Translate

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Grupo de jovens lança a primeira rádio online católica em Cuba

Imagem referencial. Crédito: Unsplash.

HAVANA, 10 ago. 20 / 10:30 am (ACI).- A Rede Católica Juvenil (RCJ) lançou a primeira rádio online católica em Cuba, que pode ser sintonizada em todo o mundo e pretende ser um espaço de oração e escuta para todos os fiéis.

RCJ Rádio "O Som da Esperança" é a primeira rádio online católica da ilha e conta com transmissão 24 horas por dia, onde informam sobre os acontecimentos da Igreja em Cuba e no mundo.

“Sintonize conosco e mantenha-se informado dos acontecimentos eclesiais nacionais e estrangeiros, ouvindo nosso Suplemento Informativo ‘Em Detalhes’ e outros conteúdos radiofônicos publicados pela RCJ”, indica a rede em seu site.

Em Cuba, a Igreja sofreu restrições à sua liberdade desde que a revolução de Fidel Castro assumiu o poder em 1959, com o confisco de propriedades, a eliminação das escolas católicas, a expulsão de sacerdotes e religiosas, entre outras medidas.

Embora certas restrições tenham sido levantadas à Igreja após a visita de São João Paulo II, em 1998, ainda tem certas limitações, como o acesso aos meios de comunicação.

Apenas em raras ocasiões o Governo permitiu que sacerdotes e bispos dessem uma mensagem pública; no entanto, essas concessões são especiais e limitam sua participação a uma data específica.

Em entrevista à EWTN Notícias, o diácono da congregação da missão em Havana e um dos diretores gerais da RCJ, Rubén de la Trinidad, destacou que a iniciativa de criar uma emissora de rádio para o país nasceu da JMJ Panamá 2019.

Indicou que, depois deste encontro, um grupo de jovens decidiu criar, em fevereiro de 2019, a Rede Católica Juvenil, que "é a comunidade virtual mais ampla" entre os jovens do país, e a partir dela foram criados conteúdos radiofônicos para as redes sociais.

Um desses programas é a "Oração por Cuba" que é transmitido diariamente às 12h (hora local) e reúne jovens de todo o país em “um espaço de oração para que todos possamos escutar”.

Junto com esta iniciativa nasceu também o Boletim Informativo Católico, que é um segmento de notícias sobre os acontecimentos da Igreja em Cuba e no mundo.

Rubén de la Trinidad indicou que em janeiro de 2020, perto das comemorações do primeiro aniversário da RCJ Rádio, nasceu o suplemento informativo "Em Detalhe", que se tornou a "produção radiofônica mais importante" que têm até hoje.

"Começamos a transmitir como uma rádio online 24 horas a partir de 22 de junho", acrescentou.

Afirmou que a rádio teve uma boa recepção dos fiéis de todo o mundo e atingiu uma audiência de “cerca de mil pessoas aproximadamente nas primeiras semanas”.

"Estamos falando que do Canadá ao Chile nos sintonizaram", disse.

RCJ Rádio “O Som da Esperança” está disponível em seu site 24 horas por dia e também pode ser sintonizada pelo aplicativo para celulares que foi lançado esta semana.

Além disso, a rádio possui material adicional, como podcasts, que podem ser encontrados no SpotifyAnchor e Youtube.

Pode fazer sua doação para manutenção da RCJ Rádio através do PayPal AQUI.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

 

5 coisas que deve saber sobre Santa Clara de Assis

Santa Clara de Assis / Crédito: Enciclopédia Católica

REDAÇÃO CENTRAL, 11 ago. 20 / 06:00 am (ACI).- No dia 11 de agosto, é celebrada a festa de Santa Clara de Assis, cofundadora das Clarissas pobres e primeira abadessa de São Damião.

A seguir, apresentamos 5 coisas que todo católico deve saber sobre a vida desta grande santa.

1. É padroeira da televisão e das telecomunicações

No final dos anos 1950, a televisão estava se tornando uma das formas mais importantes de comunicação da sociedade moderna.

Por isso, o Papa Pio XII quis oferecer a bênção e a proteção da Igreja para essa nova tecnologia. Assim, em 1958, publicou a Carta Apostólica proclamando Santa Clara como Padroeira da Televisão.

Nesta, proclama-se que a Igreja apoia a inovação tecnológica, o progresso e recomenda o uso da tecnologia moderna para a proclamação do Evangelho. Reconhece que a televisão é capaz tanto do bem quanto do mal, por isso precisa de um santo padroeiro para a proteção espiritual.

O Santo Padre escolheu Santa Clara de Assis (do século XIII) pela seguinte razão: conta a história que, em um Natal, Santa Clara estava doente e não conseguia sair de sua cama para assistir à Missa.

No entanto, milagrosamente, Deus lhe deu uma visão da Eucaristia em seu convento em tempo real, algo parecido a uma “televisão espiritual”.

2. Foi grande amiga de São Francisco de Assis

Na audiência geral de 15 de setembro de 2010, o Papa Bento XVI afirmou que "principalmente no início da sua experiência religiosa, Clara encontrou em Francisco de Assis não apenas um mestre cujos ensinamentos devia seguir, mas inclusive um amigo fraterno".

Quando Clara tinha 18 anos, São Francisco foi à igreja de São Giorgio de Assis para pregar durante a Quaresma. Clara, depois de ouvir esta pregação, sentiu dentro de si uma chama que iluminou seu coração e logo a fez implorar a São Francisco para ajudá-la a viver também "segundo o modo do Santo Evangelho".

São Francisco, que depois reconheceu em Clara uma das almas escolhidas destinadas por Deus para grandes coisas, prometeu ajudá-la e tornou-se seu guia espiritual.

Em 1212, Clara fugiu de sua casa e se dirigiu para a Porciúncula (Itália), onde entrou para fazer parte da Ordem dos Irmãos Menores. Clara prometeu obedecer a São Francisco em tudo. Algum tempo depois, ela e suas seguidoras se mudaram para o convento de São Damião, onde a santa permaneceu 41 anos até o dia de sua morte.

Nesse mesmo ano, Santa Clara e São Francisco de Assis fundaram a segunda ordem franciscana ou das irmãs clarissas.

3. É a primeira e única mulher a escrever uma regra de vida religiosa para mulheres

Bento XVI indicou que “Clara foi a primeira mulher na história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis fosse conservado em todas as comunidades femininas que se iam estabelecendo em grande número já naquela época e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e de Clara”.

Sua decisão de escrever uma regra foi uma mudança radical das normas religiosas de seu tempo. Só depois de insistir, o Papa Inocêncio IV a aprovou, dois dias antes da morte de Clara, em 11 de agosto de 1253.

4. Fez milagres surpreendentes com pães

Certo dia, tinham apenas um pão para 50 irmãs clarissas. Santa Clara o abençoou e, rezando todas juntas o Pai Nosso, multiplicou o pão e o repartiu a suas irmãs. 

Depois, enviou a outra metade aos irmãos menores. Diante disso, afirmou: "Aquele que multiplica o pão na Eucaristia, o grande mistério da fé, por acaso lhe faltará o poder para abastecer com pão suas esposas pobres?”.

Em outra ocasião, em uma das visitas do Papa Inocêncio III ao convento, Santa Clara preparou as mesas e colocou nelas o pão para que o Santo Padre os abençoasse.

O Pontífice pediu à santa que o fizesse, mas Clara se opôs rotundamente.

O Papa pediu que ela fizesse o sinal da cruz sobre os pães e os abençoasse em nome de Deus. Santa Clara, como verdadeira filha da obediência, abençoou muito devotamente aqueles pães com o sinal da cruz e, no mesmo instante, apareceu o sinal da cruz marcado em todos os pães.

5. Esteve doente por muitos anos

Santa Clara ficou doente por 27 anos no convento de São Damião, suportando todos os sofrimentos de sua doença. Em seu leito, bordava, fazia costuras e rezava sem cessar.

O Papa a visitou duas vezes e exclamou: "Eu gostaria de ter tão pouquinha necessidade de ser perdoado como a que esta santa tem".

Cardeais e bispos iam visitá-la para pedir seu conselho.

São Francisco já havia morrido, mas três dos discípulos preferidos do santo, Frei Junípero, Frei Ângelo e Frei Leão, leram para Clara a Paixão de Jesus enquanto agonizava.

A santa repetia: “Desde que me dediquei a pensar e meditar sobre a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, as dores e os sofrimentos não me desencorajam, mas me confortam”.

Confira também:

ACI Digital

S. CLARA DE ASSIS, FUNDADORA DAS CLARISSAS

Santa Clara, Maestro di Santa Chiara, Assis
Santa Clara, Maestro di Santa Chiara, Assis 

Pobre por escolha nos rastos de Francisco

Domingo de Ramos de 1211. O silêncio da noite, nos campos de Assis, foi quebrado pelos passos rápidos de Clara, dezoito anos. Sabia estar indo contra a sua amada e rica família, mas Deus inspirou nela o desejo de uma verdadeira liberdade: ser pobre. Aquela fuga de toda segurança foi o epílogo de percurso iniciado sete anos antes, quando presenciou a um fato chocante: um jovem rico se despoja das suas roupas, as devolve ao pai e abraça a Senhora Pobreza. É Francisco! Naquela noite, ele estava na Porciúncula aguardando Clara: corta os seus cabelos, entrega-lhe um saio de lã grosseira e lhe encontra abrigo no mosteiro Beneditino de São Paulo, em Bastia Umbra. Seu pai tentou, em vão, convencê-la a voltar para casa.

“Pobres Damas”

O gesto de Clara atrai outras mulheres, entre as quais sua mãe e as irmãs: logo se tornaram cerca de cinquenta. Francisco as chamou “Pobres damas” ou “Pobres reclusas” e colocou-lhes à disposição o pequeno mosteiro de São Damião, que acabara de restaurar e onde recebera o convite “Vai e repara a minha casa”. Entre o Pobrezinho e Clara há plena comunhão: ela se define a “sua plantinha” e acompanha a missão dos Frades no mundo, mediante a sua oração incessante, junto com suas coirmãs.

A primeira mulher a escrever uma Regra

A primeira mulher a escrever uma Regra era forte e determinada; ela obteve a aprovação, por parte de Gregório IX, - sigilada, depois, com a Bula de Inocêncio IV, em 1253, - do “privilégio da pobreza” e do ardente desejo de “observar o Evangelho”.

Incansável adoradora da Eucaristia

A doença assinala seus últimos 30 anos, mas jamais viola seu alegre contrato com o Senhor na oração: “Nada é tão grande – escreve – quanto ao coração do homem, no íntimo do qual Deus reside”. A incansável adoradora da Eucaristia, com a píxide nas mãos, afugentou dos sarracenos de Assis.

Proclamada santa, dois anos depois da morte

Em uma noite de Natal, recolhida em oração, assiste, na parede da sua cela, os ritos que, naquele momento, se realizavam na Porciúncula, coração pulsante da comunidade dos Frades. Por este motivo, foi declarada, por Pio XII, padroeira da Televisão.
Santa Clara faleceu no dia 11 de agosto de 1253 no chão nu do Mosteiro de São Damião. Seus lábios sussurram a última oração de ação de graças: “Senhor, vós que me criastes, sede bendito”.
Uma incontável multidão, jamais vista, participou do seu enterro. Dois anos depois, foi proclamada Santa por Alexandre IV.

Vatican News

 

S. SUSANA, ROMANA, NA IGREJA HOMÔNIMA

S. Susana, Mayenne
S. Susana, Mayenne

A história de Santa Susana foi-nos transmitida pela Passio do seu martírio, que remonta ao século VI, e enriquecida com contos lendários. Não se sabe a data do seu nascimento; provavelmente, era natural da Dalmácia, mas viveu em Roma no século III.
De família nobre, aparentada com o imperador Diocleciano, Susana era filha do presbítero Gabinio (na época, os presbíteros eram os anciãos, que cuidavam da comunidade cristã), irmão do Bispo Caio, que depois se tornou Papa (283-296), e de Cláudio e Máximo, funcionários imperiais.
Susana, jovem culta e de rara beleza, consagrou-se a Deus, oferecendo-lhe a sua virgindade. Por isso, recusou a proposta de Diocleciano de casar com seu filho adotivo, Gaio Galério Valério Maximiano.

O exemplo de Susana converteu seus tios Cláudio e Máximo

Seu tio Cláudio, que havia sido encarregado de fazer-lhe a proposta de casamento, ficou tão impressionado com a determinação da jovem. A ponto de querer saber mais sobre a sua crença. Por isso, converteu-se - e, com ele, sua esposa, os filhos e os servos - e distribuiu seus bens aos pobres.
Não tendo recebido nenhuma resposta, o imperador pediu notícias ao irmão de Cláudio, Máximo. Assim, ele ficou sabendo sobre a decisão de Susana de renunciar ao casamento. Depois, junto com Cláudio, decidiu envolver na questão também Caio e Gabinio. Todos os quatro concordaram em não obrigar a jovem a casar-se. Ao conhecer melhor a sobrinha, também Máximo abraçou o cristianismo.

Decapitada em casa

Ao ser informado sobre a decisão de Susana e sobre a conversão de seus dois oficiais, Diocleciano, furioso, prendeu a jovem e seus familiares.
Submetidos a um interrogatório, nenhum deles abjurou à fé cristã. Assim sendo, o imperador mandou condená-los à morte. Cláudio e Máximo foram queimados vivos; Gabinio foi torturado e Susana decapitada em sua casa, em 11 de agosto de 294.
A esposa do imperador Diocleciano, Serena, que também era cristã, organizou o enterro e conservou seu sangue como relíquia.
O Papa Caio, que morava perto da casa de Gabinio, na manhã do dia seguinte, celebrou Missa no lugar do martírio de Susana e estabeleceu que a santa fosse recordada e venerada em sua própria casa.
Desta forma, começando a aumentar o culto a Santa Susana, foi construída, naquela localidade, uma igreja, conhecida no século IV, com o nome "ad Duas domos" ("às duas casas"), indicando as duas casas, de Gabinio e Caio, pai e tio da mártir.
Os restos mortais de Santa Susana, que foram sepultados no cemitério de Santo Alexandre, na Via Nomentana, foram trasladados, depois, para a igreja a ela dedicada e, várias vezes, modificada, hoje denominada igreja de Santa Susana nas Termas de Diocleciano.
Ali, segundo fontes de 1500, foi encontrada uma lápide, atribuída ao século V – que depois foi perdida, – com a escrita: "Olim presbyteri Gabini Filia Felix / Hic Susana Iacet In Pace Patri Sociata" (“Filha feliz do presbítero Gabinio / aqui jaz Susana, na paz do Senhor).

Vatican News

 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Do Tratado sobre a Encarnação do Senhor, de Teodoreto de Ciro, bispo

Crucificação de Jesus (DW)

(Nn. 26-27: PG 75, 1466-1467)     (Séc.V)

Curarei os seus tormentos

Com liberdade, vai Jesus ao encontro dos sofrimentos preditos a seu respeito. Por várias vezes os prenunciou aos discípulos, tendo mesmo repreendido a Pedro que repelia o anúncio da paixão, e declarou que por eles se daria a salvação do mundo. Por isso apresentou-se aos que vinham buscá-lo, dizendo: Sou eu a quem procurais (cf. Jo 18,5). Acusado, não respondeu. Podendo esconder-se, não o quis, embora por mais de uma vez se tenha furtado às ciladas dos perseguidores. Chora sobre Jerusalém que pela incredulidade atraía para si a ruína e prediz a suprema destruição do templo outrora famoso. Com toda a paciência suporta ser batido na cabeça por homem duplamente escravo. Esbofeteado, cuspido, injuriado, atormentado, flagelado e por fim crucificado e dado por companheiro de suplícios a dois ladrões, contado entre os homicidas e celerados. Bebe o vinagre e o fel produzidos pela má videira, coroado de espinhos em lugar de louros e cachos de uva. Escarnecido com a púrpura, batido com a cana, ferido o lado pela lança e enfim levado ao sepulcro.  

Tudo isto sofreu enquanto operava nossa salvação. Pois àqueles que se haviam escravizado ao pecado eram devidos os castigos do pecado. Ele, isento de todo pecado, tendo cumprido toda a justiça, suportou a pena dos pecadores, destruindo por sua cruz o antigo decreto de maldição. Cristo, assim diz Paulo, nos remiu da maldição da lei, feito maldição por nós; por que está escrito: Maldito todo aquele que pende do lenho (Gl 3,13; cf. Dt 21,23). Com a coroa de espinhos põe fim ao castigo de Adão. Pois, após o pecado, este ouvira: Maldita a terra em teus trabalhos; germinarão para ti espinhos e abrolhos (cf. Gn 3,17-18).  

Com o fel bebeu a amargura e a dor da vida humana passível e mortal. Pelo vinagre assumiu em si a mudança do ser humano para o pior e concedeu a volta ao melhor. A púrpura significava o reino; a cana, o frágil poder do diabo. A bofetada publicava nossa liberdade, tolerando as injúrias, flagelos e chagas a nós devidas.  

O lado aberto, à semelhança de Adão, deixa sair não a mulher que, por seu erro, gerou a morte, mas a fonte de vida que com dupla torrente vivifica o mundo. Uma, no batistério, nos renova e cobre com a veste imortal; outra, à mesa divina, alimenta os renascidos como leite aos pequeninos.

https://liturgiadashoras.online/ 

A série de televisão Dark, a pandemia e Deus que nos fala

ayhanmustafa / Shutterstock.com

 por Francisco Borba Ribeiro Neto

O que explica o êxito de uma série que obriga os espectadores a estudarem e manterem uma atenção que lembra um vestibular de física?

Atualmente, o maior sucesso da TV mundial é a série Dark, tão genial quanto difícil, uma produção alemã da Netflix, avaliada pelos críticos como a melhor da plataforma de streaming. Vale-se de conceitos da física quântica, que tornariam possíveis viagens no tempo e entre universos paralelos, explorando suas implicações lógico-filosóficas e ficcionais. Afora o fato de ser uma série muito bem construída, em termos de roteiro, ambientação e interpretações, o que mais explica o êxito de uma série que obriga os espectadores a estudarem e manterem uma atenção que lembra um vestibular de física?

Em primeiro lugar, uma nostalgia inegável pelo mistério do mundo, a intuição de que as coisas não são só aquilo que parecem a nossos olhos. Ao longo da história das civilizações, o ser humano continuamente criou e recriou mitos, fábulas e teorias para dar conta dessa sua percepção de que um “totalmente Outro” se esconde, fascinante, nos paradoxos e surpresas da realidade. É a percepção da existência de Deus, gravada por Ele em nosso coração, que se manifesta com maior ou menor clareza em diferentes ocasiões.

Por outro lado, a física quântica e a imaginação de ficcionistas e filósofos levaram a percepção da relatividade do mundo a um novo patamar. Ao longo do século XX, o relativismo consolidou-se proclamando que não existiriam fatos precisos, mas apenas “narrativas”, versões diferentes, dadas por autores diferentes, para os acontecimentos. Paralelamente, não haveria respostas certas ou ideias verdadeiras, pois cada versão comportaria sua própria verdade.

A nova relativização da realidade, que saiu dos meios teóricos e ganhou as ruas na virada do século XX para o XXI, é bem ilustrada pela teoria da dualidade entre matéria e energia: uma partícula pode ter simultaneamente os caráteres de corpo material e forma de energia. A relatividade é fruto de nossa incapacidade de ver toda a complexidade do universo, as várias possibilidades que coexistem ao mesmo tempo. Num certo sentido, a visão relativa das coisas ampliou-se, pois agora refere-se à própria realidade material e não só aos acontecimentos humanos; mas, em outro sentido, se reestabelece um absoluto, que é esse mundo multifacetado ao qual nossa sensibilidade cotidiana não tem acesso.

Voltando a Dark, a série se nutre justamente desse fascínio pelo mistério e por essa recém-descoberta complexidade do real. A isso se soma uma boa dose de suspense e até terror, ecoando nosso medo ancestral do desconhecido. E, nesse aspecto, a série – com temporadas lançadas em 2018, 2019 e 2020 – se encerra num momento emblemático para o mundo.

A pandemia lançou-nos em um mundo de incerteza. Um evento único, que pareceria insignificante, um vírus que se adaptava a um novo hospedeiro, mudou nosso futuro e nossa percepção da realidade. Nossas expectativas, nossos sonhos, nossos projetos, a casa nova, a viagem de férias, o trabalho e o casamento, a educação dos filhos e a aposentadoria, nada mais será o mesmo. Em tudo pisamos no terreno escorregadio da dúvida e da incerteza – justamente como acontece com os personagens da série alemã. Dark simboliza, simultaneamente, esse tempo fugaz de incerteza e nossa percepção, indelével e permanente, do mistério.

Compreender o quanto a realidade é relativa (absoluto é só Deus) e o quanto nossa vida é incerta, não são, em si, coisas ruins. O problema é se essa percepção da relatividade e da incerteza nos abre para uma busca, cheia de esperança e confiança, pela Verdade e pelo Amor; ou se nos mergulha no cinismo relativista, que nos acomoda em um mundo autocentrado, e no desespero diante da incerteza.

Obras de ficção podem ser convites para se aproximar de Deus ou distrações que não deixam ouvir o Seu chamado no real. O Senhor sempre nos “primereia”, isto é, toma a iniciativa, diz o Papa Francisco na Evangelii Gaudium (EG 24). Ocasiões tão insuspeitas, como uma série de TV ou uma epidemia, podem ser ocasiões onde essa iniciativa de Deus se manifesta. Cabe a nós ficarmos atentos, para não deixar de ouvir Sua voz.

Aleteia

Como os Manuscritos do Mar Morto têm ajudado no estudo do texto do Antigo Testamento?

 Bíblia - Tradição - Magistério

  • Autor: pe. Joseph A. Fitzmyer (sj)
  • Fonte: Livro “101 Perguntas sobre os Manuscritos do Mar Morto” (Ed. Loyola)

Antes da descoberta dos manuscritos do Mar Morto, a mais antiga cópia hebraica de todo o Antigo Testamento era o assim chamado texto Ben Asher, encontrado no Códice B19A da Biblioteca Pública de Leningrado e datado de 1008 dC, que foi usado por P. Kahle na terceira edição da Bíblia Hebraica de Kittel, de 1937, e muitas vezes reimpresso. Já que os documentos bíblicos de Qumran oferecem uma forma do Antigo Testamento hebraico pelo menos mil anos mais antiga que aquele códice, seu testemunho do texto do Antigo Testamento é precioso. Aqui temos de incluir também os textos bíblicos recuperados no Wadi Murabba’at, Nahal Hever e Massada. Todos juntos, esses documentos datam de meados do século III a.C. ao início do século II d.C., e revelam como os textos do Antigo Testamento eram copiados na Palestina daquela época. Quanto aos textos bíblicos copiados especificamente em Qumran, sua datação estaria aproximadamente entre 150 a.C. e 68 d.C., datas que são confirmadas pela cerâmica e outros artefatos encontrados nas grutas relacionadas com o Khirbet Qumran. O terminus ad quem para os textos de Massada seria 74 d.C.; para Nahal Hever e Murabba’at, 132-35 d.C. (a revolta de Bar Kokhba).

Por um lado, esses textos bíblicos muitas vezes simplesmente confirmaram as leituras do Texto Massorético medieval, o texto hebraico comumente usado para as modernas edições críticas do Antigo Testamento. Há, é claro, muitas diferenças de soletração. A scriptio plena, “escrita plena” (ou seja, com um uso abundante de consoantes como letras vogais), supera a scriptio defectiva, “escrita defectiva”, especialmente nos manuscritos de Qumran, mas isso realmente é irrelevante. Por outro lado, os textos bíblicos de Qumran apresentaram formas de alguns livros do Antigo Testamento que diferem do Texto Massorético. Em tais casos, podem concordar com as diferenças encontradas no Pentateuco samaritano ou no Antigo Testamento grego, a Septuaginta. Isso é especialmente importante no último caso, já que os textos de Qumran revelam agora que a Septuaginta não era uma tradução descuidada do hebraico, nem uma alteração deliberada deste, como alguns pensavam antigamente, mas, na verdade, uma tradução cuidadosa de uma forma ou recensão hebraica diferente de alguns livros. Isso é particularmente importante para o livro de Jeremias, que em sua forma na Septuaginta é quase um oitavo mais curto que no Texto Massorético; e uma forma curta hebraica relacionada à Septuaginta é atestada agora em 4QJerb. Uma forma do texto hebraico de 1-2 Samuel relacionada à Septuaginta também foi encontrada em 4QSama e 4QSamb.

A maioria dos textos bíblicos de Qumran foi copiada nas escritas dos habituais caracteres quadrados, às vezes chamados “escrita assíria” ou “escrita aramaica”, mas as Grutas 1, 2, 4, 6 e 11 revelaram textos do Antigo Testamento copiados na escrita paleo-hebraica, uma escrita que imitava a antiga escrita fenícia. A maioria estava copiada em pele, mas foram encontrados papiros com textos bíblicos nas Grutas 1, 4, 6 e 9 (se 9Q1 de fato for um fragmento de texto bíblico). Em um caso (4QNumb) alguns versículos foram escritos com tinta vermelha (20,22-23; 22,21,23,13; 23,27, 31, 25, 28,48; 32,25; 33,1); o significado disso ainda não foi determinado.

Os críticos textuais debatem entre si sobre como melhor caracterizar as diferentes tradições textuais representadas pelos documentos bíblicos de Qumran. Os especialistas norte-americanos W. F. Albright e F. M. Cross distinguiram textos locais: o tipo de texto protomassorético derivado de Babilônia, o tipo Septuaginta derivado do Egito, e o tipo proto-samaritano derivado da Palestina, mas o especialista israelense S. Talmon rejeita as designações geográficas e relaciona os tipos a contextos religioso-sociológicos diferentes. Outros ainda, Como o israelense E. Tov, preferem não falar de tipos de texto ou recensões, mas apenas de textos independentes não aparentados.

De qualquer modo, os mais importantes textos do Antigo Testamento de Qumran são as cópias de Isaías da Gruta 1, e as da Gruta 4 dos seguintes livros: Êxodo, Samuel, Jeremias e Daniel. Esses textos da Gruta 4 são os livros que manifestam as variantes textuais mais notáveis e importantes.

Veritatis Splendor

7 dados curiosos sobre São Lourenço, martirizado em uma grelha no século III

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 10 ago. 20 / 07:00 am (ACI).- Neste dia 10 de agosto, celebra-se São Lourenço, um dos 7 diáconos de Roma do Papa Sisto II e, certamente, uma dos mais famosos da antiguidade.

A seguir, alguns dados curiosos da vida deste importante santo:

1. É padroeiro dos cozinheiros

São Lourenço de Roma é o santo padroeiro dos cozinheiros. O santo foi condenado a morrer queimado em uma fogueira, especificamente em uma grelha de ferro.

Segundo a tradição, despois de estar queimando um tempo na grelha, disse ao juiz: “Vira-me, que já estou bem assado deste lado”. O carrasco mandou que o virassem e assim se queimou por completo.

2. Uma Basílica de Roma é dedicada a ele

A Basílica de São Lourenço Extramuros, onde se encontra o túmulo do santo, é uma das cinco basílicas patriarcais ou papais. No interior do templo está uma pedra de mármore onde, segundo a tradição, foi colocado o corpo de São Lourenço imediatamente depois de seu martírio, ficando impressa parte de sua silhueta.

Todos os anos é realizada uma peregrinação no bairro de São Lourenço precedida por uma Santa Missa. A romaria é acompanhada por uma relíquia do santo levada em uma pequena custódia.

3. Em Roma é o santo mais importante, depois de Pedro e Paulo

Com uma tranquilidade que ninguém imaginaria, durante seu martírio, rezou pela conversão de Roma e a difusão da religião de Cristo em todo o mundo, até o seu último suspiro.

O professo de teologia sistemática, Dom Francesco Moraglia, explica em um artigo que “a cidade, que lhe atribuía a vitória sobre o paganismo, o elegeu como seu terceiro padroeiro e celebra sua festa desde o século IV, como segunda festa em grau de importância depois da dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo”.

Do mesmo modo, foram erguidas em sua honra “34 igrejas e capelas, sinal tangível de gratidão àquele que, fiel ao seu ministério, tinha sido entre eles um verdadeiro ministro e servidor da caridade”.

4. Seu martírio foi prenunciado pelo Papa São Sisto II

São Lourenço era um dos diáconos que ajudava o Papa Sisto II, o qual foi assassinado pela polícia do imperador enquanto celebrava Missa em um cemitério de Roma. A antiga tradição diz que, quando Lourenço viu que iam matar o Sumo Pontífice, este lhe disse:

“A nós, porque somos velhos, nos foi designado o percurso de um caminho mais fácil; a ti, porque és jovem, corresponde um triunfo mais glorioso sobre o tirano. Logo virá, deixe de chorar: dentro de três dias me seguirás. Entre um bispo e um levita, é conveniente que exista este intervalo” (Santo Ambrósio, De Officiis, n. 206).

5. O Papa São Leão Magno lhe dedicou uma bela homilia

No século V, o Doutor da Igreja e Papa São Leão Magno disse sobre São Lourenço que “as chamas não puderam vencer a caridade de Cristo; e o fogo que o queimava fora era mais débil do que aquele que ardia dentro dele”.

Acrescentou: “O Senhor quis exaltar a tal ponto o seu glorioso nome em todo o mundo que do Oriente ao Ocidente, no esplendor vivíssimo da luz que irradiou dos maiores diáconos, a mesma glória concedida a Jerusalém por Estêvão também foi dada a Roma por mérito de Lourenço” (Homilia 85, 4: PL 54, 486).

6. Um fenômeno astronômico leva o seu nome

“Lágrimas de São Lourenço” é o nome popular com o qual se conhece uma chuva de meteoros (as Perseidas) visíveis todos os anos por volta dos dias 11 e 12 ou 12 e 13 de agosto. O nome começou a ser usado em memória ao diácono martirizado muito tempo depois na Europa medieval.

7. Um time de futebol leva o seu nome

O nome do time de futebol favorito do Papa Francisco, o ‘Club Atlético San Lorenzo de Almagro’, é em honra ao diácono mártir, como foi o desejo do salesiano Pe. Lorenzo Massa, na fundação da equipe.

ACI Digital

 

S. LOURENÇO, DIÁCONO E MÁRTIR

S. Lourenço, Mariotto di Nardo
S. Lourenço, Mariotto di Nardo 
(Digital image courtesy of the Getty's Open Content Program)

O mártir dos últimos
O testemunho deste santo mártir, nascido na Espanha, na primeira metade do século III, destaca-se pela sua piedade e caridade. Após a sua eleição, o Papa Sisto II confiou-lhe a função de arquidiácono. Como responsável das atividades caritativas na diocese de Roma, Lourenço administrou os bens e as ofertas para prover às necessidades dos pobres, órfãos e viúvas.

Custódio dos “tesouros da Igreja”
Sua juventude foi abalada pelo drama da perseguição. No ano 258 d.C., foi emanado um decreto do imperador Valeriano, com o qual todos os bispos, presbíteros e diáconos deveriam ser condenados à morte.
Lourenço, alguns diáconos e o Papa Sisto II foram presos. O Pontífice foi assassinado no dia 6 de agosto. Em um primeiro momento, o imperador poupou a vida de Lourenço, ao qual pediu que lhe entregasse os “tesouros da Igreja”. Então, ele apresentou ao imperador os enfermos, os indigentes e os marginalizados, dizendo-lhe: “eis os tesouros da Igreja”. Quatro dias depois, no dia 10 de agosto, São Lourenço também foi martirizado.

Assado vivo em uma grelha
Segundo uma antiga “Paixão”, coletada por Santo Ambrósio, São Lourenço foi queimado em uma grelha.
Santo Ambrósio, em “De Officiis”, narra um encontro imaginário entre Lourenço e o Papa Sisto II, ao longo da via do martírio. No encontro, Lourenço diz: «Para aonde o senhor vai, pai, sem seu filho? Aonde vai com tanta pressa, santo bispo, sem o seu diácono? O senhor nunca ofereceu um sacrifício sem seu ministro. O que lhe desagradou de mim, pai? Talvez, o senhor acha que eu seja indigno? Procure ver se escolheu um ministro indigno para a distribuição do sangue do Senhor! Será que vai rejeitar aquele, que admitiu aos divinos mistérios, como seu companheiro na hora de derramar o sangue?»

Do martírio à glória
O martírio é uma prova suprema de amor.
Em uma homilia, São Leão Magno comenta assim o suplício de São Lourenço: “As chamas não devastaram a caridade de Cristo; o fogo que o queimava por fora era mais brando do que aquele que ardia por dentro”.
E acrescenta: “O Senhor quis exaltar o seu nome glorioso no mundo inteiro, do Oriente ao Ocidente, - sob o fulgor vivíssimo da luz irradiada pelos maiores diáconos, - a tal ponto que, a mesma glória que Estêvão levou a Jerusalém coube a Roma, pelos merecimentos de Lourenço”.

A Basílica de São Lourenço e a igreja em Panisperna
Após a sua morte, o corpo de São Lourenço foi deposto em uma sepultura na Via Tiburtina.
Naquele lugar, o imperador Constantino mandou construir uma basílica, restaurada no século XX, por causa dos danos, durante a Segunda Guerra Mundial, provocados pelos bombardeios americanos em Roma, em 19 de julho de 1943.
No lugar do seu martírio, foi construída uma igreja, dedicada a São Lourenço, em Panisperna. Segundo algumas fontes, este nome derivaria do costume, por parte dos Frades e Clarissas, de distribuir aos pobres, no dia 10 de agosto, “panis et perna”, ou seja, pão e presunto.

A poesia “X agosto”
O suplício de São Lourenço inspirou também obras de arte, provérbios populares e poesias.
Giovanni Pascoli escreve assim em sua poesia “X agosto”: “Eu sei porquê no dia de São Lourenço caem e brilham tantas estrelas no espaço sideral. Porque um pranto tão grande assim ilumina o côncavo do céu” ...

Vatican News

domingo, 9 de agosto de 2020

O que acontece quando o homem se torna pai?

O que acontece quando o homem se torna pai?

Paternidade ativa: você não se torna um pai somente quando seu filho nasce. A paternidade se desenvolve ao longo da vida de um homem.

Henri admite: ele soltou uma lágrima na frente do ultra-som que permitiu adivinhar a silhueta do seu menino. Desavergonhado, mas simplesmente humilde diante do grande mistério da vida, consciente de sua responsabilidade como pai a ponto de se torná-lo.

“Eu me preparei para ser pai no momento do casamento. Mas era mais um conceito, antes de minha esposa engravidar. O tempo de espera não representa para o homem todo o transtorno vivido pela mulher. Você apenas projeta a imagem que tem da criança que virá e do pai que gostaria de ser”.

O sentimento difuso de paternidade toma corpo no dia do nascimento, “diante da imensidão do encontro”. Mas ainda está tudo por fazer.

Para a mulher, a passagem é biológica, para o homem, é inevitavelmente mais complexa”, explica o Padre Denis Metzinger. “Ele tem que fazer uma dupla passagem: de homem para marido, depois de marido para pai.”

A descoberta da paternidade

Se a gravidez de uma mulher é suficiente para despertar esta paternidade “natural” em um homem, “descobrir-se como pai é a história de uma vida”, diz o Padre Alexis Leproux. Desde a infância e a adolescência, os meninos podem se imaginar como pais.

“E a idade adulta leva, através das responsabilidades assumidas e dos serviços realizados, ao desenvolvimento deste sentimento: sou capaz de servir à vida e protegê-la. E para transmiti-la”.

Quando a criança nasce, muitos pais jovens descobrem esta relação muito especial, que não só inclui questões de autoridade, valores, transmissão, mas acima de tudo um amor pleno.

“Estarei disposto a dar minha vida instantaneamente por cada um dos meus filhos, diz Jean-François, pai de seis filhos. Coloco este amor no centro da comunicação com meus filhos, ele ilumina tudo, suaviza tudo.”

Desde o início da relação, o jovem pai já é capaz de sentir, às vezes mais agudamente do que a mãe, que seu filho é um “outro”.

Alain, que tem três filhos, lembra-se da emoção inesperada que sentiu quando declarou seu primogênito na prefeitura: “Aqui está Mathilde, filha de…, neta de… O que era uma formalidade me fez perceber que minha filha não me pertencia, mas que ela fazia parte de nossa linhagem”.

Assim, para o Padre Alexis Leproux, “o amor paterno tem a especificidade de associar de forma muito atada o sentimento de intimidade e alteridade. Ser pai é reconhecer que seu filho ou filha é verdadeiramente diferente de você, é reconhecer ao mesmo tempo que este ser permanece irrevogavelmente ligado a você.

A paternidade é alimentada durante toda a vida de um homem

Profundamente enraizado neste amor especial, a paternidade não é automática. Ela se desenvolve ao longo da vida de um homem. Na verdade, é muito mais uma missão e um dom do que um sentimento, demasiado efêmero.

“Recebemos esta paternidade do caminho de nossa vida, conduzida pela Providência, que nos associa à obra criativa e redentora de Deus. É apropriado cultivar este dom que, se ele tem certas características espontâneas, também requer um longo aprendizado”, diz o Padre Alexis Leproux.

Para o Padre Denis Metzinger, “os pais precisam redescobrir um senso de gratuidade, humildade e paciência a fim de cumprir esta vocação”. E é no casal que o dom da paternidade – como o da maternidade – é cultivado.

O Padre Alexis Leproux afirma sem rodeios: “O principal processo de aprendizado do pai consiste em basear sua relação paterna no pacto conjugal. A segunda é renunciar a qualquer projeção ou expectativa de reciprocidade”.

A fim de fazer crescer esta paternidade sob o olhar de Deus, muitos pais participam nas peregrinações.

“Ao ouvir Cristo, ao olhar para ele, o pai da família descobre o Pai, ele vê o Pai. Isto esclarece nossa maneira de estar na presença de nossos filhos. Abençoado é o homem cujo pai é um adorador do Pai, de quem toda paternidade tira seu nome”, assegura o Padre Alexis Leproux.

O pai se encontra no olhar de sua esposa  

Para o Padre Alexis Leproux, “a porta mais bela da paternidade é o coração da esposa, que coloca a criança nos braços de seu pai. Ela o encoraja a falar, brincar e rezar com ele. Esta porta pode ser aberta de mil maneiras durante toda a infância”. A partir do intercâmbio entre mãe, pai e filho, a família cresce.

Fora do círculo familiar, o significado da paternidade tem uma dimensão universal. Sacerdotes, pessoas solteiras, professores, educadores… recebem “este dom que Deus dá ao homem para contribuir, por sua palavra e por sua ação, para despertar as pessoas para o que realmente são”.

O nascimento de uma criança é o evento por excelência da paternidade, mas o despertar das consciências e a educação para a liberdade são lugares muito profundos onde todo homem é chamado a vivê-lo”. 

Ariane Lecointre-Cloix

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF