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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Como José e Maria esperavam o nascimento de Jesus?

Gentile da Fabriano | Public Domain
por Carlos Padilla Esteban

O maior milagre está escondido em Maria, o maior segredo é cuidado por José.

Maria está a caminho de Belém. Junto a José. E com Jesus no seu interior. É advento. É espera. É silêncio. Desligamos o celular e nos conectamos a Deus. Descansamos do barulho do mundo. Faz bem desconectar-se um pouco. Renunciar um pouco. Fazer mais silêncio.

Caminhamos com Maria e José. Maria acalma José quando ele se inquieta. José se ajoelha diante de Maria, diante de Jesus em Maria. Maria, no advento, é o único lugar do mundo onde se encontra o Deus feito carne. Que grandeza! Que pequenez!

O medo, a incerteza, o sentimento de fragilidade, o poder descansar em José. Maria não está sozinha. Como Deus é bom! Ela pode falar com José, sonhar com ele, rezar com ele olhando as estrelas, caminhar na ponta dos pés pela vida, levantar o olhar e os anseios, construir um mundo de ternura.

Ele sabe de tudo e compreende Maria. Com ele, ela pode falar tudo. Com José, com suas mãos sobre sua barriga. Os três estão sozinhos neste momento.

O caminho

Imagino a intimidade de Maria com Jesus. Os diálogos intermináveis no silêncio do caminho. Imagino a intimidade de Maria com José, a intimidade dos três. Como será que eles rezavam juntos? Certamente, também tinham medos, dúvidas, inseguranças.

“Como será este menino? O que vai acontecer? Onde ele nascerá? O que teremos de fazer? Como poderemos educar o próprio Deus?” Eles sentem que não sabem nada, que são fracos e ignorantes. Como se educa um Deus que sabe tudo, que pode tudo?

José está tranquilo porque Maria está presente. Ele confia totalmente nela. É um tempo de olhares, de silêncios, de ternura. De abraços calados. O anjo veio ao seu encontro. Ao de Maria, ao de José. Mas depois o anjo parece ficar calado. Não há mais sinais. Só Deus em Maria, só Maria em Deus.

Quantos caminhos nesse primeiro advento! O caminho de Deus até nós, tocando com imenso respeito a porta de Maria, a porta de José. O caminho até a casa de Isabel, Maria cheia de Deus, levando a alegria em seu ventre.

Há quadros que representam José caminhando com Maria rumo à casa de Isabel. Como poderia deixá-la sozinha? O caminho sagrado até Belém. Muitos passos, muitos dias, muitas noites. Calor e frio. Escuridão e luzes. Vento e medo. Alegria e espera. Assim como em nossa vida, quando caminhamos.

Nossa história

Repassamos o passado e encontramos também caminhos em nossa história, encontros e desencontros, medos e esperanças. Como José e Maria no advento. Caminhos e descansos. Muitos momentos de quietude, de recolhimento, de oração profunda, interior, de descansar em silêncio, um junto ao outro, os três unidos.

O maior milagre está escondido em Maria. O maior segredo é cuidado por José. Deus cresce dentro dela. Maria o guarda como o mais sagrado. Acaricia-o. E o espera quando ninguém o espera. Em silêncio, seu corpo e sua alma se preparam para Ele.

Ela já sabe seu nome. Chama-o pelo nome. Calada, em seu coração. Pronuncia seu nome. Chama-o suavemente. Com imensa ternura. Ela sempre o amou, e agora Ele está com Ela, para sempre.

Maria pensa nas pessoas a quem Jesus ajudará. Repete seu “sim”. Às vezes com força. Às vezes também com voz suave. Subitamente, diz como um grito. Mas, outras vezes, seu “sim” será o silêncio, o gesto calado. O simples estar em pé. O ajoelhar-se para segurar aquele que não consegue se manter em pé.

Esse “sim” de Nazaré, esse “sim” de Ain Karim, esse “sim” repetido no caminho a Belém. Esse “sim” em Belém, escondida ao lado de uma manjedoura. Esse “sim” no Egito, cheia de desconcerto. E novamente esse “sim” do silêncio de trinta anos.

Esse “sim” oculto em uma família santa. Esse “sim” que nós tantas vezes não pronunciamos. Esse “sim” que fica preso na garganta. Esse desejo torpe e pobre por levantar o olhar, a alma, o interior. Esse anseio profundo por chegar ao mais profundo da vida.

Hoje, podemos nos unir a esta oração:

“Ensina-me, Maria, neste advento, a querer, a velar, a guardar, a olhar para o meu interior sem mês distrair. Porque eu me distraio. Ajuda-me a caminhar, como tu. Tu carregas Deus sem dizer nada. Isso me comove. Como eu gostaria de me parecer mais com você!

Tu carregas Deus em tua paz, em tua ternura, em tua misericórdia, na luz dos teus olhos, nesse teu jeito de estar preocupada pelos detalhes mais humanos, de acolher com teu olhar limpo, de deixar de pensar em ti para pensar no outro.

Teu ‘sim’ de Nazaré… Ah, quantos ‘sim’ saíram dos teus lábios, da tua alma! Agora, tu e José não veem mais que o hoje, mas confiam. Em breve, haverá outro passo a ser lado, e Deus lhes marcará esse pedaço de caminho com seus passos, dando-lhes luz.

Ajuda-me a ser assim, a dar o meu ‘sim’ nos passos que preciso dar hoje, e confiar em que, para os passos de amanhã, Deus estará comigo. ‘Sim’ ao hoje. ‘Sim’ a este passo.”

Neste advento, queremos aprender novamente a caminhar. Sem pressa. Em silêncio. Desconectados um pouco. Conectados profundamente com Deus. Primeiro um passo, depois o outro. Assim, o caminho se tornará mais leve. Enxergaremos mais longe. Confiaremos com mais força. Como as crianças, que sabem que alguém as espera para iluminar seu caminho de cada dia.

Aleteia

Jesus nasceu em 25 de dezembro? (Parte 2/7)

Nascimento de Jesus | Caravaggio

A reivindicação do feriado pagão

Poderiam os cristãos ter decidido celebrar o aniversário de Jesus em 25 de dezembro para criar uma alternativa a uma celebração pagã popular?

Alguns cristãos fazem esse tipo de coisa hoje. Devido às implicações macabras que o Halloween tem em nossa cultura, algumas igrejas protestantes realizam as celebrações do “Festival da Colheita” ou do “Dia da Reforma” em 31 de outubro para dar aos jovens uma alternativa, por isso não é impossível que os primeiros cristãos tivessem feito a mesma coisa.

Mas há um fraco histórico de reivindicações que os feriados cristãos têm origens pagãs. Por exemplo, a alegação de que a Páscoa tem uma origem pagã é baseada em uma etimologia esboçada para a palavra inglesa Easter, que é supostamente baseada no nome de uma deusa germânica da qual não temos registro.

Além disso, a Páscoa não começou na Inglaterra. É comemorada em todo o mundo cristão e, na maioria das línguas, seu nome deriva de Pesakh – a palavra hebraica para a Páscoa – porque Jesus foi crucificado na Páscoa. Assim, o que quer que seja chamado em países individuais, tem origens judaicas.

Para sustentar a alegação de que o Natal é baseado em um feriado pagão, seria necessário fazer duas coisas: (1) Identificar o feriado pagão que ele suplantou e (2) mostrar que essa foi a intenção dos cristãos que introduziram o Natal em 25 de dezembro.

Alguns alegam que o Natal é baseado no feriado romano Saturnalia – um festival do deus Saturno. No entanto, este feriado foi comemorado em 17 de dezembro, e embora tenha sido posteriormente expandido para incluir os dias que antecederam a 23 de dezembro, foi antes de 25 de dezembro. Uma celebração cristã no último dia não suplantaria a Saturnalia.

Um candidato melhor é o Sol Invictus (latim, “o Sol Inconquistável”), que foi celebrado em 25 de dezembro. No entanto, o registro mais antigo que temos que pode apontar para ser celebrado naquele dia é tarde e ambíguo.

A Cronografia Cristã de 354 d.C registra o “Aniversário do Invicto” sendo celebrado naquela data em 354, mas a identidade do “Invicto” não é clara. Como é um documento cristão que alista o aniversário de Jesus em 25 de dezembro, pode ser o Cristo Invicto- não o sol – cujo nascimento foi celebrado.

Mesmo se o Natal e o Sol Invictus fossem ambos em 25 de dezembro, o Natal poderia ter sido a base do Sol Invictus, ou o contrário, ou poderia ser apenas uma coincidência. Se você quiser reivindicar que a data do Sol Invictus é a base para o Natal, você precisa de provas.

Isso é difícil de encontrar. Mesmo que a Cronografia de 354 dC se refira ao Sol Invictus sendo celebrado em 25 de dezembro, esta é a primeira referência ao fato, e – como veremos abaixo – alguns cristãos afirmaram que Jesus nasceu nessa data por um longo tempo.

Se os cristãos estavam subvertendo o Sol Invictus, deveríamos encontrar os Padres da Igreja dizendo: “Vamos oferecer uma celebração alternativa”. Mas nós não encontramos. Os padres que comemoraram o dia 25 de dezembro pensaram sinceramente que é quando Jesus nasceu.

E mesmo que o Natal tenha sido programado para subverter um feriado pagão, e daí? O Natal é a celebração do nascimento de Jesus Cristo e celebrar o nascimento de Cristo é uma coisa boa. Então, está subvertendo o paganismo. Se os primeiros cristãos estavam fazendo as duas coisas, grande coisa!

Por fim, no entanto, as evidências não apoiam a reivindicação. Bento XVI acertou quando disse:

A alegação costumava ser feita que em 25 de dezembro, desenvolvido em oposição ao mito de mitra, ou como uma resposta cristã ao culto do sol invicto promovido pelos imperadores romanos no terceiro século em seus esforços para estabelecer uma nova religião imperial. No entanto, essas velhas teorias não podem mais ser sustentadas (O Espírito da Liturgia, 107-108).

Continua...

Portal Apologistas da Fé Católica

O Papa: com amizade social não haverá guerras

Vatican News

https://youtu.be/NmGRAlEL2dY

Francisco fala aos participantes do 23º Dia da Pastoral Social na Argentina, enfatizando o tema da "Fraternidade e amizade social". "Olhando como vai o mundo, guerras para todo lado, estamos vivendo a Terceira Guerra Mundial em pedaços. Isto não é amizade social", ressalta na mensagem de vídeo.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Foi divulgada, na tarde desta quinta-feira (03/12), a videomensagem do Papa Francisco para o 23º Dia da Pastoral Social na Argentina sobre o tema “Por uma cultura do encontro, um país para todos. Fraternidade e amizade social”.

Este é um tema que preocupa o Pontífice, “porque pelo pecado, pelas tendências, vamos sempre em direção à inimizade, à guerra, esquecendo que a nossa vocação é a da harmonia, da fraternidade, é ser irmãos. Amizade social”.

Inimigos da amizade social

“Olhando como vai o mundo, guerras para todo lado, estamos vivendo a Terceira Guerra Mundial em pedaços. Isto não é amizade social. Olhamos muitos países onde não se sabe dialogar, se grita. Antes que a outra pessoa termine de expressar o seu pensamento, já estamos respondendo, sem ter ouvido”, sublinha na mensagem de vídeo.

Segundo Francisco, “não pode haver amizade social sem ouvir, sem ouvir o outro. Para ouvir o outro deve haver no meu coração a convicção de que o outro tem algo de bom para me dizer”.

A seguir, o Papa cita dois grandes inimigos da amizade social. “O primeiro são as ideologias que comandam tudo. Elas tendem a comandar e as ideologias conseguem desarmar a concretude da natureza humana. O segundo inimigo são as paixões. A paixão muitas vezes tenta eliminar o outro. Não deixa o outro ocupar o seu lugar.”

Existe muita inimizade social

“Ideologias e paixões em todo o mundo vão contra a amizade social. É verdade que existem bons núcleos de amizade social no mundo, mas também é verdade que existe muita, muita inimizade social”, frisa o Papa.

O Pontífice mencionou como exemplo as guerras, mas convidou a olhar para algumas periferias. “Olhamos para as crianças sem escola, para as pessoas que passam fome, para as pessoas que não têm assistência médica, para a imensa quantidade de pessoas que não têm água encanada, para as pessoas que não têm acesso ao mínimo para viver com dignidade. Esses são os sinais de que no mundo de hoje não existe amizade social.”

De acordo com o Papa, devemos nos perguntar se existe amizade social ao nosso redor, nos lugares onde vivemos, onde trabalhamos.

Se houver amizade social, não haverá guerras

“Se houver amizade social, não haverá guerras ou necessidades de qualquer tipo, e nenhuma educação que não funcione bem. Não nos esqueçamos dos dois grandes inimigos: as ideologias que querem tomar posse da experiência vivida de um povo e as paixões, que são sempre como um rolo compressor, que vão adiante e destroem em vez de dialogar.”

O Papa conclui a videomensagem, convidando os participantes do 23º Dia da Pastoral Social a darem o melhor de si e serem concretos, “a não refletir no abstrato, mas com os pés no chão, com dados concretos”.

Vatican News

Hoje é celebrada Santa Bárbara, virgem e mártir

ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 04 dez. 20 / 06:00 am (ACI).- Segundo uma antiga tradição, Santa Bárbara foi uma jovem que se converteu nos primeiros séculos, foi encarcerada por seu pai pagão em seu castelo para forçá-la à apostasia. Vendo que suas tentativas não surtiam efeito, permitiu que a martirizassem cortando-lhe a cabeça com uma espada e ele mesmo morreu fulminado por um raio.

Nasceu na Nicomédia, perto do mar de Mármara, no começo do século III.

Não existem referências a Santa Bárbara contidas nas primeiras autoridades da Igreja, nem no martirológio de São Jerônimo. Entretanto, a veneração a esta santa era comum desde o século VII.

Por volta desta data, existiram as lendárias atas de seu martírio, que foram incluídas na coleção de Simon Metaphraste, um dos mais renomados hagiógrafos bizantinos.

É representada com manto vermelho, cálice do sangue de Cristo, ramo de oliveira, coroa e espada, todos símbolos do martírio.

A lenda de que seu pai foi fulminado por um raio fez com que, provavelmente, fosse considerada pelas pessoas comuns como a santa padroeira em tempos de perigo pelas tempestades e o fogo e, em seguida, por analogia, como protetora dos artilheiros e dos mineiros.

Também é invocada como intercessora para assegurar o recebimento da confissão e da Eucaristia na hora da morte.

ACI Digital

Papa transforma Rede Mundial de Oração em Fundação vaticana

Papa Francisco em oração. Foto: Vatican Media
Por Miguel Pérez Pichel

Vaticano, 03 dez. 20 / 10:40 am (ACI).- O Papa Francisco aprovou a transformação da Rede Mundial de Oração do Papa em uma Fundação com pessoa jurídica canônica e vaticana, para o qual também aprovou os seus novos estatutos.

Esta nova Fundação vaticana é responsável pelo vídeo das intenções de oração do Papa, que é transmitido todos os meses com algumas palavras gravadas pelo Pontífice no qual convida a rezar por uma intenção particular.

Através de um quirógrafo, assinado em 17 de novembro, o Santo Padre lembra que “a Rede Mundial de Oração do Papa, antigo Apostolado da Oração, teve início na França, em 1844, com o jesuíta pe. François-Xavier Gautrelet”.

Fundamenta-se “na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus e acolhe as intenções de oração mensal propostas pelo Santo Padre à Igreja”.

"Há alguns anos instituí a Rede Mundial de Oração do Papa como uma Obra Pontifícia para destacar o caráter universal desse apostolado e a necessidade de que todos rezemos cada vez mais e com o coração sincero".

Sua transformação agora em pessoa jurídica canônica e vaticana como Fundação tem “o objetivo de coordenar e animar este movimento espiritual tão querido para mim, dotando-o de uma estrutura adequada aos tempos em que vivemos”.

Segundo um comunicado divulgado pela Sala de Imprensa do Vaticano, “o objetivo da Fundação é coordenar e animar o vasto movimento espiritual, muito querido ao Santo Padre, que acolhe e difunde as intenções de oração mensais propostas pelo Papa à Igreja”.

De acordo com os estatutos da nova Fundação, terá sede no Estado da Cidade do Vaticano e será promovida pela Companhia de Jesus. Tem a missão de “coordenação e animação em todo o mundo, nos países e dioceses que assumem a oração como forma de apostolado e, em particular, acolhem as intenções de oração mensal propostas pelo Santo Padre à Igreja como tema ou conteúdo para o oração pessoal ou em grupo, colaborando assim com a missão da Igreja de se colocar a serviço dos desafios da humanidade”.

A Rede Mundial de Oração do Papa "propõe aos católicos uma jornada espiritual chamada ‘O Caminho do Coração’ que integra duas dimensões".

Em primeiro lugar, "a compaixão pelo mundo e pelos seres humanos". Neste sentido, “o Santo Padre confia à Fundação a missão de dar a conhecer, promover e estimular a oração pelas intenções que expressam desafios para a humanidade e a missão da Igreja”.

Em segundo lugar, “a comunhão com a missão do Filho”. A este respeito, afirma-se nos estatutos que “este caminho espiritual, animado e coordenado pela Rede, desperta a vocação missionária dos batizados, projetando-a a colaborar na sua vida quotidiana com a missão que o Pai confiou ao seu Filho”.

Os estatutos desta nova Fundação serão válidos ad experimentum, ou seja, durante um período experimental que será, neste caso, de três anos.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

JMJ 2023: os jovens portugueses que receberam os símbolos

Portugal - jovens, símbolos JMJ 2023 

A Cruz Peregrina e o Ícone Mariano das Jornadas Mundiais da Juventude foram-lhes entregues e esses jovens de dioceses de Portugal testemunham a sua experiência em Roma lançando um olhar para o futuro.

Rui Saraiva - Porto

No passado Domingo de Cristo Rei teve início um longo caminho de peregrinação dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude pelas dioceses portuguesas. Na presença do Papa Francisco, os jovens do Panamá entregaram a Cruz Peregrina e o Ícone Mariano “Salus Populi Romani” aos jovens de Portugal.

O Santo Padre na homilia da Missa na Basílica de S. Pedro exortou os jovens para “grandes sonhos” vividos com “júbilo e ousadia” praticando “as obras de misericórdia” e assumindo escolhas que renunciem ao egoísmo. “Se nos gastarmos pelos outros, tornamo-nos livres” – disse o Papa.

Os jovens portugueses que receberam os símbolos foram a Daniela Calças, o João Amaral, o Guilhermino Sarmento, o Fernando Vieira e a Tatiana Severino. Uma experiência intensa com a particularidade de ser vivida em tempo de pandemia. E foi grande a emoção no momento de receber os símbolos das mãos dos jovens do Panamá.

Levar Jesus e Maria a todos

A Daniela Calças tem 26 anos é da diocese de Lisboa da Paróquia do Parque das Nações. Revela-nos as emoções sentidas em Roma e a importância da presença dos símbolos da JMJ em Portugal:

“Ainda é difícil expressar por palavras o turbilhão de emoções que senti e que na realidade ainda sinto. E, sinceramente, não sei se algum dia vou conseguir colocar por palavras tudo aquilo que vivi e que ainda estou a viver. Foi uma honra poder representar a minha diocese e ter a certeza que a oportunidade de ir e viver aquele momento foi, sem dúvida, um presente de Deus e não podia estar mais grata por isso. Claro que estar junto do Papa foi um sonho tornado realidade e quero muito que a alegria imensa que senti naqueles dias e que ainda sinto continue a ser partilhada com todos os que não puderam lá estar fisicamente. E a peregrinação dos símbolos será o momento certo para partilharmos esta alegria. O encontro com a Cruz e o Ícone de Maria é um passo importante para que não tenhamos dúvidas de que vivermos este sonho da JMJ no nosso país vai mesmo acontecer! Desejo que a presença dos símbolos nas nossas dioceses seja um impulso para que nós jovens levemos Jesus e Maria a todos sem medos e sem vergonhas.”

Jovens para um mundo melhor

Tem 21 anos e é cadete aluno da Guarda Nacional Republicana na Academia Militar. O João Amaral representou em Roma a Diocese das Forças Armadas e de Segurança numa “celebração de fé e de esperança” – afirma:

“Esta celebração em Roma foi essencialmente uma celebração de fé e de esperança que temos nos nossos jovens para um mundo melhor. Todos os que ali estavam acreditavam que podem fazer a diferença, que podem viver num mundo em que se pratique o bem. Para mim, foi um momento que vou recordar para a vida toda. E poder transportar a Cruz é algo extraordinário que guardarei para sempre no meu coração. Foi uma emoção muito forte que nem se consegue explicar. Esta celebração possibilitará agora a Portugal organizar a JMJ em 2023. Espero contribuir para a paz e a harmonia no mundo nessa comunhão com os jovens cristãos.”

Oportunidade única para a Igreja

O Guilhermino Sarmento tem 27 anos, é da Diocese de Lisboa da Paróquia de S. Bento de Massamá e considera que a peregrinação dos símbolos da JMJ é uma oportunidade única para a Igreja em Portugal:

“A minha experiência em Roma foi marcante. Com muita coisa a acontecer e, portanto, muito intensa. Senti-me muito em Igreja, pertença de uma família alargada. Vi isso no rosto de cada um dos que faziam parte desta comitiva. Foi um sentimento de profunda alegria e, para além disso, também de gratidão por aquilo que vivi ao longo destes dias. Correu tudo tão rápido que ainda estou a fazer uma síntese de tudo o que vivi! Ter estado naquela celebração com o Papa Francisco foi também perceber que ele também nos confirma na fé e nesta caminhada para a JMJ. E eu acho que esta é uma oportunidade única para a Igreja em Portugal de fazermos e sentirmos esta jornada, não apenas, como Lisboa a diocese que acolhe, mas para fazermos este caminho em conjunto. Sentir isto em Igreja. Acho que esta peregrinação dos símbolos pode despertar precisamente isto.”

Evangelizar os jovens e dar ânimo

Fernando Vieira, tem 24 anos, é da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Braga e afirma que a experiência em Roma teve um significado de missão e de evangelização:

“Tem um significado de missão e de evangelização procurado e até comentado por parte de D. Tolentino Mendonça na sua intervenção conosco, de que esta é uma forma de evangelizar os jovens portugueses e de dar um significado e um novo ânimo depois destes tempos tão complicados de pandemia nesta caminhada até à JMJ Lisboa 2023. Foi um momento que ficará na minha memória como um sentido de missão que quero passar para as pessoas que estão junto a mim. Foi também um momento bom de conhecer e estarmos juntos, os elementos que farão parte da organização das pré-jornadas com as várias dioceses.”

A Cruz como sinal de esperança

A Tatiana Severino, é de Leça da Palmeira, na diocese do Porto. Tem 26 anos, recorda a experiência de Roma como inesquecível e acha que a peregrinação dos símbolos pelas dioceses será uma oportunidade para reconhecer a Cruz como um sinal de esperança:

“Quando se abriram as portas da Basílica de S. Pedro e tenho os símbolos das JMJ bem ali à minha frente, com a possibilidade de lhes tocar, foi único e inesquecível. Como se já não bastasse, minutos depois, estou perante a figura máxima da Igreja, o Papa Francisco, mesmo ali à minha frente. E passados uns minutos estou a receber das mãos de um panamenho o ícone de Nossa Senhora e a transportá-lo. Foi um momento de emoções fortes, uma honra, um privilégio, uma felicidade enorme. Dei por mim a pensar de que estar perante a Cruz Peregrina e o Ícone também é estar perante milhares de jovens que já rezaram em frente a eles. É o recordar todos os jovens, todas as mãos que por eles já passaram e que para quantos deles foram lugar de salvação, de transformação e de conversão. A peregrinação dos símbolos nas dioceses portuguesas é o sentirmos cada vez mais próxima a realização da JMJ, é sentir a importância de todo o significado que a Cruz acarreta em si e que o Ícone de Nossa Senhora nos invoca, o que faz que para além de serem símbolos, ser também uma oportunidade que nós portugueses temos de nos aproximar mais da Cruz. Não como sacrifício, mas como salvação e configuração a Cristo e de nos aproximar também a Nossa Senhora, sendo, à sua semelhança, discípulos. As dioceses terão um caminho longo a percorrer, para que a juventude e as pessoas reconheçam que a Cruz não só um lugar de sofrimento, mas um sinal de esperança. Cada um de nós é um Cristo Ressuscitado.”

Roma foi a etapa inicial no caminho de preparação da Jornada Mundial da Juventude de 2023. No Vaticano, junto do Papa Francisco, estiveram presentes jovens das dioceses de Viana do Castelo, Funchal, Beja, Bragança-Miranda, Portalegre, Vila Real, Coimbra, Porto, Lisboa, Lamego, Braga e ainda da Diocese das Forças Armadas e de Segurança.

Laudetur Iesus Christus

Vatican News

Jesus nasceu em 25 de dezembro? (Parte 1/7)

Nascimento de Jesus | Caravaggio

Jesus nasceu em 25 de dezembro?

Todos os anos, à medida que o Natal se aproxima, é comum ouvir afirmações como estas:

·         Jesus não nasceu em 25 de dezembro.

·          Ele não poderia ter nascido, porque os pastores não teriam seus rebanhos no campo (Lucas 2: 8).

·         Os cristãos receberam 25 de dezembro de um feriado pagão.

Por outro lado, às vezes encontramos essas afirmações:

·         Jesus nasceu definitivamente em 25 de dezembro.

·         A Igreja Católica afirma que ele nasceu.

·         A negação disso é um ataque ao cristianismo.

·         Os primeiros cristãos teriam se interessado intensamente no dia do nascimento de Jesus e teriam registrado isso com base na memória de Maria do dia.

Vamos analisar os dois conjuntos de reivindicações, embora primeiro vejamos o ano em que ele nasceu.

O ano em que Jesus nasceu

Uma visão comum- embora incorreta – é que ele nasceu por volta de 6-7 a.C. Isto é baseado na idéia de que Herodes, o Grande, morreu em 4 a.C. e Jesus deve ter nascido cerca de dois anos antes, já que Herodes “matou todos os meninos em Belém e em toda aquela região que tinha dois anos de idade ou menos” (Mateus 2:16).

No entanto, estudos melhores indicam que Herodes morreu em 1 a.C. Isso concorda com os dados dos Evangelhos, que indicam que João Batista começou seu ministério “no décimo quinto ano de Tibério César” (Lucas 3: 1) – ou seja, 29 d.C. – que Jesus foi batizado logo depois (3:21), e que ele começou seu ministério quando tinha “cerca de trinta anos de idade” (3:23).

Se você subtrair trinta anos a partir de 29 de A.D., então – já que não há “Ano Zero” -você pousará em 2 a.C.

Isto concorda com a data dada pelos Padres da Igreja, que esmagadoramente colocam o nascimento de Jesus no quadragésimo segundo ano de Augusto César ou 3/2 a.C. (isto é, a última parte de 3 a.C e a primeira parte de 2 a.C.).

Para mais informações sobre o nascimento de Jesus, veja Jack Finegan, Handbook of Chronicology, 2nd ed., E Andrew Steinmann, From Abraham to Paul.

Agora, para as reivindicações sobre o dia do nascimento de Jesus. . .

“Vigiando seu rebanho”

Lucas diz que os pastores saíram à noite com seu rebanho, mas isso não elimina o dia 25 de dezembro – ou qualquer outra data de inverno.

Os judeus antigos não tinham grandes espaços internos para abrigar ovelhas. Os rebanhos eram mantidos ao ar livre durante o inverno na Judéia, como são em outras partes do mundo hoje, inclusive em lugares onde a neve é comum.

Pesquise na internet por “cuidado das ovelhas no inverno” e você encontrará páginas de proprietários de ovelhas modernas explicando que é perfeitamente bom manter os rebanhos do lado de fora no inverno. Carneiros são adaptados para a vida ao ar livre. É por isso que eles têm lã, que mantém o calor e a umidade do corpo.

Ovelhas são mantidas ao ar livre em Israel durante o inverno ainda hoje:

William Hendricksen cita uma carta datada de 16 de janeiro de 1967, recebida do estudioso do Novo Testamento Harry Mulder, então ensinando em Beirute, na qual este último conta estar no Campo de Pastorio em Belém na recém-passada noite de Natal e diz: Bem perto de nós, alguns rebanhos de ovelhas estavam aconchegados. Mesmo os cordeiros não estavam faltando. . .. Portanto, definitivamente não é impossível que o Senhor Jesus tenha nascido em dezembro” (Jack Finegan, Manual de Cronologia Bíblica, 2ª ed., §569).

Continua...

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Qual é o jeito certo de corrigir uma pessoa?

Di Photobank gallery|Shutterstock

É um dever e uma necessidade corrigir aqueles a quem amamos, mas isso precisa ser feito de maneira correta.

Como você corrige seu filho, seu esposo(a), seu colega, seu subordinado de modo geral? É um dever e uma necessidade corrigir aqueles a quem amamos, mas isso precisa ser feito de maneira correta. Toda autoridade vem de Deus e em Seu nome deve ser exercida. Por isso, com muito jeito e cautela. Mas, afinal, como devemos corrigir uma pessoa?

Não é fácil corrigir uma pessoa que erra; apontar o dedo para alguém e dizer-lhe: “Você errou!”, dói no ego da pessoa; e se a correção não for feita de modo correto pode gerar efeito contrário. Se esta for feita inadequadamente pode piorar o estado da pessoa e gerar nela humilhação e revolta. Nunca se pode, por exemplo, corrigir alguém na frente de outras pessoas, isso a deixa humilhada, ofendida e, muitas vezes, com ódio de quem a corrigiu. E, lamentavelmente, isso é muito comum, especialmente por parte de pessoas que têm um temperamento intempestivo (“pavio curto”) e que agem de maneira impulsiva. Essas pessoas precisam tomar muito cuidado, porque, às vezes, querendo queimar etapas, acabam queimando pessoas. Ofendem a muitos.

Quem erra precisa ser corrigido, para seu bem, mas com elegância e amor. Há pais que subestimam os filhos, os tratam com desdém, desprezo. Alguns, ao corrigi-los, o fazem com grosseria, palavras ofensivas e marcantes. O pior de tudo é quando chamam a atenção dos filhos na presença de outras pessoas, irmãos ou amigos, até do (a) namorado (a). Isso o (a) humilha e o (a) faz odiar o pai e a mãe. Como é que esse (a) filho (a), depois, vai ouvir os conselhos desses pais? O mesmo se dá com quem corrige um empregado ou subordinado na frente dos outros. É um desastre humano!

Gostaria de apontar aqui três exigências para corrigir bem uma pessoa:

1. Nunca corrigir uma pessoa na frente dos outros

Ao corrigir alguém, deve-se chamá-lo a sós, fechar a porta da sala ou do quarto, e conversar com firmeza, mas com polidez, sem gritos, ofensas e ameaças, pois este não é o caminho do amor. Não se pode humilhar a pessoa. Mesmo a criança pequena deve ser corrigida a sós para que não se sinta humilhada na frente dos irmãos ou amigos. Se for adulto, isso é mais importante ainda. Como é lamentável os pais ou patrões que gritam corrigindo seus filhos ou empregados na frente dos outros! Escolha um lugar adequado para corrigir a pessoa.

Gostaria de lembrar que a Igreja, como boa Mãe, garante a nós o sigilo da Confissão, de maneira extrema. Se o sacerdote revelar nosso pecado a alguém, ele pode ser punido com a pena máxima que a instituição criada por Cristo pode aplicar: a excomunhão. Isso para proteger a nossa intimidade e não permitir que a revelação de nossos erros nos humilhe. E nós? Como fazemos com os outros? Só o fato de você dar a privacidade à pessoa a ser corrigida, ao chamá-la a sós, ela já estará mais bem preparada para a correção a receber, sem odiá-lo.

2. Escolha o momento certo para corrigir uma pessoa

Não se pode chamar a atenção de alguém no momento em que a pessoa errada está cansada, nervosa ou indisposta. Espere o melhor momento, quando ela estiver calma. Os impulsivos e coléricos precisam se policiar muito nestes momentos porque provocam tragédias no relacionamento. Com o sangue quente derramam a bílis – às vezes mesmo com palavras suaves – sobre aquele que errou e provocam no interior deste uma ferida difícil de cicatrizar. Pessoas assim acabam ficando malvistas no seu meio.

Pais e patrões não podem corrigir os filhos e subordinados dessa forma, gritando e ofendendo por causa do sangue quente. Espere, se eduque, conte até 10 dez, vá para fora, saia por um tempo da presença do que errou; não se lance afoito sobre o celular para o repreender “agora”. Repito: a correção não pode deixar de ser feita; a punição pode ser dada, mas tudo com jeito, com galhardia. Estamos tratando com gente e não com gado.

3. Use palavras corretas

Às vezes, um “sim” dito de maneira errada é pior do que um “não” dito com jeito. Antes de corrigir alguém, saiba ouvi-lo no que errou. Dê-lhe o direito de expor com detalhes e com tempo o que fez de errado, e por que fez aquilo errado. É comum que o pai, o patrão, o amigo, o colega, precipitados, cometam um grave erro e injustiça com o outro. O problema não é a correção a aplicar, mas o jeito de falar, sem ofender, sem magoar, sem humilhar, sem ferir a alma.

Nunca me esqueci de uma correção que o meu pai nos deu quando eu e meus oito irmãos éramos ainda pequenos. De vez em quando nós nos escondíamos para fumar escondidos dele. Nossa casa tinha um quintal grande e um pequeno quarto no fundo do quintal; lá a gente se reunia para fumar.

Um dia nosso pai nos pegou fumando; foi um desespero… Eu achei que ele fosse dar uma surra em cada um; mas não, me lembro exatamente até hoje, depois de quase cinquenta anos, a bela lição que ele nos deu. Lembro-me bem: nos reuniu no meio do quintal, em círculo, depois pediu que lhe déssemos um cigarro; ele o pegou, acendeu-o, deu uma tragada e soprou a fumaça na unha do dedo polegar, fazendo pressão, com a boca quase fechada. Em seguida, mostrou a cada um de nós a sua unha amarelada pela nicotina do cigarro. E começou perguntando: “Vocês sabem o que é isso, amarelo? É veneno; é nicotina; isso vai para o pulmão de vocês e faz muito mal para a saúde. É isso que vocês querem?”

Em seguida ele não disse mais nada; apenas disse que ele fumava quando era jovem, mas que deixou de fazê-lo para que nós não aprendêssemos algo errado com ele. Assim terminou a lição; não bateu em ninguém e não xingou ninguém; fomos embora. Hoje nenhum de meus irmãos fuma; e eu nunca me esqueci dessa lição. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que “o que não se pode fazer por amor, não deve ser feito de outro jeito, porque não dá resultado”.

E se você magoou alguém, corrigindo-o grosseiramente, peça perdão logo; é um dever de consciência.

Aleteia

Vítima, alimento e amigo

Guadium Press
Genuflexos diante do mistério do Natal, consideremos três modalidades da presença eucarística de Jesus: como Vítima, como alimento e como amigo.

Redação (02/12/2020 12:23, Gaudium Press) Dezembro! Genuflexos diante do mistério do Natal, consideremos três modalidades da presença eucarística de Jesus: como Vítima, como alimento e como amigo.

Vítima. Esta forma de presença nos é clara e evidente, sendo uma das verdades centrais de nossa Fé que Cristo morreu na Cruz para nos redimir.

Foi no marco de sua Paixão que, no Cenáculo, Nosso Senhor instituiu a Eucaristia anunciando e antecipando sua imolação: “Este é o meu Corpo que será entregue, este é o meu Sangue que será derramado”. No dia seguinte, consumou o sacrifício no Calvário.

Na Missa, o mesmo sacrifício da Cruz é renovado e atualizado sobre o altar, embora de forma incruenta. Pela Cruz se operou a Redenção; através da Missa, essa Redenção se perpetua e é aplicada aos fiéis. Por isso, a celebração eucarística é, antes de tudo, um culto sacrificial, uma oblação, ainda que uma certa teologia errônea a apresente como se fosse principalmente uma festa ou um jantar.

Mas já na manjedoura, o Menino Jesus se oferece ao Pai. Todos os inconvenientes daquela noite fria de inverno naquela gruta, depois que as portas e os corações da cidade foram fechados, são redentores. A madeira da manjedoura prefigura a árvore da Cruz, e os panos que envolviam o Menino, o sudário que acolheu o seu corpo morto. Hoje, como se sabe, o Santo Sudário é venerado em Turim, e algumas tábuas da manjedoura, em uma Basílica de Roma. São relíquias de imenso valor… que são pouco, ao lado da presença real eucarística!

Guadium Press

Alimento. Jesus se definiu como “Pão da Vida” e instituiu o Sacramento para se dar como alimento. Trata-se de um alimento completo, não simbólico, nem suposto ou evocativo, de um alimento que sustenta e fortalece a vida da alma que caminha para a Pátria. O capítulo VI do Evangelho de São João trata da Eucaristia como alimento necessário para a salvação. É por isso que se diz com razão que a Comunhão já é o céu na terra e semente de glória.

É sugestivo que nas línguas daquela região, Belém signifique “casa da carne” em árabe e “casa do pão” em hebraico. Outro fato eloquente: a Criança estava reclinada em uma manjedoura, um recipiente onde os animais se alimentam. Alimento… e os Anjos, os pastores e os magos que chegaram junto com o Menino, não são uma figura antecipada das legiões de adoradores e comungantes?

Amigo. Esta visão parecerá, para alguém que esteja afetado por resquícios do rigorismo jansenista, muito “humana” ou, talvez, até atrevida. Esse objetor dirá que a distância infinita entre o Criador e a criatura torna a proximidade e a amizade impossíveis. Não é assim, e a pequenez frágil, graciosa e acolhedora do recém-nascido na humilde gruta, nos introduz nesta realidade.

“Deus é amor” (1 Jo 4, 16) Será o amor -palavra tão deturpada- apenas um sentimento nobre, uma afeição vivida intensamente, um palpite passageiro? “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará” (1 Cor 13, 4-8). Mas, atenção, amor não é “algo”, mas “Alguém”.

Porque se diria que todas essas virtudes delineadas por São Paulo se aplicam a pessoas boas, excelentes, santas, mas apenas às criaturas humanas. Também a Deus? Sim, a Deus, que, em substância, é essas e todas as demais virtudes. A Deus que, além disso, assumiu nossa natureza. Releiamos o texto paulino e apliquemos cada um desses traços ao nascido em Belém que bem poderia fazer parte de seu pedido de desculpas.

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A verdade é que, para tratar destes temas inefáveis, faltam palavras adequadas para expressar o encanto suscitado pelo mistério do Amor eterno, pródigo e gratuito do Senhor. Sim, Jesus é o mais fiel e excelente dos amigos.

Na Bíblia, vemos uma amizade íntima entre Ruth e Noemi, ou entre Davi e Jônatas… pois são pálidos reflexos da que o Salvador deseja manter com cada batizado. Sempre desejoso de relacionar-se: “As minhas delícias são estar com os filhos dos homens” (Prov. 8, 31), Ele quis ficar no Sacramento da Eucaristia precisamente para comunicar-se com os seus, “a quem chamou de amigos” ( Lc 12, 4). Além disso, declarou: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. (Jo 15,12-13) Ele chegou a dar a vida… pelos seus inimigos!

Assim sendo, ao recebê-lo na Comunhão, não o imaginemos chegando ao nosso encontro com desgosto, com ar de inquisidor. Ele vem da mesma forma como entrava na casa dos enfermos que ia curar: com afeto, semblante sereno, cheio de bondade, pronto para nos ouvir e ansioso para nos fazer bem. E naquela pequena “gruta” que é o tabernáculo, ou nessa dilatada “manjedoura”, o altar, onde o Senhor desce e repousa sobre os corporais, sempre nos espera para dar-nos os benefícios redentores de uma refeição e de uma amizade privilegiadas.

Diante de tanta exuberância de amor assim manifestada -prenda de dons ainda maiores Daquele que não se deixa vencer em generosidade- surge uma pergunta: O que a Providência nos reservará para os dias incógnitos vindouros?

Uma coisa é certa: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará”, profetizou a Mãe em Fátima. É certo que o Coração da Esposa do Divino Espírito Santo nos surpreenderá com novas, grandes e surpreendentes graças. Por exemplo, fazendo ainda mais próxima e sensível a presença de ambos -Marido e Mãe- em um mundo regenerado: será uma era eucarística e marial, o Reino de Maria.

Mairiporã, Brasil, 1º de dezembro de 2020.

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF