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sábado, 19 de setembro de 2020

Papa a jornalistas cristãos: a narração do belo alimenta o mundo de esperança

Vatican Media

Sobretudo neste período difícil da pandemia, os profissionais especializados da mídia cristã são chamados a “oferecer um testemunho novo no mundo da comunicação sem esconder a verdade ou manipular a informação”, disse Francisco a uma delegação de jornalistas belgas recebidos nesta sexta-feira (18), no Vaticano. Uma comunicação que fale da beleza e da ternura que mora em nós, “porque só quando o futuro é aceito como uma realidade positiva e possível, é que o presente também se torna habitável”.

Andressa Collet – Vatican News

O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira (18), no Vaticano, uma delegação de profissionais provenientes da Bélgica que trabalha para a revista semanal cristã “Tertio”, por ocasião dos 20 anos de atividades que permitiram fazer “uma boa reputação”. E justamente sobre o nome do veículo de comunicação, o Pontífice fez questão de enaltecer que “Tertio” faz referência à Carta Apostólica de São João Paulo II, de 1994, isto é, “Tertio millennio adveniente”, relativa à preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000 para “acolher Cristo e a sua mensagem libertadora”. Uma menção, portanto, que apela à cultura do encontro, à esperança e dá voz à Igreja e aos intelectuais cristãos num cenário mediático cada vez mais secularizado, explicou o Papa.

A contribuição da mídia especializada

O discurso de Francisco, então, discorreu sobre a importância da informação na sociedade de hoje, em especial da contribuição da mídia especializada na vida da Igreja, para o crescimento de um novo modo de vida, livre de todas as formas de preconceito e de exclusão”: “quando é de qualidade, (a informação) nos permite compreender melhor os problemas e os desafios que o mundo enfrenta, e inspira os comportamentos individuais, familiares e sociais”.

O Papa chegou a fazer referência à Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano quando falou da necessidade que temos de uma “narração humana, que nos fale de nós e do belo que mora em nós”, em meio  à atual “confusão de vozes e de mensagens que nos rodeiam”. E “os protagonistas dessa ‘narração’”, disse Francisco ao grupo belga, são os profissionais da mídia cristã.

“A comunicação é uma missão importante para a Igreja. Os cristãos empenhados nesse campo são chamados a pôr em prática de uma forma muito concreta o convite do Senhor para ir ao mundo e anunciar o Evangelho (cf. Mc 16,15). Devido à sua elevada consciência profissional, o jornalista cristão deve oferecer um testemunho novo no mundo da comunicação sem esconder a verdade ou manipular a informação.”

A narração do belo hoje para o futuro de esperanças

Francisco também recorreu a João Paulo II para enaltecer como a Igreja olha para os profissionais de comunicação com confiança e expectativa porque são “chamados a ler e interpretar o tempo presente e a identificar os percursos para uma comunicação do Evangelho segundo as linguagens e a sensibilidade do homem contemporâneo". E o Papa, então, exortou ao universo cristão da comunicação:

“O profissional de informação cristã deve, portanto, ser um portavoz de esperança, um portador de confiança no futuro. Porque só quando o futuro é aceito como uma realidade positiva e possível, é que o presente também se torna habitável. Essas reflexões podem inclusive nos ajudar, especialmente hoje, a alimentar a esperança na situação de pandemia que o mundo está atravessando. Vocês são semeadores dessa esperança em um amanhã melhor. No contexto desta crise, é importante que os meios de comunicação social contribuam a garantir que as pessoas não fiquem doentes de solidão e possam receber uma palavra de conforto.”

Vatican News



sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Diocese de Coimbra celebra 700 anos do culto da Imaculada Conceição

Imaculada Conceição / Crédito: Wikimedia Commons

COIMBRA, 18 set. 20 / 12:31 pm (ACI).- O Bispo de Coimbra, Dom Virgílio do Nascimento Antunes, publicou uma nota pastoral por ocasião dos 700 anos do culto da Imaculada Conceição em Portugal, antes mesmo da definição dogmática proclamada pelo Papa Pio IX, em 1854.

“No dia 17 de outubro de 1320, o bispo de Coimbra, D. Raimundo Evrard, institui a festividade da Conceição de Maria, isto é ‘o dia em que a Virgem Gloriosa Santa Maria, foi concebida’, e manda que se celebre todos os anos a 8 de dezembro na Basílica de Santa Maria de Coimbra, hoje, a Sé Velha”, recorda o Prelado em sua nota pastoral.

Segundo assinala Dom Virgílio, “ainda longe de encerradas as discussões teológicas acerca da Imaculada Conceição da Virgem Maria, que durou muitos séculos, estava já, de algum modo, a fazer-se o caminho que culminaria na definição dogmática proclamada pelo Papa Pio IX, em 1854”.

“Portugal, à semelhança de outras nações da Europa, insere-se de tal modo nesse percurso, espontâneo e popular, por um lado, académico e doutrinal, por outro, acerca de Maria que, a proclamação da Imaculada Conceição como sua rainha e padroeira pelo rei D. João IV, em 1646, é ponto de chegada de um caminho já feito e abertura para uma filial história futura”, ressalta.

Nesse sentido, o Bispo lança um convite a “toda a comunidade diocesana” para que, “em momento tão significativo e festivo”, faça de tudo “para revigorar o culto devido à Mãe de Deus e nossa Mãe, invocada sob o título de Imaculada Conceição”.

“Celebremos festivamente e aproveitemos este tempo de graça para colher tudo o que Maria tem para nos ensinar como Mestra da fé, Estrela da Evangelização, Testemunha de Santidade no Seu amor a Cristo e à Palavra de Deus, Serva Fiel do Senhor, Modelo e Imagem da Igreja, que acolhe o Espírito Santo”, afirma.

Programa comemorativo

Em uma coletiva de imprensa na quinta-feira, 17 de setembro, foi apresentado o programa comemorativo dos 700 anos do culto da Imaculada Conceição, celebração que, para Dom Virgílio, “é um momento de muita relevância para a história e para a vida” de Coimbra e de Portugal.

“A partir deste lugar tão emblemático e tão significativo cresceu, desenvolveu-se, propagou-se o culto da Imaculada Conceição em Portugal. Com certeza fazendo-se eco do que já ia acontecendo em vários países da Europa”, declarou.

Por sua vez, o vigário-geral e vice-presidente do Cabido da Diocese de Coimbra, cônego Pedro Carlos Lopes de Miranda, destacou na apresentação do programa que o “núcleo vital” é a nota pastoral de Dom Virgílio Antunes e também a Santa Missa no dia 8 de dezembro, na Sé Velha.

Trata-se, explicou, da “celebração da fé, celebração da fé da Igreja nesta verdade que pelo Espírito Santo lhe é revelada da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria”.

De acordo com a Agência Ecclesia, do episcopado português, ainda no dia 8 de dezembro haverá um concerto, com colaboração de vários coros de Coimbra, às 18h30,na antiga igreja do convento de São Francisco.

Outro ponto central do programa será o Colóquio “700 anos do culto da Imaculada Conceição em Portugal”, que acontecerá em 17 de outubro.

Conforme explicou o professor António Rebelo, membro da Comissão Científica do Colóquio, este evento “pretende divulgar e esclarecer todos os interessados, não apenas o meio acadêmico, mas todos aqueles que se interessam do ponto de vista cultural pela parte religiosa, devocional à Imaculada Conceição, mas também pela parte histórica, relacionada a nível da cidade de Coimbra com esta devoção e depois se propagou a todo o pais”.

O colóquio, ressalta Ecclesia, terá lotação presencial, limitada, sujeita a inscrição prévia gratuita – pelo email 700imaculada@gmail.com – e vai ser transmitido online pela Diocese de Coimbra.

A programação contará ainda com a exposição “Imaculada”, no Museu Nacional de Machado de Castro, que trará, segundo a diretora Ana Alcoforado, um “percurso iconográfico” com “obras de diferentes épocas e tipologias”, que explicam “de que forma se associam ao culto e explicando a sua iconografia”.

Por sua vez, presidente da União de Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos, adiantou que pretendem  inaugurar um monumento com uma estátua à Imaculada Conceição, do escultor Alves André, e “colocá-la num local onde as pessoas a possam venerar, onde possa haver um culto ao público”.

ACI Digital



Hábitos do bom católico: a leitura espiritual

Luna Vandoorne | Shutterstock
por Philip Kosloski

Um modo efetivo de alcançar o objetivo de crescer em santidade mediante a leitura espiritual é ir além da leitura propriamente dita.

A conquista dos bons hábitos requer tempo e perseverança: eles vão sendo adquiridos e assimilados de forma gradual – e correm o risco de enfraquecer se não forem praticados regularmente.

Isto vale também para o nosso relacionamento com Deus: para que ele cresça, temos que dedicar tempo todos os dias a conversar com Ele.

Um hábito essencial para isto é o do oferecimento matutino, sobre o qual você pode ler AQUI.

Outro é o hábito da leitura espiritual.

Mesmo alguns minutos de leitura do Novo Testamento, todos os dias, nos permitem identificar-nos com as palavras e com as obras de nosso Salvador.

É altamente recomendado, ainda, dedicar um tempo diário a ler algum dos muitos livros clássicos da espiritualidade católica – de preferência, se você tiver um diretor espiritual, com a recomendação personalizada dele para você.

Um modo efetivo de alcançar o objetivo de crescer em santidade mediante a leitura espiritual é ir além da leitura propriamente dita: comece com uma meditação sobre o Evangelho do dia e, em seguida, faça a sua leitura do livro espiritual escolhido, a fim de fortalecer o seu relacionamento com Deus.

Um dos maiores clássicos da literatura espiritual católica é a Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis. Saiba mais clicando AQUI.

Também são imperdíveis os livros do pe. Afonso de Santa Cruz sobre a vida de vários santos, beatos e mártires da fé. Em estilo romanceado, ele dá vida e dinamismo aos relatos. Saiba mais clicando AQUI.

Aleteia

HAGIOGRAFIA: O Profeta Santo Elias (Parte 4/9)

Ecclesia

O Profeta Santo Elias

Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN

5. Elias e o ideal monástico

Aos monges, o tema do aspecto profético de sua própria vida sempre inspirou o mais vivo interesse (cf. Jean Leclercq, La via parfaite. Points de vue sur l'essence de l'état religieux, Turnhout-París 1948, cap. 2, La vie prophétique, 57-81). De fato a espiritualidade da vida de perfeição já foi preparada no AT (cf. Sœur Jeanne d'Arc, Les préparations bibliques de la vie religieuse, VS, XXIV [1956], 474-494). Os grandes profetas Elias, Eliseu e São João Batista foram considerados, junto com outros, como protótipos da vida religiosa.

Antes do início da vida monástica, os Padres apresentaram pouco o profeta Elias como exemplo de vida contemplativa e modelo de vida perfeita. Gustavo Bardy conclui um estudo bastante consciencioso sobre os Padres gregos com estas palavras: "Com certeza, para os leitores, preparados neste sentido, será uma surpresa comprovar que raramente os Padres gregos do século IV propõem Elias como um modelo a ser imitado" (Le souvenir d'Élie chez les Pères grecs, em Élie, I, 137). O mesmo ocorre entre os latinos (cf. Hervé de l'Incarnation, Élie chez les Pères Latins, ibid., p. 206-7).

Os padres do deserto imitam de bom grado o exemplo de nossos antigos padres quanto a fé, sobretudo o de Elias como se percebe na carta aos Hebreus (11,37-38); é um exemplo que inspira sua vida espiritual. Um primeiro testemunho, bastante explícito, de imitação do ideal profético se encontra da vida de Santo Antão, patriarca dos anacoretas. Santo Antão realmente se propunha um progresso contínuo no caminho da perfeição:

Com freqüência repetia a si mesmo as palavras do Apóstolo: "esquecendo-me do que fica para trás, lanço-me para o que está adiante (Fl, 3,13). Recordava também o lema do profeta Elias: O Senhor vive e é necessário que eu compareça hoje em sua presença ("ante cuius conspectu hodie sto"); sublinhava o emprego da palavra hoje, pois contava como nada o tempo passado, considerando de ter apenas começado a servir a Deus, se esforçava a cada dia por alcançar a perfeição necessária para se apresentar diante Dele, isto é, com uma consciência pura e um coração bem preparado para obedecer sempre a Sua vontade e só a Ele servir. “Dizia a si mesmo que convém ao asceta ir ajustando sua vida, a cada dia (=sempre), ao modelo de vida do grande Elias, como quem se olha num espelho" (PG 26, col. 854b).

Era justamente a contínua presença de Deus o que Santo Antão se propunha como ideal. O jovem Onofre que vivia em uma comunidade cenobita da Tebaida, ouvia aos anciãos louvarem a vida eremítica de Elias; "Meus veneráveis irmãos, vocês têm, muitas vezes, me ouvido louvar a vida de nosso santo padre Elias, que procurou se mortificar no deserto com tão grande abstinência e oração que mereceu alcançar do Senhor grandíssima virtude" (PL 73, col. 213). Os eremitas fugiam da vida fácil do mundo para poder chegar a ser cidadãos do céu (cf. Vita Antonini, PG 26, col. 865b) e formar "algo assim como uma região especial de piedade e de justiça" (col. 907b). Santo Ambrósio afirma que os profetas Elias, Eliseu e São João Batista realizaram esta feliz retirada do mundo para o deserto:

Elias fugiu da mulher Jezabel, isto é, do cúmulo da vaidade e fugiu em direção ao monte Horeb, que significa "dessecamento", para que o rio da vaidade carnal se secasse nele e podendo assim conhecer a Deus em maior plenitude. E assim se encontrava junto ao rio Chorrad, que é como dizer torrente do conhecimento, onde podia alcançar a abundância da divina sabedoria, fugindo do mundo até o ponto de não buscar outro alimento além do que os corvos lhe levavam; se bem que para o mais o seu alimento não era desta terra. Passou, por fim, durante quarenta dias sustentado tão só com o alimento que havia recebido. Não era certamente uma mulher, mas o século que afugentava um profeta tão grande; isto é, o que afugentava era a sedução do mundo, o contágio da má companhia, os sacrilégios de uma nação rebelde e ímpia" (De fuga saeculi 6, 34, PL 14, col. 614 bc).

Hervé da Encarnação faz notar: "Fugir do mundo para matar sua sede nas fontes do conhecimento de Deus: Elias podia servir de maravilhoso exemplo e de guia neste ideal, que era o de Ambrósio e o do movimento monástico do século IV (loco cit., p. 193).

Viver na ação e na contemplação, viver nas duras fadigas do corpo e do coração, respirando constantemente o Cristo: eis a maneira mais simples de um eremita adquirir a paz celestial. Amônio, primeiro sucessor de Santo Antão, escreve a seus monges: "Este foi o caso de Elias" (Carta 8, PO X, p. 587; citado por Michel Hayek, Élie dans la tradition syriaque, em Élie, I, p. 165). No mais “era crença comum entre os autores sírios ver em Elias a perfeita realização do ideal monástico” (p. 164). Por isso, não é de se estranhar que em torno dos principais lugares elianos se encontram eremitas, que veneravam e imitavam ao santo profeta.

No século IV, Etéria nos fala da existência de um monastério junto a Tesbi e da habitação de um solitário no vale de Corra, onde Elias tinha habitado nos tempos do rei Acab (Peregrinatio Sylviae 4 e 16, em Itinera Hierosoymitana, CSEL, XXXIX, 1898, 41 e 59). Um século mais tarde Teodósio menciona uns monges que habitavam em Sarepta (De situ Terrae sanctae, 23, ibid., p. 147) e o pseudo-Antonino afirma a presença de eremitas no vale do Jordão (Itinerarium, 9, ibid., p. 165; cf. Élie, I, p. 211).

Também o gênero de vida estabelecido por Pacômio tem certa analogia com o do profeta:

Os cenobitas de Tabenna se vestem com peles, a exemplo de Elias tesbita, acredito que com a finalidade de recordarem-se, à vista desta veste de peles, a virtude do profeta e possam assim resistir corajosamente aos desejos vergonhosos e fazer crescer a esperança de recompensas semelhantes" (Sozomeno, História eclesiástica, III, 14, PG 67, col. 1069b). Na Vita Pachomii, junto com Eliseu e João Batista, Elias é ressaltado como o grande modelo de Santo Antão (PL 73, col. 231a).

Sem dúvida, Basílio, fundador de uma vida verdadeiramente cenobita, apenas lembra o grande solitário do AT. Se Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa, em seus panegíricos, comparam Basílio ao profeta, é mais que nada como lugar comum literário. Notemos, por outro lado, que como ponto de comparação se toma a solidão (Gregório Nazianzeno, In laudem Basilii, PG 36, col. 536b). O mesmo se lê num escrito pseudo-basiliano: "Também foi assim Elias, o qual fugia da confusão dos homens e se comprazia em viver no deserto... Fixa-te em Elias: depois de quanto retiro, de quanto silêncio, de quantos suores mereceu ver a Deus?" (Commentarium in Isaiam, proemium 7, PG 30, col. 129b).

No Ocidente, "os monges que viviam em comunidade sob a regra de São Bento ou de São Cesáreo não tinham os mesmos motivos que os solitários do Oriente para conservar de modo especial a memória do velho profeta que viveu em seu deserto"(B. Botte, Le culte du prophète Élie dans l'Église chrétienne, em Élie, I, p. 214). 

6. Elias como inspirador da vida eremítica

Se Elias não é o fundador, em sentido estrito, da vida monástica, pode ser considerado como seu autêntico precursor. É um mestre, diz Santo Ambrósio, e os monges são seus discípulos (Ep. 63, 82, PL 16, 1211b). Sobre esta primazia escreve São Jerônimo: "Os nossos príncipes Elias e Eliseu e nossos chefes os filhos dos profetas, que habitavam no campo e na solidão, construíam suas tendas perto do rio Jordão" (Ep. 58, ad Paulinum, PL 22, col. 583). E na Vita sancti Pauli ele apresenta, como opinião de alguns, a origem profética da vida monástica:

“Com freqüência muitos se perguntam qual foi o monge que morou por primeiro num ermo. E alguns, remontando-se mais longe, encontraram seu começo no beato Elias e em João Batista" (PL 23, col. 17a). A mesma idéia nos repete Sozomeno como opinião corrente: "Os mestres desta excelente filosofia foram, como dizem alguns, Elias profeta e São João Batista" (l. c., I, 12, PG 67, col. 894a). São Nilo de Ancira chamará a Elias "iniciador de toda vida ascética" (Ep. 181, PG 79, col. 152c). "Eles estabeleceram as primeiras bases desta profissão", disse Cassiano falando de Elias e de Eliseu, que colocaram os seus fundamentos iniciais” (De institutis coenobiorum, I, 2, PL 49, col. 61a; cf. o comentário de Hervé da Encarnação, loco cit., p. 194-195). 

FONTE:

Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)

Ecclesia

Questões sobre o Batismo (Parte 12/12): Será o Batismo de Sangue o mais excelente dentre os Batismos?

Opus Dei
  • Autor: São Tomás de Aquino
  • Fonte: Suma Teológica, Parte III, Questão 66
  • Tradução: Dercio Antonio Paganini

Objeção 1: Parece que o Batismo de Sangue não é o melhor entre os três, pois o Batismo de Água imprime um caráter que o Batismo de Sangue não pode fazer, e assim sendo, o Batismo de Sangue não é melhor que o Batismo de Água.

Réplica à Objeção 1: Um caráter é tanto realidade como sacramento e nós não podemos dizer que o Batismo de Sangue é o melhor, considerando a natureza do sacramento, mas temos que considerar o efeito sacramental.

Objeção 2: Devido ao fato de que o Batismo de Sangue não é válido sem o Batismo do Espirito, o qual é válido pela caridade, e está escrito em 1Cor 13,3: “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”; mas o Batismo do Espírito é válido sem o Batismo de Sangue, pois os mártires foram salvos. Assim sendo, o Batismo de Sangue não é o melhor.

Réplica à Objeção 2: O derramamento de sangue não está na natureza de um Batismo se for feito sem a caridade. Então fica claro que o Batismo de Sangue inclui o Batismo do Espírito, mas não reciprocamente. Assim sendo, esse batismo é imperfeito.

Objeção 3: Como efetivamente o Batismo de Água obtém sua eficácia a partir da Paixão de Cristo, como visto anteriormente (art. 11), o Batismo de Sangue corresponde à Paixão de Cristo e obtém sua eficácia do Espírito Santo, de acordo com Hb 9,14: “quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?”. Então, o Batismo do Espírito é muito melhor que o de Sangue, e portanto o de Sangue não é o melhor.

Réplica à Objeção 3: O Batismo possui sua proeminência não apenas da Paixão de Cristo, mas também do Espírito Santo, como visto acima.

Pelo Contrário, Agostinho (Ad Fortunatum) falando da comparação entre os Batismos diz: “Os neófitos batizados confessam sua fé na presença do padre; o mártir na presença do opressor. O batizando é aspergido com água depois que tiver confessado, depois com seu sangue, e depois, recebe o Espírito Santo pela imposição das mãos do Bispo (Crisma) e então seu corpo se torna templo do Espírito Santo”.

Eu respondo que: Como ficou estabelecido antes (art. 11), o derramamento de sangue pelo sofrimento de Cristo e a operação interior do Espírito Santo são chamados batismos e, assim, produzem o efeito do Batismo da Água. Assim, o Batismo da Água recebe sua eficácia da Paixão de Cristo e do Espírito Santo, como também ficou estabelecido (art. 11). Estas duas causas atuam em cada um destes três batismos, mais precisamente no Batismo de Sangue. A Paixão de Cristo atua no Batismo de Água por meio da representação figurativa; no Batismo do Espírito ou Arrependimento, por meio do desejo; mas, no Batismo de Sangue, por meio da iniciação do (Divino) ato. Dessa maneira, também o poder do Espírito Santo atua no Batismo de Água através de um certo poder invisível; no Batismo do Arrependimento, pela movimentação do coração; mas, no Batismo de Sangue, pelo maior grau de fervor, dedicação e amor, de acordo com João 15,13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.

Veritatis Splendor

S. SOFIA

S. Sofia, Sec. XVI 

Sofia, em grego, significa sabedoria. Não obstante, sobre esta Santa, com este nome e que a Igreja recorda em 18 de setembro, sabe-se muito pouco. O Menológio da Liturgia grega – isto é, o volume que contém hinos e orações dedicadas a cada Santo em cada dia do ano - comemora Santa Sofia junto com Santa Irene, mártires em Chipre, sobre as quais faz alusão à sua decapitação.

Em que século viveu?

Várias tradições são confusas até sobre a época em que Sofia viveu: para algumas, a Santa faria parte dos primeiros cristãos; enquanto para outras, ela viveu na época bizantina. É certo, porém, que foi o Cardeal César Baronio, no século XVI, a incluir Sofia e Irene na sua obra Martyrologium Romanum, estabelecendo sua memória litúrgica em 18 de setembro.

Outra Sofia

Muitas vezes, a história de Sofia, mártir em Chipre, se entrelaça com aquela, bem mais legendária, de Sofia que foi martirizada em Roma, durante o império de Trajano (século I-II d.C.), e comemorada em 30 de setembro.
De origem grega e venerada no Oriente, Sofia, esposa de Filandro, teria dado à luz três filhas: Vera, Nadezda e Liubov. Curiosamente, ao longo dos séculos, as três jovens foram associadas às três virtudes teologais de Fé, Esperança e Caridade, talvez, graças ao significado sábio do nome materno.

O Suplício

Ao tornar-se viúva, Sofia teria dedicado a sua vida à ajuda e assistência aos prisioneiros cristãos. Porém, teria sido exatamente esta sua atividade caritativa a despertar a ira do imperador.
Segundo as lendas, Trajano a convocou e lhe pediu para renunciar à fé cristã. No entanto, Sofia recusou-se e, como castigo, foi submetida ao suplício do flagelo.

Mas, dizem, que outra terrível tortura a aguardava: assistir à tortura à qual foram submetidas suas três filhas, que passaram pelo chicote, a espada e o fogo. Apesar dos sofrimentos, as jovens não desistiram. Por isso, os algozes foram obrigados a decapitá-las.
Sofia recolheu seus corpos estraçalhados e deu-lhes uma sepultura digna sobre uma colina, fora da cidade. Três dias depois, consumida pelo sofrimento, a mulher caiu morta sobre o túmulo das suas filhas.

Traslado dos restos mortais

A veneração das quatro mulheres aumentou ao longo dos anos, até que, no século VIII, o Papa Paulo I teria mandado transferir os restos mortais das mártires da Via Aurélia para a igreja de São Silvestre, no Campo Márcio.

Vatican News



7 fatos sobrenaturais de São José de Cupertino, conhecido como o santo voador

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 18 set. 20 / 06:00 am (ACI).- São José de Cupertino (1603-1663), padroeiro dos estudantes e conhecido como o santo voador, foi abençoado por Deus com muitos milagres que ele sempre atribuía à intercessão da Santíssima Virgem Maria.

A seguir, sete acontecimentos sobrenaturais que ocorreram durante a sua vida:

1. Voava pelos ares

São José de Cupertino caia constantemente em êxtase e seus irmãos frades e os fiéis o viram "voar" em várias ocasiões. Um dia, os religiosos o viram levitar até uma estátua da Virgem Maria que estava a três metros e meio de altura e dar um beijo no Menino Jesus. Logo depois rezou no ar com intensa emoção.

O acontecimento mais conhecido ocorreu quando dez trabalhadores queriam levar uma cruz pesada a uma montanha alta, mas não conseguiram. Então, o Frei José levitou com a cruz e a levou ao topo da montanha.

2. Exorcizava com uma frase obediente

Seus superiores o escolheram para exorcizar demônios, mas o santo se considerava indigno disso. Por isso, usava a seguinte frase contra o maligno: "Sai desta pessoa se quiser, mas não faça isto por mim, mas pela obediência que devo aos meus superiores". E os demônios saíam.

3. Podia estar em dois lugares ao mesmo tempo

O dom de estar em dois lugares ao mesmo tempo se chama bilocação ou onipresença. Dizem que quando a mãe de São José estava morrendo no povoado de Cupertino, o santo estava em Assim ao saber da notícia. O frei entrou com uma grande luz no quarto da sua mãe, que depois de vê-lo partiu para a casa do Pai.

Em Assis, os superiores perguntaram a São José por que ele estava chorando amargamente e lhes disse que a sua mãe tinha acabado de falecer. Mais tarde, muitas pessoas testemunharam que o santo acompanhou a sua mãe em Cupertino.

4. Curava com o sinal da cruz

Um homem arrogante disse a São José: “ímpio, hipócrita, não por você, mas pelo hábito de religioso que veste tenho que respeitá-lo. Eu acreditaria em tudo o que você faz se me curar com o sinal da cruz sobre a minha ferida".

O santo respondeu humildemente que tudo o que dizia dele era verdade e fazendo o sinal da cruz sobre a ferida, o homem foi curado.

Do mesmo modo, recuperou a vista de um cego colocando a sua capa sobre a sua cabeça. Os aleijados e coxos eram curados ao beijar o crucifixo que São José colocava diante deles. Os que estavam doentes com uma epidemia de febre altíssima foram curados quando o santo fazia o sinal da cruz na testa deles.

5. Lia os corações e convertia os protestantes

O príncipe luterano John Federick, aos 25 anos, foi a Assis com duas escoltas, uma católica e outra protestante. Entraram na igreja onde São José estava celebrando a Missa e no momento da consagração o santo não conseguiu partir a Hóstia Consagrada, porque estava dura como pedra e teve que devolvê-la à patena.

Pe. José começou a chorar de dor e levitou aproximadamente um metro de altura. Ao descer, conseguiu partir a hóstia depois de muito esforço. Os seus superiores perguntaram por que havia acontecido isso e ele respondeu que era devido ao coração duro das pessoas que participavam da Missa.

No dia seguinte, o príncipe voltou com os dois homens e quando o santo levantou a Hóstia durante a Missa, a cruz da Sagrada Hóstia ficou negra. Isso lhe causou muita dor e chorando levitou com a hóstia durante aproximadamente 15 minutos. Este milagre comoveu o coração do príncipe e, por isso, ele e o seu acompanhante decidiram se converter à fé católica.

6. Comunicava-se com os animais

Quando passava por um campo e começava a rezar, as ovelhas se reuniam ao redor dele e escutavam atentamente as suas orações. As andorinhas voavam em bandos ao redor da sua cabeça e o acompanhavam por vários quarteirões.

7. Profetizou o futuro dos Papas

Um dia, levaram São José para visitar o Papa Urbano VIII, que queria saber se os êxtases e os episódios de levitação do frade eram verdadeiros.

São José apareceu diante do Pontífice e levitou e impressionou as pessoas que estavam presentes. O santo previu o dia e a hora da morte deste Papa e de Inocêncio X.

ACI Digital

S. JOSÉ DE CUPERTINO

Instituto Hesed

“Capacidade de voar, com a mente e com o corpo”: eis a chave estilística, que caracterizava a vida de São José de Cupertino. No entanto, apesar das suas dificuldades nos estudos, recebeu o dom da ciência infundida e momentos de êxtase com levitações. Porém, ao ler a sua biografia, a sua história parece indicar exatamente o contrário. Quando José Maria Desa nasceu, em 17 de junho de 1603, na cidadezinha de Cupertino, na província italiana de Lecce, sua família não levava uma vida fácil: seu pai, Félix, foi envolvido na falência financeira de um conhecido, a quem havia emprestado dinheiro, acabando na miséria. Por isso, José veio ao mundo em uma estrebaria, como Jesus, e, desde criança, teve que arregaçar as mangas para contribuir com as despesas de casa, trabalhando em uma venda.

O exemplo do "Pobrezinho de Assis"

José até começou ir à escola, mas foi acometido por uma úlcera gangrenosa, que o obrigou a deixar os estudos por cinco anos. Sua mãe, Francisca Panaca, mulher forte e vigorosa, tentou dar-lhe uma formação básica, mediante a narração da vida dos Santos, como a de São Francisco. Assim, amadureceu em José o desejo de seguir e imitar a vida do "Pobrezinho de Assis", tanto que, aos 16 anos, pediu para entrar na Ordem dos Frades Franciscanos Conventuais, no convento da "Grottella". Entretanto, a sua pouca formação escolar não o ajudou, sendo obrigado a voltar à sua vida de antes. Com o tempo, dirigiu-se aos Franciscanos Reformados e, depois, aos Capuchinhos de Martina Franca, mas a resposta era sempre a mesma: pouca instrução, além das suas primeiras manifestações de êxtase, durante as quais deixava cair tudo das mãos, que o tornaram inadequado para a vida comunitária.

Prodígios nos exames em vista do diaconato e sacerdócio

Neste ínterim, o Supremo Tribunal de Nápoles estabeleceu que, ao se tornar maior de idade, José devia trabalhar, sem remuneração, até pagar toda a dívida do pai, já falecido. Diante de tal sentença, que, na verdade, era uma verdadeira escravidão, o jovem voltou a pedir para entrar no convento de "Grottella". Os Frades levaram a sério a sua situação e o ajudaram a fazer um verdadeiro percurso de estudos. Entre milhares de dificuldades, mas graças à sua grande força de vontade, chegou a hora de enfrentar o exame para o Diaconato. Ali, realizou-se um prodígio: José conhecia a fundo apenas uma passagem do Evangelho, precisamente aquela que, por acaso, o Bispo examinador lhe pediu para comentar. Um acontecimento extraordinário semelhante deu-se, novamente, três anos depois, durante o exame para o Sacerdócio: o Bispo interrogou alguns candidatos e, achando-os particularmente preparados, estendeu a admissão ao Sacerdócio a todos os outros candidatos. Enfim, em 1628, José foi ordenado sacerdote.

"Irmão burro"

A humildade de José, porém, permaneceu proverbial: ciente das suas limitações culturais, nunca renunciava aos trabalhos manuais mais simples, chegando até a se apelidar “Irmão burro”; no entanto, se dedicava ao serviço dos mais pobres. José viveu seu amor à Igreja de forma incondicional: colocou Cristo ao centro da sua vida e tinha uma profunda devoção a Maria, Mãe de Deus. Contudo, quem o ouvia falar reconhecia nele a luz de uma teologia madura, com a qual fazia debates profundos: era o dom da ciência infundida, que o tornou um grande sábio.

Êxtases e levitações

No entanto, se acentuavam em José os fenômenos de êxtases e levitações, sobretudo quando pronunciava os nomes de Jesus e Maria. “Quando a pólvora se acende na espingarda e causa um grande estrondo - explicou a um Irmão – assim o coração em êxtase se ilumina com o amor de Deus”. Tais episódios não passaram despercebidos à Inquisição de Nápoles, que o convocou para saber se o jovem de Cupertino estivesse abusando ou não da credulidade popular. E, precisamente, diante dos Juízes, reunidos no Mosteiro de São Gregório Armênio, José teve uma levitação. Por isso, foi absolvido de todas as acusações, mas o Santo Ofício o obrigou ao isolamento, longe das multidões.

Oferecer a "cavidade" do coração a Cristo

Desta forma, o futuro Santo passou de um convento ao outro - Roma, Assis, Pietrarubbia, Fossombrone - até chegar a Ósimo, perto de Ancona. Finalmente, ao chegar ali, em 1656, por ordem do Papa Alexandre VII, encontrou a paz. De fato, ali permaneceu sempre até à morte, levando sempre uma vida humilde, ao serviço do próximo e em colóquio pessoal com Deus, que culminava na celebração Eucarística: «É o que devemos fazer, - explicou a um confrade: - deixar o mundo, continuar a rezar e preparar a 'cavidade' do nosso coração para oferecer a Jesus Cristo a inteligência, a memória e a vontade”.

Igreja de São José de Cupertino

José de Cupertino faleceu em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos. Bento XIV o beatificou, em 1753, e Clemente XIII o canonizou em 16 de julho de 1767. Hoje, seus restos mortais descansam em uma urna de bronze dourado, na cripta da igreja de Ósimo, a ele dedicada. Foi construído também um Santuário, em sua homenagem, em Cupertino, sobre a estrebaria onde o Santo nasceu.

Oração do estudante

São José de Cupertino é padroeiro dos estudantes em dificuldade, que a ele se dirigem com a seguinte oração:
São José de Cupertino,
amigo dos estudantes e protetor dos examinandos,
venho implorar a sua ajuda.
Você sabe, por experiência pessoal,
quanta ansiedade acompanha a tarefa do estudante
e quão fácil o perigo
do desvio intelectual e do desânimo.
Você que foi, prodigiosamente, assistido por Deus
nos estudos e nos exames,
para ser admitido às Ordens sagradas,
peça ao Senhor
luz para a minha mente e força para a minha vontade.
Você que experimentou, tão concretamente,
a ajuda materna de Nossa Senhora, Mãe da esperança,
peça a ela por mim,
para que eu possa superar, facilmente,
todas as dificuldades nos estudos e nos exames.
Amém.

Vatican News



quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

Santo Agostinho

O Senhor mostrou o que estes pastores amam, mostrou também o que negligenciam. Os males das ovelhas estendem-se por toda parte. As sadias e robustas, isto é, as fortes pelo alimento da verdade, que se aproveitam bem das pastagens, por dom de Deus, são pouquíssimas. Os maus pastores, porém, não as poupam. É-lhes pouco não cuidarem das doentes, das fracas, das desgarradas e perdidas. Tanto quanto podem, também matam as fortes e gordas. Mas estas continuam vivas. Vivem pela misericórdia de Deus. Contudo, no que diz respeito aos maus pastores, eles matam. “Matam de que modo?” perguntas. Vivendo mal, dando mau exemplo. Foi em vão que se disse ao servo de Deus, ao colocado mais alto entre os membros do supremo Pastor: Mostrando-te a todos como exemplo de boas obras? e: Sê modelo dos fiéis (cf. 1Tm 4,12).  

Presenciando continuamente a má conduta de seu pastor, uma ovelha, mesmo forte, se desviar os olhos dos preceitos do Senhor e fixá-los no homem, começará a dizer em seu coração: “Se meu superior vive desse modo, quem sou eu para não fazer o que ele faz?” Matou a ovelha forte. Se matou a forte a quem não alimentou, que fará com as outras, ele que, vivendo mal, destruiu o que encontrara forte e robusto?

Digo à vossa caridade e repito. Mesmo que as ovelhas continuem vivas, ainda que sejam fortes pela palavra do Senhor e guardem o que dele ouviram: Fazei o que dizem, não o que fazem (Mt 23,3). Contudo aquele que vive mal diante do povo, no que lhe diz respeito, mata o que o observa. Não se iluda porque se vê que ele não morreu. Este continua vivo, aquele é homicida. Assim como um homem que olha para uma mulher desejando-a, embora ela permaneça casta, ele já cometeu adultério. É verdadeira e clara a palavra do Senhor: Quem olhar para uma mulher com mau desejo, já cometeu adultério em seu coração (Mt5,28). Não entrou em seu quarto, mas no quarto de seu coração já a abraçou.  

Assim, quem vive mal diante de seus subordinados, no que lhe diz respeito, mata até os fortes. Quem o imita, morre; quem não o imita, vive. No entanto, quanto a ele, destrói a ambos. E o que é robusto matais e não apascentais minhas ovelhas (Ez 34,3).

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HAGIOGRAFIA: O Profeta Santo Elias (Parte 3/9)

Ecclesia

O Profeta Santo Elias

Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN

3. Elias nas obras dos Padres

O lugar que o profeta Elias ocupa não só no AT e na tradição judaica, como também no NT, o faz ser recordado nas obras dos Padres com freqüência.

Alguns deles insistem na relação existente entre Elias e São João Batista (cf. Gregório de Nissa, De Virginitate, VI, em PG, XLVI cols. 349-52); outros fixam sua atenção no arrebatamento de Elias e no seu retorno ao final dos tempos. Neste sentido é notável a clara afirmação de Orígenes que, contra a opinião comum, assegura a morte de Elias e nega que haja sido arrebatado ao céu em carne mortal (Em Sl 15,9, PG, XII, col. 1216); outros (S. Justino, S. Irineu, etc.) põe de relevo a personalidade do profeta e o apresentam como modelo de vida de perfeição.

Orígenes apresenta o exemplo de Elias para mostrar a confiança que devemos colocar na oração (Em Sl, 37; Hom., 2, 3, PG, XII, col. 1384) e para estarmos seguros de sua eficácia (De Oratione, 13, em PG, XI, cols. 458ss); Atanásio, na Vita Antonii, refere a máxima de Antão (ou Antônio): "Todos os que professam uma vida solitária devem tomar por regra e por patrono o Grande Elias e ver em suas ações como em um espelho para saber qual deve ser seu comportamento" (em PG, XXVI, col. 752); São João Crisóstomo, por fim, elogia a pobreza de Elias (Hom. em s. Eliam, 3, em PG, LXIII, col. 464): "Elias nada possuía e, sem dúvida, nada o impediu de alcançar o cume da virtude; ele é um oceano sem limites" (cf. Bardy, Le souvenir d'Élie chez les Pères Grecs, em Élie, I, 131- 58).

São numerosos os textos dos Padres latinos que se referem a Elias. Santo Isidoro (De ortu et obitu patrum, 25, em PL, LXXXIII, col. 140) denomina Elias como "grande sacerdote e profeta" e deduz o sacerdócio de Elias a partir do sacrifício que havia oferecido a Yahweh no Horeb. S. Ambrósio escreve a respeito de Elias: “O príncipe mais excelso entre o todos os profetas (De viduis 1, 3, em PL, XVI, col. 235). Da sua missão de denunciar o pecado e convidar à penitência, é indicada sobretudo a primeira tarefa, a increpatio (exortação forte e insistente), junto com a dureza de sua vida e o ardente zelo pela glória de Deus (cf. Jerônimo, Contra João. Hieros., 2; Comm. in Ez., 11, 35, em PL, XXIII, col. 356; XXV, col 334ss). É comum a crença de que Elias não está morto; porém morrerá junto com Enoc, no final dos tempos, lutando contra o Anticristo (cf. Santo Agostinho, Ep. 193, 3, 5; De Genesi ad litt., 9, 5, em CSEL, LVII, p. 170; XXVIII, 274ss). Santo Agostinho (De civitate Dei, 20, 29, em CSEL., XL, 2, 503) atesta que "é muito celebrada nos sermões e nos corações dos fiéis" a idéia da volta de Elias como precursor da segunda vinda de Cristo, como São João Batista o havia sido da primeira. Os Padres procuram ver no Apocalipse 11 os detalhes desta missão profética de Elias, uma das mais importantes dentre as muitas que realizou durante sua vida. Nos dois testemunhos do Apocalipse, eles vêem a Enoch e a Elias (Tertuliano, Ambrosiáster, S. Gregório Magno). "O mesmo que há de vir na segunda vinda do Salvador em sua realidade corporal, vem agora na pessoa de João em virtude e em espírito", escrevia S. Jerônimo (Comm. in Ev. Mt., 3, 57, em PL., XXVI, col. 124).

O movimento monástico do séc. IV tomou a Elias como seu modelo, pondo em relevo a continência, a pobreza, a vida no deserto, o jejum, sua oração: nosso príncipe é Elias (cf. Cassiano, Conlatio, 14, 4 em CSEL, XIII, p. 400). A mesma importância e relevo lhe dão os Padres sírios (cf. M. Hayek, v. bibl.) 

4. Elias no Islão (Islã, Islame ou Islamismo)

Em torno da figura de Elias se formaram numerosas lendas judaicas e cristãs que tiveram amplo influxo também no Islão. O próprio Corão (VI, 85 e XXXVII, 123-30) menciona o "profeta" Ilyâs (cf. Y. Moubarac, Le prophète Élie dans le Coran, em Élie, II, 256-68). Por isso, muitos historiadores e comentaristas muçulmanos fizeram comentários sobre Elias. Do mesmo modo, algumas manifestações a cerca da figura legendária de Elias são atribuídas pelo islamismo ao mítico personagem al-Khadir ou al-Khidr (cf. L. Massignon, Élie et son rôle transhistorique, Khadiriya, no Islam, em Élie, II, p. 269-90).

No monte Carmelo existem lugares venerados, ao mesmo tempo, por cristãos, judeus e muçulmanos; o monte Carmelo em árabe é Gebel Mar Ilyas ou "o monte de Santo Elias". (cf. para as lendas muçulmanas cf. A. J. Wensinck, na voz Ilyas, em Encyclopédie de l'Islam, II, Leiden-Paris 1927, com a bibliografia que ali se dá [G. Ricciotti].) 

FONTE:

Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)

Ecclesia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF