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domingo, 23 de agosto de 2020

“QUEM DIZEIS QUE EU SOU?”

Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus
Canção Nova

Neste Terceiro Milênio da era cristã, nosso Senhor Jesus Cristo continua Se revelando como Aquele que traz ao homem o caminho, a verdade e a vida. Ele é o Redentor da humanidade, o centro da nossa história. Ainda hoje, é preciso reacender o ardor apostólico para que Cristo habite, reine e viva nos corações dos seres humanos e seja, em plenitude, o Senhor da vida de todos os construtores da História; afinal, “Ele nos fez conhecer o mistério da Sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em Si mesmo para levar os tempos à sua plenitude”. (Ef 1,9s). Sem perda de tempo, é preciso que brademos que “todas as coisas foram criadas por meio d’Ele e em vista d’Ele e que todas as coisas subsistem n’Ele”. (Cl 1,16s).

A cada novo dia, somos chamados a redescobrir que Jesus Cristo é o nosso Salvador. A experiência do amor de Cristo deve ser renovada frequentemente em nossas vidas, aumentando a convicção de fé de que Cristo é “o resplendor da glória” (Hb 1,3); “a Testemunha fiel, o Príncipe dos reis da terra” (Ap 1,5); “o Mediador de uma Aliança bem melhor” (Hb 8,6); “a nossa esperança” (1Tm 1,1); e “acima de tudo, Deus bendito pelos séculos!” (Rm 9,5).

Jesus Cristo é o centro e o fim das Escrituras! Do mesmo modo, Ele é o centro e o fim de nossas vidas e, por isso, é preciso que reaqueçamos nosso amor por Jesus, porque somente quem O ama pode falar de Seu amor. É dever de todo cristão “conhecer o amor de Cristo que supera todo conhecimento”. (Ef 3,19). Com amor, devemos professar que Ele é Nosso Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem e “nada escapa ao Seu calor”. (Sl 19,7).

Para que possamos afirmar que Jesus Cristo é “tudo em todos” (Cl 3,11), e tem “o poder de submeter a Si todas as coisas” (Fl 3,21), é imprescindível conhecer a Vida, a Obra, a Morte e a Ressurreição do nosso Redentor. Para que isso ocorra, “a única orientação do espírito, a única orientação da inteligência, da vontade e do coração para nós é esta: na direção de Cristo, Redentor do homem; na direção de Cristo, Redentor do mundo. Para Ele queremos olhar, porque só n’Ele, Filho de Deus, está a salvação”. (São João Paulo II, Redemptor Hominis, nº 7).

Contemplando a Obra de Jesus, reconhecemos que “Cristo é o eixo que recapitula em Si todas as coisas do céu e da terra”. (Papa Bento XVI, Ângelus em 23 de novembro de 2005). Meditando a vida de Cristo, por revelação, tomamos conhecimento de que “o Senhor não é uma realidade imóvel e ausente, mas uma Pessoa viva que guia os Seus fiéis, movendo-se pela piedade deles, sustentando-os com Sua força e Seu amor”. (Papa Bento XVI, “Audiência” em 05 de novembro de 2005).

Vivenciando a Morte e Ressurreição de nosso Redentor, entendemos que “somente no mistério da Redenção de Cristo se encontram as concretas possibilidades do homem”. (Veritatis Splendor, nº 103). Diante do mistério da Redenção, é impossível a atitude de passividade e, movidos pelo amor, clamamos: Tu és o Senhor! Tu és o Salvador! Reconhecemo-Lo como Nosso Senhor!

Por meio da vivência em comunidade, Cristo nos chama a ouvir os apelos de tantos homens que dizem: “Queremos ver Jesus!” (Jo 12,44). Amparados pelo Espírito Santo, devemos demonstrar, juntos com Santo Irineu, que “há um único Deus Pai, um único Verbo, um único Espírito e uma única salvação”.

Aos que nos interrogam sobre a existência de Deus, respondamos, apresentando-os ao Cristo e afirmando com esperança: “Eis aqui o Deus da minha salvação: estou seguro e sem medo, pois o Senhor é minha força e minha canção, Ele é a minha salvação!” (Is 12,2). Cristo, quando vê que estamos diante das possibilidades dos erros e do pecado, também nos interpela: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” (Mt 16,15). Numa profunda atitude de fé, saibamos testemunhar e dizer: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!” (Mt 16,16).

Jesus Cristo é o Senhor absoluto das nossas vidas e reina soberano em nossos corações. Ele “é o mesmo, ontem e hoje; Ele o será para a eternidade!” (Hb 13,8).  Por infinito amor a cada um de nós, Ele abraçou o sofrimento salvífico na Cruz. Por conseguinte, “queridos amigos, Jesus é o vosso verdadeiro Amigo e Senhor, entrai num relacionamento de autêntica amizade com Ele! Ele espera-vos e somente n’Ele encontrareis a felicidade. Convido-vos a procurar o Senhor todos os dias, Ele deseja apenas que sejais realmente felizes. Tende com Ele uma relação íntima e constante na oração e, na medida do possível, buscai momentos propícios na vossa jornada para permanecer exclusivamente na Sua companhia”. (Mensagem do Papa Bento XVI aos jovens da Holanda, por ocasião da 1ª Jornada Nacional da Juventude Católica). Que pela virtude da fé, Cristo habite em nossas almas! Pela virtude da esperança, Cristo reine em nossas atitudes! Pela virtude da caridade, Cristo viva em nossos corações!

Hoje, amanhã e sempre, deixemo-nos contagiar pela suavidade do amor de Jesus Cristo! Publiquemos com afinco as maravilhas que Ele operou em nossos corações!  Impulsionados pela alegria cristã, “cantai ao Senhor as grandes coisas que Ele fez; é preciso que isto seja conhecido em toda a parte!” (Is 12,5).

Que em toda parte seja proclamado que Nosso Senhor Jesus Cristo é “o Alfa e o Ômega, Aquele que é, Aquele que era e Aquele que vem, O Todo Poderoso!” (Ap 1,8). Ele é o nosso Deus adorado e amado, o Deus infinito, santíssimo, clementíssimo, sapientíssimo. Por ser pleno amor, Ele nos convida a participar de Sua vida, a fim de que sejamos santos. Na senda da santidade, “é Ele que nos manifesta a Sua adorável vontade por meio daqueles que o representam, e nos atrai a Si, querendo, deste modo, atrair por nós outras almas, unindo-as a Si em um amor cada vez mais perfeito”. (São Maximiliano Maria Kolbe).

Que o contato, a correspondência ao Amado, a intimidade com o Senhor Jesus, a cada nova alvorada, propiciem fecundamente o Senhorio de Cristo em nossas vidas! “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que eu te amo!”. Senhor, “meu coração exulta porque me salvais. Cantarei ao Senhor pelo bem que Ele me fez!”. (Sl 12, 6)

Aloísio Parreiras

Arquidiocese de Brasília 

Dom Jeová Elias é ordenado bispo na Catedral de Brasília

 A Arquidiocese de Goiás ganha mais um bispo . Dom Jeová Elias, foi ordenado nesta manhã de sábado (22), na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida – DF.

Os ordenantes foram Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil. Concelebraram  o Cardeal Dom Raimundo Damasceno, Dom Eugenio Rixen, bispo emérito de Goiás; Dom Washington Cruz Arcebispo de Goiânia , Dom Leonardo, Arcebispo de Manaus; Administrador Arquidiocesano de Brasília, Dom José Aparecido e seu bispo auxiliar, Dom Marcony; Secretário-geral da CNBB, Dom Joel; Bispos do Regional Centro Oeste, Dom Valdemar – presidente do Regional, Dom Lindomar, Dom Dilmo, e o Administrador Diocesano de Uruaçu, Pe. Francisco Agamenilton; Bispo de São Gabriel da cachoeira no amazonas, Dom Edson Damian, presidente do Regional Norte 1 ; Dom Valdir Mamede, bispo de Catanduva; Dom Wellington Queiroz, bispo de Cristalândia; padres de Brasília e de Goiás e outras dioceses presentes, diáconos, irmãos religiosos, familiares e o povo fiel.

No rito inicial, Dom Sergio expressa sua alegria em reencontrar tantos irmãos e amigos. “Nós celebramos muito unidos a todos, especialmente aos quem mais sofre com a pandemia. Nós temos compartilhado as alegrias e as dores da vida desta igreja, que conta hoje com a graça de ver um dos seus filhos queridos ordenado Bispo, Pe. Jeová Elias que tive a graça de contar como vigário geral dessa arquidiocese.”

Em sua homilia, o Arcebispo da Bahia a sua vida e seu ministério estão, que a fidelidade e da igreja a cristo se mede pelo cumprimento fiel da missão de Cristo a ela confiada, mas também que a fidelidade do bispo se mede pela vivência dessa missão.

Ainda em sua homilia, dom Sergio se dirige Dom jeová Elias, dizendo que “o povo de Deus necessita do seu pastoreio na diocese de Goiás, de um modo especial estão a sua espera, necessitam do seu ministério episcopal as pessoas mais sofridas, aquelas mencionadas na profecia de Isaías proclamada e realizada por jesus, os pobres, os cativos, os cegos, os oprimidos os que esperam pela graça do senhor.”

Em seu primeiro pronunciamento como bispo, Dom Jeová Elias saúda com ternura e gratidão a todos os presentes e aos que, pela pandemia, foram impossibilitados de estarem presentes, mas que acompanhavam pelas transmissões on-line.

Passado o susto, pude experimentar o novo sentimento, alegria de ser chamado por Deus. […] Com o coração exultando, canto a minha gratidão a Deus, pois Ele viu a minha pequenez, Ele fez maravilhas, Ele faz maravilhas, Ele fará maravilhas. Aqui estou para servir, sedento de amar, de manifestar o amor de Deus ao mundo tão carente.

Por fim, o novo bispo ordenado, convidou a todos os presentes para rezarem juntos a oração do abandono:

Meu Pai,
a vós me abandono:
fazei de mim o que quiserdes!
O que de mim fizerdes,
eu vos agradeço

Estou pronto para tudo,
aceito tudo,
contanto que a vossa vontade
se faça em mim
e em todas as vossas criaturas.
Não quero outra coisa,
meu Deus.
Entrego minha vida
em vossas mãos,
eu vo-la dou, meu Deus,
com todo o amor do meu coração
porque eu vos amo.
E porque é para mim
uma necessidade de amor
dar-me,
entregar-me
em vossas mãos sem medida,
com infinita confiança
porque sois meu Pai.

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S. ROSA DE LIMA, VIRGEM, TERCIÁRIA DOMINICANA

S. Rosa de Lima Angelino Medoro
S. Rosa de Lima Angelino Medoro 

“Você é linda como uma Rosa!”

Isabel nasceu em Lima, em 1586; era a décima de treze filhos da família Flores de Oliva, nobre espanhola, transferida para o Peru. A sua ama, Mariana, de origem indígena, deu-lhe o nome de Rosa, pela incrível beleza que a caracterizava. Depois, este nome foi confirmado na Crisma e quando, aos vinte e três anos, recebeu o hábito religioso da Ordem Terceira Dominicana. Seu modelo de vida foi Santa Catarina de Sena. Ao nome Rosa foi acrescentado também o “de Santa Maria”, como expressão do seu tenro amor, que sempre nutria pela Virgem, à qual recorria, a todo instante, para pedir proteção.

Pobre entre os pobres

Rosa conheceu a pobreza quando a sua família caiu na miséria, por falência nos negócios paternos; trabalhou, arduamente, como doméstica, na horta e como bordadeira, até altas horas da noite; quando fazia entrega nas casas dos seus fregueses, aproveitava para levar a Palavra de Cristo e o seu anseio pelo bem e pela justiça, que, na sociedade peruana da época, - espezinhada pela Espanha colonizadora, - parecia totalmente ofuscada.

Na casa paterna, criou uma espécie de asilo para os necessitados, onde dava assistência às crianças e aos idosos abandonados, sobretudo de origem indígena.

Desde pequena, Rosa desejava consagrar-se a Deus com a vida claustral, permanecendo “virgem no mundo”; como Terciária Dominicana, trancou-se em uma cela de poucos metros quadrados, construída no jardim da casa paterna, da qual saía apenas para a função religiosa; ali, transcorria grande parte dos dias, dedicando-se à oração e em íntima comunhão com o Senhor.

Dedique a mim todo o seu amor”!

Certo dia, enquanto rezava diante de uma imagem da Virgem Maria, que segurava Jesus nos braços, ouviu a voz daquele Menino, que lhe dizia: “Rosa, dedique a mim todo o seu amor...”! E não hesitou: desde então, Jesus foi o seu amor exclusivo até à morte: um amor cultivado com a virgindade, a oração e a penitência. Ela repetia sempre: “Meu Deus, podeis aumentar meus sofrimentos, contanto que aumenteis o meu amor por vós”. Assim, o significado redentor da Paixão de Cristo, tornou-se claro para ela: o sofrimento, vivido com fé, redime e salva. O sofrimento do homem pode ser associado ao sofrimento salvador de Cristo.

Esta foi uma verdadeira reviravolta interior, que coincidiu com a leitura da vida de Santa Catarina, da qual aprendeu a amar o sangue de Cristo e a Igreja. Precisamente na sua cela no jardim, Rosa reviveu, na sua carne, a Paixão de Jesus, por duas intenções: a conversão dos espanhóis e a evangelização dos índios.

Devoção e Ano jubilar

À Santa Rosa foram atribuídos atos de mortificação e castigos corporais, de todo tipo, mas também tantas conversões e milagres. Um deles foi a não invasão dos piratas holandeses em Lima, em 1615.

Quando ainda era viva, Rosa foi examinada por uma Comissão mista de religiosos e cientistas, que julgou as suas experiências místicas como verdadeiros “dons da graça”; tanto é verdade que, quando ela morreu, pela enorme multidão que participou do seu enterro, já era considerada Santa.

Rosa faleceu só depois de renovar seus Votos religiosos, repetindo várias vezes: “Jesus, permanecei comigo!”. Transcorria o dia 23 de agosto de 1617.

Após a sua morte, quando seu corpo foi trasladado para a Capela do Rosário, Nossa Senhora sorriu-lhe pela última vez, daquela estátua, diante da qual a Santa havia rezado tantas vezes. Ao ver o ocorrido, a multidão presente gritou: “milagre”!

Em 1668, Rosa de Lima foi beatificada pelo Papa Clemente IX e canonizada três anos depois.

Santa Rosa de Lima foi a primeira mulher a ser canonizada no Novo Mundo. Ela é Padroeira do Peru, da América Latina, das Índias e das Filipinas. É invocada também como protetora dos floricultores e jardineiros, contra as erupções vulcânicas e ainda em casos de feridas ou de brigas familiares.

Os 400 anos da morte de Santa Rosa foram comemorados com um Ano jubilar, que teve como lema: “400 anos intercedendo por você”, referindo-se às milhares de orações que a Santa havia atendido durante quatro séculos.

Vatican News

 

XXI Domingo do Tempo Comum: Ano A.

Dom José Aparecido
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília
 ÉS O MESSIAS, O FILHO DO DEUS VIVO!
Neste quarto domingo do mês de agosto, a nossa Igreja nos convida a rezar pela vocação dos fiéis leigos. O Concílio Vaticano II ensina que “aos leigos pertence por vocação própria buscar o reino de Deus tratando e ordenando segundo Deus os assuntos temporais” (LG 31). Os leigos participam segundo a própria vocação da única missão evangelizadora e salvífica da Igreja.

O profeta Isaías vê na destituição de Sobna e na nomeação de Eliacim como superintendente real a ocasião para falar do modo como Deus, por sua providência, se faz o verdadeiro guia do seu povo ao longo da história. Este episódio permite ver que a história de Israel é na verdade história de salvação do gênero humano. Ao entregar a chave da casa de Davi a Eliacim, Deus o reveste de autoridade, para conduzir como um pai os habitantes de Judá. A autoridade humana, como é a de Eliacim, iluminada pela fé pode governar com justiça e expressar a paternidade de Deus: “ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá” (Is. 22,21).

Mateus nos permite ver na “chave de Davi” entregue a Eliacim para governar a Jerusalém da terra uma antevisão das “chaves do reino dos Céus” (Mt. 16,19). Estas chaves, Jesus as entrega a Pedro para governar com autoridade a Igreja constituída sobre a rocha, que é o próprio Cristo. Jesus torna Pedro participante da Sua missão de Pastor: “Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt. 16,18). Aqui se vê o papel proeminente de Pedro entre os Doze e junto com eles. Não se trata de um papel de mediação, pois somente Jesus, o Filho, é Mediador. Mas Pedro, e com ele os demais apóstolos, são o fundamento da Igreja do Deus vivo. Se esta missão de Pedro comporta algo de único no tempo, é necessário alguns aspectos continuem através dos séculos na Igreja, mediante a sucessão apostólica. A missão de Pedro será transmitida aos seus sucessores em Roma, pois lá, na colina Vaticana, ele testemunhou a fé derramando o sangue por amor a Cristo.

Mas Pedro recebeu esta missão única somente após ter declarado a Jesus: “Tu és o Messias, o filho do Deus vivo”. Pedro proclamou em nome próprio e da Igreja a fé na divindade de Jesus, superando as muitas opiniões, que ontem como hoje, querem Jesus à condição de um homem bom, exemplar, mas simplesmente homem. Jesus louva Pedro: “Feliz de ti, Simão, Filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus”.

A vocação dos fiéis leigos é, portanto, dar na vida quotidiana o testemunho da “profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus” (Rm. 1,33) que revelou a Pedro que Jesus é o Messias, o filho do Deus vivo.

Os fieis leigos da Igreja de Brasília, se unem aos pastores como Assembleia Santa para dizer proclamar: “a Ele a glória para sempre! Amém!”.

Folheto: "O Povo de Deus"/Arquidiocese de Brasília.

sábado, 22 de agosto de 2020

Mensagem do Custódio para a coleta pro Terra Sancta 2020

Francisco: não se usa o nome de Deus para aterrorizar as pessoas

Papa Francisco na Missa dos Santos Pedro e Paulo
Papa Francisco na Missa dos Santos Pedro e Paulo  (Vatican Media)

Em um tweet, o Papa fala sobre o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Perseguição Religiosa, instituído pela ONU em 2019, e pede a "todos que parem de instrumentalizar as religiões para incitar o ódio, a violência, o extremismo e o fanatismo cego".

Alessandro De Carolis - Cidade do Vaticano

A hashtag #FraternidadeHumana acompanha o tweet de Francisco e a memória voa para a noite de Abu Dhabi em fevereiro de 2019, para uma assinatura e um aperto de mão que sancionam uma comunhão de pontos de vista e escrevem a seu respeito a primeira página.

A “Fraternidade Humana” é o valor que o Papa e o Grão Imame de Al-Azhar, Al-Tayyeb, oferecem como inspiração universal para aproximar e fazer compreender quem e aquilo que é considerado muito diferente, por credo e cultura, para poder fazê-lo. Uma forma sustentável porque essencialmente solidário.

Fraternidade que, se vivida, exclui a violência que transforma o sentimento religioso em um alvo. Como o são no mundo, somente entre os cristãos, pelo menos 300 milhões de pessoas.

A fé não deve ser instrumentalizada

Este é um tema muito caro ao Papa, que em seu tweet para o Dia da ONU dedicado a homenagear “as vítimas de atos de violência de religião ou crença”, repete com clareza usando as palavras do documento de Abu Dhabi: “Deus não precisa ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. Peço a todos que parem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego.”

"Em frente na fraternidade"

O conceito o Papa o havia expresso, entre outras coisas, em termos semelhantes em fevereiro passado, com a mensagem de vídeo enviada a Abu Dhabi um ano após a assinatura do Documento sobre a Fraternidade Humana".

Aquele, disse Francisco, foi "um grande acontecimento humanitário", o sinal de esperança "por um futuro melhor para a humanidade, um futuro livre do ódio, do ressentimento, do extremismo e do terrorismo, no qual prevalecem os valores de paz, amor e fraternidade”.

O presente e o futuro, eram seus votos, são um tempo e um espaço para "todos os modelos virtuosos de homens e mulheres que personificam o amor neste mundo por meio de ações e sacrifícios feitos pelo bem dos outros, não importa quão diferentes sejam por religião ou por pertença étnica e cultural".

“Peço a Deus Todo-Poderoso - concluiu Francisco - que abençoe todo esforço que beneficie o bem da humanidade e nos ajude a seguir em frente na fraternidade”.

Vatican News

 

Imagem de Nossa Senhora é decapitada em Igreja da Califórnia

O vandalismo perpetrado contra a Igreja da Sagrada Família ocorre em meio a uma onda contínua de ataques destrutivos e profanações de paróquias católicas.
Guadium Press
O vandalismo perpetrado contra a Igreja da Sagrada Família ocorre em meio a uma onda contínua de ataques destrutivos e profanações de paróquias católicas.

Citrus Heights – Califórnia (21/08/2020, 10:50, Gaudium Press) Na noite da última segunda-feira, 17/08, a Igreja da Sagrada Família, em Citrus Heights, na Califórnia foi alvo de um ato de profanação.

O Padre Enrique Alvarez, pároco da igreja, informou que uma imagem de Nossa Senhora foi decapitada e um monumento aos Dez Mandamentos, “dedicado a todos aqueles que perderam a vida por causa do aborto”, foi grafitado com uma suástica.

O vandalismo perpetrado contra a Igreja da Sagrada Família ocorre em meio a uma onda contínua de ataques destrutivos e profanações de paróquias católicas.

Profanação das imagens: ato vergonhoso que causa comoção

Para o pároco “causa comoção ver a profanação de uma imagem de Nossa Senhora e causa angústia tentar entender porque alguém faria isso”. “Embora não tenhamos como saber o motivo dessa ação vergonhosa, sabemos que ela não promove nenhuma causa e não eleva ninguém”.

Ações como essa “Apenas criam mais tristeza em um tempo já cheio de dor ”, destaca Padre Enrique Alvarez,

O vandalismo perpetrado contra a Igreja da Sagrada Família ocorre em meio a uma onda contínua de ataques destrutivos e profanações de paróquias católicas.

Procuram aumentar a tristeza em um mundo já cheio delas

O pároco da Igreja da Sagrada Família, em uma declaração, fez um apelo aos paroquianos: 
“Peço à nossa comunidade da Sagrada Família que se junte a mim em oração pela pessoa ou pessoas que fizeram isso e com isso procuraram aumentar as tristezas em nosso mundo e trazer dor para aqueles que não lhes fizeram mal. Ações desse tipo provavelmente nascem de um sofrimento interior, pela qual devemos ter compaixão. ”

O vandalismo perpetrado contra a Igreja da Sagrada Família ocorre em meio a uma onda contínua de ataques destrutivos e profanações de paróquias católicas.

Onda contínua de profanações, ódio e desrespeito à Fé

O vandalismo dessa segunda-feira ocorreu em meio a uma onda contínua de atos destrutivos em paróquias católicas em todo o país. Nas últimas semanas, imagens de Nossa senhora e de outros santos foram destruídas em Igrejas ou propriedades paroquiais em vários estados. Além disso, igrejas na Califórnia, Massachusetts e Flórida foram atingidas por incêndios que tem carregadas suspeitas de serem de origem criminosa.

A partir de junho, imagens públicas de santos, especialmente imagens de São Junipero Serra, na Califórnia, foram derrubadas ou destruídas por vândalos que extravasavam seu ódio e desrespeito à Fé. (JSG)

https://gaudiumpress.org/

Afinal, quais são os dias de preceito na Igreja Católica?

Afinal, quais são os dias de preceito na Igreja Católica?

Nos dias de preceito, é obrigatória para todo fiel católico a participação na Santa Missa.

Ocalendário litúrgico da Igreja Católica é válido para todos os países, mas as Conferências Episcopais de cada país podem mover algumas datas de acordo com a realidade local, a fim de facilitar o cumprimento dos dias de preceito, também chamados de dias santos de guarda.

Nos dias de preceito, é obrigatória para todo fiel católico a participação na Santa Missa.

E quais são os dias de preceito na Igreja?

1 – Todos os domingos do ano são dias de preceito.

2 – Várias datas de preceito na Igreja já caem normalmente em domingos, como o Domingo de Ramos, o Domingo de Páscoa, o Domingo de Pentecostes, o Domingo da Santíssima Trindade.

3 – Os dias de preceito que podem não cair em domingo são os seguintes dez:

  • A Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro;
  • A Epifania (Dia de Reis), em 6 de janeiro;
  • São José, em 19 de março;
  • A Ascensão de Jesus ao Céu, na quinta-feira da 6ª semana da Páscoa;
  • Corpus Christi, na quinta-feira após a oitava de Pentecostes;
  • São Pedro e São Paulo, em 29 de junho;
  • A Assunção de Nossa Senhora, em 15 de agosto;
  • Todos os Santos, em 1º de novembro;
  • A Imaculada Conceição de Nossa Senhora, no dia 8 de dezembro;
  • O Natal, em 25 de dezembro.

Mas fique atento: conforme já dito, mesmo algumas das celebrações sujeitas a cair em dias da semana podem ser movidas para o domingo seguinte, conforme as orientações específicas da Conferência Episcopal de cada país.

Fonte: Aleteia 

O celibato sacerdotal

Apologética
Veritatis Splendor
  • Fonte: Lista “Tradição Católica”

Se há uma coisa que incomoda o demônio e seus asseclas é a virtude da castidade. E mais ainda quando se trata da castidade escolhida como profissão numa vida consagrada a Deus, como é o caso do celibato sacerdotal.

Por isso vez por outra volta à baila a discussão sobre o celibato, aliás objeto de ataque dos hereges de todos os séculos, que, juntamente com a doutrina tradicional, rejeitam quase sempre a disciplina do celibato, tradicional também.

Os ultramodernistas querem a sua abolição definitiva, em nome da “liberdade”(leia-se libertinagem). Outros apenas desejam algumas concessões ou relaxamento. Os padres apóstatas entram na discussão. Fazem-se pesquisas para saber a opinião popular, opinião de um modo geral repleta de sensualidade e materialismo, sem a menor autoridade moral para tratar do assunto.

Vamos, portanto, explicar a verdadeira doutrina sobre o celibato, doutrina essa que não depende do que “acham”, ou do que “dizem”, ou do que “querem”, mas que promana da Escritura e da Tradição multissecular da Igreja.

ANTIGO TESTAMENTO

Orígenes, comentando as diversas ordens de ornamentos sacerdotais judaicos (Êxodo 39 e Levítico 8), nota que os sacerdotes da Antiga Lei só eram obrigados a guardar continência durante o tempo em que estavam de serviço no Templo.

São Sirício, Papa (ano 385) referindo-se a alguns padres que se casaram, baseando-se no proceder do sacerdote judeu que se casava, diz:

  • “Diga-me agora, seja quem for que siga a libertinagem, porque avisava o Senhor aos que entregou a Arca da Aliança, dizendo: “Sede santos porque eu, o vosso Senhor e Deus, sou santo”. Por que queria vê-los afastados de suas casas no ano de seu turno de sacrifícios, senão para que não exercessem comércio carnal com suas mulheres?… Nós somos obrigados à castidade desde o dia de nossa ordenação, para sermos agradáveis a Deus nos sacrifícios cotidianos…”

Ora, se Deus mandava, no sacerdócio figurativo, que era o do Antigo Testamento, que o sacerdote guardasse continência enquanto estivesse de serviço no Templo, o Sacerdote do real Sacerdócio de Cristo deve guardá-lo sempre, porque este está sempre, todos os dias, de serviço, exercendo o seu divino ministério no Templo do Senhor, e em verdadeira, real, direta e imediata comunicação com Ele.

NOVO TESTAMENTO

Mas, na verdade, quem instituiu o celibato foi mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Se a lei do celibato eclesiástico, que encontramos em todo o mundo cristão durante o Império Romano no século IV, não se explica de nenhum modo senão pelo exemplo dos Apóstolos, a continência perfeita dos Apóstolos não se explica, por sua vez, sem os exemplos, em primeiro lugar do Precursor, São João Batista, do qual alguns Apóstolos haviam sido discípulos, e principalmente sem o exemplo e as palavras do próprio Jesus, exortando os seus discípulos ao celibato e a tudo deixar, mesmo suas esposas, pelo amor do Reino dos Céus.

Com efeito, Jesus Cristo deu o grande conselho evangélico da castidade perfeita, proclamando a virgindade por amor do Reino do Céu como estado de perfeição. Mas Ele avisou:

  • “Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado”. Que resolução? Ficar virgens “por amor do Reino dos Céus” (S. Mateus 19,11-13)

São Paulo levou vida celibatária e recomendou-a, como Nosso Senhor:

  • “Eu quero que sejais como eu mesmo… Digo também aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom permanecerem assim, como também eu…” (1Coríntios 7,7-8).

A virgindade acrescenta ele, é preferível ao matrimônio por ser o estado mais alto. O cristão está assim mais disposto para servir a Deus, para ser santo “no corpo e no espírito”:

  • “O que está sem mulher está cuidadoso das coisas que são do Senhor, de como há de agradar a Deus. Mas o que está com mulher está cuidadoso das coisas que são do mundo, de como há de dar gosto à sua mulher, e anda dividido” (1Coríntios 7,32-33).

É evidente que isso não é para todos, mas, como disse Nosso Senhor, para aqueles a quem foi dado compreender.

NA TRADIÇÃO

Assim alicerçado e exaltado nas Sagradas Escrituras, o celibato voluntário começou a ser fielmente praticado por toda a parte na medida em que o Cristianismo ia se difundindo, conforme o testemunho dos Santos Padres e Escritores Eclesiásticos dos primeiros séculos.

Embora ainda não houvesse leis canônicas escritas, segundo tudo o que já foi visto, é dedução lógica concluir que os Apóstolos estabeleceram que não se recrutassem membros do clero superior (sacerdócio) senão dentre “os que puderem compreender” (qui potuerunt capere).

Dado que se trata de uma obrigação de tal modo contrária às paixões humanas, não era mister que essa disciplina, essa lei não escrita, proviesse dos próprios Apóstolos? Quem teria autoridade suficente para impô-la? Mesmo a simples vontade de impô-la teria fracassado.

Na verdade, quem seria levado a acreditar que, se os próprios Apóstolos tivessem dado o exemplo do casamento e o tivessem aconselhado aos primeiros bispos, presbíteros e diáconos da Igreja, se haveria ao menos cogitado no celibato ou na perfeita continência como uma exigência, como uma obrigação, como uma lei reconhecida por todos, no século IV?

Assim, o Concílio de Cartago, no ano 390, a propósito do celibato ou continência perfeita dos bispos, sacerdotes e diáconos e de “todos os que servem os Santos Mistérios”diz, pela boca de Genésio, Bispo de Cartago, presidente do Concílio: “Ut quod apostoli docuerunt et ipsa observavit antiquitas, nos quoque custodiamus” (a fim de que nós também guardemos o que os Apóstolos ensinaram e o que a própria antiguidade observou) (Mansi T. 3, col. 692).

E, antes ainda, o primeiro Concílio cujos cânones nos foram conservados, o Concílio de Elvira, entre 300 e 305, nos revela a lei do celibato existente para os bispos, sacerdotes e os diáconos. Diz assim o cânon 38 do Concílio de Elvira:

  • “Determinou-se unanimemente estabelecer a proibição de que os bispos, os sacerdotes e os diáconos, isto é, todos os clérigos constituídos no ministério, se abstenham de esposas, e não gerem filhos: e, aquele, quem for que seja, que o tenha feito seja declarado decaído da honra da clericatura”(Mansi, T. 3, col 11).

Os cânones deste concílio são de extema severidade. Diz, por exemplo o cânon 19:

  • “Os bispos, sacerdotes e diáconos constituídos no ministério, se for descoberto serem adúlteros, tanto por causa do escândalo como do crime de profanação, não devem ser recebidos na comunhão (perdoados da excomunhão), mesmo no fim de sua vida”.

O primeiro Papa, do qual algumas cartas decretais nos foram conservadas, São Sirício (384-399), nos revela igualmente essa lei existente, não escrita, do celibato. Falando a respeito do celibato assim se exprime:

  • “Não que sejam novos os preceitos impostos, mas desejamos que sejam observados os que foram desleixados em razão da covardia e do abandono de alguns preceitos que, entretanto, foram estabelecidos pela ordenação dos Apóstolos e dos Padres”. (PL – T. 13, col.1155).

O Concílio Ecumênico de Nicéia (325), no seu cânon 3, reza:

  • “O Santo Sínodo declara que não permite de maneira alguma nem ao bispo, nem aos sacerdote, nem ao diácono, nem absolutamente a qualquer membro do clero ter em sua casa uma mulher que lhe seja estranha, mas somente a mãe, ou uma irmã, ou uma tia. Porque em relação a essas pessoas e outras semelhantes não há nenhuma suspeita. Aquele que age diferentemente arrisca perder sua clericatura.”

São Jerônimo resume tudo o que foi dito, escrevendo “ad Pammachium”, no ano 392:

  • “Cristo é virgem, virgem é Maria; mostraram a cada um dos sexos a preeminência da virgindade. Os Apóstolos são ou virgens, ou após o casamento, continentes. Escolhem-se para bispos, sacerdotes e diáconos, quer virgens, quer viúvos, ou pessoas que em todo caso, depois do sacerdócio, observam para sempre a continência”.

E Santo Agostinho comentando o Concílio de Elvira, arremata:

  • “O que a Igreja Universal mantém e não foi instituído por Concílios, mas o que sempre se observou, crê-se ter sido transmitido, sem nenhum perigo de erro, pela autoridade apostólica.”

Fica, portanto, destruída a falsa tese, constantemente repetida, de que a Igreja teria inventado o celibato eclesiástico no século IV, no Concílio de Elvira. De modo algum! Ele teve origem nos Apóstolos que o receberam de Nosso Senhor Jesus Cristo.

TRADIÇÃO PERMANENTE, APESAR DAS FRAQUEZAS, DECADÊNCIA E PROTESTOS.

No século VIII e principalmente nos séculos X e XI, houve uma grande decadência do clero com relação ao celibato. Escândalos e concubinato por toda a parte, e boa parte disso favorecido pelo caso das investiduras, já que o poder secular tinha em suas mãos quase todas as nomeações de bispos e curas. Os benefícios eram oferecidos a quem mais oferecesse. A reação veio com São Gregório VII, que foi Papa entre 1073 e 1085. Ele fez tudo para restabelecer a disciplina do celibato eclesiástico. Tratou como nulos os casamentos dos clérigos maiores e os tratou com rigor. O Papa Calixto II, no Concílio de Latrão, 1123, declarou como oficialmente nulos tais casamentos.

O Concílio de Trento reforçou a nulidade destes casamentos e criou os seminários, escolas de meninos para serem uma perpétua “sementeira”(seminário) de ministros para o serviço de Deus. O Código de Direito Canônico de 1917 estabelece:

  • “Os clérigos constituídos nas ordens maiores não podem se casar validamente (c. 1972)”.
  • “Os clérigos constituídos nas ordens maiores não podem casar-se e são obrigados a guardar a castidade a tal ponto que aqueles que pequem em relação a isso são também culpados de sacrilégio”.
  • “Os clérigos menores podem casar-se, mas decaem de pleno direito do estado clerical”.

OBJEÇÕES E RESPOSTAS.

– Não diz São Paulo que os Bispos e Diáconos devem ser casados: “homens de uma só esposa” (1Timóteo 3,2.12; Tito 1,6)?

R. As aludidas palavras de São Paulo não querem dizer que os bispos e diáconos “devam” ser casados, pois ele é o primeiro que não o era; querem sim, dizer que não devem ser sagrados bispos nem ordenados diáconos que tiverem casado duas vezes. “Homens de uma só esposa”: São Paulo repete três vezes esta mesma expressão estereotipada. Ele a usa “mutatis mutandis”, quando fala das viúvas escolhidas para o serviço das Igrejas: “mulher de um só marido” (1Timóteo 5,9)! Trata-se evidentemente de viúvos que não foram casados senão uma só vez, “que tenham sido homens de uma só mulher”, e agora continentes. O que reforça essa explicação é que São Paulo fala cada vez mais dos filhos deles e nunca de suas mulheres, como não fala das mulheres de Tito e de Timóteo, seus discípulos, que eram bispos.

Além do mais, na Epístola a Tito, 1, 8, São Paulo exige que o bispo seja “continens” (em grego, “encratés”), usando o mesmo vocábulo que emprega quando fala dos celibatários e das viúvas em 1Coríntios 7,9.

Trata-se portanto de um viúvo de uma só mulher, vivendo, após a ordenação, em continência perfeita. Se na I Coríntios, cap. 7, São Paulo queria que todos os cristãos fossem continentes como ele próprio, a exigência da continência perfeita para os chefes da Cristandade, bispos, sacerdotes e diáconos, vem a ser algo perfeitamente normal.

– Mas São Pedro não era casado? (Mateus 8,14)?

R. O Evangelho não o diz. Diz só que ele tinha sogra, portanto que poderia estar casado.

São Jerônimo, em seu Tratado contra Joviniano (c. 8,26), julga, pelo contexto de São Mateus (8,15) que a mulher de São Pedro já era falecida quando Jesus lhe curou a sogra; do contrário o Evangelho teria feito menção a ela. No entanto, ele diz apenas que foi a sogra que serviu Jesus e os Apóstolos à mesa.

Além disso, foi São Pedro quem disse a Jesus: “Eis que abandonamos tudo e vos seguimos…”, ao que Jesus respondeu:

  • “Todo aquele que deixar a casa… ou a mulher… ou os campos por causa de meu nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mateus 19,27-29).

Quanto aos outros Apóstolos, além de a eles se aplicarem estas palavras acima, Nosso Senhor lhes deu a todos o conselho evangélico da continência perfeita (Mateus 19,12) e o Evangelho jamais menciona “suas mulheres”.

– Considerando a fraqueza humana, o celibato não seria impossível?

R. O Concílio de Trento responde que Deus não recusa este dom da castidade àqueles que o pedirem, como também não permite que sejamos tentados acima de nossas forças.

Além do mais, a celebração cotidiana do Sacrifício da Santa Missa e a recitação diária do Ofício Divino, a frequente meditação das verdades eternas, as consolações do apostolado, o contínuo contacto com os enfermos e moribundos… tudo isso auxilia amplamente o sacerdote na fidelidade aos seus votos. Cabe ainda ressaltar que ele não foi escolhido de súbito para o Sagrado Ministério. Só depois de longos anos de seminário, observado pelos superiores, só depois de superada a idade das paixões, ele sentiu-se maduro, com forças e vontade para as dominar no futuro como já as dominara até o presente. Quem não sabe o que quer e o que suporta aos 24 anos, não o saberá nunca e aquele que põe a mão no arado e olha pra trás não é apto para o Reino de Deus (Lucas 9,62).

RAZÃO DO CELIBATO

Vejamos o que nos diz o Papa Pio XII em sua Encíclica “Menti Nostrae”:

  • “É precisamente porque ele deve ser livre de todas as preocupações profanas e consagrar-se totalmente ao serviço de Deus, que a Igreja estabeleceu a lei do celibato, a fim de que seja sempre mais manifesto a todos que o Sacerdote é ministro de Deus e pai das almas”.
  • “Por esta obrigação do celibato, muito longe de perder inteiramente o privilégio da paternidade, o sacerdote o aumenta ao infinito, porque, embora não suscite posteridade nesta vida terrestre e passageira, engendra uma outra para a vida celeste e eterna”.

Outrossim, neste fim de século XX, neste mundo degradado e imoral, no qual a sensualidade e a devassidão dominam tudo, é mais do que oportuno mostrar o heroísmo do celibato eclesiástico em toda a sua pureza, para sevir de barreira e como exemplo, ao invés de tentar atenuá-lo e ofuscar-lhe o brilho.

 * * *

SENTIDO REAL DO CELIBATO SACERDOTAL
(Segundo Pe. Gregoire Celier, publicado na “Fideliter”, março/1985)

“Sacerdos alter Christus”(O sacerdote é um outro Cristo). Tal é o princípio fundamental que esclarece e explica o Sacerdócio Católico. O Sacerdócio de Cristo é único e definitivo, e o sacerdócio dos homens, o sacerdócio ministerial (etimologicamente, sacerdócio dos servidores) é uma participação real no sacerdócio soberano. Portanto, o próprio Cristo é o modelo, ao qual todo padre deve se conformar intimamente, para que seu sacerdócio participado detenha toda a sua verdade.

Ora, é digno de nota que Jesus Cristo, num mundo em que o celibato era quase desconhecido, senão maldito, durante toda a sua vida permaneceu no estado de virgindade.

Esta virgindade significa nEle a consagração total e sem reservas a seu Pai: todas as suas energias, todos os seus pensamentos, todas as suas ações pertenciam a Deus. É por esta consagração total, (que em Jesus chegou até à união hipostática, em que a natureza humana não se pertence mais a si mesma, mas pertence diretamente à pessoa do Verbo,) que Cristo foi constituído Mediador entre o Céu e a Terra, entre Deus e os homens, ou seja: sacerdote. Assim a virgindade significa e realiza a consagração, essência deste sacerdócio de Cristo: em outras palavras, a virgindade de Jesus decorre do seu Sacerdócio e lhe está intimamente ligada. O padre (homem), participante do sacerdócio de Cristo, participa portanto igualmente da sua consagração total a Deus e, em consequência, da sua virgindade. O celibato consagrado do padre é, portanto, uma união íntima e cheia de amor com a virgindade de Jesus, sinal de sua total consagração ao Pai. Tal é a primeira e mais fundamental razão do celibato dos padres.

Se Jesus permaneceu virgem como expressão de sua consagração ao Pai, Ele o fez igualmente enquanto se ofereceu sobre a cruz por sua Igreja, a fim de torná-la uma Esposa gloriosa, santa e imaculada (Ef.5,25-27). A virgindade consagrada do sacerdote humano manifesta, pois, e prolonga da mesma maneira o amor virginal de Cristo pela Igreja e a fecundidade sobrenatural deste amor.

Esta disponibilidade de amar a Igreja e as almas se manifesta pela vida de oração do padre, pela celebração dos sacramentos e particularmente do Santo Sacrifício da Missa, pela caridade para com todos, pela pregação contínua do Evangelho, uma imagem da vida de Jesus. Cada dia, o padre, unido a Cristo Redentor, gera as almas para a fé e para a graça, e torna presente no meio dos homens o amor de Cristo por sua Igreja, significado pela virgindade. Se examinarmos não só a missão de Cristo na terra, mas a plena realização desta missão no Céu, descobriremos uma terceira causa de Sua virgindade e, consequentemente da do padre. De fato, a Igreja da terra é o germe da Igreja do Céu e ao mesmo tempo o sinal desta vida bem-aventurada. O que será a beatitude celeste é já visível, mas velado e como que em enigma, na vida terrestre da Igreja. Ora, como disse Nosso Senhor, “na ressurreição, não se tomará nem mulher e nem marido, mas todos serão como anjos de Deus”(Mat. 22,30). A virgindade será, portanto, o estado definitivo da humanidade bem-aventurada. Convém que, desde esta terra, o sinal dessa virgindade brilhe no meio das tribulações e das solicitações da carne. O celibato consagrado do sacerdote é, assim, a imagem daquele de Cristo, uma antecipação da glória celeste, uma prefiguração da vida dos eleitos e um convite aos fiéis para caminharem para a vida eterna sem se deixarem sobrecarregar pelo peso do dia.

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CONCLUSÃO

  • “A Igreja é casta, ela produz a castidade, e não há bons costumes sem a castidade. É a castidade que faz as famílias, as raças reais, o gênio dos povos fortes e duradouros. Onde não existe essa virtude, não há senão lama num túmulo. Se há aqui homens que não sejam meus irmãos na fé, eu queria apenas apelar para suas consciências e lhes perguntaria: Vós sois castos? Como teríeis a Fé se não sois castos? A castidade é a irmã mais velha da verdade; sede castos um ano e eu respondo por vós diante de Deus. É porque possuímos esta virtude que somos fortes. E bem sabem o que fazem aqueles que atacam o celibato eclesiástico, esta auréola do sacerdócio cristão. As seitas heréticas aboliram-no entre elas; esse é o termômetro da heresia: a cada degrau do erro corresponde um degrau, senão de desprezo, ao menos de diminuição desta virtude celeste” (Pe. Lacordaire, conf. de Notre Dame, T. 1, Conf. 2).

UM PRONUNCIAMENTO DEFINITIVO DO PAPA BENTO XV

  • “Jamais esta Sé Apostólica atenuará ou limitará esta lei santíssima e muito salutar do celibato eclesiástico e muito menos a abolirá” (A.A S., t. 12, 1920, p. 585).
Veritatis Splendor

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF