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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Pais da Igreja: São Cipriano de Cartago (III)

São Cipriano
São Cipriano de Cartago
(†258) Bispo de Cartago e Mártir
ECCLESIA

«Sobre a Unidade da Igreja»

III Parte:

17 - Não ceder ao escândalo. Evitar os hereges

(1) Porém não nos impressione nem perturbe essa desmedida e temerária perfídia de muitos. Ao contrário, torne-se mais forte a nossa fé ao constatarmos a verdade do que foi profetizado. Alguns fizeram-se traidores, porque assim fora predito; os demais irmãos, em virtude da mesma profecia, acautelem-se contra essas coisas, escutando a voz do Senhor, que diz: "Vós, porém, acautelai-vos, porque eis que eu vos predisse tudo" (Mc 13-23).
(2) Evitai, pois, eu vo-lo peço, irmãos, esses homens e repeli, de vosso lado e de vossos ouvidos suas perniciosas conversas, como se repele um contágio mortífero. Está escrito: "Cerca os teus ouvidos com uma sebe de espinhos e não ouças a língua maldosa" (Eclo 28,24). E ainda: "As péssimas conversas corrompem até as pessoas de boa índole" (1Cor 15,33). O Senhor nos recomenda que evitemos essa gente. "São cegos, diz ele, e guias de cegos. Quando é um cego que conduz outro cego, caem juntos na fossa" (Mt 15,14).
(3) Convém estar longe e fugir de qualquer um que se separou da Igreja. É um transviado, um culpado, ele se condena por si próprio [Cf Ti 3,11]. Poderá pensar que está com Cristo aquele que está tramando contra os sacerdotes de Cristo e se separa da comunidade do seu clero e do seu povo? Ele levanta armas contra a Igreja e resiste às ordens de Deus. Adversário do altar, rebelde contra o Sacrifício de Cristo, traidor na fé, sacrílego na religião, servo intratável, filho ímpio, irmão inimigo, despreza os bispos e abandona os sacerdotes de Deus e ousa erguer um outro altar, pronunciar com voz ilícita uma outra prece, profanar, com falsos sacrifícios, a Hóstia do Senhor, e esquece que quem vai contra as ordens de Deus será punido com os divinos castigos pela sua atrevida audácia.
[Nota: Parece até intolerância de S. Cipriano, mas defender a fé não é intolerância. A culpa não é tanto estar fora da Igreja "in-fidelis", mas em ter saído da Igreja e teimar numa fé espúria e pervertida "perfídia". S. Cipriano deseja defender os que permanecem na Igreja, das falsas doutrinas dos hereges, e não incitar um preconceito gratuito].

18 - Castigos dos profanadores do culto

(1) Assim Coré, Datã e Abirão receberam, sem demora, o castigo da sua presunção, porque, violando as ordens de Moisés e do sacerdote Aarão, pretenderam usurpar o direito de oferecer sacrifícios [Cf Num 16,31-35]. A terra perdeu a sua firmeza, fendeu-se numa profunda voragem, e o chão, assim aberto, os engoliu vivos e em pé. A justiça indignada de Deus não atingiu só os autores daquele gesto, mas também os outros duzentos e cinqüenta, seus companheiros, que foram cúmplices e solidários com eles. De repente saiu do Senhor um fogo punitivo e os consumiu. Isto deve valer como demonstração e sinal de que foi ofensa contra Deus tudo o que aqueles perversos tentaram, com suas vontades humanas, para frustrar as ordens do próprio Deus.
(2) Assim aconteceu também ao rei Ozias, quando segurou o turíbulo e, com violência, pretendeu oferecer ele mesmo o incenso, violando a lei de Deus e desobedecendo ao sacerdote Azarias, que a isto se opunha [Cf 2Crôn 26,16-20]. Lá mesmo foi confundido pela divina indignação e acometido por uma espécie de lepra na fronte. Pela sua ofensa a Deus, foi punido justamente naquela parte do corpo, onde recebem o sinal (da cruz) os eleitos de Deus.
(3) Também os filhos de Aarão, por ter colocado no altar um fogo profano, contra os preceitos do Senhor, foram mortos no mesmo instante pela divina vingança [Cf Lev 10,1-2; Num 3,4].

19 - Menos grave é o pecado dos lapsos*

(1) São esses os exemplos que seguem e imitam os que buscam doutrinas estranhas, introduzem ensinamentos de invenção humana e desprezam a divina tradição. A eles aplicam-se as repreensões e as censuras do Evangelho: "Rejeitais o mandamento de Deus para apegar-vos à vossa própria tradição (pagã)" (Mc 7,90).
(2) Este crime é pior do que aquele que se pensa terem cometido os lapsos, ao menos se falarmos dos que estão arrependidos e rogam a Deus perdão do seu pecado, dispostos a dar completa satisfação. Os lapsos, com súplicas, procuram a Igreja, os cismáticos combatem-na. Os primeiros podem ter sido vítimas de alguma pressão, os segundos erram no pleno uso da sua liberdade. O lapso, pecando, se prejudicou unicamente a si mesmo, ao passo que aquele que tenta criar heresias e cismas engana a muitos, arrastando-os à sua seita. Lá há detrimento de uma só alma, aqui o perigo é de muitos. O lapso reconhece que certamente pecou, disto lamenta-se e chora, o cismático, cheio de orgulho no seu coração e comprazendo-se dos seus próprios erros, arranca os filhos à mãe, afasta, com aliciamentos, as ovelhas do Pastor, arrasa os divinos Sacramentos.
(3) O lapso pecou só uma vez, o outro continua pecando a cada dia. Por fim, o lapso, mais tarde, poderá enfrentar o martírio e conseguir as promessas do Reino, o cismático, ao contrário, se for morto enquanto está fora da Igreja, não alcançará os prêmios da Igreja.
[nota: * Lapsos era o nome dado aos cristãos que durante a perseguição tinham sacrificado incenso aos ídolos, o que significava renúncia à fé. Para serem reintegrados na comunidade da Igreja deviam se submeter às penitências prescritas].

20 - Confessores* que não perseveraram

(1) Não deveis estranhar, irmãos diletíssimos, que até entre os confessores haja alguns que caíram nestes crimes. Acontece também que alguns deles cometam outros pecados graves e vergonhosos. A confissão da fé não torna uma pessoa imune das ciladas do demônio. A quem ainda vive neste mundo ela não comunica uma perpétua segurança contra as tentações, os perigos e o ímpeto dos ataques mundanos. Se assim fosse, não veríamos, em confessores, os roubos, os estupros e os adultérios, que agora, com imensa tristeza, devemos lamentar em alguns deles.
(2) Quem quer que seja um confessor, ele não poderá ser maior, melhor e mais amigo de Deus que Salomão. Entretanto, este, durante o tempo em que se manteve nos caminhos do Senhor, conservou a benevolência com que o mesmo Senhor o tinha favorecido, mas quando se desviou destes caminhos, perdeu também a benevolência do Senhor [3Rs 11,9].
(3) Por isto diz a Escritura: "Segura o que tens, para que um outro não tome a tua coroa" (Ap 3,11). Se lá o Senhor ameaça tirar a alguém a coroa da justiça, é sinal que quem renuncia à justiça fica privado também da coroa.
[nota: * Os confessores eram os cristão que afirmavam a fé perante os perseguidores, e por um motivo ou outro, não eram condenados a morte. Alguns deles, cheios de soberba pelo ato de fé que praticou, achavam que tinham o direito de dar o aval aos lapsos (ver nota acima) e reintegrá-los na comunidade sem as penitências. Alguns confessores se tornaram cismáticos].

21 - A honra da "confissão" aumenta o dever do bom exemplo

(1) A confissão da fé é um preâmbulo da glória, mas não é ainda a posse da coroa. Não é a glória definitiva, mas só o início do mérito. Está escrito: "O que perseverar até o fim, este será salvo" (Mt 10,22). Tudo pois o que fazemos antes do fim é só um passo com o qual vamos subindo ao monte da salvação, mas só ao fim da subida chegaremos à posse perfeita do cume.
(2) Trata-se de um confessor? Ora, depois da confissão da fé, o perigo torna-se maior, porque o adversário está mais enraivecido contra ele.
(3) É confessor? Por isto, mais do que nunca, deve permanecer fiel ao Evangelho do Senhor, ele que pelo Evangelho conseguiu esta honra. Diz o Senhor: "A quem muito é dado, muito será pedido e a quem é concedida maior dignidade, deste exigem-se maiores serviços" (Lc 12,48). Ninguém se deixe levar à perdição pelo mau exemplo de algum confessor. Ninguém aprenda, do seu modo de proceder, a injustiça, a arrogância ou a perfídia.
(4) É confessor? Seja humilde e tranqüilo em todo o seu comportamento, seja disciplinado e modesto, de modo que, como é chamado confessor de Cristo, imite também aquele Cristo que confessa "Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado" (Lc 18,14). Assim disse ele, e foi exaltado pelo Pai, porque, sendo ele a Palavra, a Virtude e a Sabedoria de Deus Pai, se humilhou a si mesmo na terra. E como poderia amar a altivez, ele que, com a sua lei nos preceituou a humildade, e, em prêmio da sua humildade, recebeu do Pai o nome mais sublime? [Cf Flp 2,9]
(5) Alguém foi confessor de Cristo? Muito bem, mas, depois, por sua culpa, não sejam blasfemadas a majestade e a santidade do próprio Cristo. A língua que confessou a Cristo não seja maldizente nem sediciosa, não se ouça vociferando em altercações e brigas; depois de palavras tão divinas de louvor não vá vomitando veneno de serpente contra os irmãos e contra os sacerdotes de Deus.
(6) Em suma, se alguém, depois da confissão, se tornou culpável e detestável, se aviltou a sua confissão com maus comportamentos, se manchou a sua vida com torpezas indignas, se, afinal, abandonou a Igreja, na qual se tornara confessor, e, quebrando a harmonia da unidade, trocou a fé de então com a perfídia, um tal homem não pode lisonjear-se, presumindo da sua confissão, de ser como que predestinado ao prêmio da glória. Ao contrário, por isto mesmo, aumentaram seus títulos para o castigo.

22 - Elogio dos confessores

(1) Vemos também que chamou a Judas entre os Apóstolos, e este Judas, em seguida, traiu o Senhor. A fé e a perseverança dos Apóstolos não esmoreceram pelo fato que Judas traidor tinha pertencido ao seu grupo. Igualmente em nosso caso: a santidade e a dignidade dos confessores não ficam destruídas, se naufragou a fé em alguns deles.
(2) O bem-aventurado apóstolo Paulo diz numa das suas cartas: "Se alguns decaíram da fé, será que a sua infidelidade tornou vã a fidelidade de Deus? De modo algum. De fato, Deus é verídico e todo homem é mentiroso" (Rom 3,3-4; Sl 115,11).
(3) A maioria e a parte melhor dos confessores mantém-se no vigor da sua fé e na verdade da lei e da disciplina do Senhor. Lembrando-se de ter alcançado a graça e a benevolência de Deus na Igreja, não se afastam da paz da mesma Igreja. Nisto merecem mais amplo louvor pela sua fé, porque, desligando-se da perfídia daqueles que já foram seus companheiros na confissão, resistiram ao contágio do mal. Iluminados pela luz verdadeira do Evangelho, brilhando na pura e cândida claridade do Senhor, mostram-se tão dignos de encômio na conservação da paz de Cristo, quanto o foram no combate, quando se tornaram vencedores do demônio.

23 - Apelo aos que foram enganados

(1) Quanto a mim, irmãos diletíssimos, não deixo de exortar e insistir, porque desejo que, se for possível, nenhum dentre os irmãos pereça, e a mãe feliz (a Igreja) abranja no seu regaço o seu povo, unido na concórdia como um só corpo. Se, todavia, este salutar conselho não consegue reconduzir ao caminho da salvação certos chefes de cismas e certos autores de dissensão, preferindo eles obstinar-se em sua cega demência, ao menos os demais, os que foram surpreendidos na sua simplicidade, ou se deixaram desviar por algum equívoco, ou foram enganados pelo ardil de uma astúcia dissimulada, ao menos vós sacudi os laços falaciosos, livrai dos erros os vossos passos extraviados, sabei reconhecer o caminho reto que conduz ao céu.
(2) Ouvi a voz do Apóstolo, que clama: "Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, nós vos mandamos, diz ele, que vos afasteis de todos os irmãos que andam desordenadamente e não segundo a tradição que receberam de nós" (2Tes 3,6). E de novo: "Ninguém vos engane com vãs palavras. Por causa disto veio a ira de Deus sobre os filhos da contumácia. Não estejais, pois, ao lado deles" (Ef 5,6-7).
(3) Deveis evitar os delinqüentes e até fugir deles, para que não aconteça que, juntando-se aos que trilham os caminhos do erro e do crime, alguém se desvie também da verdade e se torne culpado de igual delito.
(4) Deus é um, Cristo é um, uma é a sua Igreja, uma a fé e o povo (cristão) é também um, aglutinado pela concórdia como na compacta unidade de um corpo. Esta unidade não pode ser quebrada. Um corpo não pode ser dividido, desarticulando as suas junturas. Não pode ser reduzido a pedaços, dilacerando e arranhando as suas vísceras. Tudo o que se separa do centro vital não pode continuar a viver ou a respirar porque fica privado do alimento indispensável à vida.

24 - Bem-aventurados os pacíficos

(1) O Espírito Santo assim nos fala: "Quem é o homem que quer viver e deseja ver dias excelentes? Refreia do mal a tua língua, e os teus lábios não falem insidiosamente. Evita o mal e faze o bem, busca a paz e segue-a" (Sl 33,13-15). O filho da paz deve buscar a paz, deve procurá-la. Quem conhece e ama o vínculo da caridade deve guardar a sua língua do flagelo da dissensão.
(2) O Senhor, já próximo à paixão, entre outros preceitos e ensinamentos salutares, acrescentou o seguinte: "Eu vos entrego a paz, eu vos dou a minha paz" (Jo 14,27). Esta é a herança que nos deixou. Todos os dons e todos os prêmios das suas promessas estão incluídos nisto: a inviolabilidade da paz.
(3) Se somos co-herdeiros de Cristo [Cf Rom 8,17], permaneçamos na paz de Cristo. Se somos filhos de Deus, sejamos pacíficos. "Bem-aventurados os pacíficos, diz, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9). Convém, pois, que os filhos de Deus sejam pacíficos, mansos de coração [Cf Mt 11,29], simples quando falam, concordes nos afetos, sempre ligados uns aos outros pelos laços da unidade de espírito.

25 - O exemplo dos primeiros cristãos

(1) Essa unidade reinou ao tempo dos Apóstolos e a nova plebe, o povo dos que acreditaram, guardava os preceitos do Senhor e ficava fiel à sua caridade. Prova-o a divina Escritura, dizendo: "A multidão daqueles que acreditaram se comportava como se fossem todos uma só alma e uma só mente" (At 4,32).
(2) E antes: "Estavam perseverando todos unânimes na oração com as mulheres e Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos" (At 1,14). Por isto oravam de modo eficaz e podiam confiar em alcançar o que estavam pedindo à misericórdia divina.

26 - Exortação para uma vida cristã integral

(1) Entre nós, ao contrário, esta união está demasiado relaxada, e ao mesmo tempo aparece muito enfraquecida a generosidade nas obras (boas). Então vendiam as suas casas e as suas propriedades e entregavam o preço aos Apóstolos, para que fosse distribuído aos pobres: assim colocavam seus tesouros no céu [Cf Mt 6,19]. Hoje nem se dão os dízimos dos patrimônios e, enquanto o Senhor diz "vendei" [Cf Lc 12,33], nós preferimos comprar e possuir mais. Como, entre nós, murchou o vigor da fé, como esmoreceu a força daqueles que crêem!
(2) Por isto o Senhor, falando destes nossos tempos, diz no Evangelho: "Quando vier o Filho do homem, pensas que encontrará fé na terra?" (Lc 18,8). Vemos que está acontecendo o que ele predisse. No que diz respeito ao temor de Deus, à lei da justiça, ao amor, às obras, não há mais fé. Ninguém se preocupa com as coisas que hão de vir, ninguém pensa no dia do Senhor, na ira de Deus, nos futuros suplícios dos incrédulos, nos eternos tormentos destinados aos pérfidos. Se crêssemos, a nossa consciência teria medo de tudo isto. Se não temos medo é sinal que não cremos. Quem acredita se acautela, quem se acautela se salva.
(3) Despertemos, irmãos diletíssimos, quebremos o sono da inércia rotineira e, por quanto for possível, sejamos vigilantes em guardar e cumprir os preceitos do Senhor. Sejamos prontos, como ele seja, quando diz: "Estejam cingidos os vossos rins, e as lâmpadas acesas nas vossas mãos, e vós sede semelhantes a homens que esperam o seu dono, quando voltar das núpcias, para lhe abrirem logo que ele chegar e bater. Bem-aventurados os servos que o Senhor, chegando, encontrar vigilantes" (Lc 12,35-37). É necessário que estejamos cingidos, a fim de que, quando vier o dia da partida, não sejamos surpreendidos cheios de impedimentos e de embaraços. Fique sempre viva a nossa luz e brilhe em boas obras, para nos guiar da noite deste mundo aos esplendores da claridade eterna. Sempre solícitos e cautos, fiquemos à espera da chegada repentina do Senhor. Quando ele bater, encontre a nossa fé vigilante com uma tal vigilância que mereça receber o prêmio do mesmo Senhor.
(4) Se forem observados esses mandamentos, se forem postas em prática essas exortações, não acontecerá que sejamos vencidos, no sono, pela falácia do demônio, mas, como servos bons e vigilantes, reinaremos com Cristo glorioso.

O jejum dos Apóstolos (Parte 8): a Igreja dos Apóstolos é Apostólicao

O jejum dos Apóstolos

A Igreja dos Apóstolos é Apostólica
Há muitas denominações protestantes que foram fundadas com o ideal de que após os dias dos Apóstolos, todos os Cristãos se desviaram do Evangelho (até que seus fundadores o reencontraram). As Igrejas históricas, pelo contrário, sustentam que são fiéis à Tradição Apostólica “que o Verbo nos concedeu, os Apóstolos pregaram e os Padres preservaram. Sobre ela, a Igreja tem seu fundamento” (Santo Atanásio, Primeira Carta a Serapião, 28).
Encontramos o coração da Tradição Apostólica no Novo Testamento, mas mesmo nele vemos que nem todos os aspectos da Tradição foram deixados por escrito. São Paulo diz aos Tessalonicenses “Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa” (2Tessalonicenses 2,15). Isso não significa que fazemos exatamente aquilo que os Apóstolos fizeram, mas o que fazemos está em continuidade com suas práticas e costumes das Igrejas por eles fundadas.
As Igrejas primitivas tinham uma série de costumes que não foram escritos pelos primeiros Cristãos, mas que foram transmitidos pela prática. Assim, São Basílio, o Grande (330-379), identificou o Sinal da Cruz e outras práticas comuns em seus dias como um elemento daquela Tradição, dizendo “Quem ensinou isso nas Escrituras? Qual Escrito nos ensinou que devemos orar voltados orar o Oriente? Qual dos Santos nos deixou por escrito as palavras da invocação durante a transformação do pão da Eucaristia e dos Cálices da Benção?” (Sobre o Espírito Santo, 27).
As Igrejas históricas veem elementos da Tradição Apostólica gravados nos mais antigos escritos Cristãos, nas Liturgias antigas, no rito do Batismo, e em outras orações antigas, e nos escritos dos principais mestres da Igreja, os Padres. Essas Igrejas veem todos esses elementos como tendo sido desenvolvidos sob a influência do mesmo Espírito Santo que inspirou os Apóstolos.
Alguns aspectos desses elementos mudaram através dos séculos. Mesmo São Basílio ou São João Crisóstomo não conheceram Akatistos ou Cânones, por exemplo, mas esses formatos de oração estão em continuidade com as orações da Igreja desde seus primeiros dias.
As práticas que estão em continuidade com as Igrejas Apostólicas refletem a presença do Espírito Santo na Igreja. Cristo havia dito aos Seus discípulos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco” (João 14,16). Nossa continuidade com a Tradição Apostólica testemunha a presença permanente daquele Paráclito, o Espírito Santo, na Igreja.
  • Nem todas as práticas de nossa Igreja hoje podem ser chamadas de elementos da Sagrada Tradição. Alguns costumes são humanos, como a celebração de Aniversário de Ordenação Sacerdotal. Outros podem ser abusos, tais quais a cobrança de taxas em troca dos Sagrados Mistérios. Revise as práticas de sua Paróquia e os classifique como Sagrada Tradição, costumes ou abusos.
  • Alguns aspectos da Tradição são mais familiares que outros. O que você sabe sobre Ícones, o Triodion ou os Padres do Deserto? O que você fará para aprender mais?
  • Para ajudar as crianças na compreensão do significado de Tradição, conte a elas a história de uma prática que existe na sua família, que é passada de geração em geração, e que elas também receberam: um lugar especial, uma comida preferida, uma expressão para animais de estimação. Essas são suas tradições familiares.
  • Peça ao Senhor que preserve e fortaleça as Igrejas que sofrem no Oriente Médio, que foi Evangelizado pelos Apóstolos.
  • Rezem juntos o seguinte verso: “A Pregação dos Apóstolos e os Ensinamentos dos Padres estabeleceram na Igreja uma Fé Una e Única. Por isso, essa Igreja, revestida na Verdade de sua Teologia inspirada pelo Céu, explica e declara com certeza o grande mistério de Cristo”.
Fonte: Veritatis Splendor

Multinacional abortista reconhece “legado racista” de sua fundadora Margaret Sanger

Clínica de Planned Parenthood / Crédito: Hattiesburgmemory Flickr (CC BY 2.0)
NOVA IORQUE, 22 Jul. 20 / 03:00 pm (ACI).- A filial de Nova York da Planned Parenthood reconheceu o “legado racista” de sua fundadora Margaret Sanger e dará outro nome às suas instalações devido ao seu apoio à eugenia. A organização continuará fazendo abortos.
"A remoção do nome de Margaret Sanger do nosso edifício é necessária e chega tarde ao considerar nosso legado e reconhecer a contribuição da Planned Parenthood ao dano reprodutivo histórico em comunidades de cor", disse nesta terça-feira Karen Seltzer, chefe do Conselho de Administração de Planned Parenthood of Greater New York (PPGNY) em um comunicado de imprensa publicado no site da organização.
O edifício agora será chamado de "Manhattan Health Center" (Centro de Saúde de Manhattan)
A PPGNY é a maior filial da Planned Parenthood no país.
"As preocupações de Margaret Sanger e sua defesa pela saúde reprodutiva estão claramente documentadas, assim como seu legado racista", disse Seltzer, que afirmou que há "muitas evidências" de que Sanger apoiava a eugenia.
A eugenia é a teoria de que a qualidade de vida da espécie humana pode ser melhorada, desencorajando as pessoas a terem filhos se elas tiverem defeitos ou características genéticas consideradas socialmente indesejáveis, inclusive através da coerção. A Igreja Católica rejeita a eugenia.
Seltzer também disse que a eugenia "é totalmente contrária aos nossos valores na PPGNY" e "remover o nome (de Sanger) é um importante passo adiante, representando assim quem somos como organização e a quem servimos".
Além de remover o nome Sanger do edifício, PPGNY procura alterar a placa da rua que designa a área como "Margaret Sanger Square".
De acordo com o relatório anual da organização, em 2018, a Planned Parenthood realizou 345.672 abortos nos Estados Unidos e recebeu 616 milhões de dólares em empréstimos e reembolsos do governo.
Em 2016, o Instituto Gutmacher revelou que as mulheres negras sofreram 28% dos abortos no país, enquanto que a população afro-americana era de 13%.
Em Nova York, a Planned Parenthood teve que enfrentar várias acusações de racismo sistemático. A CEO de PPGNY saiu recentemente da empresa após várias denúncias de maus-tratos aos trabalhadores negros e por ter um estilo de liderança "Trumpiano".
Sanger apoiou diferentes organizações extremistas como a Ku Klux Klan (KKK), algo que a Planned Parenthood reconheceu em 2016, em um texto no qual destacavam que a fundadora de PPFA era um produto de seu tempo e que sua perspectiva era amplamente disseminada e aceita.
"Não queremos que se difunda a notícia de que queremos eliminar a população negra", escreveu Sanger em uma carta de dezembro de 1939 ao Dr. Clarence Gamble sobre seu "Projeto Negro", com o qual buscava desaparecer com a população afro-americana nos Estados Unidos através de políticas de controle de natalidade.
"A coisa mais misericordiosa que uma família numerosa faz com um de seus bebês é matá-lo", escreveu Margaret Sanger em seu livro de 1920 "A maldade de criar famílias numerosas".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

8 dados sobre a vida de São Chárbel, o santo que une cristãos e muçulmanos

Imagem do Santuário de São Charbel / Crédito: Hannah Brockhaus - ACI Prensa
REDAÇÃO CENTRAL, 24 Jul. 20 / 09:51 am (ACI).- No dia 24 de julho é celebrada a festa de São Charbel Makhlouf, sacerdote católico, monge e eremita pertencente ao rito maronita, conhecido por ter realizado milhares de milagres em vida, inclusive a muçulmanos e pessoas de outras religiões. Por esse motivo, ACI Digital apresenta uma lista com dados interessantes sobre sua vida.
1. Nasceu no Líbano
São Charbel nasceu em 1828, Joseph Antoun Makhlouf, no povoado libanês de Beqa-Kafra. Era o caçula de cinco irmãos e seus pais eram simples e devotos agricultores maronitas.
2. Buscava a santidade desde criança
Conta-se que o sonho de Joseph era a santidade. Inclusive quando ainda era criança, ia sozinho a uma gruta para rezar. Cresceu com o exemplo dos seus dois tios, ambos eremitas.
3. O nome Charbel está inspirado em um santo da igreja primitiva
Aos 23 anos, deixou sua família em silêncio. Viajou mais de um dia a pé até chegar ao Mosteiro de Nossa Senhora do Líbano, onde começou o noviciado. Quando se juntou à ordem dos monges maronitas libaneses no Mosteiro de São Maron, em Annaya, escolheu o nome de Charbel em homenagem a um mártir do século II.
4. Foi eremita e asceta
O santo viveu 19 anos no Mosteiro de São Maron, muito dedicado à oração, penitência, trabalho manual e silêncio contemplativo. Também viveu um ascetismo rigoroso e uma profunda união com Deus durante os últimos 23 anos de sua vida em uma ermida.
A única perturbação que teve foi o grande número de visitantes que chegavam atraídos por sua reputação de santidade, para buscar conselhos, a promessa de oração ou algum milagre.
4. É o primeiro santo do Líbano
Charbel foi beatificado em 5 de dezembro de 1965 e canonizado em 9 de outubro de 1977, sendo o primeiro santo do Líbano e o primeiro santo oriental a ser canonizado desde o século XIII.
O Papa São Paulo VI comentou na cerimônia de beatificação: “Que símbolo de união entre o Oriente e o Ocidente! Toda a sua existência centrou-se completamente na celebração da Missa, na oração silenciosa diante do Santíssimo Sacramento e na prática heroica das virtudes da obediência, pobreza e castidade”.
5. Sofreu uma paralisia que causou a sua morte
Em 1898, o Pe. Charbel sofreu uma hemiplegia (paralisia de um lado do corpo) ao celebrar a Missa. Morreu oito dias depois, na véspera de Natal, aos 70 anos.
6. Seu corpo foi encontrado incorrupto
Dizem que após a sua morte, apareceu uma luz deslumbrante em torno de seu túmulo. Quando foi aberto quatro meses depois, o corpo do eremita estava incorrupto, secretando sangue e suor. Seu corpo continuou sangrando por muitos anos, e às vezes a substância brotava das paredes de seu túmulo.
7. Viveu como eremita, mas foi muito popular após sua morte
O humilde eremita que só sabia rezar, guardar silêncio, obedecer e fazer penitência tornou-se conhecido em todo o mundo. Em 1952, o Mosteiro de São Maron havia recebido 130 mil cartas de 95 nações, algumas pedindo qualquer coisa que tivesse entrado em contato com o santo monge e outras expressando gratidão pelos favores recebidos.
Além disso, São Charbel recebe cerca de 4 milhões de visitantes por ano, incluindo cristãos e muçulmanos.
8. Realizou milhares de milagres e continua realizando-os
Segundo o Mosteiro de São Maron, desde o início dos prodígios realizados por São Charbel, existem cerca de 29 mil milagres documentados no arquivo do mosteiro. Todos os anos, ocorrem cerca de 100 milagres através de sua intercessão, dos quais pelo menos 10% dos destinatários são pessoas não-batizadas, incluindo muçulmanos, drusos, judeus e ateus.
Antes de 1950, os milagres eram verificados apenas através do testemunho de um sacerdote. Agora, com a mais avançada tecnologia médica disponível, são necessários documentos médicos para demonstrar a doença inicial da pessoa e, posteriormente, uma boa saúde inexplicável.
ACI Digital

S. CHARBEL MAKHLUF, PERSBÍTERO

S. Charbel Makhluf
S. Charbel Makhluf 
“Todo homem é uma chama, criada por nosso Senhor, para iluminar o mundo. Todo homem é uma lâmpada, que Deus fez para brilhar e irradiar luz”.
Youssef Antoun, filho de camponeses, viveu com seus quatro irmãos em uma aldeia no Líbano. Sua infância foi breve: com três anos de idade, seu pai faleceu; no entanto, sua mãe se casou de novo com um homem piedoso, que, por fim, segundo o costume oriental, se tornou sacerdote. Para Youssef era uma alegria ouvi-lo, como também era uma alegria falar dos seus dois tios eremitas no Valle dei Santi. Para ele, eram super-heróis e queria seguir seu exemplo, “mas não era possível”, diziam, porque devia ajudar a família. Assim, aos dez anos, começou a pastorear, mas passava todo o tempo livre a rezar em uma gruta, chamada "gruta do Santo", hoje meta de peregrinações. Até certa noite.
"Vem e segue-me!"
Não era a primeira vez que Youssef ouvia a voz do Senhor, que o chamava para segui-lo, mas não podia desobedecer às ordens da sua família.
Naquela noite, porém, a voz do Senhor se tornou particularmente clara, insistente... Ele não podia resistir mais. Então, levantou-se e, sem se despedir de ninguém, antes de amanhecer, pôs-se a caminho para o mosteiro de Nossa Senhora de Mayfouq.
Transcorria o ano de 1851. Youssef tinha 23 anos. Em poucos meses, tornou-se monge da Ordem Libanesa Maronita, onde recebeu o nome de Charbel, que, em siríaco, significa "narração de Deus".
Foi transferido, duas vezes, mas continuava a estudar Teologia, com assiduidade; cuidava dos pobres e enfermos, obediente aos encargos que lhe eram gradualmente confiados, inclusive o trabalho na lavoura. Contudo, as atividades   que ele mais preferia eram a oração e a contemplação.
Da gruta da infância ao eremitério da velhice
Em 1875, o frade Charbel sentia-se pronto para viver segundo a Regra dos eremitas da Ordem Maronita, que previa que os monges vivessem em pequenas comunidades, no máximo três. Para ele, foi como um segundo nascimento: podia trabalhar, rezar, fazer penitência, jejuar e permanecer em silêncio.
Segundo as testemunhas oculares, Charbel era um monge zeloso, visto, muitas vezes, rezando de braços abertos, em uma cela paupérrima, que a deixava apenas para celebrar Missa ou quando era expressamente obrigado. Tudo isso até o dia de Natal. Naquele dia, durante a santa Missa, Charbel começou a passar mal, precisamente na hora da elevação. Após uma agonia de oito dias, enquanto os monges rezavam, ele continuava a observar a Regra – recusando até mesmo a comer o necessário. Assim, em 1898, Charbel faleceu.
Sua morte: uma semente que produziu muitos frutos
No entanto, sabemos que a morte não é o fim de tudo. Após alguns meses, começam a ocorrer prodígios. Muitos monges juram ter visto o túmulo do frade Charbel, à noite, iluminada por luzes não naturais. Certo dia, foi aberto e seu corpo estava intacto, com a temperatura corporal de um ser vivo. A abertura realizou-se por mais duas vezes, porque seu corpo segregava uma espécie de sangue e água. Em 1950, durante o último reconhecimento, seu rosto permaneceu impresso em um pano e se verificaram muitas curas instantâneas entre os presentes.
Assim, difundiu-se a fama de santidade deste pequeno monge silencioso, que começou a ser invocado. Por meio da sua intercessão, aumentaram as curas milagrosas.
A Igreja não tinha mais dúvida: Paulo VI, que o beatificou e canonizou, recorda a sua figura com estas palavras: “Ele nos fez entender, em um mundo fascinado pelo conforto e a riqueza, o grande valor da pobreza, da penitência e da ascese, que liberta a alma para a sua ascensão a Deus”.
Depois da sua beatificação, o corpo de São Charbel Makhluf não transudou mais.
Vatican News

Santa Cristina

Santa Cristina (A12)
24 de julho
Santa Cristina

Santa Cristina nasceu em Tiro, Itália perto do lago de Bolsena, em 288 D.C., filha de um rico e poderoso magistrado, chamado Urbano. Ela é considerada protetora contra os males da depressão.

Seu pai era pagão e perseguia os cristãos impondo-lhes os piores castigos e torturas, às vezes dentro de sua própria casa. Cristiana via tudo, e ficava abismada com a crueldade do pai e a serenidade e alegria com que os cristãos enfrentavam a perseguição. Através do testemunho dos cristãos, ela começou a conhecer Jesus e quis conhecer mais profundamente esta fé que tantos perseguiam.

Uma escrava cristã ficou presa na casa de Cristina por um bom tempo. Ao vê-la, percebeu que a menina tinha interesse em conhecer mais sobre os cristãos e sentiu que o seu coração estava aberto e que queria conhecer Jesus, a escrava preparou-a para receber o batismo. Terminada sua preparação, ela foi batizada sem que o pai soubesse. Ela passou a defender os cristãos e a se interessar pela comunidade cristã local.

Ao ver que o comportamento de Cristina havia mudado, Urbano começou a pressioná-la pedindo que preste culto aos ídolos romanos e ofereça sacrifícios a eles. A filha, porém, disse não. Pressionada pelo pai, ela respondeu“Tolo é vosso medo, tola a vossa advertência; diante de um deus cego aos sofrimentos do povo, surdo ao clamor dos fracos, eu não peço favores e não acendo uma vela. Ao Deus vivo ao Senhor do céu e da terra que nos enviou seu Filho Jesus, a este, sim, apresento sacrifícios de verdade e amor”.

O pai, inconformado, ameaçou Cristina, porém, ela respondia a isso participando da celebração da Eucaristia e de outras reuniões dos cristãos, visitando os encarcerados, dando esmola aos pobres. Sua coragem e caridade fizeram-na vender as imagens dos ídolos que tinha em seu quarto para adquirir bens em favor dos pobres. O pai ficou furioso. Por isso, Cristina foi chicoteada. Muitos de sua casa lhe pediram para que ela aceitasse a vontade do pai, mas ela respondia: “Deixar a vida não me custa; abandonar minha fé, isto nunca”.

Seu pai, cada vez mais furioso e inconformado, continuou com as torturas, amarrando a filha e lançando-a ao fogo. A história conta que, nesse momento, um anjo protegeu-a e as chamas não lhe fizeram mal. Mais irado ainda, mandou prender a filha. Cristina permaneceu em oração, entregando seu coração e sua vida ao Senhor. Então, mandou amarrá-la a uma pedra de moinho e jogá-la no lago. Conta-se que, milagrosamente, a pedra boiou e Cristina não se afogou. A fúria do pai foi tão forte que seu coração não resistiu e ele morreu.

Cristina foi acusada pela morte do pai e foi presa. Dio, o sucessor do seu pai, nada conseguiu e submeteu Cristina a terríveis torturas como jogá-la ao fogo. Porém, mais uma vez, o fogo não a queimou. Ordenou, então, que ela fosse jogada às víboras, mas nenhuma picou a menina. Mandou cortar sua língua, mas, mesmo assim, ela continuou cantando louvores ao Senhor.

A essa altura, os cristãos se fortaleceram na fé e vários outros se converteram a Jesus vendo o testemunho inacreditável de uma menina de apenas doze anos. Então, Dio ordenou que ela fosse morta a flechadas. Ela faleceu no dia 24 de julho do ano 300.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Deus escolhe aquele que é pequeno, fraco, indefeso, para confundir os fortes e poderosos. Através da fragilidade física desta menina, o Senhor mostrou que a verdadeira força vem d’Ele. Que o Senhor nos dê a graça para enfrentarmos todos os obstáculos desta vida, perseverando na fé e prontos para testemunhar que pertencemos a Ele.

Oração:

Sede para todos nós, ó Deus Altíssimo, exemplo de fidelidade e de espírito resoluto para que possamos imitar a vida de Santa Cristina, que sofreu e morreu professando a fé cristã. Dai-nos, por sua intercessão, a Graça que ousamos pedir. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 23 de julho de 2020

A importância do Ato de Fé

ADORATION OF THE TRINITY
Albrecht Dürer \ Public Domain
Por Philip Kosloski

Recorra a essa prece nos momentos em que você sente que precisa se aproximar de Deus

Quando nossa vida está um tumulto e tudo ao nosso redor parece não fazer sentido, precisamos nos manter enraizados em Deus através da oração.
Uma das maneiras mais comuns de fazer isso é rezar o “Ato de Fé”. Trata-se de uma oração que continua a ser ensinada nas aulas de formação religiosa e nos lembra de nossa necessidade de permanecermos unidos a Jesus Cristo, independentemente das tempestades que possam vir.
Reze com confiança:
“Eu creio firmemente que há um só Deus,
em três pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo.
Creio, que o Filho de Deus se fez homem,
padeceu e morreu na cruz para nos salvar,
e que ao terceiro dia ressuscitou.
Creio em tudo o mais que crê e ensina a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana,
porque Deus, verdade infalível, lho revelou.
E nesta crença quero viver e morrer.
Amém”.
Aleteia 

Pais da Igreja: São Cipriano de Cartago (II)

São Cipriano
São Cipriano de Cartago
(†258) Bispo de Cartago e Mártir
ECCLESIA

«Sobre a Unidade da Igreja»

II Parte:

9 - A pomba, exemplo de sociabilidade e concórdia

(1) Por isto também o Espírito Santo desceu em forma de pomba [Mt 3,16; Mc 1,10], animal simples e alegre, sem amargura alguma de fel, incapaz de se enfurecer; não morde, não arranha com as unhas. Prefere as moradias dos homens e gosta de habitar numa mesma casa. Quando criam, as pombas cuidam dos filhotes juntamente, quando viajam, voam pertinho umas das outras. Passam o tempo em tranqüilos arrulhos, manifestam a concórdia e a paz beijando-se no rosto. Enfim, em todas as coisas seguem a lei da boa harmonia.
(2) Esta é a simplicidade que deve reinar na Igreja, essa a caridade que devemos realizar: o amor fraternal imite as pombas, a mansidão e a brandura sejam iguais às dos cordeiros e das ovelhas.
(3) Como podem estar no coração de um cristão a ferocidade dos lobos, a raiva dos cães, o veneno mortífero das serpentes ou a crueldade sanguinária das feras?
(4) Devemos alegrar-nos quando os que têm esses sentimentos se separam da Igreja. Assim as pombas e as ovelhas de Cristo não serão contagiadas pela sua maldade e pelo seu veneno. Não podem conciliar-se e juntar-se amargura e doçura, trevas e luz, chuva e céu sereno, guerra e paz, esterilidade e fecundidade, secura e manancial, tempestade e bonança.
(5) Não acreditem que os bons possam deixar a Igreja: não é o trigo que o vento carrega, o furacão não arranca as árvores que têm sólidas raízes. Ao contrário são as palhas vazias que a tormenta agita, são as árvores vacilantes que a força dos turbilhões abate. Contra esses o apóstolo São João manifesta a sua repulsa, dizendo: "Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, sem dúvida teriam ficado conosco" (1Jo 2,19).

10 - Origem e maldade das heresias

(1) A origem de onde nasceram freqüentemente e continuam nascendo as heresias é a seguinte: há mentes perversas e sem paz, que, discordando em sua perfídia, não podem suportar a unidade. O Senhor, por seu lado, respeita a liberdade do arbítrio humano, permite e tolera que isto aconteça, a fim de que o crisol da verdade purifique os nossos corações e as nossas mentes, e, na provação, resplandeça com luz inequívoca a integridade da fé.
(2) O Espírito Santo nos previne, por meio do Apóstolo: "Convém que haja heresias para que entre vós se tornem manifestos os que resistem à prova" (1Cor 11,19). Assim, aqui mesmo, antes do dia do juízo, são divididas as almas dos justos e dos perversos e as palhas são separadas do trigo.
(3) Esses são os que, por própria iniciativa e sem chamamento divino, se põem a encabeçar temerários grupinhos. Contra toda a lei da ordenação, se constituem superiores e, sem que ninguém lhes dê o episcopado, se atribuem a si mesmos o nome de bispos. A eles faz alusão o Espírito Santo, no Salmo, falando dos que estão sentados em cátedras de pestilência, porque são peste infecciosa da fé. Mestres na arte de corromper a verdade, eles enganam com bocas de serpente, vomitando de suas línguas pestilentas peçonhas mortíferas. Os seus discursos brotam como chaga cancerosa, o trato com eles deixa no fundo de cada coração um veneno mortal.

11 - O Batismo cismático

(1) Contra esses homens brada o Senhor, para afastar ou retirar deles o seu povo desviado: "Não escuteis os sermões dos pseudo-profetas, porque vivem iludidos pelas alucinações do seu coração. Falam, mas não as palavras do Senhor. Aos que rejeitam a palavra de Deus dizem eles: tereis a paz, vós e todos os que andam segundo as próprias vontades. Não virá mal algum, ainda sobre aqueles que seguem os erros do próprio coração. Eu não lhes falei e eles vão "profetando". Se tivessem atendido ao meu conselho, ouvido as minhas palavras e as tivessem ensinado ao meu povo, eu os teria convertido dos seus perversos pensamentos" (Jer 23,16-22).
(2) E de novo fala deles o Senhor: "Abandonaram a mim, que sou a fonte da água viva, e escavaram para si covas escuras, que nem podem dar água" (Jer 2,13 [Nota: Tradução literal do texto latino antigo. As versões tiradas do hebraico dizem: "cisternas fendidas, que não retêm a água"]).
(3) Enquanto não pode haver senão um Batismo, eles pensam que podem batizar. Abandonaram a fonte da vida e ainda prometem a graça da água que dá a vida e a salvação. Lá os homens não são purificados, mas, ao contrário, mais poluídos. Lá os pecados não são perdoados, mas, antes, aumentados. Aquele nascimento não gera filhos para Deus, mas para o demônio [Nota: Esta recusa do batismo dos hereges é conseqüência do pensamento vigente. Este pensamento afirmava que qualquer violação na unidade da Igreja significava perversão total da fé. Hoje, a Igreja aceita o batismo das denominações protestantes tradicionais].
(4) Os que pretendem nascer por meio da mentira não recebem absolutamente as promessas da verdade. Gerados pela perfídia, não alcançam a graça da fé. Aqueles que, no delírio da discórdia, quebraram a paz do Senhor, não podem chegar ao prêmio da paz.

12 - "Onde dois ou três..." (Mt 18,20)

(1) Alguns se enganam a si mesmos com uma presunçosa interpretação das palavras do Senhor, que disse: "Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles" (Mt 18,20).
(2) São falsificadores do Evangelho e intérpretes mentirosos. Apegam-se ao que é dito depois, esquecendo o que foi dito antes, lembram-se de uma parte da frase e, astutamente, deixam do lado a outra. Assim como eles se separaram da Igreja, do mesmo modo truncam o sentido de uma única sentença.
(3) De fato, o que queria dizer nosso Senhor? Para inculcar aos seus discípulos a união e a paz, diz ele: "Eu vos afirmo que, se dois de vós concordarem na terra em pedir qualquer coisa, ela lhes será outorgada por meu Pai que está nos céus" (Mt 18,19). E continua: "Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles", mostrando que o que mais vale na oração não é o número dos que oram, mas a sua união de espírito.
(4) "Se dois de vós concordarem na terra", diz ele. Antes exige a união, põe na frente a paz: o seu primeiro e mais firme preceito é que entre nós haja acordo. E como poderá estar de acordo com alguém aquele que está em desacordo com o corpo da Igreja e a totalidade dos irmãos?
(5) Como poderão estar reunidos dois ou três em nome de Cristo, se é patente que estão separados de Cristo e do seu Evangelho? De fato não somos nós que nos apartamos deles, mas eles de nós. E quando, em seguida, formando entre si vários grupos, deram origem a heresias e cismas, abandonaram a cabeça e a fonte da verdade.
(6) O Senhor quer falar da sua Igreja e dirige aquelas palavras àqueles que estão na Igreja, dizendo que, se dois ou três deles estiverem concordes, como ele ensinou e mandou, e se reunirem em um só espírito para rezar, embora sejam só dois ou três, impetrarão da majestade de Deus o que pedem.
(7) "Onde quer que se encontrem reunidos em meu nome dois ou três, eu mesmo estou com eles", quer dizer com os simples, com os pacíficos, com os que temem a Deus e observam os seus preceitos. Com esses, ainda que não fossem mais do que dois ou três, prometeu que estaria, assim como esteve com os três jovens na fornalha ardente, e, porque permaneciam simples com Deus e unidos entre si, até no meio das chamas, os animou com uma brisa de orvalho (Dan 3,50).
(8) Do mesmo modo esteve presente aos dois Apóstolos encerrados na cadeia, porque eram simples e unânimes. Ele mesmo abriu as portas do cárcere e os conduziu de novo à praça para que pregassem à multidão a palavra que tão fielmente anunciavam.
(9) Por conseguinte, quando o Senhor coloca entre os seus preceitos estas palavras: "Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles", não quer separar os homens da Igreja, pois ele mesmo instituiu e formou a Igreja, mas ao contrário, repreendendo os pérfidos pela discórdia e encarecendo, com a sua própria voz, a paz aos fiéis, quer mostrar que ele está mais com dois ou três que oram unânimes, do que com muitos que oram na dissidência, e que obtém mais a prece concorde de poucos que a oração sediciosa de muitos.

13 - Não achará a Deus propício quem não está em paz com o irmão

(1) Por isto, quando ensinou o modo de orar, acrescentou: "Quando estiverdes em pé para orar, perdoai, se por acaso tendes mágoa contra alguém, a fim de que o vosso Pai que está nos céus vos perdoe também os pecados" (Mc 11,25). E se alguém vier ao sacrifício, estando de mal com alguém, ele o afasta do altar e ordena que, antes, se ponha de acordo com o irmão, e só depois volte em paz para oferecer a Deus a sua dádiva [Cf Mt 5,24].
(2) Deus não olhou aos presentes de Caim [Gen 4,5], porque aquele que, pelo rancor da inveja, não tinha paz com o irmão, não podia encontrar a Deus propício.
(3) Que espécie de paz podem pretender os inimigos dos irmãos? Que sacrifício pensam eles oferecer, enquanto não são que rivais dos sacerdotes? Julgam que Cristo esteja presente nas suas reuniões, enquanto se reúnem fora da Igreja de Cristo?

14 - Nem o martírio lava a mancha da discórdia

(1) Ainda que esses homens fossem mortos pela confissão do nome cristão, o seu sangue não lavaria esta mancha. O pecado da discórdia é tão grande e tão imperdoável, que não se apaga nem pelos tormentos. Não pode ser mártir quem não está na Igreja, não pode alcançar o Reino quem abandonou aquela que nasceu para reinar.
(2) Cristo nos deu a paz. Ele nos mandou que fôssemos concordes e unidos, ordenou que os laços do amor e da caridade fossem conservados intactos e sem rachadura. Não pode iludir-se de ser mártir aquele que não conservou a caridade fraterna.
(3) O apóstolo Paulo ensina e testemunha isto mesmo quando diz: "Ainda que eu tivesse fé para remover as montanhas, mas não tivesse a caridade, eu nada seria, ainda que distribuísse em alimento dos pobres tudo o que é meu, e entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse a caridade de nada adiantaria. A caridade é magnânima, a caridade é benigna, a caridade não rivaliza, não faz mal, não se pavoneia, não se irrita, não pensa com maldade, tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais termina" (1Cor 13,1-9).
(4) A caridade nunca termina, ela estará sempre no Reino, durará eternamente pela unidade dos irmãos em mútua harmonia. A discórdia não entra no Reino dos céus. Quem, com pérfida divisão, violou a caridade de Cristo, não poderá chegar aos prêmios do mesmo Cristo, que disse: "Este é o meu mandamento, que vos ameis mutuamente como eu vos amei" (JO 15,12).
(5) Quem vive sem caridade está sem Deus. Eis a voz do bem-aventurado apóstolo João: "Deus é amor. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele" (1Jo 4,16). Não podem permanecer com Deus os que não quiseram estar unidos na Igreja de Deus. Ainda que, lançados no fogo, fossem consumidos pelas chamas ou perdessem a vida sendo expostos às feras, tudo isto não seria uma coroa da fé, mas, antes, um castigo da sua perfídia, não seria o desfecho glorioso de uma vida religiosa intrépida, mas um fim sem esperança.
(6) Um homem assim poderia ser morto, mas não coroado. Ele confessa que é cristão do mesmo modo que o diabo, muitas vezes, engana dizendo ser ele o Cristo. Escutemos o aviso do Senhor: "Muitos virão com o meu nome, dizendo: sou eu o Cristo, e enganarão a muitos" (Mc 13,16). Como o diabo não é Cristo, embora tome este nome, assim não pode passar por cristão aquele que não permanece na verdade do Evangelho e na fé de Cristo.

15 - A lei do amor e a unidade

(1) É certamente coisa incomum e admirável profetizar, expulsar demônios e fazer obras portentosas aqui na terra, mas quem faz todas essas coisas não conseguirá o Reino celeste se não anda no caminho reto e certo.
(2) Ouçamos ainda o Senhor: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não te lembras que em teu nome profetizamos e em teu nome expulsamos demônios e em teu nome fizemos obras portentosas? Eu porém lhes direi: jamais vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7,21-23). É necessária a justiça para que alguém possa ser premiado por Deus. É necessário obedecer aos seus mandamentos e aos seus avisos, para que os nossos méritos alcancem a recompensa.
(3) O Senhor, no Evangelho, querendo mostrar-nos em breve resumo a senda da nossa fé e da nossa esperança, disse: "O Senhor, teu Deus, é um só", e continua: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças" (Mc 12,29-31). "Eis o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a ele: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois preceitos funda-se toda a lei e também os profetas" (Mt 22,39-40).
(4) Com a sua autoridade ensinou, ao mesmo tempo, a unidade e o amor. Em dois preceitos compendiou a lei e todos os Profetas. Mas que unidade observa, que amor pensa praticar aquele que, como doido pelo furor da discórdia, divide a Igreja, destrói a fé, perturba a paz, aniquila a caridade, profana o Sacramento?

16 - Essas aberrações foram preditas

(1) Este mal, ó irmãos fidelíssimos, já tinha começado algum tempo atrás, mas agora, como triste calamidade, foi crescendo dia a dia e a venenosa praga da heresia e dos cismas aparece e pulula sempre mais. Assim deve acontecer no fim do mundo, como nos vaticina e nos avisa o Espírito Santo por meio do Apóstolo: "Nos últimos dias, diz ele, chegarão tempos difíceis e haverá homens que só buscam os próprios gostos, soberbos, arrogantes, avarentos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, desalmados, sem afeição e sem respeito de compromisso, caluniadores, incontinentes, violentos, sem nenhum amor ao bem, traidores, atrevidos, estupidamente altivos, amando mais os prazeres que Deus, ostentando um verniz de religiosidade, mas conculcando todo valor religioso. Deles são os que se insinuam nas casas e conquistam mulherzinhas carregadas de pecados, que se deixam levar por várias volúpias e se mostram sempre curiosos de saber, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. E como Jamnes e Mambres fizeram resistência contra Moisés, assim estes resistem à verdade. Mas não serão bem sucedidos, porque a sua incapacidade será a todos manifesta, como aconteceu àqueles" (2Tim 3,1-9).
(2) Tudo o que tinha sido preanunciado se está cumprindo e, enquanto se aproxima o fim do mundo, tudo se realiza nas pessoas e nos acontecimentos.
(3) O adversário está solto. Cada vez mais, o erro vai espalhando os seus enganos. A insensatez gera orgulho, arde a inveja, a cobiça chega até à cegueira, a impiedade deprava, a soberba incha, a discórdia exaspera, a ira enfurece.
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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF