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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

3 fatos milagrosos de Padre Pio que talvez você não saiba

Padre Pio / Foto: Wikipédia (Domínio Público)

REDAÇÃO CENTRAL, 23 set. 20 / 08:00 am (ACI).- Pe. John Zeller pertence aos Missionários Franciscanos da Palavra Eterna e é diretor do departamento de peregrinação do canal católico EWTN em Birmingham (Estados Unidos). Em uma entrevista contou alguns fatos milagrosos e pouco conhecidos dos quais foi testemunho, após rezar por diversas pessoas com uma relíquia de primeiro grau do santo frade capuchinho.

Pe. Zeller nem sempre foi devoto de Padre Pio, mas adquiriu a devoção há alguns anos e está convencido de que o santo o escolheu.

Após conhecer mais sobre a vida do frade capuchinho italiano, animou-se a pedir uma relíquia a um dos superiores de San Giovanni Rotondo. O superior aceitou e lhe entregou dois pedaços de uma atadura manchada de sangue que cobriu as feridas produzidas pelos estigmas de Padre Pio. Padre Zeller deu uma das relíquias para sua comunidade e ficou com a outra.

Essa é a relíquia que utiliza para rezar com as pessoas.

“Tive a oportunidade de rezar com muitas pessoas e houve casos nos quais ocorreram, diria, algumas curas”. Ele ficou sabendo disso porque as pessoas pelas quais rezou se aproximaram dele meses depois para lhe dizer que estavam curadas.

O Santo “Padre Pio é um intercessor muito poderoso. Um sacerdote me disse uma vez que provavelmente é um dos santos mais ativos da Igreja Católica”, disse o presbítero.

Primeiro milagre

Uma desses curas aconteceu no Santuário do Santíssimo Sacramento, em Hanceville, na festa de Nossa Senhora de Fátima, quando rezou com dois sacerdotes pelos fiéis com as relíquias e com a luva de Padre Pio que pertencia a Madre Angélica.

Enquanto rezavam, aproximou-se uma mulher que sofria do nervo ciático, uma dor muito forte que ia desde a parte de trás da perna até o pé.

Pe. Zeller rezou por ela e depois ela voltou ao seu lugar e disse ao esposo: “Estou curada”.

Segundo milagre

Em outra ocasião, rezou com a relíquia sobre a filha de doze anos de um casal de amigos que sofria de uma infecção de ouvido e que “parecia que não desapareceria”.

Ele colocou a relíquia na orelha afetada e rezou. “Ela caiu no chão (...) não pude segurá-la porque não sabia o que estava acontecendo, estava um pouco assustado de que algo tivesse acontecido”. Entretanto, a mãe disse que “estava no descanso no espírito”.

A jovem se curou da infecção e não voltou a recair.

Terceiro milagre

Outro caso de cura aconteceu em uma mulher de 40 anos que sofria de uma doença no coração e, quando rezou por ela com a relíquia, ficou saudável.

Sobre essas curas milagrosas, Pe. Zeller disse que “não sou eu, mas a intercessão de São Padre Pio”.

O dom

O sacerdote comentou com CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que antes pensava que Padre Pio fosse uma pessoa muito séria e tinha medo de pedir sua intercessão, porque acreditava que “seria sério comigo”.

Entretanto, descobriu que “foi um frade muito alegre” e, quando viajou a San Giovanni Rotondo, entendeu que a seriedade do santo era porque “sabia quando as pessoas não estavam arrependidas”.

“Diz-se que podia até mesmo sentir o cheiro do pecado, eu nem imagino como deve cheirar a separação eterna de Deus”, concluiu.

ACI Digital

S. LINO, PAPA

S. Lino, papa, Basílica de São Paulo fora das muralhas 

Lino, filho de Herculano e natural da região da Toscana, na Itália, estudou em Volterra e, depois, se transferiu para Roma. Ali, conheceu São Pedro e se converteu ao cristianismo.
Não dispomos de muita informação sobre a vida de Lino, mas Santo Irineu de Lyon diz que São Paulo e São Pedro lhe confiaram a função de Bispo e o identificou com o personagem mencionado na Segunda Carta a Timóteo. Eusébio de Cesareia reitera tal identificação. É certo, porém, que tenha sido Bispo de Roma, depois do martírio dos dois apóstolos.
Todos os elencos dos Bispos de Roma, preservados também graças a Irineu de Lyon e Eusébio de Cesareia, citam seu nome depois daquele de Pedro.

Os primórdios da Igreja em anos turbulentos

Antes de tornar-se Bispo de Roma, Lino viveu sob a perseguição desencadeada pelo imperador Nero contra os cristãos. No início do seu Pontificado, o Império Romano passava por uma fase de turbulência, com a morte dos três sucessores imediatos de Nero: dois foram assassinados enquanto o outro se suicidou.
No ano 69 d.C., Vespasiano chegou trazendo ordem. Seu filho, Tito, acabou com a revolta judaica e destruiu o Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C. Naquele período, Lino começou a organizar a Igreja: ordenou Bispos e sacerdotes e impôs algumas normas, entre as quais - segundo o Liber Pontificalis – a obrigação de as mulheres participarem da Eucaristia com véu na cabeça.
Aqueles também eram anos de contendas com a escola de Simão Mago e os Ebionitas, judeu-cristãos que praticavam a observância da Lei mosaica.
São Lino é venerado como mártir, mas não se sabe se foi, realmente, porque, na época, a Igreja passava por um período de paz.
Ainda segundo o Liber Pontificalis, São Lino foi sepultado na colina Vaticana, ao lado do apóstolo Pedro.

Vatican News

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A ENCARNAÇÃO DO VERBO EM SANTO IRENEU DE LYON

Dom Vital Corbellini |Bispo de Marabá (PA) |Rádio Excelsior

Santo Ireneu defendeu o mistério da encarnação diante dos gnósticos docetas que negavam o mistério da unidade de Deus com a humanidade, não consentindo que Ele tivesse redimido a realidade humana. No Livro Demonstração da Pregação Apostólica tem presente a encarnação do Verbo, como presença de Deus em meio à humanidade pecadora na qual a assumiu em sua integridade, menos o pecado, dando-lhe vida nova e redenção.

A importância da unidade do Verbo de Deus com a humanidade

Santo Ireneu foi bem categórico na afirmação da encarnação do Senhor. Ele diz que o Verbo uniu o homem a Deus, porque a parte humana jamais participaria da incorruptibilidade se o Verbo não tivesse vindo habitar entre os seres humanos. Se de fato a incorruptibilidade tivesse permanecido invisível e oculta, não haveria nenhuma utilidade para a nossa vida de pecadores e de pecadoras, no entanto o Verbo se fez visível a fim de que nós entrássemos em comunhão com Ele[1]. Tudo é envolvido nesta parte pela criação originária de Adão, porque a sua desobediência a Deus trouxe a morte, de modo que era conveniente e justo, que pela obediência de quem se fez ser humano por nós, fossem rompidas as cadeias da morte. Desta forma o Verbo se fez carne[2], para destruir por meio da carne, o pecado e a morte. Nosso Senhor tomou uma corporeidade idêntica à da primeira criatura, menos o pecado, para vencer em Adão aquele que em Adão nos feriu pelo pecado e pela morte[3].

Esta visão é muito importante em Ireneu sobre a entrada de Deus na história devido aos gnósticos docetas que afirmavam que o Senhor ficou alheio à realidade humana, permanecendo distante da mesma e sendo mais divino que humano. Se fosse assim não haveria nenhuma utilidade porque a realidade humana não teria ganhado a graça da salvação, o que ao contrário o Senhor concedeu na sua plenitude de vida com a assunção da realidade humana.

O primeiro ser humano e o segundo ser humano

Santo Ireneu tem presente a substância do primeiro homem na qual Deus tomou o barro e o plasmou para que se tornasse gente, soprando nele para viver. O que fez o Senhor Jesus Cristo, na sua entrada para o mundo na qual ele recapitulou em si o ser humano, nascendo de uma virgem por vontade e sabedoria de Deus. Ele reproduziu a identidade da sua corporeidade com aquela de Adão, de modo que refez como foi feito no início, o ser humano, à imagem e semelhança de Deus[4].

Nesta visão da recapitulação ponto importante na doutrina teológica de Ireneu, feita pelo Senhor Jesus Cristo, desde a origem, entrou também a visão de Eva e Maria. Uma vez que uma virgem foi desobediente, também por causa de uma virgem obediente à Palavra de Deus, o ser humano foi ressuscitado e recobriu a vida pela presença do Verbo encarnado. Na verdade o Senhor veio buscar a ovelha perdida, o ser humano que se perdeu[5]. Assim o Verbo de Deus formou um corpo que descendia de Adão, conservando a semelhança daquele corpo, de modo que se Adão foi recapitulado por Cristo, para que a parte mortal se revestisse na imortalidade, o mesmo fato vê-se de Eva em Maria, a virgem tornada advogada de uma virgem, dissolvesse e destruísse com a sua obediência de virgem a desobediência de uma virgem. O pecado que foi assumido pelo ser humano por causa da árvore foi anulado pela obediência cumprida sobre a árvore, na qual o Filho do Homem foi pregado na árvore, abolindo a ciência do mal e doando a toda a humanidade, a ciência do bem. Se é pecado desobedecer a Deus, o bem é ao invés, obedecer a Ele[6]. Desta forma foi pela obediência do Verbo encarnado que assim pode anular a antiga desobediência consumada sobre a árvore[7]. Sendo todas as coisas administradas pelo Verbo de Deus, foi crucificado o Filho de Deus em forma de cruz. Ele se fez visível, manifestando a universalidade de sua cruz, e chamando a todos ao conhecimento do Pai, os seres humanos dispersos pelo mundo[8].

Cristo Jesus cumpriu as profecias feitas por Deus em Abraão, na qual a sua descendência seria como as estrelas do céu[9], nascendo da Virgem. Cumpriram-se também as promessas divinas feitas a Davi que lhe havia prometido fazer surgir um Rei eterno, cujo reino não teria ocaso[10], sendo este, o Cristo, o Filho de Deus tornado filho do Homem, nascido também da Virgem. A promessa ganhou forma de fruto do ventre, que devia ser o Rei eterno na casa de Davi, e cujo reino não tem fim[11].

A salvação realizada

A salvação humana foi realizada por esse Rei que manteve as promessas feitas aos patriarcas e aboliu a antiga desobediência pelo fato de que o Filho de Deus se fez filho de Davi e filho de Abraão. Ele cumpriu as promessas e recapitulou-as em mesmo tendo como única finalidade a restituição da vida assim que o Verbo de Deus se fez carne[12], através da Virgem, para desatar a morte e vivificar o ser humano. Sendo enviado pelo Pai, o Verbo criador veio para nos salvar estando nos mesmos lugares, nos mesmos ambientes onde o ser humano perdeu a vida, rompeu desta forma as cadeias que nos mantinham prisioneiros. Com o aparecimento de sua luz, santificou o nosso nascimento, destruiu a morte e desligou os laços que nos tinham prendido[13]. Pela sua ressurreição, tornou-se ele mesmo o primogênito dos mortos[14] e levantou na sua pessoa o ser humano caído por terra, ao ser elevado às alturas do céu até a direita da glória do Pai[15].

A encarnação do Verbo é a entrada de Deus na humanidade para assumi-la e redimi-la. Santo Irineu colocou este mistério tão bonito e tão significante em vista da salvação de todo o ser humano. Somos chamados a viver o mistério da encarnação do Verbo, fazendo o bem, superando o ódio e espalhando o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

[1] Cf. Demonstração da Pregação Apostólica. In: Irineu de Lyon. Paulus, SP, 2014, pg. 94.

[2] Cf. Jo 1,14, Idem, pg. 94.

[3] Cf. Ibidem.

[4] Cf. Gn 1,26; Cl 3,10; Idem, pg. 95.

[5] Cf. Mt 15,24; Lc 19,10, Ibidem, pg. 95.

[6] Cf. Ibidem, pg. 95.

[7] Cf. Fl 2,8. Idem, pg. 96.

[8] Cf. Ibidem, pg. 96.

[9] Cf. Gn 15,5. Ibidem, pg. 96.

[10] Cf. 2Sm 7,12-13, Idem, pg 97.

[11] Cf. Lc. 1,32-33, Ibidem, pg. 97.

[12] Cf. Jo 1,14, Ibidem. pg. 98.

[13] Cf. 2Tm 1,10, Idem, pg. 98.

[14] Cf. Ap 1,5; Cl 1,18, Ibidem, pg 98.

[15] Cf. Ibidem, pg. 98.

CNBB

O que Deus espera como resposta para a sua Palavra?

Foto ilustrativa: MicroStockHub by Getty Images

Caro internauta, desejo me reportar a você que já possui um contato recorrente com a Palavra de Deus. Sabemos que, ao ser acolhida no coração, a Palavra de Deus sempre gera seus frutos maravilhosos no nosso interior. Seja por meio da leitura das Sagradas Escrituras, seja no transcorrer do ano litúrgico ou em quaisquer outras oportunidades à luz da Igreja, a Palavra de Deus por meio da ação do Espírito Santo nos assegura múltiplos tesouros, não apenas espirituais, mas de ordem prática. Ela nos fortifica, nos sustenta, nos acalenta, nos exorta, em suma, nos aponta o caminho da Salvação eterna. Veja, não é qualquer salvação, é a Salvação eterna.

Você que busca diariamente esse contato com a Palavra de Deus, de certo, concordará comigo. Ela, embora imutável, nunca se exprime sempre do mesmo modo. Em outras palavras, mesmo que você já tenha tido um contato anterior com determinado trecho das Sagradas Escrituras ou com alguma oração da Igreja, a Palavra de Deus porta indefectivelmente uma novidade. Novidade que o próprio Espírito Santo faz florescer em nosso coração.

Existe outra realidade que, a propósito, também é verdadeira. Se, de fato, deixarmos essa Palavra salvadora criar raízes em nosso coração é impossível permanecermos do mesmo modo. Ela gera inúmeros frutos no nosso interior e esses crescerão, amadurecerão e poderão alimentar não apenas você, mas a muitos ao seu redor. Os frutos gerados pela palavra de Deus são abundantes e não se esgotam.

A Palavra de Deus é fonte de sabedoria

Dessa maneira, quando Deus comunica a sua Palavra, sempre espera uma resposta. E não se trata de uma resposta enfadonha e obrigatória, mas de uma resposta de amor e gratuidade. É um movimento natural, ou melhor, sobrenatural. O Espírito Santo, com efeito, é quem faz com que esta resposta seja eficaz. Aquilo que entrou pelos olhos, pelos ouvidos e penetrou o coração, se manifesta, agora, na vida concreta segundo aquelas palavras: “Sedes por isso executores da palavra, e não apenas ouvintes” (Tg 1, 22).

Acredito que todos nós já tenhamos conhecido alguém que possuía, no quintal de sua casa, uma frondosa árvore frutífera que, no tempo certo, ficava repleta de frutos. Porém, e para o nosso entristecer, essa pessoa não conseguindo consumir os frutos na mesma proporção em que eles amadureciam, nada fazia. Assim, ao invés desse vizinho distribuí-los aos demais, os frutos apodreciam no pé e, depois, caíam no chão. Quanto desperdício, não é mesmo!? Se refletimos um pouco, talvez, estejamos fazendo como esse vizinho, porém, os frutos que estamos deixando de distribuir não são apenas goiabas, mangas e jabuticabas, mas os frutos da Palavra de Deus.

Gratidão

Por outro lado, certamente, já conhecemos também pessoas caridosas que distribuíam aos vizinhos os frutos excedentes de sua plantação. Quem já passou pela experiência gratificante de receber do vizinho uma sacolinha repleta de acerola, por exemplo, saberá o que eu estou querendo dizer. Essa simples ação é capaz de gerar movimento de contentamento e gratidão interior, não é verdade? Você não imagina o enorme bem que uma simples sacolinha de acerola pode causar naquele que a recebe.

Tenho certeza, caro internauta, que você já entendeu o que eu estou querendo dizer. Aquilo que celebramos na liturgia ou que buscamos nas nossas orações precisam se tornar uma realidade em nossa vida, nos nossos costumes e nos nossos atos. O que recebemos de Deus, portanto, deve ser refletido em nossa vida e, assim, nossa vida estará em profunda comunhão com o querer de Deus. Em suma, Deus espera apenas que sua Palavra seja colocada em prática.

Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova.


Portal Canção Nova

Como evitar brigas na hora de dividir a herança

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A herança muitas vezes desperta sentimentos antigos que todos nós preferiríamos deixar de lado. Ao preparar um testamento ou herdar uma propriedade dos pais, é importante garantir que a divisão de bens não se transforme em uma briga.

Os cristãos se comportam melhor do que outros na hora de dividir os bens? O irmão Jean Emmanuel Ena explora a dimensão espiritual da herança e nos dá alguns pontos referenciais para avançar em direção à uma partilha justa.

Por que você diz que a hora de repartir os bens também é hora de fazer um balanço?

A partilha da herança geralmente nos conduz a questionamentos, quando como vivemos a crise da meia-idade. Portanto, é hora de fazer um balanço interior. O que herdei de meus pais? O que vou aceitar da herança deles e o que vou recusar, para além dos bens materiais? Porque o que eu herdei vai muito além dos bens, mas diz respeito à cultura, à mentalidade, à fé.

Outra reflexão a fazer é sobre a minha maneira de possuir esses bens. O dinheiro é comumente visto como segurança material, mas na verdade é a segurança emocional que buscamos. Os homens muitas vezes se identificam com o que têm, não com o que são: “Quanto mais tenho, mais sou. O rico é aquele que tem mais do que eu”. E, por outro lado, ninguém nunca te diz: “Eu sou rico”! Por fim, podemos nos questionar sobre o relacionamento que estamos nutrindo com os nossos irmãos, de sangue ou não.

Qual é a atitude certa a tomar com os irmãos e irmãs?

Em primeiro lugar, coloque o relacionamento familiar nas mãos do Senhor e reflita: “Será que nunca ousei dizer o que penso aos meus pais porque estava à espera da herança, ou será que busquei a verdade?”

Alguns vivem a síndrome do “menino ou menina perfeitos”. Nunca viveram uma crise real na adolescência porque sempre quiseram corresponder à imagem que seus pais faziam deles. Nunca se posicionaram como adultos. Sempre fizeram o que lhes foi pedido: não fale de dinheiro, não fique com raiva, “se comporte”. Muitas vezes, o período de divisão da herança faz explodir essa falsa identidade, e é o relacionamento a dois que sofre porque o cônjuge não é mais o mesmo depois de um episódio assim!

Quanto ao relacionamento com irmãos e irmãs, você deve se perguntar: “Qual é a natureza do meu relacionamento com eles: de dependência, dominação ou competição?” Quando eu apresento meus irmãos e meus sentimentos por eles ao Senhor, sou levado a uma correção e uma purificação das relações.

Todos os conflitos são negativos?

O momento de partilha dos bens revela o verdadeiro estado de uma família, que vai além do estado aparente – com todos os fingimentos e toda a polidez que o acompanha. Conheci uma família católica rica e praticante. O momento da herança, no entanto, revelou a verdadeira situação espiritual dos membros da família e causou em muitos uma crise de identidade. Eles se perguntavam quais eram seus verdadeiros valores e o que queriam transmitir aos filhos. Às vezes essa crise é muito benéfica, porque chega a questionar a nossa própria forma de viver, o valor que damos à segurança material. A herança pode realmente mexer com as nossas estruturas.

A parábola do filho pródigo pode nos lançar uma luz

O filho mais novo pede a sua herança, como se declarasse a morte do pai. Sua relação com o pai já estava corrompida. Como ele se sente culpado, passa a pensar que não tem mais o direito de paternidade. Mas a filiação não se perde, porque a verdadeira herança é a relação pai-filho. O mais velho, por sua vez, é como um empregado em relação ao pai. Essa é a chamada síndrome da criança modelo. Ele diz “Eu te sirvo” e não “Eu te amo, eu sou seu filho”.

Como ter uma boa relação com o irmão se a relação com o pai trepida em suas bases? Pedindo a Deus para vir e tudo restaurar! A divisão da herança é um momento essencial que toca a morte, o ser e o ter, minha relação com Deus e com a minha família. Já presenciei divisões de herança muito leves graças a relacionamentos verdadeiros.

Qual seria a melhor maneira de pensar sobre a herança?

De forma prática, obter a sua parte na herança geralmente significa ter bens materiais e segurança material. Os pais sacrificam a vida inteira pelos filhos a ponto de se ausentarem quando os filhos teriam preferido sua presença. Que hierarquia de valores eles transmitiram? Garantiram o futuro material de seus filhos, mas os prejudicaram espiritual e emocionalmente.

“Minha fé muda minha noção de herança, ou eu tenho a mesma abordagem daqueles que não acreditam? Nesse caso minha fé não é vista como um critério primário? A palavra de Deus está em primeiro lugar, mesmo quando meu ambiente me diz o contrário!”. Na hora da partilha é bom lutar pela justiça, mas com esta pergunta em mente: “Como posso garantir que esses bens recebidos de meus pais sirvam ao bem de todos? Porque se prejudico o bem comum, estou prejudicando a mim mesmo”.

O que a escritura diz?

O povo de Israel é apenas o administrador da Terra Prometida. Nós também não somos proprietários, mas apenas administradores. Todo bem pertence a Deus, seja material ou espiritual, intelectual ou físico. Não somos a sua fonte, ela é exterior, e nós somos chamados a fazer frutificar a herança que recebemos.

Sempre tendemos a idolatrar os bens materiais e dar-lhes o lugar que pertence a Deus. Se Deus está em primeiro lugar em nossa vida, ele nos ajudará a administrá-los. Ele certamente nos pedirá que prestemos contas da maneira como administramos nossos bens, com respeito pelas pessoas. Concordamos em vender nossa alma para dar uma herança importante a nossos filhos? Será que essa é uma boa herança? Devemos distinguir com sinceridade e verdade.

Além disso, a segunda bem-aventurança “Bem-aventurados os mansos, porque eles receberão a terra por herança” (Mt 5, 5) vincula mansidão e herança. Não obtemos essa graça sendo descuidados, mas acolhendo-a. Com Cristo, somos co-herdeiros da vida eterna. Esta vida em que estamos nos estabelecendo não é a única!

Florence Brière-Loth

Aleteia

HAGIOGRAFIA: O Profeta Santo Elias (Parte 8/9)

Ecclesia

O Profeta Santo Elias

Tradução do Amado Irmão WILMAR SANTIN

11. Iconografia sobre Elias

Nas numerosíssimas representações da arte bizantina e ocidental, o Profeta Elias aparece em geral vestido como um santo eremita do deserto. Os seus sinais distintivos são o corvo (que o alimentou no deserto), uma espada flamejante, uma roda de carro (alusiva a sua ascensão) e às vezes uma pá. Os caracteres iconográficos da figura do profeta derivam assim da tradicional interpretação de Elias como precursor de São João Batista. Como prefigura de Cristo, ao qual lhe associam muitos episódios de sua vida, o profeta é sempre representado no deserto enquanto é consolado ou alimentado por um anjo (afrescos do séc. XIV na Catedral de Orvieto; Tiépolo, teto do Palácio arcebispal de Udine), ou enquanto ressuscita o filho da viúva de Sarepta (afrescos do séc. III na sinagoga de Dura Europos, e do século XIV no convento de Emaús, em Praga), ou então arrebatado no carro de fogo.

A ascensão de Elias é o tema mais difundido e tratado, por sua referência à Ascensão de Cristo, por outros diversos significados simbólicos e sobretudo porque falava já de um modelo iconográfico preconstituído na figura clássica de Helios-Apolo sobre seu carro de fogo. Fora algumas representações medievais nas quais o profeta aparece sobre um carro sem cavalos, ou então levado por cavalos sem carroça, a iconografia tradicional nos apresenta Elias enquanto é elevando ao céu sobre um carro puxado por dois ou quatro cavalos, às vezes guiado por um anjo, estendendo a mão direita para Deus, enquanto que com a esquerda entrega seu manto ao profeta Eliseu que fica cego com esta visão.

Com freqüência se localiza o episódio com a representação do rio Jordão, personificado numa divindade fluvial clássica. Entre as numerosíssimas e antiquíssimas representações deste episódio podemos recordar as dos afrescos do cemitério de Domitila em Roma, dos sarcófagos paleocristãos do Louvre e da Basílica Vaticana, dos relevos das portas de madeira de Santa Sabina em Roma, de muitíssimas miniaturas medievais, dos relevos da Catedral de Cremona do séc. XII etc.

Numerosos outros episódios da vida e dos milagres do Profeta estão também representados, em geral, nas igrejas pertencentes à Ordem do Carmelo, como na de San Martino ai Monti em Roma, na capela dos carmelitas descalços de Paris e nas igrejas carmelitas de Córdoba e de Madrid. Como Patrono da Ordem, Elias aparece vestido com o hábito de religioso carmelita com os sinais e caracteres iconográficos tradicionais. Raramente o Profeta aparece com armadura de guerreiro (por ex.: afrescos de Santo Elias em Nepi).

Entre os episódios mais freqüentemente narrados nos ciclos acima citados são evidentemente o Sacrifício no Monte Carmelo com o milagre do fogo descido do céu, que prefigura da vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos (por ex.: afrescos do séc. III na sinagoga de Dura Europos, taracea marmórea de Beccafumi na Catedral de Siena); Elias alimentado pelos corvos, tema habitual nos refeitórios dos conventos do Monte Athos (outro exemplo é a pintura de Rubens, Louvre de Paris); Elias socorrido pela viúva de Serepta (por ex.: vitral da Catedral de Chartres do séc. XIII, e pintura de Juan Lanfranco no Museu de Poitiers); a Matança dos 450 profetas de Baal, tema muito freqüente na arte bizantina e russa; e finalmente Elias separando com seu manto as águas do Jordão (por ex.: relevo do séc. XII na fachada do Monastério de Ripoll, na Catalunha). 

Francesco Negri Arnoldi

FONTE:

Título original: Elia Profeta, em Santi del Carmelo, Institutum Carmelitanum, Roma 1972, p. 136-153)

Ecclesia

As 15 frases mais emblemáticas do Padre Pio

Padre Pio / Crédito: Solomenco Bogdan -
Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0)

REDAÇÃO CENTRAL, 22 set. 20 / 08:43 am (ACI).- O Padre Pio será lembrado durante muito tempo por seus inúmeros ensinamentos espirituais, que foram materializados em dezenas de frases emblemáticas ao longo de sua vida. Aqui apresentamos 15 delas graças à seleção do National Catholic Register.

1. A sociedade de hoje não reza, por isso está desmoronando.

2. A oração é a melhor arma que possuímos, a chave que abre o coração de Deus.

3. Ore, espere e não se preocupe. A preocupação é inútil. Nosso Senhor misericordioso escutará a sua oração.

4. Seria mais fácil para o mundo existir sem o sol do que sem a Santa Missa.

5. Mil anos de desfrutar da glória humana não valem nem uma hora na doce comunhão com Jesus no Santíssimo Sacramento.

6. Na vida espiritual, quem não avança retrocede. Acontece como um barco que sempre deve seguir adiante. Se parar, o vento o fará voltar.

7. Você deve falar a Jesus também com o coração, além dos lábios; na verdade, em certos casos, deve falar com Ele apenas com o coração.

8. Sempre devemos ter coragem, e se nos chega alguma apatia espiritual, corramos aos pés de Jesus no Santíssimo Sacramento e coloquemo-nos no meio dos perfumes celestiais, e sem dúvida recuperaremos nossa força.

9. Faz algum tempo que você não ama o Senhor? Não o ama agora? Não anseia amá-lo para sempre? Portanto, não temas! Ainda admitindo que cometeu todos os pecados deste mundo, Jesus repete: “Muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou”.

10. Não se preocupe com as coisas que causam preocupação, desordem e ansiedade. Apenas uma coisa é necessária: Elevar seu espírito e amar a Deus.

11. Onde não há obediência, não há virtude; não há bondade nem amor. E onde não há amor, não há Deus. Sem Deus, não podemos alcançar o Céu. Essas virtudes formam uma escada; se falta um passo, caímos.

12. Os melhores meios para se proteger da tentação são os seguintes: cuidar dos seus sentidos para salvá-los da tentação perigosa, evitar a vaidade, não deixar seu coração se exaltar, convencer-se do mal da complacência, fugir do ódio, rezar sempre que possível. Se a alma soubesse o mérito que se adquire nas tentações sofridas com paciência e vencidas, seria tentada a dizer: Senhor, envia-me as tentações.

13. É necessário proteger todos os seus sentidos, especialmente seus olhos: são os meios pelos quais toda a fascinação e o encanto da beleza e da voluptuosidade entram no coração. Quando a moda, como em nossa época, é voltada para a provocação e expõe o que antes era incorreto pensar, é preciso ter precaução e autocontrole. Sempre que necessário, deve olhar sem ver e ver sem pensar.

14. Deve lembrar que tem no céu não apenas um pai, mas também uma mãe. Portanto, vamos recorrer a Maria. Ela é toda doçura, misericórdia, bondade e amor para nós porque é nossa mãe.

15. O amor e o medo devem ir unidos, o medo sem amor converte-se em covardia. O amor sem medo converte-se em presunção. Quando há amor sem medo, o amor corre sem prudência e sem restrições, sem se preocupar para onde vai.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

“A eutanásia é um crime contra a vida. Incurável não significa incuidável”

Vatican News

“Samaritanus bonus”, a carta da Congregação para a Doutrina da Fé aprovada pelo Papa, reitera a condenação a todas as formas de eutanásia e de suicídio assistido levando em conta os casos dos últimos anos. O apoio às famílias e aos profissionais da saúde.

VATICAN NEWS

“Incurável não é jamais sinônimo de incuidável": os que sofrem de uma doença em fase terminal como os que nascem com uma previsão de sobrevivência limitada têm o direito de ser acolhido, cuidado, rodeado de afeto. A Igreja se opõe à obstinação terapêutica, mas reforça como "ensinamento definitivo" que "a eutanásia é um crime contra a vida humana".

E que "qualquer cooperação formal ou material imediata a um tal ato é um pecado grave" que nenhuma autoridade "pode legitimamente" impor ou permitir. É o que lemos em "Samaritanus bonus", a carta da Congregação para a Doutrina da Fé "sobre o cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida", aprovada pelo Papa Francisco em junho passado e publicada hoje, 22 de setembro de 2020.

Atualidade do Bom Samaritano

O texto, que reafirma a posição já expressa várias vezes pela Igreja sobre o assunto, tornou-se necessário devido à multiplicação de casos de crônica e ao avanço da legislação que em um número crescente de países autoriza a eutanásia e o suicídio assistido de pessoas gravemente doentes, mas também dos que vivem sós ou com problemas psicológicos.

O objetivo da carta é fornecer indicações concretas para atualizar a mensagem do Bom Samaritano. Também quando "a cura é impossível ou improvável, o acompanhamento médico/ enfermeiro, psicológico e espiritual, é um dever imprescindível, já que o oposto constituiria o desumano abandono do doente".

Incurável, mas jamais incuidável

“Curar se for possível, cuidar sempre”. Estas palavras de João Paulo II explicam que incurável não é jamais sinônimo de incuidável. O cuidado até o fim, "estar com" o doente, acompanhando-o escutando-o, fazendo-o sentir-se amado e desejado, é o que pode evitar a solidão, o medo do sofrimento e da morte, e o desânimo que vem junto: elementos que hoje estão entre as principais causas dos pedidos de eutanásia ou de suicídio assistido. Ao mesmo tempo, é sublinhado que "são frequentes os abusos denunciados pelos próprios médicos pela supressão da vida de pessoas que jamais teriam desejado para si a aplicação da eutanásia".

Todo o documento está centralizado no sentido da dor e do sofrimento à luz do Evangelho e do sacrifício de Jesus: “a dor é suportável existencialmente apenas onde há esperança” e a esperança que Cristo transmite ao sofredor e ao doente “é aquela da sua presença, da sua real proximidade”. Os cuidados paliativos não bastam “se não há ninguém que ‘esteja’ junto ao doente e lhe testemunhe o seu valor único e irrepetível”.

O valor inviolável da vida

“O valor inviolável da vida é uma verdade basilar da lei moral natural e um fundamento essencial da ordem jurídica” afirma a carta. “Assim como não se pode aceitar que um outro homem seja nosso escravo, mesmo se no-lo pedisse, do mesmo modo não se pode escolher diretamente atentar contra a vida de um ser humano, mesmo se este o requeresse”. Suprimir um doente que pede a eutanásia “não significa reconhecer a sua autonomia e valorizá-la”, mas ao invés significa “desconhecer o valor da sua liberdade, fortemente condicionada pela doença e pela dor, e o valor da sua vida”. Fazendo assim “decide-se no lugar de Deus o momento da morte”. Por isso, “aborto, eutanásia e suicídio voluntário corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem do que os que os padecem; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador».

Obstáculos que obscurecem o valor sagrado da vida

O documento cita alguns fatores que limitam a capacidade de colher o valor da vida. O primeiro é um uso equívoco do conceito de "morte digna" em relação ao de "qualidade de vida", com uma perspectiva antropológica utilitarista. A vida é considerada “digna” somente em presença de determinadas características psíquicas ou físicas. Um segundo obstáculo é uma errônea compreensão da “compaixão”. A verdadeira compaixão humana “não consiste em provocar a morte, mas em acolher o doente, em dar-lhe suporte nas dificuldades” oferecendo-lhe afeto e meios para aliviar o sofrimento. Um outro aspecto é individualismo crescente, raiz da doença mais latente do nosso tempo: a solidão”. Diante de leis que legalizam práticas eutanásicas surgem “às vezes dilemas infundados sobre a moralidade de ações que, na verdade, não são mais que atos devidos de simples atenção à pessoa, como hidratar e alimentar um doente em estado de inconsciência, sem perspectiva de cura”. 

O magistério da Igreja

Diante da disseminação de protocolos médicos de fim de vida, há a preocupação com "o amplamente divulgado abuso de uma perspectiva eutanásica" sem consulta ao paciente ou às famílias. Por esta razão, o documento reafirma como um ensinamento definitivo que "a eutanásia é um crime contra a vida humana", um "ato inerentemente maligno em qualquer ocasião e circunstância". Portanto, qualquer cooperação imediata formal ou material é um pecado grave contra a vida humana que nenhuma autoridade "pode legitimamente" impor ou permitir. "Aqueles que aprovam leis sobre eutanásia e suicídio assistido são, portanto, cúmplices do pecado grave" e são "culpados de escândalo porque tais leis contribuem para deformar a consciência, mesmo dos fiéis". Ajudar o suicida é portanto, “uma indevida colaboração a um ato ilícito”. O ato eutanásico permanece inadmissível mesmo que o desespero ou a angústia possam diminuir e até mesmo tornar insubstancial a responsabilidade pessoal daqueles que o pedem. “Trata-se, por isso, de uma escolha sempre errada” e os profissionais da saúde não podem prestar-se a nenhuma prática eutanásica nem mesmo a pedido do interessado, menos ainda dos seus familiares”. As leis que legalizam a eutanásia são, portanto, injustas. As súplicas dos doentes muito sérios que invocam a morte "não devem ser" entendidas como "a expressão de uma verdadeira vontade eutanásica", mas como um pedido de ajuda e afeto.

Não à obstinação terapêutica

O documento explica que “tutelar a dignidade do morrer significa excluir seja a antecipação da morte, seja sua dilação com a assim chamada “obstinação terapêutica”, hoje possível pela medicina moderna que dispõe de meios capazes de “retardar artificialmente a morte, sem que o paciente receba, em alguns casos, um real benefício”. Portanto, na iminência de uma morte inevitável “é lícito tomar a decisão, em ciência e consciência, de renunciar a tratamentos que provocariam somente um prolongamento precário e penoso da vida”, sem, todavia, interromper os cuidados normais devidos ao doente em casos similares.

A renúncia a meios extraordinários e desproporcionais expressa, portanto, a aceitação da condição humana diante da morte. Mas a alimentação e a hidratação devem ser devidamente asseguradas porque "um cuidado básico devido a cada homem é administrar os alimentos e líquidos necessários”. São importantes os parágrafos dedicados aos cuidados paliativos, "um instrumento precioso e irrenunciável" para acompanhar o paciente: a aplicação destes cuidados reduz drasticamente o número daqueles que pedem a eutanásia. Entre os cuidados paliativos, que jamais podem incluir a possibilidade de eutanásia ou suicídio assistido, o documento também inclui assistência espiritual ao paciente e seus familiares.

Ajudar as famílias

No tratamento, é essencial que o doente não sinta um peso, mas "tenha a proximidade e o afeto de seus entes queridos". Nesta missão, a família precisa de ajuda e de meios adequados". Portanto, é necessário", afirma a carta, "que os Estados "reconheçam a função social primária e fundamental da família e seu papel insubstituível, também nesta área, fornecendo os recursos e as estruturas necessárias para sustentá-la".

O cuidado em idade pré-natal e pediátrica

Desde a concepção, as crianças atingidas por malformações ou patologias de qualquer gênero são “pequenos pacientes que a medicina hoje é capaz de assistir e acompanhar, de modo a respeitar a vida”. Na carta se explica que “em caso de patologias pré-natais que seguramente levarão à morte dentro de breve lapso de tempo – e em ausência de terapias capazes de melhorar as condições de saúde destas crianças, de nenhum modo sejam elas abandonadas no âmbito assistencial, mas sejam acompanhadas como todo outro paciente até que sobrevenha a morte natural”  sem suspender a nutrição e hidratação. Palavras que também podem se referir a várias notícias recentes. É condenado o "uso às vezes obsessivo do diagnóstico pré-natal" e o surgimento de uma cultura hostil à deficiência que muitas vezes leva à escolha do aborto, que "jamais é lícito"

Sedação profunda

Para aliviar a dor do paciente, a terapia analgésica utiliza drogas que podem causar a supressão da consciência. A Igreja "afirma a liceidade da sedação como parte do cuidado oferecido ao paciente, para que o fim da vida sobrevenha na máxima paz possível". Isto se aplica também ao caso de tratamentos que " aproximam o momento da morte (sedação paliativa profunda em fase terminal), sempre, na medida do possível, com o consentimento informado do paciente". Mas a sedação é inaceitável se for administrada para "causar direta e intencionalmente a morte".

O estado vegetativo ou de mínima consciência

É sempre totalmente desviante "pensar que a falta de consciência, em sujeitos que respiram autonomamente, seja um sinal de que o doente tenha deixado de ser pessoa humana com toda a dignidade que lhe é própria". Mesmo neste estado de "persistente falta de consciência, o chamado estado vegetativo ou consciência mínima", o paciente "deve ser reconhecido em seu valor e assistido com cuidado apropriado", tem o direito à alimentação e à hidratação. Embora, o documento reconheça, "em alguns casos estas medidas podem se tornar desproporcionais", porque não são mais eficazes ou porque os meios de administrá-las criam uma carga excessiva. O documento afirma que "deve ser fornecido apoio adequado aos membros da família para carregar a carga prolongada de cuidados aos pacientes em estado vegetativo".

Objeção de consciência

Por fim, a carta pede posições claras e unificadas por parte das Igrejas locais sobre estas questões, convidando as instituições católicas de saúde a darem testemunho, abstendo-se de comportamentos "de manifesta ilicitude moral". As leis que aprovam a eutanásia "não criam obrigações para a consciência" e "levantam uma obrigação séria e precisa de se opor a elas por objeção de consciência". O médico "nunca é um mero executor da vontade do paciente" e sempre mantém "o direito e o dever de evitar o bem moral visto pela própria consciência". O médico, em todo caso, “não é jamais um mero executor da vontade do paciente” e “conserva sempre o direito e o dever de subtrair-se a vontades discordantes do bem moral visto pela própria consciência”. Por outro lado, recorda-se que "não existe o direito de dispor arbitrariamente da própria vida, de modo que nenhum profissional da saúde pode se tornar o guardião executivo de um direito inexistente". É importante que médicos e profissionais da saúde sejam formados para um acompanhamento cristão do moribundo, como mostraram os recentes eventos dramáticos ligados à epidemia da Covid-19. Quanto ao acompanhamento espiritual e sacramental daqueles que pedem a eutanásia, "é necessária uma proximidade que sempre convide à conversão", mas "não é admissível qualquer gesto exterior que possa ser interpretado como uma aprovação da ação eutanásica, como, por exemplo, o estar presente no momento de sua realização". Tal presença não se pode interpretar senão como cumplicidade”.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF