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sábado, 11 de julho de 2020

7 coisas que devemos saber sobre a medalha e cruz de São Bento

Medalha de São Bento / Foto: Flickr - Leslie GrIn (CC BY-NC-ND 2.0)
REDAÇÃO CENTRAL, 11 Jul. 20 / 06:00 am (ACI).- Durante séculos, muitos cristãos têm usado a medalha do famoso exorcista São Bento na luta espiritual contra as forças do mal. A seguir, são apresentadas 7 coisas que se deve saber sobre este objeto especial que possui muita tradição e história.
1. A origem da medalha é incerta
No século XVII, durante um julgamento de bruxaria na Alemanha, algumas mulheres acusadas testemunharam que não tinham poder sobre aAbadia de Metten porque estava sob a proteção da cruz.
Quando se investigou, foram encontradas nas paredes do recinto várias cruzes pintadas, rodeadas por letras que agora se encontram nas medalhas. Posteriormente, foi encontrado um pergaminho com a imagem de São Bento e as palavras completas das letras.
2. Com a medalha é possível obter indulgência plenária
A medalha como se conhece agora é a do jubileu que foi emitida em 1880 pelo 14º centenário do nascimento do santo e lançada exclusivamente pelo Abade Superior de Monte Cassino.
Com ela se pode obter a indulgência plenária na festa de São Bento (11 de julho), seguindo as condições habituais que a Igreja manda (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice).
3. Quando São Bento fazia o sinal da cruz, obtinha proteção divina
Certa vez, tentaram envenenar São Bento (480-547). O santo, como era seu costume, fez o sinal da cruz sobre o vidro e o objeto se quebrou em pedaços.
Em outra ocasião, um pássaro preto começou a voar ao seu redor. São Bento fez o sinal da cruz e teve então uma tentação carnal na imaginação. Quando estava quase vencido, ajudado pela graça, tirou a roupa e se jogou em uma moita de espinhos e cardos, ferindo seu corpo. Depois disso, nunca mais voltou a se ver perturbado daquela forma.
4. A medalha tem grande poder de exorcismo
A medalha de São Bento é um sacramental reconhecido pela Igreja com grande poder de exorcismo. Os sacramentais “são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual”.
“Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida” (Catecismo, 1667).
5. A medalha tem na frente a imagem de São Bento com uma cruz na mão direita e o livro das Regras de seus religiosos na outra mão
Ao lado do santo se diz: “Crux Sancti Patris Benedicti” (cruz do Santo Pai Bento). Pode-se ver também um corvo e um cálice do qual sai uma serpente. De maneira circular, aparece a oração: “Eius in óbitu nostro preséntia muniamur” (Na hora da nossa morte sejamos protegidos pela sua presença). Na parte inferior central se lê: “Ex. S. M. Cassino MDCCCLXXX” (Do Santo Monte Cassino 1880).
6. No verso está a cruz de São Bento com várias siglas
C.S.P.B. - “Cruz do Santo Pai Bento”.
C.S.S.M.L. - “A cruz sagrada seja minha luz” (na haste vertical da cruz).
N.D.S.M.D. - “Não seja o dragão meu guia” (na haste horizontal da cruz).
Em um círculo, começando no canto superior direito:
PAX - “paz”.
V.R.S. - “Retira-te, satanás”
N.S.M.V. - “nunca me aconselhes coisas vãs”.
S.M.Q.L. - “É mau o que me ofereces”
I.V.B. - “bebe tu mesmo os teus venenos”.
7. A medalha deve ser abençoada por um sacerdote com uma oração especial
Exorcismo da medalha:
 - O nosso auxílio está no nome do Senhor
- Que fez o céu e a terra.
- Exorcizo-te, Medalha, por Deus Pai + onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que contêm.
Todas as forças malignas e todos os exércitos diabólicos, com todos os seus poderes e persuasões sejam afugentados e extirpados por meio da fé e do uso desta Medalha, a fim de que todos os que a usam tenham saúde de corpo e de espírito: Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo +. Amém.
- Ouvi, Senhor, a minha oração.
- E chegue a vós o meu clamor.
- O Senhor esteja convosco,
- E com o teu espírito.
Pai Nosso…
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, pela intercessão de Nosso Pai São Bento, vos suplicamos: seja esta Sacra Medalha com suas inscrições e caracteres abençoada por Vós +, a fim de que seus portadores, movidos pela fé, possam realizar boas obras, obter santidade de corpo e de alma, receber a graça da santificação e as indulgências concedidas, ter o vosso auxílio para afugentar o maligno com suas fraudes e ciladas e um dia comparecer à vossa presença santos e imaculados. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Que a vossa bênção, Deus Pai onipotente +, Filho e Espírito Santo, desça sobre esta Medalha e sobre quem a utiliza, e permaneça para sempre.
ACI Digital

S. BENTO ABADE, PADROEIRO DA EUROPA

S. Bento, Perugino
S. Bento, Perugino  (© Musei Vaticani)

Espírito beneditino, linfa da Europa

O ensinamento de São Bento, que nasceu em Núrsia, por volta do ano 480 d.C., foi uma das alavancas mais poderosas, após o declínio da civilização romana, para o nascimento da cultura europeia; é a premissa para a difusão de centros de oração e de hospitalidade. Não é apenas o farol do monacato, mas também uma fonte providencial para peregrinos e pobres.
“Deveríamos perguntar-nos – escreveu o historiador Jacques Le Goff – a quais excessos as pessoas da Idade Média teriam chegado, se esta grande e suave voz não se tivesse elevada”? Uma voz sobre a qual se deteve o grande biógrafo de exceção, São Gregório Magno, no II Livro dos “Diálogos”.

“Um astro luminoso em um século obscuro”

Para São Gregório, Bento é “um astro luminoso” em uma época dilacerada por uma grave crise de valores. Ele pertencia a uma nobre família da região de Núrsia. Segundo a tradição, no lugar, onde se encontrava a casa natal do Santo, foi construída a Basílica de São Bento.
Sua vida, desde a juventude, era dedicada à oração. Seus pais, bastante ricos, mandaram-no a Roma para garantir-lhe uma boa formação. Ali, porém, - narra São Gregório Magno – encontrou más companhias, amigos viciados, que viviam ao léu. Então, Bento deixou Roma e foi, inicialmente, para a localidade denominada Enfide e, depois, por três anos, viveu como eremita em uma gruta, em Subiaco, que se tornaria o centro espiritual dos Beneditinos, chamada “Sacro Speco”. Este seu período de solidão foi uma preparação prévia para outra etapa fundamental do seu caminho: Montecassino.
Ali, entre as ruinas de uma antiga acrópole pagã, São Bento e alguns companheiros construíram a primeira Abadia de Montecassino.

A Regra

A São Bento, irmão de Santa Escolástica, foram atribuídos muitos milagres. Mas, o milagre maior e mais duradouro do Pai da Ordem beneditina foi a composição da “Regra”, escrita por volta do ano 530 d.C. Trata-se de um Manual, um código de orações para a vida monacal. Seu estilo, desde às primeiras palavras, é muito familiar: desde o prólogo até o últimos dos 73 capítulos, Bento exorta os monges a “ouvirem com o coração” e a “jamais perderem a esperança na misericórdia de Deus”. De fato, escreveu: “Ouça, filho, os ensinamentos do Mestre; dê-lhe ouvidos com o coração; receba, com agrado, os conselhos de um pai que lhe quer bem, para se dirigir, com o rigor da obediência, Àquele do qual você se distanciou por causa da negligência e da desobediência”.

“Ora et labora”

“O ócio – escreveu São Bento na Regra – é inimigo da alma. Por isso, os irmãos devem dedicar-se, em determinadas horas do dia, ao trabalho manual e, em outras, à leitura dos livros que contêm a Palavra de Deus”. Oração e trabalho não se contrapõem, mas estabelecem uma relação de simbiose. Sem a oração não é possível encontrar a Deus.
A vida monacal, definida por São Bento como “uma escola de serviço ao Senhor”, não pode prescindir do compromisso concreto. O trabalho é uma extensão da oração. “O Senhor – recorda São Bento – espera, todos os dias, a nossa resposta concreta aos seus santos ensinamentos”.


Vatican News

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Ano Laudato Si: para cuidar da casa comum

A Laudato Si aponta para a necessidade de uma mudança de mentalidade que compreenda que os problemas do mundo estão interligados
A Laudato Si aponta para a necessidade de uma mudança de mentalidade que
compreenda que os problemas do mundo estão interligados  (ANSA)

Este ano especial decorre de 2020 a 2021 e tem o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”. Para promover o cuidado da casa comum através de uma ecologia integral.

Rui Saraiva - Porto

No passado dia 24 de maio, o Papa Francisco assinalou o quinto aniversário da Encíclica “Laudato Si” lançando um ano especial que decorrerá até maio de 2021 com o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”. O ano dedicado à ‘Laudato si’ é promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Recordemos que o documento do Papa publicado em 2015 desenvolve um conceito concreto: ecologia integral, novo paradigma de justiça. Em tempo de pandemia redobrou a importância deste tema e da iniciativa do Papa de dedicar um ano à reflexão e à ação ecológica e social.

Pela casa comum

No âmbito do ano “Laudato Si” foi publicado pelo Vaticano, neste mês de junho, um documento com o título ‘A caminho para o cuidado da casa comum – Cinco anos depois da Laudato Si’. Trata-se de um texto elaborado pela "Mesa Interdicasterial da Santa Sé sobre ecologia integral", organismo criado em 2015 para analisar como promover e implementar a ecologia integral. Os participantes deste organismo são instituições ligadas à Santa Sé envolvidas nesta área e algumas Conferências Episcopais e Organismos Católicos.
Este documento, embora tenha sido elaborado antes da pandemia da Covid-19, destaca que tudo está ligado, não há crises separadas, mas uma única e complexa crise ambiental e social que requer uma verdadeira conversão ecológica.
Desde logo, é apontada a necessidade de uma mudança de mentalidade que compreenda que os problemas do mundo estão interligados. É assinalada a importância de cuidar da vida e da Criação, valorizando a centralidade da pessoa humana e rejeitando a cultura do descarte.
É sugerida a valorização de tradições monásticas que ensinam a contemplação, a oração, o trabalho e o serviço, como forma de ajudar à educação para o equilíbrio pessoal, social e ambiental.
Em particular, é assinalada a tão falada “transição para energias disponíveis para todos” sublinhando a “eficiência energética” e alertando para a necessidade de transportes menos poluentes:
“É preciso promover transportes menos poluentes, tendo em consideração não só o combustível, mas também o ciclo de vida dos veículos” – podemos ler no documento do Vaticano que também assinala preocupações com a habitação e o trabalho denunciando “novas formas de escravatura”.
São precisos novos estilos de vida mais saudáveis, mas também “economias ecologicamente mais sustentáveis”. Economias que sejam inclusivas e que respeitem os pobres, marginalizados e pessoas com deficiência.

Economia de Francisco

Recordemos que na própria Encíclica “Laudato Si”, o Papa Francisco pede diálogo entre política e economia a nível internacional e não poupa um juízo severo aos líderes mundiais relativamente à falta de decisões políticas a nível ambiental. Propõe uma nova economia mais atenta à ética.
Como consequência concreta desta necessidade de diálogo entre política e economia e a construção de uma economia mais ética, foi lançada a iniciativa “Economia de Francisco” que deveria ter acontecido em março passado e que, devido à pandemia, teve que ser adiada para o próximo mês de novembro.
Decorrendo em ano especial “Laudato Si”, a “Economia de Francisco” terá lugar na cidade italiana de Assis e deverá reunir mais de 2 mil jovens de 115 países, incluindo Portugal. Entretanto, o evento foi reorganizado e os participantes estão a preparar o evento através de uma plataforma digital com o objetivo de se encontrarem presencialmente em novembro.
O Papa Francisco convida para este encontro de Assis jovens empreendedores e jovens economistas que desejam fazer um pacto, no espírito de S. Francisco, procurando construir uma nova economia, que seja viável e ética, socialmente justa e sustentável a nível ambiental. Um verdadeiro compromisso para o futuro.

Compromisso ambiental

A propósito de compromisso é importante assinalar as medidas concretas do próprio Estado da Cidade do Vaticano para a defesa do ambiente: recolha seletiva de resíduos e reciclagem; proteção dos recursos hídricos; cuidado de áreas verdes e controlo do consumo de recursos energéticos.
Como exemplos deste compromisso, em 2008 foi instalado um sistema fotovoltaico no telhado da Sala Paulo VI e os novos sistemas de iluminação LED na Capela Sistina, na Praça de S. Pedro e na Basílica do Vaticano reduziram os custos em 60, 70 e 80 por cento, respetivamente.
As dioceses de todo o mundo procuram, assim, dar expressão concreta a estes desafios ambientais. Por exemplo, em Portugal no início deste mês de julho a diocese do Porto, seguindo o espírito da Encíclica Laudato Si, inaugurou um conjunto fotovoltaico no topo da Casa Diocesana. Um complexo de 530 painéis solares com uma capacidade instalada que poderia alimentar 50 habitações familiares. E, assim, uma estrutura dedicada à pastoral, à formação e ao acolhimento transforma-se também num local de reconversão energética e de responsabilidade ambiental.
Em Portugal, segundo informa a Agência Ecclesia, existem outros exemplos da aplicação da Encíclica Laudato Si: A Casa Velha – ecologia e espiritualidade, é um centro de retiro e formação para experimentar a conversão ecológica na relação com Deus, com o outro e a natureza e também a Rede Cuidar da Casa Comum, criada em 2017 para difundir a Laudato Si unindo várias instituições cristãs.
Laudetur Iesus Christus


Vatican News

A lei da inércia e o retorno à Missa

MASS
Miguel MEDINA/AFP

Apesar de todo o seu poder, a inércia não é a maior força do universo. Nosso livre-arbítrio é mais forte. Por isso, precisamos vencer a inércia e voltarmos – com segurança – à Missa

Muitas paróquias estão, gradualmente, retomando as Missas com a presença dos fiéis. Mas muitos católicos não querem, por enquanto, retornar às igrejas (e não deveriam ser julgados por isso).
Todos deveriam compreender quão variadas são as circunstâncias das pessoas com familiares em grupos de risco, restrições de viagem, confusão sobre como se inscrever ou se poderão realmente participar da Missa por causa do número reduzido de fiéis.
Porém, penso que precisamos fazer grandes esforços para incentivar as pessoas a voltarem à Missa dominical, porque assim, estaremos enfrentando uma das mais poderosas forças do universo: a lei da inércia.
Os vendedores vêm falando sobre a lei da inércia há anos. Tudo começou com uma maçã caindo na cabeça de Isaac Newton. Ele se perguntou sobre isso, estudou e escreveu suas leis do movimento.
A primeira lei de Newton – a “lei da inércia” – diz que um objeto em repouso permanece em repouso e um objeto em movimento permanece em movimento, a menos que seja acionado por outra força.
Os vendedores sabem disso – e colocam esse princípio em prática. Eles sabem que ninguém quer agir por si só, então fazem com que você sinta que precisa do que eles estão vendendo para manter seu nível de conforto, prazer ou estilo de vida.
Na vida espiritual, temos a lei do hábito, que pode ser virtude ou vício. O Papa Francisco contou a história heróica dos católicos da Tunísia, cujo hábito de participar da Missa levou a um profundo encontro com Cristo. Quando o imperador Diocleciano tentou forçá-los a parar suas reuniões, um deles disse: “Não podemos viver sem o Domingo”. Os mártires de Abitene morreram na Missa.
Todos nós podemos conseguir isso. Como as virtudes “são adquiridas e fortalecidas pela repetição de bons atos morais” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 378), precisamos apenas continuar fazendo a coisa certa.
Portanto, agora é a hora perfeita para a Igreja convidar fervorosamente as pessoas a voltarem, com segurança, à Missa.
Pense em quão perfeitas são as circunstâncias. A mensagem católica sempre foi: “Vá à Missa porque você precisa da Eucaristia”. Essa é uma mensagem poderosa, mas agora você não precisa ir à Missa. Então, por que você iria?
Volte à Missa porque o mundo está mais assustador do que nunca, e se você conseguiu manter sua paz de espírito sem Deus antes, certamente precisará dele agora, precisará de sua sabedoria, das Escrituras e de sua presença real na Comunhão.
Volte à Missa porque a pandemia varreu todos os ídolos. Tudo o que imaginávamos ser digno de esperança, agora sabemos que não é. Somente Deus traz esperança.
“Volte à Missa mesmo que isso pareça um risco”, diz meu arcebispo (mas viva primeiro a caridade, para si e para os outros). Ele ainda lembra que a Missa se tornou muito segura, mas apontou que os católicos se arriscam a receber Cristo há séculos.
Volte à Missa, mesmo que não queira. Talvez especialmente se você não quiser.
Eu poderia continuar com inúmeras razões para te convencer a volta à Missa de domingo. Mas minha esposa diz que a Igreja agora precisa de uma mensagem simples, como o lema “Just do it” da Nike.
Apesar de todo o seu poderoso poder, a inércia não é, em última análise, a maior força do mundo. Nosso livre-arbítrio é mais forte. Assim como basta dar um tapa em uma maçã para ela cair, você também pode ligar para a secretaria da paróquia para ver como a Missa funciona agora – ou ligar para as pessoas que ainda não viu na Missa, conversar com elas e convidá-las. Diga a elas que você ficará feliz em vê-las novamente na igreja.
Aleteia

A falsa Confissão de Fé Valdense de 1120 e o falso cânon bíblico de 66 livros dos valdenses, “anterior” à Reforma Protestante

A falsa Confissão de Fé Valdense de 1120 e o falso cânon bíblico de 66 livros dos valdenses

É sabido que os protestantes anticatólicos recorrem a qualquer citação, documento ou referência histórica que encontram na Internet e que possa servir-lhes em sua ofensiva contra a Igreja Cristã Católica. E em muitos casos, nem sem importam em analisar o contexto ou comprovar a veracidade ou autenticidade de tais evidências. Deste modo, sua incontrolável beligerância contra a Igreja do Senhor lhes impede de aplicar a si mesmos o mesmo rigor que empregam para questionar cada aspecto que expõe a Igreja Cristã Católica e, por isso, não é comum que este tipo de protestante reflita sobre a situação e diversidade doutrinária do seu próprio e bastante fragmentado mundo protestante.
Dito isto, quanto a questão do cânon bíblico, é sabido que os protestantes se esforçam por todos os meios em encontrar qualquer prova, evidência ou indício histórico pelo qual possam se apegar para apoiar a sua tese de que antes da Reforma existia uma Bíblia ou cânon de 66 livros, tal como eles carregam debaixo do braço aos domingos, quando se dirigem para os seus cultos.
Em diversos Sites e também em debates na Internet sobre o cânon bíblico, é possível ler e ouvir certos protestantes recorrerem a uma suposta “Confissão de Fé Valdense do ano 1120” para afirmarem, em tom triunfalista, que antes da Reforma havia um cânon de 66 livros. Alguns não param por aí e se aventuram a afirmar que os valdenses preservaram a Bíblia através dos séculos e que é possível traçar-lhes a historicidade até os Apóstolos, coisa esta que é impossível historicamente (…).
Voltando à questão do cânon, um dos Sites [protestantes] em que podemos ler a referida “Confissão de Fé Valdense do ano 1120” é o “Apostles Creed”. O artigo que faz referência ao cânon bíblico é o Artigo 3º, cuja tradução para o português seria esta:
  • Artigo 3º – Reconhecemos as Sagradas Escrituras canônicas, os livros da Bíblia Sagrada: os livros de Moisés, chamados Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; Josué; Juízes; Rute; 1º de Samuel, 2º de Samuel; 1º de Reis, 2º de Reis; 1º das Crônicas, 2º das Crônicas; Esdras, Neemias; Ester; Jó; Salmos; os Provérbios de Salomão; Eclesiastes ou o Pregador; o Cântico de Salomão; as profecias de Isaías e Jeremias; as Lamentações de Jeremias; Ezequiel; Daniel; Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Aqui seguem os livros apócrifos, que não foram recebidos dos hebreus, mas que nós lemos – como diz São Jerônimo em seu Prólogo aos Provérbios – para a instrução do povo, não para confirmar a autoridade da doutrina da Igreja: 2º de Esdras, 3º de Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc com a Epístola de Jeremias, Ester a partir do décimo capítulo até o final, a Canção dos Três Jovens, a História de Susana, a História do Dragon, 1º de Macabeus, 2º de Macabeus e 3º de Macabeus”.
A fonte primária desta suposta “Confissão de Fé Valdense do ano 1120” é o livro “A History of the Evangelical Churches of the Valleys of Piedmont”, de Samuel Morland, do ano 1658:
Nesse livro, é possível apreciar a suposta Confissão de Fé nas páginas 30 e 31:
[Artigo 3º: o cânon valdense de 66 livros e os “apócrifos”, em tese datado de 1120]
Deve-se observar em primeiro lugar que o livro de Morland é de 1638 e o mesmo indica que a Confissão foi “copiada de certos manuscritos datados do ano 1120”. No entanto, não cita nenhuma nota, referência ou bibliografia, nem referências de museus os lugares históricos onde seja possível verificar se os originais dos tais manuscritos datam mesmo do ano 1120 — o que levanta sérias dúvidas sobre a autenticidade desta Confissão e, por isso, outros historiadores têm revisado e concluído que se trata de uma falsificação. Citarei a seguir apenas um pequeno, mas representativo grupo desses historiadores.
 * * *
1. A primeira fonte é o livro “History of the Canon of the Holy Scriptures in the Christian Church”, do acadêmico e erudito bíblico Edward Reuss, pág. 264:
[A Confissão de Fé valdense não é do século XII, mas do XVI]
A página 264 aponta claramente que a presumida Confissão de Fé de 1120 é uma falsificação que deve ser datada no mínimo de 1532.
* * *
2. A segunda referência é o livro “The Waldensian Manuscripts”, do respeitado erudito James Henthorn Todd, D.D., pág. 94:
[“A antiguidade desses documentos foi totalmente refutada”]
Henthorn indica que a antiguidade da referida Confissão de Fé, juntamente com outros manuscritos valdenses supostamente do ano 1120 foi totalmente refutada. Neste livro é evidenciada a falsificação [do cânon] apresentado [no livro de] Samuel Morland.
 * * *
3. A terceira referência é o livro “The Origin, Persecutions, and Doctrines of the Waldenses” (=”Origem, Perseguições e Doutrina dos Valdenses”) do acadêmico Pius Melia, D.D., pág 92:

[A Confissão de Fé valdense foi impressa com a falsa data de 1120]
Nesta obra, reafirma-se a falsificação da “Confissão de Fé Valdense de 1120”, a qual remonta ao século XVI.
* * *
4. A quarta referência provém dos próprios historiadores valdenses, que reconhecem que a citada Confissão NÃO é de 1129, mas uma falsificação que corresponde a um documento de 1531, ao qual se quis atribuir falsamente a data de 1120. Pode ser verificado no próprio Site bibliográfico valdense.
Esse Site é um projeto conjuto entre a Foundation Centro Culturale Valdese, em Torre Pellice, a Società di Studi Valdesi, também em Torre Pellice, e a Reformierter Bund in Deutschland, de Hannover.
Tanto a Sociedade Sulamericana de História Valdense, quando a Societá di Studi Valdesi e a Societé d’Histoire Vaudoise confirmam que a “Confissão de Fé de 1120” data realmente do ano 1531.
[A Confissão de Fé valdense é, na verdade, de 1531]
 * * *
5. A quinta [e última] referência provém também de historiadores valdenses. No “Bollettino della Societa Di Studi Valdesi”, de 1972, é possível ler o seguinte:
  • “Sabe-se que a chamada ‘Confissão de 1120’, datada por nossos historiadores como sendo do ano 1531, encontra-se em Perrin, que a chama de ”Confession de foy des Vaoudois'”.
[A Confissão de Fé de 1120 é de 1531: posterior à Reforma Protestante]
CONCLUSÃO
Ainda que as fontes que eu indiquei sejam mais do que suficientes, há ainda outras fontes que confirmam a falsidade da Confissão de Fé Valdense do ano 1120.
Com efeito, continua sem existir uma Bíblia [cristã] ou cânon de 66 livros anterior à Reforma, tal como possuem os protestantes hoje, já que o suposto cânon valdense de 66 livros pré-Reforma foi refutado.
FONTE: Veritatis Splendor

Santa Verônica Giuliani

Santa Verônica Giuliani (A12)
09 de julho
Santa Verônica Giuliani

Úrsula Giuliani nasceu em Mercatello, perto de Urbino, nos antigos Estados Pontifícios, hoje Itália, no ano de 1660. Foi a sétima filha de um casal profundamente católico. Desde muito pequena, já lhe aconteciam fenômenos extraordinários. Suas primeiras palavras, com um ano e meio de vida, foram dirigidas com autoridade divina a um comerciante que observou, quando acompanhava alguém da casa à mercearia, e que roubava no peso dos produtos: “Não trapaceie na venda, pois Deus vê tudo”.

Com três anos, convidava o Menino Jesus esculpido numa imagem a partilhar do seu almoço, e Ele descia do colo da Virgem para comer com ela. Também com três anos começou a desejar o martírio, ao ouvir a mãe e as irmãs falarem dos santos; querendo fazer como Santa Rosa de Lima, que se flagelava em segredo, fez pequenos nós em seu avental com a intenção de imitá-la, mas sua mãe descobriu e a impediu.

Caridosa com os pobres, a menina Úrsula lhes dava, quando nada mais tinha para oferecer, algo do seu vestuário. Viu um par de sapatos que doara para uma pequena pedinte, mais tarde, nos pés de Nossa Senhora.

Quando seus familiares voltavam da Missa, sentia um odor divino naqueles que haviam comungado, e pensava que isto era normal e partilhado por todos. Quando passou a ir à Missa, via o Menino Jesus na Hóstia Consagrada. E quando recebeu a Primeira Eucaristia aos dez anos, sentiu um fogo abrasante no coração. Pensando que isto era o normal para todos, perguntou ingenuamente à família quanto tempo durava aquele fogo depois da Comunhão.

Contudo havia também algumas sérias distorções no comportamento da menina Úrsula. Assim, quando as irmãs não queriam ajudá-la a fazer seus pequenos altares para Nossa Senhora, chegava a empurrá-las da escada. Certa vez, julgando que as visitas ricas que viriam comer os bolos preparados para elas não precisavam desses alimentos, amassou-os para que não fossem servidos, mas sim doados aos pobres.

Também, com já 16 anos, por causa de um zelo excessivo, ela erroneamente repreendia e mesmo maltratava os que visse cometendo alguma falta, chegando a dar uma bofetada numa criada que agia mal. Tornava-se ditatorial quando outras pessoas não a queriam acompanhar nas práticas religiosas.

O pai deseja para ela um vantajoso casamento, e tudo fez para que ela desistisse da vontade de ser religiosa que manifestou quando adolescente. Levava-a assim para recreações e distrações mundanas, que de fato lhe diminuíam o fervor. Porém, esta contradição fez com que ficasse doente, e o pai acabou permitindo que seguisse sua vocação.

Aos 17 anos, entrou para o convento das monjas Capuchinhas de Città di Castello, adotando o nome de Verônica. Logo começaram as provações: apesar da sua paz e convicção de alma, o corpo parecia oprimido dentro do mosteiro. O demônio aparecia em sua cela com a aparência da mestra de noviças, dizendo-lhe que não se confessasse com seu diretor espiritual, pois havia boatos de que eram amantes e portanto isto seria um escândalo para a Congregação; posteriormente, Verônica descobriu que não era a mestra das noviças que a visitava.

Trabalhou no convento sucessivamente faxineira, porteira, camareira, cozinheira, encarregada da despensa, enfermeira, sacristã, mestra das noviças (durante 22 anos) e, finalmente, abadessa, sempre dando o exemplo de amor a Cristo e à Sua Paixão e a Nossa Senhora, com espírito sobrenatural. Conquistou deste modo as outras religiosas e fez do mosteiro uma escola de perfeição.

união de Verônica coma Paixão de Jesus aumentou continuamente desde a sua entrada no mosteiro, incluindo muitas manifestações místicas. Primeiramente sentiu-se chamada por Ele a também carregar Sua Cruz. Com 21 anos, pediu ao Senhor para participar das dores da Sua coroa de espinhos, e foi atendida: a partir de então, passou a sentir uma dor imensa na cabeça, aumentada pelos médicos que, tentando aliviá-la, usaram um bastão de fogo no local e furaram-lhe a pele do pescoço com uma agulha incandescente; por fim, reconheceram que não podiam curar aquela “enfermidade”. Esta dor permaneceu com Verônica até a sua morte.

Outra manifestação mística foi a sua percepção da união dos Sagrados Corações de Jesus e Maria num só, aos Quais se unia também o seu.

Começou a escrever um diário, por ordem do seu confessor e diretor espiritual, relatando suas experiências místicas ao longo do tempo. A partir de 14 de agosto de 1720, Nossa Senhora lhe apareceu e começou a ditar coisas que não se lembrava da sua infância; estas passagens estão escritas na segunda pessoa do singular e nelas aparecem por extenso inclusive as orientações de pontuação feitas pela Virgem.

Nos 44 volumes e 22 mil páginas do diário Santa Verônica expõe o desejo de Jesus de que participemos da Salvação que nos obteve na Cruz por meio dos nossos sofrimentos. Narrou igualmente os sofrimentos que ela mesma padeceu, não por causas médicas, mas como fenômenos sobrenaturais e extraordinários que a permitiam unir-se a Cristo. (Mas também fazia mortificações voluntárias pela conversão dos pecadores). Por causa da importância deste testemunho, o diabo procurava atormentá-la, de modo a que ela não escrevesse.

A partir de cinco de abril de 1697, uma Sexta-Feira Santa, após intensa contrição e purgação, viu Jesus Crucificado com Nossa Senhora aos pés da Cruz. A virgem pediu a Cristo que concedesse a Verônica os Seus estigmas, e então cinco raios de luz saíram da Cruz e a atingiram, marcando-a de forma invisível e visível nas mãos, pés e coração.

Por humildade, Verônica pediu ao Senhor que ninguém soubesse do ocorrido, mas as irmãs viram as chagas. Seu confessor foi consultar o bispo e este o Santo Ofício, que determinou uma prova de obediência, humildade e resignação a Verônica. Inicialmente houve investigações, interrogatórios e a tentativa, inútil, da cura das feridas por médicos. Então, ela foi destituída do cargo que então ocupava, mestra das noviças, e ficou isolada numa cela, proibida de escrever cartas a não ser para as irmãs religiosas, de ir ao locutório, de ir ao coro para rezar exceto nos dias de preceito para ouvir a Missa, e o pior, de receber a Comunhão. Além disso uma irmã conversa foi nomeada para dirigi-la, tratando-a com severidade.

A tudo isso Verônica reagiu com humildade, tranquilidade e paz inalterável, sem qualquer sinal de tristeza, tornando-se admirada pelas outras irmãs, até que o Santo Ofício reconheceu a veracidade dos estigmas. Ela reassumiu o cargo de mestra das noviças, no final do ano.

Eleita abadessa em 1716, demonstrou que, além de mística, possuía um agudo senso prático (como outra grande mística, Santa Teresa de Ávila), desenvolvendo um trabalho extraordinário. Instalou água encanada no mosteiro e expandiu os prédios, construindo um grande dormitório e uma capela interior. Procurou proporcionar à comunidade todas as comodidades compatíveis com a sua Regra. O bispo local aconselhava-se com ela sobre a direção da sua diocese, e reconhecia que ela seria capaz de governar um império.

Em 1727, após 11 anos como abadessa, Verônica adoeceu, e seus últimos 33 dias de vida foram marcados por intenso sofrimento no leito, até seu falecimento em 9 de julho. Os estigmas nas mãos e pés ainda estavam presentes, e ela havia desenhado num cartão em forma de coração os símbolos da Paixão que Cristo colocara no seu próprio coração. Na autópsia, diante do bispo, do governador local, de professores de Medicina e outras sete testemunhas dignas, foi constatado que tais marcas apareciam exatamente como ela havia descrito – é o fenômeno da transverberação do coração, isto é, a experiência de ter transpassado o coração com feridas físicas, de origem mística.

À Santa Verônica foi revelado que suas orações e penitências haviam convertido inúmeros pecadores e libertado muitas almas do Purgatório, que aliás lhe apareciam para agradecer tal caridade.

 Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Verônica, inspiradora da santidade de São Pio de Pietrelcina, foi escolhida por Deus para vivenciar manifestações sobrenaturais, desde muito pequena. Tais situações pertencem somente à misteriosa sabedoria divina, e por isso não devemos ficar buscando fenômenos extraordinários para a nossa vida – o que seria evidência de um coração ordinário – mas sim viver um amor extraordinário a Ele e ao próximo, pois é esse o caminho ordinário da santidade. E mesmo na busca da perfeição, muitas vezes, como ela, agimos erradamente por excessos. Daí a necessidade de nos aproximarmos da vontade de Deus mais do que da nossa própria, cuja apenas nos empurrará abaixo pela escadaria do pecado. Por exemplo, há os que, por egoístico interesse pessoal, querem afastar de Deus os demais, de modo mais grave os que estão sob seus cuidados, proporcionando a eles intencionalmente acesso ao que é mundano. Ora, Deus há de nos lembrar o que escrevemos no livro da nossa vida; se não deixarmos que Nossa Senhora dos diga o que nele anotar, teremos apenas pontuado os sofrimentos que iremos merecer. Portanto, devemos ler e viver o que ela registrou no seu diário, o desejo de Cristo de que nos unamos à Sua Paixão, aceitando os sofrimentos pela conversão dos pecadores, de modo a que unamos também à Salvação. Isto não implica, para a maioria de nós, em grandes dores místicas ou terrenas do corpo ou da alma, mas nas dificuldades normais e comuns da existência, tanto as que não escolhemos como aquelas que derivam do nosso serviço a Deus e ao próximo, e que escolhemos livremente fazer. A escala desses serviços, paradoxalmente, é inversamente proporcional na régua de humildade de os dimensiona: assim, como Verônica, de porteira a abadessa foi cada vez mais serva das irmãs, por causa da responsabilidade dos cargos sucessivamente assumidos, Cristo, na Sua dignidade divina, rebaixou-Se à nossa humanidade decaída, lavando com Seu sangue na Cruz os nossos pecados – por isso pede que nos unamos a Ele no Madeiro, único lugar onde seremos encharcados de purificação. Esta verdade espiritual se manifesta no concreto, por isso Santa Verônica, sendo mística, nos dá o exemplo dos serviços práticos que fez no seu mosteiro, para o melhoramento da vida da comunidade. De fato, Jesus e Maria não podem ser apenas imagens em nossas vidas, mas, como na dela, uma convivência concreta, ainda que invisível. Nós o faremos canalizando as águas do nosso Batismo na direção do conforto das almas, incluindo as do Purgatório.

Oração:

Deus de amor eterno, cujo mistério de bondade é um abismo insondável, concedei-nos pela intercessão de Santa Verônica Giuliani a graça de fazer nosso coração arder incessantemente por Vós, para ter nele não as feridas do pecado, mas a marca do de Jesus, de modo a não vivermos sob o estigma da condenação, mas ao contrário podermos partilhar com Ele da ceia eterna. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF