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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Ideologia de Gênero e os Planos Municipais de Educação

PNE | MEC

Introdução

O Plano Nacional de Educação brasileiro (PNE), sancionado no ano passado (Lei 13.005, de 25 de junho de 2014) foi aprovado sem referências à “Ideologia do gênero”. Essa foi retirada graças à mobilização popular. Muitos se manifestaram aos deputados que foram eleitos legitimamente pelo povo. Esses acolheram o pedido dos seus eleitores e excluíram a dita “ideologia” do Plano Nacional de Educação.

O dia 24 de junho de 2015 é a data limite para que Estados e municípios apresentem metas e estratégias para a educação local para os próximos 10 anos na forma de planos de educação. Aí podem entrar as referências à “ideologia do gênero”.

O tema pode ser tratado considerando três aspectos:

1. Como questão de democracia; 2. Como uma questão de Direito; 3. E como uma questão de razão.

1.     Questão de Democracia

Aqui cabe a pergunta: algo que já foi discutido e rejeitado em âmbito nacional por representantes legítimos do povo brasileiro, pode ser reapresentado em âmbito particular (estadual e municipal?) As decisões particulares podem contradizer as nacionais? Se sim, que tipo de democracia seria essa?

2.     Questão de Direito

Esse tipo de discussão supõe a certeza de que a Política pode interferir diretamente nos conteúdos apresentados nas salas de aula, e não só na administração da rede municipal e estadual de educação.

Mas o Estado pode interferir diretamente em assuntos que são próprios de outros âmbitos da educação? O Estado pode anular o legítimo direito de os pais educarem os próprios filhos segundo as próprias convicções?

Além disso, percebe-se que a dita teoria, que tem sua origem no estrangeiro, pretende se impor contra direitos reconhecidos pelo Estado brasileiro. Apresentamos alguns exemplos.

a.      Ideologia do gênero e família

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948 e reconhecida pelo sistema jurídico brasileiro, diz o seguinte:

Artigo XII: “Ninguém será sujeito à interferência em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação”.

Artigo XVI: “1- Homens e mulheres, a partir da idade de casar têm o direito, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião, de casar e constituir família; e desfrutarão direitos iguais quanto ao casamento, durante o casamento e em caso de dissolução do casamento […]. 3- A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado”.

Por sua vez, a “Ideologia do gênero” propõe uma “educação sexual” dada exclusiva e obrigatoriamente pelo Estado. Os pais que se opusessem à dita teoria, por pensarem diversamente, podem ser incriminados e presos, como já ocorre em diversos países do mundo.

Além disso, a dita teoria pretende a “desconstrução” das famílias, do matrimônio e da sociedade em geral. É uma teoria, portanto, que contradiz o Direito reconhecido e nega aos pais a autoridade na educação dos próprios filhos.

Porém, na realidade, a justiça exige que os pais sejam os primeiros educadores, e por direito próprio, de seus filhos. As escolas exercem uma função subsidiária na educação dos filhos. Os pais concedem aos educadores o poder de transmitir alguns conteúdos aos seus filhos por conveniência de tempo e de competência (conhecimentos de matemática, línguas, ciências, história).

Ademais, não pode haver oposição entre família e educadores. As crianças não são “cobaias” de experimentos “pseudo-científicos”. E a educação moral dos filhos é um dever primordial dos pais. Negar isso é temer à liberdade e a mesma democracia.

b.      Ideologia do gênero, liberdade religiosa e de pensamento

A Declaração Universal dos Direitos Humanos também diz:

Artigo XVIII: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular”.

Por sua vez, a “Ideologia de gênero” promove a “desconstrução” da família, da educação e da cultura como solução para todos os problemas. Ela põe especial ênfase na “desconstrução” da religião, que, segundo dizem, é a principal causa da opressão da mulher. Todos que não se adequem ao seu pensamento são denominados por eles como “fundamentalistas”. Isso torna praticamente impossível o diálogo com os defensores da dita ideologia.

Percebemos, de fato, nos textos dos difusores desse pensamento que a “Ideologia do gênero” ataca todas as religiões, ignorando ou desrespeitando o direito à liberdade religiosa e de consciência, dois grandes pilares da modernidade.

Dizem, de fato: “Deve-se capacitar as próprias mulheres, e dar-lhes a oportunidade de determinar o que as suas culturas, religiões e costumes significam para elas” (Relatório da reunião preparatória para a Conferência de Pequim, organizado pelo Conselho Europeu em Fevereiro de 1995).

Para o “feminismo de gênero”, a religião é uma invenção humana e as principais religiões foram inventadas por homens para oprimir as mulheres. Por isso, as feministas radicais postulam a re-imagem de Deus como Sophia: A sabedoria feminina. Nesse sentido, as “teólogas do feminismo de gênero” propõem descobrir e adorar não a Deus, mas a Deusa. Os ideólogos do gênero, portanto, negam na teoria e na prática política o valor de toda religião histórica e propõem novas formas de religiosidade.

A mesma Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma: Artigo XIX: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

A “Ideologia do gênero”, por sua vez, pretende estabelecer um pensamento único, criminalizando quem não adere a ele. Na prática, isso acaba com o diálogo e a democracia, visto que a obrigação de se ter um “pensamento único” é característica de regimes totalitários. Os defensores de tal teoria, de fato, buscam criar juridicamente o “delito de opinião”, algo que contraria o mesmo Direito e a justiça.

Nesse sentido, se encontra a tentativa de se criminalizar a chamada “homofobia”. Isso é um neologismo ambíguo e sem sentido (literalmente, significa “medo do igual” – do grego, homo = igual, fobos = medo), que serve para rotular e condenar os que não pensam como eles. É uma palavra vazia de conteúdo utilizada quase que para insultar quem não adere em teoria ou na prática àquela ideologia.

Mas quem tem medo do igual? O que se vê aqui, é que há muito medo de quem pensa e opina diversamente.

c.      Ideologia do gênero e direito à educação

O Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma ainda1: “1. Todo ser humano tem direito à instrução. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”.

Tudo isso é, na prática, negado ou dificultado pela “Ideologia do gênero”. A “Ideologia do gênero” pretende se apresentar com uma tese científica, mas os seus defensores não aceitam ser contestados, algo normal em toda ciência, que contém teses e teorias sempre aberta à possibilidade de falsificação.

3.     Questão de Razão

Antes de ser uma questão democrática ou jurídica, a “Ideologia do gênero” deve ser analisada pela razão humana, com critérios científicos. Isso deve ser feito a partir dos textos mesmos dos seus autores e não de outras fontes secundárias.

a.      O que afirma a “Ideologia do gênero”?

Ao analisar friamente e com uma perspectiva científica a “Ideologia do gênero”, pode-se concluir que a mesma é uma teoria pseudo-científica, que pretende explicar a sexualidade humana e redefinir o comportamento social, mas está cheia de incoerências e contradições. Em outras palavras, é uma teoria que carece de fundamentação científica e apresenta uma base ideológica discutível: a visão marxista do mundo, a qual pretende gerar um “pensamento único” e obrigatório.

A Ideologia do gênero afirma, pois, que “gênero” seria uma construção cultural. A palavra “gênero” substitui assim a palavra “sexo”, com o objetivo de se eliminar a ideia de que os indivíduos humanos sejam diversos e divididos em dois sexos.

A expressão “gênero” surgiu no final dos anos sessenta, criada pelo “feminismo do gênero”. Defendendo a igualdade de sexos, a dita corrente feminista concluiu que a mulher é oprimida pelo homem, e a primeira opressão se dá na origem da família, em que o antagonismo homem-mulher se dá com o casamento monogâmico.

Por isso as feministas radicais se levantam contra a família tradicional e optam por considerar família qualquer união entre pessoas (entre homem e mulher, entre homossexuais e a chamada família monoparental, entre homem e animais, recentemente).

Entretanto, se tudo é família, nada é família. Se o conceito de família perde sua essência, ou seja, aquele conteúdo racional central pelo qual é reconhecido, esse mesmo pode ser considerado qualquer coisa. Porém, a perda da identidade impossibilita a reivindicação de direitos próprios àquela realidade. Considerar qualquer tipo de união humana “família” significa negar que ela seja a célula fundamental da sociedade e anular os seus respectivos direitos.

A “Ideologia do gênero” insiste na afirmação de que “sexo” não existe. É o papel desempenhado pelo indivíduo na sociedade que determinaria uma das cinco modalidades de sexo: “mulher heterossexual, mulher homossexual, homem heterossexual, homem homossexual e bissexual”.

“O gênero é uma construção cultural; por isso não é nem resultado causal do sexo, nem tão aparentemente fixo como o sexo. […] em consequência, homem e masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um masculino; mulher e feminino tanto um corpo masculino como um feminino”[1].

b.      Origem histórica da “Ideologia do gênero”

Começa a ser elaborada em universidades dos EUA e inicia a ser divulgada popularmente por elas e por seriados americanos.

A IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, realizada em setembro de 1995 em Pequim, foi a ocasião escolhida pelos promotores da dita ideologia para iniciar sua campanha de persuasão e difusão. Desde então a “perspectiva de gênero” vem se infiltrando em países de todo o mundo.

Na referida Conferência, foi dada a seguinte definição: “O gênero se refere às relações entre mulheres e homens baseadas em papéis definidos socialmente que se refiram a um ou outro sexo”.

Os defensores da dita ideologia dizem que não se pode usar o termo “sexo”, mas eles o usam à vontade. E propunham naquela Conferência: “não existe um homem natural ou uma mulher natural, não há um conjunto de características ou uma conduta exclusiva de um só sexo, nem sequer na a vida psíquica”. Deste modo, “a inexistência de uma essência feminina ou masculina nos permite rejeitar a suposta ‘superioridade’ de um ou outro sexo, e questionar que haja uma forma ‘natural’ de sexualidade humana”.

A “perspectiva do gênero” naquela ocasião gerou confusão e foi questionada. Os seus defensores não dialogaram, simplesmente a ex deputada Bella Abzug alegou o seguinte: “O conceito de ‘gênero’ está encravado no discurso social, político e legal contemporâneo. […] As atuais tentativas de vários Estados Membro de apagar o termo ‘gênero’ da Plataforma de Ação e substitui-lo por ‘sexo’ é uma tentativa insultante e degradante de revogar as conquistas das mulheres, de intimidar-nos e de bloquear o progresso futuro”.

Insistiram então em incluir o termo “gênero” naquela Conferência, algo que chamou a atenção dos outros delegados. Desde então começou a ser elaborado materiais em universidades americanas para serem difundidos em todo o mundo.
c.      Origem ideológica da “Perspectiva do gênero”

São principalmente três: o pensamento neomarxista; o movimento feminista; e a chamada “revolução sexual” dos anos 60 do século XX.

i.            “Perspectiva de gênero”, feminismo e neomarxismo

Dale O’Leary afirma que a teoria do “feminismo de gênero” se baseia numa interpretação neomarxista da história.

De fato, para K. Marx, toda a história é uma luta de classes, do opressor contra o oprimido, numa batalha que se resolverá só quando os oprimidos se conscientizarem de sua situação, unindo-se em revolução e impondo uma “ditadura do proletariado”. A sociedade então será totalmente reconstruída e emergirá uma sociedade sem classes, livre de conflitos, que garantirá a paz e prosperidade utópicas para todos.

A mesma O’Leary diz que foi Frederick Engels quem assentou as bases da união entre o marxismo e o feminismo. Para comprovar, cita o livro Origem da Família, Propriedade e Estado (1884): “O primeiro antagonismo de classes da história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher unidos em matrimônio monogâmico, e a primeira opressão de uma classe por outra, com a do sexo feminino pelo masculino”.

Segundo O’Leary, os marxistas clássicos acreditavam que o sistema de classes desapareceria uma vez que se eliminasse a propriedade privada, se facilitasse o divórcio, se forçasse a entrada da mulher no mercado de trabalho, se colocasse as crianças em instituições de cuidado diário e se eliminasse a religião. Para as “feministas de gênero”, entretanto, os marxistas fracassaram por concentrar-se em soluções econômicas sem atacar diretamente a família, que era a verdadeira causa das classes.

Sendo assim, a feminista Shulamith Firestone deu um passo a mais, afirmando a necessidade de se destruir a diferença de classes e a diferença de sexos.

Para os defensores da “nova perspectiva”, não se devem fazer distinções porque qualquer diferença é suspeita, má, ofensiva. Por isso procuram estabelecer a plena igualdade entre homens e mulheres, independentemente das diferenças naturais entre os dois.

É interessante notar que a mesma Dale O’Leary evidencia que a finalidade do “feminismo do gênero” não é melhorar a situação da mulher, mas separar totalmente a mulher do homem e destruir a identificação de seus interesses com os interesses de suas famílias. Além disso, acrescentava que o interesse primordial do feminismo radical nunca foi diretamente melhorar a situação das mulheres nem aumentar a sua liberdade, mas sim impulsionar a agenda homossexual/lesbiana/bissexual/transexual. O “feminismo do gênero” não se interessa pelas mulheres comuns e correntes.

As “feministas de gênero” pretendem assim, “desconstruir” os “papéis socialmente construídos”, principalmente os seguintes:

a)      A distinção entre masculinidade e feminilidade. Consideram que o ser humano nasce sexualmente neutro e, em seguida, é socializado em homem ou mulher. Essa socialização afeta negativamente e de forma injusta as mulheres;

b)      As relações de família: pai, mãe, marido e mulher;

c)      As ocupações ou profissões próprias de cada “sexo”;

d)     A reprodução humana. Diz uma autora da dita perspectiva: “em sociedades mais imaginativas a reprodução biológica poderia ser assegurada com outras técnicas”[2].

Desse modo, fica evidente que o objetivo da “Ideologia do gênero” é simplesmente o de “desconstruir” a sociedade. Pretendem chegar a uma sociedade sem classes de sexo. Para fazer isso, propõem desconstruir a linguagem, as relações familiares, a reprodução, a sexualidade, a educação, a religião e, em geral, toda a cultura.

Assim pretendem chegar à igualdade, destruindo tudo o que a nossa civilização construiu durante séculos, inclusive os direitos pelos quais os homens vêm lutando desde o início da modernidade.

Mas será que o único modo de se conseguir a justiça e a igualdade é a eliminação de toda diferença e de toda a cultura? Se a justiça significa dar a cada um o que lhe é devido, que justiça pode haver quando tudo for destruído e não houver mais nada para ser distribuído?

ii.            A “Ideologia do gênero” e a “revolução sexual”

A revolução sexual, filha do pensamento dialético marxista, produz grandes rupturas, assumidas pela “perspectiva do gênero”:

a)      Entre a sexualidade e a fertilidade: começa-se a pensar em fazer “sexo sem filhos” e “filhos sem sexo”;

b)      Entre sexualidade e responsabilidade: os métodos anticoncepcionais servem para se separar o exercício da sexualidade e a responsabilidade pelo fruto natural da relação sexual: o filho;

c)      Entre a sexualidade e o matrimônio e a família.

d)     Entre a sexualidade e qualquer ligação afetiva: surgem as expressões “sexo recreativo”, ou “dimensão lúdica da sexualidade”.

Os princípios da revolução sexual são considerados como conquistas da humanidade pelos defensores da “Ideologia do gênero”. Mas isso não pode ser discutido? De fato, a Ética o faz com frequência. Por que ensinar às crianças e adolescentes “verdades” que estão longe de serem aceitas por todos?

d.      Algumas contradições da “Ideologia do gênero”

Vamos elencar agora algumas contradições extraídas das obras dos autores da chamada “Ideologia do gênero”, as quais demonstram a falta de rigor científico da mesma.

1)      Não existe “homem” e “mulher”. “Sexo” seria biológico e “gênero” seria construído socialmente.

Sendo assim, não poderia nem mesmo existir o conceito de “homossexual” ou “heterossexual”, que supõe um sexo básico pelo qual a pessoa é atraída.

Logo, a “ideologia do gênero” destrói os mesmos direitos dos “homossexuais” e combate os que lutam pelos direitos deles.

2)      Para defender a “identidade homossexual”, a “Ideologia do gênero” destrói toda possível identidade. Afirma, simplesmente, que a pessoa é sexualmente indefinida e indefinível.

Isso impossibilita a promoção dos direitos do “homem”, da “mulher”, dos “homossexuais” etc.

A dita ideologia quer ser uma reivindicação de novos direitos, mas acaba destruindo a possibilidade de se reivindicar qualquer tipo de direito.

3)      O “movimento gay” dos anos 70 afirmava que a família era algo repressivo e burguês. Queriam uma sociedade onde reinasse o “amor livre”, como nas comunidades hippies.

A atual Ideologia do gênero diz que é preciso dar o “direito ao matrimônio” e à “família” a todos, de todos os “gêneros” possíveis.

4)      Apresentam-se como “defensores das mulheres”.

Mas negam que existam as “mulheres”.

Para eles, os sexos “masculino” e “feminino” ou a “identidade sexual” é meramente biológico (físico, corporal), e não representa nenhuma “identidade”.

5)      Dizem que o “gênero” é construído arbitrariamente e individualmente, não sendo, pois, uma categoria coletiva.

Com isso, não poderia existir “gay” ou “transexual”, algo que já seria coletivo e imposto pela sociedade. Essas noções implicariam uma identidade inicial que pode ser modificada.

Dizem, portanto, que não podem existir “gays” e “transexuais” e se afirmam defensores dos direitos dos “gays” e “transexuais”;

6)      Afirmam não existir os “sexos”;

Dizem que existem cinco “sexos”.

Rebecca J. Cook “os sexos não são mais dois, mas são cinco: as mulheres heterossexuais, mulheres homossexuais, homens heterossexuais, gays e bissexuais”.

Entretanto, qual seria a diferença entre “mulheres homossexuais” e “gays”? E diferença entre “homens homossexuais” e “gays”?

7)      Lutam para inserir na linguagem popular e nos sistemas jurídicos a expressão “gênero”;

Afirmam que a democracia, para ser justa, deve nos libertar dos “gêneros”.

“Se quisermos salvar a menor lealdade para com nossos ideais democráticos, é essencial distanciar-nos do gênero. Parece inegável que a dissolução dos papéis de gênero contribuirá para promover a justiça em toda a nossa sociedade, fazer da família um lugar muito mais apto para que as crianças desenvolvam um senso de justiça”[3].

8)      Ninguém nasce “homem” ou “mulher” (ninguém é 100% uma só coisa);

O gay nasce gay;

O heterossexual não nasce heterossexual;

9)      O “gay” não pode mudar de orientação;

O heterossexual pode e deve mudar de orientação sexual.

Conclusão

A “Ideologia do gênero” é uma teoria absurda, cheia de incoerências e contradições. Não pode ser considerada uma teoria científica e por isso mesmo não pode ser ensinada nas escolas.

Se a dita ideologia fosse aprovada nos planos municipais e estaduais de educação, seria imposta por meios legislativos, sem respeitar a justiça, a democracia e a mesma razão humana.

Parece que os promotores da “Ideologia do gênero” pretendem transformar as crianças em cobaias de experiências e conhecimentos pseudocientíficos, cheios de contradições e incoerências.

Aprová-la significa, na prática, um retorno ao paganismo grego e romano, no qual as crianças não tinham nenhum direito, a não ser o de satisfazer os prazeres dos adultos.

Pe. Anderson Alves.

Fontes e bibliografia:

Jutta Burggraf, Perspectiva de gênero: seu perigo e alcance. Disponível em: http://ifecampinas.org.br/perspectiva-de-genero-seu-perigo-e-alcance-por-jutta-burggraf/

__________, ‘Genere («gender»)’, in Pontificio Consiglio per la Famiglia (a cura di), Lexicon. Termini ambigui e discussi su famiglia, vita e questioni etiche, Edizioni Dehoniane, Bologna 2003, pp. 421- 429.

__________, Hombre y Mujer: ¿naturaleza o cultura?, Disponível em: www.ohchr.org/Documents/…/JBurggraf.pdf

Judith Butler, Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity, Routledge, New York 1990.

Adrienne Rich, Compulsory Heterosexuality and Lesbian Existence, Blood, Bread and Poetry.

Lucy Gilber y Paula Wesbster, The Dangers of Feminity, Gender Differences: Sociology of Biology?

Shulamith Firestone, The Dialectic of Sex, Bantam Books, New York 1970.

Ann Ferguson & Nancy Folbre, The Unhappy Marriage of Patriarch and Capitalism, Women and Revolution.

Heidi Harmann, The Unhappy Marriage of Marxism and Feminism, Women and Revolution, South End Press, Boston 1981.

Tony Anatrella, La teoria del ‘gender’ e l’origine dell’omosessualità, San Paolo, Milano 2012.

Livio Melina e Sergio Belardinelli (a cura di), Amare nella differenza. Le forme della sessualità e il pensiero cattolico. Studio interdisciplinare, Cantagalli – Libreria Editrice Vaticana, Siena – Città del Vaticano 2012.

Laura Palazzani, Sex/gender: gli equivoci dell’uguaglianza, G. Giappichelli Editori, Torino 2011.

Documentário e notícias:

“Lavagem cerebral – O paradoxo da igualdade de gênero”. Disponível em: http://ifecampinas.org.br/lavagem-cerebral-documentario-paradoxo-genero/

“Brasil rechaça rotundamente ideologia de gênero no plano nacional de educação”. Disponível em: http://www.acidigital.com/noticias/brasil-rechaca-rotundamente-ideologia-de-genero-no-plano-nacional-de-educacao-99558/

“Bispos brasileiros alertam contra inserção da ideologia de gênero em planos municipais de educação”. Disponível em: http://www.acidigital.com/noticias/bispos-brasileiros-alertam-contra-insercao-da-ideologia-de-genero-em-planos-municipais-de-educacao-55811/

Magistério da Igreja:

Audiência do Papa Bento XVI com a Cúria Romana. Cidade do Vaticano, 21 dezembro 2012. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2012/index.html

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, A propósito da ideologia do gênero. Disponível em: http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/documentos/

Conferência Episcopal Peruana, A ideologia do gênero: seus perigos e alcances. Disponível em: http://www.veritatis.com.br/doutrina/documentos-da-igreja/6616-a-ideologia-do-genero-seus-perigos-e-alcances

Cardeal Orani João Tempesta, Reflexões sobre a “ideologia de gênero”. Disponível em: http://www.cnbb.org.br/outros/dom-orani-joao-tempesta/13907-reflexoes-sobre-a-ideologia-de-genero

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Educação e questão de gênero, Disponível em: http://www.cnbb.org.br/outros/cardeal-odilo-pedro-scherer/16706-educacao-e-questao-de-genero

[1] Judith Butler, Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity.
[2] Heidi Harmann, The Unhappy Marriage of Marxism and Feminism, Women and Revolution, South End Press, Boston 1981.
[3] Susan Moller Okin, Change the Family, Change the World, Utne Reader, Marzo/Abril 1990, p. 75.

Batismo: devemos impor ou deixar a criança decidir?

Burkin Denis| Shutterstock

Alguns pais não querem batizar seu bebê para deixar que ele ou ela mais tarde decidam sobre isso. Outros pais preferem batizar o mais rápido possível. Qual é a atitude correta para esta questão importante?

Muitos são os pais com a legítima preocupação de não condicionar os filhos, de permitir que se construam na liberdade da sua pessoa. Costuma-se dizer: “Eles decidirão depois!” O problema é que, o que quer que os pais façam, sua decisão tem um impacto sobre a criança. E especialmente quando se trata da criança decidir mais tarde na vida sobre o batismo.

A criança é formada por imitação

Se os pais optam pelo batismo, efetivamente, existe um condicionamento para a dimensão religiosa. Mas, ao não dar a eles, eles também os influenciam. Eles fazem que eles pensem que o batismo é uma realidade sem importância, já que não valia a pena dá-lo a princípio. Um homem me disse um dia: “Não batizarei meus filhos por respeito à liberdade deles. Eu me recuso a impor isso a eles. Em vez disso, eles verão minha maneira de viver”. Minha resposta foi simples: “Preste atenção: seu modo de vida é justamente a mais forte das condições”.

E é que, de fato, a criança pequena é formada por imitação. É uma cera virgem que registra as formas de atuação em seu ambiente. Ensinamos ela a falar, a comer com talheres, damos a ela algumas regras para saber viver. Ao fazer isso, é inevitável condicioná-las, conscientemente ou não

No entanto, o papel dos pais é transmitir ao filho o que acham que é melhor para ele. O batismo não é simplesmente a ocasião de comemorar o nascimento do bebê e de lhe dar uma madrinha e um padrinho generosos. Mas é antes de tudo um maravilhoso enxerto em Cristo para que se torne, como Ele, um filho amado de Deus. O batismo é o surgimento nele de uma vida que durará para sempre. Então os pais não devem privar a criança disso, deixando decidir mais tarde.

Problema da criança “decidir” sobre o batismo

Dito isto, devemos compreender a sabedoria da Igreja que pede à criança que um dia ratifique aquele gesto que lhe foi imposto. É todo o significado da profissão de fé: “O que seus pais lhe deram acreditando que estão fazendo isso corretamente, agora que você tem idade suficiente para entender e escolher, você quer se juntar a isso por completo? Agora cabe a você ver se o que eles transmitiram a você merece ser preservado”.

É uma alegria ver estes jovens de hoje que pedem fazer a crisma depois. É um dia maravilhoso em que ouvimos eles plena e livremente assumir a fé recebida, já transformada em sua própria, essa luz depositada por Deus no fundo do seu coração no dia do seu batismo.

Aleteia

Das Cartas de Sulpício Severo

Franciscanos

(Epist.3,6.9-10.11.14-17.21: SCh 133,336-344)            (Séc.V)

 

Martinho, pobre e humilde

Martinho soube com muita antecedência o dia da sua morte e comunicou aos irmãos estar iminente a dissolução de seu corpo. Entretanto, surgiu a necessidade de ir à diocese de Candax, pois os eclesiásticos desta Igreja estavam em discórdia. Desejando restabelecer a paz, embora não ignorasse o fim de seus dias, não recusou partir, julgando que seria um excelente fecho de suas obras deixar a Igreja em paz.

Demorou-se por algum tempo na aldeia e na Igreja aonde fora, e a paz voltou para os clérigos. Quando já pensava em regressar ao mosteiro, começaram de repente a faltar-lhe as forças e, chamando os irmãos, disse-lhes que ia morrer. Diante disto todos se entristeceram grandemente, chorando e dizendo, a uma só voz: “Por que, pai, nos abandonas? A quem nos entregas, desolados? Lobos vorazes invadem teu rebanho; quem, ferido o pastor, nos livrará de seus dentes? Sabemos que desejas a Cristo, mas teus prêmios já estão seguros e não diminuirão com o adiamento! Tem compaixão de nós, a quem desamparas!” 

Comovido com estas lágrimas, ele que sempre possuíra entranhas de misericórdia, também chorou, segundo contam. Voltando-se então para o Senhor, respondeu aos queixosos somente com estas palavras: “Senhor, se ainda sou necessário a teu povo, não recuso o trabalho. Que se faça tua vontade”.

Que homem incomparável! O trabalho não o vence, a morte não o vencerá! Ele, que não se inclinava para nenhum dos lados, não temeria morrer e nem recusaria viver! No entanto, olhos e mãos sempre erguidos para o céu, não abandonava a oração o espírito invicto; e quando os presbíteros, que se haviam reunido junto dele, lhe pediram aliviar o frágil corpo, virando-o para o lado, disse: “Deixai-me, deixai-me, irmãos, olhar para o céu de preferência à terra, para que o espírito já se dirija ao caminho que o levará ao Senhor”. Dito isto, viu o demônio ali perto. “Por que estás aqui, fera nefasta? Nada em mim, ó cruel, encontrarás! O seio de Abraão me acolhe”.

Com estas palavras entregou o espírito ao céu. Martinho, feliz, é recebido no seio de Abraão; Martinho, pobre e humilde, entra rico no céu.


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Relatório McCarrick: Papa Francisco renova compromisso em erradicar os abusos na Igreja

Papa Francisco na Audiência Geral Foto: Vatican Media

por Mercedes de la Torre

Vaticano, 11 nov. 20 / 09:17 am (ACI).- Ao concluir a Audiência Geral de 11 de novembro, o Papa Francisco renovou o compromisso da Igreja em erradicar os abusos, ao recordar a publicação do relatório sobre o ex-cardeal Theodore McCarrick.

“Ontem foi publicado o Relatório sobre o doloroso caso do ex- cardeal Theodore McCarrick. Renovo a minha proximidade às vítimas de todos os abusos e o compromisso da Igreja em erradicar este mal”, sublinhou o Santo Padre.

O ex-cardeal Theodore McCarrick foi expulso do sacerdócio em 2019 depois da comprovação dos abusos sexuais e de poder que cometeu durante décadas contra menores e jovens adultos nos Estados Unidos.

O relatório publicado sobre o conhecimento institucional e o processo decisório da Santa Sé concernente ao ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick envolve o período de 1930 a 2017 e descreve como o caso foi abordado durante três pontificados.

O texto de 461 páginas está disponível em inglês e italiano e foi escrito pela Secretaria de Estado do Vaticano a pedido do Papa Francisco.

Em 6 de outubro de 2018, o Papa Francisco solicitou um estudo preciso da documentação sobre o ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick com a informação dos arquivos dos dicastérios e dos escritórios da Santa Sé “com o a fim de investigar todos os fatos relevantes, situá-los em seu contexto histórico e avaliá-los objetivamente”.

O relatório também inclui “documentação relevante nos arquivos da Santa Sé, da Nunciatura em Washington e das dioceses dos Estados Unidos envolvidas de várias maneiras” e mais de 90 entrevistas de testemunhas, incluindo funcionários atuais e passados da Santa Sé, Cardeais e Bispos nos Estados Unidos, oficiais da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB), ex-seminaristas e sacerdotes de várias dioceses, secretários de McCarrick em Metuchen, Newark e Washington e leigos nos Estados Unidos, Itália e outros lugares. As entrevistas citadas no relatório foram realizadas entre maio de 2019 e outubro de 2020.

“Publicamos o Relatório com tristeza pelas feridas causadas às vítimas, às suas famílias, à Igreja nos Estados Unidos, à Igreja Universal”, disse em 10 de novembro o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.

Explicou que nestes dois anos a Santa Sé deu “passos significativos para assegurar uma maior atenção à proteção dos menores e intervenções mais eficazes para evitar que certas decisões tomadas no passado se repitam", como o Motu proprio Vos estis lux mundi.

Além disso, o Secretário de Estado indicou que “são páginas que nos encorajam a uma reflexão profunda e a questionarmo-nos sobre o que podemos fazer a mais no futuro, aprendendo com as dolorosas experiências do passado”.

Por isso, o Cardeal Parolin assinalou que, para que estes acontecimentos não se repitam, “além de normas mais eficazes, precisamos de uma conversão dos corações”; com "pastores críveis anunciadores do Evangelho".

O relatório enfatiza que antes de 2018, o Papa Francisco “nunca falou sobre McCarrick com o Cardeal Ouellet, que era o prefeito do Dicastério competente no assunto, nem com o Papa Emérito Bento XVI”.

“Até 2017, ninguém - nem o Cardeal Parolin, nem o Cardeal Ouellet ou o Arcebispo Becciu ou o Arcebispo Viganò - deu ao Papa Francisco qualquer documentação contra McCarrick, incluindo as cartas anônimas dos primeiros anos da década de 1990 ou das acusações dos dois sacerdotes que acusaram McCarrick”, alerta.

Nesse sentido, o relatório descreve que o Papa Francisco "só tinha ouvido falar que havia vozes relacionadas a uma conduta imoral com adultos, que ocorreram antes da nomeação de McCarrick em Washington. Por acreditar que as acusações haviam sido examinadas e rejeitadas por João Paulo II, e sendo consciente que McCarrick estava em atividade durante o Pontificado de Bento XVI, Francisco não viu necessidade de modificar a linha adotada em anos anteriores”.

No entanto, em junho de 2017, a Arquidiocese de Nova York “recebeu a primeira denúncia conhecida de abuso sexual de uma vítima menor de 18 anos realizado por McCarrick no início dos anos 1980” e “pouco depois que a acusação foi qualificada como credível, o Papa Francisco pediu a renúncia de McCarrick do Colégio de Cardeais.

“Depois de um processo penal administrativo conduzido pela Congregação para a Doutrina da Fé, McCarrick foi considerado culpado de atos contrários ao sexto mandamento que envolviam menores e adultos, e com base nisso foi demitido do estado clerical”, lembra o relatório.

Como se sabe, em 16 de fevereiro de 2019, a Congregação para a Doutrina da Fé condenou o ex-cardeal e ex-arcebispo de Washington, Theodore Edgar McCarrick, por abusos sexuais de menores e adultos agravado pelo abuso de poder e o despojou de sua condição de sacerdote da Igreja Católica.

Em um comunicado oficial, a Sala de Imprensa da Santa Sé indicou que a condenação de McCarrick é definitiva, portanto, não há possibilidade de apelação contra ela.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Papa Francisco: A oração é como o oxigênio da vida

Papa Francisco na Audiência Geral Foto: Vatican Media
por Mercedes de la Torre

Vaticano, 11 nov. 20 / 08:37 am (ACI).- O Papa Francisco destacou na Audiência Geral desta quarta-feira, 11 de novembro, que a oração "é como o oxigênio da vida" e acrescentou que "não há verdadeira oração sem espírito de humildade".

Antes de pronunciar sua catequese da Biblioteca do Palácio Apostólico, o Santo Padre confidenciou que recentemente alguém lhe disse que “fala demasiado sobre oração. Não é necessário” e ele respondeu que “sim, é necessário. Porque, se não rezarmos, não teremos forças para ir em frente na vida” e acrescentou que “a oração é como o oxigênio da vida. A oração é atrair sobre nós a presença do Espírito Santo que nos leva sempre em frente. É por isso que falo muito sobre a oração”.

Em seguida, o Papa explicou que “o diálogo constante com o Pai, no silêncio e no recolhimento, é o ponto fulcral de toda a sua missão”.

Nesse sentido, o Santo Padre destacou que “Jesus deu exemplo de uma oração contínua, praticada com perseverança” e exortou os discípulos a rezar “com insistência, sem se cansar”.

Por isso, o Papa recordou as três parábolas contadas no Evangelho de São Lucas que sublinham esta característica da oração.

Em primeiro lugar, a do hóspede que chega de imprevisto, no meio da noite, e o dono da hospedagem vai chamar um amigo e lhe pede pão. O amigo responde: "não!" Porque já está na cama, mas ele insiste, e insiste a ponto de o obrigar a levantar-se e a dar-lhe pão (Lc 11,5-8), o que mostra que "a oração deve ser antes de mais tenaz”.

“Deus é mais paciente do que nós, e quem bate à porta do seu coração com fé e perseverança não fica desiludido. Deus responde sempre. Sempre. O nosso Pai sabe bem do que precisamos; a insistência não serve para o informar ou convencer, mas para alimentar o desejo e a expetativa em nós”, alertou.

A segunda parábola é a da viúva que se dirige ao juiz para que a ajude a obter justiça. Este juiz é corrupto, é um homem sem escrúpulos, mas no final, exasperado pela insistência da viúva, decide contentá-la (Lc 18,1-8) e o Papa a encoraja a invocar a Deus com coragem “sem se resignar ao mal e à injustiça".

Mais tarde, o Santo Padre recordou a terceira parábola que apresenta um fariseu e um publicano que vão ao templo para rezar, “o primeiro dirige-se a Deus gabando-se dos próprios méritos; o outro sente-se indigno até de entrar no santuário” (Lc18,9-14).

“Deus não ouve a oração do primeiro, isto é, dos soberbos, mas atende a dos humildes. Não há verdadeira oração sem espírito de humildade. É precisamente a humildade que nos leva a pedir na oração”, afirmou.

Nesse sentido, o Papa Francisco destacou que “o ensinamento do Evangelho é claro: é preciso rezar sempre, até quando tudo parece vão, quando Deus nos parece surdo e mudo, e que perdemos tempo. Mesmo que o céu se ofusque, o cristão não deixa de rezar” e recordou que “muitos santos e santas viveram a noite da fé e o silêncio de Deus - quando batemos à porta e Deus não responde - e estes santos foram perseverantes”.

“Nestas noites de fé, quem reza nunca está sozinho. Na verdade, Jesus não é apenas testemunha e mestre de oração, é muito mais. Ele acolhe-nos na sua oração, para podermos rezar n'Ele e através d'Ele. E isto é obra do Espírito Santo”, disse o Papa.

Desta forma, o Pontífice convidou a não esquecer o Espírito Santo porque “o Espírito Santo que ora em nós; é Ele que nos leva a orar, leva-nos a Jesus. É o dom que o Pai e o Filho nos deram para prosseguirmos ao encontro com Deus... quando oramos, é o Espírito Santo que reza nos nossos corações”.

Por fim, o Papa rezou "para que seja o próprio Espírito Santo, Mestre de oração, a ensinar-nos o caminho da oração".

ACI Digital

S. BARTOLOMEU, ABADE DE GROTTAFERRATA

S. Bartolomeu, Annibale Carracci 

No ano 980, nasceu o herdeiro de uma família nobre, proveniente de Constantinopla, mas residente em Rossano, Calábria, batizado com o nome de Basílio. Era considerado um menino prodígio, tanto que, aos 7 anos, foi confiado aos monges do mosteiro de São João Calibita, de Caloveto, para ser educado na fé cristã. Após cinco anos, foi transferido para Vallelucio, próximo de Montecassino, onde conheceu seu mestre: São Nilo, do qual jamais se separou.

Companheiro de São Nilo

Após dois anos, Nilo foi transferido para Serperi, próximo de Gaeta. Basílio, - que, ao se tornar monge, recebeu o nome de Bartolomeu, - o seguiu. Os dois futuros Santos viveram ali por dez anos, um longo período transcorrido em oração, silêncio, jejum e abstinência, sobretudo do sono. A seguir, partiram para Roma: o objetivo era interceder, junto ao Papa Gregório V, pelo seu concidadão João Filagato, que se era autoproclamado, unilateralmente, Papa com o nome de João XVI. Mas, em vão: no caminho de volta, perto de Grottaferrata, receberão a aparição de Nossa Senhora, que lhes pediu para construir, naquele lugar, um mosteiro e uma igreja em sua homenagem.

Abadia de Grottaferrata

Assim, ambos permaneceram em Grottaferrata, até à morte: São Nilo, faleceu logo em seguida, em 1004. No novo mosteiro, Bartolomeu dedicou-se, de modo particular, à assistência dos pobres; escreveu hinos religiosos e, com uma notável habilidade diplomática, conseguiu resolver os muitos dissídios entre os poderosos da época. Entre as obras mais famosas que escreveu - cujas versões originais são preservadas na abadia de Grottaferrata – destacam-se a biografia mais precisa sobre a figura de São Nilo, seu mestre, e o Typicon, código litúrgico e disciplinar do mosteiro, do qual é considerado cofundador. Bartolomeu faleceu em 1055 e foi sepultado, no seu mosteiro, ao lado do seu mestre.

O milagre do amor pelos pobres

Segundo o relato de várias testemunhas, São Bartolomeu fez muitos milagres ao longo de sua vida. Porém, o mais famoso, que chegou até nós, ocorreu alguns anos após a sua morte: o protagonista, Frei Franco, um monge moribundo, ficou curado, milagrosamente, após um sonho: ele diz ter visto duas pombas, - uma branca e uma preta - que, ao se aproximarem dele, o guiaram a um campo, repleto de luz, onde São Bartolomeu o aguardava com alguns pobres. Após ter dado a todos um pedaço de pão, o Santo entrou em esplêndido palácio, onde se encontrava a Virgem Maria. Mas, ao se despedir de Franco, pediu-lhe para recordar aos monges de Grottaferrata, que fossem sempre misericordiosos com os mais necessitados.

Vatican News

S. MARTINHO, BISPO DE TOURS

S. Martinho, bispo de Tours  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

Seu gesto: poucos personagens podem ter sua história resumida em uma única ação, tão poderosa a ponto de permanecer indelével e profunda em uma vida.
São Martinho pertenceu a uma categoria especial de santos. Seu famoso manto é a antonomásia de um homem que nasceu em 316 ou 317, ao término do tardo Império Romano, na Panônia, hoje Hungria.
Filho de um tribuno militar, Martinho viveu em Pavia porque seu pai, um veterano do exército, havia recebido de presente um terreno naquela cidade.
Seus pais eram pagãos, mas a criança era atraída pelo cristianismo; com apenas 12 anos, queria ser asceta e retirar-se para o deserto. Mas, um edito imperial interpôs a farda e a espada ao seu sonho de oração em solidão. Por isso, Martinho teve que se alistar e acabou em um quartel na Gália.

Metade ao pobre Jesus

Seu gesto do manto ocorreu em torno do ano 335. Como membro da guarda imperial, o jovem soldado era muito requerido para as rondas noturnas. Em uma delas, durante o inverno, Martinho deparou-se, a cavalo, com um mendigo seminu. Movido de compaixão, tirou seu manto, o cortou em duas partes e deu a metade ao pobre. Na noite seguinte, Jesus apareceu-lhe em sonho, usando a metade do manto, dizendo aos anjos: "Este aqui é Martinho, o soldado romano não batizado: ele me cobriu com seu manto". O sonho impressionou muito o jovem soldado, que, a festa da Páscoa seguinte foi batizado.
Por vinte anos, ele continuou a servir o exército de Roma, dando testemunho da sua fé em um ambiente tão distante dos seus sonhos de adolescente. Mas, ele ainda tinha uma longa vida para ser vivida.

Do mosteiro à púrpura

Logo que pôde, ao ser dispensado do exército, foi ter com o Dom Hilário, bispo de Poitiers, firme opositor da heresia ariana.
Esta oposição do purpurado custou-lhe o exílio, pois o imperador Constâncio II era um seguidor da doutrina de Ário. No entanto, Martinho tinha ido visitar a sua família na Panônia. Ao saber da notícia, retirou-se para um mosteiro perto de Milão.
Quando o Bispo voltou do exílio, Martinho foi visitá-lo, obtendo dele a permissão para fundar um mosteiro perto de Tours. Assim, vivendo uma vida austera em cabanas, o ex-soldado, - que havia dado seu manto a Jesus, - tornou-se pobre como desejava. Rezava e pregava a fé católica em terras francesas, onde ficou conhecido por muitos.
Sua popularidade transformou-se em nomeação como Bispo de Tours, em 371. Martinho aceitou, mas com seu estilo próprio de vida: não quis viver como príncipe da Igreja, para que as pessoas - pobres, presos e enfermos - continuassem a encontrar abrigo sob seu manto.
São Martinho viveu nas adjacências dos muros da cidade, no mosteiro de Marmoutier, o mais antigo da França. Dezenas de monges o seguiram, muitos deles, pertenciam à casta nobre.

Um verdadeiro cavaleiro

Em 397, em Condate, atual Candes de Saint-Martin, o Bispo de 80 anos partiu com a missão de reconstituir um cisma surgido entre o clero local. Em virtude do seu carisma, pacificou os ânimos. Mas, antes de regressar para Tours, foi acometido por uma série de febres violentas.
São Martinho de Tours faleceu, deitado na terra nua, conforme o seu desejo. Uma grande multidão participou do enterro de um homem tão querido, generoso e solidário como um verdadeiro cavaleiro de Cristo.

Vatican News

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Cruz peitoral do Papa é doada ao Museu Internacional do Crucifixo

Guadium Press
Visitantes do Museu Internacional do Crucifixo terão a oportunidade de apreciar de perto a cruz peitoral doada pelo Papa Francisco e mais de 150 obras que estão em exposição.

Cidade do Vaticano (06/11/2020 15:00, Gaudium Press) O Museu Internacional do Crucifixo da cidade de Caltagirone, na região da Sicília, recebeu nesta sexta-feira, 6, uma cruz peitoral doada pelo Papa Francisco.

A entrega oficial da Cruz foi feita pelo Bispo local, Dom Calogero Peri, ao reitor do Santuário do Santíssimo Crucifixo do Socorro, Padre Enzo Mangano.

Guadium \Press

Objetivo do museu: conhecer melhor a espiritualidade do Crucifixo

O sacerdote, que também é idealizador e promotor do museu, promoveu uma iniciativa com o objetivo de se conhecer melhor a espiritualidade do Crucifixo, criando salas de exposição e pedindo a amigos e artistas que doassem obras de arte, objetos ou relíquias sobre a Paixão.

Através de uma carta do substituto da Secretaria de Estado, Monsenhor Edgar Peña Parra, o Papa Francisco encorajou “os fiéis e os peregrinos do antigo Santuário da Paixão a aderir cada vez mais intensamente ao Caminho, à Verdade e à Vida de Cristo”.

Guadium Press

Dom Peri, o Papa e os crucifixos doados

Dom Calogero Peri foi um dos primeiros a doar um crucifixo ao Museu Internacional do Crucifixo de Caltagirone, anexo ao santuário de mesmo nome, por este motivo o local é dedicado a ele.

O crucifixo doado pelo prelado é uma reprodução do de São Damião que estava no quarto do hospital onde o Bispo permaneceu internado por cerca de um mês, por conta do coronavírus. Durante o período de convalescência, esse crucifixo foi um ponto de referência a Dom Peri, por este motivo ele pediu para levá-lo assim que recebeu alta. Em sinal de gratidão a Deus por ter sido curado, o prelado doou a peça religiosa ao museu.

Visitantes do Museu Internacional do Crucifixo terão a oportunidade de apreciar de perto a cruz peitoral doada pelo Papa Francisco, a cruz doada por Dom Peri e mais de 150 obras que estão em exposição no local. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF