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domingo, 25 de outubro de 2020

Aristides de Atenas: Apologia (Parte 1/2)

Estudos OESI

INTRODUÇÃO

I. Eu – ó Rei – por providência de Deus, vim a este mundo e, tendo contemplado o céu, a tarra e o mar, o sol, a lua e todo o resto, fiquei maravilhado por sua ordem. Porém, vendo que o mundo e tudo o que nele há se move por necessidade, compreendi que Aquele que os move e os mantém [em movimento] é mais que estes. Afirmo, pois, ser Deus que ordenou tudo e o mantém fortemente assim. [Ele] não teve princípio e é eterno; imortal e sem necessidades; acima de todas as paixões e defeitos, da ira, do esquecimento, da ignorância e tudo o mais. Por Ele, todavia, subsiste tudo. Não precisa de sacrifício, nem libação, nem de nada do que existe; porém, tudo necessita Dele.

II. Ditas estas coisas a respeito de Deus, da forma como consegui falar sobre Ele, passemos também ao gênero humano, para saber quais dentre os homens participam da verdade e quais [participam] do erro, pois, para nós – ó Rei – é evidente que há três tipos de homens neste mundo: os adoradores daquilo que vocês chamam “deuses”; os judeus; e os cristãos. Por sua vez, os que adoram muitos deuses se subdividem em também em três gêneros: os caldeus, os gregos e os egípcios, porque estes foram os guias e mestres das demais nações no culto e adoração dos deuses de muitos homens.

OS FALSOS DEUSES DOS CALDEUS

III. Vejamos, pois, quais destes [homens] participam da verdade e quais [partcipam] do erro. Os caldeus, com efeito, por não conhecerem a Deus, se extraviaram por detrás dos astros e passaram a adorar às criaturas no lugar d’Aquele que os havia criado; e fazendo daqueles [astros] certas representações, passaram a clamar às imagens do céu e da terra, do sol, da lua e dos demais astros ou luminares; e, confinando-os em templos, os adoram, dando-lhes nome de deuses, guardando-os com toda a segurança, para que não sejam roubados por ladrões, sem perceber que os que guardam são superiores aos guardados, e os que constroem são superiores às suas próprias obras. Assim, se os seus deuses são impotentes para sua própria salvação, como poderiam oferecer a salvação aos outros? Logo, se extraviaram os caldeus, prestando culto a imagens mortas e inúteis.

E fico maravilhado – ó Rei – como aqueles que são, entre eles, chamados de “filósofos” não perceberam absolutamente que também esses mesmos astros são corruptíveis. Sim, e se os astros são corruptíveis e dominados pela necessidades, como podem ser deuses? E se os astros não são deuses, como poderiam ser [deuses] as imagens feitas em honra deles?

IV. Passemos, portanto – ó Rei – aos próprios elementos, para provar que não são deuses, mas sim corruptíveis e mutáveis, desprovidos de tudo por ordem do Deus verdadeiro, Aquele que é incorruptível, imutável e invisível. Ele tudo vê, tudo muda e transforma como quer. Que posso então dizer dos astros?

Os que crêem que a terra é Deusa se enganam, pois a vemos incomodada e dominada pelos homens, cavada e emporcalhada, tornando-se inútil, porque se não a aduba, converte-se em infértil como uma telha, onde nada nasce. Só que, se for regada em demasia, corrompe-se ela mesma bem como os seus frutos. Ela também é pisada pelos homens e pelos animais; se mancha com os sangue dos assassinatos; é cavada para receber os cadáveres e, assim, se converte em depósito de mortos. Sendo assim, não é possível que a terra seja deusa, mas obra de Deus, para utilidade dos homens.

V. Os que pensam que a água é Deus erram, pois também ela foi feita para a utilidade dos homens e por eles é dominada; fica suja e se corrompe; se altera quando é servida, muda de cor e congela com o frio; é levada para lavar todas as imundícies… Por isso, é impossível que a água seja Deus, mas é obra de Deus.

Os que crêem que o fogo é Deus estão equivocados, pois o fogo foi feito para a utilidade dos homens e por eles é dominado; é levado de um lugar para outros para cozer e assar toda espécie de carnes e até mesmo para cremar cadáveres. Além disso, se corrompe de várias maneiras ao ser apagado pelos homens. Por isso, não é possível que o fogo seja Deus, mas obra de Deus.

Os que crêem que o sopro dos ventos é Deus se equivocam, pois é óbvio que está a serviço de outro e que foi preparado por Deus, em graça aos homens, para mover os navios, transportando os alimentos, e atender às suas demais necessidades; fora isso, aumenta ou cessa pela ordem de Deus. Portanto, não é possível pensar que o vento seja Deus, mas obra de Deus.

VI. Os que crêem que o sol é Deus se equivocam, pois vemos que ele se move por necessidade, muda e altera de signo, pondo-se e nascendo para desenvolver as plantas e ervas em utilidade aos homens; vemos também que possui divisões com os demais astros, que é muito menor que o céu, que sofre eclipses em sua luz e não goza de qualquer autonomia. Por isso, não é possível pensar que o sol seja Deus, mas obra de Deus.

Os que pensam que a lua é Deusa se equivocam, pois vemos que ela se move por necessidade e muda de fase, pondo-se e nascendo para a utilidade dos homens; ela é menor que o sol, cresce, reduz e sofre eclipses. Por isso, não é possível pensar que a lua seja deusa, mas obra de Deus.

VII. Os que crêem que o homem é Deus erram, pois vemos que ele é concebido por necessidade, se alimenta e envelhece ainda contra a sua vontade; às vezes está alegre, outras vezes está triste, e precisa de comida, bebida e roupas; vemos, ainda, que ele guarda raiva, inveja e ambição, muda seus propósitos e tem mil defeitos; corrompe-se também de muitos modos em razão dos elementos, dos animais e da morte que lhe é imposta. Não é, portanto, admissível que o homem seja Deus, mas obra de Deus.

Assim, os caldeus se extraviaram em suas concupiscências, pois adoram os astros, elementos corruptíveis e às imagens mortas, sem compreenderem o que divinizam.

OS FALSOS DEUSES DOS GREGOS

VIII. Vejamos agora também os gregos, para ver se possuem alguma idéia sobre Deus. Os gregos, que dizem ser sábios, mostram-se mais ignorantes que os caldeus, introduziram uma multidão de deuses que nasceram uns do sexo masculino, outros do sexo feminino, escravos de todas as paixões e sujeitos de toda espécie de iniqüidades; são deuses que eles memos afirmam ter sido adúlteros, assassinos, irados, invejosos, rancorosos, parricidas e fratricidas, ladrões e assaltantes, coxos e importunos, feiticeiros e loucos. Destes, uns morreram, outros foram fulminados, outros serviram aos homens como escravos, outros viraram fugitivos, outros sentiram dor e lamentaram, outros se transformaram em animais…

Daí se vê – ó Rei – quão ridículas, absurdas e ímpias palavras introduziram os gregos ao dar o nome de deuses a esses seres que não são [deuses]; assim fizeram seguindo os seus maus desejos, a fim de que, tendo aqueles abrogado suas maldades, pudessem estes [também] entregar-se ao adultérios, ao roubo, ao assassinato e toda a classe de vícios. Ora, se tudo isso fizeram os deuses, por que também não poderiam fazer os homens que lhes prestam culto? Conseqüência, pois, de todas estas obras do erro foi que os homens sofreram guerras contínuas, matanças e cativeiros amargos.

IX. Mas se quisermos recorrer com nosso discurso a cada um de seus deuses, veremos absurdos sem conta. Assim, introduzem, antes de mais nada, um deus chamado Cronos e a estes lhe sacrificam seus próprios filhos; Cronos teve muitos filhos de Rea e, finalmente, tornando-se louco, comeu os seus próprios filhos. Dizem também que Zeus lhe cortou as partes viris e as atirou no mar, donde se conta que nasceu Afrodite. Amarrando Zeus o próprio pai, lançou-o no Tártaro.

Vês o desvio e a imprudência introduzidos contra o seu próprio deus? Como é possível que um deus seja amarrado ou mutilado? Ó insensatez! Quem, em seu são juízo, pode dizer tais coisas?

Depois introduziram Zeus, que dizem ser o rei de todos os seus deuses e que toma a forma de animais para unir-se com mulheres mortais. Com efeito, contam que se tranformou em touro para Europa e Pasfae, em ouro para Danae, em cisne para Leda, em sátiro para Antíope e em raio para Esmele; e que destas nasceram-lhe muitos filhos: Dionísio, Zeto, Anfim, Héracles, Apolo e Artemisa, Perseu, Castor, Helena e Plux, Minos, Radamante, Sarpenden e as sete filhas chamadas “musas”. Logo introduziram igualmente a fábula de Ganímedes… Aconteceu então – ó Rei – que os homens imitaram tudo isto e se fizeram adúlteros e pervertidos, como seu deus, e cometeram toda a classe de atos viciosos. Como é possível conceber que Deus seja adúltero, pervertido e parricida?

X. Com isto, introduziram um certo Hefesto como deus, e este, coxo e empunhando martelo e turquês, passou a ser ferreiro para ganhar a vida. É necessitado? Isto é coisa inadmissível para Deus: ser coxo e necessitado dos homens.

Logo introduziram Hermes como deus; ele que é ambicioso, ladrão, ávaro, feiticeiro, estrupiado e intérprete de discursos… Não se concebe que Deus possa ser tais coisas.

Também introduziram Asclépio como deus; médico de profissão e dedicado a preparar medicamentos, compondo emplastos para se sustentar (pois estava necessitado), logo foi fulminado por Zeus por causa do filho do lacedemônio Tindreo, e assim morreu. Mas se Asclépio, sendo deus, não pôde ajudar a si mesmo, sendo fulminado, como poderá ajudar os outros?

Também introduziram Ares como deus; guerreiro, invejoso, ambicioso por rebanhos e outras coisa, dizem que ele, mais tarde, cometeu adultério com Afridite, e foi amarrado pelo menino Eros e também por Hefesto. Como, pois, poderia Deus ser ambicioso, guerreiro, adúltero e prisioneiro?

Também introduziram Donísio como deus, ele que celebra festas noturnas, é mestre em embriaguez e arrebata as mulheres alheias; mais tarde, foi degolado pelos titãs. Se, pois, Dionísio foi degolado, não pôde ajudar-se a si mesmo, mas era louco, bêbado e fugitivo; como poderia ser Deus?

Também introduziram Héracles, que contam ter-se embriagado e, tornando-se louco, comeu seus próprios filhos, sendo após consumido pelo fogo, assim morrendo. Mas como pode Deus ser bêbado, matar seus filhos e ser devorado pelo fogo? Como pode socorrer os outros se não pôde socorrer a si mesmo?

XI. Também introduziram Apolo como deus; ele era invejoso; às vezes empunhava o arco e e a flecha, outras vezes a cítara e a flauta; dedicava-se à adivinhação em troca do dinheiro dos homens. Ele é necessitado? É impossível admitir que Deus esteja necessitado e seja invejoso, como citamos.

Depois introduziram Artemisa, sua irmã, caçadora por ofício, que carrega o arco e a flecha, andando errante pelos montes, acompanhada somente de seus cães, para caçar cervos e javalis. Como pode, pois, ser deusa uma mulher que é caçadora e anda errante com seus cães?

Também dizem que Afrodite é deusa, que foi adúltera e que como companheiros de adultério Ares, Anquises e Adônis (cuja morte chorou), e sempre buscava amantes; até dizem que desceu ao Hades para resgatar Adônis de Persfone, filha de Hades. Ó Rei: por acaso já viste insensatez maior que a de introduzir uma deusa adúltera, que lamenta e chora?

Também introduziram Adônis como deus, caçador de ofício e adúltero, que morreu violentamente ferido por um javali e não pôde ajudar-se em sua desgraça. Como pode então preocupar-se com os homens aquele que era adúltero, caçador e que morreu de forma violenta?

Tudo isto e muitas coisas mais, bem vergonhosas e piores, introduziram os gregos – ó Rei – fantasiando sobre seus deuses coisas que absolutamente não são lícitas de dizê-las ou trazê-las à memória. Assim, tomando os homens os exemplos de seus próprios deuses, praticaram todo gênero de iniqüidade, imprudência e impiedade, manchando a terra e o ar com suas terríveis ações.

OS FALSOS DEUSES DOS EGÍPCIOS

XII. Quanto aos egípcios, que são mais torpes e mais nécios que os gregos, erraram mais que todas as nações, pois não se contentaram com os cultos dos caldeus e dos gregos, mas introduziram ainda como deuses animais irracionais, tanto da terra como da água, bem como árvores e plantas, e mergulharam em toda a loucura e imprudência pior que todas as nações existentes sobre a terra.

Eis que a princípio prestaram culto a Ísis, que tinha Osíris por irmão e marido; este foi degolado por seu irmão Tifão. Por esta razão, Ísis fugiu com seu filho Hórus para Bíblo, na Síria, chorando amargamente; quando Hórus cresceu, matou Tifão. Desta forma, nem Ísis teve forças para ajudar seu irmão e marido, nem Osíris pôde ajudar-se a si mesmo (já que foi degolado por Tifão), da mesma maneira que Tifão, fratricida, morto por Hórus e Ísis, não conseguiu livrar-se a si próprio da morte. E, reconhecidos por tais desgraças, foram tidos por deuses pelos insensatos egípcisos, os quais, não contentes com este e com os demais cultos trazidos por outras nações, introduziram como deuses até mesmo os animais irracionais.

Eis que alguns deles adoram a ovelha; outros o cabrito; outros o novilho e o porco; outros o corvo, o gavião, o abutre e a águia; outros o crocodilo; outros o gato, o cão e o lobo, e também o macaco, a serpente e a áspide; outros a cebola e o alho, os espinhos e as demais criaturas… E os desgraçados não se dão conta que nenhuma dessas coisas possui poder algum, nem vendo que seus deuses são comidos por outros homens, queimados e degolados, e se putrefazem… Não compreendem que não são deuses!

CONCLUSÃO SOBRE A FALSA RELIGIÃO POLITEÍSTA

XIII. Assim, se extraviaram gravemente os egípcios, os caldeus e os gregos, introduzindo tais deuses, fazendo imagens deles, e divinizando os ídolos surdos e insensíveis.

E me admira como vendo seus deuses serrados, destruídos pelo fogo, cortados pelos artífices, envelhecidos pelo tempo, dissolvidos e fundidos não compreendam que não existem tais deuses pois, quando nenhuma força possuem para sua própria salvação, como poderão ter providência pelos homens?

Mas seus poetas e filósofos, querendo com seus poemas e obras glorificar os seus deuses, não têm feito outra coisa senão descubrir suas vergonhas e torná-las desnudas para todos; pois, se o corpo do homem, ainda que seja composto por muitas partes, não despreza nenhum de seus membros, mas, conservando-os todos em irrompível unidade, mantendo-se sempre unidos, como poderia ocorrer na natureza de Deus tamanha batalha e discórdia? Ora, se a natureza dos deuses é uma, não deve um deus perseguir outro deus, nem degolá-lo ou machucá-lo. E se os deuses têm perseguido uns aos outros, e se degolaram, roubaram e foram fulminados, já não há uma só natureza, mas pareceres divididos e todos maléficos, de forma que nenhum deles é Deus. Portanto, é claro – ó Rei – que toda a teoria sobre a natureza desses deuses é puro extravio.

E como não compreenderam os gregos sábios e eruditos que, ao estabelecer leis, seus deuses são condenados por essas leis? Pois se as leis são justas, são absolutamente injustos os seus deuses que fizeram coisas contra a lei, como mortes mútuas, feitiçarias, adultérios, roubos e uniões contra a natureza; e se tudo isto que fizeram foi bom, então as leis é que são injustas porque vão contra os deuses. Porém não é isto que ocorre: as leis são boas e justas, pois louvam o bom e proíbem o mau, e as obras dos deuses são ímpias. Ímpios são, portanto, os seus deuses; todos são réus de morte; ímpios também são aqueles que introduzem semelhantes deuses, porque se as histórias que são contadas são mitos, então os deuses não são nada mais que palavras; e se são físicas, já não são deuses os que tais coisas fizeram ou sofreram; e se são alegorias, são estórias e nada mais.

Fique provado então – ó Rei – que todos estes cultos para muitos deuses são obras que extraviam e levam à perdição, pois não se deve chamar deuses às coisas visíveis que não vêem, mas deve-se adorar ao Deus invisível que tudo vê e criou.

Veritatis Splendor

Igreja no México cancela festa de Guadalupe este ano devido à pandemia

La Voz Arizona | CC0
por John Burger

O cardeal encoraja os católicos a celebrarem a festividade nas paróquias e nos lares.

A grande celebração que normalmente atrai cerca de 10 milhões de pessoas à Cidade do México – Guadalupe – não acontecerá este ano por causa da pandemia do coronavírus.

A Arquidiocese do México anunciou que nenhuma celebração litúrgica acontecerá na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe no dia 12 de dezembro, data das homenagens à “Padroeira das Américas”.

As celebrações normalmente começam na noite de 11 de dezembro e atraem milhões para a área ao redor da basílica.

Diante do perigo contínuo de espalhar o novo coronavírus, o cardeal Carlos Aguiar Retes, a Conferência dos Bispos Mexicanos e os oficiais do santuário estão convidando os mexicanos a celebrarem a festa nas paróquias locais e em ambientes familiares.

As celebrações comemoram a aparição da Bem-aventurada Virgem Maria a São Juan Diego em 1531. O manto em que apareceu uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe ainda é venerado na basílica.

Aleteia

As decisões que te ajudam a vencer a depressão todos os dias

Shutterstock_282875027- Iryna Kalamurza
por Pablo Tudela

Certas atividades permitem a secreção de endorfinas, serotonina, dopamina; elas permitirão que você relaxe e recupere o prazer de viver.

Estar triste não é estar deprimido. A depressão pode significar tristeza, mas a tristeza é mais uma emoção, necessária na medida certa para podermos nos expressar, nos compreender e crescer.

Na depressão, o que acontece é uma tristeza crônica e resistente. Por isso é importante vencer a depressão.

Podemos delinear três origens principais:

  1. Depressão endógena: de origem biológica / orgânica.
  2. Depressão exógena: devido a causas externas à pessoa.
  3. E a depressão mista (uma mistura de ambas) A mais comum é reativa a circunstâncias ou eventos pessoais.

Ajuda

Nem toda depressão precisa de ajuda profissional. De fato, isso depende do crescimento pessoal de cada um, das ferramentas e dos recursos de que dispõe.

Mas é comum que a gravidade da depressão exceda a capacidade de uma pessoa de se recuperar e controlar essa tristeza, essa desordem de vontade, essa apatia e desesperança.

Assim, é nesses casos que é necessária ajuda psicológica e/ou farmacológica. Mas isso não é tudo. Atrás de cada comprimido, atrás de cada consulta, começa a rotina da pessoa. As decisões que constroem o dia a dia.

Higiene vital

No início desse processo de enfrentamento da depressão, a margem de liberdade costuma ser baixa. Isso devido ao sofrimento presente, pela percepção de si mesmo, pela falta de força, pela visão parcial da realidade. Todavia, essa margem de liberdade, por menor que seja, deve ser empunhada pela pessoa como uma arma pequena, mas essencial e poderosa. Enfim, você precisa começar a trabalhar e cuidar de sua higiene vital.

Entendemos higiene vital como um conjunto de ações e hábitos que resultam no cuidado e acompanhamento das necessidades da pessoa. Enfim, esses hábitos vão desde os mais básicos (dormir, comer) até os mais elevados (inteligência emocional, espiritualidade, transcendência, vida de fé).

Necessidades básicas para vencer a depressão

As necessidades básicas são um pilar fundamental facilmente negligenciado.

  • Durma de 7 a 8 horas. Analise a qualidade do sono.
  • Tenha uma programação minimamente estruturada.
  • Coma bem em quantidade e qualidade.

Quando isso é devidamente feito, o que não é uma tarefa fácil, depois são analisados ​​os seguintes passos: Como essa pessoa se relaciona e com quem? Que apoios ela tem? Em quem você confia? Quem você ama?

Atitudes para vencer a depressão

Essas perguntas não devem ser feitas apenas na consulta. Mas a pessoa deve então trabalhar em seus relacionamentos pessoais, que sem dúvida foram afetados pela depressão.

Como a pessoa lida com o prazer? Ela tem fontes saudáveis ​​de prazer? Algum vício que está dificultando a recuperação?

É necessário ter um ritmo diário de atividades que promovam um prazer saudável com o qual secretamos nossas próprias endorfinas (prazer, relaxamento), nossa serotonina (prazer, satisfação), nossa dopamina (entusiasmo, motivação, capacidade de ação, recompensa).

Atividades para vencer a depressão

Recomenda-se que a própria pessoa reflita sobre quais atividades são melhores em termos de esforço e recompensa. Na verdade, é muito comum que as atividades não sejam encontradas imediatamente. Neste caso, é muito útil voltar nos anos, se necessário, à infância, e recuperar atividades por mais infantis que possam parecer.

Por último, mas não menos importante, cada pessoa que tem uma vida espiritual tem uma ferramenta extra que atravessa todas as camadas da pessoa. Uma ferramenta para pedir ajuda, para dar sentido ao sofrimento, para oferecer o insuportável. Enfim, esta etapa precisa das outras, mas ao mesmo tempo a transcende.

Portanto, há muitas coisas que uma pessoa que sofre de depressão pode fazer fora do trabalho com a psicoterapia e esperar que o tratamento tenha efeito.

Nesse sentido, a atitude passiva inicial típica da depressão deve ser orientada para uma atitude adulta e proativa. E para isso o para quê e o porquê são fundamentais. É nesse ponto que inevitavelmente encontramos a transcendência novamente, não importa o quanto às vezes queiramos evitá-la.

Aleteia

XXX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Dom José Aparecido
Adm. Apost. Arquidiocese de Brasília

A CARIDADE É A PLENITUDE DA LEI

A Igreja, neste trigésimo Dia do Senhor do Tempo Comum, através da Liturgia da Palavra, oferece à nossa meditação a lembrança de que plenitude da Lei – como, aliás, de todas as Escrituras Sagradas – é o amor.

Na primeira Leitura (Ex 22,20-26), a Palavra de Deus une à exigência de tratar com dignidade o estrangeiro e de não fazer mal ao órfão e à viúva, a promessa de dar a justa punição aos que os oprimem desprezando a Palavra. Logo a seguir, acrescenta o dever de solidariedade para com o próximo como sinal de pertença ao seu povo. Fica bem claro que os preceitos da Lei sobre convivência entre os eleitos são expressão do verdadeiro culto de amor a Deus e da obediência à Sua santa vontade. E o clamor dos mais fracos, no momento da opressão, toca as entranhas de misericórdia do Deus justo e bom: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso” (Ex 22,26). A fé de Israel no Deus justo e misericordioso se expressa na universalidade do amor, que não se limita aos membros da mesma família, da tribo ou do povo eleito, mas alcança também o estrangeiro.

O Salmista nos ensina que o clamor do pobre se traduz em oração de confiança: “Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação, minha rocha, meu refúgio e salvador” (Sl 17,2-3). Quantas vezes, no nosso apostolado, ao visitar os mais pobres, não nos admiramos com o testemunho de uma confiança sobrenatural e inabalável na misericórdia de Deus. Esta confiança muitas vezes se esvai no aburguesamento provocado pela vida cômoda e dissipada pela preguiça daqueles a quem nada falta.

É necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” (Dei Verbum 22), às Santas Palavras, para que encontrem a Verdade e cresçam no amor autêntico. Este amor que é a plenitude da Lei se exprime em dois atos indissociáveis. O primeiro ato, que tem precedência na ordem do princípio, é o culto de adoração a Deus: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22,34-40). O segundo ato, que se expressa nas obras de misericórdia e tem a precedência na ordem da prática, é o amor ao próximo: “O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. As obras de misericórdia não são mera filantropia sem raiz sobrenatural, são um ato de amor que São Vicente de Paulo não teme identificar com a adoração a Deus.

Sim, a plenitude da Lei é o amor. E este amor traz ao coração humano uma alegria inigualável, compatível com o mistério da Cruz. Paulo diz aos Tessalonicenses: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito, apesar de tantas tribulações” (I Tes 1,6). Esta alegria exige, portanto, um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil de sua Palavra, que dá pleno sentido à vida.

Folheto: "O Povo de Deus" | Arquidiocese de Brasília

sábado, 24 de outubro de 2020

Todos irmãos, até aqueles “a mais”

L'Osservatore Romano

O texto da carta encíclica Fratelli tutti, a terceira do Papa Francisco, publicada a 4 de outubro, suscitou, como era previsível, uma série de reações diferentes, muito diversificadas. Há também uma notícia, que vem do além-mar, que não se pode definir “reação”, mas sobretudo sintoma de quanta necessidade existe hoje de redescobrir o próprio significado de fraternidade, até no seu sentido mais estrito e literal. Trata-se de uma campanha publicitária que neste período se mostra ao longo das ruas e nas paredes dos edifícios no Canadá e nos Estados Unidos, e que realça uma mentalidade, uma visão do mundo, marcada pelo fechamento gerado pelo medo da alteridade e pela falta de confiança, que o texto do Papa convida a superar com «um coração aberto ao mundo inteiro», como reza o título do capítulo quatro de Fratelli tutti. O tema abordado pela campanha promovida pela associação OnePlanetOneChild é precisamente o da fraternidade, visto em termos muito simples (de resto, é o objetivo da publicidade, impressionar com uma única mensagem). O cartaz em questão mostra um rosto, o de uma bonita criança negra com a boca e os grandes olhos bem abertos, e em baixo uma frase grande, clara e simples: «O maior dom de amor que podes dar ao teu primeiro filho é não teres outro». Não pode existir oposição mais forte do que esta: se o Papa diz «irmãos, “todos irmãos”», a associação “Um-Planeta-de-Filhos-Únicos» responde com “nenhum irmão”, porque dois já é demais. Caim venceu.

No número 19 da encíclica, o Papa afirma: «A falta de filhos, que provoca um envelhecimento da população, juntamente com o abandono dos idosos numa dolorosa solidão, exprimem implicitamente que tudo acaba connosco, que só contam os nossos interesses individuais», citando depois uma amarga reflexão pronunciada no discurso ao Corpo diplomático acreditado junto da Santa Sé, a 13 de janeiro de 2014: «Objeto de descarte não são apenas os alimentos ou os bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos». Portanto, existem os “filhos descartados”, os que são diferentes e menos afortunados do que os “filhos programados”: outro cartaz da mesma associação mostra um casal alegremente sentado no chão, encostado à parede da casa, ainda com o traje da festa, e ao lado a escrita, em letras garrafais, que reza: “We’re planning one!”, “Programamos um”. O filho como produto de laboratório, segundo a lógica do “bom o primeiro!”, que é também o último.

Trata-se de duas visões do homem e da vida diametralmente opostas, a do produto e a do dom, e ambas giram em volta do tema, neste ponto escorregadio, do amor, levantando a questão sobre qual é o maior amor. Para os criativos da publicidade, a mensagem a transmitir é que o maior amor se manifesta em termos negativos, em não fazer algo, em não gerar (outra) criança, precisamente porque seria “outra” e, portanto, “a mais”. Para os cristãos a verdade é o oposto, o amor é positivo, efusivo, inclusivo e generativo, e existe uma ligação estreita com a vida, entendida não como “risco” a evitar, mas a correr, impelido pela força de um dom excedente a fazer circular: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13).

Andrea Monda

L'Osservatore Romano

Por que o alcoolismo é pecado?

Cléofas

por Prof. Felipe Aquino

Tudo que atenta contra a vida humana está contra a vontade de Deus. Jesus disse que veio “para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância” (Jo 10,10). Nosso corpo é templo da Santíssima Trindade. São Paulo disse: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós. Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado – e isto sois vós” (1 Cor 3,16-17).

Há muitas maneiras de destruir o corpo e a vida, como consequência, as drogas, a violência, os esportes perigosos e absurdos, e as drogas, como a maconha, cocaína, crack, LSD, alcoolismo…

Tudo isso é pecado porque ofende o Autor da vida, que no-la deu como um grande dom e presente para ser vivida para os outros. A vida não é nossa, é de Deus; não sabíamos o dia do nascimento e não sabemos o dia da morte. Ela está em nós, mas não nos pertence. Somos administrador dela e teremos de prestar contas ao Criador.

O alcoolismo destrói a pessoa radicalmente. Seu cérebro vai sendo “cozido” pelo álcool e todo o organismo vai morrendo, especialmente o fígado. Dá pena ver quantos homens e mulheres jovens dominados pelo álcool! Além disso, a família sofre as terríveis consequências de um pai ou de uma mãe embriagados; o casamento perece, os filhos sofrem… “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,13).

As razões pelas quais a pessoa mergulha no álcool, compulsivamente, são muitos. A música “O Ébrio”, de Vicente Celestino, retrata bem isso. Em muitos se torna uma doença, e isto diminui de certa forma a culpa. Mas todo cristão tem de lutar contra a bebida. Não se deixar buscar nela uma fuga para os problemas da vida. É uma atitude de fraqueza e covardia. São Paulo diz: “não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5, 18). O Apóstolo não está proibindo beber vinho moderadamente, mas se embriagar. Ele recomendava a Timóteo “tomar também um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes indisposições” (I Tm 5, 23).

O cristão pauta a sua vida pela “vigilância e oração” e coloca todas as suas preocupações nos braços do Pai e confia nele, sem buscar nas fugas a solução errada para seus males. É na oração, na Palavra de Deus, na Eucaristia e na Confissão, no santo Terço, que vamos buscar forças para vencer nossas mazelas, mas jamais no álcool.

Aqueles que porventura se entregaram ao vicio, devem lutar com as armas da fé, citadas acima, e as armas da terapia: acompanhamento médico, podendo participar dos Alcoólicos Anônimos, buscar uma boa Casa de Recuperação, etc.

https://cleofas.com.br/

O Martírio de Santa Cecília

Guadium Press
Por causa da perseguição aos cristãos o Papa refugiava-se nas catacumbas. Uma jovem nobre o procurou e pediu o batismo. A jovem era Santa Cecília, virgem e mártir.

Redação (22/10/2020, 14:45, Gaudium Press) Durante o pontificado de Santo Urbano I (222-230), houve o martírio de uma virgem que marcou a História da Igreja. Era de nobre família e se chamava Cecília.

Aparições de seu Anjo da Guarda

Devido à perseguição contra os cristãos promovida pelo Imperador Alexandre Severo, o papa permanecia escondido numa catacumba. Certo dia, a jovem Cecília veio à sua presença e pediu-lhe que a batizasse.
Logo após ter recebido o Sacramento, ela fez voto de virgindade e, para cumpri-lo com firmeza, recorria ao seu Anjo da Guarda que muitas vezes lhe aparecia.

Completando vinte anos de idade, seus pais obrigaram-na a casar-se com um jovem muito rico chamado Valeriano. Mas no dia das bodas, Cecília o chamou e disse-lhe:
– Eu tenho um Anjo que zela por meu corpo, o qual está consagrado a Deus; ai de ti se te atreves a profaná-lo!
Valeriano respondeu-lhe:
– Só acreditarei no que me dizes se eu vir o Anjo de que me falas.
Cecília afirmou:
– Para ver este Anjo precisas purificar-te e acreditar que há um só Deus vivo e verdadeiro.
Tendo Valeriano manifestado o desejo de se purificar e conhecer a Deus, Cecília recomendou-lhe que fosse a uma catacumba situada sob a Via Ápia, onde encontraria um ancião chamado Urbano.


Conversão de Valeriano e Tibúrcio

Valeriano dirigiu-se apressadamente à catacumba e Santo Urbano o acolheu com grande bondade. Tudo o que Cecilia lhe dissera ele expôs ao Pontífice, o qual deu graças a Deus e começou a dirigir aos presentes inspiradas palavras.

Enquanto ele falava, apareceu a Valeriano o Apóstolo São Paulo, o qual lhe disse: “Leia o livro que te entrego! Se tiveres Fé serás purificado e verás o Anjo de que te falou Cecilia.”
Tremendo, Valeriano abriu o livro e leu estas palavras: “Há um só Deus, Pai de todas as coisas, Senhor de tudo, que a todos nós governa.”
— Acreditas no que leste? perguntou-lhe São Paulo.
— Sim, e nisso creio firmemente, respondeu Valeriano.

O Apóstolo desapareceu; em seguida Santo Urbano instruiu Valeriano nos mistérios da Religião, batizou-o e, depois de terem passado a noite em oração, disse-lhe que voltasse para ver Cecilia.

Valeriano a encontrou rezando, tendo a seu lado o Anjo em forma humana o qual trazia em suas mãos duas coroas ornamentadas com rosas e lírios; pôs uma delas sobre a cabeça de Cecilia e a outra sobre a de Valeriano, dizendo-lhes:
–Trabalhai, jovens, para conservar estas coroas com pureza de coração e santidade de vida. Eu as trouxe do jardim do Paraíso e estas flores jamais murcharão. E a ti, Valeriano, declaro da parte de Jesus que tudo o que pedires ser-te-á concedido.
– Anjo de Deus, exclamou Valeriano, peço-te a conversão de meu irmão Tibúrcio.
– Ser-te-á concedido o que pedes, respondeu-lhe o Anjo; da mesma maneira que Cecilia te converteu à Fé, tu converterás Tibúrcio e ambos alcançareis a palma do martírio. E desapareceu.
Valeriano foi à sua casa, contou a Tibúrcio as maravilhas que tinha visto e depois o conduziu a Santo Urbano, o qual o instruiu na Fé e batizou-o.

Máximo e sua família são batizados

Quando teve notícia da conversão de Valeriano e Tibúrcio, o Prefeito de Roma os chamou e ordenou a seus assessores que os levassem ao templo de Júpiter, para ali oferecerem incenso ao ídolo; se não o fizessem seriam decapitados.

Máximo, secretário do prefeito, acompanhava-os ao lugar indicado com uma escolta de soldados; contemplando, porém, aqueles nobres jovens indo à morte com tanta altanaria e alegria, como se fossem para uma grande festa, desejou abraçar a Fé.

Cristãos que ali se encontravam levaram-no à sua casa e o instruíram na verdadeira Religião. A graça de Deus atuou de tal modo que Máximo, sua família e outros pagãos que ouviram as explicações acreditaram em Jesus Cristo. Ao cair da noite, chegaram a essa residência Santo Urbano com outros sacerdotes e Santa Cecilia. O Papa, vendo que todos estavam bem instruídos, providenciou que fossem batizados.

Enquanto isso se passava, o verdugo designado para matar Valeriano e Tibúrcio chegou ao local onde eles estavam e, com transporte de furor, cortou suas cabeças. Nesse mesmo dia, Máximo recebeu a coroa do martírio.


Banhada em sangue, a virgem exorta os fieis

Ébrio de ódio, o prefeito enviou seus esbirros à casa de Santa Cecilia a fim de prendê-la; muitos pagãos os acompanharam. Ao entrarem em sua residência, ela falou-lhes de tal modo que os converteu. Mandou chamar Santo Urbano que lhes administrou os Sacramentos do Batismo e da Confirmação. Assim, quase quatrocentas pessoas se tornaram membros da Igreja.

Ao chegar ao conhecimento do prefeito a conversão dos seus próprios emissários, ele mandou que conduzissem Santa Cecilia à sua presença. Face às suas terríveis ameaças, ela disse palavras contundentes, cheias de Fé e desprezo do paganismo.

O prefeito, para evitar tumultos no povo que amava muito Santa Cecilia por suas obras de caridade, mandou que a matassem ocultamente em casa dela. Lançaram-na dentro de uma estufa bem aquecida para fazê-la morrer sufocada, mas ela saiu ilesa. Então, receberam ordem de cortar sua cabeça. O verdugo desferiu três golpes, mas não conseguiu separar a cabeça do tronco, e Santa Cecilia permaneceu no chão banhada em seu próprio sangue.

Os pobres que tinham desfrutado seus benefícios, bem como muitos outros cristãos, sem se importarem com o perigo a que se expunham, iam visitá-la, e a Santa os exortava a que permanecessem firmes na Fé.

Avisado, Santo Urbano I com toda pressa para lá se dirigiu, a fim de assisti-la durante aqueles terríveis e prolongados sofrimentos. Ao vê-lo, ela exclamou:
“Beatíssimo Padre, dou graças a Deus que em sua grande misericórdia dignou-Se ouvir minha oração. Eu Lhe tinha pedido que me desse ainda três dias de vida para poder ser consolada com vossa presença, e recomendar-vos ao mesmo tempo algumas coisas.
“Peço-vos, pois, que cuideis de meus pobrezinhos, dai-lhes tudo que encontrardes em minha casa, e depois transformai-a em igreja a fim de que os fiéis possam ali se reunir para cantar as glórias do Senhor.”

Após dizer essas palavras, sua alma voou ao Céu. A casa de Santa Cecilia converteu-se em capela, onde se vê ainda hoje a estufa dentro da qual queriam sufocá-la. Seu venerável corpo, que está incorrupto, encontra-se na Igreja de Santa Cecília no Além-Tibre, em Roma. Ela é a padroeira da música. Sua memória se celebra em 22 de novembro; a dos Santos Valeriano, Tibúrcio e Máximo em 14 de abril.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História da Igreja – 29)

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Cf. SÃO JOÃO BOSCO. História Eclesiástica. 6 ed. São Paulo: Salesiana, 1960, p. 59-62.

Como desenvolver a autoconfiança do meu filho?

Yuganov Konstantin - Shutterstock

Os pais devem valorizar quando seus filhos são gentis, ao mesmo tempo que os ensinam a reconhecer os perigos que os cercam, para que possam ter autoconfiança e se proteger de forma positiva. Aqui estão algumas dicas para assumir essa missão educacional.

Do ponto de vista educativo, tarefa delicada é confrontar a criança com uma realidade nem sempre fácil, sem, no entanto, quebrar sua capacidade de deslumbramento. Psicólogo e consultor de negócios, Yves Boulvin dá aos pais as chaves para essa tarefa de desenvolver a autoconfiança e a gentileza dos filhos ao mesmo tempo.

A alegria de viver: uma questão intata de temperamento, ou a adquirir?

Deus colocou no fundo de cada um de nós, sem exceção, a alegria de viver. Mas os pesos daquilo que aprendemos da nossa família, os hábitos de ver tudo no negativo, a memória do sofrimento, da dor, das ansiedades, das rupturas, pode enterrar essa alegria. Mesmo assim, esse potencial de vida permanece intacto dentro de nós. Uma jornada interior pode nos ajudar a emergir de todas essas camadas que nos prendem.

Quando pequena, a criança se maravilha com tudo e com nada! Que papel devemos desempenhar para que esse espírito de infância não se obscureça?

Cada um tem uma vocação particular. Cabe aos pais revelar o tesouro específico que habita no coração de seus filhos. Daí a necessidade de uma pedagogia positiva. Por exemplo, quando eles mostram um defeito – o pai pode identificar pois é também parte do seu papel. Eu sugiro então que sejam seguidas três etapas: observar o acontecido, estabelecer uma meta de mudança e, em seguida, parabenizar o filho por qualquer progresso feito, mesmo que mínimo. Devem ter muito cuidado para não dizer frases como “Você é mau!”, “Você não vai conseguir!”. O melhor é conversar e explicar o acontecido: “Você chutou a sua irmã, mas isso não está certo. Eu entendo que você esteja chateado, porque ela quebrou o seu carrinho. Você tem o direito de mostrar que não está contente, mas de outra forma, sem gritar ou bater nela. O mais importante agora é reparar o carrinho.”

As crianças costumam copiar as atitudes dos pais?

Os comportamentos dos pais estruturam os dos filhos. Se o pai e a mãe se alimentam de más notícias frequentemente, sem agir sobre elas, eles mantêm uma atmosfera pesada e desanimadora em casa. A mãe que não tem recursos suficientes para lidar com essas situações, acaba à noite gritando com os filhos e resmungando contra o marido que chega tarde em casa. Então ela pode culpar a si mesma ou, ao contrário, justificar sua raiva. O marido cansado que se torna muito mandão ou frágil; os pais que falam mal de uma pessoa ausente… que modelos eles estão dando aos filhos? A criança terá no futuro que se libertar desse clima emocional negativo.

Que resoluções os pais podem tomar para manter a alegria de viver?

É importante adotar o olhar de luz que Deus lança sobre todos. Ele acredita em nós e nos ajuda a acreditar em nossos filhos, não importa o que façam. Essa fé que colocamos neles os ajuda a prosperar. Valorizar o progresso pressupõe que os pais façam isso a si mesmos e recuperem sua capacidade de se maravilhar. O amor próprio significa receber amor de Deus e agradecê-lo pelas qualidades que ele colocou dentro de nós. Transbordando de gratidão, queremos fazer crescer este tesouro. “Este é o meu Filho amado, em quem encontro a minha alegria” (Mt 3,17): um caminho de ressurreição para todos.

Como não os superproteger, permitindo que eles sejam confrontados com uma realidade que nem sempre é cor de rosa?

“Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16), convida Cristo, que curou, mas também soube opor-se com firmeza. Esta é uma dupla missão educacional: deixar que a criança se maravilhe com o mundo, enquanto a ensina a discernir os perigos que a cercam, para que possa se proteger. Quando sua personalidade se fortalece, ele se torna capaz de selecionar o que lhe é dito, de recolocar cada coisa e pessoa no seu devido lugar quando necessário, de dizer não, de superar as dificuldades.

Os pais não podem (e não devem!) superproteger seus filhos das duras pancadas da vida, do sofrimento e das consequências do luto. O principal é ensiná-lo a se recuperar, tornando-os resilientes. Quanto mais cedo ele aprender as lições que cada realidade nos traz, mais ele estará preparado para o resto da vida. Isso pressupõe que os próprios pais aprenderam a passar por dificuldades, não como vítimas, ruminando, lamentando – “Eu deveria…”, “Não fiz isso ou aquilo…” – ou revoltados – “Foi tudo por causa deles!”, mas na certeza de que Deus tira o bem de todo mal. Deus está presente no presente. Assim como a pecadora, Cristo não nos convida a voltar ao passado a todo momento, ele nos pergunta: “E agora, o que vais fazer, qual a tua decisão?”.

Aleteia

Estados Unidos e 31 países assinam declaração que rechaça o “direito humano” ao aborto

Sede das Nações Unidas em Genebra, Suíça / Crédito: Unsplash

WASHINGTON DC, 23 out. 20 / 11:25 am (ACI).- Na quinta-feira, os Estados Unidos foram o anfitrião da cerimônia de assinatura da “Geneva Consensus Declaration” (Declaração de Consenso de Genebra), um documento histórico que rachaça a afirmação de que o aborto é um direito humano internacional.

“Hoje deixamos um marco claro; as agências da ONU não podem mais reinterpretar e interpretar erroneamente a linguagem acordada sem render contas”, disse o secretário de Serviços Humanos e de Saúde (HHS) dos Estados Unidos, Alex Azar, durante a cerimônia em 22 de outubro.

“Sem desculpas, afirmamos que os governos têm o direito soberano de fazer suas próprias leis para proteger a vida de inocentes e de redigir seus regulamentos sobre o aborto”, acrescentou Azar.

Disse também que, “ao assinar a declaração hoje, os Estados Unidos têm a honra de estar ao lado de Brasil, Egito, Hungria, Indonésia e Uganda, os co-patrocinadores inter-regionais da declaração”. Um total de 32 países assinaram a declaração, representando mais de 1,6 bilhão de pessoas.

Azar classificou a assinatura como o "ponto alto" de sua passagem pela chefia do departamento e assinalou que os países que ainda não assinaram o documento ainda podem fazê-lo.

"A Declaração de Consenso de Genebra é um documento histórico, que estabelece claramente nossa posição como nações sobre a saúde das mulheres, a família, a honra à vida e a defesa da soberania nacional", disse Azar, classificando-a de "muito mais do que uma declaração de crenças”.

“É uma ferramenta crítica e útil para defender esses princípios em todos os organismos das Nações Unidas e em todos os entornos multilaterais, utilizando uma linguagem previamente acordada pelos estados membros desses organismos”, explicou.

A declaração foi escrita parcialmente em resposta a uma "tendência inquietante" nas Nações Unidas, disse.

“Cada vez mais, algumas nações ricas e agências da ONU em dívida com elas afirmam erroneamente que o aborto é um direito humano universal”, acrescentou.

Azar disse que essas políticas têm o efeito de obrigar os países a implementar leis de aborto "progressivas" ou enfrentar a perda de financiamento ou prestígio internacional. Acusou algumas nações de ter “um enfoque míope em uma agenda radical que é ofensiva para muitas culturas e inviabiliza o acordo sobre as prioridades de saúde das mulheres”.

A coalizão de países signatários "responsabilizará as organizações multilaterais", explicou, ao denunciar essas organizações por "promoverem posições que jamais poderão obter consenso".

“Declararemos inequivocamente que não existe um direito internacional ao aborto. Com orgulho, colocaremos a saúde da mulher em primeiro lugar em cada etapa da vida”, assinalou.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, também falou na cerimônia e classificou a declaração como um "compromisso profundo e pessoal para proteger a dignidade humana" e "a culminação de muito trabalho árduo".

Pompeo destacou a "defesa sem precedentes dos nascituros no estrangeiro" por parte do governo Donald Trump e disse que "os Estados Unidos defenderam a dignidade da vida humana em todos os lugares e sempre" durante os últimos quatro anos.

“É histórico estar aqui. É a primeira vez que se cria uma coalizão multilateral em torno do tema da defesa da vida”, afirmou.

A Declaração de Consenso de Genebra, disse Pompeo, é um "compromisso de trabalharmos juntos na ONU e em outros cenários internacionais para alcançar resultados tangíveis", algo que ele "confia" que acontecerá. Acrescentou que estava "verdadeiramente orgulhoso" do trabalho que estava sendo feito.

Valerie Huber, Representante Especial para a Saúde Global da Mulher no HHS dos Estados Unidos, apresentou os antecedentes da declaração.

A declaração, explicou Huber, estava destinada a ser assinada na conclusão da cúpula global da saúde da mulher da Assembleia Mundial da Saúde, que foi cancelada devido à pandemia Covid-19.

“Decidimos seguir em frente com a declaração agora, porque acelerar os avanços em saúde para as mulheres não pode esperar”, disse.

“Apoiar o valor intrínseco da família não pode esperar. A proteção da vida, nascida e não nascida, e a soberania das nações para fazerem suas próprias leis sobre o assunto não podem esperar”, concluiu.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

A história de Dhurata, uma criança em fuga da Albânia

Dhurata Gjinaj | Vatican Media 

Dhurata tinha 7 anos de idade quando sua família fugiu da Albânia. No final dos anos 90, pelo menos 100.000 albaneses atravessaram o Mar Adriático após a anarquia que reinava no país. O colapso financeiro levou a população à fome e os únicos que enriqueceram foram traficantes e organizações criminosas.

Stefano Leszczynski – Vatican News

“Meu nome é Dhurata Gjinaj, tenho 30 anos de idade e vivo na Itália há 23 anos. Este país me recebeu, junto com minha família, quando eu era criança e aqui estudei desde a segunda série até a universidade. Vivíamos no norte da Albânia em um pequeno vilarejo nas montanhas, chamado Puke. Meu pai era zelador na mesma escola em que minha mãe fazia a limpeza. A escola era muito distante e lembro que tínhamos que caminhar muitos quilômetros para chegar lá. Eu tenho dois irmãos, eu sou a do meio. Recordo minha infância como um período muito feliz e despreocupado. Brincávamos na natureza com as outras crianças do vilarejo e meus avós eram lavradores. Isto é, pelo menos, até a explosão da revolta".

A Albânia dos Anos 90

A realidade da Albânia nos anos 90 é a de um país que passava fome. Após o longo período do regime comunista, o país foi devastado pelas políticas ultraliberais apoiadas pelo presidente Sali Brisha, eleito em 1992. Entretanto, o golpe de misericórdia para a economia albanesa ocorreu em 1997 com o colapso do sistema especulativo das famosas "sociedades piramidais". Uma monstruosa máquina financeira que rapidamente se tornou o centro de lavagem de dinheiro de todos os lucros ilícitos dos Bálcãs. Com uma única chama, o sistema queimou todos as economias dos albaneses, que chegavam ao país graças às inúmeras remessas dos emigrantes que partiram em massa para o Ocidente rico entre 1991 e 1992. O crack das instituições financeiras e a disseminação de organizações criminosas levaram a Albânia à beira da guerra civil: em março de 1997, os quarteis foram atacados, as portas das prisões foram escancaradas para qualquer um com que tivesse uma arma. Foi um pânico total: entre março e abril daquele ano, 9 mil albaneses acabaram nas mãos de traficantes de pessoas.

Via medo nos olhos dos meus pais

“O pós-comunismo foi praticamente uma guerra civil, uma revolução interna. Naquela época as pessoas passavam fome e quando a revolta começou invadiram as lojas de armas, todos tentaram sobreviver armando-se. Minha mãe tinha medo de me mandar para a escola, porque se podia ver por todos os lados adolescentes atirando com as armas. Em todo o país reinava o caos e nem mesmo nos pequenos vilarejos como o que vivíamos eram seguros. Nós também tínhamos armas em casa; sofríamos o pesadelo de que alguém pudesse vir e invadir a casa, vivíamos com o terror de sermos atacados. Via o medo nos olhos de meus pais.

“Com essa situação meus pais decidiram partir para a Itália. Alguns parentes que haviam conseguido escapar nos disseram que a Itália era um lugar tranquilo. No início, meu pai queria partir sozinho, mas minha mãe se opôs. Ela disse: ou vamos todos juntos ou ninguém vai, a família não se separa! Até que em uma noite escura todos nós partimos para Durres: meu pai, minha mãe, meus irmãos de 9 e 5 anos e eu, que tinha 7 anos. Meus pais não tinham ideia da viagem que íamos fazer. Tudo o que eles sabiam era que se pagássemos aos traficantes em pouco tempo, estaríamos do outro lado do mar. Não imaginavam a desumanidade dessas pessoas, apenas temiam que a polícia italiana pudesse nos mandar de volta. Na noite de nossa partida passamos para nos despedir de minha avó, que morava em Escodra. Ela chorava muito e nos abençoou".

Os traficantes e as organizações criminosas

Em 1998, o tráfego de pessoas que atravessavam o Mar Adriático era intenso. Os barcos e até mesmo os navios super lotados na primeira onda de migração em 1991-92 deram lugar aos poderosos barcos a motor dos traficantes, que, além das pessoas, transportavam armas e drogas.  Os barcos partiam principalmente de Durres e Vlora. Os traficantes se apresentavam como empresários, fixavam tarifas variáveis, preferindo migrantes estrangeiros ou a população das montanhas albaneses: pagam mais e são os mais fáceis de enganar. As embarcações com motores de 250 e 300 cavalos de potência transportavam de 15 a 25 pessoas e faziam até duas viagens por dia. Partiam de preferência com mau tempo, quando o mar era menos patrulhado pela Guarda Costeira italiana, embora o perigo de naufrágio fosse maior. Uma tática estabelecida em caso de interceptação é jogar a carga no mar e salvar o barco fugindo. Entre 1998 e 1999, pelo menos 100 mil albaneses atravessaram o Mar Adriático.

A viagem para a Itália

"No porto de Durrës havia muita gente esperando para entrar nos barcos infláveis e os traficantes administravam o embarque, depois de pegar o dinheiro, é claro. Eles eram muito bem organizados. Chamavam-nos em grandes grupos, quando um barco estava lotado, mandavam partir. Ficamos ali e aguardamos a nossa vez. Isso foi em janeiro de 1998".

"Para nós crianças, a sensação era de que estávamos em uma grande aventura. Entusiasmados, nunca tínhamos visto o mar e a ideia de entrar num barco, de ir para outro país... Era tudo uma grande emoção. A bordo do barco as únicas mulheres eram eu e minha mãe, todos as outros eram homens. O mar estava agitado e o barco navegava em altíssima velocidade, pulando sobre as ondas. Quando chegamos perto da costa o barco parou e os traficantes nos ordenaram que nos jogássemos no mar. Não queriam nos levar até a costa porque tinham medo de ser detidos. Minha mãe e meu pai protestaram, eles não queriam se jogar no mar. Era janeiro, estava frio e nenhum de nós sabia nadar. Eles os espancaram na nossa frente e depois pegaram meu irmão mais novo e, como se ele fosse lixo, o jogaram na água, depois me jogaram e por fim meu irmão. Meus pais se jogaram para nos salvar, mas era escuro, havia confusão e nós já tínhamos sido salvos por outras pessoas. Perdemo-nos e só quando estávamos na praia, depois de muito tempo, é que nos reencontramos. Nossa salvação foram os homens que tinham se jogado na água antes de nós e que nos socorreram. Ao chegarmos na costa molhados e gelados não sabíamos que era apenas o começo de outra dolorosa aventura. Quando encontramos nossa mãe, ela estava irreconhecível: suja de lama, toda molhada, em estado de choque. E pensar que estávamos todos bem vestidos para a viagem! Eu me lembro desta cena de desespero com minha mãe que segurava com firmemente um saco de lixo preto que continha roupas para nós, as crianças. Minha mãe teve que lutar com os traficantes que queriam arrancar de suas mãos e conseguiu evitar isso. Ela ainda guarda aquele saco, nunca o jogou fora é a única coisa que lhe resta daquele tempo".

O medo de ser repatriado

"Fomos desembarcados perto da cidade de Lecce (sul da Itália) e de lá conseguimos pegar um ônibus para Ciampino, onde morava a irmã de minha mãe. Ela era casada com um italiano. Mas ficamos pouco tempo porque as pessoas na vizinhança e no prédio começaram a protestar que éramos muitos naquele apartamento, éramos clandestinos e que chamariam a polícia se não saíssemos dali.

Vivendo como clandestinos

"Meus pais foram informados de que tinha uma pequena cidade, Vitinia, nos arredores de Roma, onde não criavam problemas e que já contava com inúmeros albaneses. Não tínhamos nada e quando chegamos lá, encontramos um lugar nos subúrbios onde havia vários barracos habitados por imigrantes. Por fim, encontramos uma barraca e ... fomos para lá. Minha mãe fazia de tudo para que vivêssemos com uma sensação de "normalidade": mesmo se não tínhamos luz nem água corrente, ela sempre nos mantinha limpos e arrumados. Embora... fosse à escola de pijama! Ela fez tudo o que podia para descobrir como nos mandar à escola. Recebemos uma grande ajuda da paróquia local. Os primeiros meses de aula foram os mais traumáticos da minha vida, piores do que a travessia de barco no mar. Entendia que eu era diferente pelo modo como as outras crianças me olhavam. Eu não falava a língua, a escola me dava livros, que a minha mãe encapava com revistas. Para meu irmão mais velho foi ainda mais traumático, pois aos 9 anos de idade ele foi colocado na primeira série do fundamental. Eu, ao invés, mesmo sendo mais nova, fui colocada na segunda série".

A ajuda da Paróquia

"A realidade paroquial para nós, e especialmente para minha mãe, foi muito importante. Ir à missa aos domingos de manhã e depois poder ficar nos pequenos jardins da Paróquia eram momentos de extraordinária normalidade. Embora a Albânia fosse um país ateu por lei, nós fomos secretamente batizados e meus pais também".

"Depois de 6 anos vivendo como imigrantes clandestinos, minha mãe conseguiu, finalmente, com uma anistia a obter o visto de permanência. Foi uma virada para toda nossa família e foi então que nosso processo de integração realmente começou. Tínhamos aprendido italiano na escola, muito mais rápido do que nossos pais".

Os novos italianos, sem cidadania

"Sinto-me italiana, embora ainda não tenha cidadania, mas meus pais sempre se nos estimularam a manter um vínculo com nossas raízes. Aqui na Itália, gostaria de dar uma contribuição para mudar a percepção da acolhida. Quero oferecer o meu testemunho”.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF