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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

São Luís Orione

São Luís Orione | Canção Nova

O Papa João Paulo II, em 1980, colocou diante dos nossos olhos um grande exemplo de santidade expressa na caridade: Luís Orione. Nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872.

Bem cedo percebeu o chamado do Senhor ao sacerdócio. Ao entrar no Oratório, em Turim, recebeu no coração as palavras de São Francisco de Sales lançadas pelo amado São João Bosco: “Um terno amor ao próximo é um dos maiores e excelentes dons que a Divina Providência pode conceder aos homens”. Concluiu o ginásio, deixou o Oratório Salesiano, voltou para casa e depois entrou no seminário onde cursou filosofia, teologia, até chegar ao sacerdócio que teve como lema: “Renovar tudo em Cristo”. Luís Orione, sensível aos sofrimentos da humanidade, deixou-se guiar pela Divina Providência, a fim de aliviar as misérias humanas.

Sendo assim, dedicou-se totalmente aos doentes, necessitados e marginalizados da sociedade. Também fundou a Congregação da “Pequena Obra da Divina Providência”. Em 1899, Dom Orione deu início a mais um ramo da nova Congregação: os “Eremitas da Divina Providência”. Em 1903, Dom Orione recebeu a aprovação canônica aos “Filhos da Divina Providência”, Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência.

A Congregação e toda a Família Religiosa propunham-se a “trabalhar para levar os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade”. Dom Orione teve atuação heroica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915).

Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos. Vinte anos depois da fundação dos “Filhos da Divina Providência”, em 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das “Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade”, Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional.

O zelo missionário de Dom Orione se manifestou cedo com o envio de missionários ao Brasil, em 1913, e, em seguida, à Argentina, ao Uruguai e aos diversos países espalhados pelo mundo. Dom Orione esteve pessoalmente, como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile. Foi pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos.

Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais: o de Nossa Senhora da Guarda, em Tortona; e o de Nossa Senhora de Caravaggio. Na construção desses santuários, será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.

Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado para Sanremo. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de março, sussurrando suas últimas palavras: “Jesus! Jesus! Estou indo”. Vinte e cinco anos depois, em 1965, seu corpo foi encontrado incorrupto e depositado numa urna para veneração pública, junto ao Santuário da Guarda, em Sanremo na Itália.

O Papa Pio XII o denominou: “pai dos pobres, benfeitor da humanidade sofredora e abandonada”; e o Papa João Paulo II, depois de tê-lo declarado beato, em 26 de outubro de 1980, finalmente o canonizou em 16 de maio de 2004.

São Luís Orione, rogai por nós!

Portal Canção Nova

As igrejas queimadas no Chile e a educação de nossos jovens

Felipe Vargas Figueroa | NurPhoto via AFP
por Francisco Borba Ribeiro Neto

Está havendo, isso sim, um crescimento da violência por parte de grupos pequenos e um clima de raiva cada vez mais difuso.

O Chile vive, já há algum tempo, um contexto de grande agitação social. É uma situação paradoxal. O país apresente um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais altos da América Latina, sugerindo que o povo vive relativamente bem, ao menos em comparação com seus irmãos latino-americanos. Contudo, é também um país altamente desigual.

Há décadas, vem passando por um processo de desenvolvimento econômico focado na eficiência econômica e nos mercados, onde o Estado abdicou de parte de suas funções de proteção social (exatamente o problema do paradigma neoliberal criticado por Francisco na Fratelli tutti, FT 163-169). Nenhum outro governo sul-americano avançou tanto numa perspectiva neoliberal quanto o chileno. O resultado dessa priorização do econômico não foi tanto o aumento da qualidade de vida e o bem comum, mas uma situação de piora da vida das pessoas e um clima de revolta com a dignidade humana ultrajada pelas dificuldades materiais crescentes.

A população, relativamente politizada, realizou – em 2019 – os maiores e mais violentos protestos sociais após a redemocratização do país (1988). Duas lições restaram desses protestos. A primeira é que o Estado, nas democracias ocidentais, não pode deixar de cumprir suas funções de proteção social, particularmente quando ainda existem bolsões de pobreza e desigualdades gritantes – sob o risco de arrastar toda a nação para o caos social. A segunda é que os protestos, por si, não conseguem conduzir o país para um futuro melhor. É necessário um clima de entendimento nacional e diretrizes claras de como mudar a situação, quais os sacrifícios pedidos à população na atualidade, quais ganhos devem ser alcançados e quando serão atingidos. Sem isso, a desordem gera apenas caos, sem levar à transformação. Além disso, a raiva e a frustração aumentam o ressentimento e estimulam os grupos violentos – que sempre são minoritários, mas se expressam com maior ou menor vigor dependendo da situação como um todo.

A estratégia da violência

Desde os anos ’80, espalhou-se pelo mundo uma tática que consiste na presença, em meio a protestos de massas, de grupos organizados e violentos, que realizam atos de vandalismo contra estruturas que consideram “símbolos do sistema opressor” –  bancos, lojas, prédios governamentais, estações de metrô e até… igrejas. Os militantes desses grupos, os chamados black bloc (grupo de preto, em alusão às roupas escuras e máscaras que costumam usar), são geralmente jovens que misturam um posicionamento ideológico anárquico com um profundo ressentimento e raiva das instituições sociais.

É nesse quadro que se deram os incêndios das igrejas de Assunção e São Francisco Borja, em Santiago, no domingo, 18 de outubro. Seguindo o roteiro de outros atentados feitos com essa mesma estratégia, o número de envolvidos é muito pequeno em relação ao conjunto de manifestantes: uns poucos militantes numa manifestação com milhares de pessoas. Não se pode extrapolar a mentalidade dos perpetradores desses atos para toda a multidão presente nas praças. Essas igrejas não foram queimadas porque está havendo uma onda ideológica cristofóbica no Chile. Porém, está havendo, isso sim, um crescimento da violência por parte de grupos pequenos e um clima de raiva cada vez mais difuso, que favorece e acoberta essas ações.

Contudo, uma outra questão deveria nos incomodar. As ideologias não conseguem se sobrepor aos fatos. Uma concepção ideológica (uma “falsa consciência”) penetra na mentalidade de uma pessoa porque aconteceram fatos que, de um modo ou de outro, fizeram com que essas ideias parecessem críveis. Se alguns jovens queimaram uma igreja, se quem estava em volta deixou isso ocorrer, é porque, na história de algumas pessoas, o cristianismo não foi apresentado como sinal do amor de Deus no mundo, que confirma e valoriza a dignidade de cada ser humano.

Não se trata aqui de defender os violentos e culpar os violentados. A imensa maioria dos católicos é vítima dessas atrocidades, que os comovem e ferem sua dignidade. Porém, se queremos evitar que essas coisas se repitam e se espalhem, temos que entender como chegam a acontecer.

O testemunho que nossos jovens precisam

No caso do Chile, a porcentagem de católicos na população caiu drasticamente após escândalos de pedofilia: três em cada 10 católicos deixaram de declarar-se como tal entre 2005 e 2014. Assim como no caso dos jovens que atearam fogo às igrejas, delitos praticados por poucos afeta a muitas. Por outro lado, os testemunhos positivos sempre chegam com muito mais dificuldade aos jovens.

Não adianta culparmos a imprensa. Os jornalistas são pessoas como todas as outras, noticiam aquilo que os impacta, são vulneráveis às ideologias quando não encontram os fatos que as desmentem. Jornalistas, professores, militantes políticos e jovens são formados tanto pelas ideias quanto pelos testemunhos que encontram. Quanto mais débeis forem os testemunhos, mas indefesos estarão tanto eles quanto os demais diante das ideologias.

Mas qual é o testemunho que vence as ideologias? Pensamos muitas vezes que é o testemunho da nossa coerência, da nossa adesão voluntarista aos princípios da fé e da moral. Pobres de nós! Somos todos pecadores e, portanto, falíveis. A inteligência da ideologia está em explorar justamente as falhas que acontecem com todos. O testemunho que não desilude é aquele do amor e da misericórdia recebidos e compartilhados. Aquele que encontrou um testemunho de amor sincero, gratuito e verdadeiro, nunca o esquece. Poderá, nos momentos da juventude, condená-lo por causa da falibilidade humana, mas – com o passar dos anos – irá compreendê-lo e admirá-lo cada vez mais. O testemunho da coerência vai se enfraquecendo com o tempo, o testemunho do amor vai se fortalecendo.

O fascínio despertado pelo Papa Francisco, como vimos em outro artigo, nasce justamente de sua capacidade de testemunhar o amor. É uma lição preciosa para todos nós cristãos de nosso tempo. Se queremos que nossos jovens não sigam ideologias que proclamam a violência e que se voltam contra a Igreja, temos que ser testemunhas vivas do amor de Cristo, que nos atinge e que, por nosso intermédio, pode atingir a todo o mundo.

Aleteia

Dom Pizzaballa nomeado Patriarca de Jerusalém dos Latinos

Dom Pierbattista Pizzaballa

O Santo Padre nomeou Patriarca de Jerusalém dos Latinos Sua Excelência Reverendíssima, dom Pierbattista Pizzaballa O.F.M., até agora Administrador Apostólico "sede vacante" da mesma circunscrição, transferindo-o da sede titular de Verbe.

Vatican News

A nomeação foi publicada neste sábado, 25 de outubro, pela Sala de Imprensa do Vaticano, na véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina.

Curriculum Vitae

 Sua Beatitude Pierbattista Pizzaballa nasceu em 21 de abril de 1965 em Cologno al Serio, Diocese e Província de Bergamo. Acolhido no Seminário Menor da Província Franciscana de Cristo Rei, em Bolonha, em setembro de 1976, no dia 5 de setembro de 1984 iniciou o seu noviciado no convento de La Verna. Fez a profissão temporária em La Verna em 7 de setembro de 1985 e a profissão perpétua em Bolonha em 14 de outubro de 1989. Após o seu primeiro ciclo de estudos filosófico-teológicos, obteve a sua licenciatura em Teologia no Pontifício Ateneu Antonianum de Roma. Em 27 de janeiro de 1990 foi ordenado diácono e em 15 de setembro de 1990 presbítero na Catedral de Bolonha pelo Cardeal Giacomo Biffi.

Chegou à Custódia da Terra Santa no dia 7 de outubro de 1990 e concluiu os seus estudos de especialização no Studium Biblicum Franciscanum, de Jerusalém, em 1993. Em seguida, foi professor de hebraico bíblico na Faculdade Franciscana de Ciências Bíblicas e Arqueológicas de Jerusalém.

Começou o seu serviço na Custódia da Terra Santa no dia 2 de julho de 1999. Em 9 de maio de 2001 foi nomeado Guardião do Convento dos Santos Simeão e Ana em Jerusalém. Envolvido no cuidado pastoral dos fiéis católicos de expressão judaica, foi nomeado Vigário Patriarcal em 2005 até 2008.

O Definitório Geral da Ordem dos Frades Menores elegeu-o Custódio da Terra Santa e Guardião do Monte Sião em maio de 2004, cargo que desempenhou até abril de 2016.

No dia 24 de junho de 2016, o Santo Padre Francisco nomeou-o Arcebispo Titular de Verbe e Administrador Apostólico, sede vacante da Diocese Patriarcal de Jerusalém dos Latinos. Em 10 de setembro foi consagrado Bispo na Catedral de Bergamo pelo Cardeal Leonardo Sandri.

É membro da Congregação para as Igrejas Orientais.

Véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina

https://youtu.be/I7kLPGzVIIo

A nomeação foi publicada neste sábado, 25 de outubro, pela Sala de Imprensa do Vaticano, na véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina.

Dom Pizzaballa è natural da cidade de Bergamo na Itália e será o décimo Patriarca, após a restauração do Patriarcado Latino de Jerusalém em meados de 1800. De 1847 até hoje, foram sucedendo-se no comando da Diocese, os Patriarcas Latinos: Mons. Giuseppe Valerga, Mons. Vincenzo Bracco ,Mons. Luigi Piavi , Mons. Filippo Camassei, Mons. Luigi Barlassina , Mons. Alberto Gori, Mons. Giacomo Beltritti ,Mons. Michel Sabbah, Mons. Fouad Twal

Era 21 de junho de 2008, quando na Basílica do Getsêmani, o Patriarca Michel Sabbah passou o Báculo a Dom Fouad Twal, eleito Patriarca Latino de Jerusalém. Uma grande multidão de fiéis, de toda a diocese, compareceu para se despedir daquele que por vinte anos foi o pastor e a voz dos cristãos da Terra Santa.

Em 2016, o Papa Francisco, aceitando a renúncia de Sua Beatitude  Fouad Twal, ao atingir o limite de idade, nomeou  Fr. Pierbattista Pizzaballa, ex-Custódio da Terra Santa por doze anos, como Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém. No dia 10 de setembro, o Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, ordenou Dom Pierbattista Pizzaballa como Arcebispo.

Em maio de 2004, Frei Pierbattista Pizzaballa, foi nomeado Custódio da Terra Santa por um período de 6 anos. Em seguida, foi reconfirmado pelo Ministro dos Frades Menores em maio de 2010 para um mandato de 3 anos e, posteriormente, por mais 3.

Às vezes me perguntam sobre o meu futuro: que planos faço? Antes de tudo sou um frade e como todos faço planos, mas também sou um filho da obediência e, portanto, devo obedecer. Tenho prestado minha obediência mesmo enquanto Custódio e chegará também o tempo em que alguém me dirá, como Jesus disse a Pedro, para onde devo ir. Minha vez também chegará, e é bom que seja assim.


Quase 30 anos de presença constante dedicada à Terra Santa.

Vatican News

Santo Evaristo

ArqSP

No atual Anuário dos Papas encontramos Evaristo em pleno comando da Igreja católica, como quarto sucessor de Pedro, no ano 97. Era o início da era cristã, portanto é muito compreensível que haja tão poucos dados sobre ele.

Enquanto do anterior, papa Clemente, temos muitos registros, até de próprio punho, como a célebre carta endereçada aos cristãos de Corinto, do papa Evaristo nada temos escrito por ele mesmo, as poucas informações vieram de Irineu e Eusébio, dois ilustres e expressivos santos venerados no mundo católico.

Naqueles tempos, o título de "papa" era dado a toda e qualquer autoridade religiosa, passando a designar o chefe maior da Igreja somente no século VI. Por essa razão as informações, às vezes, se contradizem. Mas santo Eusébio mostra-se muito firme e seguro ao relatar Evaristo como um grego vindo da Antioquia.

Ele governou a Igreja durante nove anos, nos quais promoveu três ordenações, consagrando dezessete sacerdotes, nove diáconos e quinze bispos, destinados a diferentes paróquias.

Foi de sua autoria a divisão de Roma em vinte e cinco dioceses, a criação do primeiro Colégio dos Cardeais. Parece que também foi ele que instituiu o casamento em público, com a presença do sacerdote.

Papa Evaristo morreu em 105. Uma tradição muito antiga afirma que ele teria sido mártir da fé durante a perseguição imposta pelo imperador Trajano, e que depois seu corpo teria sido abandonado perto do túmulo do apóstolo Pedro. Embora a fonte não seja precisa, assim sua morte foi oficialmente registrada no Livro dos Papas, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

domingo, 25 de outubro de 2020

"MEU SENHOR E MEU DEUS!"

Filhos da Paixão
    Para quem crê, Jesus não é apenas um personagem histórico com mensagens belas e inspiradoras. Ele é Filho de Deus, que foi morto e, ressurgindo, venceu a morte. Ele vive e está presente conosco. Não o vimos fisicamente, pois ele subiu para o Pai a fim de que pudesse estar próximo de todos nós para sempre. Embora não o vejamos, ele nos toca de tantos modos!
    Ele nos toca em sua palavra, que aquece os nossos corações com a verdade profunda sobre nós próprios. Ele nos alcança e nos convoca com sua voz e mãos em ação no mundo - a Igreja, seu Corpo Místico, chamada a ser sinal claro de seu amor e misericórdia para todos. Ele nos une e nos reune, fazendo-se presente nos pastores da Igreja, os bispos, com os prebíteros, seus colaboradores, chamados à especial vocação de, entre não poucas dificuldades e limites, ser presença do Bom Pastor para todos. Deslumbra-nos com sua presença santíssima na imensa catedral do cosmos! Ele nos encontra e nos interpela no pobre, no doente, no prisioneiro, na criança, em todos os que sofrem sede e fome de vida, dignidade e justiça. Presente está, como sinal máximo de amor, no pão e no vinho eucarísticos, para nos alimentar no caminho, mas também para nos lembrar de que a vida precisa ser tomada, partida e dada, como ele mesmo o fez.
    De muitos modos, o Senhor Ressuscitado nos alcança e nos chama. Dar-se conta de que ele está conosco é a experiência de maior segurança que se pode ter neste mundo. O que fazer quando encontramos Jesus Ressuscitado? Fazer como Tomé: contemplar as chagas do Senhor. O Ressuscitado é o Crucificado: o Senhor da Glória é o que, inocente, foi humilhado e morto por nõa, porque muito amou.Está aqui o único que pode ser Senhor: aquele que, sendo Deus, aniquilou-se, amando-nos até o fim. Que mais fazer diante do Ressuscitado? Deixar que ele também olhe minhas chagas, minhas dores, dificuldades, pecados e mágoas. A chaga de Tomé era a incredulidade, a falta de fé, de confiança. Qual a sua? Vale a pena deixar Jesus tocar amorosamente nossas chagas, resistências, temores.
    Permitir que Jesus acesse meu profundo é dizer "meu Senhor e meu Deus". Só Jesus é santo o suficiente para acessar o sacrário de meu coração. Ali, ele vai me ajudando a pôr em ordem o que se deslocou, a reencontrar verdade e sentido para viver. O momento mais bonito é quando, finalmente, eu o deixo ocupar o centro das decisões, o leme da minha vida, por entre os desafios que o amor descortinará diante de mim. Aí, sim, posso dizer: tu solus Sanctus, tu solus Dominus. Só tu és Santo, só tu és o Senhor.

Revista Ecoando
Nº 71, Set-Nov/2020 - Págs. 6 e 7

Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

Santo Agostinho | Canção Nova

(Ep.130,14,27-15,28:CSEL44,71-73)        (Séc.V)

 

O Espírito intercede por nós

 

Quem pede ao Senhor aquele único bem e o procura com empenho, pede cheio de segurança e não teme ser-lhe prejudicial o recebê-lo; sem ele, nada do que puder receber como convém lhe adiantará. Pois é a única verdadeira vida e a única feliz. Contemplar eternamente a maravilha do Senhor, imortais e incorruptos de corpo e de espírito. Em vista desta única vida tudo o mais se há de pedir sem impropriedade. Quem a possuir terá tudo quanto desejar. Nem desejará o que não convém e que ali nem mesmo pode existir.

 

Ali, com efeito, está a fonte da vida, de que temos sede agora na oração, enquanto vivemos na esperança e ainda não vemos o que esperamos; à sombra de suas asas, diante de quem está todo nosso desejo, para embriagarmo-nos da riqueza de sua casa e bebermos da torrente de suas delícias. Porque junto dele está a fonte da vida e à sua luz veremos a luz (cf. Sl 35,8-10), quando se saciar de bens nosso anseio e nada mais haverá a procurar com gemidos, mas só aquilo que no gozo abraçaremos.

 

Todavia ela é também a paz que supera todo entendimento. Por isso, ao orarmos para obtê-la, não sabemos fazê-lo como convém. orque não podemos nem mesmo imaginar como é, então não sabemos.

 

Mas tudo o que nos ocorre ao pensar, afastamos, rejeitamos, desaprovamos. Não é isto o que procuramos, embora não saibamos ainda qual seja. Há em nós, por assim dizer, uma douta ignorância, mas douta pelo Espírito de Deus que vem em auxílio de nossa fraqueza. Tendo o Apóstolo dito: Se, porém, esperamos o que não vemos, aguardamos com paciência, acrescenta: Do mesmo modo o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza; pois não sabemos orar como convém; mas o próprio Espírito intercede com gemidos inexprimíveis. Aquele que perscruta os corações conhece o desejo do Espírito, porque sua intercessão pelos santos corresponde ao desígnio de Deus (Rm 8,25-27).

 

Não se há de entender isto como se o Santo Espírito de Deus, que é Deus na Trindade imutável e como Pai e o Filho um só Deus, interceda em favor dos santos, como alguém que não seja o mesmo Deus. Na verdade se diz: Interpela em favor dos santos porque faz os santos intercederem. Como se diz: O Senhor, vosso Deus, vos tenta para saber se o amais (Dt 13,4), quer dizer: para vos fazer saber. Por conseguinte faz que os santos intercedam com gemidos inexprimíveis, inspirando-lhes o desejo da maravilha ainda desconhecida que aguardamos pela paciência. Por que e como exprimir o desejo daquilo que se ignora? Na realidade, se se ignorasse totalmente, não se desejaria. Por outro lado, se já se visse, não se desejaria nem se procuraria com gemidos.


https://liturgiadashoras.online/

Aristides de Atenas: Apologia (Parte 1/2)

Estudos OESI

INTRODUÇÃO

I. Eu – ó Rei – por providência de Deus, vim a este mundo e, tendo contemplado o céu, a tarra e o mar, o sol, a lua e todo o resto, fiquei maravilhado por sua ordem. Porém, vendo que o mundo e tudo o que nele há se move por necessidade, compreendi que Aquele que os move e os mantém [em movimento] é mais que estes. Afirmo, pois, ser Deus que ordenou tudo e o mantém fortemente assim. [Ele] não teve princípio e é eterno; imortal e sem necessidades; acima de todas as paixões e defeitos, da ira, do esquecimento, da ignorância e tudo o mais. Por Ele, todavia, subsiste tudo. Não precisa de sacrifício, nem libação, nem de nada do que existe; porém, tudo necessita Dele.

II. Ditas estas coisas a respeito de Deus, da forma como consegui falar sobre Ele, passemos também ao gênero humano, para saber quais dentre os homens participam da verdade e quais [participam] do erro, pois, para nós – ó Rei – é evidente que há três tipos de homens neste mundo: os adoradores daquilo que vocês chamam “deuses”; os judeus; e os cristãos. Por sua vez, os que adoram muitos deuses se subdividem em também em três gêneros: os caldeus, os gregos e os egípcios, porque estes foram os guias e mestres das demais nações no culto e adoração dos deuses de muitos homens.

OS FALSOS DEUSES DOS CALDEUS

III. Vejamos, pois, quais destes [homens] participam da verdade e quais [partcipam] do erro. Os caldeus, com efeito, por não conhecerem a Deus, se extraviaram por detrás dos astros e passaram a adorar às criaturas no lugar d’Aquele que os havia criado; e fazendo daqueles [astros] certas representações, passaram a clamar às imagens do céu e da terra, do sol, da lua e dos demais astros ou luminares; e, confinando-os em templos, os adoram, dando-lhes nome de deuses, guardando-os com toda a segurança, para que não sejam roubados por ladrões, sem perceber que os que guardam são superiores aos guardados, e os que constroem são superiores às suas próprias obras. Assim, se os seus deuses são impotentes para sua própria salvação, como poderiam oferecer a salvação aos outros? Logo, se extraviaram os caldeus, prestando culto a imagens mortas e inúteis.

E fico maravilhado – ó Rei – como aqueles que são, entre eles, chamados de “filósofos” não perceberam absolutamente que também esses mesmos astros são corruptíveis. Sim, e se os astros são corruptíveis e dominados pela necessidades, como podem ser deuses? E se os astros não são deuses, como poderiam ser [deuses] as imagens feitas em honra deles?

IV. Passemos, portanto – ó Rei – aos próprios elementos, para provar que não são deuses, mas sim corruptíveis e mutáveis, desprovidos de tudo por ordem do Deus verdadeiro, Aquele que é incorruptível, imutável e invisível. Ele tudo vê, tudo muda e transforma como quer. Que posso então dizer dos astros?

Os que crêem que a terra é Deusa se enganam, pois a vemos incomodada e dominada pelos homens, cavada e emporcalhada, tornando-se inútil, porque se não a aduba, converte-se em infértil como uma telha, onde nada nasce. Só que, se for regada em demasia, corrompe-se ela mesma bem como os seus frutos. Ela também é pisada pelos homens e pelos animais; se mancha com os sangue dos assassinatos; é cavada para receber os cadáveres e, assim, se converte em depósito de mortos. Sendo assim, não é possível que a terra seja deusa, mas obra de Deus, para utilidade dos homens.

V. Os que pensam que a água é Deus erram, pois também ela foi feita para a utilidade dos homens e por eles é dominada; fica suja e se corrompe; se altera quando é servida, muda de cor e congela com o frio; é levada para lavar todas as imundícies… Por isso, é impossível que a água seja Deus, mas é obra de Deus.

Os que crêem que o fogo é Deus estão equivocados, pois o fogo foi feito para a utilidade dos homens e por eles é dominado; é levado de um lugar para outros para cozer e assar toda espécie de carnes e até mesmo para cremar cadáveres. Além disso, se corrompe de várias maneiras ao ser apagado pelos homens. Por isso, não é possível que o fogo seja Deus, mas obra de Deus.

Os que crêem que o sopro dos ventos é Deus se equivocam, pois é óbvio que está a serviço de outro e que foi preparado por Deus, em graça aos homens, para mover os navios, transportando os alimentos, e atender às suas demais necessidades; fora isso, aumenta ou cessa pela ordem de Deus. Portanto, não é possível pensar que o vento seja Deus, mas obra de Deus.

VI. Os que crêem que o sol é Deus se equivocam, pois vemos que ele se move por necessidade, muda e altera de signo, pondo-se e nascendo para desenvolver as plantas e ervas em utilidade aos homens; vemos também que possui divisões com os demais astros, que é muito menor que o céu, que sofre eclipses em sua luz e não goza de qualquer autonomia. Por isso, não é possível pensar que o sol seja Deus, mas obra de Deus.

Os que pensam que a lua é Deusa se equivocam, pois vemos que ela se move por necessidade e muda de fase, pondo-se e nascendo para a utilidade dos homens; ela é menor que o sol, cresce, reduz e sofre eclipses. Por isso, não é possível pensar que a lua seja deusa, mas obra de Deus.

VII. Os que crêem que o homem é Deus erram, pois vemos que ele é concebido por necessidade, se alimenta e envelhece ainda contra a sua vontade; às vezes está alegre, outras vezes está triste, e precisa de comida, bebida e roupas; vemos, ainda, que ele guarda raiva, inveja e ambição, muda seus propósitos e tem mil defeitos; corrompe-se também de muitos modos em razão dos elementos, dos animais e da morte que lhe é imposta. Não é, portanto, admissível que o homem seja Deus, mas obra de Deus.

Assim, os caldeus se extraviaram em suas concupiscências, pois adoram os astros, elementos corruptíveis e às imagens mortas, sem compreenderem o que divinizam.

OS FALSOS DEUSES DOS GREGOS

VIII. Vejamos agora também os gregos, para ver se possuem alguma idéia sobre Deus. Os gregos, que dizem ser sábios, mostram-se mais ignorantes que os caldeus, introduziram uma multidão de deuses que nasceram uns do sexo masculino, outros do sexo feminino, escravos de todas as paixões e sujeitos de toda espécie de iniqüidades; são deuses que eles memos afirmam ter sido adúlteros, assassinos, irados, invejosos, rancorosos, parricidas e fratricidas, ladrões e assaltantes, coxos e importunos, feiticeiros e loucos. Destes, uns morreram, outros foram fulminados, outros serviram aos homens como escravos, outros viraram fugitivos, outros sentiram dor e lamentaram, outros se transformaram em animais…

Daí se vê – ó Rei – quão ridículas, absurdas e ímpias palavras introduziram os gregos ao dar o nome de deuses a esses seres que não são [deuses]; assim fizeram seguindo os seus maus desejos, a fim de que, tendo aqueles abrogado suas maldades, pudessem estes [também] entregar-se ao adultérios, ao roubo, ao assassinato e toda a classe de vícios. Ora, se tudo isso fizeram os deuses, por que também não poderiam fazer os homens que lhes prestam culto? Conseqüência, pois, de todas estas obras do erro foi que os homens sofreram guerras contínuas, matanças e cativeiros amargos.

IX. Mas se quisermos recorrer com nosso discurso a cada um de seus deuses, veremos absurdos sem conta. Assim, introduzem, antes de mais nada, um deus chamado Cronos e a estes lhe sacrificam seus próprios filhos; Cronos teve muitos filhos de Rea e, finalmente, tornando-se louco, comeu os seus próprios filhos. Dizem também que Zeus lhe cortou as partes viris e as atirou no mar, donde se conta que nasceu Afrodite. Amarrando Zeus o próprio pai, lançou-o no Tártaro.

Vês o desvio e a imprudência introduzidos contra o seu próprio deus? Como é possível que um deus seja amarrado ou mutilado? Ó insensatez! Quem, em seu são juízo, pode dizer tais coisas?

Depois introduziram Zeus, que dizem ser o rei de todos os seus deuses e que toma a forma de animais para unir-se com mulheres mortais. Com efeito, contam que se tranformou em touro para Europa e Pasfae, em ouro para Danae, em cisne para Leda, em sátiro para Antíope e em raio para Esmele; e que destas nasceram-lhe muitos filhos: Dionísio, Zeto, Anfim, Héracles, Apolo e Artemisa, Perseu, Castor, Helena e Plux, Minos, Radamante, Sarpenden e as sete filhas chamadas “musas”. Logo introduziram igualmente a fábula de Ganímedes… Aconteceu então – ó Rei – que os homens imitaram tudo isto e se fizeram adúlteros e pervertidos, como seu deus, e cometeram toda a classe de atos viciosos. Como é possível conceber que Deus seja adúltero, pervertido e parricida?

X. Com isto, introduziram um certo Hefesto como deus, e este, coxo e empunhando martelo e turquês, passou a ser ferreiro para ganhar a vida. É necessitado? Isto é coisa inadmissível para Deus: ser coxo e necessitado dos homens.

Logo introduziram Hermes como deus; ele que é ambicioso, ladrão, ávaro, feiticeiro, estrupiado e intérprete de discursos… Não se concebe que Deus possa ser tais coisas.

Também introduziram Asclépio como deus; médico de profissão e dedicado a preparar medicamentos, compondo emplastos para se sustentar (pois estava necessitado), logo foi fulminado por Zeus por causa do filho do lacedemônio Tindreo, e assim morreu. Mas se Asclépio, sendo deus, não pôde ajudar a si mesmo, sendo fulminado, como poderá ajudar os outros?

Também introduziram Ares como deus; guerreiro, invejoso, ambicioso por rebanhos e outras coisa, dizem que ele, mais tarde, cometeu adultério com Afridite, e foi amarrado pelo menino Eros e também por Hefesto. Como, pois, poderia Deus ser ambicioso, guerreiro, adúltero e prisioneiro?

Também introduziram Donísio como deus, ele que celebra festas noturnas, é mestre em embriaguez e arrebata as mulheres alheias; mais tarde, foi degolado pelos titãs. Se, pois, Dionísio foi degolado, não pôde ajudar-se a si mesmo, mas era louco, bêbado e fugitivo; como poderia ser Deus?

Também introduziram Héracles, que contam ter-se embriagado e, tornando-se louco, comeu seus próprios filhos, sendo após consumido pelo fogo, assim morrendo. Mas como pode Deus ser bêbado, matar seus filhos e ser devorado pelo fogo? Como pode socorrer os outros se não pôde socorrer a si mesmo?

XI. Também introduziram Apolo como deus; ele era invejoso; às vezes empunhava o arco e e a flecha, outras vezes a cítara e a flauta; dedicava-se à adivinhação em troca do dinheiro dos homens. Ele é necessitado? É impossível admitir que Deus esteja necessitado e seja invejoso, como citamos.

Depois introduziram Artemisa, sua irmã, caçadora por ofício, que carrega o arco e a flecha, andando errante pelos montes, acompanhada somente de seus cães, para caçar cervos e javalis. Como pode, pois, ser deusa uma mulher que é caçadora e anda errante com seus cães?

Também dizem que Afrodite é deusa, que foi adúltera e que como companheiros de adultério Ares, Anquises e Adônis (cuja morte chorou), e sempre buscava amantes; até dizem que desceu ao Hades para resgatar Adônis de Persfone, filha de Hades. Ó Rei: por acaso já viste insensatez maior que a de introduzir uma deusa adúltera, que lamenta e chora?

Também introduziram Adônis como deus, caçador de ofício e adúltero, que morreu violentamente ferido por um javali e não pôde ajudar-se em sua desgraça. Como pode então preocupar-se com os homens aquele que era adúltero, caçador e que morreu de forma violenta?

Tudo isto e muitas coisas mais, bem vergonhosas e piores, introduziram os gregos – ó Rei – fantasiando sobre seus deuses coisas que absolutamente não são lícitas de dizê-las ou trazê-las à memória. Assim, tomando os homens os exemplos de seus próprios deuses, praticaram todo gênero de iniqüidade, imprudência e impiedade, manchando a terra e o ar com suas terríveis ações.

OS FALSOS DEUSES DOS EGÍPCIOS

XII. Quanto aos egípcios, que são mais torpes e mais nécios que os gregos, erraram mais que todas as nações, pois não se contentaram com os cultos dos caldeus e dos gregos, mas introduziram ainda como deuses animais irracionais, tanto da terra como da água, bem como árvores e plantas, e mergulharam em toda a loucura e imprudência pior que todas as nações existentes sobre a terra.

Eis que a princípio prestaram culto a Ísis, que tinha Osíris por irmão e marido; este foi degolado por seu irmão Tifão. Por esta razão, Ísis fugiu com seu filho Hórus para Bíblo, na Síria, chorando amargamente; quando Hórus cresceu, matou Tifão. Desta forma, nem Ísis teve forças para ajudar seu irmão e marido, nem Osíris pôde ajudar-se a si mesmo (já que foi degolado por Tifão), da mesma maneira que Tifão, fratricida, morto por Hórus e Ísis, não conseguiu livrar-se a si próprio da morte. E, reconhecidos por tais desgraças, foram tidos por deuses pelos insensatos egípcisos, os quais, não contentes com este e com os demais cultos trazidos por outras nações, introduziram como deuses até mesmo os animais irracionais.

Eis que alguns deles adoram a ovelha; outros o cabrito; outros o novilho e o porco; outros o corvo, o gavião, o abutre e a águia; outros o crocodilo; outros o gato, o cão e o lobo, e também o macaco, a serpente e a áspide; outros a cebola e o alho, os espinhos e as demais criaturas… E os desgraçados não se dão conta que nenhuma dessas coisas possui poder algum, nem vendo que seus deuses são comidos por outros homens, queimados e degolados, e se putrefazem… Não compreendem que não são deuses!

CONCLUSÃO SOBRE A FALSA RELIGIÃO POLITEÍSTA

XIII. Assim, se extraviaram gravemente os egípcios, os caldeus e os gregos, introduzindo tais deuses, fazendo imagens deles, e divinizando os ídolos surdos e insensíveis.

E me admira como vendo seus deuses serrados, destruídos pelo fogo, cortados pelos artífices, envelhecidos pelo tempo, dissolvidos e fundidos não compreendam que não existem tais deuses pois, quando nenhuma força possuem para sua própria salvação, como poderão ter providência pelos homens?

Mas seus poetas e filósofos, querendo com seus poemas e obras glorificar os seus deuses, não têm feito outra coisa senão descubrir suas vergonhas e torná-las desnudas para todos; pois, se o corpo do homem, ainda que seja composto por muitas partes, não despreza nenhum de seus membros, mas, conservando-os todos em irrompível unidade, mantendo-se sempre unidos, como poderia ocorrer na natureza de Deus tamanha batalha e discórdia? Ora, se a natureza dos deuses é uma, não deve um deus perseguir outro deus, nem degolá-lo ou machucá-lo. E se os deuses têm perseguido uns aos outros, e se degolaram, roubaram e foram fulminados, já não há uma só natureza, mas pareceres divididos e todos maléficos, de forma que nenhum deles é Deus. Portanto, é claro – ó Rei – que toda a teoria sobre a natureza desses deuses é puro extravio.

E como não compreenderam os gregos sábios e eruditos que, ao estabelecer leis, seus deuses são condenados por essas leis? Pois se as leis são justas, são absolutamente injustos os seus deuses que fizeram coisas contra a lei, como mortes mútuas, feitiçarias, adultérios, roubos e uniões contra a natureza; e se tudo isto que fizeram foi bom, então as leis é que são injustas porque vão contra os deuses. Porém não é isto que ocorre: as leis são boas e justas, pois louvam o bom e proíbem o mau, e as obras dos deuses são ímpias. Ímpios são, portanto, os seus deuses; todos são réus de morte; ímpios também são aqueles que introduzem semelhantes deuses, porque se as histórias que são contadas são mitos, então os deuses não são nada mais que palavras; e se são físicas, já não são deuses os que tais coisas fizeram ou sofreram; e se são alegorias, são estórias e nada mais.

Fique provado então – ó Rei – que todos estes cultos para muitos deuses são obras que extraviam e levam à perdição, pois não se deve chamar deuses às coisas visíveis que não vêem, mas deve-se adorar ao Deus invisível que tudo vê e criou.

Veritatis Splendor

Igreja no México cancela festa de Guadalupe este ano devido à pandemia

La Voz Arizona | CC0
por John Burger

O cardeal encoraja os católicos a celebrarem a festividade nas paróquias e nos lares.

A grande celebração que normalmente atrai cerca de 10 milhões de pessoas à Cidade do México – Guadalupe – não acontecerá este ano por causa da pandemia do coronavírus.

A Arquidiocese do México anunciou que nenhuma celebração litúrgica acontecerá na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe no dia 12 de dezembro, data das homenagens à “Padroeira das Américas”.

As celebrações normalmente começam na noite de 11 de dezembro e atraem milhões para a área ao redor da basílica.

Diante do perigo contínuo de espalhar o novo coronavírus, o cardeal Carlos Aguiar Retes, a Conferência dos Bispos Mexicanos e os oficiais do santuário estão convidando os mexicanos a celebrarem a festa nas paróquias locais e em ambientes familiares.

As celebrações comemoram a aparição da Bem-aventurada Virgem Maria a São Juan Diego em 1531. O manto em que apareceu uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe ainda é venerado na basílica.

Aleteia

As decisões que te ajudam a vencer a depressão todos os dias

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por Pablo Tudela

Certas atividades permitem a secreção de endorfinas, serotonina, dopamina; elas permitirão que você relaxe e recupere o prazer de viver.

Estar triste não é estar deprimido. A depressão pode significar tristeza, mas a tristeza é mais uma emoção, necessária na medida certa para podermos nos expressar, nos compreender e crescer.

Na depressão, o que acontece é uma tristeza crônica e resistente. Por isso é importante vencer a depressão.

Podemos delinear três origens principais:

  1. Depressão endógena: de origem biológica / orgânica.
  2. Depressão exógena: devido a causas externas à pessoa.
  3. E a depressão mista (uma mistura de ambas) A mais comum é reativa a circunstâncias ou eventos pessoais.

Ajuda

Nem toda depressão precisa de ajuda profissional. De fato, isso depende do crescimento pessoal de cada um, das ferramentas e dos recursos de que dispõe.

Mas é comum que a gravidade da depressão exceda a capacidade de uma pessoa de se recuperar e controlar essa tristeza, essa desordem de vontade, essa apatia e desesperança.

Assim, é nesses casos que é necessária ajuda psicológica e/ou farmacológica. Mas isso não é tudo. Atrás de cada comprimido, atrás de cada consulta, começa a rotina da pessoa. As decisões que constroem o dia a dia.

Higiene vital

No início desse processo de enfrentamento da depressão, a margem de liberdade costuma ser baixa. Isso devido ao sofrimento presente, pela percepção de si mesmo, pela falta de força, pela visão parcial da realidade. Todavia, essa margem de liberdade, por menor que seja, deve ser empunhada pela pessoa como uma arma pequena, mas essencial e poderosa. Enfim, você precisa começar a trabalhar e cuidar de sua higiene vital.

Entendemos higiene vital como um conjunto de ações e hábitos que resultam no cuidado e acompanhamento das necessidades da pessoa. Enfim, esses hábitos vão desde os mais básicos (dormir, comer) até os mais elevados (inteligência emocional, espiritualidade, transcendência, vida de fé).

Necessidades básicas para vencer a depressão

As necessidades básicas são um pilar fundamental facilmente negligenciado.

  • Durma de 7 a 8 horas. Analise a qualidade do sono.
  • Tenha uma programação minimamente estruturada.
  • Coma bem em quantidade e qualidade.

Quando isso é devidamente feito, o que não é uma tarefa fácil, depois são analisados ​​os seguintes passos: Como essa pessoa se relaciona e com quem? Que apoios ela tem? Em quem você confia? Quem você ama?

Atitudes para vencer a depressão

Essas perguntas não devem ser feitas apenas na consulta. Mas a pessoa deve então trabalhar em seus relacionamentos pessoais, que sem dúvida foram afetados pela depressão.

Como a pessoa lida com o prazer? Ela tem fontes saudáveis ​​de prazer? Algum vício que está dificultando a recuperação?

É necessário ter um ritmo diário de atividades que promovam um prazer saudável com o qual secretamos nossas próprias endorfinas (prazer, relaxamento), nossa serotonina (prazer, satisfação), nossa dopamina (entusiasmo, motivação, capacidade de ação, recompensa).

Atividades para vencer a depressão

Recomenda-se que a própria pessoa reflita sobre quais atividades são melhores em termos de esforço e recompensa. Na verdade, é muito comum que as atividades não sejam encontradas imediatamente. Neste caso, é muito útil voltar nos anos, se necessário, à infância, e recuperar atividades por mais infantis que possam parecer.

Por último, mas não menos importante, cada pessoa que tem uma vida espiritual tem uma ferramenta extra que atravessa todas as camadas da pessoa. Uma ferramenta para pedir ajuda, para dar sentido ao sofrimento, para oferecer o insuportável. Enfim, esta etapa precisa das outras, mas ao mesmo tempo a transcende.

Portanto, há muitas coisas que uma pessoa que sofre de depressão pode fazer fora do trabalho com a psicoterapia e esperar que o tratamento tenha efeito.

Nesse sentido, a atitude passiva inicial típica da depressão deve ser orientada para uma atitude adulta e proativa. E para isso o para quê e o porquê são fundamentais. É nesse ponto que inevitavelmente encontramos a transcendência novamente, não importa o quanto às vezes queiramos evitá-la.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF