentido da «fraternidade» com todas as coisas boas e belas criadas por Deus omnipotente; e nos alerte para o grave dever de as respeitar e conservar com cuidado, no quadro da mais ampla e mais elevada fraternidade humana."


Vatican News

terça-feira, 16 de junho de 2020

10 curiosidades sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Imagem: Flickr - Lawrence OP (CC-BY-NC-ND-2.0)
REDAÇÃO CENTRAL, 16 Jun. 20 / 05:00 am (ACI).- “Queridos jovens, convido-os a preparar-se, na escola do Coração de Cristo, para confrontar com confiança os compromissos que os esperam no percurso da vida”, disse São João Paulo II.
A seguir, confira 10 curiosidades sobre a grande devoção ao Sagrado Coração de Jesus:
1. O simbolismo da imagem representa o imenso amor de Cristo por nós
O Sagrado Coração de Jesus aparece com uma cruz, espinhos e uma chama de fogo fazendo referência ao imenso amor de Cristo pela humanidade e que o demonstrou na cruz. Tem uma ferida no lado devido à lança do soldado romano.
2. É uma tradição muito antiga
A tradição apostólica do Coração de Cristo provém desde os primeiros séculos. Santo Agostinho (+430), Padre e Doutor da Igreja, um dia escreveu que São João, que deitou a cabeça sobre o peito de Cristo durante a última ceia, bebeu os “segredos sublimes das profundidades mais íntimas do Coração de Nosso Senhor”.
3. São Thierry e Santa Clara de Assis foram muito devotos
Na idade Média, São Thierry (+1148) ensinava que era importante “entrar plenamente no Coração de Jesus, no Santo dos Santos”. Enquanto Santa Clara de Assis (+1253) saudava muitas vezes ao dia o Sagrado Coração no Santíssimo Sacramento.
4. O hino mais antigo dedicado ao Sagrado Coração é chamado “Summi Regis Cor Aveto”
O hino mais antigo ao Sagrado Coração do Jesus é o “Summi Regis Cor Aveto”, em suas primeiras letras fala sobre a saudação que alguém faz ao coração do rei altíssimo. Considera-se que é obra de Herman Joseph (+1241), de Colônia (Alemanha).
5. Há santos que também tiveram visões desta devoção
Há vários santos que tiveram visões sobre o Coração de Jesus: Santa Lutgarda (+1246), Santa Matilde (+1298), Santa Angela de Foligno (+1309), Santa Juliana de Norwich (+1416), Santa Verônica Giuliani (+1727).
6. Santa Gertrudes, a Grande propagou a devoção ao Sagrado Coração
Santa Gertrudes, a Grande (+1302) foi uma das grandes difusoras da devoção ao Coração de Jesus. Em uma das aparições, a santa repousou sua cabeça sobre a chaga do lado do Senhor e escutou o divino coração palpitar. Depois, perguntou a São João por que não relatou isto em seu evangelho e o Apóstolo lhe respondeu que esta revelação estava reservada para outros tempos, quando o mundo precise ser reavivado no amor.
7. Santa Margarida Maria Alacoque recebeu uma mensagem do próprio Cristo
Santa Margarida Maria Alacoque (+1690) recebeu a seguinte missão de Jesus: “Peço que na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, se celebre uma Festa especial para honrar meu Coração, e que se comungue nesse dia para pedir perdão e reparar os ultrajes por ele recebidos durante o tempo que permaneceu exposto nos altares”.
8. Várias encíclicas falam do Coração de Jesus
Depois da extensão oficial da festa do Sagrado Coração para toda a Igreja a pedido do Papa Pio IX em 1856, foram escritas as seguintes encíclicas sobre o Coração de Jesus: “Annum Sacrum”, de Leão XIII, “Miserentissimus Redemptor”, de Pio XI, e “Haurietis Aquas”, de Pio XII.
9. A Festa do Imaculado Coração de Maria é celebrada um dia depois
A Festa do Imaculado Coração de Maria é celebrada no dia seguinte à Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, foi estabelecida assim pelo Papa Pio XII em 1944, porque estes dois corações são inseparáveis.
10. No mesmo dia do Sagrado Coração é realizada o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes
São João Paulo II tinha muito carinho pelo Sagrado Coração de Jesus e ordenou que na festa do divino coração fosse realizado o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Do mesmo modo, declarou que a festa do Imaculado Coração de Maria seria obrigatória em toda a Igreja universal.
ACI Digital

Por que Jesus permitiu que transpassassem seu Sagrado Coração na cruz?

REDAÇÃO CENTRAL, 15 Jun. 20 / 06:00 am (ACI).- Nas Sagradas Escrituras se narra que Jesus, morto na cruz, teve o coração transpassado por uma lança. Séculos depois, o Senhor revelou a Santa Catarina de Sena, italiana e doutora da Igreja, a mensagem contida neste fato.

A Santa perguntou ao Senhor: “Doce Cordeiro sem mancha, Tu estavas morto quando teu peito foi aberto. Por que então, permitiste que Teu Coração fosse ferido e aberto com tanta violência?”.
Jesus respondeu: “Eu tinha várias razões, mas vou lhe dizer a principal. Meu amor pelo gênero humano era infinito, enquanto os tormentos e os sofrimentos que eu suportava eram finitos”.
“Já que meu amor é infinito, eu não podia por este sofrimento manifestar o quanto te amo. Por isso, mostrando meu lado aberto, eu queria que vissem o segredo do meu coração: que eu amava vocês muito mais do que eu podia mostrar com o meu sofrimento finito”.
Posteriormente, no século XVII, Jesus Cristo apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, mostrando-lhe o seu coração e disse:
“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim”.
“Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”
Neste ano, a Igreja celebrará a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus nesta sexta-feira, 19 de junho, e no dia seguinte será celebrado o Imaculado Coração de Maria, que estava sempre unida ao seu Filho.
ACI Digital

Por que estamos ficando cansados de conversar por vídeo?

CONFERENCING CALL,
Girts Ragelis | Shutterstock

Já se fala em “fadiga do Zoom”; novo hábito vem causando estresse 

Com o isolamento social ocasionado pelo novo coronavírus, aplicativos como Skype, Facetime, Facebook Messenger, WhatsApp, Google Duo e especialmente o Zoom – cujas vendas aumentaram em US$ 1,8 bilhão desde o início da pandemia, chegando a contabilizar 300 milhões de usuários em reuniões virtuais por dia –, tornaram-se ferramentas essenciais do nosso dia a dia.
Com elas conseguimos nos manter produtivos mesmo sem sair de casa, fazemos reuniões de trabalho, conversamos com amigos e familiares enxergando o interlocutor, o que faz uma grande diferença. Já agora, conforme nos aproximamos de nossa 13ª semana confinados,  começam a surgir as primeiras contraindicações ao uso excessivo de tais dispositivos. 
Afinal, passada a alegria de ver alguém que você não vê de verdade desde antes da pandemia, ficam as dificuldades de conexão, os travamentos dos aplicativos, os problemas com áudio etc. E como estamos usando chamadas de vídeo como nunca, esse tipo de inconveniente tende a um efeito acumulativo. 
Geralmente, quando conversamos com alguém ou fazemos uma reunião pessoalmente, ou até mesmo por telefone, o interlocutor não exige toda a nossa atenção. É possível olhar o movimento, ou ao menos o entorno, refletir sobre aquilo que está sendo falado, e a conversa atinge um tom natural. 
Já em uma chamada por vídeo, além de você ter de ficar olhando ininterruptamente para a tela, às vezes com mais de uma dúzia de participantes, fica mais difícil ficar à vontade, em um tom de voz natural, e se fazer entender. Sem contar as preocupações adicionais como postura, aparência, iluminação etc. 
Também fica mais difícil notar e interpretar expressões faciais e linguagem corporal, o que requer ainda mais atenção. Todos esses são fatores que adicionam tensão ao ato de se comunicar, e consomem mais de nossa energia do que costumamos imaginar. É como se houvesse um distanciamento entre corpo e mente, pois os dois deixam de agir de maneira integrada e espontânea durante uma conversa 
Uma pesquisa realizada na Alemanha em 2014, à qual a rede BBC recentemente teve acesso, mostra que, com delays de 1,2 segundos na conexão, já tendemos a perceber o interlocutor como menos amigável. Outro desafio apontado são os momentos de silêncio. Comuns em nossas interações cotidianas, eles tendem a dar um ritmo espontâneo à conversa, mas costumam ser constrangedores em vídeo chamadas. 
A reportagem ainda diz que, por vermos a nossa própria imagem, por tanto tempo, no vídeo, tendemos a ficar mais preocupados em como somos vistos pelos interlocutores. Todos estão nos olhando, é como se estivéssemos em um palco. Quando entramos em uma vídeo chamada com vários participantes, muitos dos quais não conhecemos, esse desconforto tende a aumentar. 
Soma-se a tudo o estresse de se estar confinado, em meio a uma pandemia, e o resultado pode não ser dos mais saudáveis.
Portanto, é indicado que se reduza ao máximo o tempo usado em vídeo chamadas, o que pode até motivar a volta da boa e velha chamada por telefone. E, quando pudermos voltar a interagir pessoalmente, quem sabe não valorizaremos mais essa troca? Assim deixaremos nossos smartphones de lado, o que seria uma boa lição para se levar da pandemia. 
Aleteia

SS. CIRÍACO E JULITA, MÁRTIRES

Julita vivia na cidade de Icônio, na Licaônia, atualmente Turquia. Ela era uma senhora riquíssima, da alta aristocracia e cristã, que se tornara viúva logo após ter dado à luz um menino. Ele foi batizado com o nome de Ciro, mas também atendia pelo diminutivo Ciríaco ou Quiríaco. Tinha três anos de idade quando o sanguinário imperador Diocleciano começou a perseguir, prender e matar cristãos.
Julita, levando o filhinho Ciro e algumas servidoras, fugiu para a Selêucia e, em seguida, para Tarso, mas ali acabou presa. O governador local, um cruel romano chamado Alexandre, tirou-lhe o filho dos braços e passou a usá-lo como um elemento a mais para sua tortura. Colocou-o sentado sobre seus joelhos, enquanto submetia Julita ao flagelo na frente do menino, com o intuito de que renegasse a fé em Cristo.
Como ela não obedeceu, os castigos aumentaram. Foi então que o pequenino Ciro saltou dos joelhos do governador, começou a chorar e a gritar junto com a mãe: “Também sou cristão! Também sou cristão!” Foi tamanha a ira do governador que ele, com um pontapé, empurrou Ciro violentamente, fazendo-o rolar pelos degraus do tribunal, quebrando, assim, o crânio.
Conta-se que Julita ficou imóvel, não reclamou, nem chorou, apenas rezou para que pudesse seguir seu pequenino Ciro no martírio e encontrá-lo, o mais rápido possível, ao lado de Deus. E foi o que aconteceu. Julita continuou sendo brutamente espancada e depois foi decapitada. Era o ano 304.
Os corpos foram recolhidos por uma de suas fiéis servidoras e sepultados num túmulo que foi mantido oculto até que as perseguições cessassem. Quando isso aconteceu, poucos anos depois, o bispo de Icônio, Teodoro, resolveu, com a ajuda de testemunhas da época e documentos legítimos, reconstruir fielmente a dramática história de Julita e Ciro. E foi assim, pleno de autenticidade, que este culto chegou aos nossos dias.
Ciro tornou-se o mais jovem mártir do cristianismo, precedido apenas dos santos mártires inocentes, exterminados pelo rei Herodes em Belém . Por isso é considerado o santo padroeiro das crianças que sofrem de maus-tratos. A festa de santa Julita e de são Ciro é celebrada pela Igreja no dia 16 de junho, em todo o mundo católico.
A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Aureliano e Beno.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock, a “Maria Goretti brasileira”

REDAÇÃO CENTRAL, 15 Jun. 20 / 05:00 am (ACI).- Neste dia 15 de junho, a Igreja recorda a Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock, uma jovem que foi martirizada por defender a sua virgindade. Por sua história, a menina do sul do Brasil é chamada por muitos de “Maria Goretti brasileira”.

Albertina nasceu em 11 de abril de 1919, em Imaruí (SC). Filha de agricultores, recebeu desde cedo uma formação católica. Aprendeu ainda pequena as orações e rezava com bastante alegria. Participava da vida religiosa de sua comunidade e preparou-se com grandeza de coração para receber a Primeira Comunhão, dia que costumava classificar como o mais belo de sua vida.
Confessava-se com frequência e sempre participava da Eucaristia, da qual gostava de falar. A menina cultivou especial devoção a Nossa Senhora e rezava com intensidade o rosário. Também cultivou devoção ao padroeiro de sua comunidade, São Luís, o que é visto como uma “coincidência providencial”, já que ele é modelo de uma juventude levada com pureza espiritual e corporal.
Foi no dia 15 de junho de 1931 que Albertina, aos 12 anos, deu o seu grande testemunho, perdendo a vida para preservar a sua pureza espiritual e corporal. Naquele dia, obedecendo um pedido de seu pai, a menina foi procurar um animal que estava perdido. No caminho, ela encontrou seu malfeitor, apelidado “Maneco Palhoça”.
A jovem perguntou a ele se sabia onde estava o animal que procurava e o homem lhe indicou uma pista falsa, enviando a menina para o local onde tentou violentá-la. Albertina não se deixou subjugar. Resistiu bravamente e não cedeu.
Derrubada ao chão, a moça se cobriu o máximo que pôde com seu vestido e Maneco, sem conseguir derrotá-la, afundou um canivete em seu pescoço, degolando Albertina. Conforme ressalta o site dedicado à beata, a partir deste momento, “seu corpo está manchado de sangue... Sua pureza e virgindade, porém, estão intactas”.
O homem ainda escondeu o canivete e foi avisar aos familiares da menina que ela tinha sido assassinada, mas desviou-se de possíveis acusações dizendo que outro indivíduo era o culpado.
Jurando inocência, um homem chamado João Cândido chegou a ser preso, acusado injustamente. Entretanto, Maneco não conseguiu esconder por muito tempo seu crime. Segundo consta, o assassino não parava de ir e vir na sala do velório e, ao aproximar-se do caixão, a ferida no pescoço de Albertina começou a sangrar novamente.
Foi então que o prefeito da cidade mandou soltar João Cândido e, com ele, pegou um crucifixo na capela. Os dois seguiram até o velório e a cruz foi colocada sobre o peito da menina morta. Ali, João se ajoelhou e, com as mãos no crucifixo, jurou ser inocente. Conforme os relatos, naquele momento a ferida parou de sangrar.
A essa altura, Maneco Palhoça havia fugido, mas foi preso posteriormente. Ele confessou o crime e deixou claro que Albertina não cedeu à sua intenção de manter relações sexuais com ela porque não queria pecar.
A fama de martírio logo começou a circular entre a população local, pessoas que conheciam a vida de Albertina, sua educação cristã, seu amor à família e ao próximo, bem como seu bom comportamento, piedade e caridade.
Albertina Berkenbrock foi proclamada Bem-Aventurada em 20 de outubro de 2007 pelo Papa Bento XVI.
ACI Digital

domingo, 14 de junho de 2020

Anunciada data da beatificação de Carlo Acutis, o ciberapóstolo da Eucaristia

Venerável Carlo Acutis. Crédito: CarloAcutis.com
ASSIS, 13 Jun. 20 / 12:18 pm (ACI).- Conforme informa a agência SIR, a beatificação do jovem Carlo Acutis será celebrada no sábado 10 de outubro às 16:00h na Basílica Papal de São Francisco, na cidade de Assis, Itália.
A alegria que há tempos esperávamos finalmente tem uma data. Falamos da beatificação do venerável Carlo Acutis. Será presidida pelo Cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos”, disse o Bispo de Assis-Tadino, Dom Domenico Sorrentino.
“Que bonito que a notícia tenha chegado enquanto nos preparávamos para a festa do Corpo e o Sangue do Senhor [Corpus Christi], já que o jovem Carlo se distingue por seu amor pela Eucaristia, que definia como sua estrada ao céu”, adiciona o Prelado.
“A notícia é um raio de luz neste período em que no nosso país estamos saindo com muita fadiga de uma complicada situação sanitária, social e trabalhista. Nestes meses confrontamos a solidão e o distanciamento, experimentando o aspecto mais positivo da Internet, uma tecnologia comunicativa para a qual Carlo tinha um especial talento, ao ponto que o Papa Francisco em sua carta Christus vivit dirigida aos jovens o apresentou como modelo de santidade juvenil na era digital”.
A diocese que Dom Sorrentino lidera explicará dentro de pouco como se poderá participar da Missa de beatificação.
Carlo Acutis, nascido em 1991 em Londres de família italiana, dedicou sua vida a promover a adoração eucarística. Sua devoção à Eucaristia e ao Rosário o levou a aplicar seus conhecimentos em informática para realizar iniciativas virtuais para evangelizar.
Doente de leucemia, ofereceu seu sofrimento pelo Papa e a Igreja, faleceu em 12 de outubro de 2006 quando tinha 15 anos.
O postulador de sua causa, Nicola Gori, assegurou em uma recente entrevista ao grupo ACI que “a beatificação do Carlo será uma festa para todos os jovens”.
Na entrevista, Gori sublinhou que “Carlo Acutis nunca usou Internet para algo que não fosse fazer o bem”.
Durante a causa de beatificação se realizaram análises, por parte de técnicos informáticos, de seu computador para comprovar os sites que visitava. Descobriram que utilizava o computador, todos seus recursos, para fazer o bem e, exatamente, para fazer algo que ele tinha no coração: divulgar os Milagres Eucarísticos”.
“Carlo queria que as pessoas se aproximassem da Eucaristia, e para isso se servia da Internet”, assegurou o postulador.
Perguntado sobre como acredita que Carlo Acutis teria vivido a atual situação que atravessa a Igreja durante a atual pandemia de coronavirus, o postulador destacou que, se ele houvesse vivido esta situação, com as igrejas fechadas, “Carlo Acutis teria passado muito tempo diante do computador para desenvolver projetos de formação cristã”.
ACI Digital

A VIDA ETERNA TAMBÉM IMPORTA


Estátua de Cristovão Colombo vandalizada
A morte de George Floyd gerou justificadas comoções. Alguns protestos, porém, derivaram para a sedição e para a crise de símbolos. Qual o papel da Igreja?

Luís Fernando Ribeiro (13/06/2020 13:44, Gaudium Press) Após quase três semanas de sua ignominiosa morte, George Floyd ainda rende manchetes. Depois de tentar comprar cigarros com uma nota falsa de 20 dólares, foi interceptado e asfixiado pelo joelho de um policial. Paradoxalmente, Floyd tinha perdido o emprego de guarda de segurança em razão da pandemia.

Nos Estados Unidos logo se desfraldou a bandeira antirracista. O movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam) ressuscitou de repente, organizando protestos pela morte do afro-americano. À maneira de um tsunami, manifestações de todos matizes pulularam por várias cidades, sobretudo nos países conhecidos como civilizados.

Nada mais recorrente do que empunhar cartazes em protesto. Lutero talvez tenha inaugurado o método, ao fixar as 95 teses numa Igreja em Wittenberg. Nasceu então a revolução “protestante”. Hoje a protestação “evoluiu” para a luta armada, levando a uma escalada de violência sem precedentes.

Antes do racismo, existe a acepção de pessoas
Enfim, todos sabem que o racismo é injustificável porque simplesmente ninguém pode ser julgado por sua genética. Jesus ensinou a pregar a todos os povos sem distinção (Mc 16,15; Mt 24,14) e a Bíblia exorta diversas vezes a não ter acepção de pessoas (cf. 2Cr 19,7). Afinal, somos todos filhos degredados dos mesmos pais.

A acepção de pessoas é de si uma transgressão; um pecado contra a justiça e contra a caridade. Esse pecado pode chegar, claro, a extremos genocidas, como o ocorrido Alemanha Nazista, nos gulags comunistas ou em Ruanda em 1994. Se esses absurdos ferem gravemente as leis divinas e humanas, não menos o silêncio ante essas atrocidades. O que infelizmente nem sempre é o caso. Mas isso é outro assunto.

Contradições dos efeitos do caso Floyd
O caso de Floyd foi um caso individual e local colocado no megafone mundial. O que poderia ser uma reivindicação legítima, foi conspurcada, entretanto, por inúmeras contradições. Eis algumas delas de modo sucinto e objetivo:

1) De fato, vidas negras importam. Contudo, todas as vidas negras importam, inclusive as dos fetos abortados e dos policiais negros assassinados na esteira dos mesmos protestos. Será que há uma ideologia sinistra por detrás dessa acepção de pessoas? Todas as vidas em si mesmas possuem valor, independentemente da genética.

2) Por que alguns protestos, supostamente democráticos e pacíficos, se utilizam da barbárie para alcançar seus objetivos? O fato é que os vândalos terminaram por quebrar o que vírus não conseguiu. A vida dos trabalhadores (por vezes negros) também importa. Muitos deles perderam tudo pelas mãos dos visigodos pós-modernos, os paladinos da suposta “liberdade”.

3) Ironicamente, o vírus deve ter tido uma mutação, pois agora a voz de comando já não é mais “fique em casa”, mas “vá para as ruas”… Basta usar máscaras, recomenda a OMS. As aglomerações para depredar e surripiar patrimônio público e privado são agora abonadas como uma inocente “reação natural”.

4) A simples transposição do fato americano para outros países em nada ajuda para combater a discriminação. Antes, lança-se ainda mais fogo no caldeirão do ódio e do ressentimento.

5) Sem polícia não há polis (cidade). A etimologia nos recorda que não há ordem civil sem os seus guardiães, ou seja, não há civilidade nem civilização (do latim civilis, pertencente à cidade). Incriminar toda a polícia ou promover a violência contra ela por um crime individual só pode contribuir para o colapso das instituições da sociedade, ou seja, a mais pura anarquia.

6) Demagogias são inúteis. Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, se tornou o penitente mais famoso do abstrato “racismo sistêmico” de seu país. De resto, pedir perdão hoje de joelhos por injustiças de escravagistas de mais de dois séculos não tira ninguém do báratro eterno.

7) Condenar estátuas de pretensos “racistas” ou “fascistas” (como Cristóvão Colombo ou Padre Antônio Vieira) à guilhotina, além de vandalismo, revela profunda ignorância histórica, além de anacronismo. Este último foi grande defensor e evangelizador dos povos indígenas e negros. Enquanto isso, os totens de Marx pelo mundo permanecem intactos. Sobre a neorrevolução iconoclasta, o jornal Libération – nascido do bafo rebelde de maio de 1968 – estampou na primeira página deste 11 de junho: “A queda dos símbolos”.

A crise dos símbolos: qual o papel da Igreja?

De fato, nesse momento de crise sanitária e financeira, agora ainda temos de nos preparar para a crise dos símbolos. Por certo ângulo, esse colapso civilizacional é ainda mais grave que os demais, pois sem símbolos não se vence qualquer guerra. Em outras palavras, sem modelos, sem heróis, sem mitos, sem a ajuda sobrenatural, estamos destinados à fragorosa derrota. Até os pagãos assim entendiam: basta ler a Ilíada de Homero e a batalha entre gregos e troianos, marco da civilização ocidental.

Do ponto de vista religioso, a Igreja Católica é convocada de modo particular nesses momentos de tormenta da humanidade. Hoje, a ela é mais uma vez oferecida a oportunidade de traçar os rumos da História, ao oferecer o que ela tem de mais precioso, ou seja, os seus próprios símbolos: a liturgia, os seus heróis (os santos), os sinos, os sacramentos, a arte e a música sacra, os exemplos bíblicos etc., remetendo tudo para o que é essencial e absoluto: Deus. Antes, vidas importam precisamente porque o homem é “símbolo” do que há de mais alto – o Altíssimo –, pois foi criado à sua imagem e semelhança.

Diante das injustiças, a Igreja é chamada, portanto, a dobrar os joelhos não por gestos demagógicos, mas ressaltando que a vida possui um valor superior, imaterial, baseado na oração, o símbolo supremo da ligação entre o homem e Deus. É dessa genuflexão que precisamos.

A Igreja é precisamente imortal porque é uma instituição-símbolo. Só ela pode unir os filhos da luz para vencer o diabo (diabolos significa “aquele que separa”), com o símbolo (symbolos significa aquele que reúne) da cruz, mesmo que seja escândalo ou loucura para os filhos das trevas (cf. 1Co 1,23).

A sua missão é antes de tudo indicar o caminho da vida eterna, que começa pelas ações virtuosas nesta vida terrena. Em suma, quando a vida eterna realmente importar, a vida terrena terá finalmente o seu devido valor.

Uma Salve Rainha como você nunca viu

Cerca de 450 cantores de 33 países se reuniram em um coro virtual para suplicar a Maria o fim da pandemia do novo coronavírus

Por causa da quarentena – tão necessária para evitar a transmissão do novo coronavírus – muita gente se viu obrigada a encontrar uma forma de estar mais perto de quem gosta, ainda que virtualmente. 
Com igrejas fechadas, padres celebraram missas e as transmitiram pela internet, pela tv e pelo rádio. Sem poder realizar shows, artistas – religiosos ou não – fizeram as famosas “lives” ou gravaram vídeos de dentro de suas casas. 

O vídeo da Salve Rainha:

O importante é que, neste cenário, o lazer responsável (dentro de casa) e a transmissão da Palavra de Deus não pararam completamente. 
E foi para levar um pouco de conforto aos cristãos nesta época que a cantora brasileira Ivete Sangalo se juntou a dezenas de artistas luso-hispânicos para interpretar a música “Color de Esperanza”(clique aqui para assistir).
Agora, a Fundação Canto Católico, uma instituição que tem o objetivo de evangelizar e resgatar a música católica através das plataformas digitais, convidou fiéis de todo o mundo a cantar a Salve Rainha em latim e enviar suas performances através de vídeos gravados dentro de casa.
A instituição recebeu 600 vídeos deste hino tão representativo na Igreja Católica. O material foi editado e copilado em um único filme (que você viu logo acima, no box de vídeo).
Vale de lágrimas 
Juan Pablo Rojas, responsável pelos arranjos da versão, lembra que a “Salve Rainha foi especialmente apropriada para o momento em que a humanidade está atravessando por conta do coronavírus… Estamos em um verdadeiro vale de lágrimas, o que nos faz exclamar das profundezas: ‘Advogada nossa, volte para nós teus olhos misericordiosos’. Se este cântico, interpretado por fiéis de todo o mundo, conseguir mover nossa Mãe, a Virgem Maria, saberemos que poderemos obter o que pedimos”.
Aleteia

XI Domingo do Tempo Comum - Ano "A": SOMOS UM POVO SACERDOTAL

Dom José Aparecido
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília
Os textos bíblicos, que ouvimos neste 11º Domingo do tempo comum, nos ajudam a compreender a realidade da Igreja. A primeira leitura (Ex. 19, 2-6a) evoca a Aliança que Deus estabeleceu com Moisés no Monte Sinai, durante a fuga do Egito; o Evangelho (Mt 9, 36 – 10, 8) nos narra o chamamento e a missão dos doze Apóstolos. Por meio da Palavra inspirada, o Espirito Santo nos revela a constituição íntima da Igreja. Estas palavras são dirigidas a cada um de nós, à comunidade da qual somos pedras vivas, como um convite a reavivar o ardor da nossa vocação missionária para dilatar o Evangelho do Reino, porque o Senhor – pelo sangue do nosso resgate – faz de nós “um reino de sacerdotes, uma nação santa” (Ex. 19, 6a).
Dentre os que foram incorporados a Cristo e passaram a fazer parte desse povo sacerdotal, “não existe membro que não tenha parte na missão de todo o povo” (PO 2). Pelo sacerdócio comum a todos os fiéis, os batizados oferecem sacrifícios espirituais e anunciam os poderes dAquele que das trevas os chamou à sua luz admirável (cf. LG 10). No entanto, o Senhor também escolhe, separa e consagra alguns irmãos para o sacerdócio ministerial, com a missão de formar e apascentar a grei de Cristo, e oferecer o sacrifício eucarístico em nome de todo o povo e em seu favor. Se pelo sacerdócio comum, os fiéis leigos são chamados a santificar as realidades em que se movem e vivem, pelo sacerdócio ministerial os bispos e presbíteros são chamados a oferecer aos irmãos os bens espirituais de que necessitam para viver santamente a sua vocação. Por isso o Concílio Vaticano II quis lembrar que o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial se ordenam um ao outro.
Enquanto meditamos nessas leituras o nosso pensamento se volta para a nossa Arquidiocese, que aguarda em ardente oração a escolha do sucessor de Dom Sérgio, do novo pastor que o Santo Padre a seu tempo nomeará para guardar a Igreja de Cristo que está em Brasília. Ao ver as multidões abatidas, Jesus se compadeceu delas e disse aos discípulos: “A messe é grande, os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9, 37-38). Ele chamou os doze e lhes conferiu os poderes da sua missão messiânica, primeiro Pedro e, com ele, os demais. Em seguida enviou os Doze em missão. Convidou a rezar, chamou e enviou. E os Doze partiram imediatamente para anunciar que o Reino de Deus está próximo.
A oração do povo sacerdotal desta amada Igreja de Brasília chegará ao Coração do Bom Pastor. Ele a ouvirá e nos enviará no tempo oportuno o próximo Arcebispo. Nesse ínterim procuramos continuar com renovado vigor na missão da Igreja, cada qual segundo a graça recebida.
A Virgem Mãe Aparecida não deixará de interceder por nós.
Folheto: "O Povo de Deus"/Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF