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sábado, 18 de julho de 2020

Primado e infalibilidade: 150 anos da proclamação dos Dogmas

Dogmas são verdades de fé que a Igreja ensina como reveladas por Deus
Dogmas são verdades de fé que a Igreja ensina como reveladas por Deus 
Após longas discussões durante o Concílio Vaticano I, foram aprovados o Dogma do Primado do Papa sobre a Igreja Católica e o da Infalibilidade do Magistério pontifício quando for pronunciado "Ex cathedra". Quais e o que são os Dogmas da Igreja?

Sérgio Centofanti

Há cento e cinquenta anos, em 18 de julho de 1870, foi promulgada a Constituição "Pastor Aeternus", que definia os dois Dogmas do Primado do Papa e da sua Infalibilidade.

Discussões longas e agitadas
A Constituição dogmática "Pastor Aeternus" foi aprovada por unanimidade pelos 535 Padres conciliares presentes, "após discussões longas, briosas e agitadas": assim Paulo VI se expressou durante uma Audiência geral, ao descrever aquele dia como "uma página dramática na vida da Igreja, mas nem por isso, menos clara e definitiva "(Audiência Geral, 10 de dezembro de 1969).
Oitenta e três Padres conciliares não participaram da votação. A aprovação do texto ocorreu no último dia do Concílio Vaticano I, suspenso por causa da guerra franco-prussiana. A guerra começou em 19 de julho de 1870 e se prolongou "sine die", com a tomada de Roma pelas tropas italianas em 20 de setembro daquele mesmo ano, que sancionou, efetivamente, o fim do Estado pontifício.
A Constituição "Pastor Aeternus" reflete uma posição intermediária entre as várias discussões dos participantes, mas excluía, por exemplo, que a definição da Infalibilidade fosse integralmente estendida também às Encíclicas ou a outros Documentos doutrinais.
Dos contrastes que surgiram no Concílio, resultou o Cisma dos antigos católicos, que não quiseram aceitar o Dogma sobre o Magistério infalível do Papa.

Dogma sobre a racionalidade e sobrenaturalidade da fé
Os dois Dogmas foram proclamados depois daquele da racionalidade e sobrenaturalidade da fé, contido na outra Constituição dogmática do Concílio Vaticano I "Dei Filius", de 24 de abril de 1870. Neste texto, afirma-se que "Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido, com certeza, sob a luz natural da razão humana, através das coisas criadas; de fato, as coisas invisíveis de Deus podem ser conhecidas pela inteligência da criatura humana através das suas obras” (Rm 1,20).
Este Dogma - explicou Paulo VI na Audiência de 1969 - reconhece que "a razão, somente pela sua própria força, pode chegar ao conhecimento seguro do Criador através das criaturas. Assim, a Igreja defende, no século do racionalismo, o valor da razão", afirmando, de um lado, "a superioridade da revelação e da fé sobre a razão e sobre suas capacidades"; de outro lado, declara que" não pode haver nenhum contraste entre verdade da fé e verdade da razão, visto que Deus é a fonte, tanto de uma quanto da outra".

Dogma do Primado
Na Constituição "Pastor Aeternus", antes da proclamação do Dogma do Primado, Pio IX recorda a oração de Jesus ao Pai para que os seus discípulos sejam "uma só coisa": Pedro e seus Sucessores são "o princípio imutável e o fundamento visível" da unidade da Igreja. Por isso, declarou solenemente: “Logo, proclamamos e afirmamos, com base nos testemunhos do Evangelho, que a Primazia da jurisdição sobre toda a Igreja de Deus foi prometida e conferida, pelo Senhor Jesus Cristo, ao Beato apóstolo Pedro, de modo imediato e direto (...). Daí, o que o Príncipe dos pastores e grande Pastor de todas as ovelhas, o Senhor Jesus Cristo, instituiu no Beato apóstolo Pedro, para tornar contínuas a salvação e o bem perene da Igreja, é necessário, por desejo de quem o instituiu, que dure para sempre na Igreja, que, fundada sobre a rocha, permaneça firme até o fim dos séculos (...). Disso resulta que, quem suceder a Pedro nesta Cátedra, em virtude da instituição do próprio Cristo, obtenha a Primazia de Pedro sobre toda a Igreja (...): todos, pastores e fiéis, de qualquer rito e dignidade, estão vinculados, sob ele, pela obrigação de subordinação hierárquica e verdadeira obediência, não apenas nas coisas, que se referem à fé e aos costumes, mas também nas concernentes à disciplina e ao governo da Igreja, no mundo inteiro. Desta forma, tendo salvaguardado a unidade da comunhão e da profissão da mesma fé com o Pontífice Romano, a Igreja de Cristo será um só rebanho sob um único sumo Pastor. Esta é a doutrina da verdade católica, da qual ninguém pode se distanciar, sem a perda da fé e o perigo da salvação".

Magistério infalível do Papa
No Primado do Papa - escreve Pio IX – “está contido também o supremo poder do Magistério”, conferido a Pedro e seus sucessores “para a salvação de todos", como "confirma a constante tradição da Igreja (...). Todavia, precisamente neste tempo, em que sentimos de modo particular a necessidade salutar da presença do ministério Apostólico, muitas pessoas se opõem ao seu poder; por isso, acreditamos que é realmente necessário proclamar, de maneira solene, a prerrogativa de que o unigênito Filho de Deus se dignou vincular ao supremo cargo pastoral. Portanto, mantendo-nos fiéis à tradição recebida da fé cristã, desde o início, - para a glória de Deus, nosso Salvador, para a exaltação da religião católica e para a salvação dos povos cristãos, com a aprovação do sagrado Concílio, - proclamamos e definimos o Dogma, revelado por Deus, de que o Pontífice Romano, quando fala “Ex cathedra”, - ou seja, quando exerce seu cargo supremo de Pastor e Doutor de todos os cristãos e, em virtude do seu supremo poder Apostólico define uma doutrina sobre a fé e os costumes, - vincula toda a Igreja, pela divina assistência, prometida pela pessoa do Beato Pedro; além do mais, goza da infalibilidade, com a qual o divino Redentor quis que sua Igreja fosse acompanhada, ao definir a doutrina sobre fé e os costumes. Assim, tais definições do Pontífice Romano são imutáveis, por si mesmas, e não pela aprovação da Igreja".

Quando ocorre a infalibilidade
João Paulo II explicou o significado e os limites da Infalibilidade na Audiência geral, em 24 de março de 1993: “A infalibilidade não é dada ao Pontífice Romano, como a uma pessoa em particular, mas enquanto cumpre seu cargo de pastor e mestre de todos os cristãos. Ele também não a exerce por autoridade em si mesma e por si mesma, mas “pela sua suprema autoridade apostólica" e "por assistência divina, que lhe foi prometida, mediante o Beato Pedro". Enfim, ele não dispõe dela como se pudesse usar e abusar em todas as circunstâncias, mas apenas “quando fala da Cátedra - Ex Cathedra” - e somente em campo doutrinal, limitado às verdades da fé e da moral e às que lhe estão intimamente ligadas (...). O Papa deve agir como “pastor e doutor de todos os cristãos”, ao pronunciar-se sobre verdades concernentes à “fé e aos costumes”, com termos que demonstrem, claramente, sua intenção de definir certa verdade e exigir a sua adesão definitiva de todos os cristãos. Foi o que aconteceu - por exemplo – com a definição do Dogma da Imaculada Conceição de Maria, sobre a qual Pio IX afirmou: “Trata-se de uma doutrina revelada por Deus e, como tal, deve ser firme e constantemente aceita por todos os fiéis”; ou, então, com definição da Assunção de Maria Santíssima, quando Pio XII disse: “Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Beatos Apóstolos Pedro e Paulo, e com a minha autoridade, a declaramos e definimos Dogma, divinamente revelado”... etc. Somente sob estas condições podemos falar de magistério papal extraordinário, cujas definições são irreformáveis “de por si”, não pela aprovação da Igreja” (...). Os Sumos Pontífices podem exercer este tipo de magistério como de fato aconteceu, realmente. Porém, muitos Papas não o exerceram".

O que significa dogma?
Os Dogmas são verdades de fé que a Igreja ensina como reveladas por Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, 74-95). São pontos firmes da nossa crença. Os principais Dogmas são: Deus é Uno e Trino; o Pai é o criador de todas as coisas; Jesus, seu Filho, é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, encarnado, morto e ressuscitado pela nossa salvação; o Espírito Santo é Deus; a Igreja é una, como o Batismo é uno. E ainda: o perdão dos pecados; a ressurreição dos mortos; a existência do Paraíso, do Inferno e do Purgatório; a transubstanciação; a maternidade divina de Maria, como a sua virgindade, concepção imaculada e sua Assunção.
Todas estas verdades não são abstratas e insensatas, mas devem ser entendidas no âmbito da grande verdade de Deus, que é Amor, e deseja que as suas criaturas participem da vida divina. O próprio Jesus revelou quais são os maiores mandamentos: amar a Deus e ao próximo (Mt 22, 36-40). No fim das nossas vidas, seremos julgados pelo amor.

Dogmas e desenvolvimento da Doutrina
Enfim, um dogma é um ponto firme da vida de fé; é definido pelo Magistério da Igreja, que o reconhece na Sagrada Escritura como revelado por Deus, em estreita conexão com a Tradição.
A Tradição, no entanto, não é algo imóvel e estático, mas - como João Paulo II diz na esteira do último Concílio (Carta Apostólica “Ecclesia Dei”) - é viva e dinâmica à medida que aumenta a inteligência da fé.
Os dogmas não mudam, mas, graças ao Espírito Santo, podemos entendemos, cada vez mais, a amplidão e profundidade das verdades da fé. Assim, o Papa Wojtyla afirmou "que o exercício do magistério concretiza e manifesta a contribuição do Pontífice Romano para o desenvolvimento da Doutrina da Igreja" (Audiência geral, 24 de março de 1993).

Primado, colegialidade, ecumenismo
Na audiência geral de 1969, Paulo VI reivindicou a atualidade do Concílio Vaticano I e sua conexão com o Concílio seguinte: "Ambos os Concílios Vaticanos, primeiro e segundo, são complementares", embora muito divergentes "por várias razões". Assim, a atenção às prerrogativas do Pontífice Romano, no Vaticano I, foi alargada, no Vaticano II, a todo o Povo de Deus, com os conceitos de "colegialidade" e "comunhão"; no entanto, o tema da unidade da Igreja, que, em Pedro, tem seu ponto de referência visível, se desenvolve com um forte compromisso com o diálogo ecumênico. Tanto que João Paulo II, no seu documento "Ut unum sint", pôde lançar um apelo às Comunidades cristãs, para encontrar uma forma de exercício da Primazia, que, "apesar de não renunciar, de nenhum modo, à essencialidade da sua missão, se abra a uma nova situação", como "serviço de amor, reconhecido por todos" (Ut unum sint, 95).
Por sua vez, o Papa Francisco fala, no “Evangelii Gaudium”, de uma "conversão do papado": "O Concílio Vaticano II afirmou que, de modo análogo às antigas Igrejas patriarcais, as Conferências Episcopais podem "dar uma contribuição múltipla e fecunda, para que o sentido de Colegialidade seja concretizado" (Lumen Gentium, 23). No entanto, este auspício não se realizou, suficientemente, porque ainda não havia sido esclarecido pelas Conferências Episcopais, que o concebesse como sujeitos de atribuições concretas, inclusive também alguma autoridade doutrinária autêntica. “Uma centralização excessiva, ao invés de ajudar, podia complicar a vida da Igreja e o seu dinamismo missionário" (Evangelii gaudium, 32). Seria necessário recordar que, segundo o Concílio Vaticano II, "a infalibilidade, prometida à Igreja, também reside no corpo episcopal, quando exerce o magistério supremo com o Sucessor de Pedro" (Lumen gentium, 25).

Amar o Papa e a Igreja é construir sobre Cristo
Além dos Dogmas, Pio X recordava, em uma audiência de 1912, a necessidade de amar o Papa e obedecê-lo, expressando a sua tristeza quando isto não acontecia.
Dom Bosco exortava seus colaboradores e seus jovens a manter em seus corações "três amores brancos": a Eucaristia, Nossa Senhora e o Papa.
Bento XVI, em 27 de maio de 2006, conversando em Cracóvia com os jovens que cresceram sob o pontificado de João Paulo II, disse, com palavras simples, o que as verdades da fé, proclamadas no distante 1870, queriam dizer: “Não tenham medo de construir as suas vidas na Igreja e com a Igreja! Sintam orgulho de amar Pedro e a Igreja, que lhe foi confiada. Não se deixem enganar pelos que opõem Cristo à Igreja! Há apenas uma rocha sobre a qual vale realmente a pena de construir a casa: esta rocha é Cristo! Há apenas uma rocha sobre a qual vale, realmente, a pena de apoiar tudo. Esta rocha é aquela a quem Cristo disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Vocês, jovens, conheceram bem quem o Pedro dos nossos tempos. Por isso, não esqueçam que nem aquele Pedro, que está observando o nosso encontro da janela de Deus Pai, nem este Pedro, que agora está diante de vocês, nem qualquer outro Pedro estão contra vocês, nem contra a construção de uma casa duradoura sobre a rocha. Pelo contrário, compromete seu coração e suas mãos para ajudá-los a construir a vida em Cristo e com Cristo”.
Vatican News

Santo Arnolfo de Metz

Um brinde a Santo Arnulfo de Metz, o padroeiro dos cervejeiros!
Aleteia
Arnolfo nasceu em Metz, na antiga Gália, atual França, no ano 582. A sua família era muito importante e fazia parte da nobreza. Ele estudou e casou-se com uma aristocrata, com a qual teve dois filhos. Nesta época, a região da Gália era dominada pelos francos e era dividida em diversos reinos que guerreavam entre si.
Um dos reis da região, conhecendo a fama da conduta cristã de Arnolfo o tornou como seu conselheiro. Confiou-lhe também a educação de seu filho Dagoberto, que se formou dentro dos costumes da piedade e do amor cristão. Tal preparo fez de Dagoberto um dos reis católicos mais justos da História.
Pelo trabalho zeloso que exercia, foi nomeado bispo, mas não queria aceitar. Conta a tradição que lançou um anel no rio, dizendo a Deus que se ele fosse digno do episcopado, fizesse o anel retornar. Alguns dias depois o anel foi encontrado no ventre de um peixe.
Naquele tempo, as questões dos leigos e do celibato não tinham uma disciplina rigorosa e uniforme dentro da Igreja, que ainda seguia evangelizando a Europa. Por isso, mesmo casado, Arnolfo foi bispo e um de seus filhos tornou-se padre.
Depois de algum tempo Arnolfo abandonou o bispado para ingressar num mosteiro. Desta maneira serena, Arnolfo viveu o resto de seus dias, dedicando-se às orações, penitência e caridade. Morreu no dia 18 de julho de 641. 

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão
Arnolfo era um homem de fé inabalável, correto e justo. Numa época onde a disciplina da Igreja ainda estava sendo formada, Arnolfo soube conjugar sua vida pública com seus compromissos com a evangelização. Foi um homem de seu tempo, preocupado com as pessoas. Sempre procurou encontrar soluções humanas e cristãs para os problemas do seu povo. Que nós também saibamos ocupar nosso lugar na sociedade, levando à todos os ambientes a boa nova de Jesus Cristo.

Oração
Deus de amor e misericórdia, que cumulaste são Arnolfo com seus melhores dons, dai-nos seguir seu exemplo e imitar suas ações, levando os homens e mulheres ao compromisso cristão com as questões do tempo atual. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Os Padres Apostólicos “incomodam”?

Os Padres Apostólicos “incomodam”?
Recentemente tive a oportunidade de compartilhar o meu último artigo da série “Catolicismo Primitivo” nas redes sociais[1]. Alguns comentários protestantes me ofereceram a oportunidade para refletir sobre várias coisas e quis deixá-las estampadas aqui.
A IGREJA É INDEFECTÍVEL?
Evidentemente, o artigo incomodou uma pessoa do grupo, creio que porque colocava em evidência que já no século I d.C. um dos cristãos mais célebres ensinava doutrinas católicas. Diante disso, tentou sugerir a possibilidade de que já então [a Igreja] estava corrompida:
  • “Os gálatas eram discípulos de São Paulo e vejam o que aconteceu: leiam Gálatas capítulo 1. Paulo, chocado, diz: “Fico espantado de que TÃO RÁPIDO vos afastastes!!!” TÃO RÁPIDO! Imaginem se eu tivesse confiado nos gálatas só porque eram discípulos diretos de Paulo. Sem dúvida, tinham imposição das mãos e tudo, mas eu teria um evangelho oblíquo, distorcido, pervertido”.
E em outro comentário acrescentou:
  • “O fato de os “Padres apostólicos” serem próximos dos Apóstolos não deve nos fazer supor que eles não se equivocavam e mal-interpretavam os ensinamentos dos Apóstolos. A pessoa mais próxima dos Apóstolos poderia cometer a mais grave má-interpretação, assim como uma pessoa dois mil anos depois pode compreender corretamente a mensagem apostólica. O fato é o que diz a Escritura. Paulo adverte: “Portanto, olhai por vós e por todo o rebanho que o Espírito Santo vos confiou por bispos, para apascentar a Igreja do Senhor, a qual Ele ganhou por seu próprio sangue. Porque eu sei que depois da minha partida lobos vorazes entrarão no meio de vós e não pouparão o rebanho. E entre vós mesmos se erguerão homens que falarão coisas perversas para arrastar consigo os discípulos” (Atos 20:28-30)”.
A tese do argumento é basicamente esta: a Bíblia fala de como já no início da Igreja houve pessoas que mal-interpretavam a Revelação (hereges). Deste modo, parte daí para criar a possibilidade de Santo Inácio e inclusive toda a Igreja poder ter se corrompido, afinal – pensa ele – se uma parte pode se corromper, então também todo o conjunto.
QUAL É O PROBLEMA DESTE ARGUMENTO?
Ainda que seja verdade que esses textos servem para provar que de dentro da Igreja sairiam pessoas que objetivamente tentariam corromper a doutrina cristã, [esses mesmos textos] não permitem provar que tal corrupção se estenderia a toda Igreja. O mesmo exemplo que nosso amigo menciona – o dos gálatas – serve para desmontar a sua tese, porque também sabemos que eles retornaram à ortodoxia após as advertências de São Paulo. Portanto, nesse caso concreto a corrupção não se estendeu.
O texto do livro dos Atos, que ele também cita, diz que estes homens identificados como “perversos” tentariam arrastar consigo discípulos, mas não diz que arrastariam todos – e foi para evitar isto que se estabeleceram os bispos, cujo dever é proteger os fiéis. Obviamente, se se lê o texto isolado do contexto e se se extrapola a um contexto mais amplo, podemos chegar a conclusões falaciosas.
Da mesma maneira, se lemos cada texto que trata dos hereges, vemos que o problema é precisamente que já então estava presente o gérmen protestante: querer interpretar a Revelação por conta própria, de maneira individualista e separada do corpo eclesial. São Paulo e os Apóstolos não disseram que eles prevaleceriam, mas advertiram acerca deles:
  • “Ao sectário, depois de uma e outra advertência, evita-o; já sabes que ele é pervertido e peca, está condenado por sua própria sentença” (Tito 3,10-11).
  • “Meu filho Timóteo: esta é a recomendação que eu te faço, de acordo com as profecias anteriormente pronunciadas sobre ti. Combate, compenetrado nelas, o bom combate, conservando a fé e a consciência reta; alguns, por tê-la rejeitado, naufragaram na fé; entre estes estão Himeneo e Alexandro, os quais entreguei a Satanás para que aprendam a não blasfemar” (1Timóteo 1,18-19).
  • “Evita os falatórios profanos, pois os que a eles se dão crescerão cada vez mais na impiedade e sua palavra irá roer como a gangrena. Himeneo e Fileto estão entre estes homens: desviaram-se da verdade ao afirmar que a ressurreição já ocorreu e pervertem a fé de alguns” (2Timóteo 2,16-18).
Estes primeiros hereges agiam com malícia ou era só com ignorância? Somente Deus conhece cada caso particular, porém nem por isso São Pedro deixou de advertir sobre o perigo de se interpretar as Sagradas Escrituras por conta própria:
  • “Nas Escrituras há coisas difíceis de se entender, que os ignorantes e os fracos interpretam deturpadamente para a sua própria perdição” (2Pedro 3,16).
  • “Porém, antes de mais nada, tende presente que nenhuma profecia da Escritura pode ser interpretada por conta própria, porque nunca profecia nenhuma veio por vontade humana, mas homens movidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pedro 1,20-21).
Em vários desses textos São Paulo escreve a Timóteo; este foi um dos primeiros bispos colocados por aquele à frente de uma igreja do primeiro século. É uma constante vê-lo advertir sobre as heresias, porém ele nunca diz que a Igreja sucumbiria a elas. Vamos a outro exemplo:
  • “Porque virá um tempo em que os homens não suportarão a sã doutrina, mas que, arrastados por sua próprias paixões, terão numerosos mestres pela coceira de ouvir novidades; afastarão seus ouvidos da verdade e se voltarão às fábulas” (2Timóteo 4,3-4).
Diz outra vez que haverá pessoas que se desviarão: mas serão todas? serão sequer cristãos? Nem o afirma, nem o contexto parece apontar neste sentido, porque sobre isso sua recomendação é uma exortação para que quando chegar esse momento possam se manter firmes na verdade:
  • “Tu, pelo contrário, porta-te em tudo com prudência, suporta os sofrimentos, realiza a função de evangelizador, desempenha com perfeição o teu ministério” (2Timóteo 4,5).
Por outro lado, não deve passar despercebido que São Paulo identifica estes homens infiéis com aqueles que ensinarão “novidades”. Esta descrição se adapta mais aos primeiros Padres da Igreja ou às denominações protestantes de hoje, cujas doutrinas diferem não só das doutrinas da Igreja primitiva como também entre elas mesmas? Os próprios reformadores protestantes admitiam que a sua doutrina era rejeitada por toda a Tradição cristã anterior, de forma que tiveram que ficar só com a Bíblia interpretada à sua maneira pessoal.
Porém, os Apóstolos não dizem que estes hereges teriam êxito; dizem, muito pelo contrário, que não teriam êxito e que acabariam saindo do seio da Igreja (cismáticos):
  • “Meus filhos: esta é a última hora. Ouvistes que viria um Anticristo. Pois bem: muitos anticristos apareceram, pelo quê nos damos conta que já é a última hora. Saíram dentre nós, porém não eram dos nossos. Se fossem dos nossos, permaneceriam conosco. Porém ocorreu assim para manifestar que nem todos são dos nossos” (1João 2,18-19).
Entre as razões pelas quais sempre achei incoerente esta tese protestante é porque as próprias Sagradas Escrituras apontam evidências de que isto não poderia ocorrer:
  • Pois a Bíblia nos diz que Cristo fundou uma Igreja que é coluna e fundamento da verdade (1Timóteo 3,15);
  • Sobre a qual as forças do mal não prevaleceriam (Mateus 16,18-19);
  • Que seria guiada pelo Espírito Santo à plena verdade (João 16,13);
  • E que, graças a isto, o Evangelho poderia chegar a todo o mundo e cumprir a grande comissão de fazer discípulas todas as nações, batizando-as no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28,19).
Uma Igreja já corrompida em pleno século I não poderia alcançar tal fim; menos ainda uma Igreja que tivesse que aguardar dezesseis séculos até a chegada de um Lutero ou um Calvino.
Nosso amigo, pelo contrário, prefere crer em uma espécie de Cristo incompetente, que funda uma Igreja que logo se corrompe nos tempos de Santo Inácio, só porque o que ele escreve permite identificar a Igreja do século I com a Igreja Católica. Para quem pensa deste modo, não é por acaso que os textos de Santo Inácio geram alergia.
CONSEQUÊNCIAS DA INFALIBILIDADE DA IGREJA
Mais adiante, no mesmo debate, a mesma pessoa escreve:
  • “Há um problema lógico com o princípio do consenso universal dos Padres. Na verdade, é possível que todos os Padres estivessem equivocados em uma determinada doutrina de consenso unânime. Aliás, tanto católicos quanto não católicos não creem que os seus escritos sejam divinamente inspirados e infalíveis. Logo, se eles são falíveis, é logicamente possível que todos eles puderam estar equivocados em um determinado ponto, de tal maneira que inclusive o consenso universal poderia ser nada mais que um consenso no erro”.
Nos encontramos agora com um argumento criativo, mas falacioso. Nosso amigo sabe que nenhum católico pensa que Santo Inácio ou os Padres da Igreja tenham sido infalíveis individualmente. E daí ele supõe que se um não foi infalível, a somatória deles tampouco poderia sê-lo. Obviamente, esta forma de raciocinar revela um sem fim de contradições que veremos a seguir:
Primeiro: que cada cristão individualmente possa ser falível não implica que o consenso dos Padres sobre alguma doutrina de fé deva sê-lo também. Cristo prometeu à sua Igreja guiá-la à plena verdade e não a cada cristão de forma individual.
Segundo: suponhamos por um momento que o argumento é verdadeiro e toda a Igreja cristã, inclusive quando define verdades de fé e dogmas, pode se equivocar. Nesse caso, nosso amigo ficaria com uma Bíblia que crê infalível, porém que conta com livros selecionados por uma Igreja falível.
Afinal, foram esses mesmos cristãos, reunidos em Concílio Ecumênico, que definiram quais eram os livros que hoje pertencem à Bíblia. É razoável crer que podem se equivocar em tudo, menos nisso em concreto? Se quer ser coerente, deve admitir também que a Bíblia é uma coleção de documentos falíveis ou, ao menos, falivelmente selecionados. Nosso amigo terá ganho, porém terá cortado também o ramo sobre o qual ele estava sentado.
Exemplo disto é que quando levantei essa questão, nosso amigo respondeu: “Essas coisas, ainda que não tenham sido definidas infalivelmente, no entanto temos suficiente certeza e isso basta”. Eis aqui que depois de ter “serrado” o seu próprio ramo, não lhe restou outra opção senão afirmar que a Bíblia é uma coleção de documentos selecionados “falivemente”, sobre os quais se pode ter “suficiente certeza” e, para ele, “isso basta”.
Terceiro: Seguindo a mesma linha de raciocínio, em que admitimos – sem conceder – que toda a Igreja, inclusive quando define dogmas de fé, pode se equivocar, por que não admitem a mesma hipótese para eles?
Porque o que vale para um, vale para os outros. Se a Igreja reunida em Concílio Ecumênico pode se equivocar, então o Protestantismo inteiro, exponencialmente dividido em denominações, com uma probabilidade muito maior, pode se equivocar. É bastante curioso ver muitos protestantes inconscientemente professarem uma infalibilidade pessoal e, no entanto, negar o mesmo à Igreja. Lutero por exemplo dizia:
  • “Os Santos Padres, os Doutores, os Concílios, a própria Virgem Maria e São José, e todos os Santos juntos podem se equivocar” (Martinho Lutero, Weimarer Ausgabe 17,2).
Porém, acerca dele mesmo, pensava:
  • “Estou seguro de que os meus dogmas eu os recebi do céu. Os meus dogmas permanecerão e o Papa sucumbirá” (Martinho Lutero, Weimarer Ausgabe 10,2).
Por que ainda que os primeiros Padres não sejam infalíveis individualmente, não serão ainda assim mais confiáveis e próximos do Cristianismo mais puro e autêntico do que um Lutero ou um Calvino, que não receberam o Evangelho nem dos Apóstolos, nem de nenhum de seus discípulos diretos, mas das mãos da Igreja Católica e dezesseis séculos depois?
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DOUTRINÁRIOS NA IGREJA
Para seguir tentando provar que o consenso dos Padres pode se equivocar, [nosso amigo] acrescentou:
  • “Como é bem sabido, a verdade não é determinada pela maioria, nem mesmo pelo voto unânime”.
E em certo sentido ele tem razão: se hoje, por exemplo, faz-se uma votação e a maioria das pessoas vota a favor da legalização do aborto, só pelo mero fato de ter sido aprovado pela maioria não significa que seja correto. Muitas vezes, ao longo da história, as maiorias tomaram decisões equivocadas.
Mas o que garante a infalibilidade da Igreja não são as maiorias, mas a promessa de Cristo em guiá-la à verdade plena, com o auxílio do Espírito Santo. Se realmente nos regemos [somente] pela Bíblia, como o meu amigo afirma que faz, deve então ver aí como se resolviam os problemas doutrinários. Quando ocorreu, por exemplo, o primeiro grande problema na Igreja primitiva, envolvendo a questão da circuncisão, os Apóstolos resolveram o assunto reunindo-se no Concílio de Jerusalém. Não participaram dele todos os cristãos, mas só aqueles que ostentavam uma autêntica autoridade dentro da Igreja. E ainda que inicialmente nem todos estivessem de acordo, o que decidiram foi recebido como a decisão “deles e do Espírito Santo” (Atos 15,28).
Diferentemente disto, o Protestantismo é impotente na hora de resolver os seus conflitos, porque no fim das contas cada um poderá se agarrar à sua própria interpretação particular da Bíblia, princípio este que eles mesmos estabeleceram. Daí que quando historicamente tentaram fazer algo similar a um Concílio, sempre fracassaram e terminaram se dividindo.
Que exemplo mais claro do que ver o próprio Lutero, já em idade avançada e próximo da morte, terminar seus dias amaldiçoando e condenando os outros líderes da Reforma que não pensavam como ele, apesar de ter tentado anteriormente, em numerosas ocasiões, chegar a um acordo, a começar pelo “Colóquio de Marburgo”:
  • “Por Deus, essa boca blasfema não estará nunca comigo; não lhe dirigirei uma única palavra; não quero falar com ele, nem vê-lo, nem ouví-lo. Que ele ou sua maldita quadrilha de fanáticos zwinglianos e outros semelhantes me louvem ou censurem me importa tanto quanto se me louvassem ou censurassem os judeus, os turcos, o papa ou o próprio demônio. E como eu me encontro a um passo da morte, quero dar este testemunho da minha fé diante do tribunal do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, declarando que aos fanáticos e inimigos do sacramento, a Karlstadt, Zwínglio, Ecolampádio, Schwenckfeld, e aos seus discípulos de Zurique ou de onde quer que sejam, eu os condenei com toda severidade e os evitei, conforme a ordem do Apóstolo: “Ao homem herético, após a primeira e a segunda advertências, evita-o”” (Martinho Lutero, Kurzes Bekenntnis von heiligen Sakrament: WA 54.141-67).
No Sínodo de Dort[2], os calvinistas e os arminianos tampouco puderam chegar a um acordo, terminando os líderes arminianos executados ou desterrados, mas nem por isso deixaram de se agarrar à sua interpretação privada, diferente da interpretação dos calvinistas. Suas diferenças doutrinárias perduram até o dia de hoje.
Em todos esses casos, cada um deles pensa como o nosso amigo: a Igreja não tem o porquê de ter razão, quem deve ter sou EU. Por isso, uma vez que os reformadores se separaram da Cristandade inteira, tentaram não só ocultar as suas divisões – das quais se envergonhavam – mas tentaram impedir ainda que outros utilizassem o mesmo princípio que eles tinham estabelecido, mediante perseguições e torturas. Quanto a isso veja-se:
Com efeito, a alternativa proposta simplesmente não funciona!
CONCLUSÃO
Ainda que eu tenha manifestado a minha opinião, resta ainda esta pergunta no ar: Por que essa reação diante dos textos de um dos primeiros Padres Apostólicos, tentando demonstrar que já então a Igreja estava corrompida? Quais seriam as consequências reais se isso fosse verdade? Poderíamos crer que uma Igreja corrupta e falível selecionou infalivelmente os livros da Bíblia? Qual a probabilidade deles [os protestantes], com uma origem tão distante da Era Apostólica, mal-interpretarem ainda mais a mensagem cristã? Não teriam se corrompido também?
—–
NOTAS
[1] http://infocatolica.com/blog/apologeticamundo.php/1610111044-catolicismo-primitivo-3-san-i (em espanhol).
[2] https://es.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo_de_Dort (em espanhol).
[3] http://www.apologeticacatolica.org/Tradicion/TradicionN07.html (em espanhol).
Veritatis Splendor

S. MARCELINA, VIRGEM, IRMÃ DE S. AMBRÓSIO, BISPO

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Obras e comunidades marcelinas celebram a festa de sua padroeira, Santa Marcelina.

No dia 17 de julho é celebrada a Festa de Santa Marcelina, santa que viveu no século IV e pelo seu modelo exemplar de educadora inspirou o Fundador do Instituto das Irmãs Marcelinas, Beato Luigi Biraghi, a torná-la a padroeira de sua congregação religiosa, em 1838.
A história…
Marcelina nasceu em Roma, em 327, na família dos Ambrosiis, sob o Império de Costantino Magno. Em uma época de profundas mutações culturais, a família de Marcelina era aberta a religião cristã. 
Marcelina viveu dias tranqüilos em Treviri, mas aos 13 anos, com a morte precoce do pai, voltou para Roma com a família. Antes de fazer 20 anos, ela perdeu também a mãe e ficou com a responsabilidade da educação dos irmãos.
Jovem, bonita, rica e nobre, Marcelina tinha muitos pretendentes, mas decidiu se consagrar a Deus, permanecendo virgem. Na Roma corrupta e pagã, era muito difícil compreender que uma jovem renunciasse a sua fortuna e a um ilustre casamento. O povo não estava acostumado com essas idéias, mas assim mesmo Marcelina confessou isso ao mundo. Para buscar coragem, ela visitava muitas vezes as catacumbas dos cristãos que morreram pela Fé e lá se sentia consolada e compreendida. Apesar de tudo, a vida de Marcelina acontecia nos palácios dos Césares. Ela poderia tornar-se poderosa, imperatriz, conhecida no mundo e teria uma vida fácil, mas cada vez era mais forte a sua convicção de que deveria se dedicar a Deus. Para levar adiante esse projeto, ela retirou-se para uma vila tranqüila, em Cernusco, perto de Milão, e passou a viver em contato com a natureza.
Na noite de Natal de 353, aos 25 anos, Marcelina recebeu das mãos do Papa Libério o véu da consagração total. Sua decisão abalou os habitantes dos palácios e nem mesmo seus amigos conseguiram entender toda a dimensão do que estava acontecendo. Marcelina intensificou a oração e os estudos das Sagradas Escrituras e acolheu em sua casa muitas virgens que queriam orientação para se dedicar a Deus e ao auxílio dos pobres e doentes. Ao mesmo tempo, ela não se descuidava da educação dos irmãos, que mais tarde assumiram cargos públicos. Em 372, Ambrósio foi eleito governador em Milão e Sátiro foi nomeado para uma prefeitura. Dois anos mais tarde, Ambrósio foi eleito bispo de Milão e levou Marcelina para auxiliá-lo.
A atuação de Ambrósio nos 23 anos de episcopado faz parte da história civil e religiosa de Milão. E Sátiro, que morreu em 379, sempre trabalhou a seu lado e também na administração dos bens da família.
Para os dois irmãos, Marcelina foi conselheira e mestra, desenvolvendo paralelamente sua vida comunitária com as companheiras virgens. Embora no silêncio de sua vida recolhida, ela desenvolveu um apostolado eclesial, participando das ansiedades e solicitações do Bispo Ambrósio. Ele teve grande estima por ela e propôs o seu exemplo a muitas jovens que eram também chamadas por Deus a uma dedicação total.

Devoção do Povo.

Marcelina trabalhou ao lado do irmão Ambrósio até o final da vida dele, que morreu em abril de 397. Ela morreu poucos meses depois, em 17 de julho de 397 e foi sepultada em Milão, na Basílica Santambrosiana.
O povo dedicou-lhe intensa devoção. Na mesma vila onde Marcelina morreu, em 1838, foi fundada a Congregação das Irmãs Marcelinas, pelo Monsenhor Luís Biraghi. Seguindo o seu exemplo, a Congregação nasceu com a meta de orientar, formar, educar os jovens e todos os que lhe fossem confiados no caminho do amor, ensinando-lhes a palavra de Jesus. E assim realizaram-se as palavras do Papa Libério: “Muitas jovens te seguirão …”.

Bispo de Crateús também é diagnosticado com Covid-19

Dom Ailton Menegussi / Foto: Diocese de Crateús
FORTALEZA, 15 Jul. 20 / 03:00 pm (ACI).- O Bispo de Crateús (CE), Dom Ailton Menegussi, informou na terça-feira, 14 de julho, que testou positivo para Covid-19 e que segue em tratamento domiciliar, adotando um “isolamento ainda mais rígido”, sem “quaisquer contatos pessoais”.
O Prelado divulgou esta informação por meio de uma carta publicada pelas redes sociais da Diocese de Crateús. No texto, Dom Menegussi ressaltou o fato de ter obtido o resultado positivo de seu teste no dia de São Camilode Léllis, “padroeiro dos enfermos, dos hospitais e dos Profissionais de Saúde”.
O Bispo se disse “surpreendido” pelo resultado do exame, pois “não apresentava nenhum dos principais sintomas da doença, exceto, uma tosse fraca e esporádica”.
Segundo ele, “os primeiros exames laboratoriais e de imagem já foram feitos, não apontando para quadros mais graves”. Estou confiante no Senhor Jesus, o Médico dos Médicos, e desde já, agradecido aos profissionais de saúde que estão acompanhando-me com toda solicitude”, afirmou.
“Acolho com serenidade mais esta ‘experiência’, unindo-me a tantos outros irmãos e irmãs que antes enfrentaram, ou agora, junto comigo, encaram este desafio, bem como àqueles que ainda serão surpreendidos pela mesma notícia”.
Além disso, expressou: “Lamento, profundamente, pela possibilidade de, mesmo sem qualquer intenção, ter contaminado alguém que tenha se aproximado de mim nestes últimos dias”.
“Colocando-me sob a proteção divina, sob os cuidados maternos de Nossa Senhora e suplicando a interseção de São Camilo de Léllis, deixo meu abraço virtual a todos e conto com vossas orações”, completou.
Além de Dom Ailton Menegussi, outros prelados brasileiros que testaram positivo para Covid-19 foram: o Bispo de Picos (PI), Dom Plínio José Luz da Silva, que realizou tratamento em um hospital de Teresina; o Bispo de Palmares (PE), Dom Henrique Soares da Costa, que está internado na UTI de um hospital de Recife; e o Bispo de Colatina (ES), Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, o qual não apresenta sintomas e segue em isolamento na residência episcopal.
ACI Digital

Hoje a Igreja recorda 16 carmelitas mártires decapitadas na Revolução Francesa

ACI Digital
REDAÇÃO CENTRAL, 17 Jul. 20 / 05:00 am (ACI).- No dia seguinte à festa de Nossa Senhora do Carmo, recorda-se hoje as 16 carmelitas de Compiègne (França), que foram decapitadas por ódio à fé durante a Revolução Francesa, como foi profetizado 100 anos antes de sua morte.
As carmelitas se estabeleceram em Compiègne em 1641 e, fiéis ao espírito de Santa Teresa, ganharam a estima dos moradores. Entretanto, durante a Revolução Francesa, seu convento foi fechado e as religiosas foram forçadas a viver como seculares segundo a lei revolucionária de 1790.
Dias depois, foram obrigadas a assinar o chamado “juramento revolucionário” (liberdade, igualdade e fraternidade) para não serem deportadas e a comunidade passou a residir em quatro casas diferentes.
Passado um tempo, a priora Teresa de Santo Agostinho propôs a suas irmãs que fizessem novamente uma estrita vida conventual, como se não tivessem sido exclausuradas. Desse modo, e apesar de estarem em diferentes casas, viveram a obediência a sua superiora.
Algumas pessoas perceberam e denunciaram ao Comitê de Saúde Pública, que imediatamente investigou as casas e colheu “provas de vida conventual” como uma estampa do Sagrado Coração, cartas e escritos. Isso foi visto como um complô secreto para o “restabelecimento da monarquia e o desaparecimento da República”.
Foram detidas, embora algumas tenham conseguido escapar. Então, as carmelitas concordaram de retirar o juramento revolucionário. Quando lhes foi pedido que voltassem a assiná-lo, disseram que não fariam e foram acusadas de “conspirar contra a revolução”.
Foram levadas a Paris com as mãos amarradas sobre duas carroças. Ao chegar, colocaram-nas na prisão da Conciergerie, antessala da guilhotina, junto com outros presos, religiosos e seculares.
Presas, as carmelitas se tornaram um modelo de piedade e firmeza na fé. Continuaram com suas orações e conseguiram festejar Nossa Senhora do Carmo em 16 de julho com muita alegria e solenidade.
Em 17 de julho de 1794, compareceram diante do Tribunal Revolucionário e todas foram condenadas a morte.
Aos pés da guilhotina, cantaram o “Te Deum”, renovaram suas promessas e votos e subiram uma a uma para oferecer sua vida dando um corajoso testemunho de Cristo.
Assim, cumpriu-se o que cem anos antes uma religiosa da mesma comunidade de Compiègne havia visto em uma espécie de sonho ou revelação, na qual todas as carmelitas do mosteiro estavam vestidas de branco e levando a palma do martírio.
Foram beatificadas por São Pio X em 1906.
ACI Digital

Santo Aleixo

Santo Aleixo  (A12)
17 de julho
Santo Aleixo

Um mendigo que o povo venerava como santo viveu em Edessa, na Síria, no início do século V, e era conhecido como o “homem de Deus”. Segundo a lenda, o mendigo era Santo Aleixo, nascido em 350, em Roma, filho de um senador romano.

Conta-se sobre ele que era muito virtuoso e caridoso. Quando ficou um pouco mais velho seguindo a tradição, seus pais o prometeram a uma jovem de excelente família cristã e eles acabaram se casando.

Os pais de Aleixo não sabiam que ele tinha o desejo no coração de tornar-se consagrado a Deus. Por isso, na noite de núpcias, Aleixo conversou com sua noiva que também parecia ter o desejo de ser consagrada e eles resolveram não consumar o matrimonio para se dedicar totalmente a Deus.

Ao perceber que a vida cheia de riquezas era um perigo para a alma, Aleixo abandonou todos os bens materiais e passou a peregrinar em oração por diversas cidades. Chegou a Edessa, na Síria e lá permaneceu por um bom tempo, vivia como mendigo pedindo esmolas perto da Basílica de São Tomé, repartia tudo que ganhava com os outros, ajudava os doentes na rua, a compaixão movia seu coração. Diversos casos de curas milagrosas aconteceram por causa de suas orações.

Aleixo começou a ficar famoso pelas suas curas milagrosas e essa fama o incomodou fazendo com que ele voltasse a vida de peregrinação. Só que desta vez, o ser peregrino lhe causou muitos sofrimentos e maus tratos lhe causando uma deformação no rosto, por isso, voltou para Roma e pediu ajuda na casa do seu pai.

Por causa do rosto deformado Aleixo não foi reconhecido pelo pai, mesmo assim, Santo Aleixo pediu: “Tende compaixão deste pobre de Jesus Cristo e permita-me ficar em algum canto do palácio”.

O pai o acolheu e ordenou que ele ficasse cuidando da cocheira e dos animais, foram dezessete anos trabalhando na cocheira do palácio sem que ninguém desconfiasse de sua identidade, sendo maltratado pelos outros empregados. Mesmo assim, nunca revidou manteve acesa a chama de sua fé.

Morreu em 17 de julho e foi colocado num cemitério comum para criados. Porém, antes de morrer, entregou um pergaminho ao criado que o socorreu, no qual revelava sua identidade. Os pais quando souberam, levaram o caso ao conhecimento do Bispo, que autorizou sua exumação. Aleixo foi levado então para um túmulo construído na propriedade do senador. A fama de sua história de "homem de Deus" se espalhou entre os cristãos romanos e orientais, difundindo rapidamente o seu culto.

A casa do senador, pai de Santo Aleixo, ficava no monte chamado Aventino. No ano 1217 iniciou-se no local a construção de uma igreja dedicada a São Bonifácio. Ao se fazerem as escavações para a fundação, encontraram os restos mortais de Santo Aleixo. Por isso, a igreja construída ali passou a ser dedicada a Santo Aleixo, sob as ordens do Papa Honório III.

Em fins do século X, o bispo Sérgio de Damasco fundou o Mosteiro de Santo Aleixo, dedicado a uma vida simples e pobre, para os monges gregos em Roma. No ano 1817, a Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria nomeou Santo Aleixo como o segundo patrono, por seu exemplo de paciência, caridade e humildade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5, 3). Santo Aleixo viveu as bem-aventuranças, despojou-se de tudo, teve a coragem de abandonar as riquezas, as honras para abrir espaço em sua vida para o seguimento do Senhor Jesus. Ele viveu a humildade para combater o orgulho que é um dos pecados mais próprios das almas espirituais. Mesmo as pessoas mais dedicadas à oração, às boas obras precisam lutar contra o orgulho porque, se permitirem que ele cresça, arruinará a sua santidade. O orgulho se esconde nas boas ações, por isso é necessário vigilância, pois ele esteriliza o nosso apostolado. Peçamos a Deus, através o exemplo e intercessão de Santo Aleixo, que possamos crescer em verdadeira humildade para poder assim combater o orgulho e a vaidade em nossas vidas.

Oração:

Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz, tudo cria, se revelando sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o simples, o indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-“Deus, nosso Pai, vós sois aquele que tudo vê, tudo escuta, tudo faz e tudo cria, revelando-se sem se mostrar. A exemplo de Santo Aleixo, dai que busquemos a simplicidade de vida, pois vós sois o Simples, o Indivisível, e somente os simples verão a vossa face única e verdadeira. Dai-nos a retidão no falar e no agir, a compaixão no acolher e a dedicação em servir, pois realizar essas coisas é participar das vossas bem-aventuranças. Por Cristo nosso Senhor Amém. Santo Aleixo, rogai por nós.”


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF