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domingo, 12 de julho de 2020

XV Domingo do Tempo Comum - Ano "A": A SEMENTE É A PALAVRA DE DEUS

Dom José Aparecido
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília
Pela pena de Isaías, o Espírito Santo abre a liturgia da Palavra neste XV Domingo do tempo comum dando uma consoladora certeza aos anunciadores da Palavra de Deus: “Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo o que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la” (Is 55, 10-11). A imagem da bem conhecida das terras áridas do Oriente regadas pela chuva nos faz intuir a eficácia poderosa da palavra de Deus: ela realiza a salvação que anuncia. O salmista assim canta a visita de Deus: “visitais a nossa terra com as chuvas e transborda de fartura … tudo canta de alegria” (Sl 64,10.14).
A fecundidade da Palavra de Deus na terra do coração humano se mostrará ainda mais claramente com a encarnação do Verbo de Deus. O Verbo humanado não apenas proclama, mas realiza a salvação. Do céu chove o Justo, da Cruz se derrama o sangue da redenção.
Contudo, no Evangelho deste domingo (Mt 13,1-23), Jesus inicia a falar sobre o Reino por meio de parábolas, suscitando interrogações no coração dos ouvintes: por que a palavra de Jesus produz efeitos tão díspares? Deus não havia prometido que a palavra não voltaria a ele sem ter produzido o seu efeito?
Na parábola do semeador, Jesus mostra o paradoxo da semeadura. O mesmo semeador lança as sementes em diversos terrenos, mas com diferentes efeitos. Quatro versículos mostram o insucesso da semeadura e somente um mostra os frutos. Este insucesso não depende nem da semente, nem do semeador, mas do terreno que recebe as sementes.
Ao explicar a parábola (vv. 19-23), Jesus faz ver que o terreno é imagem do nosso coração e de seu modo de acolher Palavra. É possível ver quem somos se estivermos atentos aos frutos de santidade e de apostolado que a semeadura produziu em nós. O próprio Jesus obteve uma resposta ao chamar Pedro e outra bem diferente ao chamar o Jovem Rico.
No entanto, até os insucessos descritos na parábola produzem fruto. Eles nos consolam ante os fracassos apostólicos. Encorajam-nos a não desistir. Há sempre um terreno pronto para acolher a palavra semeada e a produzir “à base de cem, sessenta e de trinta frutos por semente” (v. 8).
Voltemos, enfim, às palavras com que Jesus inicia a parábola. “O semeador saiu para semear”. Jesus não só fala do semear, mas também do sair. Deus conta as sementes lançadas e os passos dados para semear. “Para quem lavra com Deus até o sair é semear” (Padre Vieira).
Apenas o bom Deus pode ver plenamente o fruto da nossa ação evangelizadora e dar a justa mercê aos nossos passos.
Com a Maria, imagem da Igreja missionária, digamos hoje: faça-se em mim segundo a tua palavra.
Folheto: "O Povo de Deus"\Arquidiocese de Brasília.


Hoje é a festa dos santos pais de Santa Teresinha de Lisieux

REDAÇÃO CENTRAL, 12 Jul. 20 / 05:00 am (ACI).- A Igreja celebra neste dia 12 de julho São Luís Martin e Santa Zélia Guérin, pais de Santa Teresa de Lisieux, que foram o primeiro casal a ser canonizado em uma mesma cerimônia na história da Igreja.

“Os santos esposos (...) viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus”, disse o Papa Francisco em 18 de outubro de 2015, durante a Missa canonização.
A família, depois de dezenove anos de matrimônio, diante da crise econômica que afligia a França, querendo garantir o bem-estar e o futuro a seus filhos, encontrou a força para deixar a cidade francesa de Alençon e se mudar para Lisieux.
Luís Martin trabalhou como relojoeiro e joalheiro e Zélia Guérin como pequena empresária de uma oficina de bordado. Junto com suas cinco filhas, deram seu tempo e seu dinheiro a fim de ajudar os mais necessitados.
Luís Martin nasceu em Bordeaux (França), em 1823, e faleceu em Arnières-sur-Iton (França), em 1894. Enquanto Maria Zélia Guérin nasceu em San Saint-Denis-Sarthon (França), em 1831, e faleceu em Alençon (França), em 1877.
Ambos foram pessoas devotas desde muito jovens. Durante sua juventude e antes de se conhecerem, Maria Zélia queria levar uma vida religiosa no mosteiro das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, enquanto Luís Martin sentia o mesmo desejo de dedicar sua vida a Deus e foi para o mosteiro do Grande São Bernardo.
Nenhum dos dois foi aceito, uma vez que Deus tinha outro plano para eles.
Os jovens se conheceram e o entendimento foi tão rápido que se casaram em 13 de julho de 1858, apenas três meses após seu primeiro encontro.
Levaram uma vida matrimonial exemplar: missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente, participação na vida paroquial.
De sua união, nasceram nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente.
Entre as cinco filhas que sobreviveram estava Santa Teresinha, a futura santa padroeira das missões, que é uma fonte preciosa para a compreensão da santidade de seus pais: educavam suas filhas para serem boas cristãs e cidadãs honestas.
Quando sua esposa Zélia morreu em 1877, Luís se viu sozinho para seguir adiante com sua família e suas filhas pequenas. Mudou-se para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia; deste modo, a tia Celina pôde cuidar das filhas.
Entre 1882 e 1887, Luís acompanhou três de suas filhas ao Carmelo. O maior sacrifício foi se separar de Teresa, que entrou no Carmelo aos 15 anos e iniciaria seu caminho para a santidade.
ACI Digital

A linda história de amor de Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresa do Menino Jesus

Santos Luís e Zélia Martin / Foto: Martha Calderón (ACI Prensa)
REDAÇÃO CENTRAL, 12 Jul. 20 / 08:00 am (ACI).- Os santos Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresa do Menino Jesus, têm uma bela história de amor marcada pela confiança em Deus, uma intensa vida de piedade e cruz.
Ambos foram canonizados em 18 de outubro de 2015, tornando-se o primeiro casal cujos cônjuges são declarados santos na mesma data. Sua festa é celebrada hoje, 12 de julho, no dia do seu aniversário de casamento.
A seguir, apresentamos a sua história, com o objetivo de que seja uma inspiração para que mais casais sejam santos.
Luís nasceu em 22 de agosto de 1823, em Bordeaux (França), e Zélia chegou ao mundo oito anos depois. Ambos cresceram em famílias militares e católicas.
Segundo a biografia publicada pela Santa Sé, o pai de Luís, Pierre-François Martin, era capitão do exército francês. Por isso, o futuro santo e seus quatro irmãos desfrutaram dos benefícios daqueles que eram filhos dos militares.
Depois que o pai se aposentou, a família se mudou para Alençon, em 1831. Lá, Luís estudou com os Irmãos das Escolas Cristãs. Ao completar sua formação, aprendeu o ofício de relojoeiro em várias cidades da França.
Os pais de Zélia Guérin eram exigentes, autoritários e rigorosos. Em uma de suas cartas a seu irmão Isidore, descreveu que sua mãe era “severa demais; era muito boa, mas não sabia como me dar carinho, então, eu sofri muito". Também afirmou que sua infância e juventude foram "tristes como uma mortalha".
Em sua biografia, a Santa Sé assinalou que Zélia era "inteligente e comunicativa por natureza" e que sua irmã Marie Louise era como uma segunda mãe.
A família de Zélia também se mudou para Alençon após a aposentadoria do pai, em 1844. Os Guérin passaram por muitas dificuldades econômicas, especialmente porque o caráter temperamental da mãe afetava o desenvolvimento de seus negócios.
A santa entrou no internato das irmãs da Adoração Perpétua, onde aprendeu a confeccionar o ponto de Alençon, uma das rendas mais famosas da época, e para se especializar entrou na "Ecole dentellière". Com o seu trabalho, Zélia contribuiu para a economia familiar.
Tanto Luís como Zélia sentiram durante a juventude o desejo de se consagrar a Deus através da vida religiosa.
Quando tinha 22 anos, ele pediu para ser admitido no mosteiro do Grande São Bernardo, mas foi rejeitado porque não sabia latim. Zélia, por sua vez, queria fazer parte da Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas também não foi aceita. Deus tinha outros planos para eles.
Anos depois, Luís abriu uma relojoaria e Zélia abriu uma fábrica de rendas.
A Santa Sé indica que Luís gostava de pescar e jogar bilhar com seus amigos. Era muito reconhecido por "suas qualidades incomuns" e, até mesmo, lhe ofereceram a oportunidade de se casar com uma jovem da alta sociedade, mas ele recusou.
Luís e Zélia se encontraram pela primeira vez em abril de 1858 na ponte São Leonardo. Ela ficou impressionada com este "jovem de nobre fisionomia, semblante reservado e modos dignos", e sentiu que uma voz interior lhe dizia que ele seria seu futuro marido.
Eles se apaixonaram e se casaram na noite entre 12 e 13 de julho do mesmo ano. O casamento civil foi realizado no município de Alençon, às 22h do dia 12, e o matrimônio religioso, à meia-noite, como era costume naquela época, na igreja de Nossa Senhora.
As cartas de Zélia refletem o amor que ela sentia por Luís: "Sua esposa que te ama mais do que a sua vida" e "Te abraço tanto quanto eu te amo".
Ambos levaram uma intensa vida espiritual composta por Missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente e participação em atividades paroquiais.
Tiveram nove filhos, dos quais sobreviveram cinco meninas: Paulina, Maria, Leônia, Celina e Teresa. Transmitiram a todas o amor a Deus e ao próximo. Além disso, seus negócios não foram um impedimento para gastar tempo de qualidade com elas.
"Amo crianças com loucura, eu nasci para tê-las", expressou Zélia em uma de suas cartas.
Em seu livro "História de uma alma", Santa Teresa do Menino Jesus escreveu o seguinte sobre os momentos que compartilhavam juntos: "Quão alegres eram aquelas festas familiares!".
No entanto, quando tinha 45 anos, Zélia descobriu que tinha um tumor no seio. "Se Deus quiser me curar, ficarei muito contente porque, no fundo do meu coração, desejo viver; o que me custa é deixar meu marido e minhas filhas. Mas, por outro lado, digo a mim mesma: se eu não me curar, é porque, talvez, seja mais útil que eu parta”, escreveu em uma carta.
A santa viveu esta doença com firme esperança cristã até a morte ocorrida em 28 de agosto de 1877, rodeada pelo seu marido e seu irmão Isidore.
Luís se mudou para Lisieux, onde Isidore morava, e a tia Celina o ajudou a cuidar de suas 5 filhas. Anos depois, todas se tornaram religiosas, quatro no Carmelo e uma na Visitação.
Seu maior sacrifício foi se separar de Teresa, a quem chamava de "sua pequena rainha", e que entrou na vida religiosa aos 15 anos.
Luís contraiu uma doença que o debilitou até a perda de suas faculdades mentais. Foi internado no sanatório do Bom Salvador, em Caen.
Durante os períodos de alívio, ofereceu-se como vítima de holocausto a Deus, até sua morte, em 29 de julho de 1894.
Sua filha Teresa foi proclamada santa em 17 de maio de 1925, pelo Papa Pio XI. Luís e Zélia foram canonizados em 18 de outubro de 2015, pelo Papa Francisco, durante o Sínodo da Família.
Em julho do mesmo ano, a causa da beatificação de Leônia foi aberta.
ACI Digital

Turquia. A Basílica de Santa Sofia torna-se mesquita


Santa Sofia, Turquia
Assim foi estabelecido por um decreto do Presidente Erdogan após o julgamento do Conselho de Estado anulando a transformação do local de culto em um museu em 1934. O próprio Erdogan anunciou uma primeira oração muçulmana em Santa Sofia para o dia 24 de julho.

Emanuela Campanile – Vatican News

De uma catedral bizantina dedicada à Divina Sabedoria - inaugurada em 537 sob o Imperador Cristão Justiniano - a uma mesquita, quando os Otomanos conquistaram Constantinopla em 1453 e renomearam a cidade de Istambul. Mais tarde foi convertida em museu em 1934 por decreto do pai fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Ataturk.
Na sexta-feira (10/07), um decreto do Presidente Recep Tayyip Erdogan, que chegou logo após a decisão do Conselho de Estado, anulou a decisão de Ataturk aceitando o pedido de um pequeno grupo islâmico local, estabelecendo a transferência da gestão da sede bizantina do Ministério da Cultura para a Presidência de Assuntos Religiosos, convertendo-a efetivamente na Mesquita de Santa Sofia. Em um discurso à nação, o presidente turco anunciou que a primeira oração na mesquita de Santa Sofia será no dia 24 de julho.

O alerta do Patriarca Bartolomeu

O Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu, nos últimos dias, havia denunciado os riscos de tal decisão: "Ela levará milhões de cristãos em todo o mundo contra o Islã". Em virtude de sua sacralidade, Santa Sofia, comentou o Patriarca, é um centro de vida "no qual Oriente e Ocidente se abraçam", e sua reconversão em um lugar de culto islâmico "será uma causa de ruptura entre estes dois mundos". No século XXI é "absurdo e prejudicial que Santa Sofia, de um lugar que agora permite que os dois povos se encontrem e admirem sua grandeza, possa se tornar novamente um motivo de oposição e confronto”.

Erdogan: toda crítica é um ataque à nossa independência

Respondendo às críticas, o presidente Erdogan defendeu a decisão invocando a "soberania nacional" e assegurando que as portas da Santa Sofia continuarão abertas a todos, muçulmanos e não-muçulmanos, como é o caso de todas as mesquitas: "Qualquer crítica", disse ele, "é um ataque à nossa independência". Centenas de crentes muçulmanos foram em frente à Santa Sofia gritar: "Alllah é grande". O chefe da Associação a Serviço das Fundações Históricas e do Meio Ambiente disse que continuar a deixar Santa Sofia como museu "faria mal a consciência das pessoas".

O pesar da UNESCO: Santa Sofia deve continuar sendo um símbolo de diálogo

A UNESCO lamentou profundamente a decisão da Turquia de mudar o "valor universal excepcional" do local, "um poderoso símbolo do diálogo". "Um país - diz a agência da ONU - deve certificar-se de que nenhuma mudança comprometa o extraordinário valor universal de um local em seu território que está na lista. Qualquer modificação deve ser notificada pelo país à Unesco e verificada pelo Comitê do Patrimônio Mundial".

Veritatis Splendor

sábado, 11 de julho de 2020

Como é criada uma homilia? Um leigo tenta entender

HOMILY
Philippe Lissac | Godong

De onde vem a inspiração para as homilias? Quanto tempo elas devem durar? Como conseguir prender a atenção dos fiéis?

As homilias permitem que um sacerdote ou diácono compartilhe com seu rebanho o fruto da inspiração do Espírito Santo durante sua meditação sobre a Palavra de Deus e a tradição de 2.000 anos da Igreja.
A composição de uma homilia não é uma tarefa fácil. Em um esforço para ajudar o clero com esse assunto, a Congregação para o Culto Divino do Vaticano lançou, inclusive, um Diretório Homilético em 2015.
Em 2018, o Papa Francisco exortou o clero a ser breve em suas homilias: “Não mais do que 10 minutos, por favor!”, disse ele. No entanto, Francisco reconheceu que os paroquianos “também têm que fazer a parte deles”, acrescentando: “Quantas vezes já vimos pessoas dormindo durante uma homilia, conversando entre si ou fumando um cigarro lá fora?”

Considerações sobre a duração da homilia

Na opinião de Pe. Anthony Kadavil, 12 minutos é a duração ideal da homilia aos domingos e entre três e cinco minutos nos dias úteis. Kadavil, embora agora tenha se aposentado de seu cargo de sacerdote na Igreja de São João Batista (Arquidiocese de Mobile, Alabama), está mais ativo do que nunca nas homilias. Ele se inspira “lendo ou ouvindo grandes homilistas e escutando paroquianos e seus problemas”.
Para mais orientações homiléticas, Kadavil recorre a vários recursos on-line, comentários bíblicos selecionados e livros escritos por Mark Link, SJ, e pelo teólogo escocês William Barclay.
Percebendo que é natural que os paroquianos se distraiam, Kadavil defende o uso de histórias e piadas para ajudar a manter o interesse dos fiéis. “As pessoas esquecem suas doutrinas, mas elas se lembram de suas anedotas.”

Conhecer o rebanho

O diácono Paul Schwerdt, que serve como diácono há 26 anos, perdeu a noção de quantas homilias já fez, mas acha que foram mais de quinhentas. Com base nos comentários que recebe dos paroquianos após a Missa, ele sente que cerca de 80% de suas homilias “alcançaram seu objetivo”.
Schwerdt, que trabalha na paróquia de St. Junipero Serra, em Lancaster, Califórnia, admite que se lembra de ter feito uma homilia que falhou totalmente em sustentar o interesse dos paroquianos. “A Missa era bilíngue, então eu preguei em espanhol e depois em inglês. Não me lembro do assunto, mas lembrei que tinha muito a dizer … Quando comecei a pregar em inglês, a linguagem corporal era evidente, e uma das senhoras que me conhecia me chamou depois e disse que fora demasiado longo.”
Na formação do diaconato, foi ensinado a Schwerdt que cinco a sete minutos eram suficientes. Mas ele admite: “Ultimamente, tenho falado até 12 minutos, e posso sentir que consigo manter a atenção da congregação”. Ter um texto impresso na mão ajuda-o a manter o foco no tema. “E, se eu divagar, posso sentir isso na linguagem corporal da congregação.”
Para Schwerdt, o processo de composição geralmente começa semanas antes da Missa. Ele lê as Escrituras para o domingo em particular em que pregará, e isso faz com que essas escrituras “fervam na cabeça”. Ele normalmente passa o dia inteiro escrevendo a homilia antes de apresentá-la na Missa.
As homilias de Schwerdt fazem citações das obras de vários santos, mas também contam com suas experiências. “Descobri que, quando falo de minhas experiências pessoais, minhas homilias tocam mais as pessoas [e] recebo mais comentários após a Missa”, revela.

Recorrendo à sabedoria da tradição

Pe. Steven Scherrer recorre à oração antes de pensar em suas homilias. Scherrer, ordenado há 48 anos, atualmente vive uma vida monástica em Ossining, Nova York.
Ele costuma acordar antes das três da manhã, reza por 60-90 minutos e depois pesquisa suas homilias por cerca de 90 minutos ou mais. Ao longo do dia, escreve e revisa quatro vezes cada homilia.
Sua pesquisa consiste em ler os evangelhos em grego e, em seguida, revisar vários comentários (geralmente os dos séculos 18 e 19), dos quais ele faz citações e anotações extensas. Então, com “uma ou duas ideias” que ele deseja comunicar, começa a escrever. “Enquanto escrevo, mais coisas me ocorrem.” Ele então pensa em exemplos para apoiar suas ideias.
Scherrer acredita que entre 10 a 15 minutos é o tempo ideal para uma homilia de domingo e entre três a quatro minutos para os dias de semana. No entanto, suas homilias hoje em dia costumam ser consideravelmente mais longas, porque são destinadas a leitores on-line.

Alguns “truques”

Na opinião de Pe. Roger J. Landry, padre da diocese de Fall River, Massachusetts, não existe um “tamanho ideal de homilia” que possa ser aplicado a todas as situações. Como ele ressalta, “pregar para crianças em uma língua estrangeira é diferente de pregar para mulheres religiosas em um retiro na língua nativa”.
A maioria das homilias de Landry no domingo dura em média de 20 a 25 minutos. Mas se ele estiver começando em uma paróquia desacostumada a homilias mais longas, ele pode falar por 12 minutos e depois aumentar gradualmente o conteúdo e a duração. “Quando o americano médio gasta até 30 horas por semana nas telas, é difícil para o Evangelho competir se for muito curto.”
Para inspiração homilética, Landry recorre às obras de São João Crisóstomo, Santo Agostinho, Pe. Raniero Cantalamessa e Cardeal Ratzinger (Papa Bento XVI), entre outros.
Ele busca inspiração “principalmente na oração nas obras litúrgicas da Missa, na história do santo do dia ou no mistério que está sendo celebrado”. Uma vez suficientemente inspirado, escreve uma série itens que ele organiza em um esboço.
Landry geralmente começa a pensar em uma homilia de domingo com seis dias de antecedência. “No meio do processo, deixei várias ideias marinarem em oração, prestando muita atenção aos acontecimentos atuais e áreas nas quais a luz da palavra de Deus poderia brilhar em locais de escuridão”, diz ele. “Eu também penso em quaisquer grandes medos e ansiedades que aqueles que vêm à Missa possam ter.”
Se ele vê que está perdendo a atenção dos paroquianos, recorre a uma história ou mudar um pouco o ritmo da fala. “Se houver silêncio por cinco segundos, quase todas as cabeças se voltarão para você para ver se você ainda está lá”, revela.

Trazer almas para sacramentos

Landry acrescenta que, para manter a atenção por mais tempo, “os padres, como bons músicos, devem variar a dinâmica – o uso de histórias, repetindo temas essenciais em palavras diferentes, acelerando e desacelerando, falando alto ou suave, usando tom mais alto ou mais agudo”.
Ele também aponta que avaliar o grau de sucesso de uma homilia pode ser mais complexo do que apenas medir o nível de atenção do público. Além disso, algumas de suas homilias que ele pessoalmente não considerava tão importantes acabaram por trazer “muitas pessoas ao confessionário”, enquanto outras homilias que ele considerava estar entre as melhores “pareciam dar pouco fruto”.
Enfim, existem várias maneiras de avaliar a eficácia e muitos fatores a serem considerados ao entregar uma mensagem que visa ajudar as almas e prender sua atenção.
Aleteia

Médico reza o Terço diariamente antes de entrar na sala de cirurgia

Cartagena, 10 Jul. 20 / 03:00 pm (ACI).- A foto do médico anestesiologista Néstor Ramírez Arrieta deu a volta ao mundo através das redes sociais, ao se tornar um exemplo de como a fé e a oração do Terço ajudam a lutar nos tempos difíceis como o do coronavírus, para confiar sempre na vontade de Deus.
O pastor evangélico Luis Alberto Gallego compartilhou uma foto de Ramírez, que trabalha na Clínica Madre Bernarda das Irmãs Franciscanas de Cartagena (Colômbia), rezando o Santo Terço antes de entrar em uma sala de cirurgia.
Gallego assinalou que a foto tocou seu coração, e refletiu sobre a situação dos profissionais de saúde, que, nessa pandemia de coronavírus, suportam plantões intermináveis e uma pressão emocional “que muitos não seríamos capazes de resistir”.
“Mesmo assim, em breves momentos de descanso, pega o terço e se entrega à oração. Embora sejamos diferentes na maneira de adorar e orar, alguém duvida de que DEUS escuta essa oração? Hoje, uno-me de todo o coração à sua oração, clamando por todos os médicos e profissionais de saúde que sofrem até o limite pelo bem-estar de seu próximo", acrescentou.
Ramírez, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que a foto foi tirada de surpresa e ele só soube dias depois quando começou a ser conhecida pelas redes sociais.
"Essa foto saiu depois de uma jornada de trabalho, eu sempre me sento para rezar o Terço, para dar graças a Deus pela jornada, faço-o antes de começar cada dia na madrugada”, assinalou.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

7 coisas que devemos saber sobre a medalha e cruz de São Bento

Medalha de São Bento / Foto: Flickr - Leslie GrIn (CC BY-NC-ND 2.0)
REDAÇÃO CENTRAL, 11 Jul. 20 / 06:00 am (ACI).- Durante séculos, muitos cristãos têm usado a medalha do famoso exorcista São Bento na luta espiritual contra as forças do mal. A seguir, são apresentadas 7 coisas que se deve saber sobre este objeto especial que possui muita tradição e história.
1. A origem da medalha é incerta
No século XVII, durante um julgamento de bruxaria na Alemanha, algumas mulheres acusadas testemunharam que não tinham poder sobre aAbadia de Metten porque estava sob a proteção da cruz.
Quando se investigou, foram encontradas nas paredes do recinto várias cruzes pintadas, rodeadas por letras que agora se encontram nas medalhas. Posteriormente, foi encontrado um pergaminho com a imagem de São Bento e as palavras completas das letras.
2. Com a medalha é possível obter indulgência plenária
A medalha como se conhece agora é a do jubileu que foi emitida em 1880 pelo 14º centenário do nascimento do santo e lançada exclusivamente pelo Abade Superior de Monte Cassino.
Com ela se pode obter a indulgência plenária na festa de São Bento (11 de julho), seguindo as condições habituais que a Igreja manda (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice).
3. Quando São Bento fazia o sinal da cruz, obtinha proteção divina
Certa vez, tentaram envenenar São Bento (480-547). O santo, como era seu costume, fez o sinal da cruz sobre o vidro e o objeto se quebrou em pedaços.
Em outra ocasião, um pássaro preto começou a voar ao seu redor. São Bento fez o sinal da cruz e teve então uma tentação carnal na imaginação. Quando estava quase vencido, ajudado pela graça, tirou a roupa e se jogou em uma moita de espinhos e cardos, ferindo seu corpo. Depois disso, nunca mais voltou a se ver perturbado daquela forma.
4. A medalha tem grande poder de exorcismo
A medalha de São Bento é um sacramental reconhecido pela Igreja com grande poder de exorcismo. Os sacramentais “são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual”.
“Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida” (Catecismo, 1667).
5. A medalha tem na frente a imagem de São Bento com uma cruz na mão direita e o livro das Regras de seus religiosos na outra mão
Ao lado do santo se diz: “Crux Sancti Patris Benedicti” (cruz do Santo Pai Bento). Pode-se ver também um corvo e um cálice do qual sai uma serpente. De maneira circular, aparece a oração: “Eius in óbitu nostro preséntia muniamur” (Na hora da nossa morte sejamos protegidos pela sua presença). Na parte inferior central se lê: “Ex. S. M. Cassino MDCCCLXXX” (Do Santo Monte Cassino 1880).
6. No verso está a cruz de São Bento com várias siglas
C.S.P.B. - “Cruz do Santo Pai Bento”.
C.S.S.M.L. - “A cruz sagrada seja minha luz” (na haste vertical da cruz).
N.D.S.M.D. - “Não seja o dragão meu guia” (na haste horizontal da cruz).
Em um círculo, começando no canto superior direito:
PAX - “paz”.
V.R.S. - “Retira-te, satanás”
N.S.M.V. - “nunca me aconselhes coisas vãs”.
S.M.Q.L. - “É mau o que me ofereces”
I.V.B. - “bebe tu mesmo os teus venenos”.
7. A medalha deve ser abençoada por um sacerdote com uma oração especial
Exorcismo da medalha:
 - O nosso auxílio está no nome do Senhor
- Que fez o céu e a terra.
- Exorcizo-te, Medalha, por Deus Pai + onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que contêm.
Todas as forças malignas e todos os exércitos diabólicos, com todos os seus poderes e persuasões sejam afugentados e extirpados por meio da fé e do uso desta Medalha, a fim de que todos os que a usam tenham saúde de corpo e de espírito: Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo +. Amém.
- Ouvi, Senhor, a minha oração.
- E chegue a vós o meu clamor.
- O Senhor esteja convosco,
- E com o teu espírito.
Pai Nosso…
Oremos: Deus eterno e todo-poderoso, pela intercessão de Nosso Pai São Bento, vos suplicamos: seja esta Sacra Medalha com suas inscrições e caracteres abençoada por Vós +, a fim de que seus portadores, movidos pela fé, possam realizar boas obras, obter santidade de corpo e de alma, receber a graça da santificação e as indulgências concedidas, ter o vosso auxílio para afugentar o maligno com suas fraudes e ciladas e um dia comparecer à vossa presença santos e imaculados. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Que a vossa bênção, Deus Pai onipotente +, Filho e Espírito Santo, desça sobre esta Medalha e sobre quem a utiliza, e permaneça para sempre.
ACI Digital

S. BENTO ABADE, PADROEIRO DA EUROPA

S. Bento, Perugino
S. Bento, Perugino  (© Musei Vaticani)

Espírito beneditino, linfa da Europa

O ensinamento de São Bento, que nasceu em Núrsia, por volta do ano 480 d.C., foi uma das alavancas mais poderosas, após o declínio da civilização romana, para o nascimento da cultura europeia; é a premissa para a difusão de centros de oração e de hospitalidade. Não é apenas o farol do monacato, mas também uma fonte providencial para peregrinos e pobres.
“Deveríamos perguntar-nos – escreveu o historiador Jacques Le Goff – a quais excessos as pessoas da Idade Média teriam chegado, se esta grande e suave voz não se tivesse elevada”? Uma voz sobre a qual se deteve o grande biógrafo de exceção, São Gregório Magno, no II Livro dos “Diálogos”.

“Um astro luminoso em um século obscuro”

Para São Gregório, Bento é “um astro luminoso” em uma época dilacerada por uma grave crise de valores. Ele pertencia a uma nobre família da região de Núrsia. Segundo a tradição, no lugar, onde se encontrava a casa natal do Santo, foi construída a Basílica de São Bento.
Sua vida, desde a juventude, era dedicada à oração. Seus pais, bastante ricos, mandaram-no a Roma para garantir-lhe uma boa formação. Ali, porém, - narra São Gregório Magno – encontrou más companhias, amigos viciados, que viviam ao léu. Então, Bento deixou Roma e foi, inicialmente, para a localidade denominada Enfide e, depois, por três anos, viveu como eremita em uma gruta, em Subiaco, que se tornaria o centro espiritual dos Beneditinos, chamada “Sacro Speco”. Este seu período de solidão foi uma preparação prévia para outra etapa fundamental do seu caminho: Montecassino.
Ali, entre as ruinas de uma antiga acrópole pagã, São Bento e alguns companheiros construíram a primeira Abadia de Montecassino.

A Regra

A São Bento, irmão de Santa Escolástica, foram atribuídos muitos milagres. Mas, o milagre maior e mais duradouro do Pai da Ordem beneditina foi a composição da “Regra”, escrita por volta do ano 530 d.C. Trata-se de um Manual, um código de orações para a vida monacal. Seu estilo, desde às primeiras palavras, é muito familiar: desde o prólogo até o últimos dos 73 capítulos, Bento exorta os monges a “ouvirem com o coração” e a “jamais perderem a esperança na misericórdia de Deus”. De fato, escreveu: “Ouça, filho, os ensinamentos do Mestre; dê-lhe ouvidos com o coração; receba, com agrado, os conselhos de um pai que lhe quer bem, para se dirigir, com o rigor da obediência, Àquele do qual você se distanciou por causa da negligência e da desobediência”.

“Ora et labora”

“O ócio – escreveu São Bento na Regra – é inimigo da alma. Por isso, os irmãos devem dedicar-se, em determinadas horas do dia, ao trabalho manual e, em outras, à leitura dos livros que contêm a Palavra de Deus”. Oração e trabalho não se contrapõem, mas estabelecem uma relação de simbiose. Sem a oração não é possível encontrar a Deus.
A vida monacal, definida por São Bento como “uma escola de serviço ao Senhor”, não pode prescindir do compromisso concreto. O trabalho é uma extensão da oração. “O Senhor – recorda São Bento – espera, todos os dias, a nossa resposta concreta aos seus santos ensinamentos”.


Vatican News

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Ano Laudato Si: para cuidar da casa comum

A Laudato Si aponta para a necessidade de uma mudança de mentalidade que compreenda que os problemas do mundo estão interligados
A Laudato Si aponta para a necessidade de uma mudança de mentalidade que
compreenda que os problemas do mundo estão interligados  (ANSA)

Este ano especial decorre de 2020 a 2021 e tem o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”. Para promover o cuidado da casa comum através de uma ecologia integral.

Rui Saraiva - Porto

No passado dia 24 de maio, o Papa Francisco assinalou o quinto aniversário da Encíclica “Laudato Si” lançando um ano especial que decorrerá até maio de 2021 com o objetivo de “chamar a atenção para o grito da terra e dos pobres”. O ano dedicado à ‘Laudato si’ é promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Recordemos que o documento do Papa publicado em 2015 desenvolve um conceito concreto: ecologia integral, novo paradigma de justiça. Em tempo de pandemia redobrou a importância deste tema e da iniciativa do Papa de dedicar um ano à reflexão e à ação ecológica e social.

Pela casa comum

No âmbito do ano “Laudato Si” foi publicado pelo Vaticano, neste mês de junho, um documento com o título ‘A caminho para o cuidado da casa comum – Cinco anos depois da Laudato Si’. Trata-se de um texto elaborado pela "Mesa Interdicasterial da Santa Sé sobre ecologia integral", organismo criado em 2015 para analisar como promover e implementar a ecologia integral. Os participantes deste organismo são instituições ligadas à Santa Sé envolvidas nesta área e algumas Conferências Episcopais e Organismos Católicos.
Este documento, embora tenha sido elaborado antes da pandemia da Covid-19, destaca que tudo está ligado, não há crises separadas, mas uma única e complexa crise ambiental e social que requer uma verdadeira conversão ecológica.
Desde logo, é apontada a necessidade de uma mudança de mentalidade que compreenda que os problemas do mundo estão interligados. É assinalada a importância de cuidar da vida e da Criação, valorizando a centralidade da pessoa humana e rejeitando a cultura do descarte.
É sugerida a valorização de tradições monásticas que ensinam a contemplação, a oração, o trabalho e o serviço, como forma de ajudar à educação para o equilíbrio pessoal, social e ambiental.
Em particular, é assinalada a tão falada “transição para energias disponíveis para todos” sublinhando a “eficiência energética” e alertando para a necessidade de transportes menos poluentes:
“É preciso promover transportes menos poluentes, tendo em consideração não só o combustível, mas também o ciclo de vida dos veículos” – podemos ler no documento do Vaticano que também assinala preocupações com a habitação e o trabalho denunciando “novas formas de escravatura”.
São precisos novos estilos de vida mais saudáveis, mas também “economias ecologicamente mais sustentáveis”. Economias que sejam inclusivas e que respeitem os pobres, marginalizados e pessoas com deficiência.

Economia de Francisco

Recordemos que na própria Encíclica “Laudato Si”, o Papa Francisco pede diálogo entre política e economia a nível internacional e não poupa um juízo severo aos líderes mundiais relativamente à falta de decisões políticas a nível ambiental. Propõe uma nova economia mais atenta à ética.
Como consequência concreta desta necessidade de diálogo entre política e economia e a construção de uma economia mais ética, foi lançada a iniciativa “Economia de Francisco” que deveria ter acontecido em março passado e que, devido à pandemia, teve que ser adiada para o próximo mês de novembro.
Decorrendo em ano especial “Laudato Si”, a “Economia de Francisco” terá lugar na cidade italiana de Assis e deverá reunir mais de 2 mil jovens de 115 países, incluindo Portugal. Entretanto, o evento foi reorganizado e os participantes estão a preparar o evento através de uma plataforma digital com o objetivo de se encontrarem presencialmente em novembro.
O Papa Francisco convida para este encontro de Assis jovens empreendedores e jovens economistas que desejam fazer um pacto, no espírito de S. Francisco, procurando construir uma nova economia, que seja viável e ética, socialmente justa e sustentável a nível ambiental. Um verdadeiro compromisso para o futuro.

Compromisso ambiental

A propósito de compromisso é importante assinalar as medidas concretas do próprio Estado da Cidade do Vaticano para a defesa do ambiente: recolha seletiva de resíduos e reciclagem; proteção dos recursos hídricos; cuidado de áreas verdes e controlo do consumo de recursos energéticos.
Como exemplos deste compromisso, em 2008 foi instalado um sistema fotovoltaico no telhado da Sala Paulo VI e os novos sistemas de iluminação LED na Capela Sistina, na Praça de S. Pedro e na Basílica do Vaticano reduziram os custos em 60, 70 e 80 por cento, respetivamente.
As dioceses de todo o mundo procuram, assim, dar expressão concreta a estes desafios ambientais. Por exemplo, em Portugal no início deste mês de julho a diocese do Porto, seguindo o espírito da Encíclica Laudato Si, inaugurou um conjunto fotovoltaico no topo da Casa Diocesana. Um complexo de 530 painéis solares com uma capacidade instalada que poderia alimentar 50 habitações familiares. E, assim, uma estrutura dedicada à pastoral, à formação e ao acolhimento transforma-se também num local de reconversão energética e de responsabilidade ambiental.
Em Portugal, segundo informa a Agência Ecclesia, existem outros exemplos da aplicação da Encíclica Laudato Si: A Casa Velha – ecologia e espiritualidade, é um centro de retiro e formação para experimentar a conversão ecológica na relação com Deus, com o outro e a natureza e também a Rede Cuidar da Casa Comum, criada em 2017 para difundir a Laudato Si unindo várias instituições cristãs.
Laudetur Iesus Christus


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A lei da inércia e o retorno à Missa

MASS
Miguel MEDINA/AFP

Apesar de todo o seu poder, a inércia não é a maior força do universo. Nosso livre-arbítrio é mais forte. Por isso, precisamos vencer a inércia e voltarmos – com segurança – à Missa

Muitas paróquias estão, gradualmente, retomando as Missas com a presença dos fiéis. Mas muitos católicos não querem, por enquanto, retornar às igrejas (e não deveriam ser julgados por isso).
Todos deveriam compreender quão variadas são as circunstâncias das pessoas com familiares em grupos de risco, restrições de viagem, confusão sobre como se inscrever ou se poderão realmente participar da Missa por causa do número reduzido de fiéis.
Porém, penso que precisamos fazer grandes esforços para incentivar as pessoas a voltarem à Missa dominical, porque assim, estaremos enfrentando uma das mais poderosas forças do universo: a lei da inércia.
Os vendedores vêm falando sobre a lei da inércia há anos. Tudo começou com uma maçã caindo na cabeça de Isaac Newton. Ele se perguntou sobre isso, estudou e escreveu suas leis do movimento.
A primeira lei de Newton – a “lei da inércia” – diz que um objeto em repouso permanece em repouso e um objeto em movimento permanece em movimento, a menos que seja acionado por outra força.
Os vendedores sabem disso – e colocam esse princípio em prática. Eles sabem que ninguém quer agir por si só, então fazem com que você sinta que precisa do que eles estão vendendo para manter seu nível de conforto, prazer ou estilo de vida.
Na vida espiritual, temos a lei do hábito, que pode ser virtude ou vício. O Papa Francisco contou a história heróica dos católicos da Tunísia, cujo hábito de participar da Missa levou a um profundo encontro com Cristo. Quando o imperador Diocleciano tentou forçá-los a parar suas reuniões, um deles disse: “Não podemos viver sem o Domingo”. Os mártires de Abitene morreram na Missa.
Todos nós podemos conseguir isso. Como as virtudes “são adquiridas e fortalecidas pela repetição de bons atos morais” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 378), precisamos apenas continuar fazendo a coisa certa.
Portanto, agora é a hora perfeita para a Igreja convidar fervorosamente as pessoas a voltarem, com segurança, à Missa.
Pense em quão perfeitas são as circunstâncias. A mensagem católica sempre foi: “Vá à Missa porque você precisa da Eucaristia”. Essa é uma mensagem poderosa, mas agora você não precisa ir à Missa. Então, por que você iria?
Volte à Missa porque o mundo está mais assustador do que nunca, e se você conseguiu manter sua paz de espírito sem Deus antes, certamente precisará dele agora, precisará de sua sabedoria, das Escrituras e de sua presença real na Comunhão.
Volte à Missa porque a pandemia varreu todos os ídolos. Tudo o que imaginávamos ser digno de esperança, agora sabemos que não é. Somente Deus traz esperança.
“Volte à Missa mesmo que isso pareça um risco”, diz meu arcebispo (mas viva primeiro a caridade, para si e para os outros). Ele ainda lembra que a Missa se tornou muito segura, mas apontou que os católicos se arriscam a receber Cristo há séculos.
Volte à Missa, mesmo que não queira. Talvez especialmente se você não quiser.
Eu poderia continuar com inúmeras razões para te convencer a volta à Missa de domingo. Mas minha esposa diz que a Igreja agora precisa de uma mensagem simples, como o lema “Just do it” da Nike.
Apesar de todo o seu poderoso poder, a inércia não é, em última análise, a maior força do mundo. Nosso livre-arbítrio é mais forte. Assim como basta dar um tapa em uma maçã para ela cair, você também pode ligar para a secretaria da paróquia para ver como a Missa funciona agora – ou ligar para as pessoas que ainda não viu na Missa, conversar com elas e convidá-las. Diga a elas que você ficará feliz em vê-las novamente na igreja.
Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF