Sta. Maria Bertilla|Com. Sacram. do Amor |
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Santa Maria Bertilla Boscardin
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
A Criação é obra de Deus!
Guadium Press |
Redação (16/10/2020 17:51, Gaudium Press) Numa pequena cidade, um renomado professor reunia, todas as tardes, uma quantidade enorme de discípulos, ávidos de ouvir seus eloquentes ensinamentos. Tanta era a afluência de público que o ar quase se fazia rarefeito na sala onde ele se encontrava.
Certa feita, subiu ao púlpito o dito mestre e começou a ensinar. A frase com a qual iniciou a aula naquele dia foi: “O mundo não demonstra que Deus existe!” Estarrecidos, os ouvintes se puseram a pensar: “Nosso mestre nunca erra, como disse ele esta incoerência?” Rompendo o silêncio, um pequeno menino gritou: Eu posso provar que isto não é verdade!” A multidão, estupefata, penalizou-se da pobre criança que enfrentaria alguém tão instruído, mas mesmo assim abriu alas para que ela se aproximasse do lugar onde se encontrava o mestre. Subindo a escadaria, o valente menino viu brilhar o relógio de ouro do prefeito da cidade e pediu-lhe que emprestasse o objeto por alguns instantes. Embora receasse a quebra de valioso bem, não foi possível negar o pedido, pois a benevolência do público nas próximas eleições assim o exigia.
Voltando-se para o professor, perguntou o menino: O senhor acredita que este relógio surgiu do acaso? O mestre quis despedir o menino, denominando infantilidade tal proposição, uma vez que era impossível admitir que o relógio surgisse do acaso. Continuou, então, a criança: O senhor não acredita que o acaso fez esse relógio, mas sim que o acaso fez o Universo? Imagine o senhor: o ouro se encontrava no alto de uma montanha e, arrastado pelas águas da chuva, despencou ladeira abaixo até que preso, por acaso, a alguns seixos foi modelado e surgiram as engrenagens e as molas. De repente, ainda por acaso, surgiu o relógio que tenho nas mãos…
A multidão irrompeu em aplausos efusivos. A ironia do menino dispensava os argumentos. Se era de tal modo evidente que um relógio não podia ter surgido do acaso, sem um artesão que o fabricasse, com muito mais razão no que diz respeito ao Universo.
Esse pequeno fato ilustra bem um dos mistérios da fé: que o Universo foi criado por Deus, do nada (Ex nihilo), e não surgiu do acaso, como pensam alguns. A Santa Igreja admite que a Criação seja um mistério, ou seja, algo incompreensível à razão, mas não contraditório.
“Do nada, nada se faz”
Para contrariar essa verdade, levantam alguns a objeção que “do nada, nada se faz” (Ex nihilo nihil fit).
Esse axioma filosófico, longe de se opor à verdade da fé, corrobora a Onipotência Divina. De fato, não é possível que algo se produza por si mesmo do nada, por isso o mundo, que antes não existia, não se fez por si mesmo, mas, Deus que existia, atuou sobre o nada, criando todas as coisas. Mistério insondável que se vê refletido na mente humana. Com efeito, não pode o homem, ainda que de modo imperfeito, criar “do nada”, ao conceber uma ideia, ou um sistema de operação? Do nada, mas sob a influência de uma causa existente, no caso mencionado, o próprio homem. Podemos então ficar admirados que a maravilha da Criação seja feita por Deus do nada?[1]
Os “vestígios” de Deus
Deus – que não pode ser conhecido diretamente – deixou vestígios em toda a obra da Criação, apontando a onipotência de seu Criador.
Voltando os olhos para as grandezas siderais, por exemplo, pode alguém afirmar que toda a ordem ali existente surgiu do acaso, e não foi criada por um Ser onipotente?
O que dizer do número de estrelas que existem, que se calcula em uns duzentos mil trilhões? A Via Láctea tem cem milhões de Sóis, e se conhecem cem milhões de galáxias como a Via Láctea. No Céu, ademais, há milhões de estrelas maiores que o planeta Terra, que pesa seis mil trilhões de toneladas, e é uma bola de 40.000 km de perímetro. O Sol é um milhão e trezentas mil vezes maior do que a Terra. Na Estrela Antares, da constelação de Escorpião, cabem cento e quinze milhões de Sóis. Sem contar a velocidade altíssima em que esses astros se movimentam e nunca se chocam, permitindo inclusive que se façam cálculos exatos de quando um cometa passará sobre determinada região da Terra.[2] Será que toda essa ordem impressa no Universo surgiu do acaso? Não é ela uma das mais qualificadas testemunhas da onipotência Divina e da pequenez humana?
Dobrando os joelhos, todos são chamados a reconhecer a Deus, seu Criador, através da perfeição que Ele imprimiu em todo o Universo, inclusive no próprio ser humano. Não hesitem os homens em proclamar com o salmista: “Os Céus proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra de suas mãos” (Sl 19,1).
A fé não exige provas, mas a razão tem meios de robustecer vigorosamente a crença que a fé inspira. Por isso, aprofundar-se na doutrina católica, nas razões teológicas é indispensável para aqueles que almejam possuir uma fé robusta e inabalável.
Por Odair Ferreira
[1] Cf. CAULY, Eugène Ernest. Curso de instrução religiosa. São Paulo: Livraria Francisco Alvez e Cia, 1914, v. 4. p. 47-48.
[2] Cf. LORING, Jorge. Para salvarte: Enciclopedia del Catolico. 60. ed. México: Catolicas, 2008. p. 17-22.
A origem da palavra "católico" e o primeiro santo que usou esse termo
PD | Santo Inácio de Antioquia |
Ele foi celebrado neste fim de semana - e a palavra que ele usou marcou a História para sempre.
A origem da palavra “católico”: há muitos que a desconhecem – inclusive entre os católicos!
Neste fim de semana, em 17 de outubro, a Igreja Católica celebrou a festa litúrgica de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir dos primeiros tempos do cristianismo. E foi justamente ele o primeiro santo que aplicou esse adjetivo à Igreja que Jesus Cristo fundou.
Qual é a origem da palavra “católico”?
O termo “católico” vem do grego e quer dizer “referente à totalidade”, “geral”, “universal”. E é assim que Cristo pediu que a Igreja fosse, quando ordenou: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16,15).
De fato, a frase de Santo Inácio de Antioquia em que aparece o termo “católica” deixa claro o vínculo entre a natureza da Igreja e essa missão que Jesus confiou a ela:
“Onde está Jesus Cristo, ali está a Igreja Católica”.
Este, no fim das contas, é o significado profundo da Igreja Católica: ser presença universal de Jesus.
Polêmicas sobre o termo “católico”
No entanto, existem pessoas que “acusam” a Igreja Católica de ser um “desvio histórico” em relação ao primeiro grupo de cristãos. Esses acusadores dizem, por exemplo, que foi o imperador Constantino quem criou a Igreja Católica no século IV, e não Jesus Cristo.
Mas Santo Inácio já se referia à Igreja como “Católica” pelo menos duzentos antes de Constantino. Inácio, de fato, foi bispo de Antioquia entre os anos 70 e 107 d.C., ainda entre os séculos I e II. Aliás, ele foi o terceiro bispo daquela cidade, sendo que o próprio São Pedro tinha sido o primeiro. E não é só: Inácio foi discípulo de São Paulo e de São João Evangelista. Por isso, é um dos santos que têm o título de “Padre Apostólico”.
Santo Inácio sofreu o martírio em Roma: foi devorado pelas feras. A caminho da Cidade Eterna, ele orientava as comunidades cristãs das diversas cidades a preservarem a união com Cristo. Ele afirmava, em especial, que fazia parte da sua missão zelar pela unidade da Igreja universal – ou seja, da Igreja Católica.
Aleteia
Outubro de cruz para padres no Brasil: um perseguido, um raptado, um assassinado
Capturas de Tela YouTube / Redes Sociais (Reprodução) |
Pelo menos três casos de violência contra sacerdotes vêm gerando indignação e perplexidade nesta primeira metade do mês.
Violência contra padres no Brasil: outubro de 2020 está sendo chocante neste quesito. Pelo menos três casos, de fato, vêm gerando indignação e perplexidade nesta primeira metade do mês.
Perseguido: Pe. Luciano Lustosa
No dia 3 de outubro, a Guarda Municipal de Conde, na Paraíba, conduziu coercitivamente o pe. Luciano Lustosa até a delegacia de polícia. Por quê? Porque ele pintou de marrom a cruz da própria paróquia, depois que a prefeitura a tinha pintado de azul. Fazia três meses, aliás, que o pároco solicitava a restauração da pintura. Ele obteve permissão do arcebispo para mandar fazer a obra, porque a administração pública não dava resposta. A cruz, afinal, pertence à igreja de Nossa Senhora da Conceição, e é ele quem a administra.
Mas a reação do poder público foi desproporcional e arbitrária. Enquanto a guarda municipal o levava coercitivamente, o padre declarou:
“Estou sendo preso. A prefeita mandou me prender. Eu troquei a pintura do cruzeiro, que é da paróquia. É uma coisa absurda. A gente fica de boca aberta diante dos desmandos, da arbitrariedade, do autoritarismo”.
Arbitrariedade
A prefeita em questão é Márcia Lucena, do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Aliás, ela é candidata à reeleição, mesmo tendo sido denunciada, conforme a imprensa, por participação em organização criminosa. Em decorrência das investigações da Operação Calvário, de fato, a Justiça bloqueou bens da prefeita e determinou que ela usasse tornozeleira eletrônica, porque, segundo a ministra Laurita Vaz, relatora do caso, há risco de “reiteração delitiva” e de destruição de provas por parte dos investigados.
Márcia Lucena declarou que não mandou prender o padre. A guarda municipal, porém, atua sob ordens da administração da cidade: não poderia, portanto, ter a iniciativa de prender por si mesma o sacerdote.
A Arquidiocese da Paraíba divulgou nota questionando a alegação de que o padre teria cometido “crime de desobediência”. Além disso, a nota afirma que não houve determinação judicial nem flagrante delito para a condução coercitiva.
Na semana passada, o pe. Luciano pediu afastamento provisório da paróquia, porque tem recebido ameaças à sua integridade física.
Raptado: Pe. José Gilmar
A violência contra padres no Brasil, no entanto, vai além da perseguição ideológica. Tem havido, por exemplo, um notável aumento de assaltos e atos de vandalismo contra paróquias. E este mês viu casos ainda mais graves: houve de sequestro a assassinato premeditado.
Também na Paraíba, um padre ficou três dias desaparecido após enviar um pedido de socorro via celular. Trata-se do pe. José Gilmar, da paróquia de Santa Teresinha, na capital João Pessoa.
Policiais o encontraram bastante debilitado. Ele havia, afinal, ficado sem comida no cativeiro. Além disso, os criminosos o amarraram e ameaçaram, enquanto faziam insistentes pedidos de transferência de dinheiro.
No dia do rapto, o pe. José Gilmar tinha saído para acompanhar um velório, mas não chegou ao local. Foi um paroquiano quem recebeu a mensagem de socorro e mobilizou a polícia. Apesar da libertação do padre, as investigações sobre o rapto continuarão, assim como a busca pelos bandidos.
Assassinado: Pe. Adriano da Silva Bastos
Já em Minas Gerais, outro ataque a um sacerdote acabou de modo brutal. Acionada para buscar o padre desaparecido, a polícia encontrou o seu corpo incinerado e com sinais de violência covarde.
A vítima foi o pe. Adriano da Silva Bastos, de Manhumirim (MG). Quem responde pelo crime selvagem é um jovem de 22 anos, que, na delegacia, declarou inicialmente que era “amante do sacerdote”. Os policiais, porém, não acreditaram nesta versão. De fato, um novo interrogatório confirmou que se tratou de latrocínio premeditado.
Segundo o delegado Gladyson de Souza Ferreira, o jovem preso é traficante e estava em dívida com outros criminosos fornecedores de drogas. Assim, para tentar conseguir dinheiro, ele e pelo menos um cúmplice planejaram assaltar o pe. Adriano, que acabou sendo agredido, assassinado e tendo o corpo incendiado.
Assim como nos outros dois casos, a polícia continua investigando os fatos e procurando os cúmplices.
Aleteia
Novos ataques, saque e incêndio a igreja no Chile
Fumaça produzida pelo fogo provocado por vândalos na igreja de São Francisco de Borja. Crédito: Captura de vídeo / Carabineros Prefeitura Central. |
SANTIAGO, 19 out. 20 / 10:07 am (ACI).- Uma multidão atacou, saqueou e incendiou na tarde de domingo, 18 de outubro, a Paróquia de São Francisco de Borja, dedicada ao serviço religioso dos Carabineiros (polícia) em Santiago, Chile. Entre os objetos destruídos e queimados está uma imagem da Virgem Maria.
O ataque contra a igreja católica na capital chilena acontece no marco da onda de violência desencadeada ao completar um ano do início dos protestos sociais no país, devido ao aumento no preço das passagens no serviço de transporte público do Metrô.
https://twitter.com/i/status/1317909529733042176
A igreja sofreu um ataque semelhante em 3 de janeiro deste ano.
O templo católico data de 1876 e nos seus primórdios foi a Capela do Sagrado Coração de Jesus do Hospital São Borja. Em novembro de 1975, foi designado para o serviço religioso dos Carabineiros do Chile.
Por meio do Twitter, os Carabineiros destacaram que “após o saque de espécies da Igreja de São Francisco de Borja, os antissociais realizam uma barricada com fogueira do lado de fora”.
https://twitter.com/i/status/1317908654423789569
Em seguida, as autoridades chilenas indicaram que “pessoas atearam fogo às dependências da Igreja Institucional. Funcionários da Prefeitura de Controle da Ordem Pública estão no local”.
https://twitter.com/i/status/1317903200910008320
Carabineiros do Chile reportou por volta das 17h (hora local) que “haveria 5 detidos; um dentro da Igreja Institucional e quatro no entorno ”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
ACI Digital
A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 9/12) – Um pouco de água é sinal de limpeza total
Veritatis Splendor |
- Autor: Israel Octavio Hernández Diego
- Fonte: Site “Solum Verbum Dei” (https://www.solumverbumdei.com/)
- Tradução: Carlos Martins Nabeto
UM POUCO DE ÁGUA É SINAL DE LIMPEZA TOTAL
Voltando ao tema da “muita água” ou “pouca água”, podemos ver que nas lavagens de purificação que os judeus empregavam se davam com “pouca água”; apesar disso, simbolizava a limpeza total, não havendo necessidade de se mergulhar ou se molhar totalmente. Encontramos um exemplo disso no Evangelho de São João. Vejamos:
- “Disse-lhe Pedro: ‘Nunca me lavarás os pés’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Se eu te não lavar, não tens parte comigo’. Disse-lhe Simão Pedro: ‘Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça’. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos'” (João 13,8-10).
Esta passagem aponta para o batismo cristão pela mensagem teológica que contém, pois Jesus diz: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo”. Como vimos anteriormente, Cristo nos “lava” por seu Sangue derramado na Cruz e se não nos batizamos, não temos parte com Ele, pois não estamos tornando efetivo esse derramamento de Sangue.
São Pedro, no entanto, lhe diz: “Lava-me todo!”, mas Jesus lhe ensina que com um pouco de água ele já estará totalmente limpo, ou seja: pouca água é sinal de limpeza total!
Isto nos faz lembrar um belo texto que traz as palavras do rei Davi no Salmo 51,7, o grande Salmo Penitencial: “Purificai-me com hissopo e serei limpo”. Ora, com algumas gotas do hissopo obtem-se total purificação!
Este gesto de lavar possui um significado particular no rito do lava-pés na Quinta-Feira Santa: é o gesto que Jesus fez em sua Ceia de despedida, dando assim aos seus discípulos uma belíssima lição de serviço; Ele havia dito que tinha vindo não para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida pelos demais. Antes de ir para a Cruz, onde Se daria totalmente a Si mesmo, quis fazer este gesto simbólico de sua Paixão e Morte.
O lava-pés foi celebrado durante alguns séculos, em algumas regiões da Igreja como em Milão, como sinal da purificação batismal. Contudo, mais geral e duradouro até os nossos dias tem sido a interpretação e, precisamente, na Quinta-Feira Santa, a lição de qualidade por parte de quem é o pastor e animador da comunidade.
Igualmente, a aspersão que se faz com água benta no encerramento da Santa Missa é sinal de purificação batismal e nos recorda que pelo nosso batismo temos um compromisso com Cristo e a sua Igreja.
Um tanto curioso é que o Apóstolo São Paulo nos mostra que os cristãos-judeus praticavam algumas lavagens de purificação (batismos), eis que na Carta aos Hebreus diz:
- “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus; e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno” (Hebreus 6,1-2).
Esta passagem da Epístola aos Hebrreu tem sido comentada de maneiras diferentes pelos teólogos; a que mais se sobressai é aquela que diz que os cristãos da época de São Paulo eram instruídos sobre diferentes lavagens e abluções que então existiam, particularmente entre os judeus (e de fato, a epístola é dirigida aos cristãos-hebreus), e que ainda nos séculos seguintes continuava sendo praticadas (como o lava-pés na Quinta-Feira Santa).
Bom: depois de termos refutados as objeções, veremos alguns escritos dos Padres Apostólicos[5].
—–
NOTA:
[5] Chamam-se “Padres Apostólicos” os autores do Cristianismo primitivo que tiveram contato direto com um ou mais dos Doze Apóstolos de Jesus ou foram discípulos de alguns deles. Trata-se de autores do século I ou do início do século II, cujos escritos possuem uma imensa importância para se conhecer o que criam os primeiros cristãos. Caracterizam-se como textos descritivos ou normativos, que tentam explicar a natureza da então nova “doutrina cristã”.
Veritatis Splendor
S. PAULO DA CRUZ, PRESBÍTERO, FUNDADOR DOS PASSIONISTAS
São Paulo da Cruz|Canção Nova |
Paulo Francisco Danei nasceu em
Ovada, uma pequena cidade na região italiana do Piemonte. Foi o primeiro de 16
filhos, que alegravam a casa de uma família de origens nobres, mas com
dificuldades econômicas. Desde criança, demonstrou grande interesse pela religião:
tinha uma fé sólida, que nutria com a participação diária da Missa, a
frequência dos Sacramentos e a prática contínua da oração. Mas, para ajudar a
família, começou a trabalhar com o pai, cuja profissão não o satisfazia. Sua
vocação era outra.
A Cruz no coração e na alma
Em 1713, aconteceu algo na vida de
Paulo Francisco: decidiu viver como monge eremita, sem pertencer a nenhuma
Ordem. Aos 26 anos, o Bispo local permitiu-lhe morar em uma cela, atrás da
igreja de Castellazzo Bormida. Ali, amadureceu a ideia de fundar uma nova
Congregação dos Pobres de Jesus. Naquela cela, por mais de um ano, escreveu a
Regra, orientada ao amor à Cruz. Esta, de fato, foi a espiritualidade típica
dos religiosos guiados por Paulo: em uma época de pouca fé, ele abraçou a
escolha mais impopular, com base na cruz e no sacrifício. Ele gostava de ser
chamado "Irmão Paulo da Cruz" e se dedicava aos pobres e enfermos,
nos quais contemplava o rosto de Jesus crucificado.
A Paixão, amor de Deus pelo homem
Finalmente, em 1727, o Papa Bento
XIII permitiu que Paulo reunisse, em torno de si, alguns companheiros para
ajudá-lo. O primeiro foi seu irmão consanguíneo, João Batista: ambos foram
ordenados sacerdotes no mesmo ano. Assim, nasceu o primeiro núcleo da Ordem dos
Clérigos Descalços da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo,
depois denominados Passionistas. A base de tudo era a pertença radical à cruz
de Jesus e o conceito de que a sua Paixão não era apenas um pré-requisito
inevitável para a remissão dos pecados, mas "a máxima expressão do amor de
Deus pelo homem". Os primeiros religiosos eram formados como pregadores:
não lutavam contra os turcos com armas, mas, com a Palavra, venciam a
ignorância, a irreligiosidade e o abandono do Evangelho.
Ao lado dos "inacessíveis"
Paulo da Cruz pregou muito e
escreveu, talvez, mais de dez mil cartas; a sua pregação, durante o Jubileu de
1750 foi histórica. Porém, passou grande parte da sua vida na solidão:
retirou-se para o Monte Argentário, onde fundou o primeiro convento. Dali,
partiu para as missões nas regiões mais pobres da Maremma e nas ilhas mais
remotas do arquipélago toscano, onde a Palavra de Deus era difícil penetrar. Em
1771, graças à colaboração da Madre Crocefissa Costantini, fundou, em
Tarquínia, o ramo feminino do Congregação: as monjas de clausura tornaram-se
Irmãs Passionistas de São Paulo da Cruz, uma Congregação de vida apostólica
dedicada à missão educativa, sobretudo das mulheres, vítimas da violência e
exploração. Paulo da Cruz faleceu em Roma, em 1775, e foi canonizado por Pio
IX, em 1867.
Vatican News
SS. JOÃO DE BRÉBEUF E ISAAC JOGUES PRESBÍTEROS, E COMPANHEIROS JESUÍTAS, MÁRTIRES CANADENSES
Irmãs Salvatorianas |
Estes Santos são conhecidos como
Mártires Canadenses e recordado todos juntos pela Liturgia, embora tenham
morrido anos depois. Desta forma, a Igreja quis reuni-los, em respeito à
crescente devoção popular. Na verdade, as fronteiras nacionais, onde atuavam e
morreram, não correspondem mais, hoje, às do século XVII. Os três primeiros
sacerdotes, assassinados em ordem cronológica, sofreram o martírio em uma área,
chamadas hoje Albany e Nova York, ou seja, território americano; os outros,
foram martirizados a cerca de 200 km., ao norte de Toronto, atual Canadá. De
fato, são chamados também “mártires norte-americanos”.
Contexto da "Nova França"
No século XVII, um grupo de jesuítas
franceses decidiu partir em missão para proclamar o Evangelho em território
canadense, então conhecido como "Nova França". Aquelas terras eram
habitadas por povos pagãos, bastante agressivos, como os Huronianos e os
Iroqueses. Por isso, os missionários sabiam o risco que iriam correr: em seus
corações, eles previam, claramente, o risco de serem mortos. Por volta de 1640,
estourou uma guerra violenta entre os Huronianos e os Iroqueses, que culminou
com o extermínio dos Huronianos, povo menos organizado militarmente, e com o
aniquilamento das missões cristãs, que haviam encontrado maior recepção entre
aquela população.
São João Brébeuf e Companheiros
O primeiro sacerdote a ser vítima do
ódio contra a fé cristã foi o irmão coadjutor, Padre Renato Goupil, em 1642, em
Ossenenon; a seguir, a mesma sorte coube a João de Lalande e o Padre Isaac Jogues,
assassinados perto de Auriesville, em 18 de outubro de 1647. Jogues, nascido na
França, em 1607, partiu em missão para o Canadá, após emitir os votos
religiosos; ali, foi preso e torturado pelos Iroqueses; apesar de tudo,
prosseguiu, com coragem, sua obra de evangelização. Em 1648, foi a vez do
jesuíta Antônio Daniel; no ano seguinte, em 16 de março de 1649, também João de
Brébeuf: nasceu em uma família da Normandia, em 1593, e se tornou jesuíta e
missionário. Os outros, martirizados em 1649, são: Gabriel Lalemant, Carlos
Garnier e Noel Chabanel. Os oito sacerdotes foram canonizados juntos, por Pio
XI, em 1930; dez anos depois, foram proclamados padroeiros do Canadá por São
Pio XII. Em honra destes Mártires Canadenses foi construído um santuário em Midland,
Ontário.
Vatican News
domingo, 18 de outubro de 2020
Maria e as três vindas de Jesus Cristo
Nossa Senhora da Anunciação | Divulgação Catholicus |
Saiba o que são as três vindas de Jesus Cristo e qual a importância da Virgem Maria em cada uma delas.
No Tempo do Advento, aprofundamos o tema das três vindas de Jesus Cristo, que está intimamente ligado a Santíssima Virgem Maria. No entanto, antes de tratar desta ligação, é importante sabermos com clareza o que são essas três vindas de Jesus.
Duas delas são realizações de promessas de Deus. Mas, uma dessas vindas ainda está por se cumprir e nela, como nas outras, Nossa Senhora tem uma missão fundamental.
A primeira promessa nos foi dada pelo profeta Isaías: “uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7, 14); e se cumpriu no mistério da Encarnação do Verbo de Deus, no ventre da Virgem de Nazaré (cf. Lc 1, 26-38).
A segunda nos foi dada pelo próprio Cristo, quando disse: “Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem” (Lc 12, 40; cf. Mt 24, 44). Há dois mil anos, a Igreja vive na expectativa da segunda vinda de Cristo.
Podemos até pensar que foi perda de tempo viver nessa expectativa, mas não foi, pois o Senhor também prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Esta é a terceira vinda: Jesus está conosco e nos visita de modo particular, às vezes nos momentos em que menos esperamos.
A Virgem de Nazaré e a primeira vinda de Jesus Cristo
Na primeira vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima quase não apareceu, para que os homens daquela época, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos a respeito da pessoa do Filho de Deus, não se apegassem demais a ela, afastando-se, assim, da verdade. E isto provavelmente aconteceria, devido aos encantos admiráveis com que o próprio Deus a havia ornado a sua aparência.
“São Dionísio, o Areopagita, o confirma numa página que nos deixou e em que diz que, quando a viu, tê-la-ia tomado por uma divindade, tal o encanto que emanava de sua pessoa de beleza incomparável, se a fé, em que estava bem confirmado, não lhe ensinasse o contrário”.
Por disposição da Providência divina, Nossa Senhora permaneceu oculta por toda a sua vida. Por isso, o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater – Mãe escondida e secreta. “Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus”.
Deus Pai consentiu que jamais em sua vida a Virgem Santíssima fizesse milagre algum, pelo menos um milagre visível e clamoroso, ainda que lhe tivesse dado o poder para isso. Deus Filho consentiu que sua Mãe não falasse, apesar de ter lhe comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário, para manifestar Jesus Cristo. No entanto, a Virgem era a Esposa do Espírito.
Nossa Senhora e a segunda vinda do Filho de Deus
São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu livro intitulado “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, tem uma intuição teológica que nos ajuda a compreender a participação de Maria na segunda vinda de Cristo: “Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos”. Se por meio da Virgem Maria começou a obra da salvação, com a primeira vinda do Filho de Deus ao mundo, é por ela que deve ser consumada na segunda.
Na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria Santíssima deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por ela o Filho de Deus seja conhecido, amado e servido. Pois, já não subsistem as razões que levaram o Espírito a ocultar sua Esposa durante a vida e a revelá-la só pouco depois da pregação do Evangelho.
Nos últimos tempos, o poder da Virgem Maria sobre todos os demônios se manifestará com mais intensidade, quando Satanás começar a armar insídias ao seu calcanhar (cf. Gn 3, 15), isto é, aos seus humildes servos, aos seus pobres filhos, os quais ela suscitará para combater o príncipe das trevas:
“Eles serão pequenos e pobres aos olhos do mundo, e rebaixados diante de todos como o calcanhar em comparação com os outros membros do corpo. Mas, em troca, eles serão ricos em graças de Deus, graças que Maria lhes distribuirá abundantemente. Serão grandes e notáveis em santidade diante de Deus, superiores a toda criatura, por seu zelo ativo, e tão fortemente amparados pelo poder divino, que, com a humildade de seu calcanhar e em união com Maria, esmagarão a cabeça do demônio e promoverão o triunfo de Jesus Cristo.”
A terceira vinda de Jesus Cristo
A vinda intermediária de Jesus é aquela que se dá segundo a Sua promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20). Segundo São Luís Maria, “a conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de perdurar até à consumação dos séculos, na última [segunda] vinda de Cristo”.
Dessa forma, compreendemos que Cristo nos visita constantemente, na oração e na meditação, na Eucaristia e nos outros sacramentos. Mas, Jesus também nos visita de outras formas, até mesmo através de sofrimentos e provações. Por isso, devemos estar sempre vigilantes, pois não sabemos o dia nem a hora que o Senhor virá (cf. Lc 12, 40; Mt 24, 44).
Nessas visitas em momentos de angústia e de dor, no mais das vezes, não reconhecemos Jesus Cristo. Até mesmo os discípulos mais próximos do Mestre não o reconheceram depois da Sua paixão e morte, como aconteceu com Maria Madalena e os discípulos de Emaús (cf. Mc 16, 9-11; Lc 24, 13-35). Isto acontece por que não conhecemos o Senhor de fato e nisto nos ajuda a consagração a Nossa Senhora. Pois, quanto mais nos entregamos a Virgem Maria, mais a conhecemos e consequentemente mais conhecemos Jesus Cristo e nos entregamos a Ele.
Deus quer que Nossa Senhora seja agora mais conhecida, amada e honrada, como jamais o foi, para que também Jesus Cristo seja mais conhecido, amado e honrado. Isto acontecerá, sem dúvida, se os predestinados forem fiéis, com o auxílio do Espírito Santo, à prática interior e perfeita que é a consagração, ou escravidão de amor, a Jesus por Maria.
Se observarmos com fidelidade as práticas desta devoção, veremos claramente, o quanto nos permite a fé, esta bela “Estrela do Mar”, e chegaremos ao porto seguro, que é Cristo, depois de vencer as tempestades e os piratas.
Conheceremos as grandezas desta soberana e nos consagraremos inteiramente a seu serviço, como súditos e escravos de amor. Experimentaremos suas doçuras e bondades maternais e a amaremos ternamente como seus filhos extremamente queridos.
Conheceremos as misericórdias de que ela é cheia e a necessidade que temos de seu auxílio, e recorreremos a ela em todas as circunstâncias como à nossa querida Advogada e Medianeira junto de Jesus Cristo.
Por fim, reconheceremos que ela é o meio mais seguro, fácil, rápido e perfeito para chegar ao Senhor, e nos entregaremos a Virgem Maria de corpo e alma, sem restrições, para assim também pertencermos a Jesus Cristo.
Assim, “por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada”. Que Deus nos dê a graça de reconhecer as visitas de Jesus Cristo, pelas mãos maternas da Virgem Maria, e de corresponder com generosidade ao amor com que somos amados.
Nossa Senhora da Anunciação, rogai por nós!
Fonte: Blog “Todo de Maria” – Canção Nova
Doutorado honoris causa ao Patriarca Bartolomeu I
Papa Francisco e Bartolomeu I (Vatican Media) |
A
abertura do ano acadêmico da Pontifícia Universidade Antonianum, no próximo dia
21, será marcada pela entrega do título ao Patriarca Ecumênico, na presença do
Cardeal Parolin.
Alessandro De Carolis – Vatican News
Será dado um reconhecimento por parte da Pontifícia
Universidade Antonianum ao líder da Igreja Ortodoxa que sempre demonstrou uma
profunda comunhão com o Papa. O evento que será na manhã de 21 de outubro terá
como protagonista o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, a quem a Universidade
Antonianum concederá o doutorado honoris causa em filosofia.
A cerimônia coincide com o início do ano acadêmico
da Universidade franciscana, que terá a presença do Cardeal Secretário de
Estado, Pietro Parolin, para a Laudatio, precedida das intervenções
das autoridades acadêmicas, a começar pelo Reitor, Fr. Agustín Hernández
Vidales. O doutorado ao Patriarca Bartolomeu, será entregue pelo Ministro Geral
da Ordem dos Frades Menores e Grão Chanceler do dell’Antonianum, Fr. Michael
Anthony Perry.
A Pontifícia Universidade destaca o sólido vínculo
ecumênico entre Francisco e Bartolomeu I, que é mencionado na encíclica Laudato
si por causa da comum preocupação com a proteção da Criação, que
também interessa de modo central o Magistério do Papa.
Também é recordado que os "representantes dos
dois pulmões da tradição cristã" muitas vezes se referem um ao outro como
"irmão". Entre os muitos momentos compartilhados, o Antonianum cita o
apelo à reconciliação eclesial, assinado por ocasião da viagem do Papa à Terra Santa,
e a carta de convocação do Dia Mundial da Criação, em 2015.
Francisco
disse ter estabelecido "precisamente por sugestão do Metropolita de
Pérgamo, Ioannis Zizioulas, deixando intuir - conclui a nota - a identidade do
verdadeiro inspirador da iniciativa, ou seja, o Patriarca Ecumênico
Bartolomeu".
Vatican News