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domingo, 1 de novembro de 2020

Solenidade de Todos os Santos - Ano A

Dom José Aparecido
ADM. APOST. ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA

ALEGRAI-VOS E EXULTAI…

Inicialmente, a tradição bíblica reservou o título de “Santo” somente a Deus. Mas em toda a história de Israel, Javé gosta de ser chamado o Santo de Israel “Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador” (Is 43,3). A santidade de Deus suscita um santo temor. Contudo, o Seu desígnio de salvação ao eleger Israel comportou o sonho de comunicar a Sua santidade ao povo, o qual se torna um povo santo, diferente de todos os povos, porque caminha na Sua presença.

No Novo Testamento as promessas messiânicas se cumprem. Pelo mistério da redenção e a comunicação do Espírito Santo, os discípulos passam a ser chamados “santos”, tal era a convicção de que a graça comunicada no batismo é a semente de santidade a que todos os povos são chamados.

A primeira Leitura (Ap7,2-4.9-14) nos apresenta “a multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar”. O sinal na fronte e as vestes cândidas são uma clara alusão ao batismo pelo qual Deus imprime em nós a marca da Sua santidade, o selo de que pertencemos a Cristo. A santidade humana nada mais é do que a maturação da graça concedida no batismo. Os santos que a Igreja festeja hoje – não só os canonizados – são aqueles que procuram “com o auxilio de Deus, manter e aperfeiçoar, durante a vida, a santidade recebida no batismo” (Lumen gentium, 40). Para alcançar a glória, todos passam pela grande tribulação, passam pelo mistério redentor da Cruz, associando-se à Paixão Redentora de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Na segunda Leitura o Apóstolo do amor nos ajuda a compreender que a santidade comunicada pela graça de Deus se traduz em termos de filiação: Deus nos quis filhos Seus: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus!”. E completa radiante: “E nós o somos!” (I Jo 3,1). E vibra ainda mais ao falar da visão beatífica do rosto de Jesus: “seremos semelhantes a Ele porque o veremos como Ele é” (v.2). Trata-se da glória comunicada pelo fulgor infinito da Trindade Beatíssima.

No Evangelho de São Mateus, o próprio Jesus fala do céu que deve começar na terra: as Bem-Aventuranças. A santidade já não é vista como no Antigo Testamento como a separação, a absoluta alteridade… é a partir da vida comum, das circunstâncias concretas da vida presente, especialmente as árduas e dolorosas – como a perseguição por causa da fé –que vêm a ser remidas. O Papa Francisco assim nos exorta a partir da última Bem-Aventurança: “«Alegrai-vos e exultai » (Mt 5, 12), diz Jesus a quantos são perseguidos ou humilhados por causa d’Ele. O Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados. Quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa” (Gaudete et exsultate, n.1). É muito estimulante e consolador comentário que a partir do n. 63 o Santo Padre faz das Bem-Aventuranças após falar dos obstáculos à santidade.

O louvor que a Igreja hoje eleva à santidade de Deus manifestada na vida dos Seus santos, refulge na Virgem Maria e nos impele a participar dessa grande aventura do amor de Deus por nós.

Folheto: "O Povo de Deus" | Arquidiocese de Brasília

Programação do dia de Finados (2/11) na Arquidiocese de Brasília

ArqBsB


Em virtude da pandemia do novo Coronavírus, excepcionalmente neste ano, a Arquidiocese de Brasília não celebrará missas nos cemitérios do DF no Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro.

Com o abrandamento do governo do Distrito Federal referentes às normas de distanciamento social, Dom José Aparecido, Administrador Diocesano, sugeriu prudência pastoral evitando as missas nos cemitérios, ainda que apenas para transmissão por streaming ou pelas mídias sociais.

Atendendo às sugestões dadas pela santa Sé em comunhão com a pastoral da esperança, excepcionalmente neste ano, a celebração de finados será nas paroquias e capelas, seguindo os horários de missas dominicais para que todo o povo fiel possa rezar por seus entes queridos.

Na Catedral de Brasília, a missa será às 10h30, presidida por Dom José Aparecido. Em seguida, rezará o Ofício dos fiéis defuntos, da Liturgia das Horas, na Cripta da Catedral onde estão sepultados Dom José Newton de Almeida Batista e Dom Francisco de Paula. A celebração será transmitida pelas mídias sociais da Arquidiocese de Brasília.

Normas especiais sobre as indulgências plenárias para este ano

  1. A este propósito, quero lembrar que, para alcançar neste dia, a indulgência plenária a modo de sufrágio pelos fieis defuntos, além das condições habituais (Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e oração segundo as intenções do Papa), é requerida a visita ao cemitério ou a uma igreja. Por especial concessão do Santo Padre, o Papa Francisco, “este ano, nas atuais contingências devidas à pandemia da “Covid-19”, as indulgências plenárias para os fieis defuntos serão prorrogadas para todo o mês de novembro, adequando as obras e condições, a fim de garantir a incolumidade dos fieis” (Decr. da Penitenciaria Apostólica, 22 de outubro de 2020). 9. Para diminuir o perigo de aglomeração nos cemitérios, é conveniente recomendar nos avisos das missas dos próximos domingos que os fiéis, no Dia de Finados prefiram a visita às nossas igrejas que, para tal, deverão estar abertas. Conforme as indicações dadas pela Santa Sé, as visitas aos cemitérios e às igrejas para obter indulgência plenária poderão ser feitas durante todo o mês de novembro. (Carta ao clero nº66/2020)

 

“O Dia de Finados deste ano ganha um especial significado pastoral e humano pelo enorme número de irmãos falecidos e de famílias enlutadas em todo o mundo e em nossa Arquidiocese. Muitos nem sequer puderam despedir-se daqueles familiares cuja vida foi ceifada pela COVID-19. Também a nossa família sacerdotal e diaconal sofreu o luto recentemente: alguns padres e diáconos foram acolhidos na casa do Pai para participar da Liturgia Celeste.” (Dom José Aparecido – Carta ao clero nº66/2020)

Arquidiocese de Brasília 

1 de novembro, Dia de Todos os Santos: como falar dos mártires às crianças

Fr Lawrence Lew / CC BY-NC 2.0

Antes de se tornar o Dia da comemoração de Todos os Santos, a data foi instituída pela Igreja para homenagear os primeiros mártires. O dia 1º de novembro é, portanto, uma boa ocasião para falar aos nossos filhos sobre aqueles santos que deram suas vidas pela fé.

Os mártires são o sinal luminoso da força do Espírito Santo. Eles, a quem recordamos no Dia de Todos os Santos, não eram super-homens dotados de habilidades extraordinárias ou de uma resistência incomum ao sofrimento. Se puderam suportar até o fim o sofrimento do martírio com serenidade inabalável, foi porque se colocaram nas mãos do Espírito de Deus que os encheu com a sua força. Ofereceram a Deus a sua fragilidade e, através desta fragilidade, o Espírito Santo manifestou a sua Onipotência. Não hesitemos em fazer que as crianças descubram o valor e a força destes santos, especialmente se forem os santos padroeiros de algum dos nossos filhos.

Como apresentar esses santos às crianças?

Não é necessário ir muito longe nos horríveis detalhes da tortura infligida aos cristãos. Isso pode traumatizar certas crianças por causa de sua juventude ou de sua grande sensibilidade. Além disso, o essencial não está aí. Muitos mártires são conhecidos apenas pelas circunstâncias de sua morte. Não há razão para inventar uma vida para eles da qual nada sabemos. No entanto, o que sim podemos fazer é descrever o contexto histórico, geográfico e social correspondente.

Convém também insistir no papel do Espírito Santo, para mostrar bem que é em Deus que os mártires encontram a sua força. O Espírito Santo dá a eles uma Fé invencível. Quando são questionados por juízes, Ele lhes inspira respostas de surpreendente nitidez e firmeza (podemos lembrar o exemplo do julgamento de Joana d’Arc). O Espírito Santo lhes dá força não apenas para suportar mil golpes, torturas, insultos e humilhações, mas para fazê-lo também com alegria e paz, como descrevem inúmeras narrações. Deve-se explicar às crianças que essa alegria não é indiferença ao sofrimento, mas confiança absoluta em Deus. 

Os mártires, exemplos para todos os cristãos

Por que falar sobre os mártires com as crianças? Os mártires são para nós exemplos e inspiração. Talvez não sejamos chamados para oferecer nossas vidas de uma vez, para suportar torturas físicas e execuções. (Dito isso, você nunca sabe). Mas, em qualquer caso, todos somos chamados, inclusive as crianças pequenas, a dar a vida no dia-a-dia, em todos os momentos. É menos espetacular, mas não necessariamente mais fácil. O que então os mártires nos ensinam para nos ajudar a oferecer nossa vida ao Senhor?

Não adianta se preocupar com o que pode acontecer. Seja o que for, o Espírito Santo nos dará a força e a paz necessárias para superar tudo. Deus, que faz as cruzes, também faz os ombros e não há maior especialista em proporções. Como a jovem Santa Blandina de Lyon conhecia de antemão a tortura que a esperava, sem dúvida se julgava incapaz de suportá-la. No entanto, quando chegou a hora, Deus deu à ela tudo que ela precisava para lidar com isso.

Disposição ao Espírito Santo

Deus é todo-poderoso, Ele só nos pede para nos dar a sua força. Só falta que lhe deixemos agir, que nos coloquemos à disposição do Espírito Santo e, para isso, primeiro reconheçamos a nossa fragilidade. Ajudemos as crianças a traduzir esta atitude no concreto de suas vidas. Não é pela força do punho, pela sua mera vontade, que Juan pode tornar-se mais corajoso no seu trabalho, Amalia mais prudente na escola, Victor menos desobediente… e a mãe mais paciente. O esforço é necessário, é verdade, mas com a ajuda de Deus, reconhecendo-nos como pecadores, sabendo que somos fracos, aceitando reconhecer nossos erros e nossas quedas mas sempre mantendo a confiança em Deus.

Não tenham “vergonha” de ser cristãos

É importante explicar às crianças que os mártires também nos ensinam a ter a coragem de defender nossa fé sem medo de ser ridicularizados, feridos ou golpeados. Talvez pode ser muito difícil para uma criança, e certamente ainda mais difícil para um adolescente, ousar chamar-se cristão e se comportar como tal num ambiente hostil. Por causa dessas dificuldades, a criança ou o jovem pode se retrair, ficar tenso, se defender com intransigência, julgando os outros. Cabe a nós, pais e educadores, ensiná-los a ter orgulho de sua fé – não tenhamos “vergonha” de ser cristãos pela tolerância – mas pela paz e pela caridade. Por isso é importante que as crianças possam falar sobre o assunto com os pais, de caridade e com humor.

Vamos ensinar-lhes que não podemos ser heróis no reino da fé e negadores no reino da caridade. Eles não podem ser dissociados. Testemunhar a nossa fé não é só ou antes de tudo afirmar as nossas convicções, mas também e sobretudo comportar-nos como cristãos, ou seja, como discípulos dAquele que nos deu a Caridade como primeiro mandamento. O Espírito que dá força também dá doçura.

Aleteia

Católicos e judeus comemoram 55 anos da declaração Nostra Aetate

Bispos durante o Concílio Vaticano II na Basílica de São Pedro.
Crédito: Dave582 (CC BY-SA 4.0)

Vaticano, 29 out. 20 / 01:00 pm (ACI).- O Vaticano divulgou um comunicado no qual católicos e judeus celebram os 55 anos da declaração Nostra Aetate, sobre a relação da Igreja Católica com outras religiões.

Em nota publicada nesta quarta-feira pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o Cardeal Kurt Koch, presidente da Comissão Vaticana para as Relações Religiosas com os Judeus (CRRJ), afirmou que “sem dúvida 'Nostra Aetate' (numeral 4 ) lançou as bases para as relações entre católicos e judeus e pode, portanto, ser corretamente considerada como a 'Carta Magna' das relações entre judeus e católicos”.

Por sua vez, o rabino Noam Marans, chefe da Comissão Judaica Internacional para as Consultas Inter-religiosas (IJCIC), enfatizou que Nostra Aetate “foi dramaticamente ampliada pelas visitas papais às sinagogas, aos locais horríveis, mas sagrados dos crimes do Holocausto e ao Estado de Israel depois que se estabeleceram as relações diplomáticas entre o Vaticano e Israel em 1993”.

A IJCIC também elogiou a liderança do Papa Francisco na condenação do antissemitismo e expressou sua solidariedade com os cristãos que enfrentam perseguição.

A CRRJ foi fundada em 1974. Desde então "estendeu seus ensinamentos e iniciativas e convoca junto com a IJCIC o Comitê Internacional Católico-Judaico a cada dois anos para discutir questões de interesse mútuo", indica o comunicado.

No numeral 4 da declaração Nostra Aetate, o Concílio Vaticano II indica que “a Igreja de Cristo reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram, segundo o mistério divino da salvação, nos patriarcas, em Moisés e nos profetas".

“Professa que todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé (6), estão incluídos na vocação deste patriarca e que a salvação da Igreja foi misticamente prefigurada no êxodo do povo escolhido da terra da escravidão. A Igreja não pode, por isso, esquecer que foi por meio desse povo, com o qual Deus se dignou, na sua inefável misericórdia, estabelecer a antiga Aliança, que ela recebeu a revelação do Antigo Testamento e se alimenta da raiz da oliveira mansa, na qual foram enxertados os ramos da oliveira brava, os gentios (7). Com efeito, a Igreja acredita que Cristo, nossa paz, reconciliou pela cruz os judeus e os gentios, de ambos fazendo um só, em Si mesmo”, continua.

O número 4 também destaca que a Igreja “reprova quaisquer perseguições contra quaisquer homens, lembrada do seu comum patrimônio com os judeus, e levada não por razões políticas, mas pela religiosa caridade evangélica, deplora todos os ódios, perseguições e manifestações de antissemitismo, seja qual for o tempo em que isso sucedeu e seja quem for a pessoa que isso promoveu contra os judeus”.

ACI Digital

TODOS OS SANTOS

Todos os Santos | Canção Nova

Esta importante solenidade, chamada, por alguns, “Páscoa de outono,” é celebrada como membros ativos de uma Igreja, que, mais uma vez, não olha para si mesma, mas olha e aspira pelo céu. De fato, a santidade é um caminho que todos somos chamados a trilhar, sob o exemplo desses nossos “irmãos mais velhos”, que nos são propostos como modelos, porque aceitaram ser encontrados por Jesus, rumo ao qual se encaminharam com confiança, com seus desejos, fraquezas e sofrimentos.

Significado da Solenidade

A memória litúrgica dedica um dia especial a todos aqueles que uniram com Cristo em sua glória. Eles não nos são indicados apenas como arquétipos, mas invocados também como protetores das nossas ações.
Os Santos são os filhos de Deus que atingiram a meta da salvação e que vivem, na eternidade, aquela condição de bem-aventurança expressa por Jesus no discurso da Montanha, narrado no Evangelho de Mateus (5,1-12). Os Santos são aqueles que também nos acompanham no nosso percurso de imitação de Jesus, que nos leva a ser pedra angular na construção do Reino de Deus.

Comunhão dos Santos

Em nossa profissão de fé, afirmamos acreditar na Comunhão dos Santos. Sabemos que esta expressão significa a vida e a contemplação eterna de Deus, razão e finalidade da mesma Comunhão, mas também a comunhão com as "coisas" sagradas. De fato, se os bens terrenos, enquanto limitados, dividem os homens no espaço e no tempo, as graças e os dons, que Deus nos proporciona, são infinitos e deles todos podem participar.
O dom da Eucaristia, de modo particular, nos permite, desde já, viver a antecipação daquela liturgia que o Senhor celebra no santuário celestial com todos os Santos.
A grandeza da redenção mede-se pelos frutos, ou seja, por aqueles que foram redimidos e amadureceram em santidade. Através deles, a Igreja contempla a sua vocação e condição de uma humanidade transfigurada em caminho rumo ao Reino.

Origem e história desta festa

Esta festa de esperança, que nos recorda o objetivo da nossa vida, tem raízes antigas: no século IV, começou a celebração dos mártires, comuns para as diferentes Igrejas. Os primeiros sinais desta celebração foram encontrados em Antioquia, no domingo após o dia de Pentecostes, sobre a qual já falava São João Crisóstomo.
Entre os séculos VIII e IX, esta festa começou a difundir-se também na Europa, e, em Roma, de modo particular, no século IX. Ali, o Papa Gregório III (731-741) quis que esta festa fosse comemorada no dia 1º de novembro, que coincidia com a consagração de uma Capela, na Basílica de São Pedro, dedicada às relíquias "dos santos Apóstolos, dos Santos mártires e confessores e de todos os Justos, que chegaram à perfeição e descansam em paz no mundo inteiro".
Na época de Carlos Magno, esta festa já era muito conhecida como ocasião para a Igreja, que vagueia e sofre na Terra, mas que olha para o céu, onde estão seus irmãos mais gloriosos.

Vatican News

sábado, 31 de outubro de 2020

Bispo italiano renuncia para se dedicar a uma vida de oração em um mosteiro da África

Bispo Giovanni D'Ercole. Foto: Diocese de Ascoli Piceno

Roma, 31 out. 20 / 11:00 am (ACI).- A sala de imprensa da Santa Sé informou no dia 29 de outubro que o Papa Francisco aceitou a renúncia ao governo pastoral da Diocese de Ascoli Piceno (Itália) apresentada por Dom Giovanni D'Ercole, que agora se dedicará à vida monástica de silêncio e oração.

Ao mesmo tempo, o Santo Padre nomeou Dom Domenico Pompili, Bispo de Rieti, como Administrador Apostólico da mesma Sé.

Dom D'Ercole, de 73 anos, destacou em um vídeo que essa renúncia "é uma escolha difícil, dolorosa, mas profundamente livre, inspirada pelo serviço à Igreja e não por interesses pessoais".

“Num momento difícil como este, em que reina a confusão, há muito medo na sociedade e sinto profundamente a necessidade de me dedicar à oração”, alertou.

Neste sentido, Dom D'Ercole anunciou: “Entro num mosteiro onde poderei acompanhar de forma mais intensa o caminho da Igreja na meditação, na contemplação e no silêncio ... Sinto que Deus me chama a dar um passo para poder servir desta forma".

Por fim, o Bispo italiano renovou sua estima e carinho e garantiu que não abandona ninguém. “Estarei ainda mais perto da Diocese e de cada um de vocês com minhas orações”, concluiu.

“Só Deus pode ser a esperança confiável sobre a qual descansar cada passo que dermos para um futuro que parece incerto, mas que estará marcado pela luz de Deus”, concluiu.

Segundo informou a imprensa local, o Bispo D'Ercole sai “exausto” pelo terremoto ocorrido em 24 de agosto de 2016, que causou a morte de 51 pessoas e pela situação provocada pela COVID-19.

Além disso, segundo os superiores da "Pequena Obra da Divina Providência" de São Luigi Orione, congregação religiosa da qual faz parte, Dom D'Ercole disse-lhes que “considerava oportuno retirar-se, por algum tempo, a um mosteiro em África, onde começou o seu sacerdócio”.

Dom Giovanni D'Ercole nasceu em 5 de outubro de 1947 e foi ordenado sacerdote em 5 de outubro de 1974.

Foi nomeado Bispo Auxiliar de L'Aquila em 14 de novembro de 2009 por Bento XVI e mudou para a Diocese de Ascoli Piceno em 12 de abril de 2014 pelo Papa Francisco.

Além disso, Dom D'Ercole é um rosto conhecido na televisão na Itália porque apresentou programas no canal público RAI 2 de 1994 a 2018.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Anônimo: Os Mártires de Lião

Estudos da OESI


Traduzido por Toni Lopes

A força do testemunho dos cristãos de Lião

Em Lião, no ano 177, uma amotinação popular prendeu cristãos condenados com a concordância do mesmo imperador Marco Aurélio. Eusébio nos conservou uma carta que relata os acontecimentos. Carta das Igrejas de Lião e de Viena às Igrejas da Ásia e da Frígia.

“Os servos de Cristo que habitam em Viena e em Lião, na Gália, aos irmãos da Ásia e da Frígia, que, como nós, têm fé e esperam a redenção: paz, graça e honra em nome de Deus, o Pai e de Jesus Cristo, nosso Senhor.

20 – A todas as perguntas Sanctus respondia em latim: “Sou cristão”; essa afirmação fazia para ele as vezes do nome, da cidade, da raça e de tudo; os pagãos não ouviam dele outra palavra (…). Para terminar, eles lhe aplicaram lâminas de ferro incandescentes nas partes mais delicadas do corpo. Elas o queimavam, mas ele continuava inflexível e inquebrantável, firme na confissão de sua fé e recebendo da fonte celeste como que um orvalho fortalecedor da água viva que saído lado de Cristo. Seu pobre corpo testemunhava o que se tinha passado: todo ele era contusões e chagas; encolhido em si mesmo, ele não linha mais aparência humana. Mas era Cristo que sofria nele e realizava uma obra grande e gloriosa: tornava impotente o adversário e mostrava aos outros, como exemplo, que nada é temível onde está o amor do Pai, que nada é doloroso onde está a glória de Cristo (..).

24 – Alguns dias mais tarde, os carrascos torturaram novamente o mártir; pensavam que o submeteriam, aplicando-lhe as mesmas torturas, já que ele não podia suportar nem o simples contato das mãos. Na pior das hipóteses, ele morreria nos tormentos, e esse exemplo encheria os outros de medo. Mas não foi assim; contra toda a expectativa, o corpo do mártir se refez, se fortaleceu nas novas torturas e recobrou, com sua forma anterior, o uso de seus membros. Em vez de ser um sofrimento, o novo suplício foi para Sanctus uma cura pela graça de Cristo.

28 – Outros tinham sido tão cruelmente torturados que pareciam não poder sobreviver, apesar de todos os cuidados; não obstante, eles resistiram na prisão: privados de todo o socorro humano, mas reconfortados por Deus, recobraram as forças do corpo e da alma, encorajavam e sustentavam seus companheiros. Enfim, os que foram presos por último, cujos corpos ainda não tinham sido levados à tortura, não suportaram o horrível amontoamento da prisão e morreram.

29 – O bem-aventurado Fotino, ao qual tinha sido confiado o ministério do episcopado em Lião, tinha então mais de noventa anos. Ele se achava em extrema fraqueza física, respirando com dificuldade, mas, sob a influência do Espírito e desejando ardentemente o martírio, reencontrava suas forças. Também ele foi arrastado ao tribunal; seu corpo velho e doente o abandonava, mas nele velava a sua alma, para que por ela Cristo fosse glorificado. Conduzido pelos soldados ao tribunal, era seguido pelos magistrados da cidade e por todo o povo, que levantava contra ele toda a sorte de gritos como se ele fosse o Cristo: ele deu um belo testemunho. Interrogado pelo Legado sobre o Deus dos cristãos, respondeu: ?Conhecê-lo-ás se fores digno? (…).

41. Blandina, suspensa num poste, estava exposta como alimento para as feras soltas sobre ela. Vendo-a suspensa nessa espécie de cruz e ouvindo-a rezar em voz alta, os combatentes sentiam crescer sua coragem; no meio de seu combate, eles viam, com seus olhos de carne, através de sua irmã, aquele que foi crucificado por eles, a fim de mostrar aos seus fiéis que todos aqueles que sofrem para glorificar o Cristo conservam sempre a união com o Deus vivo (…).

55. A bem-aventurada Blandina, a última de todos – como uma nobre mãe que, depois de ter encorajado seus filhos, os enviou na frente, vitoriosos, até o rei -, sofria, por sua vez, o rigor de todos os combates sustentados por seus filhos. Agora ela se apressava em ir juntar-se a eles, feliz e radiante de alegria por causa dessa partida, como se fosse convidada para um banquete de núpcias, e não entregue às feras. Depois dos golpes, depois das feras, depois da grelha, colocaram-na dentro de uma rede e a expuseram assim a um touro. Atirada muitas vezes ao ar por esse animal, ela nem percebia mais o que lhe acontecia, absorvida como estava na esperança e na expectativa de sua fé e no seu entretenimento com Cristo. Ela também foi degolada, e os próprios pagãos reconheciam que entre eles jamais uma mulher tinha suportado tantos tormentos (…)”.

Veritatis Splendor

Indulgência plenária no Dia de Finados para as almas do purgatório: como ganhar?

Divulgação | ALETEIA

Devido à pandemia, a Igreja flexibilizou neste ano uma parte das condições habituais.

Indulgência plenária no Dia de Finados para as almas do purgatório: como ganhar? Esta pergunta costuma voltar à tona sempre que se aproxima o dia 2 de novembro.

Tradicionalmente, de fato, a Igreja concede a nós, católicos, a oportunidade de obter uma indulgência plenária para as almas do purgatório por ocasião do Dia de Finados.

Em 2020, porém, a pandemia do coronavírus levou o Vaticano a flexibilizar alguns aspectos das condições habituais para se conseguir a indulgência: em particular, o período para obtê-la.

Normalmente, é preciso realizar as obras enriquecidas de indulgência entre os dias 1º e 8 de novembro, mas, excepcionalmente, o período neste ano foi estendido para todo o mês de novembro.

Indulgência plenária no Dia de Finados

As condições para se obter a indulgência plenária de 2 de novembro, por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, são:

1 – Condições gerais de toda indulgência:

  • Confessar-se, porque, para receber qualquer indulgência plenária, seja para si mesmo ou para as almas do purgatório, é imprescindível estar em graça e desapegado de todo pecado;
  • Receber a Sagrada Comunhão;
  • Rezar pelo Santo Padre e pelas suas intenções de oração.

2 – Condições específicas da indulgência por ocasião do Dia de Finados:

  • Visitar piedosamente uma igreja ou oratório e ali recitar o Pai-Nosso e o Credo: neste ano, poderemos realizar essa visita em qualquer dia do mês de novembro;
  • Visitar um cemitério e rezar pelos defuntos, mesmo que seja apenas mentalmente.

Importante: doentes, idosos e pessoas que não podem sair de casa devido às restrições da pandemia podem “unir-se espiritualmente aos outros fiéis”.

Orações sugeridas

No tocante às orações, cada fiel pode fazer as de sua preferência, mas sugerem-se algumas como:

“Eterno Pai, eu vos ofereço o Preciosíssimo Sangue de Vosso Divino Filho Jesus, em união com todas as Missas que hoje são celebradas em todo o mundo; por todas as santas almas do purgatório, pelos pecadores de todos os lugares, pelos pecadores de toda a Igreja, pelos de minha casa e de meus vizinhos. Amém”.

“Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e que a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém” (três vezes).

A Igreja também recomenda, entre as orações, rezar as Laudes e Vésperas do Ofício dos Defuntos, o rosário (ou terço) mariano, a coroa (ou terço) da Divina Misericórdia ou a leitura meditada de passagens do Evangelho próprias da liturgia dos fiéis defuntos.

A tradição também incentiva os católicos a realizarem uma obra de misericórdia, oferecendo a Deus as dores e dificuldades da própria vida.

Aleteia

Orientação sobre o Matrimônio: Deus quis ter um pai e uma mãe

Família de Nazaré | Guadium Press
por Paulo da Cruz

Redação (30/10/2020 09:37Gaudium Press) Um dos princípios básicos de orientação espacial é guiar-se pelo que está no alto. Exemplifico.

Antes do GPS, os navegadores traçavam suas rotas pelas estrelas; a luz dos faróis brilha na ponta de torres; para alguém perdido numa floresta, a recomendação é subir na árvore cuja copa se sobressaia entre as demais; no cume das montanhas, contemplamos o horizonte descortinado, sem nuvens; o Norte é sempre encontrado em função do Sol.

Assim também os problemas complicados nesta vida: eles se desfazem, quando buscamos soluções do alto e do Céu.

Entretanto, isso nem sempre é fácil, pois nuvens ou fumaças podem esconder as estrelas; do mesmo modo os homens maldosos podem acender luzes enganosas. Acontece amiúde que os guias, traindo sua missão, passam a conduzir não mais ao porto seguro, e sim, à profundeza dos mares. Indicam caminhos incertos e falsos.

Os problemas humanos, então, além de complicados, passam a ser confusos. E nestes casos, confusão é sinônimo de desorientação.

Por fim, nesta confusão, nesta desorientação, nesta nebulosidade, encontramos o problema do Matrimônio. Como navegar nestas águas, quando por todos os lados se erguem falsas luzes? Olhemos para o alto e orientemo-nos pelo sol da Verdade.

O que a Igreja ensina sobre o Matrimônio?

Nosso Senhor Jesus Cristo é o Sol segundo o qual todos os ponteiros da Igreja devem se alinhar. Sua palavra é perene como uma montanha, imutável e inabalável. O que Ele ensinou sobre essa matéria?

Já no início da sua vida terrena, Jesus quis elevar a dignidade do Matrimônio, dando-lhe a devida importância: começou seus atos públicos em Caná, durante uma festa de casamento (Jo 2,1-12). Na célebre disputa com os fariseus (Mt 19,1-9), Nosso Senhor instruiu que o Matrimônio é um vínculo indissolúvel, realizado entre um homem e uma mulher, conforme o Criador dispôs no princípio. Ele faz referência ao Gênesis, quando Deus disse que o homem e a mulher seriam “uma só carne” (Gn 2,24).

O primeiro livro da Bíblia descreve ainda que Deus ordenou aos nossos pais: “Crescei e multiplicai-vos” (Gn 1,28). Conta-nos o relato sagrado que o Criador fizera a mulher para que o homem não ficasse só, por isso deu-lhe uma “auxiliar, igual a si” (Gn 1,18).

Ora, nesses rápidos traços exegéticos, temos as características do Matrimônio, como Deus o fez: monogâmico e indissolúvel. Sua finalidade é a procriação – com a educação dos filhos – e o auxílio mútuo entre os esposos.

Qualquer tipo de união que contrarie esses princípios, não é, segundo a Igreja, Matrimônio.

Por exemplo, é uma lei da natureza que a união ocorre com vistas à prole, segundo comprovamos entre todos os animais, os quais se unem para gerar outros seres iguais a si. Portanto, está na ordem comum das coisas que o Matrimônio deve ser fecundo. Assim, o casamento que – de si – não gera prole, fere a ordem natural das coisas e não pode ser Matrimônio real.[1]

Mas tudo isso não é senão o sopé da grande montanha do Matrimônio. A base é solidíssima, pois é composta com aquilo que Jesus fez e ensinou. Entretanto, é possível subir mais alto neste pico e orientar-se melhor.

Qual o significado do Matrimônio?

Quando desejamos saber o verdadeiro significado de algo, se temos Fé, devemos primeiro procurar entender como Deus vê este “algo”.

Como Deus vê o Matrimônio?

A resposta nos é dada por São Paulo na sua carta aos Efésios. O apóstolo, depois de explicar como devem ser as relações sociais entre os cristãos, trata sobre os vínculos entre os esposos. Segundo ele, o exemplo de relacionamento para o homem e a mulher é a união que existe entre Cristo e a Igreja. E conclui, dizendo: “Esse mistério é grande” (Ef 5,32).

Ora, já no Antigo Testamento, Deus falava aos profetas, utilizando-se da figura do casamento para ilustrar como era o relacionamento entre o Criador e a nação escolhida. É por isso que, em inúmeros trechos das Escrituras, Deus recrimina a raça eleita como se fosse sua esposa, chamando-a de adúltera e infiel.

O novo povo de Deus, porém, a Igreja, é a mulher fiel e perfeita que nunca abandona seu Divino Esposo.

A figura das relações matrimoniais entre Deus e a humanidade é ainda utilizada no Cântico dos cânticos, livro sagrado que inspirou os grandes contemplativos a, em arroubos de amor, realizarem um Matrimônio místico com Nosso Senhor, como Santa Teresa e Santa Catarina de Sena. Aliás, as religiosas antigamente ingressavam no convento em trajes de noiva, pois se casavam com Jesus Cristo; e os cristãos chamavam de “adúlteras de Deus” as virgens dos primeiros séculos que faltavam com a promessa da continência. Também não faltaram varões santos na História que desposaram misticamente Nossa Senhora.

Por isso, dado que o Matrimônio entre o homem e a mulher são imagem das relações entre a humanidade e Deus, essa união deve ser santa, imaculada, perfeita.

O amor, fundamento do Matrimônio

O princípio do matrimônio é o amor mútuo. Contudo, essa relação recíproca merece uma observação.

Infelizmente, a palavra amor perdeu muito do seu sentido real. Ou, por outra, recebeu sentidos equívocos, de modo especial em nosso século. O amor de nosso tempo pode ser sentimental ou erótico, interesseiro ou egoísta, e, raras vezes, autêntico. A tudo isso nomeamos amor, e, assim, esse afeto tão nobre passou a ser fugaz e superficial – quando não pecaminoso e monstruoso –, que um vento leva ou que, em um segundo, se desfaz.

O povo grego tinha uma palavra diferente para expressar cada uma dessas múltiplas formas de sentimento. Não entraremos aqui em meandros semânticos ou etimológicos, mas basta recordar que, no E vangelho Jesus fala de um amor ao próximo em função do amor a Deus. Este amor, sim, é perene, profundo, real. E é ele que fundamenta verdadeiramente o Matrimônio:

“O amor, laço que une o Criador à criatura humana, é a base deste admirável Sacramento [o Matrimônio], que representa a união de Cristo com a Igreja, por meio da Encarnação, e a de Deus com a alma, por meio da Graça”.[2]

A solução para o Matrimônio é, pois, falar dessas verdades ao mundo. Esta união entre o homem e a mulher é tão sagrada, que o próprio Deus quis beneficiar-se dela, chamando a Maria de mãe e a José de pai.


[1] Não nos referimos aqui a dificuldades genéticas ou clínicas que um homem ou uma mulher possam ter. Isso é um problema distinto, com matizes próprios. Referimo-nos, isto sim, a uma impossibilidade metafísica, como dois gatos machos não têm capacidade de gerar um terceiro.

[2] MONSABRÉ, Jacques-Marie-Louis. O Matrimônio. Rio de Janeiro: Editora Loreto, 2014, p. 9. (O livro é composto de excertos de conferências do dominicano em Notre-Dame).

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Conheça a jovem com síndrome de Down que luta contra o aborto no Reino Unido

Ruteorias

 https://twitter.com/i/status/1273020741567553536

LONDRES, 30 out. 20 / 12:30 pm (ACI).- Heidi Anne Crowter é uma jovem britânica com síndrome de Down que entrou com uma ação contra o governo do Reino Unido para que se revise a lei que permite que bebês com esta deficiência sejam abortados até o nascimento.

O processo foi admitido em 17 de outubro pelo Tribunal Superior da Inglaterra e País de Gales, que revisará a lei do aborto. A medida judicial foi apresentada por Heidi Crowter e Máire Lea Wilson, mãe de Aiden, um adolescente de 16 anos também com síndrome de Down.

Recentemente, a Ministra da Saúde do Reino Unido, Helen Whately, revelou que 339 bebês com síndrome de Down foram abortados nos primeiros seis meses deste ano.

Vida pessoal e convicções

De acordo com o site da Associação de Síndrome de Down da Irlanda do Norte, Crowter diz que sua deficiência não a impediu de "ter uma vida plena e divertida". A ativista de 24 anos tem um emprego, mora em seu próprio apartamento em Coventry, realiza suas tarefas domésticas de forma independente e em julho, casou-se com James Bryn Carter, um jovem com síndrome de Down.

A jovem ressaltou que seu objetivo é "aumentar a conscientização sobre a síndrome de Down e ser uma voz para aqueles que não a têm" e se descreve como "a primeira pessoa com síndrome de Down a levar o governo do Reino Unido ao Tribunal”.

Para ela, a lei que permite o aborto de bebês com sua condição até o nascimento é um ato de “discriminação” contra o qual ela vem lutando nas redes sociais, nos meios de comunicações e, principalmente, judicialmente.

Atualmente, o aborto no Reino Unido é legal até a 24ª semana de gestação, exceto quando a gravidez representar um risco para a saúde física ou mental da mãe, ou quando o bebê tiver possibilidades de sofrer com essas “anormalidades físicas ou mentais de forma grave". Nestes últimos casos, o aborto é permitido até o nascimento do bebê.

“Quando soube que um bebê pode ser abortado até 24 semanas e que um bebê com síndrome de Down pode ser abortado até o nascimento, fiquei muito furiosa e senti que não deveria existir neste mundo”, lamentou Heidi.

"O que eles [o Governo] me dizem é que minha vida simplesmente não tem tanto valor quanto a dos outros e não acho que seja verdade. Acho que é discriminação absoluta!", assinalou.

A indignação de Heidi é ainda maior, porque a discriminação é exercida por um governo que incentiva o aborto de pessoas com síndrome de Down desde o útero como uma política de saúde que coloca o "direito de escolha" da mulher antes da proteção de vidas humanas como a sua.

“Quando meu advogado entrou em contato com a Secretaria de Saúde, eles negaram a reclamação e disseram que o aborto é uma opção da mulher e que não há nenhum erro com a lei!”, exclamou. "Acho que eles estão errados, acho que as pessoas deveriam ver a pessoa por trás do cromossomo extra!", acrescentou.

“O Reino Unido tem o dever legal de garantir a igualdade e proteger as pessoas com deficiência, mas quando se trata da lei do aborto, o governo simplesmente não escuta”, disse Heidi por meio do Crowdjustice.com.

Não nos descartem

Heidi Crowter ficou conhecida aos 20 anos, quando apoiou a campanha “Don’t Screen Us Out” (Não nos descartem), que desde 2016 busca fazer o governo do Reino Unido notar que o exame de detecção pré-natal para síndrome de Down chamado "DNA livre de células" aumentaria os abortos e agravaria a discriminação negativa contra esse grupo.

Além disso, Crowter assinalou que defendeu os direitos das pessoas com deficiência no Congresso Mundial sobre a síndrome de Down em Glasgow, no Sínodo Geral da Igreja Anglicana, dentro e fora do Parlamento do Reino Unido, entre outros.

Além disso, afirmou que apoiou o projeto de lei de Kevin Shinkwin, político e membro da Câmara dos Lordes que nasceu com uma deficiência severa. A iniciativa propôs emendar a lei que permite o aborto para pessoas com deficiência até o nascimento na Irlanda do Norte, para reduzir o limite para 24 semanas.

Sua participação mais recente e proeminente ocorreu este ano, quando junto com outras pessoas com síndrome de Down, organizações pró-vida, instituições internacionais, parlamentares da Irlanda do Norte e a Assembleia da Irlanda do Norte, se manifestou contra a decisão do Governo do Reino Unido de aprovar a lei de aborto atual.

Caso Heidi Crowter: Tribunal do Reino Unido

Embora o Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência tenha exortado o governo do Reino Unido a mudar “sua lei de aborto para garantir que pessoas como eu não sejam escolhidas por causa de nossas deficiências. Infelizmente, o governo decidiu ignorar suas recomendações e não mudou a lei”, disse Heidi.

Diante desta situação, a jovem ativista criou uma página na web que lhe permitiria levantar os recursos financeiros necessários para levar o caso a instâncias judiciais superiores. Graças à sua campanha na mídia e ao apoio de muitas pessoas, Heidi fez grandes avanços nesse sentido.

Em 13 de junho, Heidi Crowter entregou ao primeiro-ministro Boris Jhonson uma carta aberta assinada por mais de 18 mil pessoas na Irlanda do Norte. O documento pedia aos parlamentares que se oponham à legislação sobre o aborto e que permitam que a Assembleia da Irlanda do Norte decida sobre essa lei, que votou contra sua aprovação.

Em 17 de outubro, após meses de insistência, Heidi Crowter e Máire Lea Wilson, mãe de Aiden, um adolescente de 16 anos também com síndrome de Down, conseguiram que o Supremo Tribunal da Inglaterra e País de Gales admitisse uma revisão da lei do aborto que permite eliminar bebês com síndrome de Down antes mesmo do nascimento.

Para Paul Conrathe, advogado que representa Heidi e Máire, o fato de a Corte reconhecer “que se pode argumentar que o Estado está agindo ilegalmente” ao permitir que bebês com síndrome de Down sejam abortados até o nascimento, é “um momento de enorme significado”.

O advogado explicou que agora o governo deve "preparar suas provas detalhadas" para provar que o aborto de bebês com síndrome de Down até o nascimento não é discriminatório. Então, provavelmente "no início do próximo ano", o Tribunal analisará essas evidências, disse.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF