Translate

sábado, 17 de outubro de 2020

Evidência bíblica para o uso de padrinhos

Veritatis Splendor

Quando uma pessoa é batizada na Igreja Católica, há a figura do “padrinho”, que possui uma missão específica: apresentar a Igreja àquele que será batizado; e se este último não tiver ainda o uso da razão, fará por ele a profissão de fé e as promessas batismais. Também teremos os padrinhos e outros sacramentos, como na Confirmação. Mas de onde procede este termo? É bíblico? Tentemos responder a essas perguntas.

Para começar, vejamos o a Igreja ensina sobre os Padrinhos:

  • “Para que a graça batismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Este é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua caminhada na vida cristã (cf. CIC, cânn. 872-874). A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial (“officium”, cf. SC 67). A comunidade eclesial inteira tem uma parcela de responsabilidade no desenvolvimento e na conservação da graça recebida no Batismo” (Catecismo da Igreja Católica, §1225).
  • “Para a Confirmação, como para o Batismo, convém que os candidatos procurem a ajuda espiritual de um padrinho ou de uma madrinha. Convém que seja o mesmo do Batismo, a fim de marcar bem a unidade dos dois sacramentos (cf. Ritual da Confirmação, Praenotandos 5; Ibíd.,6; CIC cân. 893,1.2)” (Catecismo da Igreja Católica, §1311).

Portanto, o padrinho deve ser um crente sólido, que ensine o batizado em seu caminho na fé cristã. O §1311 indica que devem buscar auxílio espiritual de um padrinho ou madrinha. Então, este parágrafo indica que o padrinho dá “ajuda espiritual” ao batizado, de modo que podemos dizer que o batizado se converte em “filho espiritual” do padrinho, de modo que entre eles existe um “parentesco espiritual”. Para enxergarmos isto de uma forma mais clara, é bom recordar o que ensinava o Catecismo de São Pio X:

  • 573. Quem são os padrinhos e madrinhas do Batismo? R.: Os padrinhos e madrinhas do Batismo são aquelas pessoas que por disposição da Igreja têm as crianças na sagrada fonte, respondem por elas e saem como fiadores diante de Deus quanto à sua educação cristã, especialmente se nisto faltarem os pais.
  • 576. Quais são as obrigações dos padrinhos e madrinhas? R.: Os padrinhos e madrinhas estão obrigados a buscarem que seus filhos espirituais sejam instruídos nas verdades da fé e vivam como bons cristãos, edificando-os com bons exemplos.
  • 577. Quais vínculos contraem os padrinhos do Batismo? R.: Os padrinhos contraem um parentesco espiritual com o batizado e este parentesco produz impedimento matrimonial.

E é este o conceito que encontramos na Bíblia. Sabemos que nem tudo está escrito de forma literal nas Sagradas Escrituras, mas podemos encontrar nelas, às vezes de maneira implícita, outras vezes de maneira explícita, as bases da nossa Fé. E neste caso dos padrinhos, não podia ser diferente. Vejamos aqueles versículos que nos falam de um “parentesco espíritual” entre duas pessoas:

  • “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda a parte ensino em cada igreja” (1Coríntios 4,17).
  • “Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai” (Filipenses 2,22).
  • “A Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1Timóteo 1,2).

Pauloi enxerga Timóteo como seu filho espiritual porque foi Paulo quem o guiou na Fé, o ajudou a caminhar na vida cristã. É mais! Podemos dizer que Paulo o apadrinhou.

  • “A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 1,4).

São Paulo também chama Tito de “filho na fé”, situando-se como seu pai na Fé: o padrinho. Porém, este ensinamento de adquirir filhos espirituais e ensinar-lhes o caminho do Evangelho, da santidade, da Fé cristã não é exclusiva de São Paulo, pois outros Apóstolos falam a mesma coisa:

  • “A vossa coeleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos” (1Pedro 5,13).
  • “Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai” (2João 1,4).

Tanto São Pedro quanto São João tratam de filhos espirituais, que eles adquiriram. Nós, na Confirmação e no Batismo, recorremos aos padrinhos para que eles nos auxiliem espiritualmente; isto os converte em nossos “pais e guias espirituais”.

Podemos concluir então que “filhos na fé” e “pai espiritual” são as expressões mais próximas de “padrinho” que encontramos na Escritura. Ainda que estas passagens costumem a ser citadas para provar que um sacerdote ou presbítero é nosso “pai espiritual”, são perfeitamente válidas e aplicáveis aos padrinhos, pois falam de um parentesco espiritual.

Desde o Antigo Testamento aparece a figura do “padrinho” como alguém que protege e guia. Neste caso, o próprio Deus foi “padrinho” de Isaac:

  • “Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o temor de Isaque não fora comigo, por certo me despedirias agora vazio. Deus atendeu à minha aflição, e ao trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite” (Gênesis 31,42).
  • “O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque” (Gênesis 31,53).

Talvez uma das mais antigas menções ao termo “padrinhos” o encontraremos em Tertuliano, por volta do ano 200 d.C. Ele diz:

  • “Que necessidade há quando realmente não há que se colocar em perigo os padrinhos, os quais, pela morte, podem faltar ao que prometeram ou podem, com o passar do tempo, ter a decepção de terem apadrinhado alguém de má condição?” (De Baptismo 5,8).
Veritatis Splendor

S. INÁCIO DE ANTIOQUIA, BISPO, MÁRTIR EM ROMA

S. Inácio de Antioquia, século XVIII 

Antioquia, na atual Síria, era a terceira maior metrópole do mundo antigo, depois de Roma e Alexandria do Egito. Inácio tornou-se Bispo de Alexandria, por volta do ano 69, como sucessor de Santo Evódio, mas, sobretudo, do apóstolo Pedro, que havia fundado a Igreja naquela cidade. Descendente de uma família pagã, não romana, Inácio converteu-se ao cristianismo em idade avançada, graças à pregação de São João Evangelista, que havia passado por aquelas terras.

Viagem rumo ao martírio

Inácio era um Bispo forte, um pastor de zelo ardente. Os seguidores da sua Igreja o definiam como um cristão "fogoso", segundo a etimologia do seu nome.
Durante seu episcopado, começou a terrível perseguição do imperador Trajano, da qual também o Bispo foi vítima, por não querer negar à sua fé em Cristo. Por isso, foi preso e transportado acorrentado para Roma. No Coliseu, seu corpo foi despedaçado pelas feras, durante as celebrações da vitória do imperador na Dácia. Assim, começou a sua longa viagem, rumo ao patíbulo, durante a qual foi torturado pelos guardas, até chegar a Roma para a execução da sua sentença, no ano 107.

As sete letras

Durante esta longa viagem rumo à morte, o Bispo Inácio escreveu sete lindas cartas, que constituem um documento inimitável da vida da Igreja na época.
Ao chegar a Esmirna, escreveu as quatro primeiras cartas, três das quais dirigidas às comunidades da Ásia Menor: aos Efésios, Magnésios e Trálios. Nelas, ele expressa sua gratidão pelas muitas demonstrações de carinho. A quarta carta, ao invés, foi dirigida à Igreja de Roma, na qual faz um apelo aos fiéis para não impedir seu martírio, do qual se sentia honrado, pela possibilidade de repercorrer o caminho e a Paixão de Jesus.
De passagem por Trôade, Inácio escreveu outras três cartas: à Igreja da Filadélfia, de Esmirna e ao seu Bispo, Policarpo. Em suas missivas, pedia a solidariedade espiritual dos fiéis com a Igreja de Antioquia, que passava pelas provações do eminente destino do seu pastor; ao Bispo Policarpo, ofereceu interessantes diretrizes de como cumprir a sua função episcopal.
Ele escreveu também páginas de verdadeiras e próprias declarações de amor a Cristo e à sua Igreja, que, pela primeira vez, foi chamada "católica"; testemunhos do conceito tripartido do ministério cristão entre Bispos, presbíteros e diáconos; e ainda diretrizes para combater a heresia do Docetismo, que acreditava na Encarnação do Filho apenas como aparência e não real.
Enfim, através das cartas de Inácio, percebemos seu desejo, quase como uma súplica ardorosa, de que os fiéis mantivessem a Igreja unida, contra tudo e contra todos.

Vatican News

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A FAMÍLIA NA BÍBLIA SAGRADA

Rede Século 21

Nas Sagradas Escrituras, contemplando a história de inúmeras famílias, nós temos acesso à revelação de Deus acerca da família e aprendemos que nós, seres humanos, devemos comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Aprendemos também que a família é a instituição que alicerça a vida na sociedade e, quando se reveste das características de uma Igreja doméstica, lugar de comunicação e de encontro com Deus, a família é manancial de vida, um saudável ambiente da vivência da fé e fonte de transmissão do mistério de Deus.

A primeira família que encontramos na Bíblia Sagrada é a de Adão e Eva, juntamente com seus dois filhos, Caim e Abel. Decisões não apropriadas, gestos de desamor e egoísmo e desencontros com a vontade de Deus se fizeram presentes neste primeiro ambiente familiar. Olhando o ambiente deste primeiro núcleo familiar, nós aprendemos que, quando o amor e a vontade de Deus não são acolhidos em nossos corações, a vida pode apresentar sinais de violência, de trevas e de morte. Por outro lado, salta diante de nossos olhos a certeza de que, diante da culpa, do pecado e do mal, brotam os rios da divina misericórdia que nos ajudam a descobrir a face amorosa do Pai. Ele nunca abandona o Seu povo, e assegura que, apesar de todas as dificuldades e sofrimentos, das tempestades e das pandemias, o bem sempre triunfa sobre o mal.

Outra família do Antigo Testamento que nos ajuda a compreender melhor a missão da família no cotidiano da história é a família de Abraão e Sara, que vivenciou o desafio da fé proposto pelo Deus vivo: ser pai de uma multidão e conduzir o povo de Deus à Terra prometida. Novas expectativas de vida, esperanças e, acima de tudo, o abandono nas mãos providentes de Deus foram os combustíveis que impulsionaram este caminho familiar da fé, da perseverança, da fortaleza e da coragem.

Olhando o ambiente dessa família patriarcal advinda de Abraão, nós percebemos a necessidade de ouvir o chamado de Deus e de corresponder à nossa vocação, caminhando pelas novas estradas do mundo com a consciência de que Deus está no meio de nós fazendo história, renovando nossa pertença à Igreja e impulsionando nossos ideais de santidade.

Percorrendo os livros da Sagrada Escritura, nós encontramos também a família de Moisés que, logo após o seu nascimento, foi salvo das águas para posteriormente proteger, guiar e libertar o povo de Deus da escravidão do Egito. Assim como a família de Moisés, a nossa família deve receber e transmitir os ensinamentos divinos. Deve também adorar, em espírito e verdade, o único e verdadeiro Deus que nos liberta de todas as prisões quando vivemos sem reserva o êxodo do pecado para a vida renovadora da graça.

No Novo Testamento, por meio dos ensinamentos transmitidos pelo Cristo, nós temos acesso à síntese da fé cristã e à comunicação eficaz de que a família é a Igreja doméstica, lugar de aprendizado da fé, dos bons hábitos, do diálogo, do acolhimento e da partilha. Igrejas domésticas são comunidades onde todos se preocupam com a salvação de todos, aprazíveis lugares de oração, de escuta da Palavra de Deus e de encontros por meio da fração do Pão. Igrejas domésticas são ambientes privilegiados de encontros na gratuidade do amor, espaços privilegiados, onde as distâncias são reduzidas e o acolhimento é realizado, evidenciando a gratidão e o entusiasmo dos laços familiares.

Um bom exemplo de boa conduta familiar no Novo Testamento nos é transmitido pela família de Zacarias e de Isabel, os pais de São João Batista, que expressam sinais de justiça e de fidelidade a toda prova. Já idosos, eles sentiam a falta de um filho, mas não lhes faltava a fé no Deus que torna o impossível possível. Pela fidelidade à fé, Deus lhes concedeu a graça de serem pais do profeta, que é o elo entre o Antigo e o Novo Testamento, o precursor do Cristo que preparou o caminho para o eficaz anúncio do Evangelho.

É sobretudo na Sagrada Família de Nazaré, em Jesus, Maria e José, que nós encontramos o modelo ideal de família que devemos almejar. Com a Sagrada Família, nós aprendemos as fecundas lições do lar, o valor do serviço ao próximo e a necessidade de fazermos memória das maravilhas que Deus realiza em nossa história. Aprendemos, acima de tudo, a amar, a perdoar, a ser generosos e disponíveis, e não fechados e egoístas. Aprendemos a ir além das nossas próprias necessidades, para encontrar outras pessoas, os pobres, os marginalizados e os excluídos, e a partilhar as nossas vidas com eles.

Nestes nossos tempos, onde as grandes transformações ocorridas na sociedade acarretam mudanças na estrutura familiar e geram questionamentos ao modelo de família instituído por Deus, cabe a nós o grato dever de professar que a família é e sempre será um lugar privilegiado para a evangelização e transmissão da fé e, por isso, a família cristã tem hoje um urgente campo de ação, principalmente para com as outras famílias não cristãs ou afastadas da prática religiosa, pois o fortalecimento de uma igreja santa e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir os sólidos valores humanos e cristãos.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Bispo católico recebe Prêmio ao Herói da Paz na África

 

Dom Stephen Mamza | 
Wikipedia.org / Ogalaemmanuel (CC BY-SA 4.0)

Dom Stephen Mamza foi reconhecido pela promoção da paz e da unidade no estado de Adamawa, Nigéria, alvo do jihadismo do Boko Haram.

Dom Stephen Dami Mamza, bispo da diocese nigeriana de Yola, recebeu no último 23 de setembro o Prêmio ao Herói da Paz pelas suas “muitas contribuições e apoio à promoção da paz e da unidade” num período muito difícil para o estado de Adamawa, alvo do grupo terrorista islâmico Boko Haram.

O bispo de 50 anos foi homenageado como Embaixador da Paz pela organização Sowers International, sediada na própria Nigéria e voltada a promover a paz na África e na Ásia. Seu presidente, Nicodemus Ozumba, declarou sobre dom Mamza:

“É uma honra bem merecida, porque ele assumiu o cargo em um momento em que a paz era frágil e os conflitos comunitários, as crises políticas e as diferenças atingiam seu ponto mais alto no estado. Sem desanimar, Mamza se manteve como um campeão, um símbolo e um epítome da paz no estado, porque buscou a paz com sinceridade, diligência, integridade e temor a Deus”.

Dom Stephen Mamza foi nomeado bispo em 2011, quando os fanáticos assassinos do Boko Haram atacaram o estado de Adamawa com tamanha virulência que, em 2013, o presidente do país, Goodluck Jonathan, declarou emergência naquele estado e nos vizinhos Borno e Yobe. Um ano depois, Adamawa tinha 400 mil pessoas deslocadas pela violência dos terroristas. Antes ainda, em janeiro de 2012, o bando jihadista tinha perpetrado ataques contra civis, empresas, delegacias de polícia e repartições públicas, matando 180 pessoas. Outros episódios sangrentos foram os três atentados suicidas de novembro de 2015 e dezembro de 2016, que mataram outrs 87 pessoas.

Para a Sowers International, dom Mamza “reconstruiu pontes quebradas e paredes rachadas” para que “reine a paz na cristandade e no estado em geral. Ele se tornou um lápis nas mãos de Deus para manter o estado no caminho certo e em paz e tem demonstrado firmemente a sua opção por uma paz genuína em todos os momentos, independentemente de quem sofre”.

Dom Stephen Mamza agradeceu pelo reconhecimento e se comprometeu a “continuar buscando a paz, porque sem paz não haverá desenvolvimento na cristandade nem no estado”.

O bispo exortou as pessoas a se perguntarem se estão “contribuindo para a paz com suas ações e omissões; se entendem a essência e a importância da paz; se estamos trabalhando e convivendo juntos e em paz ou sendo armas de guerra”.

No início de 2020, dom Mamza havia chamado os políticos nigerianos a pararem de dividir e criar inimizade entre cristãos e muçulmanos. Ele também organizou outros líderes cristãos e convocou os católicos a fazerem três dias de jejum e oração para pedir a intervenção de Deus na região.

Aleteia

Logo e site oficiais da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 divulgados hoje

Logo oficial da JMJ LIsboa 2023.
Fonte: https://lisboa2023.org/pt
Lisboa, 16 out. 20 / 07:57 am (ACI).- A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa, apresentou hoje, aniversário do início de Pontificado de São João Paulo II, o logotipo e o site oficiais do próximo encontro internacional de jovens católicos que o Papa polaco idealizou.

O site da próxima JMJ pode ser visto em: https://www.lisboa2023.org/pt e traz informações e material a respeito das JMJs e da primeira edição deste evento em solo português. Inicialmente marcada para 2022, a edição de Lisboa precisou ser adiada foi adiada para o verão de 2023 devido à pandemia de Covid-19 e vai decorrer na zona do Parque Tejo, na parte histórica da capital.  

O logo da JMJ Lisboa 2023, da designer portuguesa Beatriz Roque Antunes, de 24 anos, inspirado no tema da Jornada: ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39). A logomarca tem como elementos centrais a Cruz, atravessada por um caminho onde surge o Espírito Santo, e a figura da Virgem, acompanhada pela referência à oração do Rosário, que Nossa Senhora pediu aos pastorinhos em Fátima que fosse rezado diariamente. O logo é acompanhado das cores verde e vermelho, que representam respectivamente a esperança e a alegria, e são as cores da bandeira nacional portuguesa.

Segundo informa a Agência Ecclesia, do episcopado português, a proposta vencedora foi escolhida num concurso internacional promovido pelo Comité Organizador Local (COL) que contou com a participação de centenas de candidatos provenientes de 30 países dos cinco continentes. Coube depois ao Dicastério para os Leigos, Família e Vida selecionar a proposta vencedora.

Ainda segundo Agência Ecclesia, “no atual contexto, o Comité Organizador Local da JMJ Lisboa 2023 continua a dar prioridade às necessidades daqueles que têm sido afetados pela pandemia, sem perder de vista a organização do evento. As equipas de trabalho, em diálogo contínuo com a Santa Sé, prosseguem os preparativos deste encontro de jovens que, há mais de três décadas, é para todo o mundo sinal de esperança, união e solidariedade”.

O lançamento da imagem do encontro internacional de Lisboa decorreu num evento digital, transmitido através das páginas da JMJ no Facebook (disponível em 22 idiomas) e Youtube.

As Jornadas Mundiais da Juventude

Idealizadas no pontificado de São João Paulo II, as Jornadas têm sido realizadas em diversas dioceses do mundo, reunindo milhões de jovens católicos a cada realização.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

ACI Digital

S. EDVIGES, DUQUESA DA SILÉSIA, RELIGIOSA

S. Edviges, duquesa da Silésia, religiosa 
(Digital image courtesy of the Getty's Open Content Program)

Não era um problema aparecer como caridoso, embora o corpo fosse envolvido por uma veste de seda e, quem sabe, até com um diadema embutido de rubis na cabeça. Socorrer os pobres era uma prática comum pelas mulheres nobres da Idade Média. Para muitas, era um gesto inspirado por um sincero impulso de piedade. Para outras, era uma doação generosa ditada por uma magnanimidade displicente. Mas, vivido por escolho ou obrigação, este costume era uma regra, mas as regras, mesmo as do censo, são feitas para ser violadas.

A riqueza da pobreza

A exceção tem um nome, Edwiges, que, por volta de 1190, era uma nobre bávara, de doze anos, prestes a casar-se com Henrique I, o Barbudo, herdeiro da Ducado da Baixa Silésia. Desde o início, a jovem duquesa, que logo se tornou mãe (de seis filhos), encarna, entre os seus súditos, o ideal mais lindo de rainha: não eram as vestes, mas a sua generosidade, sempre pronta, era o veludo com o qual Edwiges envolvia quem se encontrava na miséria; mandou construir, para quem tinha pouco ou pouco, asilos e abrigos. Estava ao lado do povo, de maioria polonesa, com o qual, ela que era alemã, aprendeu a língua; ela era, sobretudo, moderada nos modos e nos costumes, a ponto de rejeitar, de modo inaudível, os cânones da moda, impostos pela sua classe. Edwiges não tinha vergonha de usar roupas e calçados velhos, cintos de carroceiro. A duquesa não quis se distinguir dos pobres, porque os pobres – dizia – são “nossos patrões”.

A duquesa monja

Edwiges expressou esta sua convicção a Gertrudes, a última dos seus seis filhos e a única que sobreviveu. Os anos que viveu como esposa e mãe foram, até então, atormentados. A duquesa que sempre apoiou o marido nas suas funções governamentais, assistiu à morte de seus três filhos, ainda jovens, e de duas das três filhas. Seus valores cristãos, unidos ao rigor da época, que impedia manifestar as emoções dos próprios sofrimentos, refletiam em uma Edwiges inabalável, pelo seu modo de suportar, quase sem lágrimas, a dor que a oprimia. Mas, a sua moderação não era uma couraça vazia, imposta por um status. Ela contava com o conforto da fé interior, da oração intensa e diária, que, com o passar dos anos, aperfeiçoam nela a atração pela vida consagrada. Depois da morte do marido, para Edwiges torna-se quase natural entrar para o Mosteiro cisterciense de Trzebnica, por ela mesma fundado em 1202. A duquesa foi monja e quando falece, em 15 de outubro de 1243, ninguém teve dúvidas: morreu uma santa! Como tal, Papa Clemente IV a canonizou, em 1267.

Vatican News

S. MARGARIDA MARIA ALACOQUE, VIRGEM, DA ORDEM DA VISITAÇÃO

Com. Cat. Shalom
Margarida nasceu em uma família rica, na Borgonha, França, em 1647. Seus pais eram católicos fervorosos, mas não o suficiente para permitir que sua filha se tornasse freira. Não obstante, aos 5 anos de idade, Margarida se consagra ao Senhor, fazendo voto de castidade. Porém, apenas aos 24 anos, ao vencer a resistência dos seus pais, conseguiu entrar para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales.

Com Jesus, entre as Visitandinas

Entre as coirmãs, ao emitir os votos acrescentou o seu nome o de Maria, Margarida não era feliz: sempre teve visões de Nossa Senhora, mas nunca disse nada a ninguém. No entanto, começavam os comentários entre as freiras e as superioras, que não acreditavam nela, aliás, até zombavam dela, dando a entender que estava doente ou louca. Todavia, permaneceu entre as Visitandinas por mais de vinte anos, recebendo graças extraordinárias, mas, também, fazendo muitas penitências e mortificações, sempre com o sorriso nos lábios.

Uma verdadeira autobiografia

Seu diretor espiritual, o jesuíta Claude de la Colombière, que reconheceu nela o carisma dos Santos, pediu para ela escrever suas experiências místicas, que, depois, se tornou uma autobiografia, que chegou até nós.
No início, Margarida se opôs, mas, por obediência, concordou. Enquanto escrevia, estava ciente de fazê-lo só para si, sem perceber o valor do que estava narrando naquelas páginas.
A partir de 1673, Margarida Maria começou a receber até visitas de Jesus, que lhe pedia para ter uma devoção particular ao seu Sagrado Coração, que lhe aparecia "radiante como o sol, com sua chaga adorável, coroado de espinhos, sobre o qual despontava uma cruz, sobre um trono de espinhos”.
Da sua narração brotou uma verdadeira iconografia, que conhecemos hoje. A partir desta sua biografia, a Igreja instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, celebrada no oitavo dia depois de Corpus Christi.

"A grande promessa"

Jesus apareceu a Margarida Maria por 17 anos, até o dia da sua morte, quando a tomou pela mão para levá-la consigo. Ele a chamava "discípula predileta"; a ela comunicou os segredos do seu Coração e a fez partilhar da ciência do amor. A religiosa também recebeu de Jesus uma grande promessa: os que recebessem a comunhão, por nove meses consecutivos, na primeira sexta-feira do mês, receberiam o dom da penitência final, ou seja, morrer recebendo os sacramentos, sem ter pecado. Jesus pediu-lhe ainda que pedisse ao rei da França, Luís XIV, para consagrar o país ao Sagrado Coração. Porém, a Santa não recebeu resposta do soberano.

Morte e culto

Margarida Maria Alacoque faleceu em 17 de outubro de 1690. Graças a ela, no bairro Montmartre, em Paris, foi construído, entre 1875 e 1914, um Santuário dedicado ao Sacre Coeur, (Sagrado Coração), consagrado em 1919.
Margarida foi beatificada por Pio IX, em 1864, e canonizada por Bento XV, em 1920.

Eis a oração de consagração ao Sagrado Coração de Jesus de Santa Margarida Maria Alacoque:

«Entrego-me e consagro-vos, Sagrado Coração de Jesus Cristo, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte do meu ser, senão para vos honrar, amar e glorificar.
É esta a minha vontade irrevogável: ser todo vosso e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.
Tomo-vos, pois, Sagrado Coração de Jesus, por único bem do meu amor, protetor da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e meu asilo seguro na hora da morte.
Sede, Coração de bondade, a minha justificação diante de Deus, vosso Pai, para que desvie de mim a sua justa cólera.
Coração amoroso de Jesus, deposito toda a minha confiança em vós, pois tudo temo de minha malícia e de minha fraqueza, mas tudo espero de Vossa bondade!
Extingui em mim tudo o que possa desagradar-vos ou que se oponha à vossa vontade.
Seja o vosso puro amor tão profundamente impresso em meu coração, que jamais vos possa esquecer nem me separar de vós.
Suplico-vos, por vossa bondade, que meu nome seja escrito em vosso Coração, pois quero viver e morrer como vosso verdadeiro devoto.
Sagrado Coração de Jesus, confio em vós!»

Vatican News

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

CNBB 68 ANOS: A ATUAL PRESIDÊNCIA REFLETE A INSTITUIÇÃO ENTRE O SEU PASSADO E FUTURO

CNBB

Para celebrar o aniversário de 68 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste dia 14 de outubro, os quatro bispos que integram a atual presidência foram provocados a destacar os marcos do passado e do presente da instituição, bem como lançar um olhar sobre o seu futuro. Eleitos na 67ª assembleia do episcopado brasileiro, realizada de 1º a 10 de maio de 2019, em Aparecida (SP), eles completaram o primeiro ano de mandato (2019 a 2023), marcado principalmente pelo contexto da pandemia, sem contudo deixar de compreender e dar respostas aos desafios da Igreja no Brasil. Neste caminho missionário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil rumo aos seus 70 anos, o portal da CNBB faz essa pausa de reflexão com a presidência da entidade para perceber sua história, identidade e  suas perspectivas futuras. 

Pioneirismo, profecia e comunhão: marcas da história da CNBB


O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, reforça que a CNBB tem uma marcante trajetória de contribuições para a vida da Igreja e para a sociedade brasileira, com relevantes e insubstituíveis contribuições espirituais, humanísticas e cidadãs.

“É importante recordar o mês de outubro de 1952, quando bispos brasileiros se reuniram, no Rio de Janeiro, e, em profunda comunhão eclesial com a Sé Apostólica, iniciaram a rica história da CNBB. Um caminho bonito que se renova permanentemente e fortalece ainda mais a colegialidade e a unidade dos bispos brasileiros, em comunhão com o magistério do Papa”, disse do Walmor.

O Brasil, quando surgiu a ideia de criação das conferências episcopais, foi um dos primeiros países que se prontificou a encaminhar junto à Santa Sé o que fosse necessário para criação da conferência lembrou o arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da entidade, dom Jaime Spengler.

“Nós tivemos várias figuras que foram protagonistas deste processo. E certamente aquilo que hoje a Conferência representa para  a sociedade brasileira é fruto do trabalho destes homens pioneiros que há 68 anos acreditaram na proposta como um caminho viável para a maior comunhão entre os bispos do Brasil”, destacou.

Um marco do passado, destacado pelo bispo de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB, dom Mário Antônio da Silva, é a característica de ter sido profética, com muita sabedoria e zelo pela mensagem do Evangelho. “A CNBB exerceu, desde o seu início, e continua exercendo, um profetismo na defesa da vida em toda e qualquer circunstância, do ser humano e de toda a criação”, afirmou.

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, destaca o primeiro planejamento pastoral conjunto da Conferência realizado, ainda em Roma, durante o Concílio, por convocação do Papa João XXIII. Neste momento, lembra dom Joel, foi construído o Plano de Emergência. “Em 1966, bem no período de implantação do Concílio, os bispos brasileiros estabeleceram o primeiro Plano de Pastoral de Conjunto. Desde então, a CNBB tem sido instrumento de unidade pastoral em torno aos grandes desafios pastorais. Isso se concretiza nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja (DGAE)”, reforça.

O secretário-geral também recorda-se não de um fato mas de uma atitude que marcou a trajetória da organização: a da defesa da verdade, da justiça e dos fragilizados. Segundo ele, de modo especial a partir da década de 1970, a CNBB, por meio de suas presidências, manifestou-se inúmeras vezes de modo firme em favor dos direitos humanos e da democracia. Em 1988, na época da Constituinte, foi publicado o documento Por uma nova ordem constitucional. Pouco tempo depois, em 1989, foi publicado outro documento importante para aquele momento e que se tornou bastante conhecido: Exigências cristãs da ordem democrática”.

No presente, alimentando a esperança e a solidariedade

 

O presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira, diz que a Conferência persevera, no dias atuais, em sua missão de anunciar o Evangelho, a serviço da unidade da Igreja, da edificação do Reino de Deus, com ações que promovem o amparo aos mais pobres, a inclusão social e, consequentemente, contribuem para a justiça e a paz.

Entre estas ações, o segundo vice-presidente da entidade, dom Jaime Spengler, destaca o processo atual de revisão do Estatuto Canônico, no qual todos os bispos do Brasil são chamados a participar e cooperar para responder aos desafios atuais. “Os tempos mudaram e mudam constantemente e estar atento aos sinais dos tempos diz de uma sensibilidade especial para responder à altura daquilo que os novos sinais pedem de nós como Igreja no Brasil”.

Dom Jaime destacou também o Pacto pela Vida e Pelo Brasil, assinado em abril deste ano pela Conferência junto à outras instituições brasileiras, com o intuito de promover um debate e diálogo, o mais amplo possível com as forças da sociedade, a partir da premissa de que o país pode se tornar mais integrado e mais integrador, onde todos possam ter vida e vida em abundância. “O Pacto representa um marco no presente da Instituição e fala da disponibilidade da Igreja em cooperar com o momento que o país atravessa”, disse.

O segundo vice-presidente, dom Mário Antônio, destaca a realização pela CNBB e Cáritas Brasileira da Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, com a adesão de toda a Igreja Católica no Brasil e entidades e instituições que buscam promover a vida, sobretudo no contexto da pandemia. Para ele, a solidariedade marca  o trabalho da CNBB na atualidade.

O secretário-geral da entidade destacou um desafio interno:  a implantação e manutenção das comunidades eclesiais missionárias, conforme apresentado nas atuais DGAE (2019-2023). “É um tema que já vinha sendo amadurecido. Lembro, por exemplo, os documentos 100 e 108 da CNBB que falam respectivamente da rede de comunidades e dos serviços e ministérios em torno da Palavra de Deus”, recordou.

Dom Joel também destaca a ação emergencial “É tempo de Cuidar” e o esforço por ajudar a alimentar a esperança, a justiça e a paz, em meio a tantas angústias e pandemias. “Vemos as pessoas sofrerem pela pandemia sanitária, mas também, para dar um exemplo significativo, com a fome. A campanha É tempo de Cuidar é um fato muito significativo dos dias atuais”, disse.

Novos desafios rumo à maior sinodalidade e comunhão

 

Para permanecer fiel ao sonho dos que a fundaram, dom Walmor afirma que a CNBB está vivendo um processo de renovação, buscando responder aos desafios próprios deste terceiro milênio. Ele apontou a revisão do Estatuto Canônico como um caminho que possibilitará à Conferência ser ainda melhor e mais servidora, oferecendo novas contribuições para que o Brasil, à luz da fé, torne-se mais fraterno e solidário.

“As novas respostas incluem a exigência de sermos uma Igreja Sinodal e mais missionária, com efetivas e inclusivas participações dos cristãos leigos e leigas, especialmente das mulheres”, disse.

Em sua visão de futuro para a entidade, o primeiro vice-presidente, dom Jaime Spengler , alimenta o desejo de que ela esteja ancorada nos valores que formaram sua identidade: “Ser uma instância de promoção  da comunhão na Igreja no Brasil. Uma Igreja realmente constituída de comunidades que se dispõem, na comunhão, a cooperar para a implementação do Reino de Deus já aqui entre nós no tempo”, disse.

Numa perspectiva de renovação, dom Mário Antônio, seu segundo vice-presidente, vê a CNBB atuando mais em rede junto à outras entidades e instituições com objetivos semelhantes, sem contudo perder a sua identidade e a sua missão. “O futuro da CNBB está também em evangelizar fazendo bom uso de toda a tecnologia digital, o que exige de nós um preparo específico”, desafiou.

CNBB

Governo quer suplantar a religião na China, alerta ativista católico

Peregrinos chineses no Vaticano. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI)

HONG KONG, 14 out. 20 / 11:19 am (ACI).- O empresário de meios de comunicação e ativista católico, Jimmy Lai, assinalou que o Partido Comunista Chinês quer suplantar a religião com um maior controle do governo.

Lai, que mora em Hong Kong, disse que permanecerá na ilha apesar de enfrentar acusações criminais por seu apoio à democracia na ilha. O executivo foi preso em agosto, mas está em liberdade sob fiança.

“Quando você se eleva acima de seus próprios interesses, encontra o sentido da vida. Você percebe que está fazendo a coisa certa, o que é maravilhoso. Isso mudou minha vida para algo diferente”, disse Jimmy Lai em uma entrevista transmitida em 5 de outubro.

A entrevista foi feita por Fran Maier, pesquisador principal do Centro de Ética e Políticas Públicas e pesquisador associado principal da Universidade de Notre Dame. Foi produzido e lançado pelo Instituto de Napa, do qual Maier é membro do conselho.

Lai é católico e disse que durante os últimos 30 anos apoiou o movimento pró-democrático de Hong Kong, devido ao “ensinamento do Senhor de que sua vida não se trata de si mesmo”.

“A meu ver, se eu sofrer pela causa certa, isso só define a pessoa que estou me tornando. Só pode ser bom para mim ser uma pessoa melhor. Se você acredita no Senhor, se você acredita em que todo o sofrimento tem uma razão, e o Senhor está sofrendo comigo... Estou em paz com isso”.

Lai havia sido preso por um grupo de quase 200 policiais em 10 de agosto, junto com pelo menos nove pessoas relacionadas ao Apple Daily, o jornal que fundou em 1995. A prisão teria sido parte de uma aparente repressão às liberdades civis na ilha.

Apple Daily tem se destacado ao longo dos anos como uma publicação fortemente pró-democrática que critica o governo chinês em Pequim.

Lai está solto sob fiança, mas enfrenta acusações de acordo com a nova Lei de Segurança Nacional de Hong Kong, que entrou em vigor em 1º de julho, imposta pelo Partido Comunista Chinês sem passar pela legislatura da ex-colônia britânica.

De acordo com a nova lei, uma pessoa condenada por secessão, subversão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras receberá um mínimo de 10 anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua.

Lai chegou a Hong Kong aos 12 anos como clandestino, sem um centavo, da China continental. Sua mãe passou os primeiros anos de vida de Lai em um campo de trabalhos forçados. Em Hong Kong, Lai percebeu a necessidade de roupas acessíveis e de qualidade para a classe média e fundou uma rede de lojas de roupas chamada Giordano's, uma empresa que o enriqueceu e lhe permitiu lançar revistas e jornais pró-democracia em Hong Kong e Taiwan.

E embora seja um cidadão britânico, disse que não tem planos de deixar Hong Kong. Indicou que sua família apoia sua decisão de ficar, mas teme por sua segurança.

“Se eu for, não renuncio apenas ao meu destino, renuncio a Deus, renuncio à minha religião, renuncio àquilo em que acredito”, disse. "Eu sou o que sou. Sou o que acredito. Não posso mudar isso. E se não posso mudar, tenho que aceitar meu destino com elogios", acrescentou.

Lai disse que sua esposa sempre foi uma católica devota e, mesmo antes de sua conversão, ele sempre a acompanhava à igreja. No entanto, em 1997, percebeu que precisava da proteção e ajuda de um poder superior. Foi batizado e recebido na Igreja pelo Cardeal Joseph Zen, Bispo Emérito de Hong Kong.

Hong Kong tem desfrutado historicamente de liberdade religiosa, ao contrário da China continental, onde crentes religiosos de todos os tipos sofrem perseguição. A Igreja Católica na China está dividida desde 1951 entre a chamada Igreja clandestina, que é perseguida e leal a Roma, e a Igreja Patriótica Chinesa, controlada pelo Estado.

Lai disse que a China precisa da liderança moral do Vaticano, mas expressou decepção com as negociações da Santa Sé com o regime comunista, em particular o acordo de setembro de 2018 sobre a nomeação de bispos, que será renovado no final deste mês.

O Ccardeal Zen viajou recentemente ao Vaticano para pedir ao Papa Francisco que não renovasse o acordo entre o Vaticano e a China, mas o Pontífice não concedeu uma audiência ao Purpurado.

O poder do Vaticano é moral e virtuoso, e não temporário, disse Lai, e deve defender os valores morais quando mais precisam.

Quando o Papa e a Santa Sé silenciam sobre as ações do PCCh, “isso é muito decepcionante, muito prejudicial para um mundo que admira o Vaticano por sua liderança moral”.

Lai disse que, em sua opinião, o Ocidente pensa errado ao acreditar que quanto mais ricos ficarem na China, "mais se parecerão conosco".

Assinalou que os valores são importantes e que o comportamento do PCCh ameaça os valores cristãos, espalhando sua influência para esferas internacionais, como Hollywood e esportes profissionais.

A pandemia de Covid-19, disse Lai, é um "evento de Pearl Harbor" para o mundo, que deve tirar o mundo da complacência. "Devemos olhar para os fatos. Devemos olhar para o que eles fizeram ao mundo, como lidam com o mundo", assinalou.

“O problema que enfrentamos agora é: a China vai ser a mais poderosa, economicamente, do mundo. Agora é a hora de mudarmos a atitude da China... do contrário, eles nos transformarão na deles”, alertou.

Além disso, assinalou que os líderes do Partido Comunista Chinês não querem apenas eliminar Deus, mas querem "ser" Deus.

O presidente chinês, Xi Jinping, quer ser respeitado como todo-poderoso e é por isso que o Partido busca controlar a religião, indicou.

Além disso, afirmou que o fato de que o PCCh queira suplantar a religião é uma "perversão moral", com o objetivo de ver as pessoas "sofrerem pelos pecados [de Jinping]".

"Uma vez que você não tem uma religião, pode facilmente ser ditado por sua ordem", disse.

Os católicos estiveram fortemente envolvidos nos protestos pró-democracia em Hong Kong, que chegaram ao auge durante o verão de 2019.

"Nosso instinto nos instam a enfrentar a injustiça, o mal. Acho que isso é apenas um instinto. Sendo católico, tem o instinto de enfrentar o que está errado, porque é assim que andamos no caminho do Senhor”, observou Lai.

Assim, disse que em Hong Kong e na China continental, os cristãos estão olhando para o Vaticano em busca de liderança moral.

“O Vaticano só pode depender de sua virtude e poder moral para converter o povo chinês da ditadura do ateísmo. Os chineses buscam a fé, além de sua vida material. O que falta a eles não é material, porque a China certamente melhorou a riqueza e o sustento das pessoas nos últimos 40 anos. Quanto mais sucesso material têm, mais vazio sentem em seus corações ”, disse Lai.

Nesse sentido, acrescentou que o vazio moral na China deve ser preenchido pelo catolicismo para ensinar às pessoas que "a vida é mais do que pão".

O povo chinês, disse, "quer religião, o que eles mais querem é virtude e moral para viver uma vida significativa, que o Vaticano não está dando a eles", mas sim "está tirando deles quando se alinham com o PCCh, que os reprimiu em sua busca espiritual. Isso é realmente ridículo. Isso é muito decepcionante”.

Hong Kong é uma "região administrativa especial" da China, o que significa que tem seu próprio governo, mas permanece sob o controle chinês. Foi colônia britânica até 1997, quando foi devolvida à China sob o princípio de "um país, dois sistemas", o que lhe permitiu ter sua própria legislatura e sistema econômico.

A abertura de Hong Kong para o mundo exterior e a transparência na regulamentação comercial e bancária, em contraste com a China continental, tornaram-no um centro de negócios, bancos e finanças globais.

Os protestos pró-democracia em Hong Kong, dos quais participaram muitos católicos e cristãos de outras religiões, rejeitaram com sucesso os esforços da legislatura no ano passado para aprovar um polêmico projeto de lei que teria permitido à China continental extraditar supostos delinquentes de Hong Kong.

Com a aprovação de novas leis de segurança, o governo comunista chinês ganhou mais poder para reprimir os protestos em Hong Kong, que vê como um desafio direto ao seu poder.

Regras de segurança semelhantes foram propostas anteriormente.

Em 2003, o regime comunista tentou usar os próprios conselhos legislativo e executivo de Hong Kong para aprovar medidas contra a sedição, mas protestos em massa levaram os legisladores a abandonar a proposta.

Em 27 de maio, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que, à luz das ações da China, não mais reconhece Hong Kong como politicamente autônomo da China, designação de que a região goza de acordo com a legislação americana desde 1992.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Irlanda católica? Colégios públicos estão banindo Missas e símbolos de fé

Shutterstock
por Francisco Venêto

País já foi considerado um dos mais católicos do mundo, mas diretrizes do governo vêm impondo cada vez mais limitações à vivência da religião.

Irlanda católica: descrever assim essa ilha de tantos missionários já foi quase redundante. A identidade irlandesa, afinal, era praticamente inseparável do catolicismo.

No entanto, as autoridades do país vêm impondo gradualmente outro cenário à sua população. O caso mais emblemático, é claro, foi a liberação do aborto em 2018. O viés ideológico, porém, vem permeando cada vez mais diretrizes que afetam a vivência da fé no dia-a-dia.

Os colégios públicos do país, por exemplo, estão banindo pouco a pouco as Missas, os símbolos católicos e as visitas de inspetores diocesanos.

Segundo o jornal The Irish Times, de fato, o governo prepara novas regras para as escolas públicas no tocante à religião. Ainda não publicado, o documento “Estrutura para o reconhecimento das crenças / identidades religiosas de todos os alunos nas escolas públicas” pretende implantar nos colégios um “espírito multi-denominacional” e, portanto, eliminar práticas católicas que fazem parte da tradição irlandesa há séculos.

Irlanda católica?

Tais diretrizes pedem que as escolas considerem “as crenças da comunidade escolar em geral e não as de uma religião em particular“. Por isso, caso uma escola mostre símbolos católicos aos alunos, a orientação é que também exiba símbolos de outras religiões.

O documento, aliás, também determina que os professores de religião se pautem pela “multi-confessionalidade” e não ofereçam “formação na fé para uma religião em particular“. O plano de estudos estatal, de fato, exige que as escolas enfatizem a “variedade de religiões e de crenças diversas“.

As limitações à religião no dia-a-dia dos irlandeses vêm crescendo abertamente. Mesmo assim, porém, o último censo (2016) aponta que 78,3% da população ainda abraça o catolicismo.

Esses números, aliás, dão ao país uma classificação de “nação fortemente católica” segundo os padrões da secularizada Europa.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF