Translate

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Os efeitos da pandemia: uma pesquisa com os bispos católicos dos EUA

ORLANDO SIERRA | AFP
por John Burger

O Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado entrevistou bispos sobre as respostas à pandemia.

O Papa Francisco expressou seu desejo de que a Igreja seja um “hospital de campanha” para as almas feridas. Agora, essa imagem ganhou vida para muitos, já que a Igreja pode fornecer cuidados espirituais e físicos para uma sociedade que enfrenta uma grande emergência de saúde.

Mas o próprio “hospital de campanha” foi gravemente afetado pela mesma emergência de saúde e não é capaz de responder como gostaria. O quão afetada a Igreja está pela pandemia é o assunto de um novo relatório de uma agência de pesquisa em ciências sociais que serve a Igreja nos Estados Unidos.

Em uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado, os bispos dos EUA relatam que muitas arquidioceses, dioceses, eparquias, paróquias e escolas católicas foram fortemente afetadas pela pandemia de Covid-19, especialmente nas áreas de celebrações de sacramentos, ritos e preparação, bem como financeiramente. Uma proporção menor, mas ainda substancial, de dioceses relatam ter sido muito afetadas no campo do pessoal paroquial e diocesano e nas habilidades de suas organizações de caridade católicas para servir aos necessitados.

“Para enfrentar esses desafios, dioceses e eparquias promulgaram, emitiram e estão considerando uma ampla variedade de remédios, incluindo: orientação pastoral dos bispos sobre como atender às necessidades sacramentais e ao mesmo tempo aderir às diretrizes e ordenanças locais e estaduais, ajudando as paróquias a solicitar ajuda governamental, encorajando os paroquianos a considerarem doar às suas paróquias eletronicamente, oferecendo ajuda às escolas católicas com ensino à distância para os alunos, ajudando as paróquias a oferecer missas online, adaptando as contribuições que as paróquias pagam às suas dioceses, eliminando ou restringindo os programas diocesanos e fechando algumas escolas católicas ou paróquias”, disse a agência.

O Centro de Pesquisa relatou que quase metade dos bispos afirmou que o ânimo dos diáconos e padres foi fortemente afetado, com cerca de um quinto afirmando que o ânimo dos ministros eclesiais leigos, dos próprios bispos e dos funcionários da chancelaria foram “muito afetados”.

Além disso, cerca de um quarto dos bispos indicam que a capacidade da rede de caridade Catholic Charities de servir aos necessitados foi “muito afetada”.

A pesquisa deu aos bispos a chance de escrever sobre suas situações particulares, além de responder às perguntas de múltipla escolha. Em relação às questões financeiras, os bispos escreveram que estão mais preocupados com o fato de as paróquias não terem suas coletas regulares de ofertório desde que as igrejas foram fechadas ao público.

Estão também preocupados com a saúde financeira das famílias dos paroquianos, o pagamento dos funcionários da paróquia e da chancelaria a curto e longo prazo, e com a possibilidade de cortar programas paroquiais e diocesanos existentes.

Duas formas principais pelas quais as dioceses têm respondido a essas dificuldades são ajudando as paróquias a se candidatarem a programas federais e estaduais e encorajando os paroquianos a considerar a doação eletrônica em substituição às coletas de ofertório de suas paróquias.

“O que dioceses e eparquias têm sido relativamente menos propensas a considerar também é importante: o fechamento de algumas escolas primárias, escolas secundárias ou paróquias católicas (45%, 26% e 26%, respectivamente, o fizeram ou estão pensando em fazê-lo)”, afirmou o Centro de Pesquisa.

Aleteia



É verdade que muitos deuses pagãos nasceram em 25 de dezembro? Assim como Jesus?

Veritatis Splendor

Vem circulando pelas páginas [da Internet] uma imagem que afirma que muitos deuses ou profetas antigos nasceram em 25 de dezembro. Essa imagem tem por finalidade ridicularizar os cristãos, tentando relacionar a figura de Jesus Cristo com a de deuses pagãos antigos.

No entanto, qualquer pessoa com um pouco de honestidade intelectual sabe que referida imagem é um erro. Lamentavelmente, muitas pessoas não costumam investigar profundamente esses assuntos e se deixam levar tão somente pelo fato de que apareceu numa rede social.

Por essa razão, desmentiremos hoje essa imagem e apresentaremos todos os dados corretos.

JESUS DE NAZARÉ

A data exata do seu nascimento ainda é bastante debatida, porém a maioria dos historiadores se inclina a afirmar que a celebração do nascimento de Jesus em 25 de dezembro é devida à antiga celebração do nascimento anual do deus-Sol, no solstício de inverso (“natalis invicti Solis”), adaptada pela Igreja Católica no século III d.C. a fim de permitir a conversão dos povos pagãos. A Igreja Católica jamais ocultou essa versão nem constitui um problema para a nossa fé, já que nós católicos celebramos acontecimentos, não datas: celebramos que um dia Deus nasceu para nos trazer a salvação.

ZARATUSTRA

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Na verdade, ninguém sabe ao certo onde, nem quando nasceu. Entretanto, no Irã é celebrada uma festividade em sua honra no dia 26 de março, fazendo parte do Festival de Ano Novo iraniano.

HORUS

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Conforme o calendário do Antigo Egito, Horus teria nascido no verão.

KRISHNA

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Os hinduístas celebram o aniversário de Krishna em 28 de agosto.

BUDA

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Os budistas celebram seu aniversário em diferentes dias de maio, dependendo do ano. No Japão, é celebrado em 8 de abril.

HÉRCULES

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Os antigos gregos celebravam o nascimento de Hércules no 4º dia de cada mês grego.

DIONÍSIO

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Não há registros sobre uma data exata de nascimento.

ADONIS

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Não há registros sobre sua data de nascimento, nem tampouco há versões autorizadas sobre tal evento. Costuma-se a crer que foi gerado após a união incestuosa entre Tias, rei de Esmirna ou Síria, e sua filha Mirra.

TAMMUZ DA BABILÔNIA

Segundo sua mitologia, NÃO nasceu em 25 de dezembro. Contudo, os romanos o adotaram e atribuíram a celebração de sua vinda em 25 de dezembro, com o Festival de Inverno. Para os romanos, Tammuz era Saturno. Como dado adicional, Tamuz é também o nome do 11º mês do calendário hebraico moderno, equivalente a junho/julho do calendário gregoriano.

Veritatis Splendor

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O VALOR DAS BOAS OBRAS

Com. Sagrada Família

 Nesta noite escura da pandemia da Covid-19, o nosso país, o Brasil, está atravessando uma séria crise social e econômica e, por isso, muitas pessoas estão desempregadas e sem perspectivas de trabalho para os próximos dias ou meses. Desse modo, elas não conseguem se manter com a mínima dignidade possível e, assim, não vislumbram a esperança de dias melhores.

Com os olhos da fé, diante das necessidades do nosso próximo, nós devemos perceber que este tempo de pandemia é um momento favorável para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de santidade, a fim de que possamos realizar uma caridade efetiva sempre maior, “como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia”. (Prov 4,18).

Nestes dias, em que a caridade urge, o Cristo sussurra aos nossos ouvidos: “Fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca”. (Lc 6,35). Para realizarmos o bem, devemos estar atentos às necessidades do nosso próximo, observarmos bem suas carências, estarmos atentos ao que lhe está faltando, olharmos conscientemente, a fim de que possamos dar-nos conta da difícil realidade dos nossos irmãos.

O bem é tudo aquilo que suscita, protege, acolhe e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. O bem é um fruto da caridade, é uma percepção de que a atenção ao outro inclui que se deseje para ele a dignidade e a valorização em todos os aspectos: físico, moral e espiritual.

É sempre muito bom podermos ver que organizações não governamentais estão buscando os meios oportunos para socorrer aos pobres e aos excluídos por meio da doação de cestas básicas, equipamentos de proteção individual e, até mesmo, computadores e equipamentos eletrônicos para os estudantes carentes das escolas públicas.

Mas esse serviço não pode ser exclusivo das ONGS, pois, nós, fiéis cristãos, também devemos colaborar significativamente nesta empreitada. Com esse intuito, devemos perceber que  não podemos esperar o fim desta pandemia para irmos ao encontro das necessidades dos nossos coetâneos que gritam suplicando por piedade, pois para quem tem fome, sede, cansaço ou está doente, esperando uma ajuda samaritana – que nos impele a ver, sentir compaixão e cuidar – o socorro é para agora, para este exato momento e, por isso, hoje é um dia propício para ouvirmos o conselho do autor da Carta aos Hebreus que nos diz: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”. (Hb 10, 24).

Nós, fiéis cristãos, podemos e devemos levar os sinais da caridade de Jesus Cristo ao nosso próximo que habita as periferias de nossa cidade, por meio da doação de alimentos e de tudo aquilo que for preciso para o resgate da cidadania. Se agirmos assim, ao ver as nossas boas obras, o nosso próximo sentirá a necessidade de dar glória a Deus, ao descobrir o Seu amor inefável. Se agirmos assim, iremos testemunhar que somos pessoas eucarísticas, pessoas que deixam nosso Senhor Jesus Cristo agir em suas vidas e em suas ações, com a convicção de que Ele nos recompensará por todas as boas obras.

O nobre ideal de realizar boas obras deve ser para todos nós, nestes dias tão difíceis, uma necessidade de amor, um compromisso de santidade. Por conseguinte, ao sairmos da celebração da Santa Missa, mesmo usando máscaras que escondem o nosso rosto, as nossas mãos devem estar abertas para levar as bênçãos de Deus às atividades diárias e aos ambientes sociais. Ao sairmos da celebração da Santa Missa, devemos sentir em nossas almas o ardor da caridade que nos impele “a aspirar os dons mais elevados”. (1 Cor 12, 31). Na busca dos dons mais elevados, “a Eucaristia engaja-nos em relação aos outros, de maneira especial aos pobres, educando-nos a passar da Carne de Cristo para a carne dos irmãos, onde Ele espera ser por nós reconhecido, servido, honrado e amado”. (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1397).

Hoje, amanhã e sempre, nós devemos realizar boas obras com a consciência de que “cada um receberá a recompensa devida às obras boas ou más que tiver praticado enquanto estava revestido do seu corpo”. (2 Cor 5, 10). Não obstante o egoísmo e o individualismo de muitas pessoas que nos cercam, não podemos deixar de recorrer aos nossos amigos e familiares para que nos ajudem a socorrer os pobres, as paróquias e as comunidades em suas necessidades. Se for preciso, recorramos a eles, utilizando as palavras de Santa Dulce dos Pobres: “Uma ajudinha para os pobres”.

Que Deus nos ajude a oferecer ao nosso mundo, neste momento de tempestades que exige dos fiéis cristãos um renovado testemunho de amor e de fidelidade ao Senhor, o grato testemunho de que o Evangelho de Cristo entrou em nossos ouvidos, alcançou o nosso coração e chegou às nossas mãos para fazermos boas obras.

Que a Virgem Santa Maria, Nossa Senhora Serva, nos ajude a servir a Deus e à Igreja e nos fortaleça no aprendizado da caridade, na dedicação cotidiana da santidade e na concretização do serviço do amor que resplandece por meio das obras corporais e espirituais de misericórdia. Dessa maneira, realizando e praticando boas obras, nós iremos professar que cremos em Deus, que depositamos nossa confiança no Senhor, pois é Ele quem nos move e impulsiona a passar pelo mundo fazendo o bem, testemunhando, nestes dias de sombras em que vivemos, os belos raios do sol da aurora da esperança, que já estão despontando no belo horizonte do serviço caritativo da fé.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Em que ordem ler a Bíblia?

Aleteia
por Canção Nova

Há pessoas que abrem a Bíblia no início e começam a ler a partir do Gênesis. Elas, em geral, não passam do quinto livro. Desanimam e não retornam mais. E, o que é pior, acabam dizendo que é impossível, que não se consegue entender a Bíblia.

A Bíblia não é um simples livro. Ela é uma biblioteca de 73 livros. Eles são bem diferentes uns dos outros, têm os mais diversos estilos, foram escritos em épocas muito distantes e em situações muito diferentes.

Imagine-se chegando a uma biblioteca como essa e começando a ler o primeiro livro que encontrar na estante, passando para o segundo e assim por diante. Essa leitura não pode dar certo! Há pessoas que abrem a Bíblia no início e começam a ler a partir do Gênesis. Elas, em geral, não passam do quinto livro. Desanimam e não retornam mais. E, o que é pior, acabam dizendo que é impossível, que não se consegue entender a Bíblia. Mas, isso aconteceria com qualquer biblioteca do mundo!

É necessário um Plano de leitura. No início, há muita coisa que não se entende, o que é muito natural. Até na leitura de um romance acontece isso. Não pare por causa disso, prossiga! À medida que se vai lendo, as coisas vão se esclarecendo. É uma regra de ouro: a Bíblia se explica por si mesma. Por isso, é tão importante um plano de leitura.

Existem vários planos de leitura. Todos eles são bons, porque se baseiam num princípio. Apresento aqui um determinado plano. Ele se destina àqueles que desejam começar a ler a Bíblia e não têm outros recursos a não ser conhecer a Bíblia através dela mesma. Siga a ordem indicada aqui, ela faz parte do método.

Plano de leitura do Novo Testamento:

1  1ª Carta de São João (2 vezes)
2  Evangelho de São João
3  Evangelho de São Marcos
4As pequenas cartas de São Paulo:

  • Gálatas
  • Efésios
  • Filipenses
  • Colossenses
  • 1ª e 2ª Tessalonicences
  • 1ª e 2ª Timóteo
  • Tito
  • Filêmom
5  Evangelho de São Lucas
6  Atos dos Apóstolos
7  Carta aos Romanos
8  Evangelho de São Mateus
9  1ª e 2ª Carta aos Coríntios
10  Hebreus
11  Carta de São Tiago
12  1ª e 2ª Carta de São Pedro
13  2ª e 3ª Carta de São João
14  Carta de São Judas
15  Apocalipse
16  1ª Carta de São João (3ª vez)
17  Evangelho de São João (2ª vez)

Por que começar pela 1ª carta de São João?

A primeira necessidade de um cristão é ter certeza de sua salvação. É saber que Deus o ama e o escolheu. Gratuitamente, sem nenhum merecimento seu. Deus o pôs na lista daqueles que quer salvar. Foi uma escolha gratuita! Amorosa! Sem merecimento! Saber disso nos dá a certeza da salvação. E todo cristão precisa tê-la.

Dos 73 livros da Bíblia, só essa pequena carta foi escrita com esse propósito: o de nos dar a certeza da salvação. Na conclusão de sua carta, São João diz: “Isto vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna, vós que credes no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5, 13). Lendo e relendo, você vai se convencendo desta feliz realidade: você é salvo! Você é escolhido!

Leituras dos livros do Antigo Testamento

“Traze sempre na boca as palavras deste livro da lei; medita-o dia e noite, cuidando de fazer tudo o que nele está escrito; assim prosperarás em teus caminhos e serás bem-sucedido (Josué 1,8).

Comece a leitura pelos três livros sapienciais: Sabedoria, Eclesiástico e Provérbios. São livros muito próximos ao Novo Testamento e fontes de ricos ensinamentos. Leia, juntamente, o livro dos Salmos. O portal de entrada do Antigo Testamento são os Salmos. Faça deles o seu livro de cabeceira. Eu já lhe disse que vale a pena ter uma edição de bolso do Novo Testamento para você levar consigo continuamente e ir lendo nos momentos livres.

De qualquer maneira, o que quero acentuar aqui é que você deve trabalhar com os Salmos independentemente de alguma ordem específica. Sempre que se sentir impelido a isso, leia um Salmo. Faço o seu diário sobre ele, sem receio de interromper o trabalho que estiver fazendo na sequência. Salmo é como fruta: comemos a qualquer hora, pouco importando as refeições. E nunca faz mal. Sempre faz bem.

Neste ponto você já estará muito mais livre e criativo para a execução do seu diário.
Não deixe de fazê-lo. Você poderá fazer um verdadeiro estudo vivencial de cada capítulo
desses livros sapiências e de cada Salmo. Será muito rico.

Os livros do Antigo Testamento serão lidos na ordem cronológica: das origens até a
vinda de Cristo.

Plano de leitura do Antigo Testamento

1  Gênesis24  Esdras
2  Êxodo25  Neemias
3  Números26  Ageu
4  Josué27  Zaracarias
5  Juízes28  Isaías (56-66)
6  1° Samuel29  Malaquias
7  2º Samuel30  Joel
8  1º Reis31  Jonas
9  2º Reis32  Rute
10  Amós33  Tobias
11  Oséias34  Judite
12  Isaías (1-39)35  Ester
13  Miquéias36  Eclesiástico
14  Naum37  Cânticos dos Cânticos
15  Sofonias38  Jó
16  Habacuc39  Eclesiastes
17  Jeremias40  1º Macabeus
18  Lamentações41  2º Macabeus
19  Ezequiel42  Baruc
20  Abdias43  Daniel
21  Isaías (40-55)44  Sabedoria
22  1º Crônicas45  Levítico
23  2º Crônicas46  Deuteronômio

 

Artigo extraído do livro ‘A Bíblia no meu dia-a-dia‘ de monsenhor Jonas Abib.

Aleteia

HAGIOGRAFIA: O Profeta Santo Elias (Parte 2/9)

 

Ecclesia

O Profeta Santo Elias

Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN

2. Elias na tradição judaica

É do conhecimento geral que o profeta "arrebatado" ao céu ocupa um lugar importante na haggada. Essa ilustra e amplia com elementos legendários, às vezes simplistas, e com considerações teológicas os textos bíblicos relativos à vida terrena de Elias; porém, se detém especialmente em seu arrebatamento e sua atividade celestial, sobre suas aparições na terra como benfeitor dos pobres e amigo dos humildes, como socorredor e libertador dos fiéis em toda situação extrema, como amigo dos sábios e estudiosos da Torah, devido o seu zelo por ela, e finalmente como precursor do Messias.

Quando o anjo da morte apareceu para levar Elias, este se encontrava conversando com Eliseu sobre a Torah. Como não lhe era permitido interromper o estudo [da Torah], Satanás se pôs na espera; porém, num relance, um carro de fogo puxado por cavalos de fogo se interpôs entre Elias e seu discípulo. Elias subiu nele e foi arrebatado ao céu em um turbilhão. Satanás foi então protestar diante de Deus pela não acontecida morte de Elias; porém antes de começar a falar, Deus o preveniu: "Eu criei os céus precisamente para que Elias pudesse subir a eles". O anjo insistiu e o Eterno permitiu que houvesse uma luta entre Satanás e Elias. O profeta saiu vencedor e pediu a Deus permissão para aniquilar a seu adversário. A permissão não lhe foi dada porque a derrota definitiva de Satanás deverá acontecer no final dos tempos (Zohar hadash Ruth 1, 1; Sepher Elijahu, p. 19).

Esta idéia da translação, inclusive corporal, seguiu sendo a mais comum (cf. Pesiq. 9 [séc. II]). “Se Adão não tivesse pecado, ficaria sempre vivo?”, pergunta-se o rabino Jehuda bar Hai, e ele mesmo responde: "É exatamente o que aconteceu com Elias porque este não pecou".

Porém em outros textos (cf. Zohar Bresit, 137; Sepher Ha-pardes, 24,4) se afirma que Elias deixou seu corpo material para tomar outro luminoso: "Como Elias pôde subir e habitar os céus que não sustentam nem um grão de trigo?". O rabino Simão bar Jochai responde: "Encontrei escrito: entre os que nasceram neste mundo, haverá um espírito que baixará sobre a terra e vestirá um corpo. O seu nome é Elias. Ele voltará a subir ao céu, seu corpo permanecerá no turbilhão e seu espírito revestirá um corpo luminoso para que possa habitar entre os anjos".

Recordemos a este respeito a refutação apresentada por S. Epifânio, justamente contra a idéia tão difundida entre os judeus, de que Elias era um anjo (PG, XLI, col. 976). Tampouco faltam textos que negam qualquer translação de Elias ao céu: "O segundo ano de Ocozias - dizia o rabino José bar Halaphta, discípulo do rabino Aqiba - Elias foi escondido [nignaz], e aparecerá de novo com a vinda do Rei Messias" (Seder Olam Rabba). Com o verbo nignaz, o rabino (do séc. II) insinua que Elias continua vivendo na terra, porém ocultamente. Esta parece ser a concepção de Flávio Josefo (Ant. IX, 2, 2), a das traduções dos Setenta e do Targum (2Rs 2, 1), e provavelmente do texto hebraico do Eclesiástico 48,9.

Entretanto, a opinião comum coloca Elias no céu ou no Paraíso, no alto, com os anjos, onde lhe estão confiadas várias incumbências: a de escrivão celestial (escreve os nomes dos justos e suas boas ações no livro da vida), a de guia das almas (está no caminho que leva ao Paraíso esperando as almas dos justos para acompanhá-las ao lugar que lhe é destinado), e a de intercessor em favor de Israel.

Elias, além disso, desce com freqüência à terra: "Se os cães latem alegres, é porque Elias não está longe; se os cães gemem tristemente, o anjo da morte se acerca" (Bab. Kam. 60b). Os relatos de suas aparições entre os homens constituem lendas, as vezes alegres e instrutivas, que inculcam o amor à justiça e a fé na Providência.

O rabino Kahana (séc. III) ganhava o sustento vendendo cestos às mulheres. Um dia, ao entrar numa casa, foi convidado a pecar; para fugir, subiu pela escada e se jogou do terraço. Porém Elias interveio para salvar sua vida. "Você me obrigou a me deslocar quatrocentas léguas", lhe disse Elias. E o rabino retrucou: "O que é que me conduziu a esta situação senão minha pobreza?". O profeta então lhe deu um jarro cheio de moedas de ouro (Midr. Prov., 9, 62).

Porém a função essencial de Elias é a de precursor do Messias. Esta crença se fundamenta na profecia de Malaquias (3,23-24), que há muito tempo era entendida neste sentido. Esta crença era comum entre o povo no tempo de Jesus, como o demonstram as numerosas perguntas sobre a vinda de Elias (Mt 17,10ss. e lugares paralelos; Lc 1,17; Jo 1,21.25). É estranho que os apócrifos não contenham nenhuma predição sobre a função do precursor: unicamente se diz que então aparecerão os homens que estavam mortos (IV Esd 4,26; II Bar 13,3).

A tradição rabínica, pelo contrário, atribui a Elias uma atividade considerável nos primeiros atos da restauração (cf. a este respeito os numerosos textos oferecidos por H. Strack-P. Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament, aus Talmud und Midrash, IV München 1928, p. 779-98; J. Bonsirven, Le judaïsme palestinien..., I, Paris 1935, p. 357-59; M.-J. Strassny, v. bibl.).

Para os judeus, Elias não é um personagem do passado: está presente e acompanha Israel em seu longo e penoso peregrinar; está vivo na piedade judaica individual, como o mais próximo e familiar dos protetores celestiais. No rito da circuncisão, ainda hoje em dia, se deixa sempre um lugar vazio: é o lugar de Elias.

FONTE:

Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)

Ecclesia

O nome de Jesus era realmente “Jesus”?

UOL
por Daniel R. Esparza

A profecia não afirma que ele seria chamado de “Emanuel”?

Os estudiosos sérios concordam que Jesus existiu historicamente, que ele era um judeu da Galileia que foi batizado por João Batista e começou seu próprio ministério logo depois. Eles também concordam quando afirmam que ele pregou oralmente, foi referido como “rabino”, e não deixou documentos escritos de sua autoria.

A maioria desses estudiosos também afirma que Jesus foi preso, julgado e executado pelas autoridades romanas. Em suma, a pesquisa científica arqueológica, histórica e bibliográfica afirma que havia uma figura histórica com o nome de Jesus que viveu cerca de 2.000 anos atrás.

Mas seu nome era realmente Jesus? Enquanto todos os Evangelhos, os primeiros textos cristãos e os historiadores da Antiguidade de fato se referem a ele como “Iesous” (uma transliteração grega do nome hebraico original “Joshua”), algumas aparentes discrepâncias nos próprios Evangelhos podem iluminar esta questão.

Evangelhos

Vamos dar uma olhada nos Evangelhos de Mateus e Lucas.

O Evangelho de Mateus começa com uma genealogia de Jesus que vai desde Abraão, passando por Davi até chegar em José, apresentando assim Jesus como membro da Casa de Davi. No entanto, Mateus também indica que José não é o pai natural de Jesus. Só se encontra uma ocasião no Evangelho de Mateus em que Jesus é referido como “o filho do carpinteiro” (cf. Mateus 13, 55). Por outro lado, seu Evangelho diz claramente que Maria estava prometida a José quando ele a encontrou “com o filho do Espírito Santo”. José estava prestes a romper o noivado quando um anjo apareceu para ele em sonhos, revelando a origem divina da criança. Lê-se em Mateus 1, 22-23):

José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco.

Mas por que o anjo está dizendo a José para chamar a criança de “Jesus”, se a profecia diz claramente que  eles o chamarão de Emanuel? Parece haver alguma confusão angelical aqui, já que o anjo também diz a Maria, no Evangelho de Lucas (cf. Lc 1, 30-31):

O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.

Emanuel

Os anjos teriam errado em algo?

Não necessariamente. Há uma diferença entre “como ele será chamado” (“Emmanuel”) e o “nome propriamente” (“Jesus”). Para resolver esse aparente quebra-cabeças, precisamos dar uma olhada mais de perto no nome Emanuel e na tradição bíblica.

A primeira vez que o nome “Emanuel” aparece na Bíblia está no livro de Isaías, nos capítulos 7 e 8. No entanto, o nome aqui não tem nenhum significado messiânico, à primeira vista. Ele simplesmente aparece listado entre outros nomes, como um sinal da proteção de Deus sobre a Casa de Davi durante um período de guerra.

Isaías respondeu: Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco. Ele será nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.

Embora haja discussão sobre o que o profeta quis dizer, a tradição rabínica e alguns estudiosos consideram que ele estava apontando para o fato de que o nome “Deus conosco” era um gesto de agradecimento pela proteção de Deus durante tempos difíceis. No entanto, o Evangelho de Mateus entende esse texto de maneira diferente, como profetizando a vinda do Messias, a Encarnação de Deus, literalmente “Deus conosco”.

Jesus

Então, por que o nome Jesus?

O nome Yeshua (a forma original do nome hebraico, sendo ele mesmo uma derivação de Yehoshua) era relativamente popular na Judeia no tempo de Jesus. Encontramos nas obras de Flavius ​​Josephus, historiador do século I, pelo menos 20 pessoas diferentes chamadas de Iesous. Além disso, ele não é o primeiro personagem a se chamar Yeshua (Joshua) na Bíblia (recorde-se o livro de Josué no Antigo Testamento). O nome, etimologicamente, significa “Deus salva”, “Yahweh é salvação”, “Yah salva”. Este é realmente o nome que todos os Evangelhos usam para se referir a Jesus.

Isso significa que Jesus tinha dois nomes?

Bem, esse não é o caso. Um judeu nos dias de Jesus teria apenas um nome, às vezes seguido por “filho de” e pelo nome do pai (é assim que Filipe se refere a Jesus, “Jesus filho de José de Nazaré” no Evangelho de João) ou pela cidade natal da pessoa (como em Marcos 10, 47, “Jesus de Nazaré”).

A resposta é que “Emanuel” é mais um título do que um nome, exatamente como “Cristo”.

O texto de Isaías também explica que o Messias será chamado “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Isaías 9, 5). Jeremias diz explicitamente que “o rei que reinará sabiamente” será chamado de “o Senhor é a nossa justiça”. Naturalmente, nenhum desses nomes são em si nomes verdadeiros. Estes são atributos que descrevem quem é o Messias. Em hebraico, “ser chamado” e “ser” geralmente significa a mesma coisa, então “ser chamado Emanuel” significa, no fim, que “ele será o Deus vivendo com e entre nós”. Por natureza, ele é o Emanuel. Por nome, ele é Jesus, “o nome acima de todos os nomes” (cf. Filipenses 28, 11).

Aleteia

Qual era o verdadeiro nome de Maria?

Giovanni Battista Salvi Sassoferrato | Public Domain
por Philip Kosloski

O nome original tem origem na língua hebraica e é carregado de simbolismo.

Tanto Jesus quanto Maria tinham nomes originalmente em hebraico ou aramaico e com profundo significado espiritual.

De acordo com a Enciclopédia Católica, a forma hebraica do nome de Maria é Miriam (ou Myriam) e pode ter sido seu nome verdadeiro.

No entanto, ao longo dos anos, o nome passou por várias traduções, à medida que a Bíblia se espalhava pelo mundo.

O nome “Miriam” é mais próximo do hebraico original do que o latim “Maria”. Além disso, a definição original do nome foi considerada por muitos estudiosos e santos como tendo um grande simbolismo.

Alguns estudiosos da Bíblia interpretaram o prefixo “mar” no nome de Maria como “gota do mar”. São Jerônimo o traduziu do latim como stilla maris, que mais tarde foi alterado para stella (estrela) maris. Isso explica o título popular de Maria como “Estrela do Mar”.

São Boaventura adotou muitos desses significados e combinou seu simbolismo, dando a cada um seu próprio significado espiritual:

“Este nome santíssimo, doce e digno foi eminentemente adequado a uma virgem tão sagrada, doce e digna. Maria significa mar amargo, estrela do mar, a iluminada ou iluminadora. Maria é interpretada como Senhora. Maria é um mar amargo para os demônios; para os homens, ela é a estrela do mar; para os anjos ela é iluminadora, e para todas as criaturas ela é a senhora.”

Não foi por acaso que Deus escolheu uma mulher chamada “Miriam” e o fez com a história e o significado em mente.

Aleteia

Líderes pró-vida alertam sobre agenda abortista de Biden-Harris para os primeiros 100 dias

Joe Biden. Crédito: Wikipedia (CC BY-SA 2.0)

WASHINGTON DC, 15 set. 20 / 11:00 am (ACI).- Os líderes pró-vida nos Estados Unidos alertaram sobre a agenda abortista que Joe Biden e Kamala Harris, candidatos à presidência e à vice-presidência respectivamente, implementariam em seus primeiros 100 dias de chegada ao poder.

Embora boa parte do futuro da luta pró-vida no país esteja relacionado à revisão ou reversão da sentença Roe vs. Wade, que legalizou o aborto em 1973, os líderes explicaram que a presidência tem em suas mãos uma série de nomeações e decisões que definitivamente afetarão a causa pró-vida nos Estados Unidos, alguns dos quais poderiam acontecer imediatamente.

Joseph Meaney, presidente do Centro Nacional Católico de Bioética, disse à CNA, agência em inglês do Grupo ACI, que Biden assumiu "a postura mais extrema no tema do aborto".

Meany destacou que, com esta postura, Biden retirou seu apoio anterior à Emenda Hyde - que proíbe o uso de fundos dos contribuintes para procedimentos de aborto - e "basicamente indicou com esse anúncio que não teria nenhuma postura, forma ou caminho pró-vida".

“Podemos esperar que tudo o que aconteceu durante o Governo de Obama aconteça novamente”, lamentou.

Biden já expressou sua intenção de restabelecer algumas ações que eliminariam a proteção à objeção de consciência de organizações religiosas como as Irmãzinhas dos Pobres, obrigando-as a fornecer medicamentos abortivos e esterilização a seus empregados em coberturas de planos de saúde, o que as levou a uma longa batalha judicial.

Meany também advertiu que uma Administração Biden rescindiria quase imediatamente a chamada política da Cidade do México. Implementada pela primeira vez pela administração Reagan, esta política proíbe o uso de fundos federais para promover o aborto fora do país. A atual administração Trump a estendeu para incluir outras formas de ajuda à saúde no exterior.

Tom McClusky, presidente da March for Life Action, disse à CNA que reverter essa política poderia se tornar uma espécie de cerimônia para seu primeiro dia no cargo de presidente, ou poderia até mesmo esperar pelo aniversário de Roe vs Wade no final de janeiro, que seria "uma semana depois".

Meany comentou que, com esse apoio ao aborto, provavelmente “o maior impacto poderia ocorrer no Departamento de Saúde e Serviços Humanos, particularmente no gabinete dos direitos civis”.

O líder explicou que as pessoas nomeadas pela presidência também poderiam "reduzir drasticamente a ajuda que as pessoas esperam receber em alguns assuntos de consciência".

Em sua opinião, o Governo Biden poderia bloquear a tentativa de alguns estados de não financiar a organização de aborto Planned Parenthood, e várias restrições ao acesso ao aborto químico ou medicamentoso poderiam ser removidas.

Outras medidas poderiam ser converter a sentença Roe v Wade em lei federal e reverter a Emenda Hyde. Essas medidas poderiam acontecer "rapidamente".

McClusky também disse que se o Senado tiver maioria democrata, junto com a maioria na Câmara dos Representantes, então, poderiam facilmente passar para outras medidas em favor da agenda do aborto.

“Uma vez que isso aconteça, significa que a Emenda Hyde acabou. A Emenda Helms [que também limita o financiamento do aborto no exterior] também seria extinta”, acrescentou.

“Essa é uma ameaça real para os pró-vida”, concluiu.

Publicado originalmente em CNA.

ACI Digital

SS. CORNÉLIO, PAPA E CIPRIANO, BISPO, MÁRTIRES

ACI Digital

A comemoração destes dois mártires, no mesmo dia, é muito antiga. O Martirológio de São Jerônimo já os celebrava juntos. Esta data escolhida indica, em particular, a renúncia ao trono papal do primeiro e a morte do segundo por decapitação.

Cornélio, o Papa da mansidão

Em Roma, no ano 251, após alguns anos de cargo vacante, devido à perseguição de Décio, Cornélio foi eleito Papa: era um romano, talvez de origens nobres, mas, certamente, reconhecido como homem de fé, justo e amoroso. Porém, a sua eleição não foi aceita pelo herege Novaciano, que se fez consagrar antipapa e promoveu um cisma precisamente na Cidade de Roma. Cornélio - que apoiava à distância o Bispo Cipriano – foi acusado de ser muito manso com os "lapsos": estes eram apóstatas, que retornavam à Igreja, sem as devidas penitências, mas simplesmente com a apresentação de um certificado de reconciliação, obtido de algum suposto confessor. Além do mais, uma epidemia abateu-se sobre Roma e, depois, teve início também a perseguição anticristã de Galo. O Papa Cornélio foi exilado e preso em Civitavecchia, onde faleceu, mas foi sepultado nas catacumbas de São Calisto, em Roma.

Cipriano, Bispo convertido

Cipriano nasceu em Cartago, no ano 210: era um hábil retórico, que exercia a profissão de advogado. Certo dia, ao ouvir a palavra de Jesus, converteu-se ao Cristianismo. Transcorria o ano 246. Graças à sua fama de intelectual, foi imediatamente ordenado sacerdote e consagrado Bispo da sua cidade. Mas, em Cartago, a situação dos cristãos não era fácil: agravaram-se as perseguições de Décio, depois de Galo, Valeriano e Galieno. Assim, muitos fiéis, ao invés de morrer, decidiram voltar ao paganismo. Com o tempo, alguns se arrependeram, mas a conduta de acolhida e benevolência do Bispo Cipriano com eles não foi aceita pelos rigoristas. Envolvido na contenda dos "lapsos", lutou contra o Padre Novato, que apoiava o antipapa Novaciano, e contra o diácono Felicissimo, que havia eleito Fortunato como antibispo. Em 252, Cipriano conseguiu convocar um Concílio em Cartago para condená-los, enquanto o Papa Cornélio, em Roma, confirmava a excomunhão deles. Durante a perseguição de Valeriano, o clandestino Cipriano retornou a Cartago, para dar testemunho da fé, mas ali foi martirizado.

Vatican News

terça-feira, 15 de setembro de 2020

HAGIOGRAFIA: O Profeta Santo Elias (Parte 1/9)

Ecclesia

O Profeta Santo Elias

Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN

1. A figura de Elias

próprio nome Elias, que significa "Yahweh é Deus" ou "Yahweh é meu Deus", já expressa seu caráter e sua função na história bíblica. Ele foi um campeão do monoteísmo de Yahweh. É ele quem mantém a fé em Yahweh entre o povo e quem luta com vigor pelos Seus direitos. Sua árdua luta contra todo sincretismo religioso faz deste profeta, que "surgiu como fogo e cuja palavra queimava como uma tocha", uma figura de primeira linha na sucessão das duas Alianças. Enquanto o livro do Eclesiástico (48,1-11) canta suas glórias, os livros dos Reis nos contam sua vida de forma ampla. Nesta narração distinguem-se dois ciclos: "o ciclo de Elias" (1Rs 17 - 2Rs 1,18), que se centra na atividade do profeta, e o "ciclo de Eliseu" (2Rs 2-13), que começa com o arrebatamento de Elias, momento em que Eliseu o sucede.

Originário de Tesbi, Elias exerceu seu ministério no reino do Norte, no século IX a. C., em tempos de Acab e de Ocozias.

Primeiro descendente da família de Amri, Acab, que subiu ao trono no ano de 874 a. C., havia desposado Jezabel, filha de Etbaal, rei de Tiro e grande sacerdote de Astarté (1Rs 16,31). Acab pagou as vantagens políticas dessa união submetendo-se à vontade de Jezabel, que demonstrou dominar seu marido impondo-lhe violentamente o culto à Baal e fazendo-o matar a Nabot, que o impedia de estender suas propriedades na zona de Jezrael (1Rs 21,1-16).

Nestas circunstâncias chega Elias, enviado pelo Senhor, para anunciar a Acab a lei do talião (1Rs 21,21-24), lei que depois, por causa da penitência pública do rei, foi aplicada somente à sua mulher e aos seus filhos (1Rs 21,29; 2Rs 9,7-10.26.36-37). A ira de Jezabel contra Elias se desencadeia com a matança dos profetas de Yahweh (1Rs 18,4.13; 19,10). Elias respondeu anunciando uma seca de três anos, durante os quais ele se refugiou primeiro na torrente de Carit, na Transjordânia, onde os corvos o alimentaram, e depois em Sarepta, 15 quilômetros ao sul de Sidônia, onde uma viúva lhe deu de comer; Elias multiplicou milagrosamente o azeite e a farinha dessa viúva e também ressuscitou seu filho (1Rs 17).

A prova indiscutível de que "o Senhor é o verdadeiro Deus" acontece no confronto que Elias estabelece com Baal de Jezabel, em um lugar que uma antiga tradição situa em El-Muhraqah, a sudeste do monte Carmelo. No momento em que Elias rezava, um raio queima o holocausto oferecido a Yahweh, enquanto que os gritos, as danças e as mutilações dos 450 profetas de Baal não obtinham resultado algum. Como conseqüência disto os profetas do ídolo são degolados junto à torrente Quison (1Rs 18). Para evitar a vingança de Jezabel, Elias deve fugir para o sul, onde é milagrosamente alimentado por um anjo e alcança o monte Horeb. Já no cume de Gebel Musa, numa teofania recebe uma tríplice missão: a de investir Hazael como rei de Damasco, a Jeú como rei de Israel e a Eliseu como profeta (1Rs 19). Morto Acab (852 a. C.) num combate em Ramot de Galaad, (1Rs 22,1-40), lhe sucede seu filho Ocozias. E quando este, após sofrer um grave acidente, envia mensageiros para que consultem a Baal-Zebub, deus de Acaron, se irá sarar, Elias intervém novamente e lhes anuncia a morte do rei (2Rs 1,2-4).

Chegando ao fim de sua vida, Elias deixa Gálgala, acompanhado por Eliseu e um grupo de profetas, faz paradas em Betel e Jericó. Ao rio Jordão atravessa a pé enxuto, dividindo as águas com seu manto. Apenas Eliseu, destinado a sucedê-lo, é quem o segue. O fim misterioso de Elias é descrito como um arrebatamento por um carro de fogo (2Rs 2,2-13). Desta descrição se originou a antiga crença hebraica de que o profeta haveria de regressar antes do "Grande dia de Yahweh" ou da "parusia" do Messias, crença que encontrou eco inclusive entre os Padres da Igreja e entre escritores eclesiásticos (Mc 6,14-16; 9,11; Lc 9,7ss.; Jo 1,21; Enoc etíope 89,52; 90,31; IV Esdras 6,26; Justino, Dial. 8,4; 49,1).

O prudente parecer expressado por Flávio Josefo (Ant. IX, 2, 2): "Elias desapareceu dentre os homens e, até o dia de hoje, nada se sabe sobre sua morte", e sobre tudo a atitude de Jesus, relatada nos Evangelhos, nos leva a considerar a descrição do arrebatamento de Elias como um caso de êxtase profético de Eliseu para significar a especial assistência divina na morte do profeta. Na realidade, o fim de Elias está descrito tal como apareceu aos olhos de Eliseu (cf. 1Mac 2,58) que foi o único que presenciou: Elias desapareceu em um turbilhão. O mesmo verbo laqah (=tomar), usado para indicar o arrebatamento de Elias, expressa em outros lugares a intervenção de Deus na morte serena do justo (Gn 5,24; Salmo 49,16; Is 53,8). Os demais elementos são simbólicos: pensa-se, por exemplo, na visão que teve S. Bento da alma de sua irmã, Santa Escolástica, que voava ao céu como uma pomba, no mesmo dia de sua morte.

Em Malaquias 3,1-24 (hebr. 4,5ss) se diz que Elias virá como precursor do Messias. Esta profecia se realiza em João Batista (Lc 1,17), que é o precursor profetizado (Mt 11,10; 17,10-13). Ele encarnou o "caráter forte" de Elias, o qual foi tão só sua figura. Também Jeremias (23,5) e Ezequiel (34,23) preanunciaram o Messias chamando-o "meu servo (de Yahweh), Davi".

Na transfiguração de Jesus no Tabor, Elias aparece junto com Moisés (Mc 9,2-8; Mt 17,1-8; Lc 9,28-36), também favorecido por uma teofania no Sinai. Elias permanece ligado a Moisés na Antiga Aliança, da qual um é o legislador que a conclui, e o outro é o profeta que a conserva intacta e pura. A presença de ambos no Tabor é destinada a testemunhar, na antecipada exaltação de Jesus, que a nova Aliança é o coroamento da Antiga.

Elias, finalmente, é apresentado também no NT como modelo de oração eficaz. (Tg 5,17). 

Tarcisio Stramare

FONTE:

Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)

Ecclesia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF