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terça-feira, 27 de outubro de 2020

São Frumêncio

ArqSP

Frumêncio é o primeiro bispo missionário na Etiópia, de onde é considerado o apóstolo, junto com o irmão Edésio. Sua história poderia oferecer a trama a um interessante romance de aventuras.

No tempo do imperador Constantino, um filósofo voltava a Tiro de uma viagem à Índia, acompanhado de seus discípulos e de dois meninos, Frumêncio e Edésio. A nau atracou no porto de Aulis, nas proximidades de Massaua, e pouco depois foi atacada por uma horda de etíopes que trucidaram todos os passageiros. Salvaram-se apenas os dois meninos, que se tinham apartado para ler um livro debaixo de uma árvore. Jamais um livro foi tão precioso...

Quando se deram conta dos dois meninos, os etíopes, já pagos pelo butim, conduziram-nos como escravos a Axum, e o rei os reteve a seu serviço. Depois da morte do soberano, a rainha confiou a Frumêncio a educação do filho.

Os dois irmãos fizeram-se amar e obtiveram a permissão para erguer uma igreja junto ao porto; depois puderam voltar a sua pátria para pedir a Atanásio, bispo de Alexandria do Egito, o envio de um bispo e de sacerdotes.

Atanásio consagrou bispo o próprio Frumêncio e o mandou de volta à Etiópia com alguns sacerdotes. Surgia assim a primeira comunidade cristã na África negra, destinada a expandir-se e a manter-se firme mesmo durante a tempestade islâmica que levou de roldão o cristianismo em quase toda a África.

Frumêncio foi acolhido com alegria pelos etíopes de Axum e pelo próprio jovem rei Ezana, que esteve entre os primeiros a receber o batismo. Também os súditos seguiram o exemplo do rei. Frumêncio — que os etíopes chamam “abba Salama”, isto é, o portador de luz — é justamente incluído entre os maiores missionários cristãos.
 

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

A EUCARISTIA E AS MISSÕES

ArqBsB

Por ser o sinal visível do Cristo invisível, a Igreja é essencialmente missionária e, por isso, não mede esforços para anunciar corajosamente, na sua íntegra, o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Neste mês das missões, somos chamados a testemunhar que a “Eucaristia é a fonte e o ápice de toda evangelização”. (Presbyterorum Ordinis, 5). Devemos, também, anunciar que “a Eucaristia é o coração pulsante da missão; é a sua fonte e o seu único fim”. (Instrumentum Laboris, 88).

É na celebração da Santa Missa que renovamos nossos ideais de testemunhar ao mundo nossa pertença a Deus e à Igreja. É da constante participação na Eucaristia que, com docilidade, vamos deixando Cristo agir em nossas almas. Quando participamos retamente da Sagrada Comunhão, sentimos em nosso íntimo a necessidade de se levar ao outro a graça de poder vivenciar, em plenitude, a maravilha de ser filho de Deus. Ao final da Santa Missa, o sacerdote realiza o envio missionário, dizendo-nos: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!” Esse mandato missionário deve nos levar a partir para nossas famílias e nossos ambientes, refletindo: o que posso e devo fazer para que Cristo seja amado e reconhecido como único e verdadeiro Deus?

Diante da Mesa Eucarística, somos Igreja, comunidade orante e missionária, que se reúne para participar da Fração do Pão. Mediante a Fração do Pão, realizamos um encontro com Jesus Cristo. “O encontro com Cristo, continuamente aprofundado na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e evangelizar”. (Papa João Paulo II, Mane Nobiscum Domine, 24).

Esse encontro com Cristo Eucarístico nos faz sair de nosso comodismo e nos leva ao encontro do outro. A Eucaristia nos faz anunciar a grandeza de Deus. A Eucaristia nos faz perceber que “nós não anunciamos a nós próprios. Anunciamos o Cristo. Isto exige nossa humildade, a cruz de seguimento. Mas é justamente isto que nos liberta, enriquece e engrandece”. (Cardeal Joseph Ratzinger, homilia pronunciada no Seminário Maior de Filadélfia, em janeiro de 1990).

O Cristo Eucarístico nos leva a refletir sobre como, na condição de apaixonados pela Eucaristia, podemos demonstrar hoje, nas realidades cotidianas, o que acreditamos e, assim, expressar as boas coisas que Deus opera em nós. Em ação de graças, devemos reconhecer que “o principal dever dos homens e das mulheres é dar testemunho de Cristo pelo exemplo e pela palavra, na família, no ambiente social e no âmbito da profissão. Importa que neles transpareça o novo homem, criado segundo Deus na justiça e na santidade da verdade”. (Ad Gentes, 21).

A maior parte de nosso tempo é gasto no desempenho de nossas atividades profissionais, estudantis e familiares e é nesses ambientes que devemos demonstrar uma plena coerência de vida que demonstre sem necessidade de palavras que somos discípulos de Jesus Cristo. Mas, se for preciso, recorramos às palavras para bradar que “o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão conosco!” (1 Jo 1,3). Em comunhão, nós sentimos que “a celebração eucarística é a fonte das diversas obras de caridade e de ajuda recíproca, da ação missionária e das várias formas de testemunho cristão”. (Papa João Paulo II, Audiência em 02 de dezembro de 1998).

Por meio da Eucaristia, adquirimos a convicção de que devemos nos interessar pela salvação de todos os homens e de que é nosso dever atuar como missionários. Agindo assim, sentimos a necessidade de conhecer profundamente a Boa Nova de Cristo, a fim de que possamos anunciar a verdade sem reservas.

 Nosso serviço missionário terá crédito quando pudermos demonstrar que é o Cristo Eucarístico quem nos conduz em direção a novas messes. Nossa missão terá crédito todas as vezes que propusermos aos homens os grandes valores humanos que Jesus nos outorgou, pois “em uma comunidade sedenta de autênticos valores humanos e que sofre tantas divisões e fraturas, a comunidade dos fiéis há de ser portadora da luz do Evangelho, com a certeza de que a caridade é antes de tudo comunicação da verdade”. (Papa Bento XVI a peregrinos madrilenos em 04 de julho de 2005).

A Eucaristia nos faz perceber que cada discípulo de Jesus Cristo tem a sua parte na tarefa de propagar a fé e divulgar o Evangelho. É ao redor da Mesa Eucarística que Cristo nos diz: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16,15). Amparados no Cristo Eucarístico, sigamos em frente, pois há um imenso campo onde podemos e devemos realizar um fecundo apostolado, uma fecunda obra missionária. É nossa missão repassar, transmitir o Cristo inteiro com suas exigências e compromissos.

Neste mês das missões, nós devemos cada vez mais crer que “todos necessitam do Evangelho. O Evangelho está destinado a todos e não apenas a um grupo determinado, e por isso devemos buscar novos caminhos para levar o Evangelho a todos. (…) A Igreja sempre evangeliza e nunca interrompeu o seu caminho de evangelização. Celebra diariamente o mistério eucarístico, administra os sacramentos, anuncia a palavra da vida, a Palavra de Deus, e compromete-se em favor da justiça e da caridade. E essa evangelização produz frutos: dá luz e alegria, mostra o caminho da vida a um imenso número de pessoas”. (Cardeal Joseph Ratzinger, Mensagem no Congresso de catequistas e professores de religião, Roma, dezembro de 2000).

Graças ao Sublime Sacramento do Altar, o ardor missionário constantemente nasce e renasce na seara da Igreja. Desse modo, é justamente na Eucaristia que encontramos a fortaleza necessária para seguir em frente, com esperança, testemunhando com entusiasmo, “as razões da nossa fé”. (1 Pd 3,15). A Eucaristia nos faz ousados missionários do Evangelho que reconhecem que “a santidade é a manifestação plena da salvação. Só vivendo como salvados é que nos tornamos arautos credíveis da salvação. Por outro lado, cada vez que tomamos consciência da vontade de Cristo de oferecer a todos a salvação, não pode deixar de se reavivar no nosso espírito o ardor missionário, incitando cada um de nós a fazer-se ‘tudo, para todos, para salvar alguns a todo o custo’”. (Carta do Santo Padre João Paulo II aos sacerdotes por ocasião da Quinta-Feira Santa de 2005).

Exercendo, com santidade, o serviço missionário da fé, anunciando o amor e a misericórdia de Jesus, adquirimos a consciência de que necessitamos da Eucaristia para levarmos a Pessoa do nosso Redentor aos nossos coetâneos, pois “a Eucaristia é a realeza de Nosso Senhor na alma fiel. O corpo do comungante se torna para Jesus um templo; o coração, um altar; a razão um trono, a vontade uma serva fiel”. (São Pedro Julião Eymard). Servindo, hoje, amanhã e sempre, à obra missionária da Igreja, iremos professar que a Eucaristia é uma prova irrecusável do amor do nosso Redentor. Que a Virgem Santa Maria, a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, nos ajude a crescer na fé eucarística para que possamos passar pelo mundo comunicando as palavras, os gestos, o amor e a misericórdia do Cristo Eucarístico que permanece vivo e ressuscitado em nosso meio.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

8 dados que todo cristão deve saber sobre Halloween

Imagens: Abóbora (Flickr: The-B's) - Bruxa (Flickr: Lumiago) -
Demônio (Flickr: Adrian Scottow)

REDAÇÃO CENTRAL, 23 out. 20 / 05:00 am (ACI).- Próximos à noite de Halloween, celebrada a cada 31 de outubro, compartilhamos 8 coisas que todo cristão deve saber sobre esta festa pagã que aos poucos foi difundida no mundo inteiro.

“Como o demônio faz para nos afastar do caminho de Jesus? A tentação começa brevemente, mas cresce: sempre cresce. Esta cresce e contagia o outro, é transmitida e tenta ser comunitária. E, finalmente, para tranquilizar a alma, justifica-se. Cresce, contagia e se justifica”, advertiu o Papa Francisco em abril de 2014.

A seguir, os 8 dados:

1. A origem do nome

A Solenidade de Todos os Santos é comemorada no dia 1º de novembro e é celebrada na Igreja desde às vésperas. Por isso, a noite de 31 de outubro, no inglês antigo, era chamada “All hallow’s eve” (véspera de todos os santos). Mais tarde, esta expressão virou “Halloween”.

2. As raízes celtas

No século VI a.C., os celtas do norte da Europa celebravam o fim de ano com a festa do “Samhein” (ou Samon), festividade do sol, iniciada na noite de 31 de outubro e que marcava o fim do verão e das colheitas. Eles acreditavam que naquela noite o deus da morte permitia aos mortos retornarem à terra, fomentando um ambiente de terror.

Segundo a religião celta, as almas de alguns defuntos estavam dentro de animais ferozes e podiam ser libertadas com sacrifícios de toda índole aos deuses sacrifícios, inclusive sacrifícios humanos. Uma forma de evitar a maldade dos espíritos malignos, fantasmas e outros monstros era se disfarçando para tentar se assemelhar a eles e desta maneira passavam despercebidos ante seus olhares.

3. Sua mistura com o cristianismo

Quando os povos celtas foram cristianizados, nem todos renunciaram os seus costumes pagãos. Do mesmo modo, a coincidência cronológica da festa pagã de “Samhein” com a celebração de todos os Santos e a dos defuntos, comemorada no dia seguinte (2 de novembro), fez com que as crenças cristãs fossem misturadas com as antigas superstições da morte.

Através da chegada de alguns irlandeses aos Estados Unidos, introduziu-se neste país o Halloween, que chegou a ser parte do folclore popular do país. Logo, incluindo a contribuição cultural de outros migrantes, introduziu-se a crença das bruxas, fantasmas, duendes, drácula e diversos monstros. Mais tarde, esta celebração pagã foi difundida no mundo inteiro.

4. Uma das principais festas dentro do satanismo

Segundo o testemunho de algumas pessoas que praticaram o satanismo e depois se converteram ao cristianismo, o Halloween é considerada a festa mais importante para os cultos demoníacos, porque se inicia o novo ano satânico e é como uma espécie de “aniversário do diabo”. É nesta data que os grupos satânicos sacrificam os jovens e especialmente as crianças, pois são os preferidos de Deus.

5. A origem da pergunta “Doces ou travessuras?”

No Halloween, as crianças e alguns adultos costumam se disfarçar de seres horríveis e temerários e vão de casa em casa exigindo “trick or treat” (doces ou travessuras). A crença é de que se não lhes dão alguma guloseima, os visitantes farão uma maldade ao morador do lugar. Muitas pessoas acreditam que o início deste costume está na perseguição aos católicos na Inglaterra, onde suas casas eram ameaçadas.

6. A origem da abóbora com forma de rosto

Existe uma antiga lenda irlandesa que conta que um homem chamado Jack tinha sido tão mau em vida que supostamente não podia nem entrar no inferno por ter enganado muitas vezes o demônio. Assim, teve que permanecer na terra vagando pelos caminhos com uma lanterna, feita de um legume vazio com um carvão aceso.

As pessoas supersticiosas, para afugentar Jack, colocavam uma lanterna similar na janela ou na frente de suas casas. Mais adiante, quando isto se popularizou, o legume para fazer a lanterna passou a ser uma abóbora com buracos em forma do rosto de uma caveira ou bruxa.

7. Um grande negócio

Hollywood contribuiu para a difusão do Halloween com uma série de filmes nos quais a violência gráfica e os assassinatos criam no espectador um estado mórbido de angústia e ansiedade. Estes filmes são vistos por adultos e crianças, criando nestes últimos medo e uma ideia errônea da realidade. Do mesmo modo, as máscaras, as fantasias, os doces, as maquiagens entre outros artigos são motivos para que alguns empresários fomentem o “consumo do terror” e favorecem a imitação dos costumes norte-americanos.

8. A festa à fantasia

Segundo Padre Jordi Rivero, grande apologista, celebrar uma festa à fantasia não é intrinsecamente ruim, sempre e quando se cuidar para que esta não esteja contra o pudor, o respeito pelas coisas sagradas e a moral em geral.

É por esta razão que nos últimos anos cresceu a comemoração alternativa do “Holywins” (a santidade vence), que consiste em disfarçar-se do santo ou santa favorito e participar na noite de 31 de outubro de diversas atividades da paróquia, como Missas, vigílias, grupos de oração pelas ruas, adoração eucarística, através de cantos, músicas e danças em “chave cristã”.

ACI Digital

O cristianismo não é fácil mas é feliz

Papa Francisco sobre as bem-aventuranças
13 outubro 2020

«Beati i poveri. Catechesi sulle beatitudini» (“Bem-aventurados os pobres. Catequeses sobre as bem-aventuranças”) é o título do livro, publicado pela Libreria Editrice Vaticana (Cidade do Vaticano, 2020, 46 páginas) que reúne as palavras do Papa Francisco pronunciadas nas audiências gerais de 29 de junho de 2019 a 29 de abril de 2020. Apresentamos a seguir amplos excertos do prefácio escrito pelo bispo presidente da Administração do património da Sé Apostólica.

Após dias em que — como disse o Papa Francisco — uma tempestade desmascarou a nossa vulnerabilidade e pôs a nu as certezas falsas e supérfluas com que construímos as nossas agendas, projetos, hábitos e prioridades, e fez cair a “maquilhagem” dos estereótipos com que mascaramos o nosso “ego”, sentimos a necessidade de “retomar” a nossa vida com as suas esperanças, sonhos e também dificuldades (...).

Neste tempo tão “complicado”, o magistério do Papa Francisco guia-nos, pedindo-nos que façamos a nossa reflexão sobre as bem-aventuranças como «documento de identidade do cristão»; com efeito, enquanto representam a «configuração da vida» com os seus dramas e interrogações, desenham a «arte de estar aqui e agora» (J. Mendonça) do cristão.

Entre as páginas mais fascinantes e exigentes do Evangelho, as bem-aventuranças dizem-nos que a vida cristã não é contrária nem pouco propensa à felicidade, nem sequer tem desconfiança em relação a ela; mostram-nos o rosto alegre do crente que na sua vida encontrou os motivos profundos pelos quais vale a pena viver, lutar e esperar; ajudam a levantar-nos e a voltar a partir até quando a esperança parece ter-se tornado “estrangeira” na nossa vida.

Numa homilia no dia nacional da Argentina, o Papa Francisco, ainda arcebispo de Buenos Aires, exortou a «meditá-las com calma (...), uma espécie de “cadência sapiencial”, para que o seu significado chegue ao nosso coração» (...).

Sentado na montanha, como verdadeiro Mestre, Jesus dirige-se não só aos discípulos e à multidão que o segue, mas a todos aqueles que procuram a felicidade, o homem todo, cada homem, anunciando a promessa de uma vida “boa” e plenamente humana, e o caminho a percorrer para a experimentar. As bem-aventuranças atraem-nos precisamente por este motivo: Jesus fala ao nosso coração inquieto, à nossa sede de amor, à nossa indelével necessidade de felicidade, à carência que há no fundo de cada um de nós, de sermos reconhecidos na nossa verdadeira identidade, amados com afeto puro, total, belo e que dure para sempre. Precisamente aqui começa o anúncio de Jesus. Ao dizer “bem-aventurados” Ele recorda o mundo das nossas maiores aspirações, enquanto o que acrescenta de tempos a tempos nos desconcerta e questiona, porque parece indicar exatamente o oposto do que teríamos imediatamente desejado ou procurado.

Não se trata de um discurso consolador nem ilusório, mas de um grito — recordemos as imagens do Jesus de Pasolini — que convida a levantar-nos, a colocar-nos de novo a caminho. A palavra-chave que Jesus repetirá nove vezes é, com efeito, ’ashre, termo que em hebraico soa como um convite a seguir em frente. Uma promessa que é certa e precede aqueles que vivem uma determinada situação. Uma palavra que indica um estilo a assumir. Uma palavra que muda a perspetiva com que se olha para a vida, para a realidade, para os outros (...).

Traduzimos esta expressão, muitas vezes presente nos Salmos e na sabedoria de Israel, como “bem-aventurados” (do grego makárioi, que os Evangelhos tiram da versão dos lxx). Infelizmente, não temos um termo italiano que revele adequadamente o seu conteúdo. “Bem-aventurados” não é um adjetivo, é um convite à felicidade, à plenitude da vida, à consciência de uma alegria que nada nem ninguém pode subtrair nem extinguir (...).

Aceitar o convite do Papa Francisco a meditar sobre as bem-aventuranças significa descobri-las como uma promessa de felicidade, como uma exortação à beleza, a modelar a própria vida até a transformar numa obra-prima. Mas ainda mais que de felicidade, o homem precisa de sentido, e as bem-aventuranças, como promessa, atestam que se pode encontrar sentido até no absurdo da dor, que o mundo pode ser vivido até no inviável da perseguição, da violência sofrida, das situações de guerra (...).

O autorretrato mais exato e fascinante de Jesus — a imagem de si que Ele nos revela e imprime no nosso coração — as bem-aventuranças tornam-se uma revelação de vida possível para nós, se encontrarmos as nossas raízes na humanidade de Jesus. Então compreendemos que até a perseguição e a aflição, a falta de paz e  de justiça são situações que nos podem abrir à bem-aventurança, ensinando-nos a trabalhar pela paz, a ousar a misericórdia, a viver na mansidão, a criar beleza. São o anúncio de que Deus se alia à alegria dos homens e cuida deles. O Evangelho assegura-me que o sentido da vida consiste, no seu íntimo, no seu núcleo profundo, na busca da felicidade (...).

As bem-aventuranças são também um programa para quantos seguem Jesus. Programa inesperado, contracorrente, que provoca e apela a uma verdadeira mudança na vida, que abre novos caminhos que deixam sem fôlego: felizes os pobres, os obstinados a propor caminhos de justiça, os pacificadores, os que têm um coração doce e olhos de criança, os não-violentos, os que são corajosos porque desamparados. Elas são a única força invencível. A felicidade prevista pelas bem-aventuranças não é apenas do futuro, do além: Jesus não diz que os pobres, os mansos, os aflitos “serão” bem-aventurados; diz que “são” bem-aventurados, já o são agora (...). Permeados por esta alegria pascal, a pobreza torna-se riqueza; as lágrimas podem transformar-se em alegria; a pureza de coração torna-se transparência de Deus; a mansidão conquista mais do que a violência; a misericórdia penetra e convence mais do que a severidade; a paz prevalece sobre a guerra; o amor vence o ódio, destruindo-o. Vivendo a lógica exigente das bem-aventuranças, o cristão traça continuamente caminhos de esperança: afirma que o mundo não está nem estará, nem hoje nem amanhã, sob a lei do mais rico e do mais forte (...).

Nunzio Galantino

L'Osservatore Romano

São Luís Orione

São Luís Orione | Canção Nova

O Papa João Paulo II, em 1980, colocou diante dos nossos olhos um grande exemplo de santidade expressa na caridade: Luís Orione. Nasceu em Pontecurone, um pequeno município na Diocese de Tortona, no Norte da Itália, no dia 23 de junho de 1872.

Bem cedo percebeu o chamado do Senhor ao sacerdócio. Ao entrar no Oratório, em Turim, recebeu no coração as palavras de São Francisco de Sales lançadas pelo amado São João Bosco: “Um terno amor ao próximo é um dos maiores e excelentes dons que a Divina Providência pode conceder aos homens”. Concluiu o ginásio, deixou o Oratório Salesiano, voltou para casa e depois entrou no seminário onde cursou filosofia, teologia, até chegar ao sacerdócio que teve como lema: “Renovar tudo em Cristo”. Luís Orione, sensível aos sofrimentos da humanidade, deixou-se guiar pela Divina Providência, a fim de aliviar as misérias humanas.

Sendo assim, dedicou-se totalmente aos doentes, necessitados e marginalizados da sociedade. Também fundou a Congregação da “Pequena Obra da Divina Providência”. Em 1899, Dom Orione deu início a mais um ramo da nova Congregação: os “Eremitas da Divina Providência”. Em 1903, Dom Orione recebeu a aprovação canônica aos “Filhos da Divina Providência”, Congregação Religiosa de Padres, Irmãos e Eremitas da Família da Pequena Obra da Divina Providência.

A Congregação e toda a Família Religiosa propunham-se a “trabalhar para levar os pequenos, os pobres e o povo à Igreja e ao Papa, mediante obras de caridade”. Dom Orione teve atuação heroica no socorro às vítimas dos terremotos de Reggio e Messina (1908) e da Marsica (1915).

Por decisão do Papa São Pio X, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Messina por 3 anos. Vinte anos depois da fundação dos “Filhos da Divina Providência”, em 1915, surgiu como novo ramo a Congregação das “Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade”, Religiosas movidas pelo mesmo carisma fundacional.

O zelo missionário de Dom Orione se manifestou cedo com o envio de missionários ao Brasil, em 1913, e, em seguida, à Argentina, ao Uruguai e aos diversos países espalhados pelo mundo. Dom Orione esteve pessoalmente, como missionário, duas vezes, na América Latina: em 1921 e nos anos de 1934 a 1937, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, tendo chegado até ao Chile. Foi pregador popular, confessor e organizador de peregrinações, de missões populares e de presépios vivos.

Grande devoto de Nossa Senhora, propagou de todos os modos a devoção mariana e ergueu santuários, entre os quais: o de Nossa Senhora da Guarda, em Tortona; e o de Nossa Senhora de Caravaggio. Na construção desses santuários, será sempre lembrada a iniciativa de Dom Orione de colocar seus clérigos no trabalho braçal ao lado dos mais operários civis.

Em 1940, Dom Orione atacado por graves doenças de coração e das vias respiratórias foi enviado para Sanremo. E ali, três dias depois de ter chegado, morreu no dia 12 de março, sussurrando suas últimas palavras: “Jesus! Jesus! Estou indo”. Vinte e cinco anos depois, em 1965, seu corpo foi encontrado incorrupto e depositado numa urna para veneração pública, junto ao Santuário da Guarda, em Sanremo na Itália.

O Papa Pio XII o denominou: “pai dos pobres, benfeitor da humanidade sofredora e abandonada”; e o Papa João Paulo II, depois de tê-lo declarado beato, em 26 de outubro de 1980, finalmente o canonizou em 16 de maio de 2004.

São Luís Orione, rogai por nós!

Portal Canção Nova

As igrejas queimadas no Chile e a educação de nossos jovens

Felipe Vargas Figueroa | NurPhoto via AFP
por Francisco Borba Ribeiro Neto

Está havendo, isso sim, um crescimento da violência por parte de grupos pequenos e um clima de raiva cada vez mais difuso.

O Chile vive, já há algum tempo, um contexto de grande agitação social. É uma situação paradoxal. O país apresente um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais altos da América Latina, sugerindo que o povo vive relativamente bem, ao menos em comparação com seus irmãos latino-americanos. Contudo, é também um país altamente desigual.

Há décadas, vem passando por um processo de desenvolvimento econômico focado na eficiência econômica e nos mercados, onde o Estado abdicou de parte de suas funções de proteção social (exatamente o problema do paradigma neoliberal criticado por Francisco na Fratelli tutti, FT 163-169). Nenhum outro governo sul-americano avançou tanto numa perspectiva neoliberal quanto o chileno. O resultado dessa priorização do econômico não foi tanto o aumento da qualidade de vida e o bem comum, mas uma situação de piora da vida das pessoas e um clima de revolta com a dignidade humana ultrajada pelas dificuldades materiais crescentes.

A população, relativamente politizada, realizou – em 2019 – os maiores e mais violentos protestos sociais após a redemocratização do país (1988). Duas lições restaram desses protestos. A primeira é que o Estado, nas democracias ocidentais, não pode deixar de cumprir suas funções de proteção social, particularmente quando ainda existem bolsões de pobreza e desigualdades gritantes – sob o risco de arrastar toda a nação para o caos social. A segunda é que os protestos, por si, não conseguem conduzir o país para um futuro melhor. É necessário um clima de entendimento nacional e diretrizes claras de como mudar a situação, quais os sacrifícios pedidos à população na atualidade, quais ganhos devem ser alcançados e quando serão atingidos. Sem isso, a desordem gera apenas caos, sem levar à transformação. Além disso, a raiva e a frustração aumentam o ressentimento e estimulam os grupos violentos – que sempre são minoritários, mas se expressam com maior ou menor vigor dependendo da situação como um todo.

A estratégia da violência

Desde os anos ’80, espalhou-se pelo mundo uma tática que consiste na presença, em meio a protestos de massas, de grupos organizados e violentos, que realizam atos de vandalismo contra estruturas que consideram “símbolos do sistema opressor” –  bancos, lojas, prédios governamentais, estações de metrô e até… igrejas. Os militantes desses grupos, os chamados black bloc (grupo de preto, em alusão às roupas escuras e máscaras que costumam usar), são geralmente jovens que misturam um posicionamento ideológico anárquico com um profundo ressentimento e raiva das instituições sociais.

É nesse quadro que se deram os incêndios das igrejas de Assunção e São Francisco Borja, em Santiago, no domingo, 18 de outubro. Seguindo o roteiro de outros atentados feitos com essa mesma estratégia, o número de envolvidos é muito pequeno em relação ao conjunto de manifestantes: uns poucos militantes numa manifestação com milhares de pessoas. Não se pode extrapolar a mentalidade dos perpetradores desses atos para toda a multidão presente nas praças. Essas igrejas não foram queimadas porque está havendo uma onda ideológica cristofóbica no Chile. Porém, está havendo, isso sim, um crescimento da violência por parte de grupos pequenos e um clima de raiva cada vez mais difuso, que favorece e acoberta essas ações.

Contudo, uma outra questão deveria nos incomodar. As ideologias não conseguem se sobrepor aos fatos. Uma concepção ideológica (uma “falsa consciência”) penetra na mentalidade de uma pessoa porque aconteceram fatos que, de um modo ou de outro, fizeram com que essas ideias parecessem críveis. Se alguns jovens queimaram uma igreja, se quem estava em volta deixou isso ocorrer, é porque, na história de algumas pessoas, o cristianismo não foi apresentado como sinal do amor de Deus no mundo, que confirma e valoriza a dignidade de cada ser humano.

Não se trata aqui de defender os violentos e culpar os violentados. A imensa maioria dos católicos é vítima dessas atrocidades, que os comovem e ferem sua dignidade. Porém, se queremos evitar que essas coisas se repitam e se espalhem, temos que entender como chegam a acontecer.

O testemunho que nossos jovens precisam

No caso do Chile, a porcentagem de católicos na população caiu drasticamente após escândalos de pedofilia: três em cada 10 católicos deixaram de declarar-se como tal entre 2005 e 2014. Assim como no caso dos jovens que atearam fogo às igrejas, delitos praticados por poucos afeta a muitas. Por outro lado, os testemunhos positivos sempre chegam com muito mais dificuldade aos jovens.

Não adianta culparmos a imprensa. Os jornalistas são pessoas como todas as outras, noticiam aquilo que os impacta, são vulneráveis às ideologias quando não encontram os fatos que as desmentem. Jornalistas, professores, militantes políticos e jovens são formados tanto pelas ideias quanto pelos testemunhos que encontram. Quanto mais débeis forem os testemunhos, mas indefesos estarão tanto eles quanto os demais diante das ideologias.

Mas qual é o testemunho que vence as ideologias? Pensamos muitas vezes que é o testemunho da nossa coerência, da nossa adesão voluntarista aos princípios da fé e da moral. Pobres de nós! Somos todos pecadores e, portanto, falíveis. A inteligência da ideologia está em explorar justamente as falhas que acontecem com todos. O testemunho que não desilude é aquele do amor e da misericórdia recebidos e compartilhados. Aquele que encontrou um testemunho de amor sincero, gratuito e verdadeiro, nunca o esquece. Poderá, nos momentos da juventude, condená-lo por causa da falibilidade humana, mas – com o passar dos anos – irá compreendê-lo e admirá-lo cada vez mais. O testemunho da coerência vai se enfraquecendo com o tempo, o testemunho do amor vai se fortalecendo.

O fascínio despertado pelo Papa Francisco, como vimos em outro artigo, nasce justamente de sua capacidade de testemunhar o amor. É uma lição preciosa para todos nós cristãos de nosso tempo. Se queremos que nossos jovens não sigam ideologias que proclamam a violência e que se voltam contra a Igreja, temos que ser testemunhas vivas do amor de Cristo, que nos atinge e que, por nosso intermédio, pode atingir a todo o mundo.

Aleteia

Dom Pizzaballa nomeado Patriarca de Jerusalém dos Latinos

Dom Pierbattista Pizzaballa

O Santo Padre nomeou Patriarca de Jerusalém dos Latinos Sua Excelência Reverendíssima, dom Pierbattista Pizzaballa O.F.M., até agora Administrador Apostólico "sede vacante" da mesma circunscrição, transferindo-o da sede titular de Verbe.

Vatican News

A nomeação foi publicada neste sábado, 25 de outubro, pela Sala de Imprensa do Vaticano, na véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina.

Curriculum Vitae

 Sua Beatitude Pierbattista Pizzaballa nasceu em 21 de abril de 1965 em Cologno al Serio, Diocese e Província de Bergamo. Acolhido no Seminário Menor da Província Franciscana de Cristo Rei, em Bolonha, em setembro de 1976, no dia 5 de setembro de 1984 iniciou o seu noviciado no convento de La Verna. Fez a profissão temporária em La Verna em 7 de setembro de 1985 e a profissão perpétua em Bolonha em 14 de outubro de 1989. Após o seu primeiro ciclo de estudos filosófico-teológicos, obteve a sua licenciatura em Teologia no Pontifício Ateneu Antonianum de Roma. Em 27 de janeiro de 1990 foi ordenado diácono e em 15 de setembro de 1990 presbítero na Catedral de Bolonha pelo Cardeal Giacomo Biffi.

Chegou à Custódia da Terra Santa no dia 7 de outubro de 1990 e concluiu os seus estudos de especialização no Studium Biblicum Franciscanum, de Jerusalém, em 1993. Em seguida, foi professor de hebraico bíblico na Faculdade Franciscana de Ciências Bíblicas e Arqueológicas de Jerusalém.

Começou o seu serviço na Custódia da Terra Santa no dia 2 de julho de 1999. Em 9 de maio de 2001 foi nomeado Guardião do Convento dos Santos Simeão e Ana em Jerusalém. Envolvido no cuidado pastoral dos fiéis católicos de expressão judaica, foi nomeado Vigário Patriarcal em 2005 até 2008.

O Definitório Geral da Ordem dos Frades Menores elegeu-o Custódio da Terra Santa e Guardião do Monte Sião em maio de 2004, cargo que desempenhou até abril de 2016.

No dia 24 de junho de 2016, o Santo Padre Francisco nomeou-o Arcebispo Titular de Verbe e Administrador Apostólico, sede vacante da Diocese Patriarcal de Jerusalém dos Latinos. Em 10 de setembro foi consagrado Bispo na Catedral de Bergamo pelo Cardeal Leonardo Sandri.

É membro da Congregação para as Igrejas Orientais.

Véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina

https://youtu.be/I7kLPGzVIIo

A nomeação foi publicada neste sábado, 25 de outubro, pela Sala de Imprensa do Vaticano, na véspera da Festa de Nossa Senhora Rainha da Palestina.

Dom Pizzaballa è natural da cidade de Bergamo na Itália e será o décimo Patriarca, após a restauração do Patriarcado Latino de Jerusalém em meados de 1800. De 1847 até hoje, foram sucedendo-se no comando da Diocese, os Patriarcas Latinos: Mons. Giuseppe Valerga, Mons. Vincenzo Bracco ,Mons. Luigi Piavi , Mons. Filippo Camassei, Mons. Luigi Barlassina , Mons. Alberto Gori, Mons. Giacomo Beltritti ,Mons. Michel Sabbah, Mons. Fouad Twal

Era 21 de junho de 2008, quando na Basílica do Getsêmani, o Patriarca Michel Sabbah passou o Báculo a Dom Fouad Twal, eleito Patriarca Latino de Jerusalém. Uma grande multidão de fiéis, de toda a diocese, compareceu para se despedir daquele que por vinte anos foi o pastor e a voz dos cristãos da Terra Santa.

Em 2016, o Papa Francisco, aceitando a renúncia de Sua Beatitude  Fouad Twal, ao atingir o limite de idade, nomeou  Fr. Pierbattista Pizzaballa, ex-Custódio da Terra Santa por doze anos, como Administrador Apostólico do Patriarcado Latino de Jerusalém. No dia 10 de setembro, o Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, ordenou Dom Pierbattista Pizzaballa como Arcebispo.

Em maio de 2004, Frei Pierbattista Pizzaballa, foi nomeado Custódio da Terra Santa por um período de 6 anos. Em seguida, foi reconfirmado pelo Ministro dos Frades Menores em maio de 2010 para um mandato de 3 anos e, posteriormente, por mais 3.

Às vezes me perguntam sobre o meu futuro: que planos faço? Antes de tudo sou um frade e como todos faço planos, mas também sou um filho da obediência e, portanto, devo obedecer. Tenho prestado minha obediência mesmo enquanto Custódio e chegará também o tempo em que alguém me dirá, como Jesus disse a Pedro, para onde devo ir. Minha vez também chegará, e é bom que seja assim.


Quase 30 anos de presença constante dedicada à Terra Santa.

Vatican News

Santo Evaristo

ArqSP

No atual Anuário dos Papas encontramos Evaristo em pleno comando da Igreja católica, como quarto sucessor de Pedro, no ano 97. Era o início da era cristã, portanto é muito compreensível que haja tão poucos dados sobre ele.

Enquanto do anterior, papa Clemente, temos muitos registros, até de próprio punho, como a célebre carta endereçada aos cristãos de Corinto, do papa Evaristo nada temos escrito por ele mesmo, as poucas informações vieram de Irineu e Eusébio, dois ilustres e expressivos santos venerados no mundo católico.

Naqueles tempos, o título de "papa" era dado a toda e qualquer autoridade religiosa, passando a designar o chefe maior da Igreja somente no século VI. Por essa razão as informações, às vezes, se contradizem. Mas santo Eusébio mostra-se muito firme e seguro ao relatar Evaristo como um grego vindo da Antioquia.

Ele governou a Igreja durante nove anos, nos quais promoveu três ordenações, consagrando dezessete sacerdotes, nove diáconos e quinze bispos, destinados a diferentes paróquias.

Foi de sua autoria a divisão de Roma em vinte e cinco dioceses, a criação do primeiro Colégio dos Cardeais. Parece que também foi ele que instituiu o casamento em público, com a presença do sacerdote.

Papa Evaristo morreu em 105. Uma tradição muito antiga afirma que ele teria sido mártir da fé durante a perseguição imposta pelo imperador Trajano, e que depois seu corpo teria sido abandonado perto do túmulo do apóstolo Pedro. Embora a fonte não seja precisa, assim sua morte foi oficialmente registrada no Livro dos Papas, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

domingo, 25 de outubro de 2020

"MEU SENHOR E MEU DEUS!"

Filhos da Paixão
    Para quem crê, Jesus não é apenas um personagem histórico com mensagens belas e inspiradoras. Ele é Filho de Deus, que foi morto e, ressurgindo, venceu a morte. Ele vive e está presente conosco. Não o vimos fisicamente, pois ele subiu para o Pai a fim de que pudesse estar próximo de todos nós para sempre. Embora não o vejamos, ele nos toca de tantos modos!
    Ele nos toca em sua palavra, que aquece os nossos corações com a verdade profunda sobre nós próprios. Ele nos alcança e nos convoca com sua voz e mãos em ação no mundo - a Igreja, seu Corpo Místico, chamada a ser sinal claro de seu amor e misericórdia para todos. Ele nos une e nos reune, fazendo-se presente nos pastores da Igreja, os bispos, com os prebíteros, seus colaboradores, chamados à especial vocação de, entre não poucas dificuldades e limites, ser presença do Bom Pastor para todos. Deslumbra-nos com sua presença santíssima na imensa catedral do cosmos! Ele nos encontra e nos interpela no pobre, no doente, no prisioneiro, na criança, em todos os que sofrem sede e fome de vida, dignidade e justiça. Presente está, como sinal máximo de amor, no pão e no vinho eucarísticos, para nos alimentar no caminho, mas também para nos lembrar de que a vida precisa ser tomada, partida e dada, como ele mesmo o fez.
    De muitos modos, o Senhor Ressuscitado nos alcança e nos chama. Dar-se conta de que ele está conosco é a experiência de maior segurança que se pode ter neste mundo. O que fazer quando encontramos Jesus Ressuscitado? Fazer como Tomé: contemplar as chagas do Senhor. O Ressuscitado é o Crucificado: o Senhor da Glória é o que, inocente, foi humilhado e morto por nõa, porque muito amou.Está aqui o único que pode ser Senhor: aquele que, sendo Deus, aniquilou-se, amando-nos até o fim. Que mais fazer diante do Ressuscitado? Deixar que ele também olhe minhas chagas, minhas dores, dificuldades, pecados e mágoas. A chaga de Tomé era a incredulidade, a falta de fé, de confiança. Qual a sua? Vale a pena deixar Jesus tocar amorosamente nossas chagas, resistências, temores.
    Permitir que Jesus acesse meu profundo é dizer "meu Senhor e meu Deus". Só Jesus é santo o suficiente para acessar o sacrário de meu coração. Ali, ele vai me ajudando a pôr em ordem o que se deslocou, a reencontrar verdade e sentido para viver. O momento mais bonito é quando, finalmente, eu o deixo ocupar o centro das decisões, o leme da minha vida, por entre os desafios que o amor descortinará diante de mim. Aí, sim, posso dizer: tu solus Sanctus, tu solus Dominus. Só tu és Santo, só tu és o Senhor.

Revista Ecoando
Nº 71, Set-Nov/2020 - Págs. 6 e 7

Da Carta a Proba, de Santo Agostinho, bispo

Santo Agostinho | Canção Nova

(Ep.130,14,27-15,28:CSEL44,71-73)        (Séc.V)

 

O Espírito intercede por nós

 

Quem pede ao Senhor aquele único bem e o procura com empenho, pede cheio de segurança e não teme ser-lhe prejudicial o recebê-lo; sem ele, nada do que puder receber como convém lhe adiantará. Pois é a única verdadeira vida e a única feliz. Contemplar eternamente a maravilha do Senhor, imortais e incorruptos de corpo e de espírito. Em vista desta única vida tudo o mais se há de pedir sem impropriedade. Quem a possuir terá tudo quanto desejar. Nem desejará o que não convém e que ali nem mesmo pode existir.

 

Ali, com efeito, está a fonte da vida, de que temos sede agora na oração, enquanto vivemos na esperança e ainda não vemos o que esperamos; à sombra de suas asas, diante de quem está todo nosso desejo, para embriagarmo-nos da riqueza de sua casa e bebermos da torrente de suas delícias. Porque junto dele está a fonte da vida e à sua luz veremos a luz (cf. Sl 35,8-10), quando se saciar de bens nosso anseio e nada mais haverá a procurar com gemidos, mas só aquilo que no gozo abraçaremos.

 

Todavia ela é também a paz que supera todo entendimento. Por isso, ao orarmos para obtê-la, não sabemos fazê-lo como convém. orque não podemos nem mesmo imaginar como é, então não sabemos.

 

Mas tudo o que nos ocorre ao pensar, afastamos, rejeitamos, desaprovamos. Não é isto o que procuramos, embora não saibamos ainda qual seja. Há em nós, por assim dizer, uma douta ignorância, mas douta pelo Espírito de Deus que vem em auxílio de nossa fraqueza. Tendo o Apóstolo dito: Se, porém, esperamos o que não vemos, aguardamos com paciência, acrescenta: Do mesmo modo o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza; pois não sabemos orar como convém; mas o próprio Espírito intercede com gemidos inexprimíveis. Aquele que perscruta os corações conhece o desejo do Espírito, porque sua intercessão pelos santos corresponde ao desígnio de Deus (Rm 8,25-27).

 

Não se há de entender isto como se o Santo Espírito de Deus, que é Deus na Trindade imutável e como Pai e o Filho um só Deus, interceda em favor dos santos, como alguém que não seja o mesmo Deus. Na verdade se diz: Interpela em favor dos santos porque faz os santos intercederem. Como se diz: O Senhor, vosso Deus, vos tenta para saber se o amais (Dt 13,4), quer dizer: para vos fazer saber. Por conseguinte faz que os santos intercedam com gemidos inexprimíveis, inspirando-lhes o desejo da maravilha ainda desconhecida que aguardamos pela paciência. Por que e como exprimir o desejo daquilo que se ignora? Na realidade, se se ignorasse totalmente, não se desejaria. Por outro lado, se já se visse, não se desejaria nem se procuraria com gemidos.


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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF