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domingo, 18 de outubro de 2020

S. LUCAS, EVANGELISTA, MÉDICO, PADROEIRO DOS ARTISTAS

San Luca  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

O “doutor dos Gentios”

São Paulo, na Carta aos Colossenses, define Lucas, - autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, - como “médico amado” (Cl 4,14). Segundo o historiador Eusébio, Lucas nasceu em Antioquia da Síria e era um Gentio: de fato, sempre na Carta aos Colossenses, Paulo fala de seus companheiros e nomeia por primeiros “aqueles que vieram da Circuncisão, isto é, os Judeus, sem incluir Lucas (Cl 4,10-11). Além do mais, em seu Evangelho, Lucas demonstra particular sensibilidade em relação à evangelização dos Gentios. Foi ele quem narrou a parábola do Bom Samaritano; citou o elogio que Jesus fez pela fé da viúva de Sarepta; de Naamã, o Sírio; do Samaritano leproso, o único que voltou para expressar seu agradecimento a Jesus por ter sido curado.

Ao lado de Paulo

Nada sabemos sobre as circunstâncias em que Lucas se converteu, mas, pelos Atos dos Apóstolos, podemos deduzir quando Lucas se juntou a Paulo. Até ao capítulo décimo sexto, os Atos foram narrados em terceira pessoa. De repente, logo após a visão de Paulo - um macedônio lhe pede para ir ajudá-los na Macedônia (Atos 16,9), - passou-se à primeira pessoa do plural: “E, logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que o Senhor nos chamava para lhes anunciar o Evangelho” (Atos 16,10). Logo, Lucas acompanhou Paulo, no ano 51, a Samotrácia, Neápolis, Filipos. Depois, há uma nova passagem para a terceira pessoa, que nos leva a pensar que Lucas não tinha sido preso com Paulo, pelo contrário, que havia permanecido em Filipos, após a partida do amigo.

Sete anos depois, Paulo voltou àquela região e Lucas, - que no capítulo 20 retoma a narração em primeira pessoa do plural, e foi com ele a Mileto, Tiro, Cesareia e Jerusalém. Quando Paulo foi preso em Roma, no ano 61, Lucas ficou ao seu lado, como referem as Cartas de Paulo a Filemon e Timóteo: depois que todos o haviam abandonado, na fase final da sua reclusão, Paulo escreveu a Timóteo: “Somente Lucas está comigo” (2 Timóteo 4,11).

O Evangelista da Misericórdia

É possível perceber a característica mais original do Evangelho de Lucas, graças aos seis milagres e às dezoito parábolas, que não encontramos nos outros Evangelhos. Ele dedica atenção particular aos pobres e às vítimas das injustiças, aos pecadores arrependidos, acolhidos pelo perdão e a misericórdia de Deus: ele narra a parábola do pobre Lázaro e o rico Epulão; fala do Filho Pródigo e do pai misericordioso, que o acolhe de braços abertos; descreve a ação da pecadora perdoada, que lava os pés de Jesus com as suas lágrimas e os enxuga com seus cabelos; cita as palavras de Maria, no Magnificat, quando ela proclama que Deus “derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens e despede os ricos de mãos vazias!” (Lc 1,52-53).

Junto a Maria

A relação particular que Lucas tem com Maria é outra característica do seu Evangelho. Por meio dele e - podemos imaginar - por meio da narração que Maria lhe fez pessoalmente, conhecemos as palavras da Anunciação, da Visita a Isabel e do Magnificat; por seu intermédio, sabemos os particulares da Apresentação de Jesus ao Templo e a angústia de seus pais, Maria e José, por não poder encontrar seu filho de doze anos no Templo. Provavelmente, graças a esta sua sensibilidade narrativa e descritiva, que nasce a tradição de ser o primeiro iconógrafo, sabemos que Lucas era pintor.

As notícias concernentes à sua morte são incertas: algumas fontes falam do seu martírio; outras dizem que viveu até à idade avançada. A tradição mais antiga diz que morreu na Beócia, com 84 anos, depois de ter-se estabelecido na Grécia, onde escreveu seu Evangelho.

Vatican News

sábado, 17 de outubro de 2020

FILOCÁLIA: O amor de Deus pelo ser humano

Mensagens Com Amor

Deus escuta somente o homem. Deus se manifesta somente ao homem. Deus é amigo do ser humano: onde ele está, ali também Deus está.

Somente o ser humano é digno de adorar Deus. Por causa do homem, Deus se transfigura

Antônio o Grande,
Exortações 132

Deus é bom; nele não existe paixão nem mudança. Considerando-se razoável e verdadeiro que Deus não muda, então fica difícil que ele alegre os bons e abandone os maus e se encolerize com quem peca e depois, se se lhe presta culto, mostre-se favorável. Diga-se logo, que Deus nem se alegra nem se encoleriza, porque alegrar-se e encolerizar-se são paixões, e também não se lhe presta culto com dons: isso significaria que fosse vencido pelo prazer.

Não é lícito julgar o divino como bem ou como mal com base em julgamentos humanos. Deus é bom e faz somente o bom, não faz o mal a ninguém, porque assim foi feito; nós, pelo contrário, nos tornamos bons se lhe tornamos semelhantes, a ele nos unimos; se nos tornamos maus ficando dessemelhantes, nos separamos dele.
Vivendo segundo a virtude, nos conservamos unidos a Deus; tornando-nos maus, nós o tornamos inimigo, não porém irado em vão. Os pecados não permitem que Deus resplandeça em nós, mas, pelo contrário, nos unem, por castigo, aos demônios.

Se com as orações e a boas obras conseguimos libertar-nos dos pecados, não significa que prestando culto a Deus o obriguemos a mudar, mas que, curando nossa malvadeza com as nossas ações e a nossa conversão ao divino, novamente gozamos da bondade de Deus: por isso, dizer que Deus se afasta do maus é como dizer que o sol se esconde a quem é cego.

Antônio o Grande,
Exortações 150

Era necessário, verdadeiramente necessário que o Senhor, sábio, justo e poderoso por natureza, não ignorasse o modo de curar; enquanto justo, não realizasse a salvação do ser humano cuja vontade era, de modo tirânico,  prisioneira do pecado; enquanto onipotente, não fosse fraco no realizar a cura.

A sabedoria de Deus se mostra no seu devir homem por natureza segundo a verdade; a sua justiça no ter assumido uma natureza submetida ao sofrimento semelhante à nossa; a sua potência no ter criado pela natureza, através de sofrimentos e morte, uma vida eterna, impassível sem mudança.

Máximo o Confessor,
Sobre a Teologia 6, 40-41

O Senhor, infinito e incorpóreo, se faz pequeno em sua infinita bondade, por assim dizer, ele que é grande e superior a toda substância, para poder se misturar com suas criaturas espirituais, as almas dos anjos e dos santos, para que também eles se tornem capazes de participar da vida imortal de sua divindade. Pois, cada um, segundo a sua natureza, é corpo: o anjo, a alma, o demônio. E mesmo que sejam corpos sutis, contudo, na substância, na forma, na imagem são corpo, sutil segundo a sutileza da própria natureza.

E como esse nosso corpo, que na sua substância é espesso, assim também a alma, tendo um corpo sutil, envolve e reveste os membros desse corpo. Envolve o olho, com o qual vê; o ouvido, com o qual ouve; a mão, o nariz e, numa palavra, a alma envolve todo o corpo e seus membros e com ele se mistura e com ele executa todas as funções vitais.

Da mesma forma, também a indizível e inexprimível bondade de Cristo se faz pequena e assume um corpo, se mistura com ele e envolve as almas fiéis que lhe são amigas e com elas se torna um só espírito, segundo a palavra de Paulo (cf. 1Cor 6,17), alma por alma, por assim dizer, hipóstase por hipóstase, de modo que a tal alma é possível viver na sua divindade e atingir uma vida imortal, e fruir de uma alegria incorrupta e de uma glória indizível.

Macário o Egípcio,
Paráfrases 67

Ecclesia

Da Carta aos romanos, de Santo Inácio, bispo e mártir

Pantokrator

(Cap.4,1-2;6,1-8,3: Funk 1,217-223)            (Séc. I)

 

Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras

Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que morro por Deus com alegria, desde que vós não me impeçais. Suplico-vos: não demonstreis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai-me ser alimento das feras; por elas pode-se alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, serei triturado pelos dentes das feras para tornar-me o puro pão de Cristo. Rogai a Cristo por mim, para que por este meio me torne sacrifício para Deus. 

Nem as delícias do mundo nem os reinos terrestres são vantagens para mim. Mais me aproveita morrer em Cristo Jesus do que imperar até os confins da terra. Procuro-o, a ele que morreu por nós; quero-o, a ele que por nossa causa ressuscitou. Meu nascimento está iminente. Perdoai-me, irmãos! Não me impeçais de viver, não desejeis que eu morra, eu, que tanto desejo ser de Deus. Não me entregueis ao mundo nem me fascineis com o que é material. Deixai-me contemplar a luz pura; quando lá chegar, serei homem. Concedei-me ser imitador da paixão de meu Deus. Se alguém o possui no coração, entenderá o que quero e terá compaixão de mim, sabendo quais os meus impedimentos. 

O príncipe deste mundo deseja arrebatar-me e corromper meu amor para com Deus. Nenhum de vós, aí presentes, o ajude! Ponde-vos de meu lado, ou melhor, do lado de Deus. Não podeis dizer o nome de Jesus Cristo, enquanto cobiçais o mundo. Que a inveja não more em vós! Mesmo que eu em pessoa vos rogue, não me acrediteis; crede antes no que vos escrevo, desejando morrer. Meu amor está crucificado, a matéria não me inflama, porque uma água viva e murmurante dentro de mim me diz em segredo: “Vem para o Pai”. Não sinto prazer com o alimento corruptível nem com os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, a carne de Jesus Cristo, que nasceu da linhagem de Davi; e quero a bebida, o seu sangue, que é a caridade incorruptível. 

Não quero mais viver segundo os homens. Isto acontecerá se vós quiserdes. Rogo-vos que o queirais para alcançardes também vós a misericórdia. Com poucas palavras dirijo-me a vós; acreditai em mim! Jesus Cristo vos manifestará que digo a verdade; ele, a boca verdadeira pela qual o Pai verdadeiramente falou. Pedi vós por mim, para que o consiga. Não por motivos carnais, mas segundo a vontade de Deus vos escrevi. Se for martirizado, vós me quisestes bem; se rejeitado, vós me odiastes.

https://liturgiadashoras.online/

Síndrome K: uma doença nova, contagiosa, pavorosa e mortal que... nunca existiu

Wknight94 / Wikipedia (CC BY-SA 3.0)

por Francisco Vêneto

Como e por que um grupo de médicos italianos inventou uma misteriosa doença em plena Segunda Guerra Mundial.

Síndrome K era o nome de uma doença misteriosa, mas cujo diagnóstico muitos “desejavam”: afinal, ela aumentava em muito as chances de salvar da morte os seus “infectados”! E essa não era a sua única peculiaridade.

A Segunda Guerra Mundial continuava devastando o mundo. Além disso, os nazistas deportavam um número cada vez maior de judeus para os campos de concentração. Diante daquele cenário de morte, um grupo de médicos italianos tomou a ousada decisão de se arriscar mais ainda.

A Itália tinha trocado de lado na guerra em outubro de 1943, mas uma boa parte do seu território continuava sob ocupação dos antigos parceiros nazistas.

Foi justamente nesse período que a perseguição contra os judeus de Roma se intensificou. Com isso, cada vez mais conventos e instituições católicas passaram a dar refúgio a famílias judias aterrorizadas.

Outro local inusitado que recebeu judeus para evitar a sua deportação foi o Hospital Fatebenefratelli.

E foi lá que um grupo de médicos teve uma ideia surpreendente – e muito arriscada.

A Síndrome K

Os cabeças foram o professor Giovanni Borromeo e o doutor Vittorio Sacerdoti. Eles começaram, de fato, a internar até judeus saudáveis, “diagnosticando-os” com a “Síndrome K” – ou “morbo di K”, em italiano.

Segundo esses médicos, tratava-se de uma nova e pavorosa doença, quase desconhecida. Os médicos, porém, a descreviam como altamente contagiosa. Além disso, as pessoas “infectadas” tossiam profusamente durante as inspeções dos nazistas no hospital. E isto, é claro, provocava neles um medo enorme de contaminação.

O próprio doutor Sacerdoti deu uma entrevista em 2004, recordando:

“Os nazistas pensavam que se tratava de câncer ou tuberculose. Por isso, eles fugiam como coelhos”.

Os efeitos da “doença”

A doença, portanto, era contagiosa, assustadora e mortal. E ela tinha, ademais, uma característica adicional inusitada: o fato de que ela simplesmente não existia!

Na prática, os médicos e demais profissionais do hospital usavam a “Síndrome K” apenas como um código, porque a doença era fictícia e tudo era combinado com os “doentes”. Assim, eles identificavam facilmente os judeus refugiados e os protegiam, afugentando os nazistas.

A letra K, aliás, foi escolhida para zombar de duas figuras relevantes do nazismo. O primeiro era o chefe de polícia Herbert Kappler, um dos responsáveis pela perseguição aos judeus na Itália. E o outro era Albert Kesselring, militar encarregado de defender os territórios ocupados na Itália contra os Aliados. Os dois acabaram condenados por crimes de guerra depois do fim do conflito.

Não se sabe quanta gente “pegou” a “Síndrome K”, mas é consenso que essa falsa doença salvou centenas de judeus. A genial estratégia dos médicos italianos, afinal, os livrou de uma morte praticamente certa.

Giovanni Borromeo e o doutor Vittorio Sacerdoti, portanto, são heróis.

E atualmente, de fato, há uma placa no Hospital Fatebenefratelli que recorda esse episódio de esperta e arriscada resistência impulsionada por eles contra o nazismo e o Holocausto.

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Com informações de IFLSciense.com

Aleteia

Os Corpos Incorruptos dos Santos: quando só resta a explicação da Fé

Guadium Press
Os espíritos racionalistas, ou simplesmente contrários à Fé de Cristo, sempre tiveram problemas com os corpos incorruptos, pois sua existência é uma afirmação, embora indireta, da verdade de Cristo.

Redação (15/10/2020 11:00, Gaudium Press) Com a recente beatificação de Carlo Acutis, e a consequente exposição do seu corpo, muitas pessoas no mundo descobriram uma realidade bem conhecida por aqueles que amam a história da Igreja e dos seus Santos: de que à alguns, Deus concedeu que seus corpos não sejam pasto para os vermes, mas permaneçam em maior ou menor grau de conservação, para a felicidade dos fiéis e exaltação de sua memória.

Embora o corpo de Carlo, conforme declarado pelo Bispo de Assis, Dom Sorrentino, na realidade tenha sido tratado com técnicas de conservação para apresentá-lo à veneração dos fiéis, o alvoroço que ocorreu a este respeito permitiu à muitos recordar outros corpos, de outras figuras da Igreja, que transcendem os limites da natureza, das leis da física, da química.

Embora o racionalismo não goste…

Os espíritos racionalistas, ou simplesmente contrários à Fé de Cristo, sempre tiveram problemas com esses corpos, pois sua existência não deixa de ser uma afirmação, ainda que indireta, da Fé Cristã, além da santidade das vidas que ali habitaram.

E é claro que nestes territórios temos que andar com cuidado, pois inclusive causas meramente naturais podem contribuir para a não putrefação de um corpo. Mas há casos em que a mera razão falha, e devemos nos agarrar às asas da Fé.

É o que ocorre, por exemplo, com o corpo de Santa Bernadette de Soubirous, que está exposto desde 1925 na capela do mosteiro de Saint-Gillard, em Nevers, França. Após três exumações, em 1909, 1919 e 1925, até os médicos se renderam ao inexplicável. (1) O rosto e as mãos escureceram pela exposição ao ar, e por isso se cobriram com uma fina camada de cera, mas suas feições seguem refletindo a seriedade, a paz e a contemplação que ela desfruta na eternidade.

Eles não são “múmias enrugadas”

Porque os incorruptos da Igreja não são “múmias enrugadas, sempre rígidas e extremamente secas. A maioria dos incorruptos, por outro lado, não está nem seca, nem rígida, mas úmida e flexível, inclusive com o passar dos séculos. Além disso, suas preservações foram conquistadas em condições que naturalmente ajudariam a putrefação, e eles sobreviveram às circunstâncias que inquestionavelmente significaram a destruição de todos os outros corpos sujeitos às mesmas condições”. (2)

Inclusive já houve corpos incorruptos de santos, que foram submetidos a um radical processo que deixaria apenas os ossos, de forma rápida, borrifando-os com cal.

É o caso de “São Francisco Xavier, São João da Cruz e São Pascoal Bailão. Como se sabe, o cal deixa os ossos absolutamente limpos em poucos dias. Nos dois primeiros casos se procurou provocar rapidamente a decomposição para que suas translações pudessem ser realizadas de maneira mais conveniente e higiênica, transferindo seus ossos ao invés dos corpos semideteriorados. No caso de São Pascoal, a tentativa de provocar uma desintegração acelerada ocorreu para se evitar que os odores ofensivos de putrefação perturbassem os visitantes do santuário, fato que poderia afetar a devoção e a doce recordação de sua memória. Nos três casos, a preservação triunfou. De fato, no caso de São Francisco Xavier, apesar de seu tratamento inicial, de várias translações, de amputação de membros, e o rude tratamento de seu corpo quando foi forçado a entrar em um túmulo pequeno demais para seu tamanho, conservou sua beleza 142 anos depois. O corpo de São João da Cruz permanece perfeitamente flexível até hoje”. (3)

Existem corpos incorruptos que resistem até ao principal elemento que estraga as carnes, que é a umidade. Como ocorreu com “Santa Catarina de Gênova, que permaneceu dezoito meses no túmulo, mas foi encontrada perfeitamente limpa, contrariando a umidade e a mortalha putrefata. Santa Maria Madalena de Pazzi foi desenterrada um ano após sua morte e suas roupas foram encontradas molhadas, embora seu corpo permanecesse completamente intacto. Santa Madalena Sofia Barat permaneceu perfeitamente preservada por 28 anos, embora tenha sido encontrada com vestes úmidas e mofadas dentro de um caixão que estava em avançado estado de decomposição. Nove meses após sua morte, Santa Teresa de Ávila foi encontrada em um caixão com a tampa aberta, permitindo que terra úmida cobrisse seu corpo. Embora seus restos mortais estivessem vestidos com pedaços de pano sujo e podre, seu corpo não estava apenas fresco e perfeitamente intacto após a limpeza, mas também estava misteriosamente perfumado”.

E assim poderíamos falar de muitos outros, como de Santo Cura d’Ars, São João Bosco, Santa Catarina Labouré, São Charbel Maklouf, etc.

Por Carlos Castro

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho
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(1) https://es.aleteia.org/2020/02/10/el-cuerpo-intacto-de-santa-bernardita-lo-que-dijeron-los-medicos-al-verlo/

(2) https://es.catholic.net/op/articulos/1095/cat/113/incorruptos-patrimonio-exclusivo-de-la-iglesia.html#modal

A surpreendente conversão ao catolicismo do escritor Oscar Wilde antes de morrer

Oscar Wilde / Crédito : Wikipédia (Domínio Público)

, 17 out. 20 / 06:00 am (ACI).- Oscar Wilde, um dos escritores e dramaturgos mais famosos do século XIX, autor de obras como ‘O Retrato de Dorian Gray’ ou ‘A importância de se chamar Ernesto’, se converteu ao catolicismo em seu leito de morte, em seus últimos instantes de vida, embora muitos não saibam.

Esta é sua história.

Depois de seu nascimento em Dublin (Irlanda), em 1854, Wilde foi batizado na igreja anglicana. Entretanto, sua mãe, Jane, foi atraída ao catolicismo e ia à Missa com frequência. Quando Oscar era criança, ela pediu ao sacerdote local que instruísse seus filhos na fé católica, apesar de que não se saiba se realmente Jane se uniu oficialmente á Igreja.

Wilde, embora recebesse formação católica, não se considerava como um católico em crescimento.

Enquanto estudava em Oxford, Wilde considerou seriamente a possibilidade de se converter ao catolicismo e até mesmo ser sacerdote. Mas, ao mesmo tempo, tinha se unido aos maçons.

Em 1877, quando tinha 23 anos, o escritor viajou para Roma e teve um encontro com o Papa Pio IX, que o deixou “sem palavras”. Então, começou a ler os livros do Beato Cardeal John Newman.

Sobre a Igreja Católica, Wilde dizia com ironia: “É apenas para os santos e pecadores. Para as pessoas respeitáveis bastará a igreja anglicana”.

Em 1878, tornou-se amigo de um sacerdote e escolheu uma data para entrar oficialmente para a Igreja Católica, mas sua família se opôs. Seu pai o ameaçou de cortar as suas mãos se o fizesse. Por isso, no último minuto, Wilde desistiu de se converter ao catolicismo.

Anos mais tarde, em 1895, após alcançar a fama na literatura, foi acusado de sodomia (praticar atos homossexuais), que era ilegal na Inglaterra naquele tempo. Depois de um longo julgamento público, foi declarado culpado e condenado a dois anos de trabalhos forçados.

Enquanto estava na prisão, sua saúde se deteriorou, mas também experimentou uma renovação espiritual. Quando saiu em liberdade, pediu à Companhia de Jesus para fazer um retiro espiritual de seis meses. Lamentavelmente, foi recusado.

Alguns relatórios dizem que chorou ao escutar o rechaço. Apesar de ter dito a um jornalista que tinha “a intenção de ser recebido em pouco tempo” na Igreja Católica, viajou para a França, onde viveu durante alguns anos deprimido e na pobreza, gastando o pouco dinheiro que tinha com álcool.

Em 1900, a saúde de Wilde piorou ao desenvolver uma meningite cerebral. Quando percebeu que o escritor poderia morrer, Robert “Robbi” Ross, seu amigo e suposto amante homossexual, chamou um sacerdote. Quando o presbítero chegou, Wilde pediu para ser batizado na Igreja Católica. Sobre esse fato, o sacerdote contaria o seguinte:

“Enquanto a carruagem percorria as ruas escuras daquela noite invernal, a triste história de Oscar Wilde me foi, em parte, repetida... Robert Ross se ajoelhou junto à cama, ajudando-me o melhor que pôde, enquanto lhe administrei (a Wilde) o batismo condicional e, depois, pronunciando as respostas enquanto dei a Extrema Unção ao homem prostrado e recitei as orações para os moribundos. Como o homem estava em uma condição de semi estado de coma, não me aventurei a administrar-lhe o Santo Viático (Eucaristia); mas devo acrescentar que ele podia ser despertado e foi despertado deste estado na minha presença. Quando despertou, deu sinais de estar interiormente consciente... De fato, estive completamente satisfeito de que ele tenha me entendido quando disse que estava a ponto de recebê-lo na Igreja Católica e lhe dei os últimos sacramentos... e quando repeti perto de seu ouvido os Santos Nomes, o Ato de Contrição, Fé, Esperança e Caridade, com atos de humilde resignação à Vontade de Deus, tentou dizer as palavras depois de mim”.

No dia seguinte, Oscar Wilde morreu.

ACI Digital

Evidência bíblica para o uso de padrinhos

Veritatis Splendor

Quando uma pessoa é batizada na Igreja Católica, há a figura do “padrinho”, que possui uma missão específica: apresentar a Igreja àquele que será batizado; e se este último não tiver ainda o uso da razão, fará por ele a profissão de fé e as promessas batismais. Também teremos os padrinhos e outros sacramentos, como na Confirmação. Mas de onde procede este termo? É bíblico? Tentemos responder a essas perguntas.

Para começar, vejamos o a Igreja ensina sobre os Padrinhos:

  • “Para que a graça batismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais. Este é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser cristãos firmes, capazes e prontos a ajudar o novo batizado, criança ou adulto, em sua caminhada na vida cristã (cf. CIC, cânn. 872-874). A tarefa deles é uma verdadeira função eclesial (“officium”, cf. SC 67). A comunidade eclesial inteira tem uma parcela de responsabilidade no desenvolvimento e na conservação da graça recebida no Batismo” (Catecismo da Igreja Católica, §1225).
  • “Para a Confirmação, como para o Batismo, convém que os candidatos procurem a ajuda espiritual de um padrinho ou de uma madrinha. Convém que seja o mesmo do Batismo, a fim de marcar bem a unidade dos dois sacramentos (cf. Ritual da Confirmação, Praenotandos 5; Ibíd.,6; CIC cân. 893,1.2)” (Catecismo da Igreja Católica, §1311).

Portanto, o padrinho deve ser um crente sólido, que ensine o batizado em seu caminho na fé cristã. O §1311 indica que devem buscar auxílio espiritual de um padrinho ou madrinha. Então, este parágrafo indica que o padrinho dá “ajuda espiritual” ao batizado, de modo que podemos dizer que o batizado se converte em “filho espiritual” do padrinho, de modo que entre eles existe um “parentesco espiritual”. Para enxergarmos isto de uma forma mais clara, é bom recordar o que ensinava o Catecismo de São Pio X:

  • 573. Quem são os padrinhos e madrinhas do Batismo? R.: Os padrinhos e madrinhas do Batismo são aquelas pessoas que por disposição da Igreja têm as crianças na sagrada fonte, respondem por elas e saem como fiadores diante de Deus quanto à sua educação cristã, especialmente se nisto faltarem os pais.
  • 576. Quais são as obrigações dos padrinhos e madrinhas? R.: Os padrinhos e madrinhas estão obrigados a buscarem que seus filhos espirituais sejam instruídos nas verdades da fé e vivam como bons cristãos, edificando-os com bons exemplos.
  • 577. Quais vínculos contraem os padrinhos do Batismo? R.: Os padrinhos contraem um parentesco espiritual com o batizado e este parentesco produz impedimento matrimonial.

E é este o conceito que encontramos na Bíblia. Sabemos que nem tudo está escrito de forma literal nas Sagradas Escrituras, mas podemos encontrar nelas, às vezes de maneira implícita, outras vezes de maneira explícita, as bases da nossa Fé. E neste caso dos padrinhos, não podia ser diferente. Vejamos aqueles versículos que nos falam de um “parentesco espíritual” entre duas pessoas:

  • “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda a parte ensino em cada igreja” (1Coríntios 4,17).
  • “Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai” (Filipenses 2,22).
  • “A Timóteo meu verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1Timóteo 1,2).

Pauloi enxerga Timóteo como seu filho espiritual porque foi Paulo quem o guiou na Fé, o ajudou a caminhar na vida cristã. É mais! Podemos dizer que Paulo o apadrinhou.

  • “A Tito, meu verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 1,4).

São Paulo também chama Tito de “filho na fé”, situando-se como seu pai na Fé: o padrinho. Porém, este ensinamento de adquirir filhos espirituais e ensinar-lhes o caminho do Evangelho, da santidade, da Fé cristã não é exclusiva de São Paulo, pois outros Apóstolos falam a mesma coisa:

  • “A vossa coeleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos” (1Pedro 5,13).
  • “Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai” (2João 1,4).

Tanto São Pedro quanto São João tratam de filhos espirituais, que eles adquiriram. Nós, na Confirmação e no Batismo, recorremos aos padrinhos para que eles nos auxiliem espiritualmente; isto os converte em nossos “pais e guias espirituais”.

Podemos concluir então que “filhos na fé” e “pai espiritual” são as expressões mais próximas de “padrinho” que encontramos na Escritura. Ainda que estas passagens costumem a ser citadas para provar que um sacerdote ou presbítero é nosso “pai espiritual”, são perfeitamente válidas e aplicáveis aos padrinhos, pois falam de um parentesco espiritual.

Desde o Antigo Testamento aparece a figura do “padrinho” como alguém que protege e guia. Neste caso, o próprio Deus foi “padrinho” de Isaac:

  • “Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o temor de Isaque não fora comigo, por certo me despedirias agora vazio. Deus atendeu à minha aflição, e ao trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite” (Gênesis 31,42).
  • “O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque” (Gênesis 31,53).

Talvez uma das mais antigas menções ao termo “padrinhos” o encontraremos em Tertuliano, por volta do ano 200 d.C. Ele diz:

  • “Que necessidade há quando realmente não há que se colocar em perigo os padrinhos, os quais, pela morte, podem faltar ao que prometeram ou podem, com o passar do tempo, ter a decepção de terem apadrinhado alguém de má condição?” (De Baptismo 5,8).
Veritatis Splendor

S. INÁCIO DE ANTIOQUIA, BISPO, MÁRTIR EM ROMA

S. Inácio de Antioquia, século XVIII 

Antioquia, na atual Síria, era a terceira maior metrópole do mundo antigo, depois de Roma e Alexandria do Egito. Inácio tornou-se Bispo de Alexandria, por volta do ano 69, como sucessor de Santo Evódio, mas, sobretudo, do apóstolo Pedro, que havia fundado a Igreja naquela cidade. Descendente de uma família pagã, não romana, Inácio converteu-se ao cristianismo em idade avançada, graças à pregação de São João Evangelista, que havia passado por aquelas terras.

Viagem rumo ao martírio

Inácio era um Bispo forte, um pastor de zelo ardente. Os seguidores da sua Igreja o definiam como um cristão "fogoso", segundo a etimologia do seu nome.
Durante seu episcopado, começou a terrível perseguição do imperador Trajano, da qual também o Bispo foi vítima, por não querer negar à sua fé em Cristo. Por isso, foi preso e transportado acorrentado para Roma. No Coliseu, seu corpo foi despedaçado pelas feras, durante as celebrações da vitória do imperador na Dácia. Assim, começou a sua longa viagem, rumo ao patíbulo, durante a qual foi torturado pelos guardas, até chegar a Roma para a execução da sua sentença, no ano 107.

As sete letras

Durante esta longa viagem rumo à morte, o Bispo Inácio escreveu sete lindas cartas, que constituem um documento inimitável da vida da Igreja na época.
Ao chegar a Esmirna, escreveu as quatro primeiras cartas, três das quais dirigidas às comunidades da Ásia Menor: aos Efésios, Magnésios e Trálios. Nelas, ele expressa sua gratidão pelas muitas demonstrações de carinho. A quarta carta, ao invés, foi dirigida à Igreja de Roma, na qual faz um apelo aos fiéis para não impedir seu martírio, do qual se sentia honrado, pela possibilidade de repercorrer o caminho e a Paixão de Jesus.
De passagem por Trôade, Inácio escreveu outras três cartas: à Igreja da Filadélfia, de Esmirna e ao seu Bispo, Policarpo. Em suas missivas, pedia a solidariedade espiritual dos fiéis com a Igreja de Antioquia, que passava pelas provações do eminente destino do seu pastor; ao Bispo Policarpo, ofereceu interessantes diretrizes de como cumprir a sua função episcopal.
Ele escreveu também páginas de verdadeiras e próprias declarações de amor a Cristo e à sua Igreja, que, pela primeira vez, foi chamada "católica"; testemunhos do conceito tripartido do ministério cristão entre Bispos, presbíteros e diáconos; e ainda diretrizes para combater a heresia do Docetismo, que acreditava na Encarnação do Filho apenas como aparência e não real.
Enfim, através das cartas de Inácio, percebemos seu desejo, quase como uma súplica ardorosa, de que os fiéis mantivessem a Igreja unida, contra tudo e contra todos.

Vatican News

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A FAMÍLIA NA BÍBLIA SAGRADA

Rede Século 21

Nas Sagradas Escrituras, contemplando a história de inúmeras famílias, nós temos acesso à revelação de Deus acerca da família e aprendemos que nós, seres humanos, devemos comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Aprendemos também que a família é a instituição que alicerça a vida na sociedade e, quando se reveste das características de uma Igreja doméstica, lugar de comunicação e de encontro com Deus, a família é manancial de vida, um saudável ambiente da vivência da fé e fonte de transmissão do mistério de Deus.

A primeira família que encontramos na Bíblia Sagrada é a de Adão e Eva, juntamente com seus dois filhos, Caim e Abel. Decisões não apropriadas, gestos de desamor e egoísmo e desencontros com a vontade de Deus se fizeram presentes neste primeiro ambiente familiar. Olhando o ambiente deste primeiro núcleo familiar, nós aprendemos que, quando o amor e a vontade de Deus não são acolhidos em nossos corações, a vida pode apresentar sinais de violência, de trevas e de morte. Por outro lado, salta diante de nossos olhos a certeza de que, diante da culpa, do pecado e do mal, brotam os rios da divina misericórdia que nos ajudam a descobrir a face amorosa do Pai. Ele nunca abandona o Seu povo, e assegura que, apesar de todas as dificuldades e sofrimentos, das tempestades e das pandemias, o bem sempre triunfa sobre o mal.

Outra família do Antigo Testamento que nos ajuda a compreender melhor a missão da família no cotidiano da história é a família de Abraão e Sara, que vivenciou o desafio da fé proposto pelo Deus vivo: ser pai de uma multidão e conduzir o povo de Deus à Terra prometida. Novas expectativas de vida, esperanças e, acima de tudo, o abandono nas mãos providentes de Deus foram os combustíveis que impulsionaram este caminho familiar da fé, da perseverança, da fortaleza e da coragem.

Olhando o ambiente dessa família patriarcal advinda de Abraão, nós percebemos a necessidade de ouvir o chamado de Deus e de corresponder à nossa vocação, caminhando pelas novas estradas do mundo com a consciência de que Deus está no meio de nós fazendo história, renovando nossa pertença à Igreja e impulsionando nossos ideais de santidade.

Percorrendo os livros da Sagrada Escritura, nós encontramos também a família de Moisés que, logo após o seu nascimento, foi salvo das águas para posteriormente proteger, guiar e libertar o povo de Deus da escravidão do Egito. Assim como a família de Moisés, a nossa família deve receber e transmitir os ensinamentos divinos. Deve também adorar, em espírito e verdade, o único e verdadeiro Deus que nos liberta de todas as prisões quando vivemos sem reserva o êxodo do pecado para a vida renovadora da graça.

No Novo Testamento, por meio dos ensinamentos transmitidos pelo Cristo, nós temos acesso à síntese da fé cristã e à comunicação eficaz de que a família é a Igreja doméstica, lugar de aprendizado da fé, dos bons hábitos, do diálogo, do acolhimento e da partilha. Igrejas domésticas são comunidades onde todos se preocupam com a salvação de todos, aprazíveis lugares de oração, de escuta da Palavra de Deus e de encontros por meio da fração do Pão. Igrejas domésticas são ambientes privilegiados de encontros na gratuidade do amor, espaços privilegiados, onde as distâncias são reduzidas e o acolhimento é realizado, evidenciando a gratidão e o entusiasmo dos laços familiares.

Um bom exemplo de boa conduta familiar no Novo Testamento nos é transmitido pela família de Zacarias e de Isabel, os pais de São João Batista, que expressam sinais de justiça e de fidelidade a toda prova. Já idosos, eles sentiam a falta de um filho, mas não lhes faltava a fé no Deus que torna o impossível possível. Pela fidelidade à fé, Deus lhes concedeu a graça de serem pais do profeta, que é o elo entre o Antigo e o Novo Testamento, o precursor do Cristo que preparou o caminho para o eficaz anúncio do Evangelho.

É sobretudo na Sagrada Família de Nazaré, em Jesus, Maria e José, que nós encontramos o modelo ideal de família que devemos almejar. Com a Sagrada Família, nós aprendemos as fecundas lições do lar, o valor do serviço ao próximo e a necessidade de fazermos memória das maravilhas que Deus realiza em nossa história. Aprendemos, acima de tudo, a amar, a perdoar, a ser generosos e disponíveis, e não fechados e egoístas. Aprendemos a ir além das nossas próprias necessidades, para encontrar outras pessoas, os pobres, os marginalizados e os excluídos, e a partilhar as nossas vidas com eles.

Nestes nossos tempos, onde as grandes transformações ocorridas na sociedade acarretam mudanças na estrutura familiar e geram questionamentos ao modelo de família instituído por Deus, cabe a nós o grato dever de professar que a família é e sempre será um lugar privilegiado para a evangelização e transmissão da fé e, por isso, a família cristã tem hoje um urgente campo de ação, principalmente para com as outras famílias não cristãs ou afastadas da prática religiosa, pois o fortalecimento de uma igreja santa e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir os sólidos valores humanos e cristãos.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Bispo católico recebe Prêmio ao Herói da Paz na África

 

Dom Stephen Mamza | 
Wikipedia.org / Ogalaemmanuel (CC BY-SA 4.0)

Dom Stephen Mamza foi reconhecido pela promoção da paz e da unidade no estado de Adamawa, Nigéria, alvo do jihadismo do Boko Haram.

Dom Stephen Dami Mamza, bispo da diocese nigeriana de Yola, recebeu no último 23 de setembro o Prêmio ao Herói da Paz pelas suas “muitas contribuições e apoio à promoção da paz e da unidade” num período muito difícil para o estado de Adamawa, alvo do grupo terrorista islâmico Boko Haram.

O bispo de 50 anos foi homenageado como Embaixador da Paz pela organização Sowers International, sediada na própria Nigéria e voltada a promover a paz na África e na Ásia. Seu presidente, Nicodemus Ozumba, declarou sobre dom Mamza:

“É uma honra bem merecida, porque ele assumiu o cargo em um momento em que a paz era frágil e os conflitos comunitários, as crises políticas e as diferenças atingiam seu ponto mais alto no estado. Sem desanimar, Mamza se manteve como um campeão, um símbolo e um epítome da paz no estado, porque buscou a paz com sinceridade, diligência, integridade e temor a Deus”.

Dom Stephen Mamza foi nomeado bispo em 2011, quando os fanáticos assassinos do Boko Haram atacaram o estado de Adamawa com tamanha virulência que, em 2013, o presidente do país, Goodluck Jonathan, declarou emergência naquele estado e nos vizinhos Borno e Yobe. Um ano depois, Adamawa tinha 400 mil pessoas deslocadas pela violência dos terroristas. Antes ainda, em janeiro de 2012, o bando jihadista tinha perpetrado ataques contra civis, empresas, delegacias de polícia e repartições públicas, matando 180 pessoas. Outros episódios sangrentos foram os três atentados suicidas de novembro de 2015 e dezembro de 2016, que mataram outrs 87 pessoas.

Para a Sowers International, dom Mamza “reconstruiu pontes quebradas e paredes rachadas” para que “reine a paz na cristandade e no estado em geral. Ele se tornou um lápis nas mãos de Deus para manter o estado no caminho certo e em paz e tem demonstrado firmemente a sua opção por uma paz genuína em todos os momentos, independentemente de quem sofre”.

Dom Stephen Mamza agradeceu pelo reconhecimento e se comprometeu a “continuar buscando a paz, porque sem paz não haverá desenvolvimento na cristandade nem no estado”.

O bispo exortou as pessoas a se perguntarem se estão “contribuindo para a paz com suas ações e omissões; se entendem a essência e a importância da paz; se estamos trabalhando e convivendo juntos e em paz ou sendo armas de guerra”.

No início de 2020, dom Mamza havia chamado os políticos nigerianos a pararem de dividir e criar inimizade entre cristãos e muçulmanos. Ele também organizou outros líderes cristãos e convocou os católicos a fazerem três dias de jejum e oração para pedir a intervenção de Deus na região.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF