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quinta-feira, 26 de novembro de 2020

S. SILVESTRE, ABADE, FUNDADOR DOS SILVESTRINOS

S. Silvestre, Segna di Bonaventura  (© MET)

Silvestre Guzzolini nasceu em Ósimo, perto de Ancona, em 1177, em uma família italiana opulenta, que o enviou a Bolonha para estudar Direito, porque o pai queria que fosse advogado. Sem avisar a sua família, transferiu-se para Pádua, a fim de estudar teologia. Quando voltou para casa, com o diploma nesta matéria, seu pai ficou furioso e o isolou em casa.

Uma vocação hostilizada em família

A vocação à vida religiosa tornava-se cada vez mais forte em Silvestre, graças à Palavra da Sagrada Escritura, que amava, por ter estudado tanto tempo. Deserdado e sozinho, conseguiu entrar, finalmente, para a Comunidade dos Cônegos de Ósimo, com a ajuda do Bispo local, que muito apreciava seu zelo cristão. Ali, Silvestre viveu de modo exemplar, dedicando-se à oração, meditação e observância radical do Evangelho. Mas, não foi suficiente e percebeu logo.

"Renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me"

Certo dia, Silvestre participou do enterro de uma pessoa nobre e, no cemitério, tem a infeliz ideia de olhar para dentro de uma cova, dentro da qual não havia esperança, apenas o colapso da morte. Mas, para ele, foi uma iluminação: "O que ele era, eu sou; o que ele é, eu serei”. Daí, recordou-se também das palavras de Jesus: "Quem quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". Naquele momento, Silvestre escolheu a vida eremítica: vagueou, por um bom período, entre as montanhas da região italiana das Marcas. Um dia, o Senhor o fez encontrar uma caverna, chamada Grottafucile, onde se estabeleceu. Durante três anos, não teve contato com nenhuma alma viva. Dedicou toda a sua vida à oração, jejum e penitência, como Moisés na Montanha Sagrada. Por fim, aconteceu-lhe algo inesperado.

Início da comunidade

Os súditos de um senhor de Castelletta descobriram que havia um homem morando em suas propriedades. Assim, muitos curiosos foram visitá-lo para pedir orações ou conselhos espirituais. Então, Silvestre entendeu que a sua experiência de eremita tinha acabado: Deus queria que ele fundasse uma nova comunidade, mas ele nem sabia de onde começar. Mas, a Providência sabia o que fazer: em 1228, Gregório IX enviou uma delegação de Dominicanos, composta por Frei Ricardo e Frei Bonaparte, para saber quem era aquele estranho eremita e convidar Silvestre para entrar em uma Ordem monacal já existente ou, pelo menos, para adotar uma regra de vida bem precisa, segundo as disposições do IV Concílio de Latrão. Os dois Frades foram os primeiros coirmãos de Silvestre na nova Comunidade, que se chamou Ordem de São Bento de Monte Fano.

Escolha da Regra

Como sempre, quando não sabia o que fazer, Silvestre se pôs a rezar. Em particular, pediu a intercessão de Nossa Senhora, que, uma noite, lhe apareceu, em um momento de êxtase, e lhe administrou a Eucaristia com suas santas mãos. Porém, dirigiu-se também a muitos Santos, alguns dos quais até lhe apareceram em sonhos. Mas, quando São Bento lhe apareceu, entendeu que devia seguir a sua Regra. Logo, Silvestre foi o primeiro a usar o hábito Beneditino e, em 1248, recebeu a aprovação do Papa Inocêncio IV. No entanto, os membros da Comunidade aumentavam, como a boa semente, lançada em terra fértil, que começava a produzir muitos frutos. Daí, nasceram novas Comunidades. Mas, já exausto e idoso, com quase 90 anos, Silvestre voltou à Casa do Senhor: era o dia 26 de novembro de 1267.

Vatican News

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

A Liturgia no Primeiro Século

Foto: Divulgação

A liturgia no primeiro século se desenvolveu com o ensino dos Apóstolos por onde passavam

Já nos primórdios da Igreja começaram a compreender os Sacramentos instituídos por Jesus, uma vez que eles têm clara fundamentação nos Evangelhos e Cartas dos Apóstolos: Batismo (Mt 28,19), Crisma (At 8,14-17), Eucaristia (Lc 22,19-20; Mt 26,26-30; Mc 14, 22-26; 1 Cor 11,23-25), Confissão (Jo 20,22-23), Ordem (Lc 22,19), Unção dos enfermos (Tg 5,13-15) e Matrimônio (Mt 19,3-9), e aos poucos foram entendendo o seu significado. A celebração da Eucaristia foi celebrada desde o início aos domingos. São Justino, mártir (†165) escreveu:

“Reunimo-nos todos no dia do sol, porque é o primeiro dia após o Sábado dos judeus, mas também o primeiro dia em que Deus, extraindo a matéria das trevas, criou o mundo e, neste mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dentre os mortos” (Apologia 1, 67).

Santo Inácio de Antioquia, mártir (†107) disse:

“Aqueles que vivem segundo a ordem antiga das coisas voltaram-se para a nova esperança, não mais observando o Sábado, mas sim o Dia do Senhor, no qual a nossa vida é abençoada por Ele e por sua morte” (Carta aos Magnésios 9,1).

“Cuidai, pois, de reunir-vos com mais frequência, para dar a Deus ação de graças e louvor. Pois, quando vos reunis com frequência, abatem-se as forças de Satanás e desfaz-se o malefício, pela vossa união na fé. Nada melhor que a paz que aniquila toda guerra de poderes terrestres e celestes” (Carta aos Efésios, 13,1-2; p. 45).

“Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com Seu Sangue, um o altar, assim como um é Bispo, junto com seu presbitério e diáconos […]” (Carta aos Filadélfios, 4,1, p. 72).

Vários documentos do primeiro século nos ajudam a conhecer a vida dos primeiros cristãos neste tempo. Um deles é a Didaquè, ou também chamada Doutrina dos Doze Apóstolos; é como um antigo manual da fé cristã que deve ter sido escrita entre os anos 90 e 100, na Síria, ou na Palestina ou em Antioquia. Os antigos Padres falavam muito da Didaquè, o que lhe dá um valor especial. Trata-se de um pequeno tratado moral para os catecúmenos, um antigo ritual litúrgico, que traz instruções relativas à vida comunitária.

A Didaquè foi encontrada em 1873 com duas cartas do Papa São Clemente Romano e a Epístola de Barnabé, na biblioteca do Hospital do Santo Sepulcro em Constantinopla, pelo arcebispo grego Filoteo Briennios. Fala sobre o Batismo, a Eucaristia, o Domingo, a escolha de bispos, presbíteros e diáconos, já no primeiro século:

“Quanto ao Batismo, batizai assim: depois de terdes ensinado o que precede, batizai em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, em água corrente; se não existe água corrente, batize-se em outra água. Se não puder ser em água fria, faze em água quente. Se não tens bastante, de uma ou de outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Antes do Batismo, jejuem: o que batiza, o que é batizado e outras pessoas” (7,1-14; p. 30).

Esta é a tradição que a Igreja recebeu dos Apóstolos; por isso pode batizar por derramamento de água e não por imersão. A Didaquè nos mostra como já era celebrada a sagrada Eucaristia:

“Celebre a Eucaristia assim: Diga primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre”.

Depois diga sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre […]”.

Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: “Não deem as coisas santas aos cães” (9,1-5, p. 32).

“Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro […]. Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei – diz o Senhor – e o meu nome é admirável entre as nações” (14,1-3; p. 39).

A Eucaristia sempre foi o ponto alto da fé dos cristãos; reproduz a Santa Ceia tomada por Jesus com seus Apóstolos e que lhes ordenou: Fazei isto em memória de mim, e que os discípulos chamavam de ‘fração do pão’ (cf. At 2,42; 20,11), celebrada especialmente no domingo. Logo eles foram entendendo a palavra de Jesus: Isto é o meu corpo; este é o meu sangue. Logo se firmou esse sentido místico da Eucaristia. São Paulo escreveu: “O cálice de bênção que consagramos não é o sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão com o sangue de Cristo?” (1Cor 10,16). Jamais os cristãos deixaram de ter essa certeza. Já no começo do século II, Santo Inácio de Antioquia (†107) escreveu:

“A Eucaristia é a carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, a carne que sofreu pelos nossos pecados, a carne que, na sua bondade, o Pai ressuscitou” (Carta aos Esmirnenses, 7,1).

A Eucaristia, como entendida acima, constitui uma afirmação dogmática que nenhuma religião atingiu e que por isso distingue o Cristianismo de todas as outras religiões conhecidas.

Retirado do livro: “História da Igreja – Idade Antiga”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.
Fonte: Cléofas
https://catholicus.org.br/

Ravasi: combater o racismo, “somos todos humanidade”

"Somos todos humanidade" 

O cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura participou de um webinar sobre o tema “O racismo, as mulheres e a Igreja Católica” na Universidade Lumsa com a presença de professores e as embaixadoras junto à Santa Sé.

Isabella Piro – Vatican News

“Não podemos tolerar qualquer tipo de racismo e ao mesmo tempo, afirmar que defendemos a sacralidade de toda vida humana": são palavras do Papa Francisco na Audiência Geral de 3 de junho, enquanto explodiam protestos nos Estados Unidos por causa da morte de George Floyd, o afro-americano que morreu em 25 de maio depois de ser preso por um policial branco. As palavras do Pontífice foram recordadas pelo Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, por ocasião do webinar sobre o tema do racismo, das mulheres e da Igreja Católica. “A luta contra o racismo não pressupõe uniformidade, mas multiplicidade na unidade", disse o cardeal, citando o Antigo Testamento. Na verdade, relata a palavra "adamah", mais tarde traduzida para "Adão", que em hebraico tem o significado de "humanidade”. Isto implica, reiterou o Cardeal Ravasi, que "somos todos Adão", somos todos humanidade. Da mesma forma, o apóstolo São Paulo, na Carta aos Gálatas e na Carta aos Colossenses, afirma que "não há escravo ou liberto, bárbaro ou estrangeiro", porque "somos todos um em Cristo".

O cardeal Ravasi fez também algumas considerações sobre as relações: "O racismo é a negação da relação, é uma forma de negacionismo social e espiritual" da diversidade do outro, explicou. Afirmar a necessidade de ir na direção do outro e, ao mesmo tempo, reconhecer a diferença do outro são, portanto, duas ações fundamentais para combater o preconceito racial.

A importância do fator educativo

Em seguida o webinar ofereceu espaço para vários e importantes testemunhos como o da Irmã Rita Mboshu Kongo, teóloga congolesa e professora na Pontifícia Universidade Urbaniana, que sublinhou a importância do fator educativo como instrumento para combater o racismo. A escola e a família, explicou a professora, são os principais lugares para entender, desde o início, o quanto a discriminação, especialmente a feminina, está errada. Irmã Rita falou sobre sua experiência pessoal: como filha mais velha de sua família, foi incentivada por seu pai a superar preconceitos. "O racismo deve ser combatido com a formação da consciência", afirmou Irmã Rita, sugerindo também ajudar as mulheres a estudar para ampliar seus conhecimentos. "Peço à Igreja que se comprometa mais com a formação das religiosas", reiterou também a Irmã Kongo, "para que elas possam ter uma formação adequada para o apostolado que lhes é pedido".

A ligação entre racismo e sexismo

O webinar foi moderado por Silvia Cataldi, socióloga da Universidade La Sapienza de Roma. Na sua exposição a socióloga destacou que o termo “raça” é usado com muita desenvoltura hoje em dia, apesar de ter sido questionado pela comunidade científica. A ciência demonstrou, de fato, que as diferenças genéticas entre indivíduos são maiores do que as diferenças raciais entre grupos de pessoas. Infelizmente, acrescentou a socióloga, ainda hoje há genocídios e atos de violência perpetrados por causa de "doutrinas" racistas. Não só isso, o racismo está muitas vezes ligado ao sexismo: os dois termos andam de mãos dadas porque se baseiam no mesmo mecanismo, ou seja, generalizam um determinado grupo de pessoas, acabando por classificá-las, de uma forma genérica, como um todo único.

Fraternidade antídoto para o vírus da discriminação racial

A encíclica "Fratelli tutti" do Papa Francisco, concluiu Silvia Cataldi, responde a esta tendência errônea: de fato, a Encíclica lembra que "o racismo é um vírus que muda facilmente e, em vez de desaparecer, dissimula-se mas está sempre à espreita". Mas contra este preconceito podemos responder com a fraternidade, porque - todos os participantes do webinar disseram a uma só voz - "somos todos irmãos e irmãs, criados à imagem e semelhança de Deus".

Vatican News

A VIDA E A MORTE

A12.com

Nesta noite escura, nesta tempestade que estamos atravessando, muitas pessoas temem a morte, pois a consideram como um fim, a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. E por não crerem numa vida eterna, muitos vivem como se a nossa existência terminasse definitivamente entre as quatro paredes de um caixão. “Diante da morte, o enigma da condição humana atinge seu ponto alto. O homem não se aflige somente com a dor e a progressiva dissolução do corpo, mas também, e muito mais, com o temor da destruição perpétua.” (Gaudium et spes nº 250).

A morte é uma realidade que todos teremos que atravessar, seja de forma repentina e inesperada ou após um longo período de sofrimento. Diante da realidade da morte todos nós podemos afirmar: “Estou certo de que daqui a pouco terei de sair desta minha tenda”. (2 Pd 1,14). Nestes nossos dias, nunca se falou tanto da morte. Isso porque instalou-se, de uma hora para outra, a pandemia do novo coronavírus. Deste modo, diariamente, a morte que era pouco contabilizada, e sequer divulgada, se tornou um boletim público, pois todos os dias a imprensa divulga o número de mortos, seja na nossa cidade, no estado, no Brasil e no mundo.

Neste contexto, a morte passou a ser discussão coletiva onde os fiéis cristãos também são chamados a participar, anunciando: “Não faça da morte uma tragédia, porque não o é. Só aos filhos desamorados é que não entusiasma o encontro com seus pais.” (São Josemaría Escrivá). Nós, cristãos, “sabemos que, se a tenda terrestre em que vivemos se desfaz, recebemos de Deus a hospedagem de uma eterna moradia no céu, não construída por mãos humanas.” (1 Cor 5,1-2). Somos membros da Igreja militante e estamos no mundo de passagem, peregrinando em direção ao céu; portanto, o ideal básico de toda nossa vida deve ser cada vez mais contemplar a face de Cristo e, assim, viver eternamente junto d’Ele.

Essa constante união com nosso Redentor se concretiza por meio da morte. Sendo assim, a morte é um novo nascimento. Cada dia que passa é uma antecipação desse momento sublime, pois estamos sempre dando um passo a mais em direção à eternidade.  Em termos humanos, sabemos que é difícil aceitar a realidade da morte, pois ela nos afasta das pessoas a quem tanto amamos e deixa uma saudade que não passa.

Por revelação de Deus, nós sabemos que a morte não estava em seus planos e que ela entrou no mundo e em nossas vidas pela desobediência de Adão e Eva. A realidade da morte produz dor e sofrimento, mas esses são passageiros e abarcam um breve período. Quando crescemos na senda da fé, passamos a aceitar a realidade da morte do mesmo modo que São Paulo, professando: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Fl 1,21)

É por meio da morte que penetramos na Igreja Triunfante, desde que tenhamos sido fiéis a graça de Cristo. Por isso, devemos participar, já aqui na terra, da melhor maneira possível da vida divina. Durante todos os dias da nossa vida, devemos manter a união com Jesus Cristo, participando da comunhão eucarística, do sacramento da reconciliação e dos demais sacramentos, realizando fecundos apostolados, rezando intensamente, enfim, fortalecendo nosso caminhar rumo à Pátria celeste.

Para nós, cristãos, a morte não é o fim, mas é, sim, o coroamento de toda uma vida de coerência e autenticidade. Cada findar de dia deve nos trazer a lembrança de que o nosso momento se aproxima. Por outro lado, cada resplandecer do sol deve fortalecer em nós a fé, a doação e a nossa união com Jesus Cristo. O decorrer dos dias, das semanas, dos meses e dos anos deve nos levar a uma maior maturidade espiritual e ao desapego dos bens terrenos, pois, como nos ensina o Papa Francisco: “Nunca se ouviu dizer que o caminhão de mudanças acompanha o percurso do carro da funerária”.

Os bens materiais que são passageiros não nos devem afastar de Deus. O povo simples, munido de sabedoria, gosta de recordar o ditado que nos diz: “Caixão não tem gavetas.” De nada nos valerá o dinheiro, a fortuna e os bens materiais se não soubermos administrá-los de acordo com a vontade de Deus.

Nos Evangelhos, Jesus não se cansa de nos chamar à vigilância: “Vigiai porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Compreendei isto: Se o dono da casa soubesse em que vigília viria o ladrão, vigiaria e não permitiria que sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós, ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais.” (Mt 24, 42-44).

Vigiar é uma manifestação de amor, de prudência, de cuidado e de zelo e, por isso, a virtude da vigilância deve ser concretizada por todos nós, principalmente, mediante o desapego material, pois quando carregamos coisas em excesso se torna difícil caminhar. “Tu te inquietas e te agitas por muitas coisas, no entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma só.” (Lc 10, 41-42).  Vigiar é escutar o conselho de Cristo que nos diz: “Acumulai riquezas no céu, onde não roem traça nem caruncho, onde ladrões não arrombam nem roubam.” (Mt 6, 20).  Vivendo a vigilância, cada novo dia será uma ocasião para crescermos espiritualmente, multiplicando os dons e os talentos que administramos por concessão do Cristo.

Em todas as Santas Missas, nós rezamos pelos fiéis defuntos, e em especial, no mês de novembro, dedicamos um dia a eles. No dia 02 de novembro, comemoramos o dia dos finados, mas em todos os dias, somos convidados a rezar pelos fiéis defuntos, como também avivar a certeza de que contamos com a ajuda e a intercessão de inúmeros santos, membros da Igreja Triunfante que intercedem por nós.

A morte não é e não pode ser encarada como um fim. Ela é um começo, o começo de uma vida eterna. O começo de uma vida plena em Deus. A maior felicidade possível é ressuscitar e viver eternamente junto de Deus, de Maria Santíssima, dos Anjos e de todos os santos. Como nos ensina o prefácio dos defuntos do Missal Romano: “Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna.”

No céu, nós seremos tudo em Deus e contemplaremos a doce face da Virgem Santa Maria, viveremos o supremo Amor, junto com outros irmãos que “combateram o bom combate e guardaram a fé.” (2 Cor 4, 7).

Vale a pena lutarmos pelo ideal de vivermos eternamente ao lado do nosso Deus adorado e amado.  Lembrem-se: estar com Deus e viver com Ele é a finalidade básica de toda a nossa existência. E quando a morte vier, Cristo nos receberá de braços abertos e nos acolherá em seu seio, dizendo: “Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!” (Mt 25, 23).

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Veja mitos e verdades sobre a doação de sangue

Hemocentro de São Paulo | Foto: Instagram/Reprodução
por Diego Freire, da CNN, em São Paulo
25 de novembro de 2020

A medicina moderna já avança na criação de órgãos artificiais, impressos com tecnologia 3D, mas um elemento essencial para o funcionamento do corpo humano ainda não pode ser imitado por máquinas: o sangue é produzido naturalmente pelo corpo e até o momento apenas nós, humanos, somos fontes para transfusões.

Transfusões essas que podem salvar a nós mesmos em momentos de hospitalização. Daí a importância de se doar sangue, um gesto nobre que, infelizmente, pode ser impedido por desinformação.

Neste 25 de novembro, Dia Nacional do Doador de Sangue, a CNN, com base em fontes especializadas, mostra alguns mitos e verdades sobre a doação de sangue.

- Doar sangue causa fraqueza (mito)

Após uma doação, o sangue tende a voltar ao normal rapidamente e, portanto, não há fraqueza ou qualquer dano à saúde.

"O volume de sangue coletado é baseado no peso e na altura do doador. Além disso, o organismo repõe todo o volume de sangue doado nas primeiras 24 horas após a doação", explica Maria Cristina Pessoa, coordenadora de Hemoterapia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

- Quem doa sangue uma vez, tem que doar sempre (mito)

Não há qualquer recomendação nesse sentido. Como explicado acima, o organismo repõe todo o sangue doado nas primeiras 24 horas após a doação e não há qualquer problema em se doar sangue apenas uma vez na vida.

- Doar sangue engrossa ou afina o sangue (mito)

O Ministério da Saúde é claro sobre essa mentira: "(doar sangue) não engrossa nem afina o sangue, é apenas um mito".

- Doar sangue pode trazer doenças (mito)

O procedimento padrão para doação de sangue não representa qualquer risco de contaminação: todo o material utilizado é descartável e não há contato com sangue de outra pessoa.

Durante a pandemia do novo coronavírus, que causa a Covid-19, os locais de doação também trabalham com especial atenção para evitar risco de disseminação do vírus. 

Em São Paulo, a Fundação Pró-Sangue, vinculada ao governo estadual, segue medidas como reforço no número de vagas para o agendamento individual (evitando aglomerações e diminuindo o tempo de permanência das pessoas nos postos de coleta), disponibilização de álcool gel e adoção de distanciamento mínimo entre os doaores.

- Mulheres não podem doar sangue se estiverem menstruadas (mito)

A afirmação é falsa. Maria Cristina Pessoa esclarece que "a perda de sangue que ocorre durante a menstruação é uma perda prevista pelo corpo da mulher e seu organismo está adaptado a fazer a reposição necessária".

Em cada doação de sangue são coletados em torno de 450 mL de sangue, o que corresponde menos de 10% do total de volume sanguíneo e que não fará falta nas funções metabólicas do doador.

- Doar sangue dá coceira (mito)

O Hemominas, ligado ao governo estadual de Minas Gerais, esclarece que a afirmação é falsa.

"É preciso deixar claro que esses mitos, tabus e preconceitos remontam ao início da prática da hemoterapia e não têm nenhum respaldo ou comprovação científica. Essas crenças, que prevalecem ainda hoje em algumas regiões do país, surgem e persistem por causa da desinformação e da herança cultural", explica.

- Não posso doar sangue se fiz tatuagem recente (verdade)

Como requisito para se doar sangue, o Ministério da Saúde lista "não ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 12 meses".

- Quem teve dengue nunca mais pode doar sangue (mito)

A afirmação é falsa. "O organismo cria anticorpos contra as infecções virais e com isso o virus é neutralizado. Há um período de quarentena de um mês entre a infecção e a liberação para a doação. No caso de dengue hemorrágica, o período é de seis meses", explica Maria Cristina Pessoa, da Fundação Oswaldo Cruz. 

Outras doenças, porém, inviabilizam a doação por toda a vida. A Fundação Pró-Sangue lista alguma: malária, doença de chagas, algum tipo de câncer (incluindo leucemia), algum teste positivo para o HIV, hepatite após os 10 anos de idade, se foi submetido a transplantes de órgão ou medula, diabetes com complicações vasculares ou uso de insulina, e problemas graves no pulmão, rins ou fígado.

Também não deve doar quem tem problemas de coagulação de sangue.

- Doar sangue engorda (mito)

O mito é desmentido por Maria Cristina Pessoa, da Fundação Oswaldo Cruz: "não engorda nem emagrece. O volume de liquido é reposto em 24 horas".

- Devo estar em jejum para doar sangue (mito)

Na verdade, a recomendação do Ministério da Saúde é a oposta: o doador de sangue não deve estar em jejum. O que se pede é que, após o almoço ou o janrar, se aguarde pelo menos três horas para realizar o procedimento.

- Não devo beber álcool antes de doar sangue (verdade)

O Ministério da Saúde exige que doadores não tenham feito uso de bebida alcoólica a pelo menos 12 horas antes da doação.

- Só se pode doar sangue a cada seis meses (mito)

O intervalo entre as doações de sangue atualmente recomendado pelo Ministério da Saúde é de 90 dias para mulheres e 60 para homens.

- Existe um peso mínimo para doar sangue (verdade)

A recomendação do Ministério da Saúde é que só doe sangue quem pesar mais de 50 quilos.

- A primeira doação de sangue precisa ser feita até os 60 anos (verdade)

Não é verdade que idosos não podem doar sangue e nem que menores de idade não podem doar. Desde 2013, a faixa de aptos a doar abrange pessoas de 16 a 69 anos (sendo que, com 16 e 17 anos, é necessária a autorização do responsável legal).

Porém, a Fundação Pró-Sangue, do Hemocentro de São Paulo, esclarece que o limite para a primeira doação é até 60 anos. Quem tem 61 anos ou mais e nunca doou está inapto. 

- Não posso doar sangue se estiver amamentando (verdade)

A menos que o parto tenha ocorrido há mais de 12 meses, não é indicada a doação de sangue de quem esteja amamentando. Também não é possível doar sangue durante a gravidez, o que pode gerar problemas à gestante e ao bebê.

O Ministério da Saúde indica que, para doar sangue, a mulher não deve ter tido parto ou aborto há menos de três meses.

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Como lidar com a raiva excessiva? São Jerônimo explica

São Jerônimo | Public Domain
por Philip Kosloski

São Jerônimo era conhecido como "santo nervosão", mas tinha uma estratégia especial para enfrentar seus sentimentos explosivos.

Enfrentar a raiva excessiva nem sempre é tarefa fácil. A raiva é um sentimento que, por si só, não é pecaminoso. É até possível que a raiva nos estimule a fazer algo heroico e defender aqueles que estão sendo perseguidos.

No entanto, é muito mais fácil permitir que a raiva nos consuma. Com isso, nossas palavras passam a não refletir mais a nossa fé cristã.

São Jerônimo sabia muito bem disso. Ele era conhecido por sua raiva excessiva. Entretanto, não era orgulhoso desse seu comportamento. Pelo contrário: ele se arrependia de suas palavras imediatamente após tê-las dito.

Um santo nervoso

Então, por que São Jerônimo virou santo, se ele era uma pessoa tão nervosa e ofensiva?

A resposta pode ser encontrada em uma história do Papa Sisto V. Dizem que o pontífice passou por uma pintura de São Jerônimo segurando uma pedra e comentou: “Você faz bem em carregar essa pedra, pois sem ela a Igreja nunca teria te canonizado”.

Sisto se referia à prática de São Jerônimo de se bater com uma pedra sempre que era tentado. Ele também repetia o gesto como forma de reparar seus pecados. Jerônimo sabia que não era perfeito e frequentemente jejuava, orava e clamava a Deus por misericórdia. Disse ele em um texto autobiográfico:

“Encontrando-me abandonado, por assim dizer, ao poder desse inimigo, lancei-me em espírito aos pés de Jesus, regando-os com minhas lágrimas, e jejuando semanas inteiras. Não tenho vergonha de revelar minhas tentações, mas lamento não ser agora o que era. Muitas vezes juntei noites inteiras aos dias, chorando, suspirando e batendo no peito até que a calma desejada voltasse.”

Além desses tormentos físicos que infligia a si mesmo, Jerônimo também se dedicaca ao estudo do hebraico. A ocupação reprimia um pouco as tentações que o assaltariam. E toda vez que ele caía, clamava a Deus e fazia tudo o que podia para melhorar seu discurso.

Aprender com o exemplo

Podemos aprender com o exemplo de São Jerônimo e examinar nossas próprias vidas, especialmente se tivermos tendência à raiva. Será que nós arrependemos dessa raiva que fere os outros? Ou somos orgulhosos? Não estamos dispostos a admitir que cometemos um erro?

E lembre-se: o que nos separa dos santos não são nossos erros, mas nossa capacidade de pedir perdão a Deus e aos outros. Se fizermos isso, teremos muito mais em comum com os santos do que imaginamos.

Aleteia

Médicos e enfermeiros: heróis anônimos desta pandemia, diz Papa

Guadium Press
“Quantos de vocês deram a vida para estar perto dos doentes! Obrigado pela proximidade, pela ternura, e profissionalismo no trato com os enfermos”.

Cidade do Vaticano (24/11/2020, 12:15, Gaudium Press) Coincidindo com a Festa de Nossa Senhora dos Remédios, a Igreja Católica na Argentina celebrou no último sábado o ‘Dia dos Enfermeiros’ e deverá comemorar o ‘Dia dos Médicos’ no próximo dia 3 de dezembro.

O Vaticano informa em um comunicado divulgado pela Sala Stampa que, a este propósito, o Papa Francisco gravou um breve vídeo dirigido à Comissão para a Pastoral da Saúde da Conferência Episcopal Argentina, no qual afirma que os médicos e enfermeiros “são os heróis anônimos da pandemia” do coronavírus:

“Vocês são os heróis anônimos desta pandemia. Quantos de vocês deram a vida para estar perto dos doentes! Obrigado pela proximidade, obrigado pela ternura, obrigado pelo profissionalismo com que cuidam dos enfermos”,

Continuando com suas palavras, Francisco ainda disse aos médicos e enfermeiros:
“Rezo por vocês e peço ao Senhor que os abençoe; que abençoe de todo coração cada um de vocês e as suas famílias, e que os acompanhe em seu trabalho e nos problemas que possam encontrar.

Que o Senhor esteja junto de vocês, assim como vocês estão junto dos doentes”.

 “Quantos de vocês deram a vida para estar perto dos doentes! Obrigado pela proximidade, pela ternura, e profissionalismo no trato com os enfermos”.
Guadium Press

Comissão Episcopal para a Pastoral da Saúde

Antes das palavras e imagens do Papa, aparecem no vídeo imagens de profissionais de saúde cuidando de doentes em hospitais, clínicas e enfermarias.

E, em seguida, para saudar os médicos e enfermeiros da Argentina aparecem imagens de Alberto Bochatey, que pertence à Comissão Episcopal para a Pastoral da Saúde do episcopado argentino que diz uma breve mensagem:

“Queremos agradecer-lhes por cuidar de nós, por cuidar de nossas famílias e amigos, por cuidar de nossa fragilidade, por cuidar de cada vida”. (JSG)

https://gaudiumpress.org/

Papa Francisco descreve as 4 características essenciais da vida eclesial

Papa Francisco na Audiência Geral Foto: Vatican Media

Vaticano, 25 nov. 20 / 08:58 am (ACI).- O Papa Francisco explicou que as quatro “características essenciais” da vida eclesial são: “a pregação, a busca constante da comunhão fraterna, ou seja, a caridade, partir o pão, isto é, vida eucarística, e a oração”.

Estas quatro características "nos lembram que a existência da Igreja tem significado, se permanecer firmemente unida a Cristo", disse o Santo Padre durante a Audiência Geral de quarta-feira, 25 de novembro, que se realizou na biblioteca do Palácio Apostólico Vaticano.

A pregação e a catequese testemunham as palavras e os gestos do Mestre; a busca constante da comunhão fraterna preserva de egoísmos e particularismos; o partir do pão realiza o sacramento da presença de Jesus entre nós: Ele nunca estará ausente, porque está na Eucaristia, Ele vive e caminha conosco; e finalmente a oração, que é o espaço de diálogo com o Pai, por meio de Cristo no Espírito Santo”, descreveu.

Ao continuar com a sua série de catequeses sobre a oração, o Pontífice destacou que "os primeiros passos da Igreja no mundo foram ritmados pela oração", como relata a Sagrada Escritura ao descrever, por exemplo, que os primeiros cristãos "participavam assiduamente do ensinamento dos apóstolos, da comunhão, do partir do pão e das orações”.

“Os escritos apostólicos e a grande narração dos Atos dos Apóstolos nos restituem a imagem de uma Igreja a caminho, ativa, mas que encontra nas reuniões de oração a base e o ímpeto para a ação missionária”, destacou o Papa, e acrescentou que “a comunidade persevera na oração”.

Nesse sentido, o Santo Padre advertiu que “na Igreja, nada do que cresce fora destas ‘coordenadas’ tem fundamento” e sugeriu que “qualquer situação deve ser avaliada à luz” destes quatro elementos: “a pregação, a busca constante da comunhão fraterna, ou seja, a caridade, partir o pão, isto é, vida eucarística, e a oração" porque "o que não entra nestas quatro coordenadas não tem eclesialidade, não é eclesial".

“É Deus quem faz a Igreja, e não o clamor das obras. A Igreja não é um mercado. A Igreja não é um grupo de empresários que vão adiante com a empresa nova. A Igreja é obra do Espírito Santo que Jesus nos enviou para nos reunir. A Igreja é o trabalho do Espírito na comunidade cristã, na vida comunitária, na Eucaristia, na oração. Sempre! E tudo o que cresce fora dessas coordenadas não tem fundamento. É como uma casa construída sobre a areia.”, disse o Papa, reforçando que “é Deus quem faz a Igreja, e não o clamor das obras” porque “é a palavra de Jesus que enche de significado os nossos esforços. É na humildade que se constrói o futuro do mundo”.

Nesse sentido, o Santo Padre reconheceu que às vezes o entristece ver "uma comunidade com boa vontade, mas erra o caminho", procurando "fazer da Igreja um encontro, como se fosse um partido político, a maioria, a minoria, o que pensa sobre isso, sobre aquilo...” e se perguntou “onde está o Espírito Santo ali, onde está a oração, o amor comunitário, onde está a Eucaristia?”.

“Sem essas coordenadas, a Igreja se torna uma sociedade humana, um partido político, maioria, minoria, se fazem mudanças como se fosse uma empresa, por maioria e minoria, mas não há o Espírito Santo”, frisou o Papa, que advertiu que se faltar o Espírito Santo “seremos uma bonita associação humanista, de beneficência, até mesmo um ‘partido’ podemos dizer ‘eclesial’, mas não há Igreja” porque “a presença do Espírito Santo é garantida por estas quatro coordenadas”.

Desta forma, o Papa Francisco pediu para não esquecer as palavras de Bento XVI “a Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração” e acrescentou: “Quem move a atração? O Espírito Santo e se falta o Espírito Santo, que é quem atrai a Jesus, não há Igreja ali, há um bonito clube de amigos, com boas intenções, mas não há Igreja, não há sinodalidade”.

Da mesma forma, o Santo Padre destacou que ao ler os Atos dos Apóstolos também “descobrimos que o poderoso motor da evangelização são as reuniões de oração, onde aqueles que participam experimentam diretamente a presença de Jesus e são tocados pelo Espírito. Os membros da primeira comunidade - mas isso é sempre verdade, também para nós hoje - compreendem que a história do encontro com Jesus não parou no momento da Ascensão, mas continua na sua vida. Narrando o que o Senhor disse e fez, rezando para entrar em comunhão com Ele, tudo se torna vivo. A oração infunde luz e calor: o dom do Espírito faz nascer neles o fervor”.

Por isso, o Papa nos encoraja a imitar a vida da Igreja primitiva “com tempos de oração comunitária e pessoal”, porque o Espírito Santo é quem “dá força aos pregadores que se põem a caminho, e que por amor a Jesus sulcam os mares, enfrentam perigos e se submetem a humilhações...” e “dá força ao testemunho e à missão”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Santa Catarina de Alexandria

ArqSP

A vida e o martírio de Catarina de Alexandria estão de tal modo mesclados às tradições cristãs que ainda hoje fica difícil separar os acontecimentos reais do imaginário de seus devotos, espalhados pelo mundo todo. Muito venerada, o seu nome tornou-se uma escolha comum no batismo, e em sua honra muitas igrejas, capelas e localidades são dedicadas, no Oriente e no Ocidente. O Brasil homenageou-a com o estado de Santa Catarina, cuja população a festeja como sua celestial padroeira.

Alguns textos escritos entre os séculos VI e X , que se reportam aos acontecimentos do ano 305, tornaram pública a empolgante figura feminina de Catarina. Descrita como uma jovem de dezoito anos, cristã, de rara beleza, era filha do rei Costus, de Alexandria, onde vivia no Egito. Muito culta, dispunha de vastos conhecimentos teológicos e humanísticos. Com desenvoltura, modéstia e didática, discutia filosofia, política e religião com os grandes mestres, o que não era nada comum a uma mulher e jovem naquela época. E fazia isso em público, por isso era respeitada pelos súditos da Corte que seria sua por direito.

Entretanto esses eram tempos duros do imperador romano Maximino, terrível perseguidor e exterminador de cristãos. Segundo os relatos, a história do martírio da bela cristã teve início com a sua recusa ao trono de imperatriz. Maximino apaixonou-se por ela, e precisava tirá-la da liderança que exercia na expansão do cristianismo. Tentou, oferecendo-lhe poder e riqueza materiais. Estava disposto a divorciar-se para casar-se com ela, contanto que passasse a adorar os deuses egípcios.

Catarina recusou enfaticamente, ao mesmo tempo que tentou convertê-lo, desmistificando os deuses pagãos. Sem conseguir discutir com a moça, o imperador chamou os sábios do reino para auxiliá-lo. Eles tentaram defender suas seitas com saídas teóricas e filosóficas, mas acabaram convertidos por Catarina. Irado, Maximino condenou todos ao suplício e à morte. Exceto ela, para quem tinha preparado algo especial.

Mandou torturá-la com rodas equipadas com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Com os olhos elevados ao Senhor, rezou e fez o sinal da cruz. Então, ocorreu o prodígio: o aparelho desmontou. O imperador, transtornado, levou-a para fora da cidade e comandou pessoalmente a sua tortura, depois mandou decapitá-la. Ela morreu, mas outro milagre aconteceu. O corpo da mártir foi levado por anjos para o alto do monte Sinai. Isso aconteceu em 25 de novembro de 305.

Contam-se aos milhares as graças e os milagres acontecidos naquele local por intercessão de santa Catarina de Alexandria. Passados três séculos, Justiniano, imperador de Bizâncio, mandou construir o Mosteiro de Santa Catarina e a igreja onde estaria sua sepultura no monte Sinai. Mas somente no século VIII conseguiram localizar o seu túmulo, difundindo ainda mais o culto entre os fiéis do Oriente e do Ocidente, que a celebram no dia de sua morte.

Ela é padroeira da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, dos estudantes, dos filósofos e dos moleiros - donos e trabalhadores de moinho. Santa Catarina de Alexandria integra a relação dos quatorze santos auxiliares da cristandade.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

BB. LUÍS E MARIA BELTRAME QUATTROCCHI, CÔNJUGES

BB. Luís e Maria Beltrame Quattrocchi 

Luís Beltrame Quattrocchi e Maria Corsini viveram uma vida ordinária de modo extraordinário. Este foi o primeiro casal a ser beatificado, em 21 de outubro de 2001, por São João Paulo II, por ocasião do 20° aniversário da Exortação Apostólica Familiaris consortio. A vida diária destes cônjuges e pais sempre foi sustentada pela oração, a fidelidade ao Evangelho e a íntima união com Jesus na Eucaristia.

Encontro e noivado. Chamada de Deus ao matrimônio

Ele, natural de Catânia, na Sicília, e ela, de Florença, se conheceram em Roma, em 1902, com a idade de 22 e 18 anos, respectivamente.
Luís foi à capital italiana visitar seu tio, que o havia adotado e do qual herdou o sobrenome Quattrocchi. Ali, completou seus estudos em Direito, que, em idade madura, garantiram a sua profissão de advogado geral do Estado.
Apesar de pouco praticante, foi atraído pela fé pelo entusiasmo e a inteligência de Maria, uma estudante de línguas, que amava a arte e a literatura. Ambos tinham uma personalidade forte, que os levava a muitas discussões. No entanto, entenderam que eram chamados a caminhar juntos. Através da oração, intuíram o que os anos futuros confirmariam: era vontade de Deus que se apaixonassem e sentissem atração reciproca, que encontrariam sua plena realização no amor esponsal.
Uma contínua correspondência epistolar caracterizou os cerca de sete meses de noivado: cartas e bilhetinhos refletiam a estima, o respeito e o pudor entre os dois jovens, fortemente decididos a viver a castidade antes do casamento, mas, ao mesmo tempo, ansiosos de exprimir-se, com palavras apaixonadas, como o "Kiss you", individualmente confiadas ao idioma inglês.
Assim, em 25 de novembro de 1905, uniram-se em matrimônio na Basílica romana de Santa Maria Maior.

Quatro filhos e uma vida familiar marcada pela fé

Logo chegaram os filhos: Filipe, Estefânia e Cesar. Mas, a última gravidez de Maria foi particularmente problemática, por causa de uma placenta prévia, que colocava em risco a vida do feto e da mãe. O casal recusou-se a abortar e, em 1914, nasceu Henriqueta, que foi a mais longeva de toda a família.
A paternidade foi uma missão que Luís e Maria levaram adiante confiando na Providência e no Sagrado Coração de Jesus: participavam diariamente da Santa Missa, rezavam o terço à tarde e faziam adoração à noite. Assim, a família Beltrame Quattrocchi transcorria seus dias, anotados pela caneta da animada e brilhante Maria: das suas anotações nasceram livros de caráter educativo, pontos de referência, ainda atuais para as famílias. Ela se dedicava totalmente aos filhos, que, em casa, respiravam um clima de confiança e serenidade: todos os seus quatro filhos decidiram, livremente, abraçar a vida religiosa, "treinados" pelos pais, que avaliavam tudo "do telhado para cima", como gostavam de dizer, de modo simpático.

Compromisso social

O casal mantinha um compromisso social incessante: eram voluntários da Unitalsi, - União Nacional italiana para o Transporte de enfermos aos Santuários nacionais e internacionais; ele carregava as macas dos doentes e ela, como enfermeira, assistia e acompanhava os enfermos aos santuários de Lourdes e Loreto.
Os cônjuges, Luís e Maria, tornaram-se Terciários franciscanos; prestaram serviço e assistência aos soldados e civis feridos durante as duas Guerras mundiais; salvaram mais de 150 vidas da perseguição nazista, mantendo constante contato com a Abadia de Subiaco; ajudaram as vítimas do terremoto; pertenciam à Ação Católica italiana; davam seu apoio à Universidade Católica; animavam os grupos do Movimento de Renascença Cristã; foram os primeiros, talvez, a dar Cursos para Noivos, em preparação ao matrimônio.
Enfim, o apostolado de Luís e Maria foi muito fecundo, animado por um simples testemunho de vida diário, uma relação conjugal aberta à transcendência da presença de Jesus entre si. Todas as manhãs, -ela escreveu em seu diário - "ao sair da igreja, ele me dava bom dia, para que a minha jornada tivesse um início razoável".

A dor do desapego, o consolo da oração e a vida eterna

O casal Beltrame Quattrocchi viveu meio século de vida junto. Em 1951, a toda a família reuniu-se pela última vez em Roma. No final de novembro, Luís, já enfraquecido, morreu de ataque cardíaco. Para Maria foi grande a dor da separação, mas ela encontrou conforto na união com Deus.
Em 26 de agosto de 1965, 14 anos depois, chegou a hora também de Maria de se encontrar com o Pai. Ao meio-dia, logo depois da oração do Ângelus, ela entregou seu espírito, serenamente, nos braços de Henriqueta.
O testemunho dos esposos Beltrame Quattrocchi, disse São João Paulo II, foi "uma singular confirmação de que o caminho da santidade vivido juntos, como casal, é possível, maravilhoso, e extraordinariamente fecundo, fundamental para o bem da família, a Igreja e da sociedade".

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF