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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 8/12) – Outros casos de batismos

Veritatis Splendor

OUTROS CASOS DE BATISMOS

a) O batismo de 3.000 pessoas em Jerusalém

Há um fato interessante na Bíblia, onde os Apóstolos batizaram 3.000 pessoas em um só dia:

  • “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (Atos 2,41).

Pois bem: estas 3.000 pessoas que se batizaram no dia de Pentecostes, somente podem ter sido batizadas por aspersão, visto que Jerusalém se encontra sobre um monte numa nas regiões mais altas do país, onde a água era bastante escassa (e bastante disputada); também não havia rios nesse lugar, nem tempo suficiente para se batizar empregando outra forma. Então como foram batizadas essas 3.000 pessoas? O mais lógico: por aspersão.

Os arqueólogos demonstaram que no tempo da narrativa bíblica, não havia água em abundância para mergulhar tamanha quantidade de gente. E ainda que fosse assim, os habitantes de Jerusalém não teriam permitido que a sua fonte de água fosse contaminada por 3.000 pessoas. Mais ainda: pessoas em certas condições médicas como tetraplégicos, paralíticos, coxos, mulheres menstruadas etc. não poderiam entrar na água a fim de serem submergidas.

Imaginar que os Apóstolos mergulhavam as pessoas nos mananciais públicos usados para beber e cozinhar é um absurdo. Não o fariam, por mínima decência; e certamente os judeus escrupulosos os proibiriam.

Estes fatores levantam problemas para os nossos amigos imersionistas.

b) Toda uma família é batizada no cárcere durante a madrugada

  • “E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,32-33).

Neste texto, vemos que São Paulo foi levado com pressa à família do carcereiro e batizou a família inteira durante a madrugada. O mais lógico é pensar na aspersão, pois deu-se dentro de um cárcere, onde não há rios, e de madrugadam sendo impossível sair a essas horas para buscar um rio ou um lugar com muita água.

Foi um batismo imediato, que não sugere mudança de lugar para a sua concretização, já que certamente, no cárcere, não havia lugares adequados para uma imersão. O carcereiro tinha levado água para lavar as feridas de Paulo e Silas, de modo que parece que foi usada parte dessa mesma água para se proceder aos batismos:

  • “E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,33).

Como se daria hoje, é impossível para um preso ter acesso a uma fonte de água para ser submergido em batismo; neste caso, a aspersão seria a forma mais adequada para se administrar o batismo. O mesmo se dá com os esquimós: a imersão não é apropriada, no entanto o método da aspersão se mostra mais adequada.

c) O caso de Cornélio

No caso de Cornélio (cf. Atos 10), os eventos imediatos se dão em seu próprio lar. Não se tem ideia de que saiu de cara para buscar um lugar com muita água para o batismo. A expressão “Pode alguém porventura recusar a água” soa muito mais como um simples rito, para o qual já se tinha à mão a água necessária, de modo que não havia razão nenhuma para não se realizar o batismo.

Na passagem que descreve os detalhes na casa de Cornélio (Atos 11,15-16), Pedro diz:

  • “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: ‘João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo'” (Atos 11,15-16);

mas Pedro também disse (cf. Atos 2,14-18) que o Pentecostes era um cumprimento da profecia de Joel:

  • “E nos últimos dias acontecerá – diz Deus – que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne” (Atos 2,17).

Essa é a maneira como aconteceu: Deus derramou o Seu Espírito sobre eles, o Espírito “caiu sobre” eles. O batismo com o Espírito Santo foi um “cair sobre”. Pedro imediatamente pensou no batismo com água e a relação sugeriria que o batismo ritual fosse como um “cair sobre”, isto é, como um simples derramamento ou aspersão.

d) O próprio caso de São Paulo

Atos 9 relata as circunstâncias do batismo de São Paulo. Este é o único batismo de água que é descrito no Novo Testamento, com alguns detalhes que podem sugerir a sua forma. Ananias diz a Paulo: “Levanta-te e batiza-te” (Atos 9,16); e novamente diz: “levantou-se e foi batizado” (Atos 9,18). O termo grego para “levanta-te” e também para “se levantou” é um particípio. Uma tradução literal para ambos os casos seria: “colocando-se de pé, foi batizado”. Não há aqui nenhuma sugestão de imersão. Nada se fala de um mudança de roupas, nem de ir para um lugar com muita água ou que fosse apropriado para a imersão; nem do uso de toalha; nem de alguma demora para os preparativos necessários. Se alguma coisa se insinua aqui é um rito simples, sem detalhes especiais a serem registrados.

Lembremos também que São Paulo era um fariseu zeloso, de modo que é possível que o único batismo que conhecesse fosse o da forma judaica por infusão ou aspersão.

Veritatis Splendor

Uma “flecha divina” marcou o coração de Santa Teresa D’Ávila e sua autópsia confirmou

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 15 out. 20 / 06:00 am (ACI).- Santa Teresa D’Ávila (1515-1582), a primeira mulher Doutora da Igreja, relatou em seus escritos uma das experiências místicas que marcou profundamente seu coração. Este fato foi tão impactante que a levou a fazer um voto especial a Deus que a impulsionou em suas reformas, fundações e caminho de santidade.

A santa e escritora mística conta que certa vez viu á sua esquerda um anjo em forma humana. Era de baixa estatura e muito belo, seu rosto reluzia e deduziu que devia ser um querubim, um dos anjos de mais alto grau.

“Vi que trazia nas mãos um comprido dardo de ouro, em cuja ponta de ferro julguei que havia um pouco de fogo. Eu tinha a impressão de que ele me perfurava o coração com o dardo algumas vezes, atingindo-me as entranhas. Quando o tirava, parecia-me que as entranhas eram retiradas, e eu ficava toda abrasada num imenso amor de Deus”, descreveu Santa Teresa.

“A dor era tão grande que eu soltava gemidos, e era tão excessiva a suavidade produzida por essa dor imensa que a alma não desejava que tivesse fim nem se contentava senão com a presença de Deus”.

“Não se trata de dor corporal; é espiritual, se bem que o corpo também participe, às vezes muito. É um contato tão suave entre a alma e Deus que suplico à Sua bondade que dê essa experiência a quem pensar que minto”, explicou a Doutora da Igreja (O Livro da Vida 29,13).

Este tipo de vivência espiritual é chamado na Igreja como “transverberação”, que é a experiência mística de ser transpassado no coração causando uma grande ferida.

Mais tarde, buscando responder a este presente divino, Santa Teresa fez o voto de fazer sempre o que lhe parecesse mais perfeito e agradável a Deus. Foi assim que no resto de sua vida, a reformadora e fundadora carmelita se esforçou por cumprir perfeitamente este juramento.

Quando a santa partiu para a Casa do Pai, a autópsia revelou que no coração de Santa Teresa estava a cicatriz de uma grande e profunda ferida. Na família carmelita, a festa da “transverberação” de Santa Teresa de Jesus é celebrada no dia 26 de agosto.

Como legado, a Doutora da Igreja também deixou plasmada sua experiência mística na seguinte poesia de amor, intitulada “Meu Amado é para mim”:

Entreguei-me toda e assim
Os corações se hão trocado
Meu Amado é para mim,
E eu sou para o meu Amado.

Quando o doce Caçador
Me atingiu com sua seta,
Nos meigos braços do Amor
Minh'alma aninhou-se quieta.
E a vida em outra, seleta,
Totalmente se há trocado:
Meu amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.

Era aquela seta eleita
Ervada em sulcos de amor,
E minha alma ficou feita
Uma com o seu Criador.
Já não quero eu outro amor,
Que a Deus me tenho entregado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.

ACI Digital

S. TERESA DE JESUS, VIRGEM, DOUTORA DA IGREJA, CARMELITA DESCALÇA

S. Teresa de Jesus, virgem, doutora da Igreja,
carmelita descalça 
(Joachim Schäfer - Ökumenisches Heiligenlexikon)

Dos romances à dura realidade
Filha do segundo casamento de um judeu convertido, Santa Teresa de Ávila nasceu no dia 28 de março de 1515. Durante sua infância feliz, junto com seus irmãos e primos, sentia-se atraída pelos romances cavalheirescos. Depois da morte em batalha do irmão mais velho, João, em 1524, e da perda da mãe, Beatriz, a jovem foi mandada estudar em um Mosteiro das Agostinianas de Nossa Senhora das Graças, onde passou por uma primeira crise existencial. Ao ser acometida por uma grave doença, voltou para a casas paterna, onde presenciou a partida do amado irmão, Rodrigo, para as Colônias espanholas no além-mar. Em 1536, foi atingida pela chamada “grande crise”, que amadureceu a sua decisão de entrar para o Mosteiro das Carmelitas da Encarnação em Ávila. Mas, seu pai era contrário e Teresa fugiu de casa. Acolhida pelas monjas, fez a profissão religiosa em 3 de novembro de 1537.

“Fiquei tomada de comoção”
A sua saúde voltou logo a comprometê-la. Apesar do consequente retorno à família, o caso foi julgado desesperador. Então Teresa foi reconduzida ao Convento, onde as Irmãs começaram a preparar seu funeral. Porém, de modo inexplicável, em poucos dias a enferma melhorou. Parcialmente liberada dos compromissos da vida claustral, por causa da sua convalescença, de caráter alegre, amante da música, da poesia, da leitura e escritura, começou a tecer uma rede densa de amizades, atraindo a si várias pessoas desejosas de encontrá-la. No entanto, percebeu que estes encontros eram motivos de distração da sua da sua principal tarefa de rezar, que ocasionou sua “segunda conversão”: “Os meus olhos defrontaram-se com uma imagem... parecia Nosso Senhor coberto de chagas. Quando o vi, fiquei tomada de comoção... debulhando-me em lágrimas, lancei-me aos seus pés e lhe supliquei para dar-me forças para não o ofender mais”.

Reprodução de Bernini
As visões e êxtases representam o capítulo mais misterioso e interessante da vida de Santa Teresa de Ávila. Em sua autobiografia (redigida a pedido do Bispo) e em outros textos e cartas, ela descreve os vários níveis das manifestações divinas, visuais e auditivas. Ela é representada em levitação, em síncope e caída como morta (assim a reproduziu Bernini, por volta de 1650, na estátua de Santa Maria da Vitória, em Roma). A estas manifestações corresponde um grande crescimento espiritual, como Teresa, - que tinha inclinação natural para a escritura e a poesia – descreve em seus textos místicos, entre os mais claros, importantes, poéticos jamais escritos. Não sendo entendida na sua intensa espiritualidade e até considerada, por alguns de seus confessores, como vítima de ilusões demoníacas, ela foi ajudada pelo jesuíta, Francisco Borja, e pelo franciscano, Frei Pedro de Alcântara, que puseram fim às dúvidas dos seus acusadores.

Castelo Interior
Teresa teve a intuição de reformar o Carmelo, por causa da sua desorganização interna. Em 1566, o Superior geral da Ordem deu-lhe a autorização de fundar, em Castela, vários mosteiros, inclusive dois para os Carmelitas Descalços. Assim, surgiram conventos em Medina, Malagón e Valladolid (1568); Toledo e Pastrana (1569); Salamanca (1570); Alba de Tormes (1571); Segóvia, Beas e Sevilha (1574); Soria (1581); Burgos (1582)...
Em 1567, foi decisivo o encontro de Teresa com o jovem estudante de Salamanca, recém-ordenado sacerdote: com o nome de João da Cruz, o jovem recebe o hábito dos Descalços e acompanha a Fundadora nas suas viagens. Juntos, superaram vários acontecimentos dolorosos, entre os quais as divisões internas da Ordem e até acusações de heresia. Por fim, Teresa levou vantagem com o nascimento da Ordem reformada das Carmelitas e dos Carmelitas Descalços.
A obra mais famosa de Teresa é, certamente, o “Castelo Interior”, itinerário da alma na busca de Deus, mediante sete passagens particulares de elevação, como também o “Caminho da perfeição”, as Fundações e muitíssimas Máximas, Poesias e Orações.
Incansável, apesar da fragilidade de sua saúde, Santa Teresa de Ávila faleceu em Alba de Tormes, em 1582, durante uma das suas viagens.

Vatican News

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Formação da consciência: é hora de ler o manual

Lanako Portfolio | Shutterstock
por Robert Mc Teigue, SJ

Redescobrindo a importância da competência moral.

Sobre a importância da formação da consciência.

Como você responderia ao seguinte? – Oh, você nunca dirigiu um carro com câmbio automático antes? Na verdade, não é difícil, e o manual está no porta-luvas.

Coloco essa questão por dois motivos:

  1. essa situação realmente aconteceu comigo;
  2. a situação pode nos ensinar muito sobre a consciência.

Já escrevi bastante nestas páginas sobre consciência. Isso porque parece necessário em resposta aos desafios que os membros da Igreja enfrentam hoje e porque é um ano de eleições onde eu moro.

Consequentemente, muitas pessoas estão falando sobre consciência, na maioria das vezes muito mal e, infelizmente, muitas vezes de forma bastante perigosa.

Manual

Primeiramente, meu pai costumava me dizer: “nenhum de vocês, filhos, veio com um manual, sabia?” Na vida moral, “ler o manual” não é suficiente. É preciso agir corretamente.

Na verdade, esse tipo de ação requer prática (muita prática) e requer mais reflexão do que a maioria das pessoas imagina (ou assim me parece, pelo menos).

Os bons cozinheiros dirão que um bom prato começa com uma boa receita. Mas a boa culinária pode se tornar uma ótima culinária quando um cozinheiro vai além da receita para criar algo extraordinário. Nenhum prato bom rejeita totalmente qualquer receita. Assim, em outras palavras, há um valor, um valor indispensável, em aprender a “ler o manual”. E o mesmo ocorre com a vida moral.

Moralidade

A razão pela qual tantas pessoas dizem coisas tolas sobre moralidade é porque elas nunca “leram o manual”. Na verdade, elas nunca se valeram da sabedoria acumulada ao longo dos milênios por grandes sábios, estudiosos e santos refletindo sobre a lei moral natural e a lei divina.

O que eu gostaria de fazer com você é estimulá-lo a “ler o manual” associado à consciência. Claro, uma pessoa não se torna uma pessoa moral apenas lendo o manual. Mas é menos provável que tenhamos um final ruim se estivermos familiarizados com as instruções.

Consciência

Ao contrário da opinião popular, a consciência não é um sentimento. Também não é “a voz suave na sua cabeça lhe dizendo o que fazer” (há remédios para isso).

Na verdade, consciência, como sugere a raiz latina do termo (con-scienctia), é agir “com conhecimento”.

A consciência é uma função do intelecto, baseada no conhecimento dos princípios morais, bem como no conhecimento dos fatos moralmente relevantes pertinentes ao caso. De fato, em relação ao último, quando alguém começa com, “minha consciência diz…” em vez de “as evidências que eu reuni mostram…”, tendo a ser cético e desconfiado.

Sabedoria

Portanto, o que proponho que façamos nos próximos artigos é “ler o manual” juntos – isto é, revisar passo a passo uma destilação da sabedoria testada e comprovada da civilização ocidental a respeito da consciência.

Nas próximas semanas, examinaremos a formação da consciência em três dimensões, a saber, como intelecto, processo e julgamento. Assim, minha promessa a você é que, ao contrário de outros manuais técnicos que você encontrou e jogou de lado, o passo a passo do manual para um proprietário / operador de uma consciência bem formada será compreensível e, acima de tudo, útil.

Enfim, quando eu escrever na próxima semana, falarei da consciência em termos do intelecto como uma faculdade de formar julgamentos sobre a qualidade moral das ações. Até então, vamos nos manter em oração.

E lembre-se dessa definição básica quando você refletir sobre a formação da consciência: a consciência é uma função do intelecto, baseada no conhecimento dos princípios morais, bem como no conhecimento dos fatos moralmente relevantes pertinentes ao caso.

Aleteia

Altar profanado por padre em ato obsceno é queimado em reparação

Paróquia de São Pedro e São Paulo /
Arquidiocese de Nova Orleans, EUA
(Reprodução Redes Sociais)
por Francisco Vêneto

O arcebispo descreveu a profanação do altar como demoníaca.

Altar profanado em ato sexual realizado e filmado por padre: esta manchete surreal chocou e entristeceu católicos do mundo inteiro na semana passada.

E não é para menos. Afinal, além da grave infidelidade do sacerdote à própria consagração, o ato constitui um doloroso sacrilégio. Pelo menos não há vítimas como num caso de abuso sexual, mas, ainda assim, o altar é consagrado para receber a Presença Real de Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia. A sua profanação, por isso, é particularmente penosa para todo católico fiel.

A polícia de Nova Orleans, nos EUA, deteve Travis Clark, de 37 anos, sob a acusação de prática de ato obsceno em local visível ao público. De fato, uma janela da igreja permite ver o presbitério a partir da rua. Mas não é só isso: o local era sagrado. O padre profanou o altar da igreja de São Pedro e São Paulo em Pearl River, na Luisiana, onde ele mesmo era o pároco.

Altar profanado em ato sexual

O padre foi flagrado realizando e filmando o ato obsceno sobre o altar na companhia de duas mulheres: Mindy Dixon, de 41 anos, e Melissa Cheng, de 23. Segundo informações da polícia, eles instalaram iluminação profissional para filmagens sobre o presbitério, o que demonstra a premeditação da profanação.

Mindy Dixon, de fato, é atriz pornográfica de carreira. Além disso, de acordo com veículos de imprensa norte-americanos, ela publicou em rede social, um dia antes da detenção, que estava indo a Nova Orleans “para profanar uma casa de Deus“.

A polícia não indiciou o padre por abuso sexual, porque houve livre consenso entre os envolvidos. A procuradoria, no entanto, aceitou a acusação de obscenidade contra ele e as duas mulheres, já que o ato sexual sacrílego era visível a transeuntes e vizinhos.

Profanação demoníaca

A Arquidiocese de Nova Orleans destituiu imediatamente o padre do ministério.

O Código de Direito Canônico, por sua vez, determina em seu cânon 1376 que a profanação de um altar deve receber justa punição. No caso do sacrilégio que o padre cometeu, a pena deverá ser bastante severa.

De fato, dom Gregory Aymond, arcebispo de Nova Orleans, descreveu o ato do sacerdote como “demoníaco”. Ele afirmou, ademais, que esse padre jamais voltará ao ministério católico.

“O comportamento obsceno de Travis Clark foi deplorável. A profanação do altar na igreja foi demoníaca. Estou enfurecido com o que ele fez. Quando esclarecerem os detalhes, vamos retirar aquele altar e queimá-lo. Eu vou consagrar um novo altar”.

Dom Aymond também realizou uma liturgia penitencial de reparação. Além disso, ele pediu orações pelos paroquianos e pela comunidade escolar que o padre sacrílego atendia.

Quanto ao altar, a arquidiocese confirmou posteriormente que ele já foi queimado em reparação pelo sacrilégio.

Aleteia

Nova edição do Missal em italiano é apresentada em Roma

Guadium Press
Itália – Roma (13/10/2020 11:00, Gaudium PressNa manhã desta terça-feira, 13 de outubro, foi apresentada à Diocese de Roma a nova edição do Missal Romano em língua italiana. O evento ocorreu na Basílica de São João de Latrão, Catedral de Roma.

Oportunidade para descobrir a Eucaristia como experiência do povo

A apresentação contou com a presença do Cardeal Angelo De Donatis, vigário da Diocese de Roma, que, após ressaltar que esta nova edição do Missal é fruto de 18 anos de trabalho, afirmou ainda que essa é uma “ocasião para descobrir na Missa o polo essencial, a ocasião imprescindível para gerar relações autênticas, sãs, aderidas ao Evangelho”.

Segundo o purpurado, esta é uma oportunidade “para descobrir a Eucaristia como experiência do povo. Diria que será um momento privilegiado do nosso estarmos juntos. O Missal nos remete mais uma vez à comunidade, à experiência do povo. E a Eucaristia é a resposta do povo ao amor envolvente do Pai”.

Não se trata de um novo Missal, mas de uma nova edição

Já para o Bispo de Castellaneta, Dom Caludio Maniago, presidente da Comissão Litúrgica da Conferência Episcopal Italiana, que também esteve presente na cerimônia, a nova edição do Missal exigiu “um trabalho longo, complexo e delicado que teve seu início em 2002”.

O prelado explicou ainda que as novas traduções do Pai Nosso e do Glória já se encontram na nova edição, em seguida frisou que não se trata de “um novo Missal, mas de uma nova edição”.

Convite para redescobrir a beleza e a fecundidade da Eucaristia

“É um presente precioso oferecido à toda comunidade para que se converta em um convite à cada um para redescobrir a beleza e a fecundidade da Eucaristia”, assegurou, salientando que “ajudará as comunidades a celebrar a Eucaristia no sulco do Concílio Vaticano II”.

A nova edição do Missal se tornará de uso obrigatório somente a partir de 4 de abril de 2021, Páscoa da Ressurreição. Entretanto, as comunidades que desejarem já podem utilizá-lo. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Assim ficaram as importantes catacumbas de Roma depois da restauração

ACI Digital

ROMA, 2016 /(ACI).- Os peregrinos que chegaram a Roma por ocasião do Jubileu da Misericórdia percorreram uma das catacumbas mais importantes da Cidade Eterna e admirar pinturas dos primeiros cristãos como as de São Marcelino e São Pedro dos anos 100 e 200 d.C., restauradas durante três anos e que agora finalmente já estão abertas ao público.

As catacumbas são os antigos cemitérios subterrâneos usados durante algum tempo pelas comunidades cristãs de Roma, as quais começaram a ser construídas durante o século II até a primeira metade do século V.

Desde sua origem foi somente um lugar de sepultura onde os primeiros cristãos se reuniam para celebrar os funerais e comemorar o aniversário dos mártires. Não obstante, durante as perseguições contra os cristãos no Império Romano serviram também como refúgio e um local onde celebravam a Eucaristia secretamente.

São Marcelino e São Pedro, cuja festa é celebrada no dia 2 de junho, foram martirizados em Roma no ano 304 durante a perseguição de Diocleciano, imperador de Roma, que liderou a chamada “Grande Perseguição”, uma das mais sangrentas da história.

São Marcelino foi um sacerdote muito estimado em Roma e São Pedro um cristão piedoso com um dom especial para a expulsar demônios. Ambos estão entre os Santos romanos comemorados diariamente no cânon da Missa.

Os trabalhos de restauração foram possíveis graças ao financiamento da fundação de ‘Azerbaiyán Heydar Aliyev’, por meio de um acordo com o Pontifício Conselho para a Cultura e a Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra.

Estes trabalhos possibilitaram a recuperação de valiosas pinturas feitas pelos primeiros cristãos, as quais representam cenas da Bíblia como a pequena sala ou cubículo de Susana, o profeta Daniel, Sabina e Orfeu; ou a Virgem com dois Reis Magos.

Em um dos tetos também ressalta um medalhão central do Bom Pastor, rodeado dos episódios bíblicos de Jonas, de Daniel na cova dos leões e da Arca de Noé.

Para conseguir devolver todo seu esplendor às pinturas e evitar que perdessem totalmente com o passar do tempo, utilizaram algumas técnicas modernas como a limpeza com laser.

Sem dúvida, um dos espaços centrais das catacumbas é a cripta dos mártires Marcelino e Pedro, onde se pode observar o lugar no qual foram cavadas suas tumbas.

As catacumbas dos dois mártires pertencem ao complexo arqueológico Ad duas lauros, localizado em uma área oriental no sul de Roma, onde famílias de classe baixa e comerciantes moravam antigamente.

ACI Digital | Fotos: ACI Prensa

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Duas Letras e Um Sinal

Guadesivos
por Prof. Felipe Aquino

Pior do que não crer é zombar de quem crê…

Assim como a palavra fé se escreve com duas letras e um sinal sobre a última, o ato de fé só pode ser produzido por duas faculdades da alma – inteligência e vontade – quando esta última, a vontade, estiver bem “sinalizada” pela graça.

A fé é, portanto, uma lanterna de duas pilhas. Só vai iluminar nosso caminho se as duas pilhas, além de bem conectadas uma à outra, forem estimuladas por energia divina (a Graça é energia espiritual divina).

Porque a fé não é virtude humana que possa vir a ser adquirida pelo nosso esforço. É dom de Deus. Mas podemos pedir que este dom nos seja concedido.

O existencialista Albert Camus, no prólogo do seu “Mito de Sísifo”, diz que não há senão um problema filosófico verdadeiro, o problema do suicídio: “Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”.

Assim, a fé se apresenta, para o cristão, como resposta a uma indagação fundamental. As pedras não levantam questões a respeito de sua existência. As plantas também nada perguntam sobre o seu destino. Nem mesmo o animal irracional o faz.

Ao contrário, a criatura humana pode tracejar em cores, sobre a tela da vida, as linhas mestras de seu caminho.

A criança desde cedo pede explicações. Mais tarde se torna capaz de censurar seu próprio procedimento e até mesmo de sentir vergonha de suas faltas.

Matemático ou economista, biólogo, médico, psicólogo ou jurista, o ser humano, depois de se ter debruçado sobre os seus objetos de estudo, haverá de continuar fazendo, a si mesmo, as mesmas e eternas perguntas.

Qual é o sentido da minha vida? Que valor possuo? A morte é a aparente inimiga que me espreita a cada dia e a cada minuto. Que acontece depois dela?

A fé cristã ilumina todas estas naturais indagações, embora pequenas sombras ainda permaneçam, a fim de que o ato de fé continue mesclado com a virtude da humildade e haja mérito no ato de crer. Mas há uma distância enorme entre fé e opinião:

“É da essência da opinião julgar que as coisas poderiam ser diversas, enquanto na fé, devido à sua certeza, julga-se que a coisa afirmada não pode ser diferente”.

A fé corresponde a uma certeza! Quando existe dúvida, a inteligência oscila entre duas ou mais proposições sem aderir a nenhuma delas.

Por isso, o 1° Concílio do Vaticano definiu a fé como virtude sobrenatural, pela qual, prevenidos e auxiliados pela graça de Deus, cremos como verdadeiro todo o conteúdo da revelação, não em virtude de sua verdade intrínseca, vista apenas pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus, que jamais poderia enganar-se ou enganar-nos.

As duas mais nobres faculdades da alma, inteligência e vontade, unem-se harmoniosamente no ato de fé. A primeira porque se abre para a verdade; a segunda, porque se sente atraída pelo bem supremo.

Aliás, conforme o depoimento de todos os convertidos, Deus age em nós por meio de sedução: “Tu me seduziste, Senhor, e me deixei seduzir”.

Fiquei triste quando vi, pela televisão e pela última vez, a simpática figura de Raquel de Queiroz. Fiquei assim pesaroso porque a escritora confessou que não tinha fé. Pensei logo comigo:

– Ah, meu Deus! Se eu pudesse lhe dar pelo menos um pouco do meu tesouro!

A fé é, de fato, um tesouro porque nos faz perceber que este mundo visível é apenas sombra de um outro. Não sou fariseu. Sei que minha vida cristã ainda não é uma realidade acabada, mas procuro valorizar o mundo incrível que o cristianismo tornou crível para mim.

Quem tem fé, dizia São Paulo, enxerga por intermédio de um “espelho”. Alcança realidades invisíveis. Penso que não seria conveniente substituir o “espelho” de São Paulo pelo moderníssimo satélite artificial. Todavia me agrada a ideia de um satélite sobrenatural.

Este satélite é que nos dá ideia bastante clara do que existe do lado de lá. E afasta de nós o medo da morte. No entanto, os racionalistas não o conhecem. Por que?

Não é fácil dizer. Ninguém sabe. Poderíamos apenas conjeturar que – se Deus deseja atrair para si todas as criaturas – qualquer obstáculo impeditivo deve estar no homem. Seria o orgulho o obstáculo maior?

Possivelmente sim. Porque não conheci pensador ateu que demonstrasse um mínimo de humildade. Os ímpios contestadores, cujos nomes foram neste livro catalogados, lideram um autêntico exército de senhores dispostos a lutar contra o “Senhor dos Exércitos”.

No pensamento bíblico, o ateu aparece como um todo-poderoso que se dispõe a afrontar o “Todo-poderoso”. E, de modo aparentemente cruel, o Salmista assegura que, diante de tamanha soberba:

“O que habita nos céus ri, o Senhor se diverte à custa deles”.

O próprio Cristo, depois de transmitir aos pescadores, escolhidos para serem apóstolos, as mais misteriosas revelações sobre a vida sobrenatural, exclamou:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e doutores e as revelastes aos pequeninos”.

Porém, pior do que não crer é zombar de quem crê. Por essa razão canta o Salmista que é feliz o homem “que não se assenta na roda dos zombadores”. É melhor reconhecer nossa fragilidade do que inventar filosofias espúrias ou falsas teorias justificadoras.

O objetivo, velado ou expresso, dos sistemas filosóficos que abordamos tem sido o de pleitear, para as criaturas humanas, liberdade moral e intelectual absolutas, por meio de uma formal negativa da existência de Deus ou mediante exaltação da Lei Natural, de modo a rejeitar os ensinamentos do Cristo.

Os ateus são como as mariposas. Sentem-se irremediavelmente atraídos pelo brilho da claridade mas batalham contra a Luz, de modo obstinado, em busca de seu próprio aniquilamento.

Afirmava o francês Littré que o divino seria um oceano insondável, para o qual não teríamos barco nem vela. Porém, o próprio Littré – e inúmeros outros agnósticos, que tiveram receio de abandonar a aparente segurança da praia – foram ali mesmo, sobre a areia, atingidos e arrebatados pelas ondas mais generosas e envolventes do oceano infinito da misericórdia de Deus.

Dr. Lúcio Flávio de Vasconcelos Naves

https://cleofas.com.br/

Por que muitos pais bons têm filhos difíceis?

Antonio Guillem | Shutterstock
por Pe. Henry Vargas Holguín

Fatores que levam à rebeldia e possíveis soluções.

Segundo o velho ditado, “Tal pai, tal filho”. Mas há outro ditado não menos verdadeiro: “Toda regra tem exceções”.

Geralmente, de bons pais, de pais bem formados e educados, saem filhos bons, bem formados e educados; mas, infelizmente, esta regra acaba caindo por terra em alguns casos, quando os filhos se apresentam com personalidade rebelde.

Nos relatos históricos, desde a época bíblica, vemos reis maus que tiveram filhos que governavam com justiça e sabedoria; e igualmente houve reis justos que tiveram filhos que governavam com abusos e prepotência. Como isso é possível?

Como explicar os filhos rebeldes?

De modo geral, podemos destacar algumas possíveis causas deste fenômeno:

1. Um fator é que os pais de família, ainda que sejam boas pessoas, corretas e do bem, podem ser (sem má intenção, logicamente), péssimos educadores ou formadores. É muito difícil transmitir valores, virtudes e códigos de conduta, e às vezes o bom exemplo não é suficiente.

2. Os filhos que manifestam comportamentos difíceis são facilmente reconhecíveis desde que nascem. Quando bebês, costumam acordar muitas vezes durante a noite, chorando muito. Também costuma ocorrer de tão terem meio-termo: vão de um extremo ao outro. Suas alegrias são transbordantes, mas, de repente, ficam bravos e são incapazes de controlar sua ira e sua raiva.

3. Cada filho ocupa um lugar diferente na realidade familiar e mantém relações diferentes com cada membro. Não é a mesma coisa ser o primeiro, segundo ou terceiro filho, porque as circunstâncias de uma família mudam constantemente.

4. A rebeldia também pode começar na infância, quando os pais e avós cometem o erro de “comemorar” certas atitudes, palavras e gestos equivocados, levando a criança a pensar que o que está fazendo é o certo.

5. Em outros casos, mesmo com a melhor intenção do mundo, os pais acabam manifestando, ainda que inconscientemente, preferência por algum dos filhos, o que pode gerar a rebeldia, unida a ciúme, inconformismo ou agressividade.

6. Às vezes, ainda que não haja preferências por parte dos pais, um dos filhos acaba mal-interpretando certas situações como se fossem contra ele, o que gera más reações, levando ao mesmo círculo vicioso.

7. Outra das possíveis explicações está em que os pais não sabem lidar com os primeiros caprichos infantis dos filhos, e acabam querendo agradá-los sempre e em tudo. A criança, se não for corrigida e não assimilar bem a educação recebida, vai crescer mimada.

8. Há pais que só prestam atenção no que os filhos fazem de errado. Passam o dia todo dando broncas, jogando na cara deles o que fizeram de ruim. Isso pode gerar baixa autoestima e raiva nas crianças.

9. Outro dos fatores está inclusive nos próprios irmãos ou nas crianças do bairro ou escola, que ficam apontando os defeitos da criança; esta vai se fechando em um comportamento negativo, especialmente se for muito sensível.

10. Em outros casos, na maioria das vezes, o rebelde é o filho do meio, que não tem as responsabilidades do mais velho (a quem os pais costumam usar como exemplo ou colocar como responsável pelos outros irmãos) nem toda a atenção do filho mais novo (que costuma ser mais mimado que os outros). O filho do meio, neste caso, pode crescer com ressentimentos.

11. Muitos pais consideram que a melhor forma de educar os filhos é impondo regras muito rígidas, quase ao estilo militar, mas isso é errado. Os pais rígidos demais acabam criando filhos retraídos e amedrontados, ou desrespeitosos e rebeldes.

12. Em outros muitos casos, os filhos difíceis são reflexo de certas anomalias familiares, ou seja, são como a ponta do iceberg, pois tornam visíveis os problemas latentes e reprimidos na família. O filho rebelde acaba sendo o bode expiatório e distração do verdadeiro problema familiar.

13. O contexto social em que vivemos não ajuda a educar os filhos. Esta sociedade violenta, competitiva, hostil, queiramos ou não, influencia muito negativamente as crianças, a umas mais que a outras, dependendo das circunstâncias.

O que fazer?

Seja como for, quanto antes for buscada a solução, melhor – começando pela identificação da(s) causa(s). Quanto antes for feita a intervenção, menor será o sofrimento da família e sobretudo do filho.

Uma ajuda profissional pode contribuir para identificar o problema. Se este estiver na família, é preciso modificar a dinâmica familiar. Esta mudança é difícil quando os membros da família se consideram isentos de qualquer responsabilidade, negando ter algo a ser revisto. É muito mais fácil quando os pais, e inclusive os irmãos, se envolvem.

Independentemente da causa e da suposta rebeldia, sempre deve haver comunicação entre os pais, para esclarecer as coisas o quanto antes com o filho – daí a importância da observação.

Se a causa da rebeldia realmente não está nos pais, juntos e privadamente, precisam falar com o filho sobre o que acontece, sobre seu comportamento, para que ele possa ver todas as qualidades que tem para superar seus problemas.

É necessário fazer tudo isso com carinho, mostrando que estas correções são feitas por amor, e depositar um voto de confiança no filho.

Os pais nunca devem classificar seu filho como “o filho rebelde”, “a ovelha negra”, porque fazer isso pode trazer consequências ainda mais negativas.

Isso desespera e isola ainda mais o filho difícil, pois ele procurará ajuda e apoio fora do núcleo familiar, e provavelmente nas pessoas incorretas. Os pais nunca podem descuidar dos seus filhos, confiando sua educação a terceiros.

O que acontece se o problema não for solucionado?

Estes filhos podem ter problemas de comportamento e também dificuldades para lidar com suas emoções, e sua tendência será mostrar-se extremamente críticos consigo mesmos.

Em outros casos, os filhos desenvolvem transtornos depressivos, dependência química, até degenerar em transtornos de personalidade.

Por outro lado, costuma achar que não merecem ser amados, já que as mensagens que receberam da sua família ao longo dos anos é que só trazem problemas, só causam dano, suas reações são sempre inadequadas, estão sempre exagerando etc.

Para a psicologia positiva, ao falar do comportamento das pessoas, costuma-se utilizar três palavras que tendem a ser confundidas: personalidade, caráter e temperamento. Mas são termos muito diferentes.

O temperamento se baseia na herança genética. O caráter é construído ao longo da vida, a partir da sua experiência e da cultura em que se encontra. O temperamento e o caráter são os elementos que formam a personalidade do indivíduo.

Assim, o DNA e o contexto de vida têm um papel primordial na personalidade de cada um. Não podemos negar os genes de uma pessoa, mas tampouco seu ambiente externo.

No entanto, felizmente, existe o livre arbítrio, que, baseando-se na razão, permitirá que cada um de nós tenha capacidade de escolher seu caminho.

A pessoa não pode escolher seu destino, pois sempre haverá eventos fortuitos que podem mudar o rumo da vida, mas sempre terá capacidade de levantar-se, seja qual for a situação, e prosseguir até o final.

Pais que são bons, apesar de eventuais erros educacionais, não têm culpa de que seu filho adulto seja uma pessoa difícil.

Culpar os pais pela personalidade difícil do filho, quando foram bons, normais e bem formados, é um erro. Há muitos fatores que entram em jogo na formação da personalidade. Um filho não é preguiçoso na escola necessariamente por culpa dos pais, por exemplo.

Por outro lado, ninguém pode ser 100% bom ou 100% mau. Se alguém erra, pode se arrepender, porque há algo bom nele, e aqui as emoções e maneira de pensar podem influenciar consideravelmente.

No caso em que os pais não conseguem fazer nada diretamente para combater o problema da rebeldia dos filhos, sempre será possível lutar interiormente por combater neles mesmos a tendência negativa – que pode dar-se em diversos graus – que os preocupa dos filhos, e oferecer a Deus sua luta como oração.

É sempre importante rezar por esse filho e confiar a Deus a solução.

Aleteia

Meu filho não quer ir à missa. E agora?

© DR
por Pe. Henry Vargas Holguín

Como convencer meu filho a ir à missa? A partir de que idade é obrigatório ir? Estas e outras perguntas esclarecidas pelos especialistas.

Os pais querem o melhor para os seus filhos, e isso inclui educá-los para a liberdade, ajudá-los a ser capazes de viver “a partir de dentro”, com sentido. Não se trata de fazerem o que “der na telha” o tempo inteiro, mas tornar realidade em sua vida o que escolheram livremente.

Quando um filho diz aos seus pais que não quer ir à missa, é preciso levar em consideração vários fatores: sua idade, as razões que o levam a expressar-se assim, se esta é uma situação circunstancial ou um problema importante etc.

Em caso de que se trate de um filho pequeno, o pai e a mãe devem introduzir a criança naquela vida que desejam transmitir-lhe, adaptando-se à sua idade.

No caso de católicos, isso inclui acompanhar o filho na missa e tentar mostrar-lhe a grandeza deste mistério, vivido em conjunto com sua família, da mesma maneira que o “obrigam” a ir à escola ou a visitar os avós, ainda que às vezes a criança possa não ter vontade de fazer nada disso.

O fato de que o filho mostre sua oposição a assistir à missa pode servir para que os pais se questionem se estão vivendo com plenitude sua identidade e sua união com Cristo e se estão transmitindo a fé aos seus filhos de maneira eficaz – o que é uma obrigação derivada do seu matrimônio católico. Talvez suponha uma oportunidade de renovar sua fé.

Por outro lado, quando o filho vai avançando em idade, é necessário que vá assimilando tudo aquilo que lhe transmitiram quando era pequeno, e isso às vezes leva a pequenas ou grandes crises.

Neste caminho, o respeito à liberdade deve ser proporcional à idade e à maturidade do filho, e estar acompanhado de uma preocupação pessoal pelo filho de acordo com a responsabilidade como pais, mas isso pode se dar de diversas formas, nem sempre manifestas.

Por exemplo, pais cujo filho mais velho não quer ir à missa podem intensificar sua oração por ele, seu acompanhamento paciente, oferecer a Deus também o sofrimento que isso lhes causa, e esforçar-se por viver melhor a missa, como pais. Às vezes, isso é mais formativo e eficaz a longo prazo que uma resposta coercitiva.

Sacrifício e amor

A Madre Teresa de Calcutá disse: “Estamos em uma cultura em que o amor geralmente é identificado com os sentimentos mais do que com um ato de vontade, com o prazer mais do que com o sacrifício”.

O que isso quer dizer? Que o amor autêntico é um ato da vontade, e que envolve sacrifícios. Amar, então, é um movimento pessoal que surge do querer e se torna realidade no sacrifício.

Em outras palavras, o amor “obriga” a algo. Mas não é uma obrigação inconsciente, sem conteúdo, cega ou realizada de má vontade. É uma obrigação consciente, consequente, conatural, espontânea e realizada com gosto.

Infelizmente, a palavra “obrigação” não é bem vista, pois, erroneamente, ela parece ter uma conotação negativa. Por quê? Porque esta palavra implicitamente exige esforço, sacrifício.

Uma coisa é certa: o que mais custa costuma ser o que mais vale a pena; o que custa constrói; o que custa dá bons frutos.

Negar a si mesmo e carregar a cruz (Mt 16, 24) nos identifica como cristãos, nos permite seguir Cristo onde ele está. Onde? À direita do Pai.

Se queremos seguir Jesus, optamos por abrir mão do nosso ponto de vista, por carregar a cruz. Mas fazemos isso por amor a Ele, a nós e aos outros.

Sem cruz não há amor. Se cremos, somos obrigados a ser consequentes durante toda a vida; caso contrário, nunca tivemos uma fé de verdade.

Por amor, uma pessoa se obriga a fazer várias coisas que, sem amor, nunca faria; sobram exemplos para entender que as coisas sem amor não têm sentido.

Obrigamos os filhos a se levantarem, a se arrumarem; obrigamos os filhos a ir à escola; obrigamos os filhos a fazer suas tarefas escolares; obrigamos os filhos a realizar afazeres domésticos; obrigamos os filhos a mudar maus hábitos; obrigamos os filhos a tomar remédios.

Por que os obrigamos a fazer tantas coisas? Porque achamos que isso é o melhor para suas vidas, porque queremos que sua passagem por esta vida seja feliz.

Supõe-se que, por trás destas obrigações, encontra-se o exemplo dos pais. Mas por que não “obrigamos” os filhos a conhecer Deus e a se relacionar com Ele? Não queremos sua salvação?

O amor obriga a certas coisas. E uma mãe, melhor do que ninguém, sabe muito bem disso. Por amor a Deus e à nossa salvação, nós nos obrigamos a ir à missa. Nossa fé nos obriga a transmitir essa própria fé.

Todos nós temos a obrigação de dedicar parte do nosso tempo a consagrá-lo a Deus e a dar-lhe culto, esta é uma lei gravada no coração. É lei natural dar culto a Deus, e a missa é o ato fundamental de culto cristão.

Assim, a Igreja concretiza o terceiro mandamento da Lei de Deus e o dever dos cristãos é cumpri-lo, além de ser um imenso privilégio e uma honra.

Agora, lembremos o que Jesus disse aos apóstolos: “Deixem que as criancinhas venham a mim”. Portanto, é preciso incentivar o encontro das crianças com Deus, promovê-lo.

Como? Entre outras coisas, com o exemplo.

Mas, claro, ninguém ama o que não conhece. Se não se conhece Deus, se não se conhece o valor da Missa, se não se conhece a importância dos sacramentos, vai ser difícil dar um exemplo coerente aos filhos.

Já sabemos que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Mas, se Deus é amor, como funciona a coisa? É simples: damos a Deus o que Ele nos dá, entregando-nos a Ele com todo o coração, a alma, as forças, a mente (cf. Lc 10, 27).

O que significa amar a Deus sobre todas as coisas? Significa que nossa capacidade de amar é dirigida primeiramente a Deus, tem Deus como prioridade; significa amar a Deus acima de tudo e de todos, amando tudo e todos por amor a Ele.

Jesus também nos pede que amemos o próximo como a nós mesmos (Mt 22, 39). Em outras palavras, para poder amar o próximo, precisamos primeiro amar a nós mesmos.

Jesus não diz para “amar o próximo ao invés de amar você mesmo”, nem “amar o próximo antes de a você mesmo”, e sim “como você ama a si mesmo, amará os outros”.

Ou seja, na medida em que você quer ou busca seu bem espiritual e sua relação com Deus, nessa mesma medida é que buscará o bem espiritual dos outros, começando pela sua família: esposo(a), filhos etc.

Como combinar estes dois amores: o amor a Deus e o amor a nós mesmos? Onde podemos encontrar esses dois amores? Simples: na santa missa, na vida sacramental, na oração.

O que Deus e a Igreja nos pedem?

O terceiro mandamento da Lei de Deus nos pede para santificar as festas. E o primeiro preceito da Igreja nos pede ouvir a missa inteira todos os domingos e festas de preceito.

A Igreja, como mãe, quer o nosso bem presente e eterno, e por isso pede que todos os fiéis participem da missa aos domingos e nas festas de preceito.

“No domingo e nos outros dias festivos de preceito os fiéis têm obrigação de participar na Missa; abstenham-se ainda daqueles trabalhos e negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do dia do Senhor, ou o devido repouso do espírito e do corpo” (Direito Canônico, c. 1247).

“A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja. Os fiéis atestam desse modo a sua comunhão na fé e na caridade. Juntos, dão testemunho da santidade de Deus e da sua esperança na salvação. E reconfortam-se mutuamente, sob a ação do Espírito Santo” (Catecismo, 2182).

Quem tem o dever de ir à missa?

As leis eclesiásticas (cânon 11) obrigam os fiéis “sempre que tenham uso de razão suficiente e, se o direito não dispuser outra coisa, que tenham cumprido 7 anos”.

Então, a obrigação de cumprir o primeiro mandamento da Igreja é de todos os fiéis a partir dos 7 anos de idade. Isso inclui as festas de preceito, além da missa dominical.

Obrigações dos pais cristãos

Já se sabe que a família é uma igreja doméstica e, “nesta espécie de igreja doméstica, os pais devem ser para os filhos os primeiros educadores da fé, mediante a palavra e o exemplo” (Lumen Gentium, 11).

A partir disso, os pais precisam ajudar os filhos a superar os obstáculos que podem dificultar humanamente sua vida de fé.

Devem preparar e motivar seus filhos para que, por sua própria iniciativa, relacionem sua vida cotidiana com Deus.

Precisam ajudar os filhos a conhecer Deus e tratá-lo como Pai. Os pais devem rezar pelos filhos e com os filhos. É necessário que criem as disposições adequadas para que os filhos respondam generosamente ao querer de Deus.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF