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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Como podemos combater cultura do estupro

Shutterstock
por Octavio Messias

Atitudes do dia a dia contribuem com a objetificação da mulher.

Um dos assuntos mais comentados da semana (além das eleições presidenciais dos Estados Unidos) foi o vídeo da audiência do caso da influenciadora digital Mariana Ferrer, ocorrida em setembro, do julgamento do empresário André Aranha, que foi absolvido da acusação de estupro de vulnerável, uma vez que ela alegou ter sido dopada antes do ato sexual. 

O registro foi divulgado pelo site The Intercept Brasil e causou revolta nas redes sociais pela maneira como Mariana foi tratada pelo advogado do acusado, Cláudio Gastão da Rosa Filho, que humilhou a vítima e se referiu aos trajes e às suas fotos em posições sensuais como se justificassem um estupro. O Intercept ainda resumiu a sentença como “estupro culposo”, o que não existe no Código Penal, e gerou a proliferação das hashtags #justicapormarriferrer e #estuproculposo. 

Mari Ferrer alega que em dezembro de 2018, quando trabalhava em uma boate de luxo em Florianópolis, André Aranha a teria dopado e cometido o estupro em uma área reservada da casa noturna. No dia seguinte à repercussão do vídeo, o Ministério Público afirmou que a sentença foi definida por falta de provas, e não por ter sido um “estupro culposo”, ou seja, quando não há dolo, intenção de cometer o crime, o que seria um tanto absurdo tratando-se da natureza do ato. Independentemente da procedência da sentença ou não, a audiência ressalta um aspecto perigoso da nossa cultura, que é o de tentar culpar a vítima pelo estupro.     

Violência contra a mulher

O Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres. Por aqui, em média, uma mulher é estuprada a cada oito minutos. E, como apontam antropólogos e sociólogos, isso é resultado de algo que está muito enraizado na nossa sociedade, que é a cultura do estupro. Isso não significa que todo homem seja necessariamente um estuprador, mas que a maneira como enxergamos, tratamos e objetificamos as mulheres contribui diretamente para que elas sejam violentadas. 

E isso pode ser observado em atos do cotidiano que são aceitos e disseminados pelo homem, como quando se  buzina para uma mulher na rua, se puxa uma mulher pelo braço em uma festa, se tira proveito do corpo dela em situações como um ônibus lotado etc. Não é fácil ser mulher no Brasil e basta conversar com uma delas para perceber como vivem em constante estado de ameaça e temor, especialmente nos grandes centros urbanos. 

Tanto pela mídia quanto até pela educação que recebemos dos nossos pais, somos condicionados a enxergar a mulher como um objeto destituído de vontade própria, como se sua única função fosse nos servir, seja nas atividades domésticas, seja sexualmente. E isso, por si, é uma enorme violência contra a individualidade delas.

Respeito é para todos

O próprio contexto em que ocorreu o ato sexual com Mari Ferrer, que não foi desmentido pelo acusado e foi comprovado no exame pericial, é extremamente comum. Casas noturnas tentam atrair o público feminino com entradas gratuitas ou descontos nas comandas, como se elas fossem iscas para atrair o público masculino. E nesses camarotes muitas vezes não há câmeras e nem um segurança. 

Não existe atenuante para estupro. A mulher pode sair na rua embriagada e de biquini: nada justifica que o seu corpo seja violado contra a sua vontade. Não nos esqueçamos que todos fomos gerados por mulheres. Podemos ter irmãs, filhas, amigas, esposas, e todas, sem exceção, independente do grau de parentesco, devem ter suas vontades respeitadas e sua individualidade preservada.  

E para combater a cultura do estupro nos cabe policiar a nós mesmos e interferir sempre que virmos ou ouvirmos algum outro homem, especialmente se for um amigo, faltar-lhes com o respeito. 

Sejamos agentes da mudança por uma sociedade mais justa e acolhedora. 

Aleteia

CONVITE PARA NOS PREPARAR PARA O PÓS-PANDEMIA

Dom João Carlos Petrini
Bispo da Diocese de Camaçari (BA)


As forças que podem mudar o mundo são as mesmas que podem mudar a pessoa

É comum ouvir que o mundo não será mais como era antes do corona vírus. Certamente, foram acumuladas experiências que deixam marcas profundas. Mas não está garantido que essa mudança será positiva, criando para nós um mundo melhor. Afinal, o pecado original continua.

Estamos caminhando para uma convivência mais humana, de maior respeito entre as pessoas? Viveremos um tempo em que as pessoas estarão menos aceleradas para correr atrás de seus objetivos e de suas fantasias buscando alguma vantagem ou satisfação, mesmo atropelando quem por acaso ficasse pelo caminho? Ou está por vir um tempo de maior cinismo e de acentuação dos interesses individuais já que “a farinha” é pouca?

A realidade humana e social não se constrói mecanicamente. As circunstâncias produzidas pelo corona vírus não podem definir como será nossa maneira de viver e de conviver depois dessa pandemia sem a participação de cada pessoa que avalia, discerne, decide, toma atitudes, de acordo com a recomendação de Paulo em 1Tes 5, 21: “Discerni tudo, ficai com o que é bom”. É necessário avaliar o que deve ser preservado deste tempo marcado pelo isolamento social e o que deve ser mudado ou substituído.

Passamos muito tempo em silêncio, sem ver pessoas, sem manifestações de afeto e carinho com amigos e familiares. Às vezes, a solidão pareceu excessivamente amarga. O medo de ser contagiado e de morrer solitariamente tirou o sono de muitos. Todos perderam recursos: mercados e lojas fechadas, horários de trabalho e salários reduzidos. Sobrou mais tempo para conviver: inicialmente uma alegria mas, muitas vezes, uma decepção com motivos para conflitos.

Nenhuma dessas situações, por si só, irá mudar comportamentos e criar novas atitudes para viver melhor depois da pandemia. Este é o tempo de usar o coração (a inteligência, mais a afetividade, mais a vontade) para avaliar, para discernir o que vislumbramos de positivo e o que reconhecemos como negativo no tempo da pandemia e deve entrar em jogo a liberdade de cada um para escolher, decidir.  A liberdade é movida pela atração, pela visualização de um bem que desperta a curiosidade, que nos atrai, que pode tornar-se bem para nós.

Indico três aspectos da nossa humanidade que estavam um pouco perdidos antes da pandemia e que podem ser resgatados depois que o vírus deixar de ser tão ameaçador.

Durante o isolamento social continuamos e até intensificamos as conexões virtuais. Mas sentimos falta de outras conexões que as circunstâncias nos ajudaram a pensar como relevantes e decisivas e, quem sabe, pouco cultivadas.

A conexão presencial com os familiares pode ser menos apressada, cultivadas melhor, reservando horários para elas, decidindo nunca mais passar pelas pessoas como se fossem sacos de batatas. Vamos recuperar e valorizar:

A conexão com Deus Pai. Ele tomou a iniciativa de trazer-nos a este mundo e ainda nos quer por aqui com um plano para cada um que desejamos conhecer. Através desta conexão originária, podemos recuperar a conexão mais profunda com pai e com mãe, que foram os instrumentos deste Amor maior que nos quis e nos quer, e com outros familiares, mesmo quando não são tão maravilhosos como gostaríamos.

A conexão com aquelas duas ou três pessoas que foram e continuam sendo decisivas para descortinar horizontes que sequer imaginávamos, para crescer na capacidade de pensar, discernir, avaliar, decidir. A conexão com o nosso destino, com a meta última de nossa caminhada terrena. Muitas vezes, durante a pandemia pensamos na possibilidade de morrer. Que vida quero levar até o momento de morrer, para que a existência tenha sentido e valor? Que vida terei depois desse momento? Haverá uma tarefa especial, a mim reservada e que realiza o desígnio do Pai Criador para mim? Se é assim, preciso repensar como crescer para dar conta dela, como reorganizar o uso do tempo, a ordem das escolhas pessoais.

A conexão com Jesus e com o seu Evangelho, portanto a conexão com a Igreja, não apenas o Papa e os Bispos, mas com a comunidade, a Missa dominical, os sacramentos, bem como a conexão com figuras gloriosas dessa história que nos inspiram: com São Bento, com São Francisco, com Santa Dulce, com Santa Terezinha, mas também com Churchill, com Einstein…  Essas conexões alimentam, sustentam, orientam, fortalecem cada passo. Pensávamos de ser super conectados com tecnologias atualizadas, mas as conexões mais decisivas presenciais correm perigo de ficarem para trás.

Recuperar uma dimensão de vida interior, como capacidade de pensar e avaliar e de tomar atitudes. A vida interior ajuda a identificar os traços constitutivos do próprio “Eu” e conviver bem consigo mesmo. São Bento dizia que um homem de Deus gosta habitare secum (de morar consigo mesmo), sem se escandalizar com seus limites e contradições, porque cultiva a esperança de poder crescer, superando alguns e aprendendo a conviver com outros, contando com a Misericórdia e com a potência divina que vence o mal e a morte, admirando a obra que Deus está realizando. “Eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos! Ó senhor, vossa bondade é para sempre! completai em mim a obra começada!” (Sl 137, 8).

Quando dizemos “Eu”, falamos de um Amor que nos constitui, de um Desígnio que nos guia, de uma Misericórdia que nos acolhe, de um Batismo que nos resgata. É importante aprender a dizer o nosso nome como nossa mãe o pronunciava quando éramos bebês, sempre com uma ponta de ternura ou, melhor ainda, como Jesus, olhando para nós do alto da cruz. Este olhar de compaixão cheia de esperança para conosco nasce da certeza de que somos feitos por um Outro que nos quer e nos ama. Quanto mais capacitados para dizer “Eu” com simpatia e estima, mais seremos capazes de dizer “Tu” com uma simpatia e uma estima semelhantes, conscientes que uma mesma origem e um mesmo destino definem a nossa humanidade.

A vida interior é necessária para que cada um possa elaborar, em etapas, seu projeto de vida, enquanto busca realizar o Desígnio maior. E é indispensável também para estabelecer relações de amizade, cooperação, solidariedade, serviço, amor, construindo comunhão fraterna. É importante distinguir os fatos e os acontecimentos das opiniões e emoções, das fantasias, tanto na vida pessoal como no contexto social. Vale a pena comparar os fatos com os desejos mais profundos (de viver com significado e com beleza, de que nossa existência tenha utilidade, de amar e de ser amado, de que possamos realizar nossas potencialidades). Isto exige momentos de silêncio.

Redefinir as relações. As pessoas vivem muitas relações e interagem com muitos ambientes, participam de uma densa rede de comunicações. As relações são produzidas, consumidas, modificadas e postas de lado num incessante movimento de construção e desconstrução, que faz pensar à espuma produzida pelas ondas quando quebram na praia. Muitas relações aparecem fluidas ou líquidas, ou flutuantes. Elas geram personalidades que se assemelham a uma massa gelatinosa, ambiente ideal para o poder agir a seu bel prazer.

É necessário discernir as relações que têm essas características e dar menos atenção daquelas que são consistentes e comunicam consistência à nossa pessoa, que vale a pena valorizar, preferir.  Algumas nos constituem biologicamente. Outras nos constituem como personalidades fortes, através delas adquirimos recursos intelectuais, psicológicos, espirituais, que nos proporcionam uma existência que não é fluida e nem líquida. Algumas delas duram para sempre, para além da nossa existência terrena, como ser mãe, ou pai, ou filho. Outras marcam decisivamente a nossa personalidade e o nosso modo de estar neste mundo. Essas relações dão fortaleza à nossa pessoa, que se torna tanto mais consistente quanto mais afunda suas raízes na Rocha sobre a qual a nossa construção pode crescer com solidez.  “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeit.” (Rm 12, 2).

CNBB

“Não chameis ninguém de ‘pai'”?

Veritatis Splendor
  • Autor: Pe. Arthur W. Terminiello
  • Fonte: Livro “The 40 Questions Most Frequently Asked about the Catholic Church by Non-Catholics” (1956) / Site “Una Fides, One Faith” (http://net2.netacc.net/~mafg)
  • Tradução: Carlos Martins Nabeto

– Por que os católicos chamam os seus sacerdotes de “Padre” [Pai] quando a Bíblia diz: “Não chameis ninguém na terra de ‘pai’, pois um é o seu pai: Aquele que está no céu” (Mateus 23,9).

Os católicos chamam seus sacerdotes de “padre”:

1) Porque ele é um Pai Espiritual para eles:

a) Na infância, ele os batizou e, portanto, foi o instrumento de seu NASCIMENTO ESPIRITUAL, assim como os pais físicos dos católicos são responsáveis ​​pelo seu NASCIMENTO FÍSICO;

b) Ele dá ALIMENTO espiritual para suas almas sempre que recebem o Corpo e o Sangue de Cristo na Sagrada Comunhão. “Porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida” (João 6,57). FORNECER ALIMENTO É OUTRA OBRIGAÇÃO DE UM PAI.

c) Na confissão, o sacerdote não apenas perdoa o pecado em nome de Cristo, mas também o aconselha sobre a melhor maneira de superar suas dificuldades espiritual e material. ESTE TAMBÉM É O DEVER DE UM PAI.

d) Como um pai, o padre está sempre no leito de morte de um católico para consolá-lo e ajudá-lo. Nenhum católico gostaria de morrer sem um padre – SEU PAI ESPIRITUAL – ao lado dele.

Portanto, um padre não EXIGE este título. Os católicos o chamam de “pai” como sinal da afeição que ele compartilha com seus pais naturais e porque ele compartilha com eles os deveres e obrigações dos pais.

2) Porque a Bíblia não obriga que NENHUM homem deva ser chamado de “Pai”:

a) A Concordância de Cruden (que é uma concordância não-católica), no início da citação que trata da palavra “pai” diz:

  • “Além de seu uso comum, essa palavra também é usada no sentido de idosos… De ancestrais… Fundadores de ofícios ou profissões… Chefe dos habitantes de uma cidade, etc.”

A palavra “Pai” é encontrada quase 1000 vezes [na Bíblia] e apenas metade delas se refere a Deus. As outras se referem a SERES HUMANOS que são chamados de “pai”.

b) Não era intenção de Cristo que NINGUÉM fosse chamado de “Pai”:

i) Em Mateus 13,1-3, Ele adverte o povo a seguir os ensinamentos dos fariseus, mas não o exemplo deles: “Mas não ajam de acordo com suas obras”. Segundo esses versículos, nenhum mestre deve ser seguido para nos afastar de Cristo.

ii) O próprio Cristo permitiu e usou a palavra PARA OUTROS homens e não só para Deus:

  • Em João 4,12, Ele não corrigiu a mulher samaritana que disse: “És maior que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço?”;
  • Em João 8,56, Ele mesmo empregou o termo para Abraão: “Abraão, vosso pai, se alegrou por ver meus dias”.

c) São Paulo, seguindo o exemplo de Cristo, não tomou essa palavra em seu sentido literal:

i) Ele chama os coríntios de seus filhos espirituais: “Porque embora tenhais dez mil tutores em Cristo, ainda não tens muitos pais. Porque em Cristo Jesus, através do Evangelho, eu vos gerei” (1Coríntios 4,15);

ii) Ele chama Timóteo de “filho amado na fé” (1Timóteo 1,2);

iii) Ele fala dos coríntios como seus filhos: “Mas eu vos admoesto como meus filhos mais queridos” (1Coríntios 4,14);

iv) Ele diz aos filipenses que a prova da lealdade de Timóteo pode ser encontrada no fato dele ter servido a Paulo no Evangelho como “um filho ao PAI” (Filipenses 2,22);

v) Veja também: 1Tessalonicenses 2,11.

3) Se aderirmos à interpretação literal:

a) Todos os títulos honorários serão proibidos: juízes, desembargadores etc. não poderão ser chamados de “Meritíssimo”. Presidentes, embaixadores, prefeitos etc., não poderão ser chamados de “Vossa Excelência”;

b) Os médicos não poderão ser chamados de ‘doutor’ e os ministros religiosos não poderão ser chamados de ‘reverendo’;

c) Não poderíamos chamar nosso pai e nossa mãe de “Pais”, pois não haveria exceções na interpretação literal;

d) Da mesma forma, não poderíamos mais chamar Cabral de “Pai do País”;

e) Não poderíamos usar a expressão “Senhor”, pois é equivalente a “Mestre” e o mesmo texto diz: “Nem chameis mestres”;

f) Nem poderíamos usar o termo “Senhor”, pois é uma contração de “Pai”, que significa “Senhor” ou “Mestre”.

Portanto, este texto de São Mateus não deve ser considerado literalmente ou como uma lei geral. Os padres católicos não EXIGEM este título. É para eles uma fonte de HUMILDADE e não de ORGULHO, pois lembra o sacerdote das suas OBRIGAÇÕES como PAI espiritual do seu rebanho.

Portal Veritatis Splendor

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Novos institutos de vida consagrada deverão ser aprovados pela Santa Sé

Guadium Press

Cidade do Vaticano (04/11/2020 15:00, Gaudium Press) Através do Motu Proprio ‘Authenticum charismatis’, o Papa Francisco alterou o Cânon 579 do Direito Canônico, estabelecendo que, antes de aprovar a fundação de novos Institutos de Vida Consagrada, os Bispos devem ter uma “prévia autorização escrita da Sé Apostólica”.

Nova norma entrará em vigor no dia 10 de novembro

Até então, o cânon 579 indicava que os Bispos diocesanos deveriam apenas consultar a Sé Apostólica, antes de erigir em seu próprio território o decreto formal para os novos institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica. Agora, o episcopado deve solicitar uma “prévia autorização escrita” para isso. A nova norma entrará em vigor a partir do dia 10 de novembro.

No documento, assinado pelo Santo Padre no dia 1º de novembro em São João de Latrão, o pontífice ressalta que “um sinal claro da autenticidade de um carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de integrar-se harmoniosamente na vida do Povo santo de Deus para o bem de todos” por isso “os fiéis têm o direito de serem advertidos pelos pastores sobre a autenticidade dos carismas e a confiabilidade daqueles que se apresentam como fundadores”.

Guadium Press

Evitar que institutos inúteis surjam de forma imprudente

Após reconhecer que os Bispos das Igrejas particulares têm a responsabilidade eclesial e “a decisiva tarefa de avaliar a conveniência de erigir novos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica”, Francisco destaca que “deve se evitar que institutos inúteis ou desprovidos de suficiente vigor surjam de forma imprudente”.

Por este motivo, o Pontífice estabelece que “compete à Sé Apostólica acompanhar os Pastores no processo de discernimento que conduz ao reconhecimento eclesial de um novo Instituto ou de uma nova Sociedade de direito diocesano” e acrescenta que “os novos Institutos de vida consagrada e as novas Sociedades de vida apostólica, portanto, devem ser oficialmente reconhecidos pela Sé Apostólica, a única à qual compete o juízo final”.

Guadium Press

Todo Instituto de Vida Consagrada ou Sociedade de Vida Apostólica pertence intimamente a Igreja

Em seguida, o Santo Padre recorda a Exortação Apostólica ‘Vita Consecrata’ que diz que a vitalidade dos novos Institutos e Sociedades “deve ser avaliada pela autoridade da Igreja, à qual compete o exame apropriado, tanto para testar a autenticidade do propósito inspirador como para evitar a multiplicação excessiva de instituições semelhantes entre si, com o consequente risco de uma prejudicial fragmentação em grupos demasiado pequenos”.

“O ato de ereção canônica pelo Bispo transcende o âmbito diocesano e o torna relevante para o horizonte mais amplo da Igreja universal. Com efeito, ‘natura sua’, todo Instituto de Vida Consagrada ou Sociedade de Vida Apostólica, mesmo que tenha surgido no âmbito de uma Igreja particular, como dom à Igreja, não é uma realidade isolada ou marginal, mas pertence intimamente a ela, está no coração da Igreja como elemento decisivo da sua missão”, conclui Francisco. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Impedir o derramamento de sangue inocente

O apelo do Papa pelo Nagorno-Karabakh

L'Osservatore Romano
03 novembro 2020

A tragédia no Nagorno-Karabakh, onde continuam «o derramamento de sangue inocente» e as «destruições de habitações, infraestruturas e lugares de culto»,  foi recordada pelo Pontífice no final do Angelus recitado na praça de São Pedro no domingo 1 de novembro, solenidade de Todos os Santos.

«Gostaria de renovar o meu urgente apelo aos responsáveis das partes em conflito» frisou Francisco, realçando que «a controvérsia» não se resolve «com a violência, mas comprometendo-se numa negociação sincera, com a ajuda da comunidade internacional. Por meu lado – acrescentou – estou próximo de todos os que sofrem e convido a pedir a intercessão dos santos para uma paz estável na região».

 O Papa dirigiu o pensamento também às populações da área do mar Egeu atingidas pelo terramoto a 30 de outubro, convidando os fiéis a unir-se à sua prece pelos defuntos. Anteriormente, Francisco propusera uma reflexão «sobre a grande esperança, que se funda na ressurreição de Cristo», da qual «os santos e os beatos são as testemunhas mais importantes», pois «viveram-na em plenitude na sua existência, entre alegrias a sofrimentos, pondo em prática as Bem-aventuranças».

L'Osservatore Romano

10 chaves para encontrar paz de espírito e vivê-la diariamente

Gergely Zsolnai | Shutterstock

Como passar pelos momentos de angústia e medo, permanecendo na confiança e no abandono? A seguir encontre um guia precioso para manter a paz de coração.

Em um mundo angustiado e violento, onde podemos encontrar paz? Talvez numa praia de uma ilha deserta, em uma aconchegante sala de estar assistindo a um bom filme, no fundo de um monastério isolado ou em meditação? A busca do homem contemporâneo é desesperada: ele deseja a paz de espírito, mas não acredita mais nela. Parece-lhe impossível apaziguar as suas paixões íntimas e o fogo dos seus desejos, assim como extinguir os conflitos recorrentes que perturbam o planeta.

Mas o que é a paz? O grande Blaise Pascal parece cético: “Não há paz aqui”, escreveu ele. Santo Agostinho também não é otimista: “Estamos aqui embaixo divididos entre a concupiscência que nos puxa para baixo e Deus que nos puxa para cima; corpo e alma só serão totalmente reconciliados no céu. Então, impossível ter paz na terra?”

São Tomás de Aquino aconselha a começar por pôr ordem a si mesmo e as suas relações com os outros através do exercício das virtudes: força, temperança, justiça, prudência. Mas que luta! No entanto, a paz não se tornou hoje um imperativo vital? Não apenas para nosso bem-estar pessoal, mas para este mundo. Depois de passar mil dias e mil noites em oração sobre uma pedra, São Serafim de Sarov assegurou: “Adquira a paz interior e milhares ao seu redor encontrarão a salvação”. A paz começa com você mesmo.

Paz de espírito não é mera satisfação

Para o cristão, ela não se esconde no longo e tranquilo rio de uma vida organizada e descomplicada do “Deixe-me em paz!”. Ela não pode ser confundida com a satisfação de uma criança mimada, um bem-estar psicológico imediato, nem ser reduzida a uma ordem social que proporcione segurança efetiva. Também não pode ser conquistada com relaxamento, nem após a guerra.

“Há uma falsa paz que é uma mentira, uma cegueira, mais ou menos consciente, que consiste numa instalação num egoísmo fechado e confortável, uma fuga”, adverte um monge cartuxo do irmão Aloïs, que reza o Taizé. A paz está presente em meio a provações e lutas”. A paz imperturbável é, segundo São Serafim de Sarov , o sinal específico da presença do Espírito Santo. “Com todas as nossas forças, empenhemo-nos em salvaguardar a paz da alma e não nos indignemos quando os outros nos ofendem, incentiva. Precisamos evitar toda raiva e preservar a mente e o coração de todo movimento impensado.”.

É na realidade concreta e por vezes dolorosa da vida quotidiana, com os seus imprevistos e surpresas, que devemos procurar manter “a nossa alma em paz diante de Nosso Senhor”, segundo a expressão do Padre François Libermann ( 1802-1852), judeu convertido, fundador dos Padres do Espírito Santo. Simplificando nossa vida em torno de um único desejo: buscar a vontade de Deus em tudo e ter total confiança nele. Então, ao irradiar essa paz ao nosso redor – que nesse aspecto é como a violência – ela contamina, ela irradia e se alimenta daquilo que incendeia.

Aqui estão as 10 chaves para alcançar essa paz de espírito.

1. Não se desespere

“Se nos olharmos racionalmente, só enxergaremos nossas fraquezas, nossos apegos, nossas ambiguidades”, comenta o franciscano Éloi Leclerc, autor de A sabedoria de um pobre (em tradução livre. Para encontrar paz, você deve olhar para Deus e apenas olhar para si mesmo em Deus. “Nossa extrema pobreza nos coloca na necessidade absoluta de recorrer sempre a Deus”, afirmou também o padre François Libermann.

Recorrer a este Deus rico de misericórdia, que quer dizer etimologicamente: cujo coração cheio de ternura se inclina sobre a nossa miséria. E sob nossa pobreza, descobrir o tesouro escondido do nosso ser interior, modelado à imagem de Deus. Devemos aprender a nos amar com o olhar de Deus, ou seja, infinitamente melhor e mais caridoso que o nosso. Não nos preocupar com nossas quedas, não nos perturbar por nossas misérias ou por nossa aparente mornidão.

“A visão da nossa incapacidade e da nossa nulidade deve ser um grande tema de paz para nós ”, assegura o padre Libermann. É por isso que Deus enviou seu filho Jesus, não para nos julgar, mas para nos salvar e nos dar vida novamente. Ao purificar o nosso coração, Deus nos torna capazes de fazer obras ainda maiores, imbuídos de amor, porque o seu Espírito, que nos liberta, pode finalmente operar em nós. Portanto, não se desespere! É um trabalho para toda a vida.

2. Peça a graça da confiança

“As razões pelas quais perdemos a paz são sempre más razões”, explica o Padre Jacques Philippe, autor de Em Busca da Paz e a Perseguindo (em tradução livre). “A alma encontraria sua força, sua riqueza e toda sua perfeição no Espírito de Nosso Senhor, se apenas quisesse se abandonar à sua conduta”, escreveu o padre Libermann. “Mas porque ela o abandona e quer agir sozinha e em si mesma, ela encontra em si mesma apenas a mais profunda desordem, miséria e incapacidade”.

Segundo o padre Jacques Philippe, a falta de paz de espírito vem da falta de confiança em Deus. Sua condição é de “boa vontade” ou “pureza de coração”: esta disposição estável e constante do coração do homem se decide amar a Deus mais do que tudo e confiar nele nas pequenas coisas. “Não devemos temê-lo”, insistia o padre Libermann, “é um grande insulto a ele que é tão bom, tão gentil, tão amável e tão cheio de ternura e misericórdia por nós”. Um dos inimigos da paz é este pessimismo tingido de cinismo que respiramos todos os dias. Com efeito, “o pessimismo atua em profundidade, destrói o desejo de agir pelos outros, extingue até a ansiedade da inteligência, gera desânimo”, comenta Andrea Riccardi , fundadora da Comunidade Sant’Egidio .

3. Priorizar as prioridades

Em uma cultura do instantâneo, o evento mais próximo (passado ou futuro) tende a invadir nosso campo de consciência. Não tendemos a privilegiar “o urgente” em nossas vidas em detrimento do “importante”? Todos nós temos agendas lotadas, mas nos perguntamos: cheias de quê? Prioridades não faltam: pessoais, familiares, profissionais, amigáveis, sociais ou mesmo associativas. Um erro comum é favorecer apenas uma, por paixão ou por urgência, em detrimento das outras.

Por exemplo, você só gasta tempo com seu filho quando ele está em uma situação de fracasso escolar. Temos que voltar às nossas prioridades periodicamente e colocar as coisas em ordem, como fazemos com um armário. Pensemos no conselho que Jesus dá a Marta, que está agitada e ocupada e “resmunga” porque Maria, sua irmã, escuta a palavra do filho de Deus: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada” (Lc 10,41-42).

4. Pratique “a opção preferencial pelos pobres”

Não é porque temos a consciência limpa e a sensação de estarmos em paz que somos homens e mulheres serenos. Uma certa satisfação egoísta pode nos dar a ilusão disso. Numa das suas conferências quaresmais, São Tomás de Aquino mostra que só a caridade traz a paz perfeita. Na verdade, diz ele, é “um fato da experiência que o desejo pelas coisas temporais não é satisfeito por sua posse”. Quando uma coisa é obtida, já queremos outra. O coração dos ímpios é como um mar fervente que não pode ser aplacado”.

Como podemos permanecer em paz de espírito quando mais e mais homens e mulheres são forçados à miséria da qual somos nós, por nossa falta de partilha, os atores inconscientes? Não podemos ignorar essas realidades, seria muito fácil, como afirma o profeta Jeremias: “tratam com negligência as feridas do meu povo, e exclamam: “Tudo vai bem! Tudo vai bem!”, quando tudo vai mal” (Jr 6:14).

“Se procuras a paz, vai ao encontro dos pobres”, aconselhou São João Paulo II, convencido de que a extrema pobreza das massas humanas gera as situações de calamidade do nosso tempo. Não é sobre sentir-se culpado, mas sim permitir-se ser desafiado. E se o clamor dos pobres fosse o de Cristo? Quando se é rico, não se gosta de falar sobre pobreza. No entanto, a maioria de nós é “rica”. É grande a tentação de se refugiar em “pequenos paraísos”, especialmente quando você se sente oprimido e desamparado. O Evangelho sempre nos inspira a encontrar novos caminhos. A imagem dos pobres é apenas o espelho da pobreza do nosso coração. A única resposta para a pobreza é mais amor.

5. Não perca de vista o propósito da vida

“Aquele que tem um ‘porquê’ que ocupa o lugar de uma meta, de um fim, pode conviver com qualquer ‘como’”, disse Nietzsche. O psiquiatra vienense Victor Frankl fez a mesma observação no inferno dos campos de concentração: aqueles que conseguiam sair tinham pelo menos um motivo para ter esperança. Portanto, o bem-estar profundo se baseia, antes de mais nada, na necessidade essencial de dar sentido à própria vida.

E quanto mais alto o objetivo, mais a nossa vida tem significado e mais o nosso ser se realiza em dar e florescer. Madre Teresa, quando cuidava dos pobres, era o próprio Cristo que ela cuidava. Cumprir o dever para o qual somos chamados é bom; fazer isso por amor é melhor. Infinitamente melhor! Principalmente quando procuramos pesar cada decisão à luz da vontade de Deus e viver de acordo com a “opção preferencial por Deus”.

6. Perdoe aqueles que o ofenderam

Disputas, conflitos, crises, nos fazem sofrer. Podem às vezes levar discussões e rupturas graves. Às vezes, podemos ser dolorosamente afetados a ponto de reter um rancor duradouro e um sentimento persistente de amargura. Ressentimento e ódio são venenos terríveis. O perdão é o único antídoto eficaz para encontrar o caminho da paz de espírito. Muitas vezes é um ato heróico, fruto de um longo processo.

Na verdade, dependendo da seriedade, dos efeitos, dos autores e das circunstâncias da ofensa, o caminho que leva ao perdão pode demorar. Isso é normal, pois o perdão é o amor pelo inimigo (e você também pode ser seu próprio inimigo). É como uma linha do horizonte a ser alcançada. “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24).

7. Não se deixe subjugar pelo medo

Para Andrea Riccardi, o medo é uma doença do nosso tempo, “que vestimos com noções mais nobres”. Temos medo que nos falte, medo de perder ou não adquirir. Medo do futuro, da morte, do sofrimento. Também o medo de não estar à altura. E o medo dos olhos dos outros. Nossos medos afetam todas as áreas de nossa vida e frequentemente nos incapacitam. Além disso, o medo leva ao pecado (podemos reler o livro de Gênesis para nos convencer disso). Temos razão em ter medo de que nunca teremos certeza de nada. Viver em paz supõe parar o motor de nossa imaginação que puxa em alta velocidade os carros de nossas preocupações.

“Não tenha medo!” Encontramos, dizem eles, essa injunção trezentas e sessenta e cinco vezes na Bíblia. O que significa uma vez por dia. Esta foi a primeira palavra dita por São João Paulo II em tempos difíceis. “Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?” (Mt 6:27). Como manter a paz de espírito? Entregando nosso passado à misericórdia de Deus (por meio do perdão) e o nosso futuro à Providência (por meio do abandono). E vivendo apenas o hoje. “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,34).

8. Renda-se a Deus incondicionalmente

Dificuldades, crises e provações são inevitáveis. A realidade nem sempre se curva às nossas vontades “sagradas”. A confiança em Deus nos ajuda a aceitar humildemente os acontecimentos, a enfrentá-los da melhor maneira possível, a vê-los como caminhos de santidade e paz. Pe Jacques Philippe, ecoando as palavras de São Paulo, descreve a vida cristã não como uma batalha espiritual (Efésios 6: 10-17). Devemos vestir a armadura de Deus: a fé, a palavra de Deus, a oração, os sacramentos. “Tudo posso naquele que me fortalece”, assegura o Apóstolo que nos transmite esta promessa divina: “A minha graça vos basta! Pois meu poder se manifesta na fraqueza”.

O importante, diz São Francisco de Sales, não é “manter os nossos corações em paz, mas trabalhar por ela”. É um caminho a ser refeito todos os dias: não desanime; comece com pequenos passos e tente ser fiel a eles; perseverar na oração para se recuperar constantemente sob o olhar de Jesus. “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus” (Fl 4, 6-7).

9. Deixe de lado o espírito de rivalidade e comparação

A comparação é um dos piores venenos contra a paz de espírito. Tornar-se o mais belo, o mais forte, o mais poderoso é algo que se realiza às custas dos outros. A cultura do “chefinho” é hipócrita e muito nociva. O espírito de rivalidade desperta sentimentos de inveja, ciúme e orgulho, que por sua vez geram tristeza. O pensamento crítico também vem da mesma convicção de que “nós somos os melhores”: julgamos os outros por referência ao que somos, o que temos, o que experimentamos. Ao contrário da crença popular, você não precisa estar em rivalidade para desenvolver seus dons e qualidades. Amar é querer o bem do outro, sem necessariamente fazer o papel de vítima, ou pior, de “alma caridosa”. Não há via de mão única no amor! Devemos também aceitar receber. E quem quer ser “campeão”, que saiba compreender aquele que perde.

10. Aprenda a viver o momento, aqui e agora

“Não é o lugar que deve ser mudado, mas a alma”, disse o sábio Sêneca. A paz não se esconde em uma ilha deserta ou no fundo de um mosteiro. Uma chave simples para adquirir esta serenidade que predispõe à paz é acolher cada momento que passa como uma dádiva de Deus: os tons fulvos do outono, a neve, os primeiros rebentos da primavera surgindo, a criança brincando, uma boa refeição com os amigos, uma visita a uma região desconhecida. Maravilhe-se com isso.

A alegria às vezes se esconde na degustação consciente dos “pequenos” prazeres da vida cotidiana, como tão bem os descreveu o escritor Philippe Delherm. Não é surpreendente que o Dr. Vittoz (grande terapeuta suíço que deu seu nome a um famoso método de reabilitação) insista tanto na importância do equilíbrio psíquico das pessoas, da recepção do mundo exterior pelos nossos sentidos, e da consciência do momento presente. Isso nos leva ao louvor e à adoração. Porque quem se maravilha acaba vendo a assinatura do Criador em sua criação. E fica como uma criança, cheia de confiança neste Deus de ternura.

“Sede dóceis e flexíveis nas mãos de Deus”, recomenda o padre Libermann. Você sabe o que fazer para isso: fique em paz e descanse, não se inquiete nem se preocupe com nada, esqueça o passado, viva como se não houvesse futuro, viva para Jesus no momento que vivemos; ou melhor, viva como se não tivéssemos vida em nós, deixando que Jesus viva à vontade”.

Aleteia

A tristeza negativa diante da morte é um sentimento distante da fé, adverte o Papa

Papa Francisco durante a Missa pelos Cardeais falecidos. Foto:
Foto EWTN-ACI Prensa / Daniel Ibáñez / Vatican Pool

Vaticano, 05 nov. 20 / 09:15 am (ACI).- O Papa Francisco afirmou que a “tristeza negativa” diante de um ente querido falecido que nos leva a pensar que “tudo termina na morte” é “um sentimento distante da fé”.

É um sentimento "que se vem juntar ao medo humano de ter que morrer" e do qual, reconheceu, "ninguém se pode considerar totalmente imune".

Por isso, “diante do enigma da morte”, convida todos, inclusive os fiéis, a “se converterem continuamente”.

O Pontífice apresentou este ensinamento nesta quinta-feira, 5 de novembro, durante a Missa em sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos deste ano, que presidiu no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro do Vaticano.

Na homilia, o Papa refletiu sobre as palavras de Jesus: “Eu sou a Ressurreição e a Vida: Todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre”.

Francisco explicou que esta revelação de Cristo desafia a todos: “Somos chamados a crer na ressurreição, não como numa espécie de miragem que surge ao longe no horizonte, mas como um acontecimento presente, que misteriosamente já nos toca agora”.

No entanto, essa fé na ressurreição não diminui a “perplexidade” humana experimentada pela morte. O próprio Cristo, recordou o Papa, diante da morte de seu amigo Lázaro, “não só não escondeu os seus sentimentos, mas até começou a chorar”.

O Santo Padre insistiu que “ao rezar pelos cardeais e bispos falecidos no decurso deste último ano, pedimos ao Senhor que nos ajude a considerar corretamente a sua parábola existencial”.

“Pedimos-lhe para dissolver esta tristeza negativa, que às vezes se apodera de nós, como se tudo acabasse com a morte. Trata-se dum sentimento distante da fé, que se vem juntar ao medo humano de ter que morrer e do qual ninguém se pode considerar totalmente imune”.

Por isso, “diante do enigma da morte, o fiel deve converter-se continuamente: diariamente, somos chamados a ir mais além da imagem que, instintivamente, temos da morte como aniquilação total duma pessoa; transcender a aparência visível, os pensamentos prefixados e óbvios, as opiniões comuns, para nos confiarmos inteiramente ao Senhor”.

“Recordamos, com gratidão, o testemunho dos cardeais e bispos falecidos, que viveram na fidelidade à vontade divina; rezamos por eles procurando seguir o seu exemplo”, concluiu a homilia o Papa Francisco.

ACI Digital

São Zacarias e Santa Isabel

ArqSP
Embora os nomes desses santos não estejam presentes no calendário litúrgico da Igreja, há muitos séculos a tradição cristã consagrou este dia à veneração da memória de são Zacarias e santa Isabel, pais de são João Batista.

Encontramos a sua história narrada no magnífico evangelho de são Lucas, onde ele descreveu que havia, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karim e tinham parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

Foram escolhidos por Deus por sua fé inabalável, pureza de coração e o grande amor que dedicavam ao próximo. Isabel, apesar de sua santidade, era estéril: uma vergonha para uma mulher hebréia, que era prestigiada somente através da maternidade. Mas foi por sua esterilidade que ela se tornou uma grande personagem feminina na historia religiosa do Povo de Deus. Juntos, foram os protagonistas dos momentos que antecederam o mais incrível advento da historia da humanidade: a encarnação de Deus entre os seres humanos.

Estavam velhos, com idade avançada, e como não tinham filhos, julgavam essa graça impossível de ser alcançada. Foi quando o anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e disse-lhe que sua mulher, Isabel, teria um filho que teria o nome de João, que significa "o Senhor faz graça". O menino seria repleto do Espírito Santo desde a gestação de sua mãe, reconduziria muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus e seria precursor do Messias.

Zacarias, inicialmente, manteve-se incrédulo ante o anúncio celeste do nascimento de um filho pelo qual havia rezado com tanto ardor; para que pudesse crer, precisou de um sinal: ele ficou mudo até que João veio à luz do mundo. Na ocasião, sua voz voltou e ele entoou o salmo profético em que, repleto do Espírito Santo, profetizou a missão do filho.

Enquanto isso, devido à proximidade da maternidade, Isabel recolheu-se por cinco meses, para estar em união com Deus. Os dias ela dividia em três períodos: de silêncio, oração e meditação. E foi assim que Isabel, grávida de João e inspirada pelo Espírito Santo, anunciou à Virgem Maria, sua prima, quando esta a visitou: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre".

Após o nascimento de João, Zacarias e Isabel recolheram-se à sombra da fama do filho, como convém aos que sabem ser o instrumento do Criador. Com humildade, alegraram-se e satisfizeram-se com a santidade da missão dada ao filho, sendo fiéis a Deus até a morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Advertem que votação no STF pode incluir ideologia de gênero na educação

Imagem: Pixabay. Domínio Público.

BRASILIA, 04 nov. 20 / 11:11 am (ACI).- No próximo dia 11 de novembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá votar uma ação sobre “bullying homofóbico”, que pode levar à inclusão da ideologia de gênero na educação; diante disso, foi lançada uma petição on-line contrária ao tema.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5668, impetrada pelo PSOL, pede que o STF interprete o Plano Nacional de Educação, que foi aprovado pela Lei 13.005/2014, conforme a Constituição. A ADI alega que nesta lei não estão contempladas a prevenção e proibição do bullying homofóbico, o qual discriminaria crianças e adolescentes por gênero, identidade de gênero e orientação sexual.

Frente a esta eminente votação, a plataforma CitizenGo lançou uma petição que já conta com mais de 39 mil assinaturas, na qual assinala que o PSOL impetrou a ADI 5668, “insatisfeito com a massiva rejeição popular à inserção da ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação, bem como nos planos municipais e estaduais”.

“Os danos provocados pela disseminação dessa ideologia nefasta são incontáveis. O objetivo de seus promotores não é ‘combater o preconceito e a discriminação’, mas desconstruir a personalidade humana para fortalecer o poder do estado e tornar as pessoas ainda mais suscetíveis à manipulação”, assinala.

Além disso, indica que “as crianças se tornarão vítimas ainda mais fáceis de abusadores sexuais, pois ficarão expostas nos chamados ‘banheiros de gênero’, que não possuem separação por sexo”.

Por sua vez, o coordenador nacional do Movimento Legislação e Vida, Prof. Hermes Rodrigues Nery, recordou que “para valorizar a cultura da vida e da família, o Brasil rechaçou em 2014 a ideologia de gênero no Plano Nacional de Educação”.

O também especialista em Bioética explicou que, “com a ideologia de gênero, a família é subestimada, diminuída, desvalorizada e desprotegida”.

Segundo ele, “com isso, fica desamparada a pessoa humana, vulnerável à angústia, a violência e a solidão; pois estas são as consequências quando não se vive a família em sua estrutura natural, quando se distorce o sentido da família, buscando querer o mesmo significado (dando direitos iguais) a outras formas de família, que na verdade não são formas de família, mas contrárias à família, travestidas de simulacro, de falsa aparência, de escapismo e, portanto, de ilusão”.

Prof. Hermes Rodrigues Nery indicou que, “nos países desenvolvidos, em que o Estado se voltou contra a estrutura natural da família (fazendo apologia da ideologia de gênero), são mais perceptíveis as consequências dos danos sociais e as patologias decorrentes”.

“O que se vê agora nestes países – observou o especialista – é que cresce o número daqueles que querem revogar tais legislações, que deram legalidade a ‘estranhos morais’ e abominações que aviltam o ser humano, em muitos aspectos”.

Para fazer frente a essa votação no STF, a petição de CitizenGo exorta à aprovação do Projeto de Lei (PL) 4754/2016, “que tipifica como crime de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal a usurpação de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo”.

“Os ministros do STF já afirmaram claramente que não se preocupam com os anseios do povo. Possuem uma agenda própria e querem valer-se de seu cargo para implementá-la em nosso país, independentemente do que a maioria da população pensa. É o que acontece com o aborto e a ideologia de gênero, que poderá ser imposta a todo o país no próximo dia 11 de novembro”, com o julgamento da ADI 5668.

Recentemente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota sobre a próxima votação no STF, reforçando que o Plano Nacional de Educação (PNE) “está de pleno acordo com a Constituição, pois no inciso II do artigo 2º da Lei prevê, entre as diretrizes do plano, a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.

“A referência não privilegia e nem se limita a uma forma de bullying, mas contempla todas as possíveis existentes e as que poderiam vir a existir, dimensionando a Lei, de tal forma, que também não discrimine e nem exclua outros grupos”, assinalam os prelados.

Para assinar a petição de CitizenGo, pode acessar AQUI.

ACI Digital

Religiosa vence MasterChef Brasil e dedica vitória aos missionários

A vencedora do MasterChef, Ir. Lorayne Caroline Tinti /
Foto: Facebook Irma Lorayne Caroline Tinti

SÃO PAULO, 04 nov. 20 / 03:53 pm (ACI).- Irmã Lorayne Caroline Tinti foi a vencedora do 17º episódio do MasterChef Brasil 2020, nesta semana, e dedicou sua vitória aos missionários, bem como aos jovens com os quais realiza um trabalho social.

Neste ano, o reality show de culinária chega à sua 7ª temporada com um formato diferente devido à pandemia. Assim, a cada semana, há a disputa entre oito participantes e um vencedor por programa.

Vencedora desta semana, a religiosa de 33 anos pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Ressurreição, em Catanduva (SP), há 15 anos. Conquistou o troféu após preparar dois pratos que nunca tinha cozinhado, um tiramisù e um estrogonofe de camarão.

“Eu já tinha comido o tiramisù, fui apresentada a ele no ano passado, mas não tinha memória de como ele era. Rafaela me ajudou com a receita e pedi a intercessão de todos os santos (...). Era Deus me falando pega isso, pega aquilo e assim eu fiz”, contou Ir. Lorayne ao site do programa.

Já na preparação do estrogonofe, a religiosa disse que teve uma “surpresa” quando o jurado Jacquin foi à sua bancada e encontrou “um camarão sujo”. “Foi aí que refiz a limpeza de todos os outros.  Ele veio do céu para me ajudar naquele momento”, comentou.

Ir. Lorayne contou que começou a cozinhar com sua avó, quando tinha “uns 9 ou 10 anos”. “Minha mãe e tia também sempre cozinharam. Os almoços de domingo eram festivos e caprichados em casa”, recordou.

Mas, foi no convento que aprimorou este dom, quando passou a cozinhar para cerca de 20 religiosas. “As atividades e tarefas domésticas são todas divididas, inclusive o preparo das refeições. Galinhada, lasanha, creme de milho e frango com molho são os pratos mais famosos. Foi lá, também, que acabei conhecendo os alimentos mais requintados, como alho-poró e camarão”.

Testemunho de vida religiosa na TV

Ir. Lorayne decidiu ingressar no convento ainda na adolescência. Como recordou, passou a ter mais contato com as religiosas na escola. “Elas eram muito presentes ali e aquilo foi crescendo dentro de mim como uma sementinha. Eu sempre achei a vida delas muito legal”, disse.

E foi aos 17 anos, quando cursava o terceiro ano do Ensino Médio que Lorayne ouviu seu chamado vocacional. “Apesar de gostar, eu, até então, nunca tinha pensado em ser religiosa. Mas, quando uma irmã recém-chegada me convidou para um encontro vocacional, me apaixonei. Senti muita paz e tranquilidade naquele encontro”, recordou a jovem religiosa, que professou seus votos aos 24 anos.

Para Ir. Lorayne, participar do programa de TV é também um testemunho. “Como as pessoas não nos conhecem, muitos acham que só temos proibições, mas também estamos passando por transformações e mudanças. A vida religiosa pode, sim, estar em todos os lugares; a junção de gastronomia com a igreja é muito real”, indicou, ao destacar que “nas passagens bíblicas, Jesus compartilhou o pão, foi a casamentos”.

“Estar no MasterChef é mostrar que a gente também come, cozinha e está inserida no contexto tecnológico”, completou.

Ao receber o troféu de vencedora do MasterChef, Ir. Lorayne disse ter consigo muitas pessoas, “cada uma das mulheres que já passaram pela minha vida e também todos os trabalhos que já realizei e pude conhecer, muitas pessoas, muitas culturas”.

“Então, todos os missionários, todos aqueles que fazem o bem estão aqui comigo, aqueles que têm amor pela culinária. Nós temos um trabalho social e neste trabalho social, nós tentamos ensinar as crianças e adolescentes de que, sim, a gastronomia é um caminho para você ter dignidade para o resto da vida, para isso ser um trabalho, mas um trabalho com amor”, concluiu.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF