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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Logo e site oficiais da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 divulgados hoje

Logo oficial da JMJ LIsboa 2023.
Fonte: https://lisboa2023.org/pt
Lisboa, 16 out. 20 / 07:57 am (ACI).- A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa, apresentou hoje, aniversário do início de Pontificado de São João Paulo II, o logotipo e o site oficiais do próximo encontro internacional de jovens católicos que o Papa polaco idealizou.

O site da próxima JMJ pode ser visto em: https://www.lisboa2023.org/pt e traz informações e material a respeito das JMJs e da primeira edição deste evento em solo português. Inicialmente marcada para 2022, a edição de Lisboa precisou ser adiada foi adiada para o verão de 2023 devido à pandemia de Covid-19 e vai decorrer na zona do Parque Tejo, na parte histórica da capital.  

O logo da JMJ Lisboa 2023, da designer portuguesa Beatriz Roque Antunes, de 24 anos, inspirado no tema da Jornada: ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39). A logomarca tem como elementos centrais a Cruz, atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo, e a figura da Virgem, acompanhada pela referência à oração do Rosário, que Nossa Senhora pediu aos pastorinhos em Fátima que fosse rezado diariamente. O logo é acompanhado das cores verde e vermelho, que representam respectivamente a esperança e a alegria, e são as cores da bandeira nacional portuguesa.

Segundo informa a Agência Ecclesia, do episcopado português, a proposta vencedora foi escolhida num concurso internacional promovido pelo Comité Organizador Local (COL) que contou com a participação de centenas de candidatos provenientes de 30 países dos cinco continentes. Coube depois ao Dicastério para os Leigos, Família e Vida selecionar a proposta vencedora.

Ainda segundo Agência Ecclesia, “no atual contexto, o Comité Organizador Local da JMJ Lisboa 2023 continua a dar prioridade às necessidades daqueles que têm sido afetados pela pandemia, sem perder de vista a organização do evento. As equipas de trabalho, em diálogo contínuo com a Santa Sé, prosseguem os preparativos deste encontro de jovens que, há mais de três décadas, é para todo o mundo sinal de esperança, união e solidariedade”.

O lançamento da imagem do encontro internacional de Lisboa decorreu num evento digital, transmitido através das páginas da JMJ no Facebook (disponível em 22 idiomas) e Youtube.

As Jornadas Mundiais da Juventude

Idealizadas no pontificado de São João Paulo II, as Jornadas têm sido realizadas em diversas dioceses do mundo, reunindo milhões de jovens católicos a cada realização.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

ACI Digital

S. EDVIGES, DUQUESA DA SILÉSIA, RELIGIOSA

S. Edviges, duquesa da Silésia, religiosa 
(Digital image courtesy of the Getty's Open Content Program)

Não era um problema aparecer como caridoso, embora o corpo fosse envolvido por uma veste de seda e, quem sabe, até com um diadema embutido de rubis na cabeça. Socorrer os pobres era uma prática comum pelas mulheres nobres da Idade Média. Para muitas, era um gesto inspirado por um sincero impulso de piedade. Para outras, era uma doação generosa ditada por uma magnanimidade displicente. Mas, vivido por escolho ou obrigação, este costume era uma regra, mas as regras, mesmo as do censo, são feitas para ser violadas.

A riqueza da pobreza

A exceção tem um nome, Edwiges, que, por volta de 1190, era uma nobre bávara, de doze anos, prestes a casar-se com Henrique I, o Barbudo, herdeiro da Ducado da Baixa Silésia. Desde o início, a jovem duquesa, que logo se tornou mãe (de seis filhos), encarna, entre os seus súditos, o ideal mais lindo de rainha: não eram as vestes, mas a sua generosidade, sempre pronta, era o veludo com o qual Edwiges envolvia quem se encontrava na miséria; mandou construir, para quem tinha pouco ou pouco, asilos e abrigos. Estava ao lado do povo, de maioria polonesa, com o qual, ela que era alemã, aprendeu a língua; ela era, sobretudo, moderada nos modos e nos costumes, a ponto de rejeitar, de modo inaudível, os cânones da moda, impostos pela sua classe. Edwiges não tinha vergonha de usar roupas e calçados velhos, cintos de carroceiro. A duquesa não quis se distinguir dos pobres, porque os pobres – dizia – são “nossos patrões”.

A duquesa monja

Edwiges expressou esta sua convicção a Gertrudes, a última dos seus seis filhos e a única que sobreviveu. Os anos que viveu como esposa e mãe foram, até então, atormentados. A duquesa que sempre apoiou o marido nas suas funções governamentais, assistiu à morte de seus três filhos, ainda jovens, e de duas das três filhas. Seus valores cristãos, unidos ao rigor da época, que impedia manifestar as emoções dos próprios sofrimentos, refletiam em uma Edwiges inabalável, pelo seu modo de suportar, quase sem lágrimas, a dor que a oprimia. Mas, a sua moderação não era uma couraça vazia, imposta por um status. Ela contava com o conforto da fé interior, da oração intensa e diária, que, com o passar dos anos, aperfeiçoam nela a atração pela vida consagrada. Depois da morte do marido, para Edwiges torna-se quase natural entrar para o Mosteiro cisterciense de Trzebnica, por ela mesma fundado em 1202. A duquesa foi monja e quando falece, em 15 de outubro de 1243, ninguém teve dúvidas: morreu uma santa! Como tal, Papa Clemente IV a canonizou, em 1267.

Vatican News

S. MARGARIDA MARIA ALACOQUE, VIRGEM, DA ORDEM DA VISITAÇÃO

Com. Cat. Shalom
Margarida nasceu em uma família rica, na Borgonha, França, em 1647. Seus pais eram católicos fervorosos, mas não o suficiente para permitir que sua filha se tornasse freira. Não obstante, aos 5 anos de idade, Margarida se consagra ao Senhor, fazendo voto de castidade. Porém, apenas aos 24 anos, ao vencer a resistência dos seus pais, conseguiu entrar para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales.

Com Jesus, entre as Visitandinas

Entre as coirmãs, ao emitir os votos acrescentou o seu nome o de Maria, Margarida não era feliz: sempre teve visões de Nossa Senhora, mas nunca disse nada a ninguém. No entanto, começavam os comentários entre as freiras e as superioras, que não acreditavam nela, aliás, até zombavam dela, dando a entender que estava doente ou louca. Todavia, permaneceu entre as Visitandinas por mais de vinte anos, recebendo graças extraordinárias, mas, também, fazendo muitas penitências e mortificações, sempre com o sorriso nos lábios.

Uma verdadeira autobiografia

Seu diretor espiritual, o jesuíta Claude de la Colombière, que reconheceu nela o carisma dos Santos, pediu para ela escrever suas experiências místicas, que, depois, se tornou uma autobiografia, que chegou até nós.
No início, Margarida se opôs, mas, por obediência, concordou. Enquanto escrevia, estava ciente de fazê-lo só para si, sem perceber o valor do que estava narrando naquelas páginas.
A partir de 1673, Margarida Maria começou a receber até visitas de Jesus, que lhe pedia para ter uma devoção particular ao seu Sagrado Coração, que lhe aparecia "radiante como o sol, com sua chaga adorável, coroado de espinhos, sobre o qual despontava uma cruz, sobre um trono de espinhos”.
Da sua narração brotou uma verdadeira iconografia, que conhecemos hoje. A partir desta sua biografia, a Igreja instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, celebrada no oitavo dia depois de Corpus Christi.

"A grande promessa"

Jesus apareceu a Margarida Maria por 17 anos, até o dia da sua morte, quando a tomou pela mão para levá-la consigo. Ele a chamava "discípula predileta"; a ela comunicou os segredos do seu Coração e a fez partilhar da ciência do amor. A religiosa também recebeu de Jesus uma grande promessa: os que recebessem a comunhão, por nove meses consecutivos, na primeira sexta-feira do mês, receberiam o dom da penitência final, ou seja, morrer recebendo os sacramentos, sem ter pecado. Jesus pediu-lhe ainda que pedisse ao rei da França, Luís XIV, para consagrar o país ao Sagrado Coração. Porém, a Santa não recebeu resposta do soberano.

Morte e culto

Margarida Maria Alacoque faleceu em 17 de outubro de 1690. Graças a ela, no bairro Montmartre, em Paris, foi construído, entre 1875 e 1914, um Santuário dedicado ao Sacre Coeur, (Sagrado Coração), consagrado em 1919.
Margarida foi beatificada por Pio IX, em 1864, e canonizada por Bento XV, em 1920.

Eis a oração de consagração ao Sagrado Coração de Jesus de Santa Margarida Maria Alacoque:

«Entrego-me e consagro-vos, Sagrado Coração de Jesus Cristo, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte do meu ser, senão para vos honrar, amar e glorificar.
É esta a minha vontade irrevogável: ser todo vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.
Tomo-vos, pois, Sagrado Coração de Jesus, por único bem do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.
Sede, Coração de bondade, a minha justificação diante de Deus, vosso Pai, para que desvie de mim a sua justa cólera.
Coração amoroso de Jesus, deposito toda a minha confiança em vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade!
Extingui em mim tudo o que possa desagradar-vos ou que se oponha à vossa vontade.
Seja o vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais vos possa esquecer nem me separar de vós.
Suplico-vos, por vossa bondade, que meu nome seja escrito em vosso Coração, pois quero viver e morrer como vosso verdadeiro devoto.
Sagrado Coração de Jesus, confio em vós!»

Vatican News

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

CNBB 68 ANOS: A ATUAL PRESIDÊNCIA REFLETE A INSTITUIÇÃO ENTRE O SEU PASSADO E FUTURO

CNBB

Para celebrar o aniversário de 68 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste dia 14 de outubro, os quatro bispos que integram a atual presidência foram provocados a destacar os marcos do passado e do presente da instituição, bem como lançar um olhar sobre o seu futuro. Eleitos na 67ª assembleia do episcopado brasileiro, realizada de 1º a 10 de maio de 2019, em Aparecida (SP), eles completaram o primeiro ano de mandato (2019 a 2023), marcado principalmente pelo contexto da pandemia, sem contudo deixar de compreender e dar respostas aos desafios da Igreja no Brasil. Neste caminho missionário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil rumo aos seus 70 anos, o portal da CNBB faz essa pausa de reflexão com a presidência da entidade para perceber sua história, identidade e  suas perspectivas futuras. 

Pioneirismo, profecia e comunhão: marcas da história da CNBB


O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, reforça que a CNBB tem uma marcante trajetória de contribuições para a vida da Igreja e para a sociedade brasileira, com relevantes e insubstituíveis contribuições espirituais, humanísticas e cidadãs.

“É importante recordar o mês de outubro de 1952, quando bispos brasileiros se reuniram, no Rio de Janeiro, e, em profunda comunhão eclesial com a Sé Apostólica, iniciaram a rica história da CNBB. Um caminho bonito que se renova permanentemente e fortalece ainda mais a colegialidade e a unidade dos bispos brasileiros, em comunhão com o magistério do Papa”, disse do Walmor.

O Brasil, quando surgiu a ideia de criação das conferências episcopais, foi um dos primeiros países que se prontificou a encaminhar junto à Santa Sé o que fosse necessário para criação da conferência lembrou o arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da entidade, dom Jaime Spengler.

“Nós tivemos várias figuras que foram protagonistas deste processo. E certamente aquilo que hoje a Conferência representa para  a sociedade brasileira é fruto do trabalho destes homens pioneiros que há 68 anos acreditaram na proposta como um caminho viável para a maior comunhão entre os bispos do Brasil”, destacou.

Um marco do passado, destacado pelo bispo de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB, dom Mário Antônio da Silva, é a característica de ter sido profética, com muita sabedoria e zelo pela mensagem do Evangelho. “A CNBB exerceu, desde o seu início, e continua exercendo, um profetismo na defesa da vida em toda e qualquer circunstância, do ser humano e de toda a criação”, afirmou.

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, destaca o primeiro planejamento pastoral conjunto da Conferência realizado, ainda em Roma, durante o Concílio, por convocação do Papa João XXIII. Neste momento, lembra dom Joel, foi construído o Plano de Emergência. “Em 1966, bem no período de implantação do Concílio, os bispos brasileiros estabeleceram o primeiro Plano de Pastoral de Conjunto. Desde então, a CNBB tem sido instrumento de unidade pastoral em torno aos grandes desafios pastorais. Isso se concretiza nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja (DGAE)”, reforça.

O secretário-geral também recorda-se não de um fato mas de uma atitude que marcou a trajetória da organização: a da defesa da verdade, da justiça e dos fragilizados. Segundo ele, de modo especial a partir da década de 1970, a CNBB, por meio de suas presidências, manifestou-se inúmeras vezes de modo firme em favor dos direitos humanos e da democracia. Em 1988, na época da Constituinte, foi publicado o documento Por uma nova ordem constitucional. Pouco tempo depois, em 1989, foi publicado outro documento importante para aquele momento e que se tornou bastante conhecido: Exigências cristãs da ordem democrática”.

No presente, alimentando a esperança e a solidariedade

 

O presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira, diz que a Conferência persevera, no dias atuais, em sua missão de anunciar o Evangelho, a serviço da unidade da Igreja, da edificação do Reino de Deus, com ações que promovem o amparo aos mais pobres, a inclusão social e, consequentemente, contribuem para a justiça e a paz.

Entre estas ações, o segundo vice-presidente da entidade, dom Jaime Spengler, destaca o processo atual de revisão do Estatuto Canônico, no qual todos os bispos do Brasil são chamados a participar e cooperar para responder aos desafios atuais. “Os tempos mudaram e mudam constantemente e estar atento aos sinais dos tempos diz de uma sensibilidade especial para responder à altura daquilo que os novos sinais pedem de nós como Igreja no Brasil”.

Dom Jaime destacou também o Pacto pela Vida e Pelo Brasil, assinado em abril deste ano pela Conferência junto à outras instituições brasileiras, com o intuito de promover um debate e diálogo, o mais amplo possível com as forças da sociedade, a partir da premissa de que o país pode se tornar mais integrado e mais integrador, onde todos possam ter vida e vida em abundância. “O Pacto representa um marco no presente da Instituição e fala da disponibilidade da Igreja em cooperar com o momento que o país atravessa”, disse.

O segundo vice-presidente, dom Mário Antônio, destaca a realização pela CNBB e Cáritas Brasileira da Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, com a adesão de toda a Igreja Católica no Brasil e entidades e instituições que buscam promover a vida, sobretudo no contexto da pandemia. Para ele, a solidariedade marca  o trabalho da CNBB na atualidade.

O secretário-geral da entidade destacou um desafio interno:  a implantação e manutenção das comunidades eclesiais missionárias, conforme apresentado nas atuais DGAE (2019-2023). “É um tema que já vinha sendo amadurecido. Lembro, por exemplo, os documentos 100 e 108 da CNBB que falam respectivamente da rede de comunidades e dos serviços e ministérios em torno da Palavra de Deus”, recordou.

Dom Joel também destaca a ação emergencial “É tempo de Cuidar” e o esforço por ajudar a alimentar a esperança, a justiça e a paz, em meio a tantas angústias e pandemias. “Vemos as pessoas sofrerem pela pandemia sanitária, mas também, para dar um exemplo significativo, com a fome. A campanha É tempo de Cuidar é um fato muito significativo dos dias atuais”, disse.

Novos desafios rumo à maior sinodalidade e comunhão

 

Para permanecer fiel ao sonho dos que a fundaram, dom Walmor afirma que a CNBB está vivendo um processo de renovação, buscando responder aos desafios próprios deste terceiro milênio. Ele apontou a revisão do Estatuto Canônico como um caminho que possibilitará à Conferência ser ainda melhor e mais servidora, oferecendo novas contribuições para que o Brasil, à luz da fé, torne-se mais fraterno e solidário.

“As novas respostas incluem a exigência de sermos uma Igreja Sinodal e mais missionária, com efetivas e inclusivas participações dos cristãos leigos e leigas, especialmente das mulheres”, disse.

Em sua visão de futuro para a entidade, o primeiro vice-presidente, dom Jaime Spengler , alimenta o desejo de que ela esteja ancorada nos valores que formaram sua identidade: “Ser uma instância de promoção  da comunhão na Igreja no Brasil. Uma Igreja realmente constituída de comunidades que se dispõem, na comunhão, a cooperar para a implementação do Reino de Deus já aqui entre nós no tempo”, disse.

Numa perspectiva de renovação, dom Mário Antônio, seu segundo vice-presidente, vê a CNBB atuando mais em rede junto à outras entidades e instituições com objetivos semelhantes, sem contudo perder a sua identidade e a sua missão. “O futuro da CNBB está também em evangelizar fazendo bom uso de toda a tecnologia digital, o que exige de nós um preparo específico”, desafiou.

CNBB

Governo quer suplantar a religião na China, alerta ativista católico

Peregrinos chineses no Vaticano. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI)

HONG KONG, 14 out. 20 / 11:19 am (ACI).- O empresário de meios de comunicação e ativista católico, Jimmy Lai, assinalou que o Partido Comunista Chinês quer suplantar a religião com um maior controle do governo.

Lai, que mora em Hong Kong, disse que permanecerá na ilha apesar de enfrentar acusações criminais por seu apoio à democracia na ilha. O executivo foi preso em agosto, mas está em liberdade sob fiança.

“Quando você se eleva acima de seus próprios interesses, encontra o sentido da vida. Você percebe que está fazendo a coisa certa, o que é maravilhoso. Isso mudou minha vida para algo diferente”, disse Jimmy Lai em uma entrevista transmitida em 5 de outubro.

A entrevista foi feita por Fran Maier, pesquisador principal do Centro de Ética e Políticas Públicas e pesquisador associado principal da Universidade de Notre Dame. Foi produzido e lançado pelo Instituto de Napa, do qual Maier é membro do conselho.

Lai é católico e disse que durante os últimos 30 anos apoiou o movimento pró-democrático de Hong Kong, devido ao “ensinamento do Senhor de que sua vida não se trata de si mesmo”.

“A meu ver, se eu sofrer pela causa certa, isso só define a pessoa que estou me tornando. Só pode ser bom para mim ser uma pessoa melhor. Se você acredita no Senhor, se você acredita em que todo o sofrimento tem uma razão, e o Senhor está sofrendo comigo... Estou em paz com isso”.

Lai havia sido preso por um grupo de quase 200 policiais em 10 de agosto, junto com pelo menos nove pessoas relacionadas ao Apple Daily, o jornal que fundou em 1995. A prisão teria sido parte de uma aparente repressão às liberdades civis na ilha.

Apple Daily tem se destacado ao longo dos anos como uma publicação fortemente pró-democrática que critica o governo chinês em Pequim.

Lai está solto sob fiança, mas enfrenta acusações de acordo com a nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, que entrou em vigor em 1º de julho, imposta pelo Partido Comunista Chinês sem passar pela legislatura da ex-colônia britânica.

De acordo com a nova lei, uma pessoa condenada por secessão, subversão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras receberá um mínimo de 10 anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua.

Lai chegou a Hong Kong aos 12 anos como clandestino, sem um centavo, da China continental. Sua mãe passou os primeiros anos de vida de Lai em um campo de trabalhos forçados. Em Hong Kong, Lai percebeu a necessidade de roupas acessíveis e de qualidade para a classe média e fundou uma rede de lojas de roupas chamada Giordano's, uma empresa que o enriqueceu e lhe permitiu lançar revistas e jornais pró-democracia em Hong Kong e Taiwan.

E embora seja um cidadão britânico, disse que não tem planos de deixar Hong Kong. Indicou que sua família apoia sua decisão de ficar, mas teme por sua segurança.

“Se eu for, não renuncio apenas ao meu destino, renuncio a Deus, renuncio à minha religião, renuncio àquilo em que acredito”, disse. "Eu sou o que sou. Sou o que acredito. Não posso mudar isso. E se não posso mudar, tenho que aceitar meu destino com elogios", acrescentou.

Lai disse que sua esposa sempre foi uma católica devota e, mesmo antes de sua conversão, ele sempre a acompanhava à igreja. No entanto, em 1997, percebeu que precisava da proteção e ajuda de um poder superior. Foi batizado e recebido na Igreja pelo Cardeal Joseph Zen, Bispo Emérito de Hong Kong.

Hong Kong tem desfrutado historicamente de liberdade religiosa, ao contrário da China continental, onde crentes religiosos de todos os tipos sofrem perseguição. A Igreja Católica na China está dividida desde 1951 entre a chamada Igreja clandestina, que é perseguida e leal a Roma, e a Igreja Patriótica Chinesa, controlada pelo Estado.

Lai disse que a China precisa da liderança moral do Vaticano, mas expressou decepção com as negociações da Santa Sé com o regime comunista, em particular o acordo de setembro de 2018 sobre a nomeação de bispos, que será renovado no final deste mês.

O Ccardeal Zen viajou recentemente ao Vaticano para pedir ao Papa Francisco que não renovasse o acordo entre o Vaticano e a China, mas o Pontífice não concedeu uma audiência ao Purpurado.

O poder do Vaticano é moral e virtuoso, e não temporário, disse Lai, e deve defender os valores morais quando mais precisam.

Quando o Papa e a Santa Sé silenciam sobre as ações do PCCh, “isso é muito decepcionante, muito prejudicial para um mundo que admira o Vaticano por sua liderança moral”.

Lai disse que, em sua opinião, o Ocidente pensa errado ao acreditar que quanto mais ricos ficarem na China, "mais se parecerão conosco".

Assinalou que os valores são importantes e que o comportamento do PCCh ameaça os valores cristãos, espalhando sua influência para esferas internacionais, como Hollywood e esportes profissionais.

A pandemia de Covid-19, disse Lai, é um "evento de Pearl Harbor" para o mundo, que deve tirar o mundo da complacência. "Devemos olhar para os fatos. Devemos olhar para o que eles fizeram ao mundo, como lidam com o mundo", assinalou.

“O problema que enfrentamos agora é: a China vai ser a mais poderosa, economicamente, do mundo. Agora é a hora de mudarmos a atitude da China... do contrário, eles nos transformarão na deles”, alertou.

Além disso, assinalou que os líderes do Partido Comunista Chinês não querem apenas eliminar Deus, mas querem "ser" Deus.

O presidente chinês, Xi Jinping, quer ser respeitado como todo-poderoso e é por isso que o Partido busca controlar a religião, indicou.

Além disso, afirmou que o fato de que o PCCh queira suplantar a religião é uma "perversão moral", com o objetivo de ver as pessoas "sofrerem pelos pecados [de Jinping]".

"Uma vez que você não tem uma religião, pode facilmente ser ditado por sua ordem", disse.

Os católicos estiveram fortemente envolvidos nos protestos pró-democracia em Hong Kong, que chegaram ao auge durante o verão de 2019.

"Nosso instinto nos instam a enfrentar a injustiça, o mal. Acho que isso é apenas um instinto. Sendo católico, tem o instinto de enfrentar o que está errado, porque é assim que andamos no caminho do Senhor”, observou Lai.

Assim, disse que em Hong Kong e na China continental, os cristãos estão olhando para o Vaticano em busca de liderança moral.

“O Vaticano só pode depender de sua virtude e poder moral para converter o povo chinês da ditadura do ateísmo. Os chineses buscam a fé, além de sua vida material. O que falta a eles não é material, porque a China certamente melhorou a riqueza e o sustento das pessoas nos últimos 40 anos. Quanto mais sucesso material têm, mais vazio sentem em seus corações ”, disse Lai.

Nesse sentido, acrescentou que o vazio moral na China deve ser preenchido pelo catolicismo para ensinar às pessoas que "a vida é mais do que pão".

O povo chinês, disse, "quer religião, o que eles mais querem é virtude e moral para viver uma vida significativa, que o Vaticano não está dando a eles", mas sim "está tirando deles quando se alinham com o PCCh, que os reprimiu em sua busca espiritual. Isso é realmente ridículo. Isso é muito decepcionante”.

Hong Kong é uma "região administrativa especial" da China, o que significa que tem seu próprio governo, mas permanece sob o controle chinês. Foi colônia britânica até 1997, quando foi devolvida à China sob o princípio de "um país, dois sistemas", o que lhe permitiu ter sua própria legislatura e sistema econômico.

A abertura de Hong Kong para o mundo exterior e a transparência na regulamentação comercial e bancária, em contraste com a China continental, tornaram-no um centro de negócios, bancos e finanças globais.

Os protestos pró-democracia em Hong Kong, dos quais participaram muitos católicos e cristãos de outras religiões, rejeitaram com sucesso os esforços da legislatura no ano passado para aprovar um polêmico projeto de lei que teria permitido à China continental extraditar supostos delinquentes de Hong Kong.

Com a aprovação de novas leis de segurança, o governo comunista chinês ganhou mais poder para reprimir os protestos em Hong Kong, que vê como um desafio direto ao seu poder.

Regras de segurança semelhantes foram propostas anteriormente.

Em 2003, o regime comunista tentou usar os próprios conselhos legislativo e executivo de Hong Kong para aprovar medidas contra a sedição, mas protestos em massa levaram os legisladores a abandonar a proposta.

Em 27 de maio, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que, à luz das ações da China, não mais reconhece Hong Kong como politicamente autônomo da China, designação de que a região goza de acordo com a legislação americana desde 1992.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Irlanda católica? Colégios públicos estão banindo Missas e símbolos de fé

Shutterstock
por Francisco Venêto

País já foi considerado um dos mais católicos do mundo, mas diretrizes do governo vêm impondo cada vez mais limitações à vivência da religião.

Irlanda católica: descrever assim essa ilha de tantos missionários já foi quase redundante. A identidade irlandesa, afinal, era praticamente inseparável do catolicismo.

No entanto, as autoridades do país vêm impondo gradualmente outro cenário à sua população. O caso mais emblemático, é claro, foi a liberação do aborto em 2018. O viés ideológico, porém, vem permeando cada vez mais diretrizes que afetam a vivência da fé no dia-a-dia.

Os colégios públicos do país, por exemplo, estão banindo pouco a pouco as Missas, os símbolos católicos e as visitas de inspetores diocesanos.

Segundo o jornal The Irish Times, de fato, o governo prepara novas regras para as escolas públicas no tocante à religião. Ainda não publicado, o documento “Estrutura para o reconhecimento das crenças / identidades religiosas de todos os alunos nas escolas públicas” pretende implantar nos colégios um “espírito multi-denominacional” e, portanto, eliminar práticas católicas que fazem parte da tradição irlandesa há séculos.

Irlanda católica?

Tais diretrizes pedem que as escolas considerem “as crenças da comunidade escolar em geral e não as de uma religião em particular“. Por isso, caso uma escola mostre símbolos católicos aos alunos, a orientação é que também exiba símbolos de outras religiões.

O documento, aliás, também determina que os professores de religião se pautem pela “multi-confessionalidade” e não ofereçam “formação na fé para uma religião em particular“. O plano de estudos estatal, de fato, exige que as escolas enfatizem a “variedade de religiões e de crenças diversas“.

As limitações à religião no dia-a-dia dos irlandeses vêm crescendo abertamente. Mesmo assim, porém, o último censo (2016) aponta que 78,3% da população ainda abraça o catolicismo.

Esses números, aliás, dão ao país uma classificação de “nação fortemente católica” segundo os padrões da secularizada Europa.

Aleteia

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 8/12) – Outros casos de batismos

Veritatis Splendor

OUTROS CASOS DE BATISMOS

a) O batismo de 3.000 pessoas em Jerusalém

Há um fato interessante na Bíblia, onde os Apóstolos batizaram 3.000 pessoas em um só dia:

  • “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (Atos 2,41).

Pois bem: estas 3.000 pessoas que se batizaram no dia de Pentecostes, somente podem ter sido batizadas por aspersão, visto que Jerusalém se encontra sobre um monte numa nas regiões mais altas do país, onde a água era bastante escassa (e bastante disputada); também não havia rios nesse lugar, nem tempo suficiente para se batizar empregando outra forma. Então como foram batizadas essas 3.000 pessoas? O mais lógico: por aspersão.

Os arqueólogos demonstaram que no tempo da narrativa bíblica, não havia água em abundância para mergulhar tamanha quantidade de gente. E ainda que fosse assim, os habitantes de Jerusalém não teriam permitido que a sua fonte de água fosse contaminada por 3.000 pessoas. Mais ainda: pessoas em certas condições médicas como tetraplégicos, paralíticos, coxos, mulheres menstruadas etc. não poderiam entrar na água a fim de serem submergidas.

Imaginar que os Apóstolos mergulhavam as pessoas nos mananciais públicos usados para beber e cozinhar é um absurdo. Não o fariam, por mínima decência; e certamente os judeus escrupulosos os proibiriam.

Estes fatores levantam problemas para os nossos amigos imersionistas.

b) Toda uma família é batizada no cárcere durante a madrugada

  • “E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,32-33).

Neste texto, vemos que São Paulo foi levado com pressa à família do carcereiro e batizou a família inteira durante a madrugada. O mais lógico é pensar na aspersão, pois deu-se dentro de um cárcere, onde não há rios, e de madrugadam sendo impossível sair a essas horas para buscar um rio ou um lugar com muita água.

Foi um batismo imediato, que não sugere mudança de lugar para a sua concretização, já que certamente, no cárcere, não havia lugares adequados para uma imersão. O carcereiro tinha levado água para lavar as feridas de Paulo e Silas, de modo que parece que foi usada parte dessa mesma água para se proceder aos batismos:

  • “E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus” (Atos 16,33).

Como se daria hoje, é impossível para um preso ter acesso a uma fonte de água para ser submergido em batismo; neste caso, a aspersão seria a forma mais adequada para se administrar o batismo. O mesmo se dá com os esquimós: a imersão não é apropriada, no entanto o método da aspersão se mostra mais adequada.

c) O caso de Cornélio

No caso de Cornélio (cf. Atos 10), os eventos imediatos se dão em seu próprio lar. Não se tem ideia de que saiu de cara para buscar um lugar com muita água para o batismo. A expressão “Pode alguém porventura recusar a água” soa muito mais como um simples rito, para o qual já se tinha à mão a água necessária, de modo que não havia razão nenhuma para não se realizar o batismo.

Na passagem que descreve os detalhes na casa de Cornélio (Atos 11,15-16), Pedro diz:

  • “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: ‘João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo'” (Atos 11,15-16);

mas Pedro também disse (cf. Atos 2,14-18) que o Pentecostes era um cumprimento da profecia de Joel:

  • “E nos últimos dias acontecerá – diz Deus – que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne” (Atos 2,17).

Essa é a maneira como aconteceu: Deus derramou o Seu Espírito sobre eles, o Espírito “caiu sobre” eles. O batismo com o Espírito Santo foi um “cair sobre”. Pedro imediatamente pensou no batismo com água e a relação sugeriria que o batismo ritual fosse como um “cair sobre”, isto é, como um simples derramamento ou aspersão.

d) O próprio caso de São Paulo

Atos 9 relata as circunstâncias do batismo de São Paulo. Este é o único batismo de água que é descrito no Novo Testamento, com alguns detalhes que podem sugerir a sua forma. Ananias diz a Paulo: “Levanta-te e batiza-te” (Atos 9,16); e novamente diz: “levantou-se e foi batizado” (Atos 9,18). O termo grego para “levanta-te” e também para “se levantou” é um particípio. Uma tradução literal para ambos os casos seria: “colocando-se de pé, foi batizado”. Não há aqui nenhuma sugestão de imersão. Nada se fala de um mudança de roupas, nem de ir para um lugar com muita água ou que fosse apropriado para a imersão; nem do uso de toalha; nem de alguma demora para os preparativos necessários. Se alguma coisa se insinua aqui é um rito simples, sem detalhes especiais a serem registrados.

Lembremos também que São Paulo era um fariseu zeloso, de modo que é possível que o único batismo que conhecesse fosse o da forma judaica por infusão ou aspersão.

Veritatis Splendor

Uma “flecha divina” marcou o coração de Santa Teresa D’Ávila e sua autópsia confirmou

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 15 out. 20 / 06:00 am (ACI).- Santa Teresa D’Ávila (1515-1582), a primeira mulher Doutora da Igreja, relatou em seus escritos uma das experiências místicas que marcou profundamente seu coração. Este fato foi tão impactante que a levou a fazer um voto especial a Deus que a impulsionou em suas reformas, fundações e caminho de santidade.

A santa e escritora mística conta que certa vez viu á sua esquerda um anjo em forma humana. Era de baixa estatura e muito belo, seu rosto reluzia e deduziu que devia ser um querubim, um dos anjos de mais alto grau.

“Vi que trazia nas mãos um comprido dardo de ouro, em cuja ponta de ferro julguei que havia um pouco de fogo. Eu tinha a impressão de que ele me perfurava o coração com o dardo algumas vezes, atingindo-me as entranhas. Quando o tirava, parecia-me que as entranhas eram retiradas, e eu ficava toda abrasada num imenso amor de Deus”, descreveu Santa Teresa.

“A dor era tão grande que eu soltava gemidos, e era tão excessiva a suavidade produzida por essa dor imensa que a alma não desejava que tivesse fim nem se contentava senão com a presença de Deus”.

“Não se trata de dor corporal; é espiritual, se bem que o corpo também participe, às vezes muito. É um contato tão suave entre a alma e Deus que suplico à Sua bondade que dê essa experiência a quem pensar que minto”, explicou a Doutora da Igreja (O Livro da Vida 29,13).

Este tipo de vivência espiritual é chamado na Igreja como “transverberação”, que é a experiência mística de ser transpassado no coração causando uma grande ferida.

Mais tarde, buscando responder a este presente divino, Santa Teresa fez o voto de fazer sempre o que lhe parecesse mais perfeito e agradável a Deus. Foi assim que no resto de sua vida, a reformadora e fundadora carmelita se esforçou por cumprir perfeitamente este juramento.

Quando a santa partiu para a Casa do Pai, a autópsia revelou que no coração de Santa Teresa estava a cicatriz de uma grande e profunda ferida. Na família carmelita, a festa da “transverberação” de Santa Teresa de Jesus é celebrada no dia 26 de agosto.

Como legado, a Doutora da Igreja também deixou plasmada sua experiência mística na seguinte poesia de amor, intitulada “Meu Amado é para mim”:

Entreguei-me toda e assim
Os corações se hão trocado
Meu Amado é para mim,
E eu sou para o meu Amado.

Quando o doce Caçador
Me atingiu com sua seta,
Nos meigos braços do Amor
Minh'alma aninhou-se quieta.
E a vida em outra, seleta,
Totalmente se há trocado:
Meu amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.

Era aquela seta eleita
Ervada em sulcos de amor,
E minha alma ficou feita
Uma com o seu Criador.
Já não quero eu outro amor,
Que a Deus me tenho entregado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.

ACI Digital

S. TERESA DE JESUS, VIRGEM, DOUTORA DA IGREJA, CARMELITA DESCALÇA

S. Teresa de Jesus, virgem, doutora da Igreja,
carmelita descalça 
(Joachim Schäfer - Ökumenisches Heiligenlexikon)

Dos romances à dura realidade
Filha do segundo casamento de um judeu convertido, Santa Teresa de Ávila nasceu no dia 28 de março de 1515. Durante sua infância feliz, junto com seus irmãos e primos, sentia-se atraída pelos romances cavalheirescos. Depois da morte em batalha do irmão mais velho, João, em 1524, e da perda da mãe, Beatriz, a jovem foi mandada estudar em um Mosteiro das Agostinianas de Nossa Senhora das Graças, onde passou por uma primeira crise existencial. Ao ser acometida por uma grave doença, voltou para a casas paterna, onde presenciou a partida do amado irmão, Rodrigo, para as Colônias espanholas no além-mar. Em 1536, foi atingida pela chamada “grande crise”, que amadureceu a sua decisão de entrar para o Mosteiro das Carmelitas da Encarnação em Ávila. Mas, seu pai era contrário e Teresa fugiu de casa. Acolhida pelas monjas, fez a profissão religiosa em 3 de novembro de 1537.

“Fiquei tomada de comoção”
A sua saúde voltou logo a comprometê-la. Apesar do consequente retorno à família, o caso foi julgado desesperador. Então Teresa foi reconduzida ao Convento, onde as Irmãs começaram a preparar seu funeral. Porém, de modo inexplicável, em poucos dias a enferma melhorou. Parcialmente liberada dos compromissos da vida claustral, por causa da sua convalescença, de caráter alegre, amante da música, da poesia, da leitura e escritura, começou a tecer uma rede densa de amizades, atraindo a si várias pessoas desejosas de encontrá-la. No entanto, percebeu que estes encontros eram motivos de distração da sua da sua principal tarefa de rezar, que ocasionou sua “segunda conversão”: “Os meus olhos defrontaram-se com uma imagem... parecia Nosso Senhor coberto de chagas. Quando o vi, fiquei tomada de comoção... debulhando-me em lágrimas, lancei-me aos seus pés e lhe supliquei para dar-me forças para não o ofender mais”.

Reprodução de Bernini
As visões e êxtases representam o capítulo mais misterioso e interessante da vida de Santa Teresa de Ávila. Em sua autobiografia (redigida a pedido do Bispo) e em outros textos e cartas, ela descreve os vários níveis das manifestações divinas, visuais e auditivas. Ela é representada em levitação, em síncope e caída como morta (assim a reproduziu Bernini, por volta de 1650, na estátua de Santa Maria da Vitória, em Roma). A estas manifestações corresponde um grande crescimento espiritual, como Teresa, - que tinha inclinação natural para a escritura e a poesia – descreve em seus textos místicos, entre os mais claros, importantes, poéticos jamais escritos. Não sendo entendida na sua intensa espiritualidade e até considerada, por alguns de seus confessores, como vítima de ilusões demoníacas, ela foi ajudada pelo jesuíta, Francisco Borja, e pelo franciscano, Frei Pedro de Alcântara, que puseram fim às dúvidas dos seus acusadores.

Castelo Interior
Teresa teve a intuição de reformar o Carmelo, por causa da sua desorganização interna. Em 1566, o Superior geral da Ordem deu-lhe a autorização de fundar, em Castela, vários mosteiros, inclusive dois para os Carmelitas Descalços. Assim, surgiram conventos em Medina, Malagón e Valladolid (1568); Toledo e Pastrana (1569); Salamanca (1570); Alba de Tormes (1571); Segóvia, Beas e Sevilha (1574); Soria (1581); Burgos (1582)...
Em 1567, foi decisivo o encontro de Teresa com o jovem estudante de Salamanca, recém-ordenado sacerdote: com o nome de João da Cruz, o jovem recebe o hábito dos Descalços e acompanha a Fundadora nas suas viagens. Juntos, superaram vários acontecimentos dolorosos, entre os quais as divisões internas da Ordem e até acusações de heresia. Por fim, Teresa levou vantagem com o nascimento da Ordem reformada das Carmelitas e dos Carmelitas Descalços.
A obra mais famosa de Teresa é, certamente, o “Castelo Interior”, itinerário da alma na busca de Deus, mediante sete passagens particulares de elevação, como também o “Caminho da perfeição”, as Fundações e muitíssimas Máximas, Poesias e Orações.
Incansável, apesar da fragilidade de sua saúde, Santa Teresa de Ávila faleceu em Alba de Tormes, em 1582, durante uma das suas viagens.

Vatican News

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Formação da consciência: é hora de ler o manual

Lanako Portfolio | Shutterstock
por Robert Mc Teigue, SJ

Redescobrindo a importância da competência moral.

Sobre a importância da formação da consciência.

Como você responderia ao seguinte? – Oh, você nunca dirigiu um carro com câmbio automático antes? Na verdade, não é difícil, e o manual está no porta-luvas.

Coloco essa questão por dois motivos:

  1. essa situação realmente aconteceu comigo;
  2. a situação pode nos ensinar muito sobre a consciência.

Já escrevi bastante nestas páginas sobre consciência. Isso porque parece necessário em resposta aos desafios que os membros da Igreja enfrentam hoje e porque é um ano de eleições onde eu moro.

Consequentemente, muitas pessoas estão falando sobre consciência, na maioria das vezes muito mal e, infelizmente, muitas vezes de forma bastante perigosa.

Manual

Primeiramente, meu pai costumava me dizer: “nenhum de vocês, filhos, veio com um manual, sabia?” Na vida moral, “ler o manual” não é suficiente. É preciso agir corretamente.

Na verdade, esse tipo de ação requer prática (muita prática) e requer mais reflexão do que a maioria das pessoas imagina (ou assim me parece, pelo menos).

Os bons cozinheiros dirão que um bom prato começa com uma boa receita. Mas a boa culinária pode se tornar uma ótima culinária quando um cozinheiro vai além da receita para criar algo extraordinário. Nenhum prato bom rejeita totalmente qualquer receita. Assim, em outras palavras, há um valor, um valor indispensável, em aprender a “ler o manual”. E o mesmo ocorre com a vida moral.

Moralidade

A razão pela qual tantas pessoas dizem coisas tolas sobre moralidade é porque elas nunca “leram o manual”. Na verdade, elas nunca se valeram da sabedoria acumulada ao longo dos milênios por grandes sábios, estudiosos e santos refletindo sobre a lei moral natural e a lei divina.

O que eu gostaria de fazer com você é estimulá-lo a “ler o manual” associado à consciência. Claro, uma pessoa não se torna uma pessoa moral apenas lendo o manual. Mas é menos provável que tenhamos um final ruim se estivermos familiarizados com as instruções.

Consciência

Ao contrário da opinião popular, a consciência não é um sentimento. Também não é “a voz suave na sua cabeça lhe dizendo o que fazer” (há remédios para isso).

Na verdade, consciência, como sugere a raiz latina do termo (con-scienctia), é agir “com conhecimento”.

A consciência é uma função do intelecto, baseada no conhecimento dos princípios morais, bem como no conhecimento dos fatos moralmente relevantes pertinentes ao caso. De fato, em relação ao último, quando alguém começa com, “minha consciência diz…” em vez de “as evidências que eu reuni mostram…”, tendo a ser cético e desconfiado.

Sabedoria

Portanto, o que proponho que façamos nos próximos artigos é “ler o manual” juntos – isto é, revisar passo a passo uma destilação da sabedoria testada e comprovada da civilização ocidental a respeito da consciência.

Nas próximas semanas, examinaremos a formação da consciência em três dimensões, a saber, como intelecto, processo e julgamento. Assim, minha promessa a você é que, ao contrário de outros manuais técnicos que você encontrou e jogou de lado, o passo a passo do manual para um proprietário / operador de uma consciência bem formada será compreensível e, acima de tudo, útil.

Enfim, quando eu escrever na próxima semana, falarei da consciência em termos do intelecto como uma faculdade de formar julgamentos sobre a qualidade moral das ações. Até então, vamos nos manter em oração.

E lembre-se dessa definição básica quando você refletir sobre a formação da consciência: a consciência é uma função do intelecto, baseada no conhecimento dos princípios morais, bem como no conhecimento dos fatos moralmente relevantes pertinentes ao caso.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF