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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Novos ataques, saque e incêndio a igreja no Chile

Fumaça produzida pelo fogo provocado por vândalos na
igreja de São Francisco de Borja. Crédito: Captura de vídeo /
Carabineros Prefeitura Central.

SANTIAGO, 19 out. 20 / 10:07 am (ACI).- Uma multidão atacou, saqueou e incendiou na tarde de domingo, 18 de outubro, a Paróquia de São Francisco de Borja, dedicada ao serviço religioso dos Carabineiros (polícia) em Santiago, Chile. Entre os objetos destruídos e queimados está uma imagem da Virgem Maria.

O ataque contra a igreja católica na capital chilena acontece no marco da onda de violência desencadeada ao completar um ano do início dos protestos sociais no país, devido ao aumento no preço das passagens no serviço de transporte público do Metrô.

https://twitter.com/i/status/1317909529733042176

A igreja sofreu um ataque semelhante em 3 de janeiro deste ano.

O templo católico data de 1876 e nos seus primórdios foi a Capela do Sagrado Coração de Jesus do Hospital São Borja. Em novembro de 1975, foi designado para o serviço religioso dos Carabineiros do Chile.

Por meio do Twitter, os Carabineiros destacaram que “após o saque de espécies da Igreja de São Francisco de Borja, os antissociais realizam uma barricada com fogueira do lado de fora”.

https://twitter.com/i/status/1317908654423789569

Em seguida, as autoridades chilenas indicaram que “pessoas atearam fogo às dependências da Igreja Institucional. Funcionários da Prefeitura de Controle da Ordem Pública estão no local”.

https://twitter.com/i/status/1317903200910008320

Carabineiros do Chile reportou por volta das 17h (hora local) que “haveria 5 detidos; um dentro da Igreja Institucional e quatro no entorno ”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 9/12) – Um pouco de água é sinal de limpeza total

Veritatis Splendor

UM POUCO DE ÁGUA É SINAL DE LIMPEZA TOTAL

Voltando ao tema da “muita água” ou “pouca água”, podemos ver que nas lavagens de purificação que os judeus empregavam se davam com “pouca água”; apesar disso, simbolizava a limpeza total, não havendo necessidade de se mergulhar ou se molhar totalmente. Encontramos um exemplo disso no Evangelho de São João. Vejamos:

  • “Disse-lhe Pedro: ‘Nunca me lavarás os pés’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Se eu te não lavar, não tens parte comigo’. Disse-lhe Simão Pedro: ‘Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça’. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos'” (João 13,8-10).

Esta passagem aponta para o batismo cristão pela mensagem teológica que contém, pois Jesus diz: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo”. Como vimos anteriormente, Cristo nos “lava” por seu Sangue derramado na Cruz e se não nos batizamos, não temos parte com Ele, pois não estamos tornando efetivo esse derramamento de Sangue.

São Pedro, no entanto, lhe diz: “Lava-me todo!”, mas Jesus lhe ensina que com um pouco de água ele já estará totalmente limpo, ou seja: pouca água é sinal de limpeza total!

Isto nos faz lembrar um belo texto que traz as palavras do rei Davi no Salmo 51,7, o grande Salmo Penitencial: “Purificai-me com hissopo e serei limpo”. Ora, com algumas gotas do hissopo obtem-se total purificação!

Este gesto de lavar possui um significado particular no rito do lava-pés na Quinta-Feira Santa: é o gesto que Jesus fez em sua Ceia de despedida, dando assim aos seus discípulos uma belíssima lição de serviço; Ele havia dito que tinha vindo não para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida pelos demais. Antes de ir para a Cruz, onde Se daria totalmente a Si mesmo, quis fazer este gesto simbólico de sua Paixão e Morte.

O lava-pés foi celebrado durante alguns séculos, em algumas regiões da Igreja como em Milão, como sinal da purificação batismal. Contudo, mais geral e duradouro até os nossos dias tem sido a interpretação e, precisamente, na Quinta-Feira Santa, a lição de qualidade por parte de quem é o pastor e animador da comunidade.

Igualmente, a aspersão que se faz com água benta no encerramento da Santa Missa é sinal de purificação batismal e nos recorda que pelo nosso batismo temos um compromisso com Cristo e a sua Igreja.

Um tanto curioso é que o Apóstolo São Paulo nos mostra que os cristãos-judeus praticavam algumas lavagens de purificação (batismos), eis que na Carta aos Hebreus diz:

  • “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus; e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno” (Hebreus 6,1-2).

Esta passagem da Epístola aos Hebrreu tem sido comentada de maneiras diferentes pelos teólogos; a que mais se sobressai é aquela que diz que os cristãos da época de São Paulo eram instruídos sobre diferentes lavagens e abluções que então existiam, particularmente entre os judeus (e de fato, a epístola é dirigida aos cristãos-hebreus), e que ainda nos séculos seguintes continuava sendo praticadas (como o lava-pés na Quinta-Feira Santa).

Bom: depois de termos refutados as objeções, veremos alguns escritos dos Padres Apostólicos[5].

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NOTA:
[5] Chamam-se “Padres Apostólicos” os autores do Cristianismo primitivo que tiveram contato direto com um ou mais dos Doze Apóstolos de Jesus ou foram discípulos de alguns deles. Trata-se de autores do século I ou do início do século II, cujos escritos possuem uma imensa importância para se conhecer o que criam os primeiros cristãos. Caracterizam-se como textos descritivos ou normativos, que tentam explicar a natureza da então nova “doutrina cristã”.

Veritatis Splendor

S. PAULO DA CRUZ, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS PASSIONISTAS

São Paulo da Cruz|Canção Nova

Paulo Francisco Danei nasceu em Ovada, uma pequena cidade na região italiana do Piemonte. Foi o primeiro de 16 filhos, que alegravam a casa de uma família de origens nobres, mas com dificuldades econômicas. Desde criança, demonstrou grande interesse pela religião: tinha uma fé sólida, que nutria com a participação diária da Missa, a frequência dos Sacramentos e a prática contínua da oração. Mas, para ajudar a família, começou a trabalhar com o pai, cuja profissão não o satisfazia. Sua vocação era outra.

A Cruz no coração e na alma

Em 1713, aconteceu algo na vida de Paulo Francisco: decidiu viver como monge eremita, sem pertencer a nenhuma Ordem. Aos 26 anos, o Bispo local permitiu-lhe morar em uma cela, atrás da igreja de Castellazzo Bormida. Ali, amadureceu a ideia de fundar uma nova Congregação dos Pobres de Jesus. Naquela cela, por mais de um ano, escreveu a Regra, orientada ao amor à Cruz. Esta, de fato, foi a espiritualidade típica dos religiosos guiados por Paulo: em uma época de pouca fé, ele abraçou a escolha mais impopular, com base na cruz e no sacrifício. Ele gostava de ser chamado "Irmão Paulo da Cruz" e se dedicava aos pobres e enfermos, nos quais contemplava o rosto de Jesus crucificado.

A Paixão, amor de Deus pelo homem

Finalmente, em 1727, o Papa Bento XIII permitiu que Paulo reunisse, em torno de si, alguns companheiros para ajudá-lo. O primeiro foi seu irmão consanguíneo, João Batista: ambos foram ordenados sacerdotes no mesmo ano. Assim, nasceu o primeiro núcleo da Ordem dos Clérigos Descalços da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, depois denominados Passionistas. A base de tudo era a pertença radical à cruz de Jesus e o conceito de que a sua Paixão não era apenas um pré-requisito inevitável para a remissão dos pecados, mas "a máxima expressão do amor de Deus pelo homem". Os primeiros religiosos eram formados como pregadores: não lutavam contra os turcos com armas, mas, com a Palavra, venciam a ignorância, a irreligiosidade e o abandono do Evangelho.

Ao lado dos "inacessíveis"

Paulo da Cruz pregou muito e escreveu, talvez, mais de dez mil cartas; a sua pregação, durante o Jubileu de 1750 foi histórica. Porém, passou grande parte da sua vida na solidão: retirou-se para o Monte Argentário, onde fundou o primeiro convento. Dali, partiu para as missões nas regiões mais pobres da Maremma e nas ilhas mais remotas do arquipélago toscano, onde a Palavra de Deus era difícil penetrar. Em 1771, graças à colaboração da Madre Crocefissa Costantini, fundou, em Tarquínia, o ramo feminino do Congregação: as monjas de clausura tornaram-se Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz, uma Congregação de vida apostólica dedicada à missão educativa, sobretudo das mulheres, vítimas da violência e exploração. Paulo da Cruz faleceu em Roma, em 1775, e foi canonizado por Pio IX, em 1867.


Vatican News

SS. JOÃO DE BRÉBEUF E ISAAC JOGUES PRESBÍTEROS, E COMPANHEIROS JESUÍTAS, MÁRTIRES CANADENSES

Irmãs Salvatorianas

Estes Santos são conhecidos como Mártires Canadenses e recordado todos juntos pela Liturgia, embora tenham morrido anos depois. Desta forma, a Igreja quis reuni-los, em respeito à crescente devoção popular. Na verdade, as fronteiras nacionais, onde atuavam e morreram, não correspondem mais, hoje, às do século XVII. Os três primeiros sacerdotes, assassinados em ordem cronológica, sofreram o martírio em uma área, chamadas hoje Albany e Nova York, ou seja, território americano; os outros, foram martirizados a cerca de 200 km., ao norte de Toronto, atual Canadá. De fato, são chamados também “mártires norte-americanos”.

Contexto da "Nova França"

No século XVII, um grupo de jesuítas franceses decidiu partir em missão para proclamar o Evangelho em território canadense, então conhecido como "Nova França". Aquelas terras eram habitadas por povos pagãos, bastante agressivos, como os Huronianos e os Iroqueses. Por isso, os missionários sabiam o risco que iriam correr: em seus corações, eles previam, claramente, o risco de serem mortos. Por volta de 1640, estourou uma guerra violenta entre os Huronianos e os Iroqueses, que culminou com o extermínio dos Huronianos, povo menos organizado militarmente, e com o aniquilamento das missões cristãs, que haviam encontrado maior recepção entre aquela população.

São João Brébeuf e Companheiros

O primeiro sacerdote a ser vítima do ódio contra a fé cristã foi o irmão coadjutor, Padre Renato Goupil, em 1642, em Ossenenon; a seguir, a mesma sorte coube a João de Lalande e o Padre Isaac Jogues, assassinados perto de Auriesville, em 18 de outubro de 1647. Jogues, nascido na França, em 1607, partiu em missão para o Canadá, após emitir os votos religiosos; ali, foi preso e torturado pelos Iroqueses; apesar de tudo, prosseguiu, com coragem, sua obra de evangelização. Em 1648, foi a vez do jesuíta Antônio Daniel; no ano seguinte, em 16 de março de 1649, também João de Brébeuf: nasceu em uma família da Normandia, em 1593, e se tornou jesuíta e missionário. Os outros, martirizados em 1649, são: Gabriel Lalemant, Carlos Garnier e Noel Chabanel. Os oito sacerdotes foram canonizados juntos, por Pio XI, em 1930; dez anos depois, foram proclamados padroeiros do Canadá por São Pio XII. Em honra destes Mártires Canadenses foi construído um santuário em Midland, Ontário.

Vatican News

domingo, 18 de outubro de 2020

Maria e as três vindas de Jesus Cristo

Nossa Senhora da Anunciação | Divulgação Catholicus

Saiba o que são as três vindas de Jesus Cristo e qual a importância da Virgem Maria em cada uma delas.

No Tempo do Advento, aprofundamos o tema das três vindas de Jesus Cristo, que está intimamente ligado a Santíssima Virgem Maria. No entanto, antes de tratar desta ligação, é importante sabermos com clareza o que são essas três vindas de Jesus.

Duas delas são realizações de promessas de Deus. Mas, uma dessas vindas ainda está por se cumprir e nela, como nas outras, Nossa Senhora tem uma missão fundamental.

A primeira promessa nos foi dada pelo profeta Isaías: “uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14); e se cumpriu no mistério da Encarnação do Verbo de Deus, no ventre da Virgem de Nazaré (cf. Lc 1, 26-38).

A segunda nos foi dada pelo próprio Cristo, quando disse: “Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem” (Lc 12, 40; cf. Mt 24, 44). Há dois mil anos, a Igreja vive na expectativa da segunda vinda de Cristo.

Podemos até pensar que foi perda de tempo viver nessa expectativa, mas não foi, pois o Senhor também prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Esta é a terceira vinda: Jesus está conosco e nos visita de modo particular, às vezes nos momentos em que menos esperamos.

A Virgem de Nazaré e a primeira vinda de Jesus Cristo

Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima quase não apareceu, para que os homens daquela época, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos a respeito da pessoa do Filho de Deus, não se apegassem demais a ela, afastando-se, assim, da verdade. E isto provavelmente aconteceria, devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus a havia ornado a sua aparência.

“São Dionísio, o Areopagita, o confirma numa página que nos deixou e em que diz que, quando a viu, tê-la-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário”.

Por disposição da Providência divina, Nossa Senhora permaneceu oculta por toda a sua vida. Por isso, o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater – Mãe escondida e secreta. “Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus”.

Deus Pai consentiu que jamais em sua vida a Virgem Santíssima fizesse milagre algum, pelo menos um milagre visível e clamoroso, ainda que lhe tivesse dado o poder para isso. Deus Filho consentiu que sua Mãe não falasse, apesar de ter lhe comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário, para manifestar Jesus Cristo. No entanto, a Virgem era a Esposa do Espírito.

Nossa Senhora e a segunda vinda do Filho de Deus

São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu livro intitulado “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, tem uma intuição teológica que nos ajuda a compreender a participação de Maria na segunda vinda de Cristo: “Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos”. Se por meio da Virgem Maria começou a obra da salvação, com a primeira vinda do Filho de Deus ao mundo, é por ela que deve ser consumada na segunda.

Na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por ela o Filho de Deus seja conhecido, amado e servido. Pois, já não subsistem as razões que levaram o Espírito a ocultar sua Esposa durante a vida e a revelá-la só pouco depois da pregação do Evangelho.

Nos últimos tempos, o poder da Virgem Maria sobre todos os demônios se manifestará com mais intensidade, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar (cf. Gn 3, 15), isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o príncipe das trevas:

“Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos como o calcanhar em comparação com os outros membros do corpo. Mas, em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo, e tão fortemente amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo.”

A terceira vinda de Jesus Cristo

A vinda intermediária de Jesus é aquela que se dá segundo a Sua promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Segundo São Luís Maria, “a conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de perdurar até à consumação dos séculos, na última [segunda] vinda de Cristo”.

Dessa forma, compreendemos que Cristo nos visita constantemente, na oração e na meditação, na Eucaristia e nos outros sacramentos. Mas, Jesus também nos visita de outras formas, até mesmo através de sofrimentos e provações. Por isso, devemos estar sempre vigilantes, pois não sabemos o dia nem a hora que o Senhor virá (cf. Lc 12, 40; Mt 24, 44).

Nessas visitas em momentos de angústia e de dor, no mais das vezes, não reconhecemos Jesus Cristo. Até mesmo os discípulos mais próximos do Mestre não o reconheceram depois da Sua paixão e morte, como aconteceu com Maria Madalena e os discípulos de Emaús (cf. Mc 16, 9-11; Lc 24, 13-35). Isto acontece por que não conhecemos o Senhor de fato e nisto nos ajuda a consagração a Nossa Senhora. Pois, quanto mais nos entregamos a Virgem Maria, mais a conhecemos e consequentemente mais conhecemos Jesus Cristo e nos entregamos a Ele.

Deus quer que Nossa Senhora seja agora mais conhecida, amada e honrada, como jamais o foi, para que também Jesus Cristo seja mais conhecido, amado e honrado. Isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados forem fiéis, com o auxílio do Espírito Santo, à prática interior e perfeita que é a consagração, ou escravidão de amor, a Jesus por Maria.

Se observarmos com fidelidade as práticas desta devoção, veremos claramente, o quanto nos permite a fé, esta bela “Estrela do Mar”, e chegaremos ao porto seguro, que é Cristo, depois de vencer as tempestades e os piratas.

Conheceremos as grandezas desta soberana e nos consagraremos inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amor. Experimentaremos suas doçuras e bondades maternais e a amaremos ternamente como seus filhos extremamente queridos.

Conheceremos as misericórdias de que ela é cheia e a necessidade que temos de seu auxílio, e recorreremos a ela em todas as circunstâncias como à nossa querida Advogada e Medianeira junto de Jesus Cristo.

Por fim, reconheceremos que ela é o meio mais seguro, fácil, rápido e perfeito para chegar ao Senhor, e nos entregaremos a Virgem Maria de corpo e alma, sem restrições, para assim também pertencermos a Jesus Cristo.

Assim, “por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada”. Que Deus nos dê a graça de reconhecer as visitas de Jesus Cristo, pelas mãos maternas da Virgem Maria, e de corresponder com generosidade ao amor com que somos amados.

Nossa Senhora da Anunciação, rogai por nós!

Fonte: Blog “Todo de Maria” – Canção Nova

https://catholicus.org.br/

Doutorado honoris causa ao Patriarca Bartolomeu I

Papa Francisco e Bartolomeu I  (Vatican Media)

A abertura do ano acadêmico da Pontifícia Universidade Antonianum, no próximo dia 21, será marcada pela entrega do título ao Patriarca Ecumênico, na presença do Cardeal Parolin.

Alessandro De Carolis – Vatican News

Será dado um reconhecimento por parte da Pontifícia Universidade Antonianum ao líder da Igreja Ortodoxa que sempre demonstrou uma profunda comunhão com o Papa. O evento que será na manhã de 21 de outubro terá como protagonista o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, a quem a Universidade Antonianum concederá o doutorado honoris causa em filosofia.

A cerimônia coincide com o início do ano acadêmico da Universidade franciscana, que terá a presença do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, para a Laudatio, precedida das intervenções das autoridades acadêmicas, a começar pelo Reitor, Fr. Agustín Hernández Vidales. O doutorado ao Patriarca Bartolomeu, será entregue pelo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores e Grão Chanceler do dell’Antonianum, Fr. Michael Anthony Perry.

A Pontifícia Universidade destaca o sólido vínculo ecumênico entre Francisco e Bartolomeu I, que é mencionado na encíclica Laudato si por causa da comum preocupação com a proteção da Criação, que também interessa de modo central o Magistério do Papa.

Também é recordado que os "representantes dos dois pulmões da tradição cristã" muitas vezes se referem um ao outro como "irmão". Entre os muitos momentos compartilhados, o Antonianum cita o apelo à reconciliação eclesial, assinado por ocasião da viagem do Papa à Terra Santa, e a carta de convocação do Dia Mundial da Criação, em 2015.

Francisco disse ter estabelecido "precisamente por sugestão do Metropolita de Pérgamo, Ioannis Zizioulas, deixando intuir - conclui a nota - a identidade do verdadeiro inspirador da iniciativa, ou seja, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu".

Vatican News

Argentina e Covid: igreja sofre mais restrições até que academias

Jacek Klejment/EAST NEWS
por Esteban Pittaro

Um vírus que tirou a vida de leigos, religiosos, sacerdotes e bispos preocupa a todos. Mas exigir respeito e a possibilidade de participar da missa não implica ignorar a pandemia do coronavírus.

O crescimento exponencial da Covid-19 em algumas cidades do interior argentino, após meses de maior impacto na região de Buenos Aires (Argentina), levou as autoridades nacionais a imporem novos bloqueios. Dessa forma, os católicos têm reagido diante da desproporcionalidade e autoritarismo dos governantes em relação à participação na igreja e nas celebrações litúrgicas.

Em algumas dioceses de importantes cidades do país, como Córdoba e Mendoza, as autoridades querem novamente proibir as missas.

Revolta com proibição de missas

A Arquidiocese de Córdoba anunciou esta semana que não acompanharia as últimas medidas restritivas. Ou seja, as medidas que proibiriam o culto público. De fato, as restrições, disse o arcebispo Carlos Ñañez, afetam a saúde espiritual das pessoas. Sobretudo em um período de quarentena prolongada.

“Não vejo dificuldade em atender a urgente necessidade espiritual de todos os fiéis e ainda assim seguir com prudência o protocolo sanitário”, disse o bispo.

Assim, diante do alvoroço público, o governo de Córdoba expressou que houve um mal-entendido. Depois, as autoridades afirmaram que as restrições ao culto se referem a “atos onde há grande número de pessoas”.

Nesse sentido, definiu-se que “missas serão permitidas no máximo para 30 pessoas, em estrita observância aos protocolos de segurança sanitária. Também, batismos, casamentos, confissões e orações individuais”.

Importância da saúde espiritual

A diocese de Mendoza exigiu “o direito ao culto público, consagrado pela Constituição Nacional”. Isso após saber que as paróquias não poderiam continuar celebrando missas com a presença dos fiéis, a partir das novas restrições.

Inicialmente, o governador de Mendoza, Rodolfo Suárez, expressou seu espanto pelas medidas anunciadas pelo presidente Alberto Fernández. Sobretudo ele se referiu explicitamente à importância da saúde espiritual dos fiéis.

Mas depois de viajar a Buenos Aires e se reunir com as autoridades nacionais, segundo a imprensa, eles “resolveram divergências”. Ou seja, novamente teria havido um “mal-entendido”. Na verdade, em Mendoza também houve forte reação da opinião pública.

Argentina: armadilha para a Igreja do protocolo de Covid

Há poucas semanas, cerca de 160 líderes políticos da América Latina assinaram uma declaração intitulada “Vamos cuidar da democracia para que ela não seja vítima de a pandemia”.

“Há riscos latentes de que se não pensarmos e agirmos rapidamente pode haver uma grave deterioração da democracia”, afirma o documento. Acima de tudo, o texto chama a atenção para os níveis de desigualdade, pobreza e informalidade. De fato, esses fatores constituem não só o principal obstáculo ao desenvolvimento, mas também a fonte da cultivo de “soluções populistas e/ou autoritárias”.

Nesse sentido, alerta-se para a tentação do cheque em branco para combater a Covid-19, de instituições serem absorvidas por um único poder político que decide sem parlamento, sem judiciário, sem consultas públicas, preocupa os dirigentes.

De fato, a Igreja na Argentina se preocupa mais do que qualquer outra instituição com a Covid. Mas os católicos estão reagindo diante de restrições às missas que são mais rigorosas do que as restrições às academias, por exemplo.

Aleteia

A IGREJA EM SAÍDA

CNBB R02

Para transmitir a Boa Nova da Salvação a todos os povos, Cristo fundou a Sua Igreja com a missão específica de evangelizar e, por isso, antes de ascender aos céus, Ele confiou aos Seus discípulos a obra missionária da Igreja dizendo: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura”. (Mc 16,15). Desde aquele dia, os discípulos de Jesus não pouparam esforços para anunciar Jesus Cristo, Seu amor e misericórdia em todos os tempos e em todas as latitudes do mundo. Graças aos esforços de todas as gerações cristãs que nos precederam, hoje nós somos os discípulos missionários de Jesus do século XXI.

Desde o dia de Sua ascensão aos céus, Cristo quis contar com a ajuda dos fiéis cristãos para poder alcançar as pessoas que estão afastadas de Sua Igreja. Em seu bom combate em prol da fé, São Paulo tomou consciência desse grato dever missionário que o nosso Redentor nos legou. Vivenciando o serviço missionário da Igreja, fundando comunidades e conquistando novas almas para Cristo, Paulo professou: “O Evangelho não é para mim motivo de glória, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar!”. (1 Cor 9, 16).

O dever de evangelizar é parte integrante da nossa identidade católica.  Evangelizar é, em primeiro lugar, anunciar uma Pessoa, a Pessoa de Jesus Cristo, nosso Deus adorado e amado, que deseja ser acolhido em nossos corações. De fato, “não haverá nunca evangelização verdadeira se o Nome, a doutrina, a vida, as promessas, o Reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados”. (Papa Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, 22).

O dever missionário que o Cristo nos confiou é imenso, mas não devemos temer, pois a evangelização é uma atividade suscitada pelo Espírito Santo. É Ele quem nos move, renova e impulsiona em direção a novas messes. Unidos ao Cristo e em docilidade ao Espírito Santo, aprendemos a reservar tempo e espaço no nosso dia a dia para o exercício da oração, para o aprofundamento nas verdades da nossa fé e para o serviço missionário da Igreja, que pode e deve ser realizado em nossas famílias e nos lugares de trabalho, estudo e lazer. Mas, como podemos falar de Deus num mundo em que está presente um processo crescente de secularização? Devemos falar com a mesma linguagem empregada pelos primeiros cristãos: a linguagem da caridade, da verdade e da misericórdia.

Nestes nossos dias, nós, discípulos missionários de Jesus, somos convocados a apresentar, com renovada esperança, as razões da nossa fé aos nossos contemporâneos. Agindo assim, nós iremos testemunhar que o relativismo, o hedonismo e o niilismo não podem conduzir o ser humano pelos caminhos da felicidade. Talvez nunca como hoje a missão confiada à Igreja por Jesus, “Ide, pois, ensinai, todas as nações!” (Mt 28, 19), tenha assumido tal urgência e amplidão. Mais que nunca, todos os batizados devem fazer próprias as palavras do Apóstolo Paulo: “Ai de mim, se não evangelizar!”. (1 Cor 9, 16). De fato, está em jogo o futuro da evangelização do mundo.

Se todos nós, cristãos, estivermos persuadidos dos nossos deveres e serviços missionários, as dificuldades serão menos pesadas. Para que as futuras gerações tenham acesso à revelação cristã, é preciso que hoje todos os batizados cumpram com esmero a sua missão de Igreja anunciando o Reino de Deus e denunciando tudo aquilo que nos afasta da casa do Pai. Aos jovens, a Igreja confia a evangelização da juventude e a missão de construir um mundo novo. Aos casais, a Igreja confia a edificação da Igreja doméstica e o nobre testemunho da beleza do matrimônio, da família e da defesa da vida em todas as instâncias. A todos os batizados, a Igreja confia o dever de difundir em todo o mundo a chama da fé que Jesus acendeu no mundo, a fé em Deus, que é Uno e Trino, Amor e Misericórdia. Traduzindo, cada um de nós, com as nossas fragilidades e imperfeições, podemos ser as testemunhas de Cristo no local onde vivemos, na paróquia, nas comunidades, nos ambientes de estudo e de trabalho. Para que possamos realizar plenamente este serviço missionário, o Espírito Santo nos concede os Seus dons e nos conscientiza de que, mesmo com todas as nossas fragilidades, nós somos o rosto misericordioso de Cristo no mundo, nós somos a Igreja em saída, a Igreja que escuta e atende ao chamado missionário de Jesus: “Ide! Levantai-vos, vamos!”.

Todos nós conhecemos ou convivemos com pessoas que estão afastadas da Igreja. Por conseguinte, “se alguma coisa nos deve inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida”. (Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 49).  No esforço de modificar esta situação, devemos ponderar: O que devemos dizer a elas? Mais do que dizer, nós devemos testemunhar que a caridade de Cristo nos alcançou e, por isso, testemunhamos os sinais do Seu amor por meio do serviço da misericórdia.

Dois terços da humanidade ainda esperam por Jesus Cristo, para que lhes revele o amor do Pai. Deste modo, a missão de Cristo confiada à Igreja ainda está longe do seu pleno cumprimento e, por isso, nós devemos nos empenhar com todas as nossas forças nesta obra missionária da Igreja, falando da fé com amor e humildade. Se formos dóceis ao Espírito Santo, Ele nos fará perceber que “Jesus não é o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia”. (Discurso do Papa Francisco na Vigília de Oração com os jovens em Cracóvia, em 30 de julho de 2016).

Que a Virgem Santa Maria, a Rainha das Missões, nos ajude a testemunhar a face missionária da Igreja em saída em todos os ambientes sociais. Que Ela nos fortaleça no anúncio do Evangelho de Cristo, para que os povos tenham vida e vida em abundância.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

XXIX DOM DO TEMPO COMUM - Ano A

Dom José Aparecido
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília

EIS-ME AQUI, ENVIA-ME

Neste ano, este caminho missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). É a resposta, sempre nova, à pergunta do Senhor: «Quem enviarei?». Esta chamada provém do coração de Deus, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na crise mundial atual. O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal.

No Sacrifício da Cruz, onde se realiza a missão de Jesus, Deus revela que o seu amor é por todos e cada um. E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados…. Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus. Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai. Por sua vez, Jesus crucificado e ressuscitado por nós, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.

A missão não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias? Estamos dispostos a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja? Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus? Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me.

A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta: Eis-me aqui, envia-me. Deus continua a procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal.

A caridade manifestada nas coletas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo de outubro tem por objetivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação de todos.

Folheto: "O Povo de Deus"|Arquidiocese de Brasília

Papa Francisco recorda a primazia de Deus na vida humana

Papa Francisco saudando os fiéis do Palácio Apostólico.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 18 out. 20 / 08:00 am (ACI).- O Papa Francisco recordou que pagar impostos e “cumprir as justas leis do Estado” é um dever do cidadão. Ao mesmo tempo, sublinhou, os cristãos devem afirmar o “primazia de Deus na vida e na história humana”.

O Pontífice fez essa afirmação neste domingo, 18 de outubro, durante a oração do Ângelus no Palácio Apostólico do Vaticano.

O Papa contou aos peregrinos que o escutavam sob a janela dos apartamentos pontifícios como o Evangelho deste domingo “mostra Jesus enfrentando a hipocrisia de seus adversários. Eles o elogiam muito, mas depois fazem uma pergunta insidiosa para colocá-lo em uma situação difícil e desacreditá-lo diante do povo”.

A pergunta é a seguinte: "É lícito, ou não, pagar imposto a César?". Na época de Jesus, a Palestina estava sob o domínio do Império Romano e a população judaica não aceitava essa ocupação: "O domínio do Império Romano era mal tolerado, também por motivos religiosos", explicou Francisco.

A discussão sobre se era lícito ou não pagar impostos a César, ou seja, ao imperador, não atendia apenas a critérios políticos, mas também religiosos: Na religião pagã prevalecente em Roma, o imperador era uma figura divinizada a quem se devia render culto. Isso estava em conflito direto com a religião judaica, para a qual até a efígie de César no verso dos denários era um elemento de idolatria.

“Para a população, o culto ao imperador, sublinhado até pela sua imagem nas moedas, era uma injúria ao Deus de Israel”, recordou o Papa.

Quem tenta colocar Jesus em uma situação complicada “está convencido de que não há mais respostas à sua pergunta: 'sim' ou 'não'”. A armadilha era que, se ele respondesse "sim", seria considerado um idólatra, enquanto se respondesse "não", poderia ser acusado de incitar a rebelião contra o domínio romano.

Mas Jesus não caiu na armadilha. “Ele conhece a malícia e sai da armadilha. Pede a eles que lhe mostrem a moeda do imposto, ele a toma em suas mãos e pergunta: de quem é esta imagem impressa. Eles respondem que é de César, ou seja, do Imperador. Então Jesus responde: ‘Devolvei o que é de César a César e a Deus o que é de Deus’".

O Pontífice sublinhou que, “com esta resposta, Jesus coloca-se acima da polêmica. Por um lado, ele reconhece que o imposto a César deve ser pago, porque a imagem na moeda é sua; mas, acima de tudo, ele lembra que cada pessoa traz dentro de si uma outra imagem, a de Deus, e por isso é a Ele, e somente a Ele, que todos estão endividados com sua própria existência”.

Pagar impostos: um dever do cidadão

O ensinamento que se desprende deste episódio é válido tanto para os contemporâneos de Jesus como para os cidadãos de hoje. “Nesta sentença de Jesus encontramos não apenas o critério da distinção entre as esferas política e religiosa, mas também diretrizes claras para a missão dos crentes de todos os tempos, até mesmo para nós hoje".

“Pagar os impostos é um dever do cidadão, assim como cumprir as leis justas do Estado”. Ao mesmo tempo, “é necessário afirmar a primazia de Deus na vida e na história humana, respeitando o direito de Deus ao que lhe pertence”.

“Disso deriva a missão da Igreja e dos cristãos: falar de Deus e dar testemunho dele aos homens e mulheres de seu tempo. Cada um, em virtude do Batismo, é chamado a ser uma presença viva na sociedade, animando-a com o Evangelho e com a força vital do Espírito Santo”.

“Trata-se de comprometer-se com humildade e, ao mesmo tempo, com coragem, dar sua própria contribuição para a construção da civilização do amor, onde reina a justiça e a fraternidade”, concluiu o Papa Francisco.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF