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sexta-feira, 17 de julho de 2020

Os Padres Apostólicos “incomodam”?

Os Padres Apostólicos “incomodam”?
Recentemente tive a oportunidade de compartilhar o meu último artigo da série “Catolicismo Primitivo” nas redes sociais[1]. Alguns comentários protestantes me ofereceram a oportunidade para refletir sobre várias coisas e quis deixá-las estampadas aqui.
A IGREJA É INDEFECTÍVEL?
Evidentemente, o artigo incomodou uma pessoa do grupo, creio que porque colocava em evidência que já no século I d.C. um dos cristãos mais célebres ensinava doutrinas católicas. Diante disso, tentou sugerir a possibilidade de que já então [a Igreja] estava corrompida:
  • “Os gálatas eram discípulos de São Paulo e vejam o que aconteceu: leiam Gálatas capítulo 1. Paulo, chocado, diz: “Fico espantado de que TÃO RÁPIDO vos afastastes!!!” TÃO RÁPIDO! Imaginem se eu tivesse confiado nos gálatas só porque eram discípulos diretos de Paulo. Sem dúvida, tinham imposição das mãos e tudo, mas eu teria um evangelho oblíquo, distorcido, pervertido”.
E em outro comentário acrescentou:
  • “O fato de os “Padres apostólicos” serem próximos dos Apóstolos não deve nos fazer supor que eles não se equivocavam e mal-interpretavam os ensinamentos dos Apóstolos. A pessoa mais próxima dos Apóstolos poderia cometer a mais grave má-interpretação, assim como uma pessoa dois mil anos depois pode compreender corretamente a mensagem apostólica. O fato é o que diz a Escritura. Paulo adverte: “Portanto, olhai por vós e por todo o rebanho que o Espírito Santo vos confiou por bispos, para apascentar a Igreja do Senhor, a qual Ele ganhou por seu próprio sangue. Porque eu sei que depois da minha partida lobos vorazes entrarão no meio de vós e não pouparão o rebanho. E entre vós mesmos se erguerão homens que falarão coisas perversas para arrastar consigo os discípulos” (Atos 20:28-30)”.
A tese do argumento é basicamente esta: a Bíblia fala de como já no início da Igreja houve pessoas que mal-interpretavam a Revelação (hereges). Deste modo, parte daí para criar a possibilidade de Santo Inácio e inclusive toda a Igreja poder ter se corrompido, afinal – pensa ele – se uma parte pode se corromper, então também todo o conjunto.
QUAL É O PROBLEMA DESTE ARGUMENTO?
Ainda que seja verdade que esses textos servem para provar que de dentro da Igreja sairiam pessoas que objetivamente tentariam corromper a doutrina cristã, [esses mesmos textos] não permitem provar que tal corrupção se estenderia a toda Igreja. O mesmo exemplo que nosso amigo menciona – o dos gálatas – serve para desmontar a sua tese, porque também sabemos que eles retornaram à ortodoxia após as advertências de São Paulo. Portanto, nesse caso concreto a corrupção não se estendeu.
O texto do livro dos Atos, que ele também cita, diz que estes homens identificados como “perversos” tentariam arrastar consigo discípulos, mas não diz que arrastariam todos – e foi para evitar isto que se estabeleceram os bispos, cujo dever é proteger os fiéis. Obviamente, se se lê o texto isolado do contexto e se se extrapola a um contexto mais amplo, podemos chegar a conclusões falaciosas.
Da mesma maneira, se lemos cada texto que trata dos hereges, vemos que o problema é precisamente que já então estava presente o gérmen protestante: querer interpretar a Revelação por conta própria, de maneira individualista e separada do corpo eclesial. São Paulo e os Apóstolos não disseram que eles prevaleceriam, mas advertiram acerca deles:
  • “Ao sectário, depois de uma e outra advertência, evita-o; já sabes que ele é pervertido e peca, está condenado por sua própria sentença” (Tito 3,10-11).
  • “Meu filho Timóteo: esta é a recomendação que eu te faço, de acordo com as profecias anteriormente pronunciadas sobre ti. Combate, compenetrado nelas, o bom combate, conservando a fé e a consciência reta; alguns, por tê-la rejeitado, naufragaram na fé; entre estes estão Himeneo e Alexandro, os quais entreguei a Satanás para que aprendam a não blasfemar” (1Timóteo 1,18-19).
  • “Evita os falatórios profanos, pois os que a eles se dão crescerão cada vez mais na impiedade e sua palavra irá roer como a gangrena. Himeneo e Fileto estão entre estes homens: desviaram-se da verdade ao afirmar que a ressurreição já ocorreu e pervertem a fé de alguns” (2Timóteo 2,16-18).
Estes primeiros hereges agiam com malícia ou era só com ignorância? Somente Deus conhece cada caso particular, porém nem por isso São Pedro deixou de advertir sobre o perigo de se interpretar as Sagradas Escrituras por conta própria:
  • “Nas Escrituras há coisas difíceis de se entender, que os ignorantes e os fracos interpretam deturpadamente para a sua própria perdição” (2Pedro 3,16).
  • “Porém, antes de mais nada, tende presente que nenhuma profecia da Escritura pode ser interpretada por conta própria, porque nunca profecia nenhuma veio por vontade humana, mas homens movidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pedro 1,20-21).
Em vários desses textos São Paulo escreve a Timóteo; este foi um dos primeiros bispos colocados por aquele à frente de uma igreja do primeiro século. É uma constante vê-lo advertir sobre as heresias, porém ele nunca diz que a Igreja sucumbiria a elas. Vamos a outro exemplo:
  • “Porque virá um tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas que, arrastados por sua próprias paixões, terão numerosos mestres pela coceira de ouvir novidades; afastarão seus ouvidos da verdade e se voltarão às fábulas” (2Timóteo 4,3-4).
Diz outra vez que haverá pessoas que se desviarão: mas serão todas? serão sequer cristãos? Nem o afirma, nem o contexto parece apontar neste sentido, porque sobre isso sua recomendação é uma exortação para que quando chegar esse momento possam se manter firmes na verdade:
  • “Tu, pelo contrário, porta-te em tudo com prudência, suporta os sofrimentos, realiza a função de evangelizador, desempenha com perfeição o teu ministério” (2Timóteo 4,5).
Por outro lado, não deve passar despercebido que São Paulo identifica estes homens infiéis com aqueles que ensinarão “novidades”. Esta descrição se adapta mais aos primeiros Padres da Igreja ou às denominações protestantes de hoje, cujas doutrinas diferem não só das doutrinas da Igreja primitiva como também entre elas mesmas? Os próprios reformadores protestantes admitiam que a sua doutrina era rejeitada por toda a Tradição cristã anterior, de forma que tiveram que ficar só com a Bíblia interpretada à sua maneira pessoal.
Porém, os Apóstolos não dizem que estes hereges teriam êxito; dizem, muito pelo contrário, que não teriam êxito e que acabariam saindo do seio da Igreja (cismáticos):
  • “Meus filhos: esta é a última hora. Ouvistes que viria um Anticristo. Pois bem: muitos anticristos apareceram, pelo quê nos damos conta que já é a última hora. Saíram dentre nós, porém não eram dos nossos. Se fossem dos nossos, permaneceriam conosco. Porém ocorreu assim para manifestar que nem todos são dos nossos” (1João 2,18-19).
Entre as razões pelas quais sempre achei incoerente esta tese protestante é porque as próprias Sagradas Escrituras apontam evidências de que isto não poderia ocorrer:
  • Pois a Bíblia nos diz que Cristo fundou uma Igreja que é coluna e fundamento da verdade (1Timóteo 3,15);
  • Sobre a qual as forças do mal não prevaleceriam (Mateus 16,18-19);
  • Que seria guiada pelo Espírito Santo à plena verdade (João 16,13);
  • E que, graças a isto, o Evangelho poderia chegar a todo o mundo e cumprir a grande comissão de fazer discípulas todas as nações, batizando-as no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28,19).
Uma Igreja já corrompida em pleno século I não poderia alcançar tal fim; menos ainda uma Igreja que tivesse que aguardar dezesseis séculos até a chegada de um Lutero ou um Calvino.
Nosso amigo, pelo contrário, prefere crer em uma espécie de Cristo incompetente, que funda uma Igreja que logo se corrompe nos tempos de Santo Inácio, só porque o que ele escreve permite identificar a Igreja do século I com a Igreja Católica. Para quem pensa deste modo, não é por acaso que os textos de Santo Inácio geram alergia.
CONSEQUÊNCIAS DA INFALIBILIDADE DA IGREJA
Mais adiante, no mesmo debate, a mesma pessoa escreve:
  • “Há um problema lógico com o princípio do consenso universal dos Padres. Na verdade, é possível que todos os Padres estivessem equivocados em uma determinada doutrina de consenso unânime. Aliás, tanto católicos quanto não católicos não creem que os seus escritos sejam divinamente inspirados e infalíveis. Logo, se eles são falíveis, é logicamente possível que todos eles puderam estar equivocados em um determinado ponto, de tal maneira que inclusive o consenso universal poderia ser nada mais que um consenso no erro”.
Nos encontramos agora com um argumento criativo, mas falacioso. Nosso amigo sabe que nenhum católico pensa que Santo Inácio ou os Padres da Igreja tenham sido infalíveis individualmente. E daí ele supõe que se um não foi infalível, a somatória deles tampouco poderia sê-lo. Obviamente, esta forma de raciocinar revela um sem fim de contradições que veremos a seguir:
Primeiro: que cada cristão individualmente possa ser falível não implica que o consenso dos Padres sobre alguma doutrina de fé deva sê-lo também. Cristo prometeu à sua Igreja guiá-la à plena verdade e não a cada cristão de forma individual.
Segundo: suponhamos por um momento que o argumento é verdadeiro e toda a Igreja cristã, inclusive quando define verdades de fé e dogmas, pode se equivocar. Nesse caso, nosso amigo ficaria com uma Bíblia que crê infalível, porém que conta com livros selecionados por uma Igreja falível.
Afinal, foram esses mesmos cristãos, reunidos em Concílio Ecumênico, que definiram quais eram os livros que hoje pertencem à Bíblia. É razoável crer que podem se equivocar em tudo, menos nisso em concreto? Se quer ser coerente, deve admitir também que a Bíblia é uma coleção de documentos falíveis ou, ao menos, falivelmente selecionados. Nosso amigo terá ganho, porém terá cortado também o ramo sobre o qual ele estava sentado.
Exemplo disto é que quando levantei essa questão, nosso amigo respondeu: “Essas coisas, ainda que não tenham sido definidas infalivelmente, no entanto temos suficiente certeza e isso basta”. Eis aqui que depois de ter “serrado” o seu próprio ramo, não lhe restou outra opção senão afirmar que a Bíblia é uma coleção de documentos selecionados “falivemente”, sobre os quais se pode ter “suficiente certeza” e, para ele, “isso basta”.
Terceiro: Seguindo a mesma linha de raciocínio, em que admitimos – sem conceder – que toda a Igreja, inclusive quando define dogmas de fé, pode se equivocar, por que não admitem a mesma hipótese para eles?
Porque o que vale para um, vale para os outros. Se a Igreja reunida em Concílio Ecumênico pode se equivocar, então o Protestantismo inteiro, exponencialmente dividido em denominações, com uma probabilidade muito maior, pode se equivocar. É bastante curioso ver muitos protestantes inconscientemente professarem uma infalibilidade pessoal e, no entanto, negar o mesmo à Igreja. Lutero por exemplo dizia:
  • “Os Santos Padres, os Doutores, os Concílios, a própria Virgem Maria e São José, e todos os Santos juntos podem se equivocar” (Martinho Lutero, Weimarer Ausgabe 17,2).
Porém, acerca dele mesmo, pensava:
  • “Estou seguro de que os meus dogmas eu os recebi do céu. Os meus dogmas permanecerão e o Papa sucumbirá” (Martinho Lutero, Weimarer Ausgabe 10,2).
Por que ainda que os primeiros Padres não sejam infalíveis individualmente, não serão ainda assim mais confiáveis e próximos do Cristianismo mais puro e autêntico do que um Lutero ou um Calvino, que não receberam o Evangelho nem dos Apóstolos, nem de nenhum de seus discípulos diretos, mas das mãos da Igreja Católica e dezesseis séculos depois?
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DOUTRINÁRIOS NA IGREJA
Para seguir tentando provar que o consenso dos Padres pode se equivocar, [nosso amigo] acrescentou:
  • “Como é bem sabido, a verdade não é determinada pela maioria, nem mesmo pelo voto unânime”.
E em certo sentido ele tem razão: se hoje, por exemplo, faz-se uma votação e a maioria das pessoas vota a favor da legalização do aborto, só pelo mero fato de ter sido aprovado pela maioria não significa que seja correto. Muitas vezes, ao longo da história, as maiorias tomaram decisões equivocadas.
Mas o que garante a infalibilidade da Igreja não são as maiorias, mas a promessa de Cristo em guiá-la à verdade plena, com o auxílio do Espírito Santo. Se realmente nos regemos [somente] pela Bíblia, como o meu amigo afirma que faz, deve então ver aí como se resolviam os problemas doutrinários. Quando ocorreu, por exemplo, o primeiro grande problema na Igreja primitiva, envolvendo a questão da circuncisão, os Apóstolos resolveram o assunto reunindo-se no Concílio de Jerusalém. Não participaram dele todos os cristãos, mas só aqueles que ostentavam uma autêntica autoridade dentro da Igreja. E ainda que inicialmente nem todos estivessem de acordo, o que decidiram foi recebido como a decisão “deles e do Espírito Santo” (Atos 15,28).
Diferentemente disto, o Protestantismo é impotente na hora de resolver os seus conflitos, porque no fim das contas cada um poderá se agarrar à sua própria interpretação particular da Bíblia, princípio este que eles mesmos estabeleceram. Daí que quando historicamente tentaram fazer algo similar a um Concílio, sempre fracassaram e terminaram se dividindo.
Que exemplo mais claro do que ver o próprio Lutero, já em idade avançada e próximo da morte, terminar seus dias amaldiçoando e condenando os outros líderes da Reforma que não pensavam como ele, apesar de ter tentado anteriormente, em numerosas ocasiões, chegar a um acordo, a começar pelo “Colóquio de Marburgo”:
  • “Por Deus, essa boca blasfema não estará nunca comigo; não lhe dirigirei uma única palavra; não quero falar com ele, nem vê-lo, nem ouví-lo. Que ele ou sua maldita quadrilha de fanáticos zwinglianos e outros semelhantes me louvem ou censurem me importa tanto quanto se me louvassem ou censurassem os judeus, os turcos, o papa ou o próprio demônio. E como eu me encontro a um passo da morte, quero dar este testemunho da minha fé diante do tribunal do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, declarando que aos fanáticos e inimigos do sacramento, a Karlstadt, Zwínglio, Ecolampádio, Schwenckfeld, e aos seus discípulos de Zurique ou de onde quer que sejam, eu os condenei com toda severidade e os evitei, conforme a ordem do Apóstolo: “Ao homem herético, após a primeira e a segunda advertências, evita-o”” (Martinho Lutero, Kurzes Bekenntnis von heiligen Sakrament: WA 54.141-67).
No Sínodo de Dort[2], os calvinistas e os arminianos tampouco puderam chegar a um acordo, terminando os líderes arminianos executados ou desterrados, mas nem por isso deixaram de se agarrar à sua interpretação privada, diferente da interpretação dos calvinistas. Suas diferenças doutrinárias perduram até o dia de hoje.
Em todos esses casos, cada um deles pensa como o nosso amigo: a Igreja não tem o porquê de ter razão, quem deve ter sou EU. Por isso, uma vez que os reformadores se separaram da Cristandade inteira, tentaram não só ocultar as suas divisões – das quais se envergonhavam – mas tentaram impedir ainda que outros utilizassem o mesmo princípio que eles tinham estabelecido, mediante perseguições e torturas. Quanto a isso veja-se:
Com efeito, a alternativa proposta simplesmente não funciona!
CONCLUSÃO
Ainda que eu tenha manifestado a minha opinião, resta ainda esta pergunta no ar: Por que essa reação diante dos textos de um dos primeiros Padres Apostólicos, tentando demonstrar que já então a Igreja estava corrompida? Quais seriam as consequências reais se isso fosse verdade? Poderíamos crer que uma Igreja corrupta e falível selecionou infalivelmente os livros da Bíblia? Qual a probabilidade deles [os protestantes], com uma origem tão distante da Era Apostólica, mal-interpretarem ainda mais a mensagem cristã? Não teriam se corrompido também?
—–
NOTAS
[1] http://infocatolica.com/blog/apologeticamundo.php/1610111044-catolicismo-primitivo-3-san-i (em espanhol).
[2] https://es.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo_de_Dort (em espanhol).
[3] http://www.apologeticacatolica.org/Tradicion/TradicionN07.html (em espanhol).
Veritatis Splendor

S. MARCELINA, VIRGEM, IRMÃ DE S. AMBRÓSIO, BISPO

santamarcelina.org

Obras e comunidades marcelinas celebram a festa de sua padroeira, Santa Marcelina.

No dia 17 de julho é celebrada a Festa de Santa Marcelina, santa que viveu no século IV e pelo seu modelo exemplar de educadora inspirou o Fundador do Instituto das Irmãs Marcelinas, Beato Luigi Biraghi, a torná-la a padroeira de sua congregação religiosa, em 1838.
A história…
Marcelina nasceu em Roma, em 327, na família dos Ambrosiis, sob o Império de Costantino Magno. Em uma época de profundas mutações culturais, a família de Marcelina era aberta a religião cristã. 
Marcelina viveu dias tranqüilos em Treviri, mas aos 13 anos, com a morte precoce do pai, voltou para Roma com a família. Antes de fazer 20 anos, ela perdeu também a mãe e ficou com a responsabilidade da educação dos irmãos.
Jovem, bonita, rica e nobre, Marcelina tinha muitos pretendentes, mas decidiu se consagrar a Deus, permanecendo virgem. Na Roma corrupta e pagã, era muito difícil compreender que uma jovem renunciasse a sua fortuna e a um ilustre casamento. O povo não estava acostumado com essas idéias, mas assim mesmo Marcelina confessou isso ao mundo. Para buscar coragem, ela visitava muitas vezes as catacumbas dos cristãos que morreram pela Fé e lá se sentia consolada e compreendida. Apesar de tudo, a vida de Marcelina acontecia nos palácios dos Césares. Ela poderia tornar-se poderosa, imperatriz, conhecida no mundo e teria uma vida fácil, mas cada vez era mais forte a sua convicção de que deveria se dedicar a Deus. Para levar adiante esse projeto, ela retirou-se para uma vila tranqüila, em Cernusco, perto de Milão, e passou a viver em contato com a natureza.
Na noite de Natal de 353, aos 25 anos, Marcelina recebeu das mãos do Papa Libério o véu da consagração total. Sua decisão abalou os habitantes dos palácios e nem mesmo seus amigos conseguiram entender toda a dimensão do que estava acontecendo. Marcelina intensificou a oração e os estudos das Sagradas Escrituras e acolheu em sua casa muitas virgens que queriam orientação para se dedicar a Deus e ao auxílio dos pobres e doentes. Ao mesmo tempo, ela não se descuidava da educação dos irmãos, que mais tarde assumiram cargos públicos. Em 372, Ambrósio foi eleito governador em Milão e Sátiro foi nomeado para uma prefeitura. Dois anos mais tarde, Ambrósio foi eleito bispo de Milão e levou Marcelina para auxiliá-lo.
A atuação de Ambrósio nos 23 anos de episcopado faz parte da história civil e religiosa de Milão. E Sátiro, que morreu em 379, sempre trabalhou a seu lado e também na administração dos bens da família.
Para os dois irmãos, Marcelina foi conselheira e mestra, desenvolvendo paralelamente sua vida comunitária com as companheiras virgens. Embora no silêncio de sua vida recolhida, ela desenvolveu um apostolado eclesial, participando das ansiedades e solicitações do Bispo Ambrósio. Ele teve grande estima por ela e propôs o seu exemplo a muitas jovens que eram também chamadas por Deus a uma dedicação total.

Devoção do Povo.

Marcelina trabalhou ao lado do irmão Ambrósio até o final da vida dele, que morreu em abril de 397. Ela morreu poucos meses depois, em 17 de julho de 397 e foi sepultada em Milão, na Basílica Santambrosiana.
O povo dedicou-lhe intensa devoção. Na mesma vila onde Marcelina morreu, em 1838, foi fundada a Congregação das Irmãs Marcelinas, pelo Monsenhor Luís Biraghi. Seguindo o seu exemplo, a Congregação nasceu com a meta de orientar, formar, educar os jovens e todos os que lhe fossem confiados no caminho do amor, ensinando-lhes a palavra de Jesus. E assim realizaram-se as palavras do Papa Libério: “Muitas jovens te seguirão …”.

Bispo de Crateús também é diagnosticado com Covid-19

Dom Ailton Menegussi / Foto: Diocese de Crateús
FORTALEZA, 15 Jul. 20 / 03:00 pm (ACI).- O Bispo de Crateús (CE), Dom Ailton Menegussi, informou na terça-feira, 14 de julho, que testou positivo para Covid-19 e que segue em tratamento domiciliar, adotando um “isolamento ainda mais rígido”, sem “quaisquer contatos pessoais”.
O Prelado divulgou esta informação por meio de uma carta publicada pelas redes sociais da Diocese de Crateús. No texto, Dom Menegussi ressaltou o fato de ter obtido o resultado positivo de seu teste no dia de São Camilode Léllis, “padroeiro dos enfermos, dos hospitais e dos Profissionais de Saúde”.
O Bispo se disse “surpreendido” pelo resultado do exame, pois “não apresentava nenhum dos principais sintomas da doença, exceto, uma tosse fraca e esporádica”.
Segundo ele, “os primeiros exames laboratoriais e de imagem já foram feitos, não apontando para quadros mais graves”. Estou confiante no Senhor Jesus, o Médico dos Médicos, e desde já, agradecido aos profissionais de saúde que estão acompanhando-me com toda solicitude”, afirmou.
“Acolho com serenidade mais esta ‘experiência’, unindo-me a tantos outros irmãos e irmãs que antes enfrentaram, ou agora, junto comigo, encaram este desafio, bem como àqueles que ainda serão surpreendidos pela mesma notícia”.
Além disso, expressou: “Lamento, profundamente, pela possibilidade de, mesmo sem qualquer intenção, ter contaminado alguém que tenha se aproximado de mim nestes últimos dias”.
“Colocando-me sob a proteção divina, sob os cuidados maternos de Nossa Senhora e suplicando a interseção de São Camilo de Léllis, deixo meu abraço virtual a todos e conto com vossas orações”, completou.
Além de Dom Ailton Menegussi, outros prelados brasileiros que testaram positivo para Covid-19 foram: o Bispo de Picos (PI), Dom Plínio José Luz da Silva, que realizou tratamento em um hospital de Teresina; o Bispo de Palmares (PE), Dom Henrique Soares da Costa, que está internado na UTI de um hospital de Recife; e o Bispo de Colatina (ES), Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, o qual não apresenta sintomas e segue em isolamento na residência episcopal.
ACI Digital

Hoje a Igreja recorda 16 carmelitas mártires decapitadas na Revolução Francesa

ACI Digital
REDAÇÃO CENTRAL, 17 Jul. 20 / 05:00 am (ACI).- No dia seguinte à festa de Nossa Senhora do Carmo, recorda-se hoje as 16 carmelitas de Compiègne (França), que foram decapitadas por ódio à fé durante a Revolução Francesa, como foi profetizado 100 anos antes de sua morte.
As carmelitas se estabeleceram em Compiègne em 1641 e, fiéis ao espírito de Santa Teresa, ganharam a estima dos moradores. Entretanto, durante a Revolução Francesa, seu convento foi fechado e as religiosas foram forçadas a viver como seculares segundo a lei revolucionária de 1790.
Dias depois, foram obrigadas a assinar o chamado “juramento revolucionário” (liberdade, igualdade e fraternidade) para não serem deportadas e a comunidade passou a residir em quatro casas diferentes.
Passado um tempo, a priora Teresa de Santo Agostinho propôs a suas irmãs que fizessem novamente uma estrita vida conventual, como se não tivessem sido exclausuradas. Desse modo, e apesar de estarem em diferentes casas, viveram a obediência a sua superiora.
Algumas pessoas perceberam e denunciaram ao Comitê de Saúde Pública, que imediatamente investigou as casas e colheu “provas de vida conventual” como uma estampa do Sagrado Coração, cartas e escritos. Isso foi visto como um complô secreto para o “restabelecimento da monarquia e o desaparecimento da República”.
Foram detidas, embora algumas tenham conseguido escapar. Então, as carmelitas concordaram de retirar o juramento revolucionário. Quando lhes foi pedido que voltassem a assiná-lo, disseram que não fariam e foram acusadas de “conspirar contra a revolução”.
Foram levadas a Paris com as mãos amarradas sobre duas carroças. Ao chegar, colocaram-nas na prisão da Conciergerie, antessala da guilhotina, junto com outros presos, religiosos e seculares.
Presas, as carmelitas se tornaram um modelo de piedade e firmeza na fé. Continuaram com suas orações e conseguiram festejar Nossa Senhora do Carmo em 16 de julho com muita alegria e solenidade.
Em 17 de julho de 1794, compareceram diante do Tribunal Revolucionário e todas foram condenadas a morte.
Aos pés da guilhotina, cantaram o “Te Deum”, renovaram suas promessas e votos e subiram uma a uma para oferecer sua vida dando um corajoso testemunho de Cristo.
Assim, cumpriu-se o que cem anos antes uma religiosa da mesma comunidade de Compiègne havia visto em uma espécie de sonho ou revelação, na qual todas as carmelitas do mosteiro estavam vestidas de branco e levando a palma do martírio.
Foram beatificadas por São Pio X em 1906.
ACI Digital

Santo Aleixo

Santo Aleixo  (A12)
17 de julho
Santo Aleixo

Um mendigo que o povo venerava como santo viveu em Edessa, na Síria, no início do século V, e era conhecido como o “homem de Deus”. Segundo a lenda, o mendigo era Santo Aleixo, nascido em 350, em Roma, filho de um senador romano.

Conta-se sobre ele que era muito virtuoso e caridoso. Quando ficou um pouco mais velho seguindo a tradição, seus pais o prometeram a uma jovem de excelente família cristã e eles acabaram se casando.

Os pais de Aleixo não sabiam que ele tinha o desejo no coração de tornar-se consagrado a Deus. Por isso, na noite de núpcias, Aleixo conversou com sua noiva que também parecia ter o desejo de ser consagrada e eles resolveram não consumar o matrimonio para se dedicar totalmente a Deus.

Ao perceber que a vida cheia de riquezas era um perigo para a alma, Aleixo abandonou todos os bens materiais e passou a peregrinar em oração por diversas cidades. Chegou a Edessa, na Síria e lá permaneceu por um bom tempo, vivia como mendigo pedindo esmolas perto da Basílica de São Tomé, repartia tudo que ganhava com os outros, ajudava os doentes na rua, a compaixão movia seu coração. Diversos casos de curas milagrosas aconteceram por causa de suas orações.

Aleixo começou a ficar famoso pelas suas curas milagrosas e essa fama o incomodou fazendo com que ele voltasse a vida de peregrinação. Só que desta vez, o ser peregrino lhe causou muitos sofrimentos e maus tratos lhe causando uma deformação no rosto, por isso, voltou para Roma e pediu ajuda na casa do seu pai.

Por causa do rosto deformado Aleixo não foi reconhecido pelo pai, mesmo assim, Santo Aleixo pediu: “Tende compaixão deste pobre de Jesus Cristo e permita-me ficar em algum canto do palácio”.

O pai o acolheu e ordenou que ele ficasse cuidando da cocheira e dos animais, foram dezessete anos trabalhando na cocheira do palácio sem que ninguém desconfiasse de sua identidade, sendo maltratado pelos outros empregados. Mesmo assim, nunca revidou manteve acesa a chama de sua fé.

Morreu em 17 de julho e foi colocado num cemitério comum para criados. Porém, antes de morrer, entregou um pergaminho ao criado que o socorreu, no qual revelava sua identidade. Os pais quando souberam, levaram o caso ao conhecimento do Bispo, que autorizou sua exumação. Aleixo foi levado então para um túmulo construído na propriedade do senador. A fama de sua história de "homem de Deus" se espalhou entre os cristãos romanos e orientais, difundindo rapidamente o seu culto.

A casa do senador, pai de Santo Aleixo, ficava no monte chamado Aventino. No ano 1217 iniciou-se no local a construção de uma igreja dedicada a São Bonifácio. Ao se fazerem as escavações para a fundação, encontraram os restos mortais de Santo Aleixo. Por isso, a igreja construída ali passou a ser dedicada a Santo Aleixo, sob as ordens do Papa Honório III.

Em fins do século X, o bispo Sérgio de Damasco fundou o Mosteiro de Santo Aleixo, dedicado a uma vida simples e pobre, para os monges gregos em Roma. No ano 1817, a Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria nomeou Santo Aleixo como o segundo patrono, por seu exemplo de paciência, caridade e humildade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5, 3). Santo Aleixo viveu as bem-aventuranças, despojou-se de tudo, teve a coragem de abandonar as riquezas, as honras para abrir espaço em sua vida para o seguimento do Senhor Jesus. Ele viveu a humildade para combater o orgulho que é um dos pecados mais próprios das almas espirituais. Mesmo as pessoas mais dedicadas à oração, às boas obras precisam lutar contra o orgulho porque, se permitirem que ele cresça, arruinará a sua santidade. O orgulho se esconde nas boas ações, por isso é necessário vigilância, pois ele esteriliza o nosso apostolado. Peçamos a Deus, através o exemplo e intercessão de Santo Aleixo, que possamos crescer em verdadeira humildade para poder assim combater o orgulho e a vaidade em nossas vidas.

Oração:

Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz, tudo cria, se revelando sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o simples, o indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-“Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz e tudo cria, revelando-se sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, dai que busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o Simples, o Indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-nos a retidão no falar e no agir, a compaixão no acolher e a dedicação em servir, pois realizar essas coisas é participar das vossas bem-aventuranças. Por Cristo nosso Senhor Amém. Santo Aleixo, rogai por nós.”


Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Pastoral na pandemia: pode ser uma oportunidade

O padre Sérgio Torres, Secretário Pastoral na Arquidiocese de Braga, reflete sobre os desafios vividos em tempo de pandemia. Assinala a importância dos pequenos passos numa realidade que inclui cada vez mais o ambiente digital.

Rui Saraiva
A pandemia do novo coronavírus obrigou a uma mudança profunda dos nossos hábitos pessoais, profissionais e sociais. As comunidades paroquiais e as dioceses ressentem-se de tudo isso. Depois do confinamento obrigatório e a reabertura das igrejas, o grande desafio é o da dinamização pastoral.
Destacamos nesta edição a Arquidiocese de Braga em Portugal na reportagem do jornalista João Pedro Quesado para a publicação Igreja Viva, distribuída semanalmente no jornal Diário do Minho. O entrevistado é o padre Sérgio Torres, Secretário da Pastoral da Arquidiocese de Braga que refere as dificuldades sentidas logo no início da pandemia e após a declaração do estado de emergência. Um tempo que se passou das igrejas para as redes sociais. E sem a presença física das pessoas.

“Estamos mais focados naquilo que é o nosso normal, que é estar dentro de um templo e ter a presença das pessoas. Creio que tivemos mais dificuldade, naturalmente. No imediato, aquilo que fizemos foi socorrermo-nos daquilo que tínhamos, ou seja, com o desejo de estarmos próximos das pessoas, de as vermos, de falarmos com elas e delas falarem connosco, fizemos uma transposição daquilo que tínhamos no templo. Aliás, a própria Diocese fez isso e pediu-nos que fizessemos unidade à volta dessa proposta que o senhor arcebispo, durante aquelas semanas todas, também fez. Como se percebeu, ao princípio foi isso que aconteceu de imediato e depois começaram a aparecer as outras coisas todas. Por exemplo, a catequese dada pelo bispo D. Nuno. Que há aqui um campo muito grande a trabalhar – não propriamente para transpor aquilo que fazemos no templo para as redes sociais, para esta cultura digital, mas outros conteúdos, outra forma de trabalhar, creio que ainda temos muito caminho para fazer.”
Não devemos apenas transpor para o ambiente digital o que fazemos, normalmente, nas paróquias, mas criar conteúdos – diz o padre Sérgio Torres que recorda as principais dificuldades que teve em articular os vários setores pastorais, ele que também é pároco em Braga.
“Como nós temos essencialmente um trabalho muito dedicado às crianças e aos jovens – seja por causa da preparação dos sacramentos, independentemente se essa expressão é correta ou não com o novo diretório da catequese, estamos muito voltados para isso... Por isso eu creio que foi, do ponto de vista da evangelização, essa parte a mais afetada. Não tivemos a oportunidade de estar com as crianças, não houve festas – aliás, a paragem apanhou o período das festas, apanhou-nos praticamente a Quaresma toda, que costuma ser um período muito intenso de oração, de via sacra, de propostas quaresmais, já para não falar das procissões na cidade de Braga e de toda a vivência na Sé Catedral...”
“Eu creio que, nas paróquias, aquilo que teve mesmo mais impacto foi esta relação com as crianças, com os jovens e com as famílias, pelo menos do ponto de vista da evangelização. Da parte dos sacramentos, é aquilo que eu referi há pouco da impossibilidade de nos encontrarmos. Aliás, eu dizia na brincadeira que, quando nos voltássemos a reunir – e por acaso não o fiz –, o cântico que nós deveríamos cantar logo na primeira celebração seria ‘Formamos um só corpo em Cristo Jesus’, que é um cântico muito antigo mas que diz bem daquilo que nós sentimos falta, não é? De formarmos um corpo. Nós somos batizados para fazermos parte de uma comunidade, para fazermos corpo. E a realidade virtual, com todas as coisas que tem de bom e de positivo... Sei que houve imensos grupos que quiseram manter a relação e foram lentamente descobrindo o caminho. Portanto, a resposta não foi imediata.”
“Eu acho que este caminho se vai fazendo caminhando, descobrindo de que forma é que nos podemos manter fiéis à nossa missão, porque ela não mudou. É importante perceber isto. Temos que estar conscientes do nosso porquê, de porque é que existimos como Igreja. Nós temos uma missão e Jesus deixou-a de forma muito clara quando disse que seríamos “pescadores de homens” e quando disse a Pedro para “apascentar o rebanho”. A nossa missão, na linguagem bíblica, está nessas duas expressões. O modelo que usamos para fazer isso é que pode variar.”
Neste tempo de pandemia é quase como se estivéssemos “no meio do nevoeiro” – afirma o padre Sérgio sublinhando a importância de serem dados passos pequeninos, mas continuando sempre, pois serão encontradas potencialidades. O importante é que “não devemos desanimar” – afirma. 
“Eu creio que não devemos desanimar porque a situação é diferente. Eu tenho dito que estamos no meio do nevoeiro. E quando estamos no meio do nevoeiro, damos passos mais pequeninos porque não sabemos se o caminho é para a direita, para a esquerda, em frente ou até se é necessário recuar um pouco, eventualmente. Daremos passos mais pequeninos. Eu acho que muitas coisas vão ser feitas, à medida que vamos descobrindo potencialidades, à medida que vemos outros a fazerem coisas...”
“Acredito que há coisas que vieram para ficar, como estas reuniões online, que podem facilitar bastante a vida em vez de obrigar a pessoa a deslocar-se. Não sei é se nós estaremos já preparados para tudo. Por isso é que digo que é um caminho que se vai fazendo devagarinho. Como se diz em inglês, baby steps, serão provavelmente passos de bebé aqueles que vamos dar para que possamos ir mais longe. Não sei se aqui se os nossos bispos, como um todo, não poderiam encontrar aqui um potencial enorme para, em vez de cada diocese estar a trabalhar para si, ser a Conferência Episcopal a ter um plano mais abrangente. Repara, nós podemos estar a produzir conteúdos. Que tipo de qualidade é que eles podem ter? Que tipo de produção é que somos capazes de fazer? Que tipo de equipa é que podemos juntar? Os recursos são muito mais limitados numa diocese. Do ponto de vista da Conferência Episcopal, a produção de alguns conteúdos para as redes sociais, que permitam às pessoas interagir... Uma pessoa que pode participar num pequeno grupo de reflexão da fé mas que até está longe e num fim-de-semana não pode ir à sua igreja pode começar a encontrar aqui uma forma diferente de caminhar na fé sem frequentar muitas vezes o espaço físico, mas permitindo-lhe dar na mesma passos.”
“Estou convencido que, se isto se mantiver, e acho que se vai manter muito tempo, o andar da carruagem nos vai fazer descobrir novas formas. Pode ser que, neste sentido, este seja para nós um bom tempo, já que olhamos para este como um mau tempo porque estamos restringidos. Pode ser uma oportunidade.”
A pastoral na pandemia é um grande desafio para as paroquias e dioceses e as plataformas de comunicação têm sido um porto seguro no acompanhamento das comunidades. Voltaremos ao assunto no contributo do padre Sérgio Torres e da Arquidiocese de Braga na reportagem do jornalista João Pedro Quesado.
Laudetur Iesus Christus
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O PAPA É O CONSTRUTOR DA PAZ

O aniversário de um Papa que nos guia nos acompanhando - Vatican News
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A paz é o grande bem messiânico que Cristo concedeu aos Seus discípulos. Por ser amor e misericórdia, Ele veio estabelecer a paz, nos ensinou a necessidade da paz e a concretizou por meio de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Por ser o Príncipe da Paz, no anúncio da Boa Nova da Salvação, Cristo deixou claro que são “bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt 5,9).
Por ser o vigário de Cristo, a cabeça do Colégio dos Bispos, o Pastor da Igreja e o Pároco do mundo inteiro, por vontade expressa de nosso Redentor, o Santo Padre, o Papa, é o mensageiro da paz, o arauto da paz, o grande anunciador da paz e, por isso, faz parte da sua missão o dever de promover a paz de Cristo por meio do anúncio da Verdade e do Bem e pela denúncia do mal e de todas as formas de injustiça.
Desde os tempos de Pedro, o primeiro Papa, até os dias atuais, o Papa sempre foi, na Igreja e no mundo, um construtor da paz, ensinando-nos a construir pontes e não muros, a acolher os mais necessitados e a testemunhar o perdão sem reservas.
No decorrer do século XX, um século marcado por sangrentas guerras, os Papas, sobretudo Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, exerceram, com caridade e coragem, o dever pontifício de realizar diversos apelos em prol da paz e da justiça, evidenciando que a promoção da paz é fruto da misericórdia e da pureza do coração.
Em sua época, diante da Primeira Grande Guerra Mundial, o Papa Bento XV escreveu diversas cartas aos dirigentes dos países beligerantes, enfatizando a opção pacífica do conflito mediante o diálogo e o perdão. Posteriormente, nos dias da Segunda Guerra Mundial, o Papa Pio XII deu asilo a mais de cinco mil judeus em diversos conventos e mosteiros do Vaticano. Naqueles dias, diante da ameaça da expansão do comunismo, ele realizou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.
Mais próximo de nós, o pontificado de São João Paulo II, o Papa peregrino do Evangelho, foi determinante para a queda dos regimes comunistas do leste europeu, começando pela própria Polônia, sua terra natal.
Com o Papa João Paulo II, nós registramos, em nossa memória histórica, a queda do Muro de Berlim que dividia a Alemanha. Por meio da oração e pelo alcance da fé, nós vislumbramos a obra pacificadora promovida por Karol Wojtyla de dar bons frutos na Terra Santa, nos Bálcãs, na África Central e no Iraque e, deste modo, aprendemos a suplicar ao Senhor: “A guerra, nunca mais!”.
Nos primeiros anos do século XXI, o Papa Bento XVI condenou com frequência, em suas catequeses e pronunciamentos, todos aqueles que semeiam a violência e a guerra no mundo, principalmente na África e no Oriente Médio, e não poupou esforços para nos ensinar que a missão da paz é dever de todos nós e deve ser realizada pelo exercício da caridade.
Nestes nossos dias, o Papa Francisco tem nos ensinado que a paz é um anseio profundo do coração de todos os homens. Na Missa de inauguração de seu pontificado, em 19 de março de 2013, ele fez um pedido pela paz e pela defesa do meio ambiente. Naquele dia, ele nos suplicou: “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos ‘guardiões’ da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!”. Reafirmando o desejo de paz, no decorrer do primeiro ano de seu pontificado, ele convocou a Igreja para uma jornada de oração e de jejum em favor da paz na Síria e contra a guerra.
Em sua primeira Exortação Apostólica, “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco evidenciou que o fiel cristão é anunciador da paz que recapitula tudo em Cristo. Posteriormente, no ano de 2014, em sua primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, ele fazia notar que “o anseio duma vida plena contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar”.
Promovendo e expressando o desejo de paz no mundo, o Papa Francisco se reuniu no mês de junho do ano de 2014, nos jardins do Vaticano, com o presidente de Israel, Shimon Peres, e o líder da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Em seu twitter, nas vésperas deste momento histórico, ele escreveu: “A oração tudo pode”. O objetivo do Papa com aquele Encontro era retomar o processo de paz entre israelenses e palestinos, em um momento em que as negociações entre os dois lados viviam um impasse por conta dos projetos de construção de novas colônias para judeus na Cisjordânia.
Novos registros históricos, novos empreendimentos em prol da edificação da paz continuam sendo realizados pelo Papa Francisco e, por isso, graças ao seu esforço pacifista, nós já testemunhamos a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. No ano de 2015, os apelos do Papa Francisco em prol da paz foram mais frequentes, pois, naquele ano, o mundo assistiu estarrecido a dois atentados terroristas que foram realizados em Paris por extremistas do Estado Islâmico, a guerra da Síria, um dos fatores que aumentou a crise mundial dos refugiados, e a expansão da violência urbana.
No ano de 2016, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco nos apresentou o tema “vence a indiferença e conquista a paz”, alertando-nos para o risco de nos tornarmos indiferentes, vazios e secos diante de tantos sinais de violência. Nos anos de 2017 a 2020, os temas das mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz foram: “A não violência: estilo de uma política para a paz”. “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz”. “A boa política está ao serviço da paz”. “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”.
Essas e outras mensagens do Papa Francisco têm despertado o respeito, a admiração e a solicitude de católicos e não católicos, encorajando a todos nós a termos esperança de um mundo melhor onde haja fraternidade, respeito, acolhimento e justiça.
Contemplando os gestos de paz promovidos pelos Papas, cada um em seu tempo histórico, nós podemos afirmar: “Como são belos os pés do mensageiro que anuncia a paz!” Podemos também anunciar que a missão espiritual do Sumo Pontífice é testemunhar a grandeza do ser humano, invocando a Deus o dom da paz, ensinando-nos a superar o ódio com o amor, as trevas com a luz e a violência com a mansidão, para que, no mundo e na sociedade, reine a paz que é fruto da presença de Nosso Senhor Jesus Cristo em nossas almas e corações.
Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília

Preciso me confessar antes de voltar à Missa?

WOMAN,CONFESSION
Shutterstock
Por Philip Kosloski

É sempre necessário examinar sua consciência antes de receber a Santa Comunhão, especialmente se já se passaram muitos meses desde que você recebeu o sacramento da confissão pela última vez.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, em muitas partes do mundo os católicos estão impedidos de assistir à Missa pública há alguns meses. Apenas recentemente – e em algumas regiões – as igrejas começaram a reabrir, embora o preceito de participar da Missa dominical ainda seja dispensado em muitos lugares (consulte a situação de sua paróquia).
Com isso em mente, muitos católicos estão se perguntando: “Preciso me confessar antes de retornar à Missa presencial?”
A resposta rápida é “sim” e “Não”.
“Segundo o mandamento da Igreja, «todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano». Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada Comunhão” (Catecismo da Igreja Católica, 1457).
Basicamente, se você está ciente de um pecado mortal em sua alma depois de examinar sua consciência e tem a oportunidade de confessar seus pecados a um padre, então é seu dever buscar a absolvição sacramental.
Em algumas dioceses, ainda existem algumas restrições quanto ao sacramento da confissão, o que torna esse requisito um pouco difícil de cumprir. Nesses casos, é melhor entrar em contato com o seu pároco para obter as instruções.
Ao mesmo tempo, deve-se lembrar que o requisito de confissão só se aplica se você deseja receber a Santa Comunhão. Você sempre pode participar da Missa dominical, mesmo com pecados mortais em sua alma. Nesse caso, você se absteria de receber a Sagrada Comunhão e permaneceria em seu banco ou cruzaria os braços sobre o peito para receber uma bênção do padre.
Você não precisa receber a Santa Comunhão ao assistir à Missa, e é por isso que confessar não é um requisito “estrito” para a participação básica.
O Catecismo explica:
“Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência, neste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele”(Catecismo da Igreja Católica, 1458). 
Ao planejar assistir à Missa dominical presencialmente de novo, examine a sua consciência, consulte os regulamentos locais e tire proveito do sacramento da confissão, permitindo que Deus derrame sua abundante misericórdia em sua alma.
Aleteia

3 coisas para você levar em conta antes de voltar à Missa

COVID
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Por Calah Alexander

Muitas paróquias estão retomando as celebrações públicas. Porém, com o aumento do número de casos de Covid-19 precisamos ser prudentes.

Uma das coisas mais difíceis da pandemia foi, sem dúvida, ficar sem os sacramentos. Missas e Confissões fazem parte da vida dos católicos. Ficar sem esses sacramentos foi quase que ficar sem conforto.
Porém, gradualmente, as paróquias estão começando a receber fiéis em suas celebrações. O que temos que lembrar, entretanto, é que, infelizmente, esta reabertura acontece mesmo quando o número de casos de Covid-10 continua aumentando, sobretudo no Brasil e nos Estados Unidos. Isso significa que precisamos ser prudentes em equilibrar o desejo de voltar à Missa com o dever de proteger não apenas a saúde de nossas famílias, mas a de nossos colegas paroquianos e da comunidades em geral. .
Com isso em mente, aqui estão três coisas para você levar em conta antes de decidir voltar à Missa.

1
O OUTRO EM PRIMEIRO LUGAR

Neste tempo de pandemia, honestidade e boa vontade são mais importantes do que nunca. Faça uma avaliação honesta da saúde de sua família – algum de vocês tem nariz entupido, febre, dor de garganta ou tosse? Alguém está se sentindo cansado além do normal? Algum de vocês já entrou em contato com alguém que testou positivo? Mesmo se você acha que seus sintomas são apenas provenientes de alergias, é imperativo ser excessivamente cauteloso. A maioria dos casos de Covid-19 é assintomática ou causa sintomas tão leves que a pessoa infectada não percebe que possui a doença,  mas pode transmiti-la para as outras pessoas. Dado que muita gente em nossas paróquias corre maior risco de complicações sérias ou mortais da Covid, é essencial que nos lembremos do mandamento de Cristo: amar o próximo como a nós mesmos. Se você acha que você pode estar com Covid, não vá à Missa.

2
ATENTE-SE AO NÚMERO DE CASOS NA SUA CIDADE

É importante estar ciente do número de casos confirmados da Covid-19 em sua cidade, especialmente se você está pensando em ir a uma reunião pública como a Missa. Por isso, verifique uma vez por dia em um meio de comunicação confiável antes de tomar sua decisão. Se houver muitos casos surgindo em sua área, seria prudente esperar até que o número de casos caia ou pelo menos estabilize. Isso é especialmente importante se você tiver membros da família com imunidade comprometida em sua casa.

3
ADOTAR TODAS AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO RECOMENDADAS

Se você tem certeza que irá levar sua família para a Missa, tome todas as precauções possíveis. Separe máscaras para você e seus filhos e treine-os para usá-las corretamente. Explique que as máscaras ajudam a proteger a nós mesmos e as outras pessoas da propagação da doença. Lembre-os de não tocarem ou ajustarem a máscara depois que ela estiver presa no rosto. Seja cuidadoso com a boa higiene das mãos – lembre as crianças de não tocarem nas coisas, lave as mãos delas (e as suas) com frequência e mantenha consigo um frasco de álcool em gel. E atenção: não importa quão felizes você e seus filhos estejam em rever amigos e paroquianos, resista à tentação de deixar escapar o distanciamento social.
Por mais difícil que seja ter que esperar ainda mais antes de voltar à Missa, tanto a prudência quanto a caridade são cruciais para nos ajudar a superar essa pandemia e voltar ao normal o mais rápido possível.
Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF