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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Ir. Maria Mainetti pediu a Cristo por nós, diz jovem que a assassinou em ritual satânico

Ir. Maria Laura Mainetti. Crédito: Diocese de Como

Roma, 22 out. 20 / 11:03 am (ACI).- Enquanto a matávamos, “ela nos perdoava”, é o testemunho de Milena, a então adolescente que, com outras duas jovens, assassinou a irmã Maria Laura Mainetti em um ritual satânico há 20 anos.

A religiosa foi assassinada com 19 facadas na noite de 6 para 7 de junho de 2000, em Chiavenna, por três moças, duas de 17 anos e uma de 16, durante um rito satânico.

Enquanto morria, encontrou forças para rezar pelas jovens e perdoá-las. Esta informação foi revelada nos interrogatórios às assassinas, que disseram que Ir. Maria Laura disse antes de morrer: “Senhor, perdoa-lhes”.

A primeira ideia do assassinato não era 19 facadas, mas 18, seis cada uma pelo "número da besta" (666) de que fala o livro do Apocalipse.

Originalmente, o alvo do ritual satânico era um sacerdote, Mons. Ambrogio Balatti, que era o arcipreste de Chiavenna San Lorenzo. As jovens desistiram de matá-lo porque viram que ele era grande e isso as complicaria. Por isso, finalmente, decidiram matara a religiosa a quem vigiaram por vários meses, de acordo com um meio de comunicação local.

Em 6 de junho de 2000, a religiosa recebeu um telefonema no convento por volta das 23h50, em que uma jovem lhe pedia ajuda. Irmã Maria Laura informou ao arcipreste, Mons. Ambrogio, que ia encontrar a menina.

Conforme descreveu outro jornal local, o ataque começou com um golpe de tijolo na cabeça de Ir. Maria Laura e, durante o homicídio, tocavam algumas canções de Marilyn Manson, um polêmico músico norte-americano que tem entre seus álbuns um intitulado "Anticristo Superstar".

As jovens esfaquearam a religiosa com uma faca de cozinha depois de passar várias horas bebendo cerveja em um bar de uma pequena cidade.

Ambra Gianasso, Milena De Giambattista e Verónica Pietrobelli foram declaradas culpadas da morte e condenadas à prisão.

Alguns anos depois, saíram da prisão e participaram de programas de serviço comunitário. Agora, com novas identidades, puderam reconstruir suas vidas.

Ambra estudou direito na universidade, Verónica coordena uma creche, é casada e tem dois filhos, e Milena esteve em uma comunidade para viciados coordenada por Pe. Antonio Mazzi.

De fato, Pe. Mazzi disse que Milena "tem plena consciência do que fez e que ao mesmo tempo está arrependida e convicta de que pode renascer e se recuperar".

De acordo com a mídia local, Milena foi a única das três jovens que voltou uma vez a Chiavenna para ser testemunha no casamento de sua irmã, fato que gerou muitas polêmicas.

Por sua vez, os sobrinhos de Irmã Maria Laura, Stefano e Marcellina Mainetti, destacaram que a futura Beata perdoou suas assassinas e disseram que se unem “à oração e à memória de quem a amou”.

“O vazio que deixou em nossa família continua intransponível hoje. A memória dela vive em nossos corações. Foi uma pessoa acolhedora e devota, dedicou-se sem reservas aos outros. Deixou uma marca indelével na vida de todos aqueles que a conheceram”, disseram os filhos de Giovanni, irmão da religiosa.

Além disso, o Bispo de Como, Dom Alessandro Maggiolini destacou que “as pessoas simples já perceberam uma aura de santidade” e acrescentou que “não é por acaso que se entregam a Deus por intercessão desta vítima e que enfeitam o local do crime com flores frescas”.

Foi o que indicou Dom Maggiolini no prefácio do volume “Maria Laura Mainetti. A Irmã de Chiavenna”, escrita em 2005 por Ir. Beniamina Mariani, e que inclui vários testemunhos, como o de Milena.

Milena escreveu também à comunidade das religiosas de Chiavenna e reconheceu que “nós a enganamos com uma armadilha e depois a matamos e, enquanto fazíamos isso, ela nos perdava”.

“Eu só posso manter uma memória de amor dela. Além disso, isso me permitiu acreditar em algo que não é Deus nem Satanás, mas uma simples mulher que venceu o mal”, assinalou Milena, acrescentando que “agora encontro nela consolo e graça para suportar tudo. Sempre rezo e tenho certeza de que ela vai me ajudar a ser uma pessoa melhor”.

Por sua vez, a superiora geral da congregação, Ir. Ketty Hiriart-Urruty, disse em uma carta enviada a todas as irmãs da congregação para anunciar a morte de Ir. Maria Laura que, “da vida desta irmã brota um manancial, um jorro de vida evangélica”, e acrescentou que “este manancial nos fala da nossa consagração, da nossa vida ofertada à Trindade, do nosso desejo de nos identificarmos com Jesus Cristo, da nossa opção pelos mais pobres, das feridas da vida”.

“Isso nos leva às origens da Congregação. Demonstrou que o nosso carisma está vivo e é muito atual… Com este estilo de amor e de entrega, deu-se a si mesma, sem cálculos, exatamente como quem sabe que tudo o que possui é dom de amor, que deve ser compartilhado e fazer frutificar”, advertiu Ir. Ketty Hiriart-Urruty.

Entre os testemunhos das religiosas de sua Congregação, Ir. Beniamina Mariani destacou que “nutria uma predileção particular pelos jovens. Sentia-se à vontade com eles e gostava e sentia prazer nos encontros programados e nos casuais”. “Só Deus pode saber o quanto se sacrificou pelos jovens!”.

“Encontros, colóquios, acampamentos, jornadas mundiais da juventude, catequese, acompanhamento individual”.

Em um de seus escritos, Ir. Maria Laura Manietti rezou: “Dá-me os teus sentimentos, Jesus, os sentimentos das Bem-aventuranças: o pobre que se confia, se abandona, o filho que se sente amado, a aflição que é a participação na vida de Cristo e é salvação, a misericórdia, a benevolência, a pureza de corpo e coração, a humildade”.

Irmã Maria Laura, cujo primeiro nome era Teresina, nasceu em Colico, Lecco (Itália), em 20 de agosto de 1939.

No momento de sua morte era superiora da Comunidade das Filhas da Cruz, no Instituto Maria Imaculada de Chiavenna.

A Santa Sé promulgou o decreto de beatificação em 19 de junho.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

O que disse “Francesco” e o que realmente disse o Papa Francisco sobre homossexuais

Captura do documentário "Francesco" com legendas originais.

Vaticano, 22 out. 20 / 05:00 pm (ACI).- ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI – comparou a longa entrevista original que o Papa Francisco concedeu à reconhecida vaticanista mexicana Valentina Alazraki em maio de 2019 com as cenas usadas pelo cineasta Evgeny Afineevsky. A primeira conclusão foi que a entrevista original foi massivamente editada, mas ao contrário do que diz Pe. Antonio Spadaro, a frase em que o Santo Padre apoia uma lei de convivência civil para casais homossexuais nunca viu a luz e segue sendo a surpresa do documentário.

Em “Francesco”, Afineevsky apresenta o Papa Francisco dizendo: “Os homossexuais têm o direito de fazer parte da família. Eles são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou ter uma vida miserável por causa disso. O que precisamos é criar uma lei de convivência civil. Dessa forma, eles estarão cobertos pela lei. Eu defendi isso”.

https://twitter.com/i/status/1319007001742028800

Entretanto, segundo a comparação dos vídeos, Afineevsky teria feito uma peculiar edição das palavras do Papa, pois esta é a resposta completa do Pontífice e o cineasta utilizou em sua edição apenas o texto em negrito:

“Fizeram-me uma pergunta em um voo, depois me deu raiva, me deu raiva por causa da forma como um meio transmitiu, sobre a integração familiar das pessoas com orientação homossexual. Eu disse: os homossexuais têm direito de estar na família, as pessoas que têm uma orientação homossexual têm direito de estar na família e os pais têm o direito de reconhecer esse filho como homossexual, essa filha como homossexual, ninguém deve ser expulso ou ter uma vida miserável por causa disso.

Outra coisa é, disse, quando se vê alguns sinais nas crianças que estão crescendo e então mandá-los – eu deveria ter dito profissional – me saiu psiquiatra, quis dizer um profissional porque às vezes há sinais na adolescência ou pré-adolescência que não se sabe se são de uma tendência homossexual ou se é que a glândula timo não se atrofiou com o tempo, vai saber, mil coisas. Então, um profissional. Título desse jornal: ‘o Papa manda homossexuais ao psiquiatra’. Não é verdade.

Fizeram-me essa mesma pergunta outra vez e eu repeti: eles são filhos de Deus e têm direito a uma família e tal, outra coisa é, e eu expliquei que me equivoquei naquela palavra, mas quis dizer isso quando notam algo raro, oh é raro. Não, não é raro. Algo que é fora do comum. Ou seja, não tomar uma palavrinha para anular o contexto. Aí, o que eu disse é, tem direito a uma família e isso não quer dizer aprovar os atos homossexuais”.

Esta resposta do Papa pode ser vista na íntegra a partir do minuto 56 da entrevista.

A parte final de sua declaração: “O que precisamos é criar uma lei de convivência civil. Dessa forma, eles estarão cobertos pela lei. Eu defendi isso”, nunca havia sido divulgada pela Televisa antes e constitui a novidade de “Francesco”. A expressão "convivência civil" foi traduzida pela equipe de Afineevsky como "civil union".

https://youtu.be/Yq7uyYJvjNg

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

A forma do batismo: somente por imersão? (Parte 10/12) – Os Padres Apostólicos e os historiadores protestantes

Veritatis Splendor

OS PADRES APOSTÓLICOS E OS HISTORIADORES PROTESTANTES

Os Padres Apostólicos aprovavam o batismo por infusão?

Assim como há casos onde os Padres Apostólicos falam a favor do batismo por imersão, também nos falam sobre a infusão (e não contrariamente).

Comecemos pela Didaqué.

“Didaqué” é uma palavra grega que significa “Ensinamento”. O título completo da obra é “A Instrução do Senhor aos gentios através dos Doze Apóstolos”, ou, de forma resumida, “A Doutrina dos Doze Apóstolos”.

É considerada como um dos documentos mais importantes da Igreja primitiva. Ainda que não se saiba com exatidão a data de sua composição, alguns autores opinam que foi escrita entre os anos 50 e 70.

O que ensina este importante documento sobre o batismo nos primeiros anos da Igreja? Vejamos:

  • “Quanto ao batismo, batizai assim: depois de terdes ensinado o que precede, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, em água corrente; se não houver água corrente, batize-se em outra água. Se não puder ser em água fria, faça-se em água quente. Se não tiverdes o bastante, de uma ou de outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Antes do Batismo, jejuem: o batizante, o batizando e outras pessoas que puderem. Ao batizando, entretanto, mandarás jejuar um ou dois dias antes” (Didaqué 7,1-4).

Pois bem: a Didaqué nos mostra aqui que nos primeiros anos da Igreja o batismo já era aplicado por imersão e por infusão, sem problema nenhum. De modo que para os primeiros cristãos, o significado da palavra não estabelecia uma maneira fixa para a administração do sacramento, podendo este variar segundo as circunstâncias.

São Cipriano (ano 250), Bispo de Cartago, Santo e Mártir da Igreja, importante autor do Cristianismo primitivo, em seus diversos escritos, conservados em latim, nos informa que já nos primeiros anos da Igreja se batizava também por aspersão ou infusão, pois no caso dos doentes e agonizantes, a imersão se tornava impossível e o sacramento era então conferido por uma das outras formas. Isto era tão sabido que a infusão ou aspersão recebiam o nome de “batismo dos enfermos” (“baptimus clinicorum”). São Cipriano declara que esta forma é válida (Ep. 76).

São Justino Martír (100-168), em seus escritos, chama o batismo de “lavatório”, “banho”; inclusive, cita o Profeta Isaías, dando-nos a entender que o batismo implementado por São Justinho seguia a forma judaica, por aspersão.

  • “E também é dito no Profeta Isaías o modo como podiam se livrar dos pecados aqueles que, tendo pecado, se arrependeram: ‘Lavai-vos; tornai-vos puros; tirai as maldades das vossas; aprendei a fazer o bem’ [Isaías 1,16ss]. (…) Invoca-se sobre aquele que se determinou regenerar, e se arrependeu dos seus pecados, estando ele na água, o nome do Pai de todas as coisas e Senhor Deus, o único nome que invoca aquele que conduz a este lavatório aquele que há de ser lavado (…) Este banho é chamado ‘iluminação’, para dar a entender que são iluminados aqueles que aprendem estas coisas” (1ª Apologia 61).

Tertuliano (155-220) nos diz que não importa onde batizemos, seja um rio, um tanque ou através de um recipiente; e que tem o mesmo valor os batismos feitos por Pedro no rio Tibre quanto o que fez Felipe encontrando por acaso água no deserto. O importante é ter água para que sejam “lavados” (De Baptismo 13).

E o que dizem os historiadores protestantes sobre a forma do batismo nos primeiros anos da Igreja? Vamos ver então como os próprios historiadores protestantes reconhecem que já na Igreja primitiva, o batismo por infusão já era um costume:

  • “O batismo por imersão era em todas as partes o rito de iniciação da Igreja, não obstante já haver menção definida, no ano 120, de que o batismo por infusão já era um costume” (Jesse Lyman Hurlbut, “Historia de la Iglesia”, p. 41).
  • “Quanto ao método de batismo, é provável que a forma original fosse a imersão, total ou parcial. Nisto implicam passagens como Romanos 6,4 e Colossenses 2,12. As gravuras das catacumbas parecem indicar que a imersão nem sempre era completa. A evidência mais completa é a doutrina [da Didaqué]: ‘Se não puder ser em água fria, faça-se em água quente. Se não tiverdes o bastante, de uma ou de outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo’. A infusão já era, portanto, uma forma reconhecida de batismo. Cipriano a apoiava cordialmente” (Williston Walker, “Historia de la Iglesia Cristiana”, p. 96).
Veritatis Splendor

S. JOÃO DE CAPISTRANO, PRESBÍTERO FRANCISCANO, PADROEIRO DOS CAPELÃES MILITARES

S. João de Capistrano, Giovanni di Bartolomeo 

Capistrano, na região italiana de Abruzzo, é a cidade natal de João, filho de um barão alemão, que logo se transferiu a Perugia para estudar Direito. Fez carreira, rapidamente: foi jurista e governador da cidade; mas, com a ocupação da cidade pela família Malatesta, foi preso. Na prisão, descobriu que o Senhor o chamava; quando saiu da cadeia, tornou-se sacerdote da Ordem dos Franciscanos Menores.

Pregação na Itália

No convento franciscano, João dedicou-se à pregação, à defesa da ortodoxia católica e à reforma da Ordem, começando por dentro. Suas pregações, sobretudo no Advento e Quaresma, inflamavam as pessoas, obtinham conversões, renovavam espiritualmente os povos que o ouviam. Naquele período, João conheceu Bernardino de Sena, que também era franciscano, do qual foi muito amigo. Bernardino falou-lhe sobre a sua devoção particular ao Nome de Jesus, condensada na sigla IHS, isto é, "Jesus Salvador dos homens". João defendeu-o das acusações de heresia e também se comprometeu em desmascarar o "fraticelismo", a prática de divulgar doutrinas disfarçadas pela Regra Franciscana, declaradas heréticas pela Igreja. Por isso, João de Capistrano é considerado um dos maiores reformadores da Ordem, a ponto de ser chamado "Coluna da Observância". Foi encarregado também de combater a prática da usura.

"Apóstolo da Europa unida"

Em 1453, deu-se a queda de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. O sentimento de ameaça ao Cristianismo torna-se gigantesco, devido ao avanço irrefreável do Islamismo e dos Turcos: para muitos, isto começou a ser uma preocupação forte e concreta. João foi à Áustria, com 12 companheiros, a pedido do Papa Nicolau V, para evangelizar aquelas terras europeias mais descuidadas e combater as heresias, que se propagavam, mas logo tudo isso passou em segundo lugar. Dedicando-se totalmente à causa do Evangelho, começou a viajar pela Europa central, na tentativa de recrutar homens. De fato, teve grande repercussão entre as populações húngaras, as mais expostas às ameaças dos Turcos. Então, à frente de um exército de cinco mil homens, partiu para Belgrado, com o objetivo de romper o cerco da cidade da frota fluvial, comandada por Maomé II. Uma semana depois, conseguiu vencer a guerra, que transformou o idoso frade em general vitorioso. No caminho de volta, porém, exausto pelo cansaço e por ter contraído a peste, João de Capistrano morreu no convento de Ilok, atual Croácia, em 23 de outubro de 1456. Foi canonizado por Alexandre VII, em 1690, e, desde 1984, proclamado Padroeiro dos Capelães militares.

Oração dos capelães militares ao seu Santo padroeiro:
Ó glorioso São João, homem de Deus e da Igreja,
animador de multidões audazes,
nós, capelães militares das Forças Armadas da Terra,
do Céu e do Mar,
pedimos-te, com o mesmo ardor que tinhas,
quando invocaste o Senhor,
para guiar teus homens e salvaguardar a civilização cristã.
Nós também, por dever sagrado para com Deus e nosso país,
somos chamados a ajudar as novas gerações
na busca e defesa dos valores supremos da justiça e da paz.
Ensina-nos a amar nossos soldados, como tu os amaste,
a senti-los mais próximos, mais que irmãos, e
a compreendê-los em suas aspirações humanas e espirituais.
Ajuda-nos a levar ao coração das nossas tropas, a tua mesma paixão de fé e a integridade do nosso testemunho.
É o que os homens das Armas nos pedem e devemos lhes oferecer.
Portanto, recorremos a ti, nosso Padroeiro celeste;
a ti rogamos, Apóstolo seráfico e, pelos teus merecimentos, esperamos os Dons do Espírito. Amém

Vatican News

S. SEVERINO BOÉCIO, FILÓSOFO ROMANO E MÁRTIR

Só Filosofia

Há pessoas que buscam a verdade por toda a vida, mas há outros que até estão dispostos a morrer, como mártires, pela única Verdade. Mânlio Torquato Severino Boécio pertencia a esta segunda categoria. Descendente da nobre família Anício, foi cônsul e filósofo romano, venerado como santo pela Igreja. Severino é considerado o fundador da Escolástica medieval: seu pensamento já era conhecido por Dante Alighieri, que o chamava "alma santa".

Prisão injusta

Severino Boécio, descendente de uma importante família patrícia, tinha uma carreira promissora: aos 25 anos já era Senador e, depois, único cônsul, desde 510. Casou-se com Rusticiana com a qual teve dois filhos, que, sucessivamente, em 522, também foram cônsules. Em 497, Roma foi invadida pelos Ostrogodos de Teodorico. Na época, Boécio destacava-se entre os romanos cultos, que acreditavam na coexistência e na possibilidade de um encontro entre as duas culturas. No início, Teodorico o estimava e lhe pedia conselhos, porque, tendo escrito muito sobre lógica, matemática, música e teologia, era um homem influente na sociedade de então. Porém, aconteceu que, por defender um amigo, o senador Albino, Severino Boécio foi acusado de corrupção, pelo próprio Teodorico, que - como Ariano e Bárbaro - temia que ele tivesse maior propensão pelo imperador bizantino, Justiniano. Por este motivo, foi exilado e encarcerado em Pavia, onde foi executado em 23 de outubro de 524.

Consolação do pensamento

Na penitenciária, Severino Boécio sabia que estava cumprindo uma sentença injusta, por isso buscava luz, consolação, sabedoria. Tudo começou com uma reflexão sobre a justiça humana, na qual, muitas vezes, havia muitas injustiças reais, como no seu caso. Daí, continuou a escrever: na prisão se dissipam os bens aparentes, mas abrem alas aos bens autênticos, como a amizade ou o Bem superior ou Sumo Bem, que é Deus. Deus não o abandonou e não lhe permitiu cair no fatalismo e aniquilar a esperança; pelo contrário, ensinou-lhe que a Providência, que tem um rosto, governa o mundo. Assim, o condenado à morte podia dialogar com o rosto de Deus, através da oração, e alcançar a salvação. Eis, em poucas palavras, o conteúdo de sua obra-prima, “De consolatione philosophiae”. Nesta obra, utilizando um gênero literário amado pela antiguidade tardia, recorreu à consolação do pensamento, como recurso para o seu drama existencial. Dito isso, a consolação de Deus veio logo ao seu encontro: em primeiro lugar, quem estava só, consigo mesmo, não podia se definir em exílio; a seguir, começou a pensar, não no que havia perdido, mas no que lhe restava. Daí, passou a compreender que a felicidade só pode ser encontrada com a sua projeção para o infinito, ou seja, na dimensão própria de Deus. Da mesma forma, a liberdade do homem se realiza somente quando ele permanece vinculado ao plano que a Providência lhe reservou. Logo, jamais deveria se conformar com a condição de sofrimento em que se encontrava, mas tender, sempre e a todo custo, ao Sumo Bem, a Deus. Eis o ensinamento mais autêntico de todos os mártires!

Vatican News

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

"Vou com com o coração aberto", diz novo Arcebispo de Brasília

Crédito Diocese de São Carlos |Divulgação
por Ana Maria da Silva

Em entrevista ao Correio, Dom Paulo Cezar compartilha as expectativas para a nova missão confiada pelo Papa Francisco

Por meio de uma nunciatura apostólica, a vida de Dom Paulo Cezar Costa seguiu novos rumos. Carioca natural de Valença, o religioso carrega em si 53 anos de muita fé e grandes aprendizados, e poderá desfrutar de mais uma missão a partir de dezembro, mês previsto para sua posse como novo arcebispo de Brasília. “O papa me pede pra partir e eu, com liberdade no coração, disse ‘sim’. Sempre ouvi, na voz dos superiores, a voz de Deus, e, através do pedido do papa, vejo um novo projeto de Deus para mim, agora nessa grande, jovem e desafiadora cidade que é Brasília”, diz, em entrevista ao Correio.

Nomeado bispo pelo papa Bento XVI em 24 de novembro de 2010 e ordenado em 5 de fevereiro de 2011, em sua cidade natal, Dom Paulo escolheu como lema de sua ordenação episcopal a frase “Tudo suporto pelos eleitos”. Ele diz que pretende doar o melhor de si para alcançar esse objetivo também em Brasília. “Vou com a disposição de dialogar com os poderes executivo, legislativo e judiciário, e com a disposição de construir aquilo que papa Francisco chama de a cultura do encontro”, ressalta.

Graças aos ensinamentos do sumo sacerdote, o novo arcebispo diz que enxerga no diálogo a chave para a solução dos grandes problemas enfrentados hoje pela a sociedade. “Ele sempre diz que através do diálogo é possível construir pequenos e grande projetos de uma vida em sociedade. Todos ganham quando uma sociedade dialoga, quando os diversos atores de uma sociedade são capazes de sentar juntos. Vou com a disposição de construir a cultura do diálogo, do encontro com a sociedade, e de ser presença do bom pastor do nosso amado povo, dos católicos da diocese de Brasília", garante.

Expectativas

A empolgação pela nova etapa da jornada eclesiástica é consequência das grandes experiências adquiridas ao longo dos anos. “Levo comigo uma bagagem”, avisa. Dom Paulo Cezar foi pároco em diferentes igrejas de sua cidade natal e estudou em Roma. Tornou-se vice-presidente do comitê organizador da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Brasil, em 2013, quando teve a oportunidade de conviver com o sumo pontífice. Em 2016, tornou-se bispo de São Carlos (SP), quando administrou cerca de 120 paróquias, com 149 padres e aproximadamente um milhão de fiéis.

Agora, faz as malas para ser recebido pela capital federal. O intuito, segundo o religioso, é conduzir a arquidiocese com reverência. “Eu pretendo entrar na diocese de Brasilia com muito respeito. É uma igreja jovem, mas que já possui sua tradição, que tem uma caminhada. Então, pretendo conhecer, encontrar as pessoas, pastorais, movimentos e instituições”, diz. Para isso, o religioso diz que contará com a ajuda de sua “bagagem”, como ele mesmo diz. “É claro que levo também toda uma bagagem comigo. Uma experiência que eu tive na universidade, no meio acadêmico, na minha diocese de origem e que tive agora em São Carlos. Vou com a disposição de também dar algo”, ressalta.

Ao ser questionado quanto à maneira que pretende conduzir a igreja de Brasília, Dom Paulo diz que pretende seguir o exemplo de papa Francisco. “Vou com o intuito de fazer aquilo que ele [papa Francisco] tem pedido para a igreja. De fazer com que a igreja Brasília - que já é viva - seja cada vez mais uma igreja missionária, evangelizadora. Que vá ao encontro das periferias urbanas e das periferias existenciais. Uma igreja que vá ao encontro de todos”, explica.

Momento de espera

Aos fiéis brasilienses, o sacerdote deixa uma mensagem de esperança: “Peço que me esperem em uma atitude de oração, de abertura. Vou com o coração aberto, disposto a entrar na vida desta igreja com muito respeito. Vou na disposição de ser bom pastor pra vida desse povo, com a disposição de encontrar os diversos setores da vida dessa cidade, das cidades satélites. E de também ouvir e dar a minha contribuição. De caminharmos juntos para que assim possamos construir pequenos e grandes projetos”, diz.

Com humildade, Dom Paulo pede: “Vou com o coração aberto e peço que também me acolham com o coração aberto. Eu acredito muito na força da oração, então me esperem pedindo a Deus que eu possa ser presença do bom pastor na vida dessa diocese, desse povo. Pedindo que eu possa realizar a vontade de Deus”, solicita.

Despedida

Já com saudades da então cidade que o acolheu ao longo dos últimos quatro anos anos, Dom Paulo garante que, independentemente da distância física, o coração sempre irá lembrar de São Carlos. “Eu amei São Carlos e fui amado pelo clero, pelo povo. Construí um relacionamento bonito com as autoridades, com os poderes constituídos, um relacionamento de respeito. Todos continuarão no meu coração depois que partir para Brasília. Rezarei sempre por eles”, afirma.

Apesar da saudade, o religioso garante entrega e doação a sua nova missão. “Quando eu vou, vou por inteiro. Mas as saudades, as amizades, a vasta experiência que eu adquiri aqui [em São Carlos] continuarão comigo. Espero que o que construímos ao longo destes anos engrandeça a igreja de São Carlos. Vou com totalidade para me doar com totalidade na vida dessa grande e jovem igreja de Brasília”, despede-se.

Jornal Correio Braziliense

No Egito, sobe para 1738 o número de igrejas cristãs legalmente reconhecidas

Guadium Press
No Egito, uma lei de 1934 proibia  a construção de novas igrejas próximas a escolas, canais, prédios governamentais, ferrovias e áreas residenciais.

Cairo – Egito (20/10/2020, 15:15, Gaudium Press) Através de um decreto recentemente assinado pelo governo egípcio, 45 igrejas e 55 edifícios contíguos a elas foram reconhecidos como tendo plena observância com as disposições que regem a construção de locais de culto cristão no país.

Com esse reconhecimento legal aumenta para 1738 o número de igrejas e edifícios eclesiásticos agora legalizados pelo governo. Eles haviam sido construídos sem as licenças necessárias impostas pelo processo de “legalização” de igrejas no passado.

Autoridades egípcias legalizam igrejas cristãs e mostram desejo de regularização das igrejas cristãs

As providências tomadas pelas autoridades competentes confirmam a adequação integral das igrejas cristãs às normas para a construção de tais edifícios e demonstram a determinação com que as autoridades egípcias realizam o projeto de regularização das igrejas.

Nas últimas décadas, muitas igrejas e capelas foram construídas espontaneamente por todo o Egito, sem a autorização que o Estado exige.

E, agora, esses mesmos edifícios, erguidos por comunidades cristãs locais, estão sendo usados por grupos islâmicos como pretexto para a violência sectária.

A aplicação estrita dessa Lei de 1934 impediu a construção de igrejas em cidades e vilas habitadas por cristãos

A atual lei sobre locais de culto de agosto de 2016 representou um passo objetivo para as comunidades cristãs egípcias se forem comparadas às chamadas “10 regras” adicionadas em 1934 à legislação otomana pelo Ministério do Interior.

Essa lei de 1934 proibia, entre outras coisas, a construção de novas igrejas próximas a escolas, canais, prédios governamentais, ferrovias e áreas residenciais.

Em muitos casos, a aplicação estrita dessas regras impediu a construção de igrejas em cidades e vilas habitadas por cristãos, especialmente nas áreas rurais do Alto Egito. (JSG)

https://gaudiumpress.org/

Cisma na Igreja Alemã? A opinião de 3 cardeais

Cardeal Rainer Woelki,
Arcebispo de Colônia

Redação (20/10/2020 08:40Gaudium Press) Edward Pentin, do National Catholic Register, consultou a opinião de 3 cardeais alemães sobre a possibilidade de que, boa parte da Igreja na Alemanha incorra em cisma, pelo desejo de vários de seus bispos de compartilhar a comunhão com os protestantes, reabrir o debate sobre a ordenação de mulheres, entre outros temas, debatidos no chamado Caminho Sinodal – neste programa de reforma, de duração de dois anos, participam bispos, sacerdotes e leigos da Igreja alemã, que questionam os ensinamentos da Igreja sobre fé e moral.

O tema do ‘cisma’ foi levantado pelo Cardeal Woelki em setembro passado

Este temor de um cisma foi alimentado também pelas declarações, em setembro passado, do Cardeal Rainer Woelki, Arcebispo de Colônia, que advertiu que “o pior resultado será se o Caminho Sinodal conduzir ao cisma”, e que  “pior ainda” será se uma “igreja nacional alemã for criada aqui”.

Em declarações ao jornal Register, o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Gerhard Muller, afirmou que o pensamento predominante na Igreja da Alemanha e em boa parte de seus bispos é mais característico do modernismo do que do protestantismo: “Eles querem corrigir a Palavra de Deus. Eles querem se sobrepor a ela, ser superiores à Palavra de Deus … Eles querem ensinar Roma”.

O Cardeal Muller declarou que a Igreja Alemã está contaminada por um “pensamento político, um pensamento mundano”.

No entanto, o cardeal acredita que esse processo continuará por um tempo indefinido e que é pouco provável que os bispos alemães rejeitem qualquer censura do Vaticano. Eles farão um ‘teatro’ e, de forma não oficial, continuarão seu caminho se padres e paróquias adotarem novas posições contrárias ao ensinamento da Igreja. “Oficialmente, eles [os bispos] dirão ‘Não’ a tais mudanças, mas , na verdade, adotá-las-ão”, previu o Cardeal.

Se o cisma da Igreja alemã for declarado, esta “perderia toda a influência na Igreja Católica”, de modo que os bispos não se arriscarão”, declarou o cardeal Muller.

Cardeal Cordes

Por sua vez, o cardeal Paul Cordes, presidente emérito do Pontifício Conselho Cor Unum, também vê o cisma como “na verdade, improvável”, pois isso implicaria uma recusa formal de “subordinação ao Papa”.

No entanto, o Cardeal assinalou, em declarações semelhantes as do Cardeal Muller, que vê a Igreja de seu país aberta ao “espírito dos tempos”, bem como ao “vírus teológico” do secularismo que “infecta a Verdade da fé”.

O cardeal Cordes afirmou que Deus “não dita novas mensagens teológicas à Igreja por meio de acontecimentos históricos ou necessidades terrenas”. Qualquer observação dos “sinais dos tempos”, disse ele, deve ser interpretada “à luz da eterna Palavra de Deus”, e não o contrário.

Quando o Register abordou este tema com Cardeal Woelki, ele afirmou estar “muito preocupado com algumas das ideias que estão sendo promovidas no âmbito do chamado Caminho Sinodal que comprometem o ‘vínculo de unidade’ com o Papa e a Igreja universal”.

O purpurado considera que a Igreja da Alemanha ainda está unida a Roma, mas adverte que “quem promove a ordenação de mulheres ou exige um debate ‘aberto’ sobre mulheres sacerdotes ou diáconos, por exemplo, só está aprofundando as divisões entre os católicos na Alemanha, assim como aprofunda as divisões entre nós e os católicos do mundo inteiro ”.

A “opção chilena”

Pentin declara que alguns funcionários do Vaticano têm discutido a possibilidade de estudar a aplicabilidade do que se convencionou chamar de “opção chilena”, para solucionar problemas pela raiz, aludindo ao oferecimento de renúncias em massa dos bispos deste país, após os escândalos de abuso sexual de membros do clero que chocaram a sociedade chilena em 2018.

A sugestão é que os bispos alemães sejam convidados a oferecer uma renúncia em massa ao Papa, enquanto se examina sua conformidade privada e pública com o magistério da Igreja.

Com informações de National Catholic Register

https://gaudiumpress.org/

Professores: Educação é uma questão de material humano

sebra | Shutterstock
por Francisco Borba Ribeiro Neto

Existem 3 formas de valorizar um profissional: bom pagamento, boas condições de trabalho, reconhecimento social.

No dia 15 de outubro, aqui no Brasil, foi celebrado o Dia do Professor. Particularmente nesse ano, em que o Papa Francisco lançou a proposta do Pacto Educativo Global, vale a pena fazer uma reflexão sobre a situação dos educadores em nosso País. A leitura de dois artigos em particular, pode ser interessante. Um se refere ao fato do Brasil, em pesquisas internacionais, liderar o ranking mundial de violência contra professores. Outro comenta os frequentes casos de doenças nervosas e transtornos mentais entre docentes.

Sem entrar no detalhamento das duas questões, interessa notar as más condições de trabalho encontradas por educadores e educandos na maior parte das escolas brasileiras, principalmente nas públicas. Além dos problemas materiais, os docentes encontram também dificuldades oriundas da falta de reconhecimento, das dúvidas e incertezas que pairam com relação a sua atuação, da falta de integração entre família e escola.

A valorização do profissional

Educação é uma questão de material humano, professores e alunos são gente e como tal precisam de incentivo, apoio, formação, acompanhamento, cobranças e – por que não dizer? – amor. Mas nosso sistema educacional (com poucas e louváveis exceções) é muito mais um castigo cotidiano ao qual se submetem professores e alunos do que um espaço de valorização do material humano que eles representam.

Existem 3 formas de valorizar um profissional: bom pagamento (o ídolo de nossos tempos), boas condições de trabalho (a quase perdida satisfação de saber que se fez um trabalho bem feito), reconhecimento social (aquela gratidão com a qual o outro nos comove e mostra o valor de nosso esforço). O professor médio hoje não recebe nenhum destes estímulos.

A contribuição das famílias

O que cada um de nós e nossas comunidades podem fazer nesse contexto? Às vésperas de uma nova eleição, sempre vale a pena lembrar de buscar candidatos que se comprometam com a melhoria da educação, trabalhando para dar condições de trabalho e remuneração justa aos professores – e depois acompanhar a atuação dos eleitos, para ver o que estão fazendo nesse sentido. Mas existem outras práticas importantes.

Em primeiro lugar, famílias e professores devem ser parceiros e colaboradores ativos uns com os outros. Debates ideológicos estéreis tentaram criar uma divisão inexistente, na prática, entre a educação para os valores (que seria atribuição da família) e o ensino de conteúdos e habilidades (que aconteceria na escola). Quem ensina, além de apresentar ideias e desenvolver habilidades, demonstra os valores que pratica com seu exemplo. Isso é impossível de evitar, tanto na família quanto na escola. Além disso, se os professores se omitissem de sua missão formativa, deixariam as famílias ainda mais sozinhas diante da influência das mídias sociais, da propaganda e das mais inconsequentes ideologias. Afinal, professores também são pais e mães, sentem-se comprometidos com seus alunos e, via de regra, têm uma visão de mundo próxima daquela das famílias de seus alunos. Já as outros possíveis influências que os alunos podem receber costumam estar muito menos comprometidos com o desenvolvimento integral dos jovens.

Além disso, é importantíssima toda a colaboração que for dada para tornar a escola mais humana e acolhedora. Muitas vezes se criou um antagonismo entre os gestores das escolas e a comunidade na qual elas estão inseridas. As reuniões só servem para reclamações mútuas ou cumprimento de formalidades burocráticas. Isso é muito mal. As realidades mais bem sucedidas na educação dos jovens costumam ter uma grande sintonia entre famílias e escola, com reconhecimento e valorização de ambas as partes.

Nesse sentido, nossas comunidades cristãs podem ajudar muito. São lugares onde os pais podem conversar para entender o que se passa na escola, discutirem seus receios e suas incertezas, pensarem juntos em formas de colaboração no processo educativo de seus filhos e em como caminhar junto com a escola, em seu bairro e em sua cidade. Os professores muitas vezes participam da comunidade cristã e aí o apoio a eles, em seus momentos difíceis, se torna ainda mais significativo.

A “vocação” do educador

Fui professor e formei professores durante a maior parte da minha vida. Venho de uma tradição familiar de professores: mãe, tios e tias, primos e primas contaminados pelo “vírus” do magistério. Ser professor é como uma doença incurável, uma janela de realização humana que pode até se fechar, mas uma vez vislumbrada nunca será esquecida.

Para os professores, é fundamental distinguir essa dimensão pessoal de seu trabalho das condições institucionais nas quais ele se desenvolve. Os salários podem ser baixos, as escolas podem ser precárias, os alunos podem ser rebeldes – mas o amor e a dedicação que devotamos a eles não depende dessas condições exteriores. Procuramos fazer o melhor que podemos não pela recompensa ou pela valorização eu recebemos do ambiente em torno, mas pela realização pessoal que o próprio magistério nos dá.

Infeliz do professor que tiver esquecido essa verdade. Será o mais expropriado de todos, pois além de todas as dificuldades materiais, terá perdido também um pouco da própria alma.

Aleteia

Vaticano e China renovam Acordo Provisório para nomeação de Bispos

Católicos chineses no Vaticano durante uma audiência.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 22 out. 20 / 08:51 am (ACI).- A Santa Sé e a República Popular da China decidiram prorrogar por mais dois anos o Acordo Provisório para a Nomeação dos Bispos, aprovado em 22 de setembro de 2018 em Pequim, e que expirava na quinta-feira, 22 de outubro.

Em um comunicado divulgado pela Sala de Imprensa do Vaticano, informa-se que “A Santa Sé, acreditando que o início da aplicação do Acordo mencionado - de valor eclesial e pastoral fundamental - foi positivo, graças à boa comunicação e colaboração entre as Partes no assunto acordado, e está intencionada em continuar o diálogo aberto e construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo chinês”.

Em virtude do Acordo, a Santa Sé readmitiu na plena comunhão eclesial os bispos “oficiais” ordenados sem mandato pontifício na China.

Apesar desse acordo, o regime comunista chinês não abandonou a perseguição religiosa contra os católicos em diferentes partes do país.

No entanto, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, destacou em declarações à imprensa os benefícios do Acordo que, segundo afirmou, permitiu à Igreja alcançar a unidade na China e que não haja Bispos ilegítimos.

Reconheceu, porém, que “ainda existem muitos problemas que o acordo não resolveu, mas esperamos que através do diálogo possamos resolvê-los”.

Em declarações anteriores, que proferiu durante um simpósio sobre liberdade religiosa realizado em 30 de setembro na Embaixada dos Estados Unidos ante a Santa Sé, o Cardeal Parolin explicou que “estamos na política de pequenos passos. Acreditamos em cada resultado, mesmo que não seja chamativo ou marcante, mesmo que à primeira vista pareça não dar grandes resultados. Procuramos dar passos adiante para a afirmação de uma maior liberdade religiosa”.

Da mesma forma, em um artigo publicado hoje em L'Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano, explica-se que a renovação é “uma ocasião propícia para aprofundar os objetivos e motivos”.

“O objetivo principal do Acordo Provisório sobre a nomeação de Bispos na China é apoiar e promover a proclamação do Evangelho naquelas terras, reconstituindo a unidade plena e visível da Igreja”.

Por outro lado, “as principais motivações que têm guiado a Santa Sé neste processo, em diálogo com as autoridades do país, são fundamentalmente de natureza eclesiológica e pastoral”.

O Acordo, prossegue o artigo de L'Osservatore Romano, garante “anto a unidade de fé e comunhão entre os bispos quanto o serviço integral em favor da comunidade católica na China”.

“Atualmente, pela primeira vez em muitas décadas, todos os bispos da China estão em comunhão com o bispo de Roma e, graças à implementação do Acordo, não haverá mais ordenações ilegítimas”, enfatiza o artigo.

Ao mesmo tempo, pontua-se que com o Acordo “não foram tratadas todas as questões ou situações em aberto que ainda suscitam preocupação para a Igreja, mas exclusivamente o tema das nomeações episcopais”.

Após a renovação, o Acordo Provisório entre a Santa Sé e a China permanecerá em vigor até 22 de outubro de 2022.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF