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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A Igreja proibiu a leitura da Bíblia?

 A Igreja proibiu a leitura da Bíblia?
  • Autor: d. Estevão Bettencourt
  • Fonte: Lista “Tradição Católica”

Diz-se por vezes que a Igreja Católica teria proibido aos fiéis a leitura da Bíblia. A afirmação, porém, costuma ser vaga ou destituída de documentos de modo que não se sabe até que ponto possa ser verídica. Eis por que se impõe o estudo deste assunto:

1. Até o século XVI

Por toda a Antigüidade o Livro Sagrado era recomendado à leitura dos cristãos. São Jerônimo (+420) é um dos mestres que melhor representam esta atitude pastoral, escrevendo a Eustóquio, filha de Santa Paula:

  • “Lê com freqüência e aprende o melhor que possas. Que o sono te encontre com o livro nas mãos e que a página sagrada acolha o teu rosto vencido pelo sono” (PL 22,404).

Na Idade Média apareceram correntes dualistas e heréticas que se valiam da Bíblia para apoiar suas concepções errôneas. Tal foi, por exemplo, o caso dos cátaros, avessos à matéria como se esta fosse, por si mesma, má. Em conseqüência, o Concílio de Tolosa (França) em 1229 proibiu o uso de traduções vernáculas da Bíblia. Esta disposição foi retirada pelo Concílio de Tarragona (Espanha) em 1233. A mesma proibição aparece num decreto do rei Jaime I da Espanha em 1235: “Ninguém possua em vernáculo os livros do Antigo e do Novo Testamento”.

No século anterior, os Valdenses (de Pedro Valdo, Pierre de Vaux) apoiavam-se na Bíblia traduzida para o provençal a fim de negar o purgatório, o culto dos Santos, o serviço militar, o juramento…; só admitiam os sacramentos do Batismo, da Penitência e da Eucaristia.

No século XIV, John Wichef (1320-84) em Oxford estabeleceu como única norma de fé a Escritura traduzida para o inglês; interpretando subjetivamente a Bíblia, negava a autoridade do Papa, a confissão auricular, a transubstanciação eucarística, o culto dos Santos…; provocava assim grande agitação entre os fiéis. Por isso o Sínodo de Oxford (1408) proibiu a publicação e a leitura de textos vernáculos da Bíblia não autorizados. O mesmo se deu no Sínodo dos Bispos alemães em Mogúncia (1485).

2. Do século XVI ao século XIX

As novas idéias que surgiram no decorrer da Idade Média, chegaram ao seu auge na Reforma protestante no século XVI. Esta proclamou a Bíblia como única autoridade decisiva em matéria de fé e de costumes; cada crente é livre para interpretá-la segundo “o livre exame” ou a sua intuição subjetiva. Tais princípios haviam de esfacelar o Cristianismo; logo três reformadores (Lutero, Zvínglio e Calvino) fundaram três novas modalidades de Cristianismo no século XVI; por sua vez, as comunidades reformadas foram reformadas e reformadas sucessivamente, derivando-se deste processo centenas de denominações protestantes independentes umas das outras, porque dependentes da inspiração subjetiva do respectivo fundador. Ademais os princípios da Reforma protestante fazem violência à própria Escritura, porque a desligam da Tradição oral, que lhe é anterior e sem a qual a Bíblia não pode ser devidamente entendida; conforme II Tessalonisense 2,5s.15; II Tessalonisense 3,6…

Eis por que o Concílio de Trento (1543-65) tomou medidas que preservassem os fiéis católicos dos males acarretados pelas proposições dos reformadores; assim:

  • Declarou autêntica (isenta de erros teológicos) a Vulgata latina, tradução devida a São Jerônimo (+420) e muito difundida entre os cristãos. Assim se dissiparia a confusão existente entre clérigos e leigos, que, em meio a múltiplas traduções, já não sabiam encontrar a pura mensagem bíblica. O Concílio não quis afirmar que a tradução da Vulgata é lingüisticamente perfeita, mas tomou uma providência necessária no século XVI;
  • Rejeitou o princípio do livre exame da Bíblia. Esta só pode ser entendida se iluminada por instâncias objetivas, especialmente pela Tradição, que o magistério da Igreja formula com a assistência do Espírito Santo;
  • Proibiu edições da Bíblia sem o nome do autor responsável pela edição. Proibiu também a difusão do texto bíblico sem a autorização do Bispo diocesano;
  • Estimulou o reflorescimento dos estudos bíblicos nos colégios, conventos e mosteiros.

O Concílio de Trento definiu mais uma vez o Cânon Bíblico incluindo o deuterocanônicos (Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, I e II Macabeus), como já o tinham feito os Concílios do século IV. A prova de que o Concílio nada inovou é que o próprio Lutero traduziu os deuterocanônicos para o alemão; com efeito, na sua edição da Bíblia datada de 1534 encontra-se o texto dos sete deuterocanônicos, assim como os fragmentos de Ester 10,4-16,24, de Daniel 3,24-90; 13,1-14,42 e ainda a “Oração de Manasses” (Oração que a Tradição cristã não incluiu no seu cânon). A persistência desses livros nas edições protestantes bem mostra que não foi o Concílio de Trento que os introduziu no catálogo bíblico, mas Lutero e a Tradição protestante os receberam na Tradição cristã medieval e antiga ou mesmo dos judeus de Alexandria. Foi somente no século XIX que as Sociedades Bíblicas protestantes deixaram de incluir nos seus exemplares da Bíblia os livros deuterocanônicos.

A Sociedade Bíblica de Londres, combatida na Inglaterra por estar publicando os livros deuterocanônicos, insistiu em seu procedimento e, para assegurá-lo, fundou a “Sociedade Bíblica Francesa e Estrangeira”, que continuou a editar os sete livros impugnados pelos protestantes, mas que finalmente cedeu às pressões contrárias.

No tocante às traduções da Bíblia, o Papa Paulo V em 1564 aprovou as seguintes normas:

  • Regra III: “… (o uso) das traduções dos livros do Antigo Testamento poderá ser concedido, a juízo do Bispo, unicamente a homens doutos e piedosos sob a condição de que tais traduções sejam usadas apenas para esclarecer a Vulgata e melhor entender a Sagrada Escritura… O uso das traduções do Novo Testamento realizadas por autores da primeira classe (trata-se de autores mencionados nominalmente em outro documento) a ninguém será concedido, porque sua leitura costuma acarretar para a leitores pouca utilidade e grande perigo”.
  • Regra IV: “Tendo-se evidenciado pela experiência que, se se permite a leitura da Sagrada Escritura em língua vernácula de maneira ordinária e indiscriminada, costuma originar-se, em virtude de temeridade dos homens, mais detrimento do que utilidade; é necessário neste particular seguir o juízo do Bispo ou do Inquisidor, a fim de que, ouvido o pároco ou confessor, se conceda a leitura da Bíblia em língua vernácula àqueles que se possa prever retirarão de tal leitura aumento de fé e de piedade sem prejuízo algum espiritual” (D. S. Enquirídio 1853s).

Estas disposições hão de ser entendidas dentro das circunstâncias históricas em que foram promulgadas; visavam à preservação da fé ameaçada pelo uso capcioso da Bíblia no século XVI. Tiveram por conseqüência a pouca difusão do texto sagrado entre os católicos e a falta de contato da piedade posterior com as suas fontes bíblicas; tornaram-se, por isto, ponto nevrálgico na disciplina da Igreja, de tal modo que os jansenistas dos século XVII/XVIII as impugnaram.

No século XIX multiplicaram-se as Sociedades Bíblicas protestantes, cuja finalidade era difundir a Bíblia em traduções vernáculas. Compreende-se que, na base dos princípios adotados no século XVI, a Igreja se opusesse a tais iniciativas, consideradas como perigosas para a reta fé.

A primeira advertência deu-se em 1816. Ao arcebispo católico que recomendava aos seus fiéis a Sociedade Bíblica fundada em São Peterburgo na Rússia, escrevia o Papa Pio VII:

  • “A Igreja Romana, segundo as prescrições do Concílio de Trento, reconhece a edição Vulgata da Bíblia e rejeita traduções feitas para outros idiomas, se não estiverem acompanhados de notas provenientes dos escritos dos Padres e dos doutores católicos, a fim de que tão grande tesouro não seja exposto às corruptelas das novidades… Se não poucas vezes lamentamos que tenham falhado na interpretação das Escrituras homens piedosos e sábios, como não deveremos recear grandes riscos se entregarem as Escrituras traduzidas em vernáculo ao povo ignorante, que, na maioria dos casos, carece de discernimento e julga com temeridade?” (D. S. Enquirídio 2710s).

Em 1844 o Papa Gregório XVI escrevia:

  • “Não ignorais quanta diligência e sabedoria são necessárias para se traduzir fielmente a Palavra de Deus; em conseqüência, nada há de mais fácil do que nas traduções vernáculas, multiplicadas pelas Sociedades Bíblicas, se introduzirem erros gravíssimos, seja por imprudência, seja por fraude de tantos tradutores; tais erros, aliás, permanecem ocultos, para a perdição de muitos, dada a multidão e a variedade de tais Sociedades. Às Sociedades Bíblicas pouco ou nada interessa o fato de que os homens que lêem a Bíblia em vernáculo, caiam em um ou outro erro; mais lhes importa que acostumem aos poucos a exercer o livre exame a respeito do sentido das Escrituras e a menosprezar as tradições divinas contidas na doutrina dos Padres e guardadas na Igreja católica, repudiando assim o próprio magistério da Igreja” (D. S. Enquirídio nº 2771).

Declaração semelhante foi proferida pelo Papa Pio IX em 1846. Tal posição da Igreja manteve-se até o começo do século XX. Era motivada por circunstâncias contingentes e se revestia de caráter disciplinar, não dogmático. Era, pois, reformável desde que desaparecessem as razões que inspiraram as apreensões decorrentes da difusão do texto sagrado em língua vernácula. Ora, realmente no século XX foi-se alterando o contexto histórico. O Papa São Pio X (1903-14) deu início a uma renovação da piedade da Igreja, que fora profundamente marcada pela réplica ao protestantismo, ao jansenismo e a heresias dos últimos séculos; a atitude defensiva ou preservadora não podia deixar de empobrecer a piedade católica; fora necessária, mas não se podia manter por muito tempo; nem havia no século XX razões para mantê-la. A volta às fontes, que deve sua inspiração remota a São Pio X, compreenderia a restauração do espírito litúrgico, o recurso freqüente à Santa Escritura e a renovação da catequese. Conscientes disto, entramos na história do século XX.

3. No século XX

Em 1920, o Papa Bento XV quis comemorar o 15º centenário da morte de São Jerônimo publicando a encíclica Spiritus Paraclitus, na qual escreveu:

  • “Pelo que Nos toca, Veneráveis Irmãos, à imitação de São Jerônimo jamais deixaremos de exortar todos os fiéis cristãos a que leiam todos os dias principalmente os Santos Evangelhos de Nosso Senhor, os Atos e as epístolas dos Apóstolos, tratando de convertê-los em seiva do seu espírito e em sangue de suas veias” (Enquirídio Bíblico nº 477).

Quanto às disposições para bem aproveitar a leitura bíblica, o Pontífice as resumia nestes termos:

  • “Todo aquele que se aproxima da Bíblia com espírito piedoso, fé firme, ânimo humilde e sincero desejo de aproveitar, nela encontrará e poderá degustar o pão que desce dos céus”.

A atitude de Bento XV representava algo de novo na Igreja posterior ao Concílio de Trento, mas estava na linha de conduta pastoral do Papa anterior, São Pio X. Pouco mais de dois decênios decorridos, o Papa Pio XII, na sua encíclica Divino Afflante Spiritu, recomendava por sua vez a difusão da Bíblia entre os fiéis:

  • “Os prelados favoreçam e prestem ajuda às piedosas associações cuja finalidade é difundir entre os fiéis os exemplares das Sagradas Letras, principalmente dos Evangelhos, e procurem que nas famílias cristãs se faça ordenada e santamente a leitura diária das mesmas; recomendem eficazmente a Santa Escritura traduzida para as línguas vernáculas com a aprovação da Igreja”

A orientação dos Pontífices foi assumida pelo Concílio do Vaticano II (1962-65), especialmente em sua Constituição Dei Verbum, c.6, que trata da Sagrada Escritura na vida da Igreja: um forte estímulo aí é dado à frequentação cotidiana da Escritura por parte dos fiéis, como também à difusão do texto sagrado em línguas vernáculas:

  • “Este Sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os Religiosos, a que aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo (Filipenses 3,8) mediante a leitura freqüente das Divinas Escrituras, porque a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo. Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da Sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando…, com a aprovação e o estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada da oração, para que seja possível o colóquio entre Deus e o homem; com Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos. Compete aos sagrados pastores, depositários da doutrina apostólica, instruir oportunamente os fiéis que lhes foram confiados, no reto uso dos livros divinos, de modo particular do Novo Testamento, e sobretudo nos Evangelhos. E isto por meio de traduções dos textos sagrados, que devem ser acompanhados de notas necessárias e verdadeiramente suficientes para que os filhos da Igreja se familiarizem de modo seguro e útil com a Sagrada Escritura e se embebam do seu Espírito” (nº 25).

Com se vê, não poderia ser mais favorável ao uso da Sagrada Escritura a atitude da Igreja contemporânea. As palavras de São Jerônimo (+420) tornaram-se norma da autoridade eclesiástica. As restrições foram impostas não ao texto latino, mas às traduções vernáculas, em virtude de fatores contingentes; a Igreja, como Mãe e Mestra, sente o dever de zelar pela conservação incólume da fé a Ela entregue por Cristo e ameaçada pelas interpretações pessoais de inovadores da pregação; eis por que lhe pareceu oportuno reservar o uso da Bíblia a pessoas de sólida formação cristã nos séculos em que as heresias pretendiam apoiar no texto sagrado as suas proposições perturbadoras. É, pois, para desejar que os estudiosos entendam os porquês da atitude da Igreja no século XVI-XIX e hoje se sintam convidados a difundir a Sagrada Escritura em comunhão com a Igreja e a Santa Tradição.

Fonte: Veritatis Splendor

5 dados curiosos sobre a vida de São Maximiliano Kolbe, mártir do século XX

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 14 ago. 20 / 06:00 am (ACI).- Neste dia 14 de agosto, é celebrado São Maximiliano Maria Kolbe, sacerdote membro da ordem dos frades menores conventuais, que morreu mártir nos campos de concentração nazistas, ao oferecer a sua vida em troca pela de um pai de família condenado à morte.

A seguir, alguns dados curiosos da vida deste santo do século XX.

1. A Virgem Maria apareceu a ele quando era criança

Ainda criança, realizou uma travessura que sua mãe reprovou. Tempos depois, a mãe viu que Kolbe tinha mudado de atitude e que, frequentemente, rezava chorando diante de um pequeno altar.

O menino lhe disse: “Quando a senhora me perguntou, mamãe, o que iria ser de mim, rezei muito a Nossa Senhora para Ela me dizer o que seria de mim. Em seguida, indo à igreja, rezei novamente. Então Ela me apareceu, tendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha”.

“A branca significava que perseveraria na prática da pureza; a vermelha, que eu seria mártir. Respondi que as queria. Então a Virgem me olhou docemente e desapareceu”.

2. Foi condenado a morrer de fome em uma cela e sobreviveu

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi preso e enviado aos campos de concentração. No tempo em que esteve ali, condenaram a morrer de fome em uma cela 10 prisioneiros que tentaram escapar.

São Maximiliano trocou sua vida pela do sargento polonês Franciszek Gajowniczek, que tinha explicado: “Meu Deus, eu tenho esposa e filhos”.

Nessa cela, o sacerdote seguiu incentivando seus companheiros na fé, com orações e cantos. Após duas semanas, somente São Maximiliano continuava vivo. Necessitando da cela para outros réus, os nazistas decidiram acabar com sua vida injetando-lhe ácido carbônico na veia.

3. Foi muito devoto à Imaculada Conceição

Maximiliano sempre foi muito devoto à Imaculada Conceição. Em 1917, fundou um movimento chamado “A Milícia da Imaculada”, o qual se consagrou à Virgem para lutar com todos os meios pela construção do Reino de Deus em todo o mundo.

Também iniciou a publicação de uma revista mensal chamada “Cavaleiros da Imaculada”, orientada a promover o conhecimento, o amor e o serviço à Virgem Maria.

4. Papa Francisco visitou seu túmulo

Durante sua visita ao campo de concentração nazista de Auschwitz, no marco de sua viagem apostólica à Polônia pela Jornada Mundial da Juventude Cracóvia 2016, o Papa Francisco conheceu a “cela da fome”, onde São Maximiliano foi preso até o dia de sua morte, em 14 de agosto de 1941.

No recinto escuro, em cujas paredes há uma placa de recordação e estão gravadas as vítimas com três velas ao centro, o Santo Padre se sentou e rezou sozinho e em silêncio por cerca de seis minutos.

5. Na Polônia existem os frades bombeiros de São Maximiliano

Em 1927, o santo fundou a “Cidade da Imaculada” no convento franciscano de Niepokalanów, há 40 quilômetros de Varsóvia.

Há mais de 80 anos, aquele lugar conta com um Corpo de Bombeiros Frades de São Maximiliano Maria Kolbe.

Em 1928, Kolbe reuniu e disse aos frades: “Recebemos isso das pessoas, não é nosso, por isso, temos que nos assegurarmos de que não se destrua”. Logo colocaram mãos à obra e organizaram uma guarda contra incêndios.

ACI Digital 

S. MAXIMILIANO M. KOLBE, PRESBÍTERO DA ORDEM DOS FRADES MENORES CONVENTUAIS E MÁRTIR

S. Maximiliano M. Kolbe, 1936
S. Maximiliano M. Kolbe, 1936

Os primeiros anos de vida

Maximiliano Kolbe nasceu em 7 de janeiro de 1894, em Zduńska-Wola, na região polonesa controlada pela Rússia. Seu pai, tecelão, e sua mãe, parteira, eram cristãos fervorosos: no Batismo, escolheram para ele o nome de Raimundo.
Frequentou a escola dos franciscanos em Leópolis. Em 1910, entrou para a Ordem dos Frades Menores Conventuais, onde recebeu o nome de Maximiliano; sendo enviado primeiro a Cracóvia e, depois, para Roma, onde permaneceu seis anos, estudou Filosofia, na Pontifícia Universidade Gregoriana, e Teologia no Colégio Seráfico. Foi ordenado sacerdote em 28 de abril de 1918.

A Milícia da Imaculada

Em Roma, enquanto jogava bola em um campo ao aberto, Maximiliano começou a cuspir sangue: era tuberculose, uma doença que o acompanhou pelo resto da sua vida.
Com a autorização dos Superiores, fundou a "Milícia da Imaculada", uma Associação religiosa, cujo objetivo era a conversão de todos os homens, por meio de Maria.
Ao regressar a Cracóvia, na Polônia, não obstante tenha se formado com notas altas, não pôde lecionar o pregar, por causa do seu estado de saúde, pois não podia falar muito. Ainda com a permissão dos Superiores, dedicou-se à promoção da "Milícia da Imaculada", contando com numerosas adesões entre professores e estudantes da Universidade, profissionais e camponeses, e até com religiosos da sua própria Ordem.

Sucesso da revista "O Cavaleiro da Imaculada"

Durante o Natal de 1921, Padre Maximiliano Kolbe fundou, em Cracóvia, uma revista de poucas páginas intitulada "O Cavaleiro da Imaculada", para difundir o espírito da "Milícia".
Tendo-se transferido para Grodno, a 600 quilômetros de Cracóvia, criou uma pequena tipografia para imprimir a revista, com máquinas antigas. Com esta iniciativa conseguiu atrair muitos jovens, desejosos de compartilhar do estilo de vida franciscano inspirado em Maria. A revista propagou-se cada vez mais.
Em Varsóvia, graças à doação de um terreno pelo Conde Lubecki, Maximiliano fundou "Niepokalanów", "Cidade de Maria". O centro desenvolveu-se rapidamente: das primeiras cabanas, passou-se a construções verdadeiras; a antiga impressora foi substituída por novas técnicas de redação e imprensa.
Em pouco tempo, "O Cavaleiro da Imaculada" atingiu rapidamente uma tiragem de milhões de cópias, enquanto eram criados outros sete periódicos.

A “Cidade de Maria” na Polônia e no Japão

Com o ardente desejo de expandir seu Movimento mariano para além das fronteiras da Polônia, Maximiliano Kolbe partiu para o Japão, onde fundou a "Cidade de Maria" em Nagasaki. Ali, após a explosão da primeira bomba atômica, os órfãos de Nagasaki encontraram abrigo.
Padre Maximiliano colaborou com judeus, protestantes e budistas, certo de que Deus lança a semente da verdade em todas as religiões.
Enfim, abriu ainda uma Casa em Ernakulam, no litoral oeste da Índia.
Para se tratar da tuberculose, voltou para a sua “Niepokalanów”, na Polônia.

Niepokalanów, abrigo para refugiados e judeus

Após a invasão da Polônia, em 1° de setembro de 1939, os nazistas mandaram destruir a Niepokalanów. Os religiosos foram obrigados a deixar o centro. A eles o Padre Kolbe recomendou apenas uma coisa: "Não se esqueçam do amor".
Ali permaneceram cerca de quarenta Frades, que transformaram a “Cidade de Maria” em lugar de acolhida para feridos, doentes e refugiados.
Em 19 de setembro de 1939, os alemães prenderam o Padre Maximiliano Kolbe e os outros frades e os levaram para o Campo de Extermínio, de onde foram, inesperadamente, libertados no dia 8 de dezembro. Assim, retornaram para a Niepokalanów e retomaram sua atividade de assistência de cerca de 3500 refugiados, dos quais 1500 judeus.
No entanto, depois de alguns meses, os refugiados foram expulsos ou presos. Por sua vez, o Padre Kolbe, ao recusar a naturalização alemã, para se salvar, foi preso em 17 de fevereiro de 1941, junto com quatro frades. Ao ser maltratado pelos guardas da prisão, foi obrigado a usar um hábito civil, porque o saio franciscano "perturbava" os nazistas.
Em 28 de maio, Padre Kolbe foi deportado para o Campo de extermínio de Auschwitz. Com o número 16670, foi colocado junto com os judeus, por ser sacerdote, onde foi obrigado a trabalhos forçados, como o transporte de cadáveres para os fornos crematórios.

Vida e testemunho em Auschwitz

Sua dignidade de sacerdote encorajava os outros prisioneiros. Uma testemunha recorda: "Kolbe era um príncipe para nós".
No final de julho, o Padre foi transferido para o Bloco 14, onde os prisioneiros trabalhavam na lavoura. Mas, um deles conseguiu fugir escapar. Por isso, os nazistas pegaram dez prisioneiros para morrer no “lager”. Padre Kolbe ofereceu-se para morrer no lugar de um dos "escolhidos", pai de família e companheiro de prisão. O desespero dos condenados transformou-se em oração comum, guiada pelo sacerdote.
Após 14 dias, apenas quatro ficaram vivos, inclusive o Padre Maximiliano. Então, os guardas decidiram abreviar sua agonia com uma injeção letal de ácido fênico. Padre Maximiliano Kolbe estendeu seu braço, recitando a "Ave Maria"! Estas foram suas últimas palavras. Era o dia 14 de agosto de 1941.

Veritatis Splendor


 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Eu e minha casa serviremos ao Senhor

Os exemplos da Sagrada Família para sermos famílias sagradas ...
Canção Nova

Nos últimos séculos, assistimos a várias investidas nefastas contra a instituição da família, que foi e continua sendo o alvo de inúmeras ameaças e agressões. Neste terceiro milênio da era cristã, para fazer contraponto a tantos sinais de morte que tentam sepultar a família, faz-se cada vez mais necessário que todos os membros da família, em conjunto, saibam demonstrar a beleza da convivência familiar, apresentando sempre a sã doutrina do plano de Deus sobre a família. Em conjunto, os membros da família podem e devem salmodiar: “O Senhor fez grandes milagres por nós e, por isso, estamos tão felizes!” (Sal 125,3).

Como bem sabemos, “o futuro da humanidade passa pela família. É, pois, indispensável e urgente que cada homem de boa vontade se empenhe em salvar e promover os valores e as exigências da família”. (Papa João Paulo II, “Exortação Apostólica Familiaris Consortio, nº 86”). Sem a família, o horizonte será sempre sombrio, mas, por outro lado, com a força da família, edificaremos escolas de virtudes, onde fidelidade, auxílio mútuo, acolhimento, perdão e abertura para os outros serão mais do que simples palavras: serão, sim, regras de convivência diária.

É vital que assumamos, definitivamente, o compromisso de todos nós, cristãos, na árdua defesa dos valores que aprendemos inicialmente na família, a Igreja doméstica. Cada um de nós deve estar sempre pronto para semear o bem e atento para repudiar a fumaça negra que invade sem estrondo o ambiente familiar. Marido e esposa, com constância, devem bradar: “Melhor é ser dois do que ser um, porque se um cair o outro levanta o seu companheiro!” (Ecl 4,9-10). A manifestação do amor entre os irmãos e a acolhida aos idosos é a melhor maneira de se dizer: somos unidos e felizes “para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que o Senhor fez isso!” (Is 41,20). Somente quem participa de um lar é capaz de entender que a beleza e a união do ambiente familiar são frutos de sublime mistério que não precisamos entender: basta apenas viver!

Cabe às famílias cristãs a missão de viver e transmitir a fé, com entusiasmo, às novas gerações e, por isso, a tarefa de educar na fé e na obtenção das virtudes não pode jamais ser restrita à escola – que hoje se limita a informar e não mais em formar – ou ao Estado. A fé deve ser dada e ensinada aos filhos desde o ventre materno. Desde tenra idade, os filhos devem aprender, com os pais e os irmãos mais velhos, orações de ontem e de hoje, a bênção dos alimentos e práticas constantes de desprendimento e de serviço oculto.

As pequenas tarefas do lar são belas ocasiões para ensinar aos filhos a adquirir responsabilidade e senso de equipe, visão de comunidade. A fraternidade, o companheirismo e a caridade que estão presentes em nossos lares tendem a um extravasamento, pois a sociedade carece do anúncio do evangelho da família. Assim sendo, “é preciso anunciar, com renovado entusiasmo, que o evangelho da família é um caminho de realização humana e espiritual, com a certeza de que o Senhor está sempre presente com a Sua graça”. (Discurso do Papa Bento XVI aos participantes do Encontro dos presidentes das Comissões Episcopais para a Família e a Vida na América Latina).

Para edificar a vivência da fé dos membros da família, é vital que, com inteligência e simplicidade, sejam respeitados tempos e espaços exclusivos para a convivência familiar. Esses momentos podem ser a oração do terço, a participação conjunta na Santa Missa, ou, até mesmo, um horário fixo para a refeição, com a presença de todos os membros da família. E quando um irmão ou algum parente vacilar na fé, será na força da família que ele encontrará o incentivo e a amizade necessários para poder recomeçar. No dia a dia da convivência familiar, a virtude da fé será sempre a unidade fundamental da estrutura da família.

A Igreja, o sinal visível do Cristo invisível, convida as famílias para servirem ao Senhor. Do mesmo modo, os pais devem convidar os filhos a servirem ao Senhor e, por isso, é sempre bom os membros da família professarem juntos: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor!”. (Js 24, 15). No contínuo serviço ao Senhor, os pais devem testemunhar que os filhos são a primavera da família e da sociedade. Devem testemunhar também que reconhecem na Igreja a instituição que os defende, que reza e age por eles, que não teme afirmar a verdade, tornando-se palavra para quem não tem voz, amparo e proteção de quem está abandonado ou discriminado.

Em família, nós aprendemos que o futuro da família e de cada membro do seio familiar depende de Deus e da Sua graça, mas é necessário agir como se tudo dependesse da nossa oração, fidelidade e solidariedade. No cotidiano do lar, temos que incrementar a consciência de que “a presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara. Se o amor anima esta autenticidade, o Senhor reina nela com a Sua alegria e a Sua paz. A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une o humano e o divino, porque está cheia do amor de Deus. Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino”. (Papa Francisco, Amoris Laetitia, nº 315).

Que a Virgem Santa Maria, Rainha das Famílias, interceda pela defesa e preservação da família! Que a Sagrada Família de Nazaré seja sempre nosso maior modelo na construção de um lar cristão! Solidificadas na graça de Cristo, “sejam fortes as nossas famílias com a fortaleza de Deus, guiem-nos a Lei Divina, a graça e o amor, nelas e por elas se renove a face da terra!” (Discurso de João Paulo II por ocasião do Dia dedicado à Família, em 12 de outubro de 1980). Sagrada Família de Nazaré, rogai pelas nossas famílias!

Aloísio Parreiras
Arquidiocese de Brasília 

É depressão ou burnout? Veja como saber a diferença

SPIRALA ZMĘCZENIA
Zohre Nemati/Unsplash | CC0
por Calah Alexander

O esgotamento no trabalho é real, então aqui está o caminho para reconhecer esse mal.

Eu não sabia que era perfeccionista até começar a trabalhar fora de casa. Quando eu ficava em casa, minha casa nunca estava maravilhosamente organizada e meus filhos não estavam perfeitamente vestidos, então eu não me considerava perfeccionista. E eu não era – pelo menos em casa.

No trabalho, no entanto, tem sido uma história completamente diferente. Não apenas tive de encarar minhas tendências perfeccionistas, como também tive de encarar o fato de que essas tendências são desencadeadas pelas coisas mais bobas e acabam piorando tudo, em vez de melhorar.

Por exemplo, passei uma quantidade absurda de tempo em um domingo tentando descobrir como usar um formulário de mala direta para tornar minha comunicação por e-mail mais eficiente. Eu fiquei pensando sobre quanto tempo dominar essa técnica me salvaria a longo prazo – mas no curto prazo, eu perdi um dia inteiro e ainda tinha uma pilha de e-mails para enviar.

Acabei indo para a cama muito mais tarde do que deveria naquela noite, e comecei a semana correndo e tendo dormido apenas duas horas. Na quarta-feira, eu estava tão abatida e esgotada que as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto no momento em que entrei no meu carro.

Eu não conseguia explicar – eu não estava triste, e não era como se estivesse chorando de verdade. Meus olhos continuavam a derramar lágrimas toda vez que eu estava atrás do volante e indo para o trabalho. Até aquele momento eu estava invariavelmente empolgada com o trabalho, então esse novo estado era alarmante e assustador.

Eu comecei a me preocupar que estivesse entrando em depressão ou em um colapso mental, até que eu apareci em uma reunião em que um colega de equipe deu uma olhada no meu rosto e disse: “Você está esgotada”.

Eu estava, de fato, esgotada – algo que eu nunca tinha realmente entendido antes em um contexto de trabalho, mas esse é um fenômeno real estudado por psicólogos como Ellen Hendriksen, que explicou a diferença entre o esgotamento e a depressão para Medium:

O burnout (esgotamento no trabalho), em muitos aspectos, parece semelhante à depressão. Mas enquanto os dois compartilham muitas características, o burnout tende a ser mais situacional do que o estado geral da depressão.

“Se as pessoas se sentem como se uma bigorna tivesse pousado nelas no trabalho, mas se elas se animam com o jogo de futebol ou aula de culinária, então provavelmente não é depressão”, diz Hendriksen. “A depressão atinge todas as áreas da vida, mas o burnout pode ser mais específico no trabalho. Sangra, mas há um contraste…”.

Robert Taibbi, assistente social clínico licenciado e autor de vários livros sobre saúde mental, diz que é importante descobrir como seus hábitos específicos de trabalho podem estar afetando sua felicidade.

“Tem a ver com olhar para a sua personalidade”, diz Taibbi. “O que o seu trabalho exige? Quão no controle você está? Você tem dificuldade em delegar e obter ajuda nas coisas? Você fica obcecado porque você tende a ser perfeccionista?”. Se você tende a procrastinar, por exemplo, infindáveis ​​disputas de última hora podem ser a raiz do seu esgotamento. Se você sentir que assumiu muita coisa, mas não quer atribuir tarefas a outras pessoas, talvez seja isso que esteja causando seus problemas.

Eu não podia me arriscar a ficar gravemente esgotada, porque não podia me dar ao luxo de perder tempo. Então, eu terminei as tarefas naquele dia, fui para a cama o mais cedo possível. Eu me entreguei naquela quinta-feira para descansar e reiniciar, e no dia seguinte passei algum tempo perguntando aos meus colegas de equipe como eles faziam para tornar a comunicação mais simples e eficaz.

Então eu fiz algo realmente incrível. Em vez de escolher a ideia que parecia a mais perfeita para mim, escolhi aquela que parecia mais fácil. Isso foi contra todas as fibras do meu ser, mas eu sabia que tinha que priorizar. E uma das minhas prioridades rapidamente se tornou evitar tarefas em que eu poderia me perder nos detalhes, como tinha feito com o formulário de mala direta.

Eu não consigo expressar o quão mais fácil se tornou o trabalho – e a vida! – desde que deixei de lado a obsessão de encontrar a maneira mais perfeita de fazer tudo e resolvi encontrar a melhor maneira de fazê-lo. Eu realmente consegui realizar coisas que eu não pensava que conseguiria por meses, e estou começando a perder a sensação de estar sempre atrasada e em pânico.

Aleteia

 

9 estratégias dos santos para combater a preguiça

9 estratégias dos santos para combater a preguiça
por Maria Paola Daud

Quem nunca caiu nas mãos arrebatadoras da “preguiça”?

Hoje em dia, está muito fácil cair na preguiça, no ócio e até na negligência. São tantas as distrações desnecessárias que temos ao alcance das mãos! Nosso smartphone está sempre por perto e disposto a nos distrair, sempre com uma notificação, uma mensagem de WhatsApp, um e-mail, um joguinho etc.

É só ouvir o barulhinho da notificação e a gente, sem perceber, dá mais atenção a isso do que deveria, perdendo, assim, um instante precioso de nossa vida.

São João Bosco lembra o que alguns padres da Igreja já disseram: “A preguiça é a mãe de todos os vícios”, pois enfraquece a nossa atenção e abre a porta a outros vícios que nos oprimem.

O contrário da preguiça são a diligência, a presteza, a constância, a atividade, o trabalho, a responsabilidade. E, embora não pareça, vencer a preguiça é muito fácil. Só é preciso tomar a decisão e colocar em prática estes simples conselhos que os santos nos dão:

1
ESTABELECER METAS E PRIORIDADES

“Cuida da ordem para que a ordem não cuide de ti” – Agostinho de Hipona.

Estabeleça metas diárias, semanais e anuais para tudo, inclusive (por que não?) para a vida. Trate de cumpri-las. Seja organizado e, se vir que não consegue, reavalie as metas e estabeleça outras (talvez mais realizáveis). Uma boa organização com metas pode ajudar a erradicar a preguiça.

2
MINIMIZAR GRANDES TAREFAS

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível”  – São Francisco de Assis.

Às vezes, nos deparamos com coisas tão difíceis de fazer que passamos a evitá-las, dizendo: “eu nunca vou conseguir”. A estratégia, neste ponto, consiste em dividir uma grande tarefa em várias partes, empregando ciclos para realizá-las. Siga o conselho de São Francisco: comece aos poucos.

3
TER DISCIPLINA

“Para manter uma lâmpada acesa temos que continuar a colocar azeite nela” – Madre Teresa de Calcutá.

Estabeleça horários para tudo e trate de segui-los. Isso ajuda a melhorar a disciplina e a não cair na preguiça.

4
TREINAR

“Tem paciência com todas as coisas, principalmente contigo mesmo” – São Francisco de Sales.

Imite os grandes atletas. Se você falhar, tente novamente. Não desista até conseguir.

5
ELIMINAR DISTRAÇÕES

“As distrações na vida podem ser internas ou externas. Se alguém está distraído em seu interior, é mais provável e possível que fique em condições de maior fragilidade exterior” – São João Paulo II.

As distrações devem ser combatidas desde o seu interior para evitar que elas sejam exteriorizadas.

6
SER ENTUSIASTA COM OS OUTROS

“O amor perfeito tem esta força: fazer-nos esquecer de nossa própria alegria para alegramos a quem amamos” – Santa Teresa de Ávila.

O fato de deixarmos o egoísmo e nos aproximarmos de quem está ao nosso lado também nos ajuda a evitar a preguiça.

7
VIVER O PRESENTE

“Faça tudo por amor e para o amor, fazendo bom uso do tempo presente. E não estará ansioso com o futuro” – São Francisco de Sales.

Deixe de lado a procrastinação e não postergue as obrigações. “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”.

8
NÃO SE SOBRECARREGAR DE RESPONSABILIDADES

Procure o suficiente, procure o que basta. E não queira mais. O que passar disso é opressão, não alívio. Isso derruba, em vez de levantar” – Santo Agostinho.

Não tente fazer milhares de coisas ao mesmo tempo. O “multitasking” está cientificamente comprovado que não funciona. É melhor fazer uma coisa bem feita do que dez capengas. Assim, você não cairá no esgotamento.

9
DESCANSO NÃO É PREGUIÇA

“…porque o descanso não é fazer nada: é se distrair nas atividades que exigem menos esforços”- São Josemaria Escrivá.

Não confunda com preguiça o descanso depois de uma árdua tarefa, de uma meta alcançada. Precisamos e merecemos descansar para recarregar as energias e continuar produzindo.

Fonte: Aleteia 

O uso da filosofia grega pelos Padres da Igreja

Nascimento da Filosofia. O que motivou o nascimento da filosofia?
Uol

“A presença de idéias e termos platônicos é tão notável nas obras de Gregório de Nissa, um irmão de São Basílio, que ele foi chamado por alguns de “platonista cristão”. Outros dois Padres da Igreja posteriores – João Damasceno, que floresceu na primeira metade do oitavo século, e Fócio Magno, que viveu no século seguinte – foram caracterizados por alguns como “aristotélicos cristãos”, por terem ambos escrito capítulos substanciais sobre as Categorias e os Predicáveis de Aristóteles. Mas uma leitura atenta do corpo inteiro de suas obras mostra que eles fizeram uso muito maior das obras de Platão que de Aristóteles, principalmente em suas discussões sobre Deus e a alma humana. Com relação a Fócio, é bem digno de nota que em seu Léxico das obras dos gregos antigos, intitulado Lexeon Synagoge, há bem mais referências a Platão que a Aristóteles. Quando relaciona as palavras usadas por Platão, Fócio costuma nomear as obras platônicas nas quais elas aparecem. Ele menciona ao todo quinze diálogos.

Além disso, em certo lugar ele fala de Platão como “grande” (ho megas Platon), mas em lugar algum ele aplica essa palavra de elevada distinção a Aristóteles. Com base nessa evidência interna, haveria razão em chamar Damasceno e Fócio de “platonistas” em vez de “aristotélicos”. Na verdade, o uso de qualquer desses termos em relação a eles é inapropriado, um erro grave, como também o é se aplicado a Justino Mártir, Basílio Magno, Gregório de Nissa ou qualquer outro dos Padres Gregos da Igreja. Pois o fundamento de seu pensar não é nem o Platonismo, nem o Aristotelismo, nem algum outro sistema secular de pensamento, mas a revelação cristã. Esse fato de extrema importância é reconhecido com freqüência pelos Padres Gregos, dos primeiros aos últimos. Assim, o Padre do século quatorze, Gregório Palamas, Arcebispo de Tessalônica, diz: “De onde aprendemos sobre Deus, sobre o universo, sobre nós mesmos o que é certo e livre de erro? Não é do ensinamento do Espírito?”

A adoção de certas idéias e termos de Platão, Aristóteles e outros autores pagãos não faz dos Padres Gregos da Igreja partidários de tais autores. Eles não teriam nenhuma objeção a serem chamados simplesmente de “filósofos”. Pois eles chamam o Cristianismo de “filosofia”, “a divina filosofia”, e caracterizam a reflexão séria sobre um certo problema ou tópico, como aqueles nos quais se engajaram, como “filosofar”. Mas nenhum deles chamou a si mesmo, ou a algum de seus predecessores cristãos instruídos, de “platonista”, “aristotélico”, “platonista cristão” ou “aristotélico cristão”. Tais caracterizações eram-lhes impensáveis. Eram impensáveis porque teriam sido falsas, pois o fundamento de seu pensar era, como já destacamos, nem platônico, nem aristotélico, mas cristão. Muito embora tenham realmente usado muitos elementos de Platão e Aristóteles, eles escolheram aqueles elementos que não contradiziam o ensinamento revelado, mas estavam em harmonia com ele e ajudavam a exprimir ou ilustrar seu conteúdo. Em outras palavras, seu uso da filosofia pagã não foi indiscriminado ou servil. Foi, ao contrário, um uso bastante seletivo ou “eclético”, que lhes deixou liberdade suficiente para criticar os erros da filosofia secular. O material para esse ecletismo foi-lhes fornecido não apenas pelas obras de Platão e Aristóteles, mas também dos estóicos e outros filósofos gregos e, também, pelos poetas, historiadores e oradores gregos antigos. A seguinte citação de São Basílio é bastante esclarecedora nesse sentido:

  • “Tendo em vista ser pela virtude que devemos tomar posse desta nossa vida, e que muito já foi proferido em louvor da virtude pelos poetas e historiadores e mais ainda pelos filósofos, creio que deveríamos nos dedicar principalmente a essa literatura”.

O princípio condutor para tal ecletismo foi desenvolvido por Basílio e usado pelos demais teólogos-filósofos cristãos ou Padres da Igreja do Oriente. Basílio aconselhava: Aproveite dos livros pagãos tudo que convenha ao cristão e seja aliado da verdade, e descarte o restante. O modelo a ser usado é o da abelha. Diz Basílio:

  • “De um modo geral, devemos usar essas obras à maneira das abelhas, pois elas não visitam todas as flores sem discriminação, nem levam tudo das flores onde pousam, mas ao invés, tendo carregado somente o que lhes é necessário, deixam o restante para trás”…

Uma das razões pelas quais os Padres Gregos selecionaram e adaptaram tais elementos foi porque eles os acharam bastante úteis para formular de forma clara e precisa o conteúdo da fé cristã. Outra razão foi o fato de que o uso de termos e conceitos filosóficos atrairia à fé os mais educados entre os pagãos – os que tinham recebido instrução em filosofia. Por essas razões, também, eles escolheram como sua linguagem não o grego comum, o koiné, mas o grego ático, usando como modelos principalmente os grandes mestres da prosa ática: Platão, Aristóteles, Demóstenes e Tucídides. De Platão, eles aproveitaram muitos elementos filosóficos, modificaram-nos em maior ou menor grau, e os assimilaram organicamente ao ensinamento cristão.”

Veritatis Splendor

 

SANTA FILOMENA

Santa Filomena
Santa Filomena  (© Musei Vaticani)

Filomena, mártir cristã?

O culto de Santa Filomena, acompanhado por todos os interrogativos sobre a sua identidade, tiveram origem em Roma, em 25 de maio de 1802, durante as escavações na Catacumba de Santa Priscila, na Via Salaria. Na época, foram descobertos os ossos de uma jovem, de treze ou quatorze anos de idade, e uma ampola contendo um líquido, que, se pensava, fosse o sangue da Santa. O lóculo estava fechado por três lajes de terracota, sobre a qual estava escrito: “LUMENA PAZ TE CUM FI”. Pensava-se que, por negligência, tivesse sido invertida a ordem dos três fragmentos, que remontavam entre os séculos III e o IV d.C. e que deveriam ser lidos assim: “PAX TE / CUM FI / LUMENA”, isto é, “A paz esteja contigo, Filomena”.

Além do mais, os diversos sinais decorativos, em volta do nome, – sobretudo a palma e as lanças – levaram a atribuir estes ossos a uma mártir cristã dos primeiros séculos. Na época, de fato, achava-se que a maior parte dos corpos presentes nas Catacumbas remontava às perseguições do período apostólico.

Relíquias e prodígios em Mugnano del Cardinale

A seguir, a pedido do sacerdote de Nola, Padre Francisco de Lucia, estas relíquias foram transferidas para Mugnano del Cardinale, na província de Avelino, na igreja dedicada a Nossa Senhora das Graças, onde se encontram até hoje. Foi exatamente este sacerdote que narrou os primeiros milagres realizados ali pela Santa. Atingido por tais acontecimentos, o Papa Leão XII concedeu ao Santuário a lápide original, que Pio VII havia mandado transferir para o lapidário Vaticano.

Neste contexto, em 1833, inseriu-se a “revelação” da Irmã Maria Luísa de Jesus, que contribuiu para difundir o culto de Santa Filomena na Europa e no Continente americano.

Personagens famosos, - como Paulina Jaricot, Fundadora da Obra de Propagação da Fé e do Rosário, e o Santo Cura D’Ars, - receberam a cura completa dos seus males, por intercessão de Santa Filomena, da qual se tornaram devotos fervorosos.

A biografia, segundo a Irmã Maria Luísa

Foi precisamente a narração da Irmã Maria Luísa a revelar a história da Santa. A freira afirmou que a vida de Filomena lhe teria sido transmitida pela “revelação” da própria Santa.

Filomena teria sido filha de um rei da Grécia, que se converteu ao cristianismo e, por isso, tornou-se pai. Aos 13 anos, ela se consagrou a Deus com o voto de castidade virginal. Ao mesmo tempo, o imperador Diocleciano declarara guerra ao seu pai: a família foi obrigada a transferir-se para Roma para entabular um tratado de paz. O imperador apaixonou-se pela donzela; mas, ao rejeitar seu pedido, foi submetida a uma série de tormentos, dos quais sempre foi salva, até à decapitação definitiva. Duas âncoras, três flechas, uma palma e uma flor eram os símbolos representados nas lajes de terracota do cemitério de Priscila, que foram interpretados como símbolos do seu martírio. No entanto, um estudo mais aprofundado dos achados arqueológicos constatou a ausência da escrita martyr, fazendo decair a possibilidade da sua morte por martírio. Sobre a ampola, encontrada ao lado dos restos mortais, foi comprovado, outrossim, que o líquido contido não era sangue, mas perfumes típicos das sepulturas dos primeiros cristãos. Enfim, o corpo era de uma donzela, morta no século IV, sobre cujo sepulcro foram colocadas lajes, com inscrições de um sepulcro antecedente.

A Sagrada Congregação dos Ritos, por ocasião da Reforma Litúrgica dos anos 60, eliminou o nome de Filomena do calendário. Porém, seu culto permaneceu.

A Devoção continua

A “Santinha” de Cura D’Ars, como muitos chamavam Santa Filomena, foi venerada, de modo particular, por São Pio de Pietrelcina, desde criança. Ele a chamava “princesinha do Paraíso” e, a quem ousava colocar em discussão a sua existência, ele respondia que suas dúvidas eram fruto do demônio, e repetia: “Pode ser que não se chamava Filomena! Mas, esta Santa fez muitos milagres e não foi seu nome a realizá-los”. Ainda hoje, Filomena intercede por muitas almas e numerosos fiéis vão rezar diante dos seus restos mortais.

Santa Filomena é considerada protetora dos aflitos e dos jovens esposos; muitas vezes, proporcionou a alegria da maternidade a mães estéreis.


Vatican News

São Ponciano e Santo Hipólito

Conheça a história dos Santos Ponciano e Hipólito
Canção Nova

O imperador Severo aceitou a diversidade religiosa no império. Entretanto, na própria Igreja surgiram divisões. Ponciano e Hipólito viveram em Roma no século III. Estes dois homens foram envolvidos por um cisma na Igreja. Ambos se consideravam papas. 

São Hipólito foi um dos escritores mais destacados da Igreja de Roma dos primeiros séculos. Presbítero da Igreja de Roma, entrou em conflito com o papa Calixto, dizendo que o novo papa não considerava a legislação sobre o casamento e a penitência e estava abandonando a tradição apostólica. Descontente com o comando da Igreja, proclamou-se papa ao lado de Ponciano, sucessor imediato de Calixto.

Em 230, com a morte de Severo, sobe ao trono o imperador Maximino que retoma a perseguição religiosa. Imediatamente deportou os dois papas para minas de trabalhos forçados, na Sardenha. Lá eles morreram martirizados.

Ponciano foi o primeiro Papa a ser deportado. Era um fato novo para a Igreja, que ele administrou com sabedoria e sagacidade e muita humildade. Para que seu rebanho não ficasse sem pastor, renunciou ao Trono de Pedro, tornando-se também o primeiro Papa da Igreja a usar este recurso extremo.

Este gesto comoveu Hipólito, que percebeu o sincero zelo apostólico de Ponciano. Por isto, também renunciou o seu posto, interrompendo o prolongado cisma e se reconciliou com a Igreja de Roma, antes de morrer, em 235, no mesmo ano que Ponciano.

Os corpos destes dois mártires foram trasladados para Roma, onde estão sepultados.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão
A história dos santos de hoje mostra que mesmo as fragilidades humanas podem resultar em santidade. Mesmo sendo adversários, Hipólito e Ponciano foram agraciados com a conversão e tornaram-se santos da Igreja. Hipólito, mesmo na sua radicalidade, reconheceu a eleição legítima do papa Ponciano, devido a manifestação de profundo zelo pastoral daquele papa. Martirizados juntos, proclamaram, em uníssono, o amor radical a Jesus Cristo.

Oração
Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Ponciano e Hipólito governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF