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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Arquidiocese de Brasília se prepara para a posse do seu 5° arcebispo, Dom Paulo Cezar

ArqBsB

Obs: A inscrição para participar da missa deverá ser feito através dos números de WhatsApp abaixo:

  • Inscrição Clero – missa 12/12 na Catedral de Brasília, às 10h00, clique aqui  –  (61) 99994-2518
  • Representantes paroquiais e leigos – missa em Brazlândia 13/12, às 10h00 –  Clique aqui  –  (61)  99819-9428

Nomeado pelo papa Francisco a Arcebispo da Arquidiocese de Brasília, Dom Paulo, até então Bispo Diocesano de São Carlos (SP), tem sua posse marcada para o dia 12 de dezembro, dia de Nossa senhora de Guadalupe, às 10h30 na Catedral Metropolitana de Brasília.

Respeitando o distanciamento social, para conter o contágio da COVID-19, a cerimônia de posse do 5º Arcebispo de Brasília será restrita a um grupo. Dentre esses, representantes do clero, religiosos, autoridades convidados e familiares de Dom Paulo. Bispos do regional

A missa poderá ser acompanhada, ao vivo, pelo canal do YouTube da Arquidiocese de Brasília e pela rádio Nova Aliança 103,3 FM e 710 AM e emissoras católicas regionais.

Já no dia 13/12, domingo, a Arquidiocese de Brasília convida o povo a participar primeira missa de acolhida ao novo arcebispo no Santuário Menino Jesus em Brazlândia, às 10h00. Essa celebração, por conta da necessidade de distanciamento, terá um número reduzido de fieis.

Em entrevista a SeCom ArqBrasilia, Dom Paulo Cezar fala que está se preparando para entrar na vida dessa grande arquidiocese. “O coração esta nesse tempo de preparação para a mudança, para o novo. Peço que rezem e me esperam numa atitude oração para que possa entrar na vida dessa igreja com muita alegria e esperança, buscando realizar aqui, a vontade de Deus.”

Biografia

Dom Paulo Cezar Costa nasceu em Valença (RJ), em 20 de julho de 1967, recebeu sua Ordenação Sacerdotal em 5 de dezembro de 1992.

Sendo nomeado Bispo pelo Papa Bento XVI em 24 de novembro de 2010 e foi ordenado em 5 de fevereiro de 2011, no Rio de Janeiro. Como lema de ordenação Espiscopal escolheu a frase “Tudo suporto pelos eleitos” (2 Tm 2,10). Em 22 de junho de 2016 o Papa Francisco nomeou como o 7º Bispo da Diocese de São Carlos. Sua posse canônica aconteceu no dia 06 de agosto de 2016.

Graduado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (1998) e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (2001) Dom Paulo Cezar Costa, teve sua caminhada eclesial marcada pela organização da Jornada Mundial da Juventude no Brasil que reuniu mais de quatro milhões de jovens junto do Papa Francisco.

Atualmente, é responsável pelo Setor Universidades da Igreja no Brasil da Comissão Episcopal Pastoral para Educação e Cultura, membro do Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e membro do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM); em Roma é membro da Pontifícia Comissão para América Latina e do Pontifício Conselho para Unidade dos Cristãos. (Texto: Diocese de São Carlos)

Arquidiocese de Brasília

Das Meditações de Santo Anselmo, bispo

Imaculada Conceição | liturgiadashoras

Oratio 52: PL 158,955-956         sec.XII

 

Ó Virgem, pela tua benção é abençoada a criação inteira!

O céu e as estrelas, a terra e os rios, o dia e a noite, e tudo quanto obedece ou serve aos homens, congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por ti de certo modo ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável. Todas as coisas pareciam mortas, ao perderem sua dignidade original que é estar em poder e a serviço dos que louvam a Deus. Para isto é que foram criadas. Estavam oprimidas e desfiguradas pelo mau uso que delas faziam os idólatras, para os quais não haviam sido criadas. Agora, porém, como que ressuscitadas, alegram-se pois são governadas pelo poder e embelezadas pelo uso dos que louvam a Deus.

Perante esta nova e inestimável graça, todas as coisas exultam de alegria ao sentirem que Deus, seu Criador, não apenas as governa invisivelmente lá do alto, mas também está visivelmente neles, santificando-as com o uso que delas faz. Tão grandes bens procedem do bendito fruto do sagrado seio da Virgem Maria.

Pela plenitude da sua graça, aqueles que estavam na mansão dos mortos alegram-se, agora libertos;e os que estavam acima do céu rejubila-se renovados. Com efeito, pelo fim se seu cativeiro, e os anjos se congratulam pela restauração de sua cidade quase em ruínas.

Ó mulher cheia e mais que cheia de graça, o transbordamento de tua plenitude faz renascer toda criatura! Ò Virgem bendita e mais que bendita, pela tua benção é abençoada toda a natureza, não só as coisas criadas pelo Criador, mas também o Criador pela criatura!

Deus deu a Maria o seu próprio Filho único, gerado de seu coração, igual a si, a quem amava como si mesmo. No seio de Maria, formou seu filho, não outro qualquer, mas o mesmo, para que, por natureza, fosse realmente um só e o mesmo Filho de Deus e de Maria! Toda a criação é obra de Deus, e Deus nasceu de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria deu à luz Deus! Deus que tudo fez, formou-se a si próprio no seio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele que pode fazer tudo do nada, não quis refazer sem Maria o que fora profanado.

Por conseguinte, Deus é o pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai da CRIAÇÃO UNIVERSAL, E Maria a mãe da redenção universal. Pois Deus gerou aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou aquele sem o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz aquele sem o qual nada absolutamente é bom.

Verdadeiramente o Senhor é contigo, pois quis que toda a natureza reconheça que deve a ti, juntamente com ele, tão grande benefício.


https://liturgiadashoras.online/

Jesus nasceu em 25 de dezembro? (Parte 6/7)

Nascimento de Jesus | Caravaggio

Os pais da igreja pesam

Embora o Novo Testamento não cite um dia específico como a data do nascimento de Jesus, alguns dos Pais da Igreja o fazem.

Por volta de 194 dC, Clemente de Alexandria declarou que “desde o nascimento do Senhor até a morte do [imperador] Cômodo compreende 194 anos um mês e treze dias” (Miscellanies [Stromateis] 1: 21: 145: 5). Calculando ao contrário do assassinato de Cômodo em 31 de dezembro de 192, isso colocaria o nascimento de Cristo em 18 de novembro, 3 a.C.

Clemente também relata que houve alguns que afirmaram que ocorreu no vigésimo quinto do mês egípcio de Pachon, o que corresponderia a 20 de maio daquele ano (1: 21: 145: 6).

Ele ainda relata que alguns seguidores do gnóstico Basilides disseram que foi no vigésimo quarto ou vigésimo quinto do mês egípcio Pharmouthi, que apontaria para 19 ou 20 de abril (1: 21: 146: 4).

Assim, vemos que, no final do segundo século, várias datas diferentes para o nascimento de Jesus estavam sendo propostas.

Por volta de 204, Santo Hipólito de Roma escreveu que “o primeiro advento de nosso Senhor em carne, quando nasceu em Belém, foi oito dias antes das Calendas de janeiro, o quarto dia [ou seja, quarta-feira], enquanto Augusto estava em seu quadragésimo segundo ano [ou seja, 3/2 aC] ”(Comentário sobre Daniel 4: 23: 3). As Calendas eram o primeiro dia do mês, e oito dias antes de 1 de janeiro é 25 de dezembro.

Este é o registro mais antigo que temos do nascimento de Jesus em 25 de dezembro. Ele precede por setenta anos a época em que o Imperador Aureliano fez do Sol Invictus um culto romano, e precede por cento e cinquenta anos a mais antiga referência ao Sol Invictus sendo celebrado em 25 de dezembro – essa afirmação é baseada na Cronografia de 354 dC

A Parte 6 da Cronografia lista os seguintes para o oitavo dia antes das Calendas de Janeiro: “Aniversário do Inconquistável, jogos ordenados, trinta [corridas de cavalos].” Esta pode muito bem ser uma referência a um feriado pagão, mas desde que o calendário foi composto após a conversão de Constantino, isso não é totalmente certo.

A parte 12 da Cronolografia, que é um calendário da comemoração dos mártires, lista o seguinte: “Oito dias antes das Calendas de Janeiro: Nascimento de Cristo em Belém da Judéia”.

Em 386, São João Crisóstomo pregou uma homilia em 20 de dezembro – o memorial de São Filogônio – no qual ele observou que “o dia do nascimento de Cristo na carne” está prestes a chegar em “um período de cinco dias”, ou em 25 de dezembro (Sobre a natureza incompreensível de Deus 6:23, 30).

Finalmente, por volta de 408, Santo Agostinho escreve que “segundo a tradição ele [Jesus] nasceu em 25 de dezembro” (A Trindade 4: 5).

Embora a tradição de 25 de dezembro estivesse se tornando bem estabelecida, não era a única em circulação.

Por volta de 375, Santo Epifânio de Salamina ofereceu uma contagem extremamente precisa do nascimento de Cristo, afirmando: “Cristo nasceu no mês de janeiro, isto é, no oitavo antes dos idos de janeiro – no calendário romano esta é a noite de 5 de janeiro, no início de 6 de janeiro ”(Panarion 51: 24: 1). Ele também observou que uma seita conhecida como Alogoi mantinha a mesma data (51: 29: 2-5).

Por fim, tanto o dia 25 de dezembro quanto o dia 6 de janeiro encontraram lugares no calendário da Igreja, sendo este último usado para comemorar a visita dos Magos e o batismo de Jesus.

Portal Apologistas da Fé Católica

Qual é a diferença entre um padre, um monge e um frade?

Jeffrey Bruno

Finalmente uma explicação breve e clara sobre a diferença entre estes três termos tão confundidos pela linguagem popular.

As palavras “sacerdote” (padre), “frade” e “monge” são termos ambíguos e flexíveis. Na linguagem popular, são aplicados sem propriedade, como se os três fossem equivalentes. No entanto, não querem dizer a mesma coisa.

Um sacerdote (padre), na Igreja Católica, é um homem que recebeu o sacramento da Ordem Sacerdotal e que, em virtude de tal sacramento, pode celebrar o sacrifício da Missa e realizar outras tarefas próprias do ministério pastoral.

Um padre pode pertencer a uma ordem ou família religiosa, ou a uma diocese. Todos os padres, diocesanos ou religiosos, são celibatários e devem obediência a seus superiores:

  • Um padre diocesano promete obediência solene a seu bispo;
  • Um padre religioso (como um dominicano ou franciscano) promete obediência ao seu superior, geralmente chamado de “provincial”;
  • Um sacerdote monástico promete obediência a seu abade (se estiver morando em uma abadia) ou ao prior (em um priorado).

Os padres diocesanos não fazem voto de pobreza e podem possuir e herdar propriedades.

Os padres pertencentes a uma ordem religiosa (como os franciscanos, dominicanos, etc) ou a uma comunidade monástica (como os beneditinos ou os cistercienses) fazem votos de pobreza, renunciando em favor de sua comunidade qualquer renda que geram através de suas obras.

Assim, um escritor dominicano que lucra com seus livros transfere seus ganhos para a Ordem dos Pregadores. Um escritor trapista entregará seus ganhos para o benefício de toda sua comunidade.

Monges e frades

Um monge ou frade, no entanto, é uma pessoa que fez os votos de pobreza, castidade e obediência e pertence a uma congregação ou família religiosa concreta (franciscanos, jesuítas, dominicanos etc.). Pode coincidir, além disso, de que tal religioso seja um sacerdote, mas não necessariamente. Sua vocação não é obrigatoriamente ao sacerdócio.

Mas qual é a diferença entre um monge e um frade? Isso tem a ver com a origem de cada palavra: “monge” vem do latim tardio “monachus”, palavra para designar os anacoretas, e que já em sua raiz tinha implícito o significado de “solidão”.

Isso se relaciona ao surgimento das primeiras experiências de vida contemplativa (nos séculos IV-VI d.C.), como, por exemplo, os Padres do Deserto, eremitas que abandonavam o mundo e viviam no deserto, ou São Bento de Núrsia, fundador da ordem religiosa mais antiga do Ocidente, os beneditinos.

Um monge, portanto, é um termo mais adequado para referir-se a homens consagrados que vivem em conventos, dedicados inteiramente à oração e à penitência. É o caso das ordens contemplativas, como a dos Cartuxos.

Frade, por outro lado, é um termo mais moderno, que procede da Idade Média (do provençal “fraire”) e significa “irmão”. A palavra “frade” é empregada para ordens dedicadas à vida ativa, como os franciscanos ou hospitalários.

O uso desta palavra se relaciona ao surgimento das ordens mendicantes na Baixa Idade Média, que supuseram uma grande mudança na vida religiosa: estes novos religiosos já não se fechavam em conventos afastados das pessoas para se dedicar à oração, senão que estavam nas cidades, dedicados aos pobres, ao ensino, aos doentes etc.

Aleteia Brasil

4 lições espirituais dos monges orientais para a nossa vida cotidiana

Meister der Sophien-Kathedrale | PD
por Philip Kosloski

A sabedoria dos Padres do Deserto tem o poder de transformar a nossa vida diária.

A consagração pessoal a Deus dentro de uma comunidade foi se desenvolvendo em dois ramos distintos na história do cristianismo: o oriental e o ocidental.

Surgiu primeiro o monaquismo oriental, que influenciou São Bento na fundação da vida monástica no Ocidente.

Monaquismo oriental

As raízes espirituais do monaquismo oriental remontam a São Paulo Eremita, no século III, e a Santo Antônio, o Grande, pouco tempo depois. Sua formalização, porém, ocorreu com São Basílio de Cesareia e São Pacômio, no século IV. Por volta do ano 357, São Basílio viajou para a Palestina, o Egito, a Síria e a Mesopotâmia a fim de estudar a vida dessas comunidades monásticas e descobrir o seu segredo da santidade.

Embora admirasse o ascetismo severo e a devota vida de oração que os eremitas viviam, São Basílio considerou que os mosteiros precisavam de equilíbrio. Ele então escreveu uma espécie de “regra” para governar o cotidiano dos monges e moderar o seu modo extremo de vida. Graças ao grande sucesso dessa regularização, São Basílio seria reconhecido, mais tarde, como o “pai do monaquismo oriental”.

Essa vida completamente dedicada a Deus tem muito a nos ensinar no século XXI. A sabedoria de São Basílio e dos Padres do Deserto influenciou inúmeros santos ao longo dos séculos e ainda hoje é altamente relevante.

Estas são quatro lições espirituais que podemos aprender do monasticismo oriental e aplicar em nossa vida de todos os dias:

1 – Ore sem cessar

São Basílio escreve:

“Devemos rezar sem cessar? É possível obedecer a tal mandamento? (…) A força da oração reside mais no propósito da nossa alma e nos atos de virtude que estendemos a cada parte e momento da nossa vida. ‘Seja que comais’, está escrito, ‘seja que bebais, ou o que quer que façais, tudo fazei para a glória de Deus’. Ao te sentares à mesa, reza. Ao levantares o pão, dá graças ao Criador (…) Ao vestires a túnica, dá graças ao Doador. Ao te envolveres no manto, sente um amor ainda maior por Deus, que, no verão e no inverno, provê nossas vestes convenientes, tanto para nos preservar a vida quanto para cobrir o que é impróprio à vista. Finda já o dia? Dá graças a Ele, que nos deu o sol para o nosso trabalho diário e nos fornece o fogo para iluminar a noite”.

Em essência: viva sempre em espírito de ação de graças, lembrando-se de Deus em todas as atividades. Assim viveremos a exortação de São Paulo a “rezar sem cessar”, pois não só com palavras sem faz oração!

2 – Renove a sua alma com um “deserto” semanal

Em uma carta a São Gregório Nazianzeno, São Basílio escreve:

“A quietude é o primeiro passo para a limpeza da alma. A solidão é de grande utilidade quando aplaca as paixões e dá lugar ao princípio de cortá-las da alma”.

Há uma razão pela qual Deus nos deu um dia semanal de descanso: precisamos não apenas descansar, mas renovar a alma e experimentar a quietude. Não fomos feitos para trabalhar sete dias por semana. Quando chega o domingo, faça dele um dia de descanso e quietude, de acordo com o seu estado de vida.

3 – Sirva aos pobres em todos os momentos

Os monges do deserto egípcio geralmente não viam muita gente, mas São Basílio recomendou aos seus monges que servissem aos pobres o máximo possível. Os monges fizeram isso com diligência, dando todas as suas posses aos pobres e continuando a apoiá-los mediante o seu trabalho em solidão.

São Basílio lembrava aos monges que o ato de retirar-se do mundo não os dispensava de servir aos outros, porque a sua fé cristã devia ser demonstrada no amor aos pobres.

4 – Jejue para desarraigar pecados particulares

Jejuar pode ser difícil, mas os padres do deserto viam no jejum um meio primordial de erradicar o pecado na vida de uma pessoa. Se o pecado deriva das nossas paixões, abster-nos da paixão corporal pela comida nos fortalece contra as outras paixões rebeladas.

São Basílio recomenda moderação no jejum, considerando que a saúde e os deveres são mais importantes do essa prática. Embora digno como todo meio espiritual, o jejum deve ser vivido com intenção reta, evitando o espírito de competição que se verificava, algumas vezes, nos primeiros mosteiros: sim, alguns monges “competiam” para ver quem se abstinha de comida durante mais tempo. É comum, aliás, que a soberba humana contamine práticas piedosas e as desvie do seu sentido autêntico, destruindo seus méritos.

Aleteia

Imaculada Conceição: Papa vai de surpresa para rezar a Nossa Senhora na Praça de Espanha

O Papa Francisco reza no monumento à Imaculada Conceição.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 08 dez. 20 / 08:35 am (ACI).- Em privado, e sem a presença dos fiéis, o Papa Francisco foi na manhã desta terça-feira, 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, rezar diante do monumento mariano que se encontra na Praça de Espanha de Roma.

Desta forma, o Pontífice não quis deixar de cumprir esta tradição, apesar de terem anunciado que este ano não seria realizada devido à pandemia do coronavírus.

Às 7h (hora local) e sob a intensa chuva que há dias não para de cair sobre a capital italiana, e que provocou uma notável elevação do rio Tibre, o Santo Padre foi até a Praça de Espanha para, segundo o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, "realizar um ato de veneração de forma privada a Maria Imaculada".

O Papa, “com as primeiras luzes do alvorecer, debaixo de chuva, depositou um ramo de rosas brancas na base da coluna onde se encontra a imagem de Nossa Senhora, e dirigiu-se a ela em oração para que vele com amor por Roma, por seus habitantes, confiando a ela todos aqueles que nesta cidade e no mundo sofrem com a doença e o desânimo”.

Durante todo o tempo que durou a breve visita, o Papa usou a máscara e manteve uma distância segura dos demais participantes. Junto a ele, cercando a praça, havia uma grande presença de soldados e bombeiros que fizeram sua tradicional oferenda de flores a Nossa Senhora.

https://twitter.com/i/status/1336201894910291969

Segundo Bruni, no final deste breve tempo de veneração diante da imagem da Imaculada, que se ergue sobre uma coluna em frente à embaixada da Espanha junto à Santa Sé, o Pontífice dirigiu-se à Pontifícia Basílica de Santa Maria Maior.

Lá, “rezou diante do ícone de Maria Salus Popoli Romani e celebrou a missa na capela do presépio. Logo depois, regressou ao Vaticano”.

Este monumento à Imaculada Conceição da Praça de Espanha de Roma é um dos mais emblemáticos da capital italiana. É uma imagem de bronze da Virgem Maria que fica em uma coluna de 12 metros em uma base na qual os quatro evangelistas estão representados.

É uma obra do escultor Giuseppe Obici, inaugurada em 8 de dezembro de 1857, por 220 bombeiros. Por isso, nesta data, os bombeiros de Roma prestam uma emocionante homenagem à Virgem, em que um bombeiro sobe ao topo da escada do caminhão de bombeiros e coloca uma coroa de flores no braço da Virgem.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

8 coisas que precisa saber sobre a Imaculada Conceição

Imaculada Conceição | ACI Digital

REDAÇÃO CENTRAL, 08 dez. 20 / 06:00 am (ACI).- Neste dia 8 de dezembro, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição, doutrina de origem apostólica foi proclamado dogma pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, com a bula “Ineffabilis Deus”.

Para entender melhor este dogma, apresentamos a seguir oito coisas que deve saber:

1. A quem se refere a Imaculada Conceição?

Há uma ideia popular de que se refere à concepção de Jesus pela Virgem Maria. Entretanto, não é a este fato que se refere esta solenidade, mas sim à maneira especial em que Maria foi concebida. Esta concepção não foi virginal (ou seja, ela teve um pai humano e uma mãe humana), mas foi especial e única de outra maneira ...

2. O que é a Imaculada Conceição?

A explicação está no Catecismo da Igreja Católica:

490. Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria “foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão”. O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.

491. Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX:

“Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição”.

3. Isso significa que Maria nunca pecou?

Sim. Devido à forma de redenção que foi aplicada a Maria no momento de sua concepção, ela não só foi protegida do pecado original, mas também do pecado pessoal. O Catecismo explica:

493. Os Padres da tradição oriental chamam ã Mãe de Deus “a toda santa” (“Panaghia”), celebram-na como “imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura”. Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.

4. Quer dizer que Maria não precisava que Jesus morresse por ela na cruz?

Não. O que dissemos é que Maria foi concebida imaculadamente como parte de seu ser “cheia de graça” e assim “redimida desde a sua conceição” por “uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano”. O Catecismo afirma:

492. Este esplendor de uma “santidade de todo singular”, com que foi “enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição”, vem-lhe totalmente de Cristo: foi “remida de um modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho”. Mais que toda e qualquer outra pessoa  criada, o Pai a “encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1, 3). “N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença” (Ef 1, 4).

508. Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do seu Filho. “Cheia de graça”, ela é “o mais excelso fruto da Redenção”. Desde o primeiro instante da sua concepção, ela foi totalmente preservada imune da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao longo da vida.

5. Como isso faz um paralelo entre Maria e Eva?

Adão e Eva foram criados imaculados – sem pecado original ou sua mancha. Ambos caíram em desgraça e, através deles, a humanidade estava destinada a pecar.

Cristo e Maria também foram concebidos imaculados. Ambos permaneceram fiéis e, através deles, a humanidade foi redimida do pecado.

Jesus é o novo Adão e Maria, a nova Eva.

O Catecismo diz:

494 ...“ Como diz Santo Irineu, ‘obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano’. Eis porque não poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações, que ‘o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé’; e, por comparação com Eva, chamam Maria a ‘Mãe dos vivos’ e afirmam muitas vezes: ‘a morte veio por Eva, a vida veio por Maria’”.

6. Como isso torna Maria um ícone do nosso destino?

Aqueles que morrem na amizade com Deus e assim vão para o céu serão libertados de todo pecado e mancha de pecado. Assim, todos voltaremos a ser “imaculados” (latim, immaculatus = “sem mancha”), se permanecermos fiéis a Deus.

Mesmo nesta vida, Deus nos purifica e prepara em santidade e, se morrermos na sua amizade, mas ainda imperfeitamente purificados, Ele nos purificará no purgatório e nos tornará imaculados de novo. Ao dar a Maria esta graça desde o primeiro momento de sua concepção, Deus nos mostra uma imagem de nosso próprio destino. Ele nos mostra que isso é possível para os seres humanos através da sua graça. São João Paulo II disse:

“Contemplando este mistério numa perspectiva mariana, podemos afirmar que ‘Maria é, ao lado do seu Filho, a imagem mais perfeita da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos. É para ela, pois, que a Igreja, da qual ela é mãe e modelo, deve olhar para compreender, na sua integralidade, o sentido de sua missão’”.

“Fixemos, então, o nosso olhar sobre Maria, imagem da Igreja peregrina no deserto da história, mas dirigida para a meta gloriosa da Jerusalém celeste, onde resplandecerá como Esposa do Cordeiro, Cristo Senhor”.

7. Era necessário para Deus que Maria fosse imaculada na sua concepção para que pudesse ser Mãe de Jesus?

Não. A Igreja fala apenas da Imaculada Conceição como algo que era “apropriado”, algo que fez de Maria uma “morada apropriada” (ou seja, uma moradia adequada) para o Filho de Deus, não algo que era necessário. Assim, em preparação para definir do dogma, o Papa Pio IX declarou:

“...e, por isso, afirmaram (os Padres da Igreja) que a mesma santíssima Virgem foi por graça limpa de toda mancha de pecado e livre de toda mácula de corpo, alma e entendimento, que sempre esteve com Deus, unida com ele com eterna aliança, que nunca esteve nas trevas, mas na luz e, de conseguinte, que foi aptidíssima morada para Cristo, não por disposição corporal, mas pela graça original”.

“Pois não caía bem que Aquele objeto de eleição fosse atacado, da universal miséria pois, diferenciando-se imensamente dos demais, participou da natureza, não da culpa; mais ainda, muito mais convinha que como o unigênito teve Pai no céu, a quem os serafins exaltam por Santíssimo, tivesse também na terra Mãe que não houvesse jamais sofrido diminuição no brilho de sua santidade “.

8. Como celebramos a Imaculada Conceição hoje?

No rito latino da Igreja Católica, a Solenidade da Imaculada Conceição é no dia 8 de dezembro e em muitos países é uma festa de guarda; portanto, os fiéis católicos devem assistir à Missa.

Publicado originalmente em National Catholic Register.

ACI Digital

Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Vatican News

Reflexão para a Solenidade da Imaculada Conceição

"Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus... Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!"

Pe. Cesar Augusto dos Santos - Cidade do Vaticano

A primeira leitura da liturgia de hoje, Gênesis 3, versículos de 9 a 15 é o chamado protoevangelho porque nos fala, ainda que de um modo remoto e impreciso, da salvação, da atuação do Messias.

Deus oferece ao homem sua amizade, mas ele prefere escutar a serpente, prefere dar vasão ao desejo de autossuficiência. Com essa atitude de se colocar como centro, o homem prejudica seu relacionamento com as demais pessoas, com a natureza e com Deus.

Como a rejeição a Deus é automaticamente rejeição à Vida e à felicidade sem fim, o homem atraiu sobre si e sobre a natureza a maldição, abrindo as portas ao sofrimento e à morte.

Contudo Deus é Pai, é Vida e não pode permitir o triunfo da morte, a danação de suas criaturas, especialmente do homem, criado à sua imagem e semelhança. Exatamente no momento da rejeição do símbolo da autossuficiência, Deus anuncia a vitória da descendência humana sobre o pecado, é a vitória de Cristo em sua Paixão, quando se descentraliza para estar totalmente voltado para o Pai, para a Vida, não fazendo a sua vontade, mas a de Seu Pai.

Adão e Eva estão nus, isto é, estão sem a proteção de Deus, colocando suas esperanças apenas em sua autossuficiência. Maria é saudada pelo anjo como a cheia de graça e a plena de Deus, de Vida. Ela se descentralizou ao dizer que era a Serva do Senhor e permitindo que se fizesse nela a palavra do anjo.

Por um privilégio concedido por Deus, Maria foi a única exceção humana a não dar sua adesão ao pecado. Ela foi a obra-prima da graça de Deus, perfeita em sua adesão livre à missão dada pelo Pai e geradora não apenas do Messias, mas origem da própria Igreja. O prefácio da missa a chama de “primícias da Igreja”.

Celebrando sua Imaculada Conceição, celebramos sua total pertença a Deus.

A segunda leitura, extraída da Carta de São Paulo aos Efésios, fala do projeto de Deus a nosso respeito, de nossa vocação, de nossa destinação. Do mesmo modo que Maria, fomos redimidos pelo sangue de Jesus e destinados à felicidade sem fim.

Cada um de nós é criado por Deus para ter uma missão neste mundo, missão unida à Cristo, como foi a de Maria. Ela, concebida sem o pecado das origens, foi toda um sim ao Pai e, por isso, gerou o Filho, plena do Espírito Santo.

Também nós, redimidos por Jesus Cristo, poderemos colaborar com o Pai em seu projeto grandioso para com cada ser humano, permitindo que o Espírito Santo conduza nossa vida. Não é para um projeto próprio, fadado ao insucesso, que fomos convocados, mas a um projeto feito por Deus, onde a fraternidade e a obediência ao Amor são as leis máximas.

Vatican News

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A libertação que vem do Evangelho

Canção Nova

O Magistério e a ação pastoral do papa Francisco são o fruto maduro da Conferência Geral do episcopado latino americano, realizada no Brasil, no santuário mariano nacional de Aparecida em maio de 2007 da qual o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi protagonista e figura de destaque. A Conferência de Aparecida indicou no “discípulo missionário” o sujeito da presença da Igreja na sociedade para que os povos latino-americanos tenham vida plena. O sujeito é quem tem consciência de si mesmo, de sua originalidade e  missão. O novo sujeito que está na origem da libertação cristã nasce de algo diferente do puro dinamismo natural, não é fruto do esforço humano e nem mesmo do planejamento pastoral. A originalidade é dada pela irrupção do Espírito na história. Daqui procede a força profética da Igreja na América Latina, que assume  a missão proclamada por Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu e me enviou para levar aos pobres a boa notícia” (Lc 4, 18). Daí a vigorosa afirmação da evangélica opção preferencial pelos pobres. Trata-se exatamente e simplesmente da pobreza evangélica e do testemunho de vida em meio às pessoas como vemos no ser e no agir do Papa Francisco.

A disputa aberta na teologia latino-americana não era tanto sobre o uso da análise marxista (amplamente admitida em certos pontos da galáxia da Teologia da Libertação) e menos ainda sobre a necessidade de mediação das ciências sociais, mas sobre a origem da novidade cristã e sobre o seu impacto específico na sociedade dominada pela injustiça, pela exploração do capitalismo neo-liberal e pela pobreza escandalosa do continente latino-americano. O longo iter que levou às duas instruções da Congregação para a Doutrina da Fé, em 1984 (Libertatis Nuntius) e em 1986 (Libertatis conscientia), e que seguiu-se a elas, resultou no maravilhoso evento de graça que foi a Conferência de Aparecida , da qual pude participar.

O seu ponto de partida não foi a análise social, mas a fé de um povo feito na sua grande maioria de pobres, fazendo uso do método ver, julgar e agir , “a partir dos olhos e do coração dos discípulos missionários”. Diz o n. 19 do Documento final: “Em continuidade com as Conferências Gerais anteriores do Episcopado Latino-americano, este documento faz uso do método “ver, julgar e agir”. Este método implica em contemplar a Deus com os olhos da fé através de sua Palavra revelada e o contato vivificador dos Sacramentos, a fim de que, na vida cotidiana, vejamos a realidade que nos circunda à luz de sua providência e a julguemos segundo Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, e atuemos a partir da Igreja, Corpo Místico de Cristo e Sacramento universal de salvação, na propagação do Reino de Deus, que se semeia nesta terra e que frutifica plenamente no Céu”.

O documento começa com uma solene “ação de graças a Deus”, e tem como perspectiva, “a alegria de ser discípulos e missionários de Jesus Cristo”. A introdução e o primeiro capítulo indicam a perspectiva de fé em que se move o texto no seu olhar analítico da realidade, no desenvolvimento dos critérios de juízo e nas perspectivas de ação. Sabe-se que o Presidente da Comissão para a elaboração do documento final de Aparecida era o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Bergoglio. Com um estilo sapiencial, o Documento de Aparecida na introdução afirma: “O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo” (n. 14). Esta referência inicial à Santíssima Trindade foi positivamente solicitada por causa de uma intervenção decisiva do Cardeal Bergoglio, da qual também fala,  com um certo pesar, um comunicado da agência Adista (no n. 46 de 23-06-2007, escrito por Marcello Barros). “Um dos delegados brasileiros, o bispo de Jales, dom Demétrio Valentini, comentou que a Conferência ‘concretizou um dos seus maiores objetivos, o de retomar o caminho da Igreja na América Latina, fortalecendo a identidade e superando perplexidades que impediam a sua ação’. Pena que, uma vez estabelecido, o método não foi depois aplicado com rigor, pois a análise da realidade – o “ver” – foi precedida por um capítulo introdutório sobre “os discípulos missionários”. Como conta o teólogo argentino de Ameríndia, Eduardo de la Serna, o pedido para colocar este capítulo no início da segunda parte foi rejeitado na votação, apesar de ter sido apresentado por 16 presidentes de Conferências Episcopais. Quem se manifestou contrariamente, antes da votação, foi o cardeal Jorge Mario Bergoglio, presidente da Conferência Episcopal da Argentina e da Comissão de Redação, argumentando que com relação à dureza da realidade, era melhor começar com uma espécie de doxologia (hino de louvor a Deus )”.

Assim, o esquema do documento valoriza a tradição da teologia e da pastoral latino-americana, mas, ao mesmo tempo, coloca em evidência a perspectiva da fé. Certamente ela não estava ausente, mas em certos desenvolvimentos tinha sido dada como descontado, devendo preocupar-se, sobretudo, com a gravidade de uma situação social cheia de conflitos e, especialmente, com o “clamor dos pobres”. Neste sentido, ajuda a entender toda a problemática a posição de Clodovis Boff a partir de um artigo da Revista Eclesiástica Brasileira sobre a questão do pobre como princípio epistemológico da Teologia da Libertação. “Quando se questiona o pobre como princípio e se pergunta se não è antes o Deus de Jesus Cristo, a TdL costuma recuar e não nega. E nem poderia, pois Deus está em primeiro lugar, por definição. […] O que faz problema è a sua indefinição sobre uma questão que é capital na esfera do método” . O dado da fè “representa um dado pressuposto, que ficou para atrás, e não um princípio operante que continua sempre ativo. […] Pois o primado da fé, como não pode ser dado por descontado do ponto de vista existencial, também não pode sê-lo do ponto de vista epistemológico”. ”.(Teologia da Libertação e volta ao fondamento, in: REB, fasc. 268, out/2007, passim pp. 1002-1004).

Esta ambiguidade é superada pela Conferência de Aparecida, tanto na estrutura geral do documento quanto na presença viva da fé em cada momento de seu desenvolvimento, desde o olhar para a dura realidade até o seu julgamento e a prática consequente. Trata-se, porém, de uma ambiguidade sempre presente. Por isso, o Papa Francisco, em sua recente viagem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, no encontro com o presidência do CELAM, voltava sobre o assunto no ponto 4, quando, ao apresentar algumas tentações contra o discipulado missionário, falou da “ideologização da mensagem evangélica”, e afirmou: “É uma tentação que se verificou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja. Um exemplo: a dado momento, Aparecida sofreu essa tentação sob a forma de “ assepsia ” . Foi usado, e está bem, o método de “ver, julgar, agir” (cf. n.º 19). A tentação se encontraria em optar por um “ver” totalmente asséptico, um “ver” neutro, o que não é viável. O ver é sempre influenciado pelo olhar. Não há uma hermenêutica asséptica. Então a pergunta era: Com que olhar vamos ver a realidade? Aparecida respondeu: Com o olhar de discípulo. Assim se entendem os números 20 a 32. Existem outras maneiras de ideologização da mensagem e, atualmente, aparecem na América Latina e no Caribe propostas desta índole. Menciono apenas algumas: a) O reducionismo socializante. É a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos, foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa com base em uma hermenêutica de acordo com as ciências sociais. Engloba os campos mais variados, desde o liberalismo de mercado até às categorizações marxistas…”

Se o Papa fala disso significa que ainda podem subsistir as tentações e as ambiguidades. Certamente Aparecida deu uma contribuição significativa e marcou uma mudança de posição que é válida não só para a América Latina, mas para toda a Igreja. Isso se tornou possível graças ao magistério e ao testemunho do Papa Francisco que quer “uma Igreja pobre para os pobres”.

Antes de sua eleição, Aparecida foi praticamente ignorada na Itália e na Europa e em outras partes do mundo, apesar das várias intervenções dos bispos latino-americanos nos últimos dois sínodos. Aparecida, numa fase não mais eurocêntrica, coloca-se hoje como um magistério não só regional, mas oferecido a toda a Igreja em suas escolhas específicas, que constituem o desenvolvimento do Concílio Vaticano II. A começar pela opção pelos pobres à inculturação da fé, Ao protagonismo dos leigos na luta pela justiça contra as estruturas sociais e econômicas injustas, passando pelas comunidades eclesiais de base até chegar às pequenas comunidades, etc. Tudo é valorizado: a vida, a família, o renascimento vigoroso da religiosidade popular, a liturgia, a arte, a cultura, as vocações, os jovens, os movimentos e as novas comunidades, etc. O tema dominante, no entanto, continua sendo a missão, especialmente na terceira parte do documento com o título sugestivo “A vida de Jesus Cristo para nossos povos”.

Da experiência latino-americana e de Aparecida deriva esse contato direto com as pessoas, esse assumir os problemas das pessoas levando a esperança de Cristo. Tudo é abraçado a partir da fé. Esta clara posição evangélica é um dom do Espírito e do seu poder que age no povo fiel e que culmina na Conferência de Aparecida. Agora papa Francesco a estende para toda a Igreja. Não se trata de uma teologia particular (como também se pode notar na entrevista concedida pelo Papa à “Civiltà Cattolica”), mas do coração evangélico da libertação cristã. Assim se projeta não apenas uma “Missão Continental”, como está acontecendo na América Latina, mas uma verdadeira “Conversão Pastoral” e uma “Missão Permanente”, em diálogo com as várias religiões e com as expectativas mais verdadeiras do mundo contemporâneo.

Filippo Santoro

D. Filippo Santoro foi nomeado arcebispo de Taranto por Bento XVI a 21 de novembro de 2011. Originário de Bari-Carbonara, 65 anos, é um profundo conhecedor da América Latina e das suas problemáticas eclesiais, inclusive da teologia da libertação. Depois de ter obtido o doutorado em teologia dogmática na Gregoriana e em filosofia na Católica de Milão e ser ordenado padre em 1972, no ano de 1984 foi enviado como padre fidei donum da arquidiocese de Bari para o Rio de Janeiro, no Brasil. De 1988 a 1996 foi responsável por Comunhão e Libertação na América Latina e em 1992 participou como teólogo-perito na IV Conferência Geral do CELAM de Santo Domingo. João Paulo II o nomeou, em 1996, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e em 2004, bispo de Petrópolis. Participou em 2007 na V Conferência Geral do episcopado latino-americano celebrada em Aparecida, no Brasil, onde foi colaborador do então cardeal Jorge Mario Bergoglio que guiou a comissão encarregada de escrever o documento final de Aparecida.

Fonte: http://www.avvenire.it/Cultura/Pagine/santoro-liberazione-che-viene-dal-vangelo.aspx

https://www.presbiteros.org.br/

As relíquias dos Santos

© Mazur|catholicnews.org.uk | (CC BY-NC-SA 2.0)
por Vanderlei de Lima

Ao longo dos séculos e sem interrupção, os cristãos procuram sepultar os mortos e honrar seus restos mortais, bem como guardar roupas ou outros objetos de uso pessoal deles.

Algumas pessoas ouvem falar em relíquias (reliquiae: restos) de santos, mas nem sempre conseguem entender bem o que são elas. Eis, pois, a razão deste artigo.

Comecemos definindo que “relíquia é um fragmento de osso ou um objeto que tenha alguma relação com a ossatura de um(a) Santo(a). Os fiéis católicos lhe prestam veneração e reverência” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Pergunte e Responderemos n. 509, novembro de 2004, p. 513).

A rigor, distinguimos, de modo genérico, três tipos de relíquias: a primária ou de primeiro grau – relíquia por excelência que só é permitida a exposição após a cerimônia de Beatificação – é um osso ou fragmento de osso (ex ossibus) do Santo; a de segundo grau são as roupas ou indumentárias (ex indumentis) da pessoa falecida em odor de santidade e as de terceiro grau são panos (ex brandea) tocados nos ossos do santo, por isso muito comuns até para os Servos de Deus.

A Sagrada Escritura e a Tradição bimilenar da Igreja oferecem sérias bases para o culto às relíquias. Assim, já no Antigo Testamento havia grande respeito no sepultamento dos homens de Deus: Abraão (Gn 25,10), Jacó (Gn 50,12), José (Gn 50,24-26), Davi (1Rs 2,10) etc. Também sempre foi obra de caridade sepultar os mortos, ainda que para isso fosse necessário correr risco de vida (cf. Tb 1,21; 2,3-9).

A mesma S. Escritura atesta o valor das relíquias nas suas três modalidades. Desse modo, em meio a uma guerrilha dos moabitas, pessoas que estava enterrando um ente querido, assustadas com as incursões militares dos guerrilheiros, jogaram o corpo do morto no túmulo do profeta Eliseu. Eis que o defunto, ao tocar, nos ossos do afamado profeta, voltou à vida e pôs-se de pé (cf. 2Rs 13,21). Pouco antes, o mesmo Eliseu usara o manto (indumentária) do grande profeta Elias para tocar as águas do Rio Jordão. Estas se abriram de modo e o profeta pôde por ele passar a pé enxuto (cf. 2Rs 2,14). No Novo Testamento, se lê que, “pelas mãos de Paulo, Deus operava milagres não comuns. Bastava, por exemplo, que sobre os enfermos se aplicassem lenços e aventais que houvessem tocado seu corpo: afastavam-se deles as doenças, e os espíritos maus saiam” (At 19,11-12). São tecidos tocados no corpo do Apóstolo (ex brandea).

Evitar superstição

Entendendo isso, ao longo dos séculos e sem interrupção, os cristãos procuram sepultar os mortos e honrar seus restos mortais, bem como guardar roupas ou outros objetos de uso pessoal deles ou tocados em seus ossos como relíquias desse amigo de Deus que, agora, no céu, intercede por nós ainda peregrinos neste mundo, rumo à Pátria definitiva.

Certo é que nem todas as relíquias, especialmente as de santos antigos, são autênticas. Nem por isso, no entanto, o culto a elas deve ser rejeitado no seu todo, como se pregou, especialmente, no século XVI. Afinal, o abuso não tolhe o uso (abusus non tollit usum). Daí o Concílio de Trento (1545-1563), após ter reafirmado a correta doutrina sobre o respeito aos corpos dos mártires e demais santos, assegurou, com palavras duras em uso na época, o seguinte: os que afirmam que às relíquias dos santos não se deve veneração e honra, ou que elas ou outras sagradas recordações são inutilmente veneradas pelos fiéis; e que em vão visitam os fiéis os lugares de sua recordação, com o objetivo de impetrar sua ajuda, estão condenados pela Igreja (cf. Justo Collantes. La fé de la Iglesia Católica. Madri: BAC, 1983, n. 776).

Aliás, São Tomás de Aquino já ensinava, no século XIII, que no culto às relíquias devia se evitar toda forma de superstição, quer por excesso de veneração, quer por observância de práticas vãs inconciliáveis com a reverência que se deve aos santos e por meio deles a Deus (cf. Suma Teológica II/II 96, 4 ad 3; III § 4,2 ad 3). Mais: fazendo eco a legislações antigas, o Código de Direito Canônico em vigor, no cânon 1190, proíbe o comércio de relíquias e prescreve que até sua transferência de localidade necessita de licença da Santa Sé.

Eis um pouco do que ensina a Igreja sobre as autênticas relíquias.

Aleteia

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF