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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Por que nós católicos não carregamos a Bíblia para a Santa Missa?

Veritatis Splendor

Esta é uma pergunta que muitos não-católicos fazem para inferir que os católicos não leem a Bíblia na Missa ou que a temos em muita baixa estima. Mas a verdade é que os católicos leem a Bíblia na Missa e, não apenas isso, estamos cumprindo mais perfeitamente o modo bíblico de se ler a Bíblia em comunidade, como se fazia no Antigo e no Novo Testamento, onde existia um leitor que lia os Livros Sagrados para a comunidade.

Além disso, se formos à Missa todos os domingos, teremos lido – ou melhor ouvido o que se lê -, num período de três ano, a Bíblia inteira. Obviamente, isto não significa que não devamos ler pessoalmente a Bíblia em nossas casas. Cabe acrescentar aqui que devemos ouvir a Palavra de Deus com a atitude de quem pergunta para si mesmo: o que Deus está pedindo para mim concretamente nesta Missa? O que é que Deus quer me dizer nesta liturgia da Palavra?

Porém, a principal razão pela qual os católicos não carregam a Bíblia para a Missa é porque a própria Missa está mergulhada na Bíblia. Como diria Scott Hahn, teólogo protestante que se converteu ao Catolicismo em sua primeira Missa, para a qual carregou a sua Bíblia, “a Bíblia já não estava junto de mim; ela estava diante de mim” (Roma, doce lugar). Daí que todas as partes da Missa são bíblicas, como veremos a seguir:

INÍCIO

Iniciamos invocando a Santíssima Trindade, assinalando-nos no Nome do Pai e do Filho de do Espírito Santo. Esta parte foi tomada de Mateus 28,19: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Por este sinal, recordamos o nosso batismo e que pertencemos a Deus, ao mesmo tempo que convidamos as Três Pessoas Divinas para que façam de nós seu Templo durante a celebração e durante a nossa vida.

SAUDAÇÃO DO CELEBRANTE

“O Senhor esteja convosco”, ou também “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Isto é extraído de:

  • 2Coríntios 13,14: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós”.
  • 2Timóteo 4,22: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco”.

EU CONFESSO

Fazemos uma confissão pública a Deus das nossas faltas, de modo que possamos iniciar a celebração com humildade, reconhecendo-nos em necessidade da graça divina e da intercessão da comunidade em nosso favor perante Deus, iniciando com as palavras: “Confesso a Deus todopoderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes…”. Isto é extraído de:

  • Salmo 32,5: “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: ‘Confessarei ao Senhor as minhas transgressões’; e tu perdoaste a maldade do meu pecado”.

SENHOR, TEM PIEDADE

A seguir, imploramos a Deus que tenha piedade e misericórdia de nós. Esta parte da Missa está em:

  • Salmo 6,3: “Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco”.
  • Salmo 27,7: “Ouve, Senhor, a minha voz quando clamo; tem também piedade de mim, e responde-me”.
  • Baruc 3,2: “Ouve, Senhor, tem piedade, porque pecamos contra ti”.
  • Lucas 17,13: “E levantaram a voz, dizendo: ‘Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós'”.

GLÓRIA

Quando glorificamos a Deus, entoamos o hino que os Anjos cantaram a primeira noite feliz:

  • Lucas 2,14: “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens”.

LITURGIA DA PALAVRA

Na Liturgia da Palavra reproduz-se aquela cena de Nazaré, quando Cristo vai num sábado à sinagoga: “levantou-se para fazer a leitura” de um texto de Isaías; e ao terminar, “fechando o livro, se sentou. Os olhos de todos na sinagoga estavam fixos nele. E começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpre esta Escritura que acabais de ouvir'” (Lucas 4,16-21).

Com a mesma realidade O escutamos na Missa: é Cristo que nos fala através das leituras, principalmente quando o sacerdote lê o Evangelho.

ALELUIA

Antes que se leia o Evangelho, diz-se ou canta-se o Aleluia, que é uma adaptação da expressão hebraica “hallelu Yah”, que significa “louvem a Yah” ou “louvai a Yah”. Isto se encontra em:

  • Salmo 135,1: “Aleluia. Louvai o nome do Senhor; louvai-o, servos do Senhor”.
  • Salmo 150,1: “Aleluia. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento do seu poder”.
  • Apocalipse 19,1: “E, depois destas coisas ouvi no céu uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: ‘Aleluia! A salvação, e a glória, e a honra, e o poder pertencem ao Senhor nosso Deus'”.
  • Apocalipse 19,3: “E outra vez disseram: ‘Aleluia!’ E a fumaça dela sobe para todo o sempre”.

HOMILIA

Para a elaboração da homilia é costume se selecionar várias fontes privilegiadas como os textos bíblicos recém-lidos, textos dos Padres da Igreja ou de Doutores e Santos da Igreja Católica. Isto se encontra em:

  • Atos 2,42: “E perseveravam na doutrina dos Apóstolos…”

PROFISSÃO DE FÉ (CREDO)

Creio em Deus Pai todopoderoso,

  • Gênesis 17,1: “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: ‘Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito'”.

Criador do céu e da terra,

  • Gênesis 1,1: “No princípio criou Deus o céu e a terra”.

e de todas as coisas visíveis e invisíveis.

  • Colosenses 1,16: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele”.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor,

  • João 3,16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”

Nascido do Pai antes de todos os séculos.

  • Hebreus 7,3: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida”.

Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

  • Colossenses 1,15: “Ele é imagem do Deus invisível”

Gerado, não criado,

  • Salmo 2,7: “Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: ‘Tu és meu Filho, eu hoje te gerei'”.

consubstancial ao Pai, por Ele todas as coisas foram feitas.

  • Hebreus 1,3: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa…”

E por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu do Céu e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem;

  • Lucas 1,35: “E respondendo o anjo, disse-lhe: ‘Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus'”.
  • Mateus 1,22-23: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz: ‘Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de ‘Emanuel’, que traduzido é: ‘Deus conosco'”.

padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos;

  • João 19,1-2: “Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram roupa de púrpura”.

foi crucificado, morto e sepultado;

  • João 19,17-19: “E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado ‘Caveira’, que em hebraico se chama ‘Gólgota’, onde o crucificaram; e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: ‘Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus'”.
  • Lucas 23,46: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’. E, havendo dito isto, expirou”.
  • Lucas 23,53: “E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto”.

desceu à mansão dos mortos;

  • 1Pedro 3,18-19: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão”.

ao terceiro dia, ressuscitou dentre os mortos, conforme as Escrituras;

  • 1Coríntios 15,3-4: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai todopoderoso,

  • Marcos 16,19: “Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus”.

de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

  • Atos 10,42: “E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos”.

Creio no Espírito Santo,

  • Romanos 5,5: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.

(É tão importante crer no Espírito Santo, que o próprio Jesus nos afirma que o único pecado que não será perdoado, nem neste nem no outro mundo, é o pecado contra o Espírito Santo).

na Santa Igreja Católica,

  • Efésios 5,25-27: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com o banho da água, em virtude da palavra, para a apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
  • Mateus 16,18: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
  • Matreus 28,19: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

na comunhão dos Santos,

  • Apocalipse 7,9: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos”.

na remissão dos pecados,

  • João 20,23: “Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos”.

na ressurreição da carne,

  • Romanos 8,11: “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”.

e na vida eterna.

  • Apocalipse 22,5: “E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre”.

Amém.

  • Apocalipse 22,20: “Aquele que testifica estas coisas diz: ‘Certamente cedo venho’. Amém. Ora vem, Senhor Jesus”.

LITURGIA EUCARÍSTICA

O sacerdote se aproxima do altar, após receber as ofertas do pão e do vinho das mãos do fiéis, e diz:

  • “Bendito sejas Senhor, Deus do universo, por este pão, fruto da terra e do trabalho do homem, que recebemos da tua generosidade e agora te apresentamos. Ele será para nós pão da vida”. Isto se encontra nas seguintes passagens bíblicas: 1Crônicas 29,10Salmo 72,18-19; 119,10; Lucas 1,68João 6,23.

E diz também:

  • “Bendito sejas Senhor, Deus do universo, por este vinho, fruto da videira e do trabalho do homem, que recebemos da tua generosidade e agora te apresentamos. Ele será para nós bebida de salvação”. Em conformidade com Lucas 22,17-18João 6,55.

A seguir, o sacerdote lava as mãos enquanto diz em voz baixa:

  • “Lavai-me de todas as minhas faltas, limpai todo meu pecado”.

Tais palavras remontam ao Salmo 51,3“Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado”.

Ato contínuo, o sacerdote diz:

  • “Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todopoderoso”.

Isto está em:

  • Oseias 14,2: “Tomai convosco palavras, e convertei-vos ao Senhor; dizei-lhe: ‘Tira toda a iniquidade, e aceita o que é bom; e ofereceremos como novilhos os sacrifícios dos nossos lábios'”.
  • Levítico 22,19: “E quando oferecerdes sacrifício de ação de graças a Deus, o sacrificareis de maneira que seja aceitável”.

SANTO, SANTO, SANTO

Após o Prefácio, se dá o canto do “Sanctus”. Isto está em:

  • Isaías 6,3: “E clamavam alternadamente, dizendo: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória'”.
  • Apocalipse 4,8: “E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: ‘Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir'”.

CONSAGRAÇÃO

Na véspera da sua Paixão, tomou o pão em suas santas e veneráveis mãos e erguendo os olhos para o céu, a ti, Pai todopoderoso, te deu graças, o partiu e o deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei, todos vós: Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. Isto está em:

  • Mateus 26,26: “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: ‘Tomai, comei, isto é o meu corpo'”.
  • 1Coríntios 11,23-24: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: ‘Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim'”.

Do mesmo modo, terminada a ceia, tomou o cálice mais uma vez, dando-te graças, te bendisse, e o deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai e bebei, todos vós, porque este é o cálice do meu sangue; o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos, para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim”. Isto está em:

  • Mateus 26,27-28: “E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: ‘Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados'”.
  • 1Coríntios 11,25: “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim'”.

A seguir, oramos ao nosso Pai, nas palavras que o Senhor nos ensinou, em conformidade com Mateus 6,9-13.

Depois, o reconhecemos com as palavras de São João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus…”, em conformidade com João 1,29.36.

ÓSCULO DA PAZ

“Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos Apóstolos: ‘Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz'”. Isto esta em:

  • João 14,27: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá”.

COMUNHÃO

Diz o sacerdote: “Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Felizes os convidados para a ceia do Senhor” (cf. Apocalipse 19,9).

E antes de recebê-Lo na comunhão, respondemos com as palavras do centurião: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”. Isto está em:

  • Mateus 8,8: “E o centurião, respondendo, disse: ‘Senhor, não sou digno de que entres em minha casa, mas dize somente uma palavra e o meu criado há de sarar'”.

RITO FINAL

O sacerdote diz: “O Senhor esteja convosco”.

O povo responde: “E com o teu espírito”.

O sacerdote abençoa o povo, dizendo: “A bênção de Deus todopoderoso – Pai e Filho e Espírito Santo – desça sobre vós”. Isto está em:

  • 2Coríntios 13,13: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós”.

O povo responde: “Amém”.

O sacerdote: “Ide na paz de Cristo”.

A congregação: “Demos graças a Deus”. Isto está em:

  • 2Coríntios 9,15: “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável”.

CONCLUSÃO

Os católicos não carregam a Bíblia para a Missa porque o que dizemos e ouvimos na Missa procede da Bíblia e o que “fazemos” na Missa, o fazemos porque era feito na Bíblia: nos ajoelhamos (cf. Salmo 95,6; Atos 21,5) e cantamos hinos (cf. 1Macabeus 10,7.38; Atos 16,25); oferecemos o sinal da paz (cf. 1Samuel 25,6; 1Tessalonicenses 5,26); nos juntamos ao redor do altar (cf. Gênesis 12,7; Êxodo 24,4; 2Samuel 24,25Apocalipse 16,7), com incenso (cf. Jeremias 41,5; Apocalipse 8,4), servido por sacerdotes (cf. Êxodo 28,3-4; Apocalipse 20,6); oferecemos uma ação de graças com pão e vinho (cf. Gênesis 14,18; Mateus 26,26-28).

Desde o primeiro sinal da cruz até o último amém (cf. Neemias 8,6; 2Coríntios 1,20), a Missa é um conjunto de sons e sentidos, composto por palavras, ações e acessórios extraídos da Bíblia.

Veritatis Splendor

Santa Aurélia e Santa Neomísia

arquisp

Aurélia nasceu na Ásia Menor, no Oriente e era muito unida à sua irmã Neomisia. Elas costumavam procurar pobres e doentes pelas ruas para fazer-lhes caridade. E assim fizeram durante toda a adolescência, mantendo-se muito piedosas e fervorosas cristãs. Aurélia sempre dizia à irmã que, ao atingirem a idade suficiente, iriam visitar todos os lugares sagrados da Palestina, em uma longa peregrinação.

De fato, Aurélia e Neomísia foram para a Terra Santa e viram onde Jesus nasceu e viveu. Depois, fizeram todo o trajeto percorrido por ele até o monte Calvário, onde foi crucificado e morreu para salvar-nos. Aurélia, envolvida pela religiosidade da região e com o sentimento da fé reforçado, decidiu continuar a peregrinação até Roma. Assim, visitaria o célebre santuário da cristandade do Ocidente, sempre acompanhada pela irmã.

Elas não sabiam que os sarracenos muçulmanos estavam invadindo várias regiões italianas e que, avançando, já tinham atacado e devastado a Calábria e a Lucânia. Quando chegaram a Roma, as duas foram surpreendidas, na via Latina, por um grupo de invasores, que as identificaram como cristãs. Ambas foram agredidas e chicoteadas até quase à morte. Mas um fortíssimo temporal dispersou os perseguidores, que abandonaram o local. Por isso as duas foram libertadas e puderam seguir com sua viagem.

Mas, estando muito feridas, resolveram estabelecer-se na pequena Macerata, situada aos pés de uma colina muito perto da cidade de Anagni. Lá, elas retomaram a vida de caridade, oração e penitência, sempre auxiliando e socorrendo os pobres, velhos e doentes. Aurélia também tinha os dons da cura e da profecia. Assim, a fama de santidade das duas irmãs cristãs difundiu-se entre a população. Diz a tradição que Aurélia salvou os fiéis da paróquia daquela diocese. Foi num domingo de chuva, ela correu para avisar o padre que parasse a missa, pois iria cair um raio sobre a igreja. O padre, inspirado pelo Espírito Santo, ouviu seu conselho e os fiéis já estavam a salvo quando o incidente aconteceu.

Aurélia e a irmã adoeceram e morreram no mesmo dia, 25 de setembro, de um ano não registrado. Os seus corpos foram sepultados na igreja de Macerata. Mais tarde, o bispo daquela diocese, aproveitando a visita do papa Leão IX à cidade, preparou uma cerimônia solene para trasladar as relíquias das duas irmãs para a catedral de Anagni. Outra festa foi preparada quando a reconstrução da catedral terminou. Então, as relíquias de Aurélia e Neomísia foram colocadas na cripta de são Magno, logo abaixo do altar dedicado a ele.

O culto a santa Aurélia é um dos mais propagados e antigos da tradição romana. Ao longo dos séculos, Aurélia deu nome a gerações inteiras de cristãs, que passaram a festejar a santa de seu onomástico como protetora pessoal. De modo que a festa de santa Aurélia, no dia 25 de setembro, foi introduzida no calendário litúrgico da Igreja pela própria diocese de Anagni. O único texto que registrou esta tradição faz parte do Cod. Chigiano C.VIII. 235, escrito no início do século XIV. Somente em 1903 o culto obteve a confirmação canônica. Assim, as urnas contendo as relíquias das irmãs são expostas aos devotos e peregrinos durante a celebração litúrgica. Contudo há um fato curioso que ocorre nesta tradição desde o seu início. É que a maioria dos devotos só lembra que é o dia da festa de santa Aurélia, e apenas a ela agradecem pela intercessão nas graças alcançadas.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

TEOLOGIA: A Catolicidade da Igreja (Parte 1/8)

George Florovsky | Ecclesia

A Catolicidade da Igreja

Trad.: Pe. Pedro Oliveira Junior

1. A união teantrópica e a Igreja

risto conquistou o mundo. Essa vitória consiste em ter criado sua própria Igreja. No meio da vaidade e pobreza, da fragilidade e sofrimento da história humana, Ele lançou as fundações de um "novo ser." A Igreja é a Obra de Cristo na terra; ela é a imagem e moradia de sua santa Presença no mundo. E no dia de Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre a Igreja que estava então representada pelos doze apóstolos e por aqueles que estavam com eles. Ele entrou no mundo para morar conosco e agir mais completamente do que jamais havia agido anteriormente: "porque, o Espírito Santo ainda não havia sido dado pois, Jesus ainda não havia sido glorificado" (Jo 7,39). O Espírito Santo desceu uma vez para sempre. Esse é um tremendo e insondável mistério. Ele vive e habita incessantemente na Igreja. Na Igreja nós recebemos o Espírito de adoção (Rom 8,15). Alcançando e aceitando o Espírito Santo nos tornamos inteiramente de Deus. Na Igreja nossa salvação é aperfeiçoada; a santificação e transfiguração, a theosis da raça humana é completada. 

2. Extra Ecclesiam nulla salus (fora da Igreja não há salvação)

Toda categórica força e ponto desse aforismo está em sua tautologia (redundância). Fora da Igreja não há salvação, porque salvação está na Igreja. Pois salvação é a revelação do caminho para todos aqueles que acreditam no Nome de Jesus Cristo. Essa revelação só é encontrada na Igreja. Na Igreja, assim como no Corpo de Cristo, em seu organismo teantrópico, o mistério da encarnação, o mistério das "duas naturezas," unidas indissoluvelmente, é continuamente realizado. Na Encarnação do Verbo está a totalidade da revelação, revelação não só de Deus, mas também do homem. "Pois o Filho de Deus tornou-se o Filho do homem," escreve são Irineu, "para que o homem também possa transformar-se no filho de Deus." (Adversus Haerethics. 3:10, 2).

Em Cristo, como Deus-Homem, o significado da raça humana não só é revelado mas cumprido. Em Cristo a natureza humana é aperfeiçoada, é renovada, reconstruída, re-criada. O destino humano encontra seu objetivo, e daí para frente, de acordo com as palavras do apóstolo, "está escondida com Cristo em Deus" (Col 3, 3).

Nesse sentido Cristo é "o Último Adão" (1Cor 15, 45), um verdadeiro homem. Nele está a medida e o limite da vida humana. Ele ressuscitou "feito as primícias dos que adormeceram" (1Cor 15,20). Ele ascendeu ao céu e sentou-se á direita de Deus Pai. Sua glória é a glória de toda existência humana. Cristo entrou na glória pré-eterna; entrou como homem e tem chamado toda a raça humana para habitar com Ele e n'Ele. "Deus, sendo riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo ... e nos ressuscitou juntamente com Ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Ef 2, 4-6).

Aí reside o mistério da Igreja como Corpo de Cristo. A Igreja é plenitude, (Τò πληρωμα, pleroma) isto é, completamento. Dessa maneira São João Crisóstomo explica as palavras do apóstolo: "A Igreja é o completamento de Cristo da mesma maneira que a cabeça completa o corpo e o corpo é completado pela cabeça. Por ai nós compreendemos porque o apóstolo vê que Cristo, do mesmo modo como a cabeça necessita de todos os seus membros. Porque, se muitos de nós não fôssemos, um a mão, outro o pé, outros ainda os demais membros, seu corpo não estaria completo. Assim seu corpo é formado de todos os seus membros. Isso significa, 'Que a cabeça estará completa, somente quando o corpo é perfeito'; quando nós todos estivermos mui firmemente unidos e reforçados". (Em Homilia aos Efésios 3, 2; Migne, P. 1XII.c.26).

O Bispo Teófano repete a explicação de São João Crisóstomo: "A Igreja é a plenitude de Cristo da mesma maneira como a árvore é a plenitude do grão. Tudo que está contido no grão de maneira condensada, recebe seu completo desenvolvimento na árvore ... Cristo em si é completo e todo-perfeito, mas ainda assim ele atrai toda a humanidade para si em plenitude final. É só gradualmente que o gênero humano entra em comunhão com Ele dando assim uma nova plenitude para a sua obra, que por aí atinge seu total completamento" . (Explicação da Epistola aos Efésios, M. 1893, 2. pgs 93-94). Para o mesmo ponto de vista, ver o reverendíssimo J Armitage Robinson, St. Paul's Epistle to the Efesians, pgs 44-45, I. 403; edição sintética pgs. 57-60).

A Igreja é ela própria plenitude; é a continuação e realização da união teantrópica. A Igreja é o gênero humano transfigurado e regenerado. O significado dessa regeneração e transfiguração é que na Igreja o gênero humano torna-se uma unidade, "em um corpo" (Ef. 2,16). A vida na Igreja é unidade e união. O corpo é "ligado junto" e "cresce" (Col 2,19) em unidade de espírito, em unidade de amor. O reino da Igreja é unidade. E certamente essa unidade não é externa, mas é interna, íntima, orgânica. Ela é a unidade do corpo vivo, a unidade do organismo. A Igreja é uma unidade não só no sentido de que ela é una e única; ela é uma unidade, antes de tudo, porque seu verdadeiro ser consiste em reunir a separada e dividida raça humana. É essa unidade que é a "sobornost" ou catolicidade da Igreja. Na Igreja a humanidade passa para outro plano começa uma nova maneira de existência. Uma nova vida torna-se possível, uma verdadeira, total e completa vida, uma vida católica, "na unidade do Espírito, pelo vinculo da paz" (Ef. 4,3). Uma nova existência começa, um novo princípio de vida, "Como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós ... para que sejam um, como Nós somos um" (Jo 17,21-22).

Este é o mistério da reunião final na imagem da Unidade da Santíssima Trindade. Ela é realizada na vida e construção da Igreja, ela é o mistério da sobornost, o mistério da catolicidade. 

FONTE:

Folheto Missionário nP95. Holy Trinity Orthodox Mission
466 Foothill Blvd, Box 397, La Canada, Ca 91011
Redator: Bispo Alexandre Mileant


Ecclesia

Quem foi o rei Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo

Public Domain
por Arquidiocese de São Paulo

Ele é citado na Carta aos Hebreus como rei de justiça, que faz do seu sacerdócio uma figura do sacerdócio de Cristo.

Em sua coluna de perguntas e respostas no jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana, o pe. Cido Pereira explicou neste mês quem foi o rei Melquisedeque, apresentado na Bíblia como sacerdote do Altíssimo.

O Ricardo Paiva, que mora no bairro do Itaim, pede que eu fale a respeito de Melquisedeque, citado na Bíblia.

Ricardo, Melquisedeque foi um rei cananeu de Salém, ou seja, daquela que seria, no futuro, a cidade de Jerusalém. Ele é apresentado também como sacerdote do Altíssimo. Ele ofereceu um sacrifício de pão e de vinho por uma vitória de Abrão contra quatro reis que haviam aprisionado seu sobrinho Lot.

No livro do Gênesis, no capítulo 14, lemos que Abrão, após vencer uma grande batalha, foi acolhido por Melquisedeque, que trouxe pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários em tuas mãos. Após esta bênção, Abrão pagou o dízimo de tudo”.

Melquisedeque é citado na Carta aos Hebreus, como rei de justiça, que faz do seu sacerdócio uma figura do sacerdócio de Cristo (cf. Hb 7,11-19). Seu sacerdócio ultrapassa o dos levitas, que era a tribo de Israel de onde saíam os sacerdotes. O Salmo 110 diz que o sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque é eterno.

Sabe, Ricardo, Melquisedeque ofereceu o sacrifício do pão e do vinho. Jesus na ceia entregou o pão e o vinho aos discípulos dizendo: “Tomai, comei; tomai, bebei; isto é meu corpo, este é o cálice do meu sangue”. E quando Jesus naquela ceia disse: “Fazei isto em memória de mim”, Ele instituiu o sacerdócio cristão. Os sacerdotes cristãos oferecem no altar o sacrifício do pão e do vinho, do corpo e do sangue de Jesus. Por tudo isso é que o sacerdócio de Jesus, do qual os nossos padres participam, é eterno e é segundo a ordem de Melquisedeque.

Eis este rei e sacerdote misterioso, que aparece lá no início da história do povo de Israel e cujo sacerdócio é figura do sacerdócio do Cristo, do qual participam todos os sacerdotes da nossa Santa Igreja. Tudo bem, Ricardo? Fique com Deus e que Ele abençoe você e sua família.

 Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF