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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

S. Gregório de Nissa: Vida de Macrina (Parte 1/3)

S. Gregório de Nissa
Veritatis Splendor

Para o monge Olímpio:

Introdução

[960A] A forma desse volume, se alguém pode julgar pelo título, é aparentemente epistolar, mas este volume excede o de uma carta, estendendo como faz na extensão de um livro. Minha apologia deve ser que o assunto no qual tu me ofereceste escrever é maior do que pode ser condensado nos limites de uma carta.

Tenho certeza que tu não esqueces do nosso encontro, quando, no meu caminho para Jerusalém, no prosseguimento de um voto, para ver as relíquias da permanência do Senhor na carne e nas marcas atuais. Eu te procurei na cidade de Antioquia, e tu deves lembrar-te de todas as diferentes conversas que tivemos, pois não era usual que o nosso encontro fosse silencioso, quando a sua sagacidade fornecia tantos assuntos para a conversa. Como sempre acontece nesses momentos, a [960B] conversa fluiu até que nós viemos a discutir a vida de algumas pessoas famosas.

Nesse caso, foi uma mulher que nos forneceu o nosso assunto; se, de fato, ela devia ser uma mulher de estilo, eu não sei se é conveniente designá-la pelo seu sexo, a quem ultrapassou tanto o seu sexo. Nosso interesse por ela não foi baseado na narrativa de outros, mas nossa conversa foi uma descrição acurada daquilo que aprendemos pela experiência pessoal, nem precisava ser autorizada por estranhos. Nem mesmo a referida virgem era desconhecida no nosso círculo familiar para fazer necessário aprender as maravilhas da sua vida através dos outros, mas ela veio dos mesmos pais que nós sendo então que falaremos da primeira fruta ofertada, porque ela foi a primeira nascida do útero de minha mãe.

Então, tu decidiste que a história de sua nobre carreira vale a pena ser contada para evitar que tal vida seja desconhecida no nosso tempo, e que o registro de uma mulher que cresceu [960C] pela filosofia para a maior elevação da virtude humana passando pelas sombras do esquecimento inútil, eu acho por bem obedecer a ti e, em poucas palavras, como eu posso melhor contar a história dela de uma maneira não meditada e num estilo simples.

Os pais de Macrina

O nome da virgem era Macrina; ela foi assim chamada por seus pais depois de uma famosa Macrina algum tempo antes na família do pai da nossa mãe que tinha confessado a Cristo [962A] como um bom atleta no tempo das perseguições. Este, de fato, era o seu nome para o mundo externo, aquele usado pelos seus amigos. Mas outro nome tinha sido dado a ela privadamente como resultado de uma visão antes do seu nascimento neste mundo. Porque, de fato, sua mãe era tão virtuosa que ela havia sido guiada em todas as ocasiões pela vontade divina.

Particularmente, ela amava tanto um modo de vida puro e sem mancha que ela não queria se casar. Mas desde que ela perdeu ambos os pais, e ela havia desabrochado na sua beleza de juventude e, a fama da sua boa aparência estava atraindo muitos pretendentes e havia muito perigo nisso, se ela não tivesse um companheiro de boa vontade, ela poderia sofrer algum fato não desejado, vendo que alguns homens, inflamados pela sua beleza, estavam prontos para seqüestrá-la, por causa disso ela escolheu para seu marido um homem que era conhecido e aprovado pela seriedade de sua conduta e assim ganhou o protetor de sua vida.

O nascimento de Macrina

No seu primeiro parto ela se tornou mãe de Macrina. Quando veio a hora devida, as dores agudas do parto terminaram, ela adormeceu e parecia estar carregando em suas mãos aquilo que ainda estava em seu útero. E alguém com forma e brilho mais esplêndido que um ser humano apareceu e dirigiu-se à criança que ela estava carregando pelo nome de Thecla, que Thecla, eu quero dizer, que é tão famosa entre as virgens.

Depois de fazer isto e testemunhar isso três vezes, ele partiu da sua vista e deu a ela um parto fácil, de maneira que, naquele momento, ela acordou do sono e viu seu sonho realizado. Agora, esse nome era usado apenas em segredo. Mas [962C] parece-me que a aparição não fala tanto para guiar a mãe para a escolha certa do nome, mas para prever a vida da jovem criança e para indicar pelo nome que ela deveria seguir o modo de vida do nome.

A infância de Macrina

Bem, a criança foi educada. Embora ela tivesse a sua própria ama-seca, ainda como regra sua mãe tomou os seus cuidados com suas próprias mãos. Depois de passado o estágio da infância, ela mostrou-se com talento para aprender e os seu poderes naturais foram mostrados em todo o estudo no qual seus pais julgaram dirigi-la. A educação da criança era tarefa da mãe. Ela não utilizou, no entanto, o método mundano de educação o qual utiliza a prática do uso de poesia como meio de treinamento nos primeiros anos da crianças.

Seu contrato de casamento

Preenchendo seu tempo com estas e ocupações similares, e atingindo então uma considerável proficiência no trabalho da lã, a menina em crescimento atingiu seu décimo segundo ano, a idade quando o florescimento da adolescência começa a aparecer. Com relação a isso, é digno de nota que a beleza da menina não podia ser ocultada, apesar dos esforços para escondê-la. Nem em todo o campo, parece, existia algo tão maravilhoso quanto a sua beleza, em comparação com a das outras.

Tão justa era ela que mesmo as mãos dos pintores não podiam fazer justiça à sua [964B] graça; a arte, que inventa todas as coisas e tenta as grandes tarefas, mesmo como modelar uma imitação e figuras dos corpos celestes, não poderia reproduzir com precisão a beleza de sua forma. Em conseqüência, um grande enxame de pretendentes, propondo casamento, ajuntavam-se ao redor de seus pais. Mas seu pai, um homem astuto, com reputação de tomar boas decisões, retirou do resto um jovem relacionado à família, que acabara de deixar a escola, de bom nascimento e notável equilíbrio, e decidiu dar sua filha em contrato de casamento a ele, tão logo ela fosse madura o suficiente.

Nesse meio tempo, ele desenvolveu grandes esperanças, e ofereceu a seu futuro sogro sua fama em falar em público como se fosse um de seus dons; ele exibia o [964C] poder da sua eloqüência em controvérsias forenses em favor dos erros dos culpados.

A morte de um jovem

Mas a inveja cessou essas brilhantes esperanças jogando para longe o pobre rapaz da vida. Agora, Macrina não era ignorante ao esquema de seu pai, mas quando o plano formado para ela foi despedaçado pela morte do jovem, ela disse que a intenção de seu pai era equivalente ao casamento e decidiu permanecer solteira daí em diante, como se a intenção tivesse realizado o fato.

E, de fato, a sua determinação foi mais firme do que poderia ser esperado para a sua idade. Por que quando seus pais traziam-lhe propostas de casamento, como sempre acontecia devido ao grande número de pretendentes que vinham atraídos pela fama de sua beleza, ela dizia que era absurdo e contra a lei não ser fiel ao casamento que havia sido arranjado para ela por seu pai, mas ser compelida a considerar outro; porque na natureza das coisas havia apenas um casamento, como há um nascimento e uma morte.

Ela persistiu que o homem que havia estado ligado a ela pelo [964D] arranjo de seus pais não estava morto, mas que ela considerava que ele vivia para Deus, graças à esperança da ressurreição que estava somente ausente, não morto; era errado não manter a fé com o noivo que estava longe.

Macrina decide nunca deixar sua mãe

Com tais palavras, repelindo aqueles que tentavam fazê-la mudar de idéia, ela manteve a sua boa resolução em salvaguarda e resolveu não se separar de sua mãe em nenhum momento da vida. De maneira que sua mãe dizia sempre que ela havia carregado o resto de suas crianças na sua barriga por um tempo definitivo, mas que ela criou sempre Macrina, porque, de alguma maneira ela sempre carregou Macrina consigo. Mas a companhia da filha não era infrutífera, nem um fardo para a mãe.

Porque eram válidas muitas daquelas atenções e trabalhos servis recebidos de sua filha [966A], e os benefícios eram mútuos. Porque a mãe tomava conta da alma da menina e a menina tomava conta da alma da mãe, e em todos os aspectos preenchia os serviços requeridos, chegando mesmo a preparar as refeições para sua mãe com suas próprias mãos. Não que ela fizesse disso a sua atividade principal. Mas depois que ela havia ungido suas mãos pelo desempenho de tarefas religiosas porque julgou que o zelo por isto era consistente com os princípios de sua vida no tempo que foi deixado, ela preparava comida para sua mãe com sua própria labuta.

E não apenas isso, mas ela ajudava sua mãe a manter o seu fardo de responsabilidade. Por que ela tinha quatro irmãos e cinco irmãs e pagava taxas para três governos diferentes porque sua propriedade estava espalhada em vários distritos. Em conseqüência [966B], sua mãe estar distraída com várias ansiedades, porque o seu pai tinha nesta época partido dessa vida. Por todos esses problemas, ela dividia a labuta de sua mãe, dividindo seus cuidados com ela e iluminando a sua pesada carga de sofrimentos.

No mesmo momento, graças à proteção de sua mãe, ela estava vivendo sua própria vida sem culpa, de modo que o olhar de sua mãe direcionou e testemunhou tudo o que ela fez; e também por sua própria vida instruiu grandemente sua mãe, levando-a para a mesma marca, quero dizer, aquela da filosofia, e gradualmente conduzindo-a para a vida imaterial e mais perfeita.

Basil retorna da universidade

Quando a mãe tinha providenciado excelentes casamentos para as outras irmãs, como era melhor em cada caso, o irmão de Macrina, o grande Basil, retornou depois de seu longo período de [966C] educação, já um hábil retórico. Ele estava envaidecido além da medida com o orgulho da oratória e desprezava os dignitários locais, superando em sua própria avaliação todos os homens de liderança e posição.

No entanto, Macrina o tomou pela mão, e com tal rapidez levou-o também em direção à marca da filosofia, que ele renunciou às glórias deste mundo e desprezou a fama ganha pelo discurso, e desertou disso para a sua vida ocupada onde a labuta de um é feita com as mãos de outro.

Sua renúncia à propriedade foi completa, para que nada devesse impedir a vida de virtude. Mas, de fato, sua vida e os atos subseqüentes, pelos quais tornou-se renomado por todo o mundo e colocou-o à sombra de todos aqueles que haviam ganho renome por sua virtude, iria [966D] necessitar de uma longa descrição e de muito tempo. Mas eu devo desviar minha história para a sua tarefa determinada.

Agora que todas as desordens da vida material haviam sido removidas, Macrina persuadiu sua mãe a desistir da vida comum e todo o estilo de vida ostentoso e os serviços domésticos aos quais ela estava acostumada antes, e trouxe a ela o seu ponto de vista para aquele das massas, e partilhou a vida das servas, tratando todas as suas escravas e criados como se eles fossem irmãos e pertencessem à mesma condição social que ela.

Mas, nesse ponto, eu gostaria de inserir um pequeno parênteses à minha narrativa e não deixar de relatar tal questão como a que se segue, na qual o sublime caráter da donzela é exibido.

A história de Naucratius

Segundo de quatro irmãos, de nome Naucratius, que veio logo depois do grande Basil, superava o resto em dons naturais, em beleza física, força, rapidez e habilidade para aprimorar sua mão para qualquer coisa. Quando [968A] ele atingiu seu vigésimo primeiro ano e havia dado tal demonstração de seus estudos ao falar em público que toda a audiência no teatro estava emocionada, ele foi guiado pela Divina Providência para desprezar tudo que já estava ao seu alcance e, levado por um irresistível impulso, retirou-se para uma vida de solidão e pobreza. Ele não levou nada consigo, somente si mesmo, salvo aquele de seus servos chamado Chrysapius, que o seguiu por causa da afeição que ele tinha para com o seu patrão e a intenção que havia formado de levar a mesma vida.

Então, ele viveu por si mesmo, tendo encontrado um lugar solitário às margens do rio Íris, um rio fluindo através do centro do Ponto. Ele nasce realmente na Armênia, passa através de nossas partes e descarrega sua corrente no [968B] Mar Negro. Próximo dali, um jovem encontrou um lugar com um crescimento luxuriante de árvores e um vale, debaixo do qual havia um ninho de passarinhos projetando-se sobre a massa de uma montanha.

Ali ele vivia longe, afastado dos barulhos da cidade e das desordens que cercavam as vidas, tanto do soldado quanto do advogado das cortes da lei. Tendo então se libertado do atordoamento de cuidados que impedem o homem de uma vida mais alta, com suas próprias mãos, ele procurou alguns idosos que estavam vivendo na pobreza e debilidade, considerando apropriado para seu modo de vida fazer de tal trabalho seu cuidado.

Então, o generoso jovem ia em expedições de pesca, e como ele era um perito em todo tipo de esporte, ele fornecia comida por todos os meios para os seus gratos clientes. E, ao mesmo tempo, por tais exercícios, estava domesticando sua própria humanidade.

Além disso, alegremente ele também obedecia aos desejos de sua mãe sempre que ela pedia. E então, dessas duas maneiras, ele guiou sua vida, [968C] a natureza de sua juventude pelas labutas e cuidado assíduo com sua mãe, e, além de manter os mandamentos divinos, estava viajando para a casa de Deus.

Deste modo, completou o quinto ano de sua vida como filósofo, pelo qual fez sua mãe feliz, tanto pelo modo no qual adornou sua própria vida pela continência, e pela devoção de todos os seus poderes para fazer o desejo dela que o criou.

A trágica morte de Naucratius

Então, caiu sobre a mãe uma dolorosa e trágica aflição, arquitetada, eu acho, pela adversidade, que trouxe problemas e tristeza para a família. Porque ele foi arrebatado repentinamente da vida. Nenhuma doença prévia lhes havia preparado para a desgraça, nem nenhuma dos usuais e conhecidos infortúnios trouxeram a morte para o jovem. [968D] Tendo iniciado uma das expedições pela qual ele fornecia as coisas necessárias para os idosos, ele foi trazido para a casa morto, juntamente com aquele Chrysapius, com quem dividia a sua vida. Sua mãe estava longe, três dias distante da cena da tragédia. Alguém veio a ela contando as más notícias.

Embora ela fosse perfeita na virtude, a natureza dominou-a como faz com os outros. Pois ela desmaiou. E, em um momento, perdeu a fala e a respiração, já que a razão lhe falhou sob o desastre, e ela foi jogada ao solo pelo assalto das marés do mal, como alguns nobres atletas batidos por uma inesperada desgraça.

Macrina, aquela que deu amparo à sua mãe

E agora, a virtude da grande Macrina foi exibida. Enfrentando o desastre com [970A] espírito racional, ela se preservou do colapso, e se tornou o suporte na fraqueza de sua mãe, elevando-a do abismo da dor, e, por sua própria firmeza e imperturbabilidade, ensinou à alma de sua mãe a ser corajosa. Em conseqüência, sua mãe não foi oprimida pela aflição, nem se comportou de maneira ignóbil e de modo feminino, como gritar à calamidade, ou rasgar seu vestido, ou lamentar sobre o problema, ou principiar cantos fúnebres com melodias pesarosas.

Pelo contrário, ela resistiu aos impulsos da natureza, e se aquietou tanto por reflexões que lhe ocorreram espontaneamente, como por aquelas que eram aplicadas por sua filha para curar a doença. Pois então, a nobreza do espírito de Macrina foi visível mais que tudo; já que [970B] a afeição natural a estava fazer sofrer. Pois ele era um irmão, e um irmão favorito, que havia sido arrebatado de tal forma pela morte.

No entanto, conquistando a natureza, ela tanto sustentou sua mãe com seus argumentos que ela, também, ergueu-se superior ao seu sofrimento. Além do que, a elevação moral sempre mantida pela vida de Macrina deu à sua mãe a oportunidade de rejubilar-se pelas bênçãos que possuía mais do que a dor do que havia perdido.

Mãe e filha fazem mais progressos na vida ascética

Quando os cuidados de conduzir uma família e as ansiedades por sua educação e estabelecimento na vida tiveram um fim, e a propriedade, uma causa freqüente do conhecimento mundano, tinha sido em sua maior parte dividida entre os filhos, então, como eu disse acima, a vida da virgem tornou-se o guia de sua mãe e conduziu-a para este filosófico e espiritual [970C] modo de vida.

E, afastando-a de todos os luxos costumeiros, Macrina continuou dirigindo a mãe a adotar o seu próprio ideal de humildade. Induziu-a a viver em pé de igualdade com o séquito de servas, também partilhava com elas a mesma comida, o mesmo tipo de cama em todas as necessidades da vida, sem nenhuma consideração com as diferenças de posição social.

Assim era o modo de suas vidas, tão grande a altura de sua filosofia, e tão sagrada sua conduta dia e noite faz a descrição verbal inadequada. Pois somente como almas livres do corpo pela morte são salvas dos cuidados desta vida, eram suas vidas removidas muito longe de todas as preocupações terrenas e ordenadas com a visão de imitar a vida angélica. Pois nem raiva ou inveja, ódio ou orgulho foi observado em seu meio, nem nada desta natureza, já que elas abandonaram todos os desejos vãos por honra e glória, todas as vaidades, arrogâncias e similares. A continência era o seu luxo, e a obscuridade a sua glória.

Pobreza, e a retirada de todas as materialidades supérfluas de seus corpos como poeira era a sua riqueza. De fato, todas as coisas que os homens perseguem obstinadamente em suas vidas, não eram nada, elas podiam facilmente dispensar. Tudo foi deixado, exceto o cuidado com as coisas divinas e a incessante ladainha de orações e hinos, co-extensivas no tempo, praticadas noite e dia. De forma que, para elas, significava trabalho, e o resto era assim chamado trabalho. O que as palavras humanas podem te fazer pretender com uma vida como esta, uma vida na fronteira entre natureza humana e espiritual?

Pois que a natureza esteja livre das fraquezas humanas é mais do que pode ser esperado da humanidade. Mas estas mulheres não alcançaram a natureza angélica e imaterial apenas na medida em que (estas) apareciam em forma corporal, e estavam contidas numa estrutura humana, e eram dependentes dos órgãos dos sentidos. Talvez alguns pudessem mesmo ousar dizer que a diferença não lhes estava em desvantagem, já que, ao viver num corpo e ainda ter semelhanças com seres imateriais, elas não haviam sido submetidas ao peso do corpo, mas suas vidas eram exaltadas aos céus e [972B] caminhavam para o alto na companhia dos poderes do céu.

O período coberto por este modo de vida não foi curto, e com um lapso de tempo seus sucessos aumentaram, como sua filosofia cresceu continuamente mais purificada com a descoberta de novas bênçãos.

Pedro, o irmão mais novo

Macrina foi ajudada principalmente por seu irmão Pedro para atingir o grande objetivo de sua vida. Com ele, as angústias da mãe cessaram, pois ele foi o último nascido na família. De imediato, recebeu os nomes de filho e órfão, porque quando entrou nesta vida seu pai passou do tempo dela.

Porém, a mais velha da família, assunto da nossa história, levou-o logo após o nascimento para uma ama de leite, que criou-o e educou-o [972C] num sublime sistema de treinamento, exercitando-o desde a infância nos estudos sagrados para não dar à sua alma a ociosidade que o levaria às coisas vãs. Assim, tendo sido todas as coisas para o jovem ? pai, professora, tutora, mãe, doadora de todos os bons conselhos ? ela produziu tais resultados que, antes que a idade da puerícia tivesse passado, quando ele ainda estava despindo o primeiro florescimento da tenra juventude, aspirou à alta marca da filosofia.

E, graças ao seus dons naturais, ele possuía talento em toda arte que envolvia trabalho manual, de forma que, sem nenhuma orientação, atingiu um completo e acurado conhecimento de tudo o que as pessoas comuns aprendem com tempo e dificuldade. Desdenhando ocupar [972D] seu tempo com estudos do mundo, e tendo em sua (própria) natureza um instrutor suficiente em todos os bons conhecimentos, e sempre procurando como modelo tudo o que era bom, avançou para tal altura de virtude que, em sua vida subseqüente, ele não pareceu nada inferior ao grande Basil.

Mas, neste momento, com sua mãe e irmã, ele estava cooperando completamente com elas na busca da vida angélica. Uma vez, quando uma severa fome ocorreu e as multidões de todos os quarteirões estavam freqüentando o retiro onde elas moravam, dirigidas pela fama de sua benevolência, a bondade de Pedro supriu com uma tal abundância de comida que o deserto parecia uma cidade por causa do número de visitantes.

A morte da mãe

[974A] Foi por volta dessa época que a mãe morreu, honrada por todos e foi para Deus, deixando sua vida nos braços de seus dois filhos. É  válido dar as palavras de bênção que ela transmitiu a seus filhos, mencionando cada um dos ausentes com uma lembrança amorosa, de maneira que nenhum foi desprovido da bênção e encomendou especialmente a Deus em suas orações aqueles que estavam presentes com ela.

Pois quando aqueles dois sentavam próximo a ela em cada lado da cama, ela os tocou com suas mãos e pronunciou essas orações a Deus com suas palavras agonizantes: ?Para Ti, ó Senhor, eu dou o fruto do meu útero ambos tanto como as primícias quanto os décimos. Pois o meu mais velho é a primícia e o meu último nascido é o décimo. Cada um é santificado por Ti pela Lei, e eles são oferendas votivas para ti. Portanto, deixe Tua santificação [974B] descer sobre meu primeiro e meu décimo.?

Enquanto ela falava, indicava por gestos sua filha e filho. Então, após cessar a bênção, ela deixou de viver, tendo primeiramente ordenado a seus filhos colocar seu corpo no sepulcro de seu pai. Mas eles, após cumprirem a ordem, mantiveram-se fiéis à filosofia com ainda mais sublime resolução, até mesmo esforçando-se contra sua própria vida e eclipsando seu registro prévio pelos seus sucessos subseqüentes.

Portal Veritatis Splendor

NOSSA SENHORA DE LORETO

Nossa Senhora de Loreto 

Trata-se de uma Casa com apenas três paredes, aberta ao mundo e a todas as pessoas. Assim se apresenta a Santa Casa de Nazaré, sob um precioso revestimento de mármore renascentista, a qual, segundo a tradição, foi transportada, "por ministério angélico", em uma rua pública em Loreto. Esta casa terrena, onde a Virgem Maria recebeu o anúncio do Anjo Gabriel e viveu, com Jesus e José, é testemunho do evento mais importante da história: a Encarnação.

Casa de Maria, da Sagrada Família e de todos os homens

As pesquisas históricas, arqueologias e científicas parecem confirmar a sua autenticidade, sancionada, pela primeira vez, em 1310, com a Bula do Papa Clemente V.
Estudos recentes demonstram que as pedras do edifício foram elaboradas segundo o uso dos Natabeus, conhecido na Galileia no tempo de Jesus. Especialistas confirmam que os incisos em grafites nestas pedras são claramente de origem judaico-cristã, e que a argamassa utilizada é desconhecida na construção de edifícios na região italiana das Marcas.
Além do mais, cinco cruzes em tecido, pertencente provavelmente aos Cruzados, e alguns restos de um ovo de avestruz, símbolo do mistério da Encarnação, foram encontrados entre os tijolos da construção da Santa Casa, cujo perímetro corresponde perfeitamente com a dimensão dos alicerces que permaneceram em Nazaré.
Mas, por que só três paredes? Com toda a probabilidade, elas faziam parte da Casa da Virgem, a antecâmara em alvenaria, que dava acesso à parte posterior da gruta, escavada na rocha, ainda hoje venerada na Basílica da Anunciação em Nazaré.

Transportada pelas mãos dos Anjos

Muitos continuam a se questionar como tenha acontecido o transporte desta relíquia descoberta, que, a olho nu, não parece ser reconstruída, apesar do incêndio desastroso de 1921; aquela catástrofe causou a destruição de parte da decoração pictórica do Santuário e do quadro de madeira original da Senhora Negra.
Segundo a tradição, em 1291, após a expulsão dos Cruzados da Palestina, as paredes da Casa de Nazaré foram transportadas, pela primeira vez, à cidade de Ilíria, na atual Croácia e, em seguida, a Loreto, uma pequena cidade no centro da Itália.
Uma crônica de 1465, narrada por Teramano, diz: "... depois que o povo da Galileia e de Nazaré trocou a religião de Cristo por aquela de Maomé, os Anjos tiraram a mencionada igreja daquele lugar e a transportaram para a Eslavônia. Lá, porém, não foi honrada como convinha à Virgem Maria... Por isso, os Anjos a tiraram daquele lugar e a levaram, por via marítima, até o território de Recanati".
Muitos, hoje, tendem a aceitar a hipótese, avaliada pelo antigo Código “Chartularium culisanense”, segundo a qual os Anjos da tradição, à qual é atribuído o transporte, se referiam à nobre família bizantina de Épiro, chamada Angeli, que, no século XIII, salvou a venerável igrejinha, via marítima, da fúria dos Sarracenos.
No entanto, o perfeito estado de montagem e conservação das pedras manteve viva uma interpretação do transporte, aberta ao sobrenatural.

Uma Casa no caminho de todo homem

Causa perplexidade a colocação da Casa de Maria em uma “rua pública”. "Neste aspecto - disse Bento XVI, ao visitar Loreto em 2012 – consiste a mensagem singular desta Casa: não é uma casa particular, mas aberta a todos, situada nos caminhos de todos. Com efeito, estamos a caminho de outra Casa: a Cidade Eterna"!

Vatican News

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Você sabe o que simboliza o azul do manto da Virgem Maria?

Manto de nossa senhora | Imagem: Reprodução

Azul é cor que sempre esteve presente no mando ou nas vestes da Virgem Maria, mas o que essa cor representa?

“E sobre a mesa do pão da Presença eles devem espalhar um pano de cor azul”  – (Números 4:7).

Nas raízes bíblicas do antigo testamento, azul era utilizado para representar o povo de Israel.Essa cor estava ligada à figura de obediência a Deus.

Ao mesmo tempo, é a cor do céu. Algumas culturas associam o manto de Maria como alcance do Reino de Deus.

Nossa Senhora das Graças |Imagem:Reprodução

As cores

As cores sempre são muito utilizadas no cristianismo.

Assim como o Verde,Roxo, Vermelho e Branco são usados para representar os tempos litúrgicos, vestes de figuras bíblicas possuem uma ligação com o seus significados.

Sagrado Coração de Jesus|Imagem:Reprodução

Jesus, por exemplo, sempre é representado com vestes vermelhas, brancas e azuis.

o vermelho representa terra e o sangue, o branco a paz e assim como o manto de maria, o azul simboliza a obediência a Deus.

 Fonte:Dicas online

https://catholicus.org.br/

Já houve algum papa negro? É possível...

A Catequista
Por "A Catequista"

Quando pensamos em “papas”, geralmente nos vem à mente a imagem homens brancos. De fato, a realidade dos últimos séculos confirma esse imaginário.

Mas nem sempre foi assim. Nos primeiros séculos da cristandade, foram eleitos três papas africanos:

  • São Victor I, o 14º papa, no século II;
  • São Miltíades, o 32º papa, no século IV;
  • São Gelásio, o 49º papa, no século V.

São Victor nasceu no norte da África, enquanto São Miltíades e São Gelásio nasceram em Roma, tendo pais africanos.

Algum desses três papas era negro? É possível, mas não há como ter certeza. Afinal, os territórios do Império Romano na África eram um mosaico de etnias.

Qual a razão de o último papa africano ter sido eleito no século V? O primeiro fator é que o catolicismo foi praticamente banido da África em meados no século V. Foi quando a tribo germânica dos vândalos invadiu o Norte da África e estabeleceu ali o seu reino.

Depois, durante o período de dominação bizantina do papado – o chamado Papado Bizantino, entre os anos 537 e 752 –, subiram ao trono de Pedro mais de trinta papas do Oriente. Eles eram católicos de língua grega, e eram indicados pelo Imperador bizantino. Muito provavelmente, tinham a pele mais escura.

Desde então, praticamente todos os papas eleitos foram europeus ocidentais. O motivo não tem nada a ver com questões raciais, mas sim com geografia e política. Vamos explicar...

Os papas eram muitas vezes eleitos por aclamação popular: o povão nas ruas de Roma e começava a gritar o nome de algum favorito. Com esse método, era impossível que elegessem algum cristão que fosse de algum país longínquo.

Também havia a eleição papal por meio do sínodo de bispos, que geralmente só envolvia alguns bispos das regiões próximas. Novamente, era quase impossível que algum cristão não europeu fosse eleito, já que eles só votavam naqueles que conheciam – e não tinham internet para conhecer o trabalho dos bispos de países distantes.

O primeiro papa eleito por um conclave (reunião fechada de cardeais, numa sala fechada “com chave”) foi Celestino IV, em 1241.

A ideia do conclave é que todos os cardeais votantes participassem da eleição de cada novo pontífice. Mas, na prática, a grande demora no deslocamento (não existia avião) impedia que os cardeais de países longínquos chegassem a Roma a tempo.

Com isso, a imensa maioria dos papas eram italianos (brancos), e alguns poucos eram de países vizinhos. Pois somente os cardeais da Itália e adjacências efetivamente compareciam aos conclaves.

Isso sem falar do período em que famílias poderosas de Roma dominavam o andamento das eleições papais (saiba mais no nosso livro "As Verdades que nunca te contaram sobre a Igreja Católica"). Não tinha como o papa não ser italiano!

Nos séculos X e XI alguns alemães se tornaram vigários de Cristo, devido à influência do Imperador Sacro Império Romano Germânico.

A combinação de todos esses fatores deu esse resultado: dos mais de 260 papas já eleitos, 217 foram italianos.

O Papa Francisco, argentino, foi o primeiro papa das Américas. E, apesar da grande influência dos Estados Unidos em Roma, nenhum prelado estadunidense subiu ao trono de Pedro até hoje.

Para vocês terem uma ideia mais clara do “problema”: em 1922, dois cardeais americanos ficaram muito aborrecidos por terem viajado em vão até o Vaticano: William O’Connell, de Boston, e Dennis Dougherty, da Filadélfia. Eles não conseguiram chegar a tempo no conclave que elegeu Pio XI.

Essa situação levou Pio XI a mudar as regras do conclave, para garantir que os cardeais de países de fora da Europa tivessem mais tempo para viajar e participar da votação.

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Bielorrússia se consagra ao Imaculado Coração de Maria

Guadium Press
Este Ato de Consagração foi marcado para esta terça-feira, 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição.

Bielorrússia – Minsk (08/12/2020 12:00, Gaudium Press) O presidente da Conferência de Bispos Católicos da Bielorrússia, Dom Tadeusz Kondrusiewicz, divulgou uma carta na qual convida as comunidades eclesiais e os fiéis do país a celebrarem um Ato de Consagração do país ao Imaculado Coração de Maria.

Consagração na Solenidade da Imaculada Conceição

Este Ato de Consagração, que foi marcado para esta terça-feira, 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, ocorre dentro de um panorama de crise sócio política no país e diante de uma delicada situação sanitária por conta da pandemia de Covid-19.

Guadium Press

Ad Jesum per Mariam

Em sua carta, o Arcebispo metropolitano de Minsk e Mogilev, recordou a piedosa expressão latina ‘Ad Jesum per Mariam’ (‘A Jesus por Maria’). A partir daí exortou aos bielorrussos para que peçam a intercessão de Nossa Senhora diante de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, para que “todos nós e nossa Pátria tenhamos a graça de colocar um fim à pandemia do coronavírus e viver uma vida em paz”.

Retiro de Advento

No último domingo, 6 de dezembro, o prelado encerrou um retiro espiritual de Advento que foi realizado na Catedral do Santo Nome de Maria, em Minsk. Os fiéis puderam acompanhar as reflexões de Dom Kondrusiewicz através dos canais oficiais da Igreja Católica nas redes sociais.

A Consagração ocorrerá no dia 25 de março, depois do ngelus no final da novena, e será presidida pelo Arcebispo Primaz da Irlanda, Dom Eamon Martin.
Guadium Press

Coronavírus na Bielorrússia

A emergência sanitária na Bielorrússia se agravou nas últimas semanas, com o aumento diário dos casos de coronavírus. O presidente do país, Alexandr Lukashenko, qualificou a situação como controlável, entretanto, não descartou a possibilidade de introduzir novas medidas restritivas para evitar mais contágios. (EPC)

https://gaudiumpress.org/

A caridade e a prosopagnosia

Shutterstock | Hananeko_Studio
por Vitor Roberto Pugliesi Marques

Parece-nos que as máscaras criaram um ambiente de prosopagnosia global sem que ao menos percebêssemos.

Certa vez, estávamos, juntamente com toda equipe multiprofissional em saúde, realizando visita aos leitos dos pacientes como rotineiramente fazemos e uma situação nos chamou a atenção. Ao final da visita, tivemos de ajustar a máscara facial, momento no qual um colega de trabalho fez uma brincadeira dizendo: “Prazer em conhecê-lo sem máscara, creio que não o reconheceria”; caímos ambos em risadas. Esse episódio, todavia, lembrou-nos uma alteração neurológica que é por demais interessante, a chamada prosopagnosia. Também conhecida como agnosia de face ou agnosia facial, trata-se de uma situação clínica na qual um indivíduo apresenta incapacidade em reconhecer faces familiares. Os indivíduos acometidos são incapazes de olhar para rostos de pessoas familiares e dizer de quem se trata, sendo necessários outros estímulos para haver o reconhecimento: por exemplo, a escuta da voz.

Em tempos de pandemia, as máscaras tornaram-se acessório frequente (inclusive obrigatório) nos diversos cenários sociais. Há situações, inclusive, em que praticamente só se tem contato com certa pessoa em uso de máscara. Citamos uma experiência pessoal em que apenas após quase três meses de convivência profissional pudemos ver (e com distância, diga-se de passagem) o rosto de uma enfermeira. Comentei nesse momento que caso a encontrasse na rua e não a cumprimentasse que ela não se ofendesse, pois não iria reconhecê-la. Parece-nos que as máscaras criaram um ambiente de prosopagnosia global sem que ao menos percebêssemos. 

Nesse contexto, podemos extrapolar a reflexão para o campo espiritual. Na primeira epístola de São João, escreve-se que “temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também o seu irmão” (1Jo 4,21). Tais palavras são a retumbância do ensinamento do próprio Senhor que, em suas despedidas, nos exorta: “Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Nesse amor mútuo, o Senhor nos ensina como viver a verdadeira caridade. Ensina-nos Santo Tomás de Aquino que “por isso o hábito da caridade não só se estende ao amor de Deus, mas também ao próximo” (Summa theologica IIa-IIæ q.25 a.1). Completa ainda o Doutor Angélico nesse mesmo artigo: “por isso, amamos todos os próximos com o mesmo amor de caridade, enquanto referidos a um só bem comum, que é Deus”. Em um sincretismo neurológico-teológico, somos chamados pelo Senhor a reconhecer no nosso próximo o rosto de Cristo. 

Desse modo, o nosso próximo adquire uma “dupla face”: a face de si mesmo e a face do próprio Cristo. Somos assim chamados a negar a “prosopagnosia moderna” que nos leva a olharmos apenas para nós e para os nosso interesses e transportarmo-nos ao outro para acolhê-lo e socorrê-lo, pois nele vemos a face daquele que tanto amamos e tanto desejamos ter por perto: Nosso Senhor e salvador. “São repreensivos os que esperam no homem como autor principal de sua salvação”, alerta-nos, mais uma vez, Santo Tomás de Aquino, “não porém quem o ama por amor de Deus – o que é próprio da caridade” (Summa theologica IIa-IIæ q.25 a.1). Isso nos ensina a Mãe Igreja e isso praticaram nossos santos. Santa Teresa de Calcutá, em um dia de muito calor, recebeu em seus braços uma mulher tomada pela fome e pela doença, raquítica e mal cuidada, tendo o corpo repleto por chagas. Ajudada por suas irmãs começou um trabalho de cuidado delicado para com todo aquele corpo, de modo que sua assistida pergunta: Por que fazes isso? E a santa responde: Porque te quero bem. No coração dessa mulher luminosa certamente pulsava uma resposta tanto àquela mulher quanto a Nosso Senhor, pois só se consegue tamanha virtude quando se quer bem ao Deus que tanto buscamos e tanto honramos. 

Que saibamos, pois, sair da “prosopagnosia espiritual”, a nos impedir de ver a face de Deus no próximo e de praticar a caridade, e pratiquemos “a escola de serviço do Senhor” (RB prólogo 45) na qual exercemos a caridade ao próximo por amor ao Senhor.

Aleteia

Jesus nasceu em 25 de dezembro? (Parte 7/7)

Nascimento de Jesus | Caravaggio

Conclusão

Onde tudo isso nos deixa? Por um lado, os argumentos contra o nascimento de Jesus em 25 de dezembro não funcionam, e a alegação de que a data foi escolhida para suplantar uma celebração pagã é insuportável. Não apenas encontramos cristãos apoiando 25 de dezembro bem antes do feriado pagão em questão, mas também não os encontramos dizendo algo como “Vamos oferecer uma celebração alternativa”. Os que apoiam o dia 25 de dezembro acreditam sinceramente que é quando Jesus nasceu.

Por outro lado, a Bíblia não nos dá informações suficientes para determinar o aniversário de Jesus, e a tradição nos Padres da Igreja é mista, com datas diferentes sendo propostas.

Observou-se que no mundo antigo duas das datas – 25 de dezembro e 6 de janeiro – eram às vezes consideradas a data do solstício de inverno, a época em que os dias começam a ficar mais longos. Além disso, os Padres da Igreja discutiram o nascimento de Cristo em termos de luz vindo ao mundo, com base na profecia de Malaquias: “Para vós, que temereis o meu nome, nascerá o sol da justiça, com cura nas suas asas” (4: 2).

Portanto, é possível que a crença de que Cristo nasceu em uma data de solstício tenha sido baseada nessa profecia. Alternadamente, pode ter havido uma lembrança de que Cristo nasceu no inverno, e a data específica foi determinada com base na profecia. Ou pode ser que Cristo simplesmente tenha nascido em uma dessas datas, e sua conjunção com os antigos cálculos do solstício foi uma questão de providência divina.

Seja qual for o caso, Cristo nasceu. O sol da justiça levantou-se e “o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz e, para os que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz amanheceu” (Mt 4:16; Is 9: 2).

 Portal Apologistas da Fé Católica

Papa convoca um Ano de São José: Assim será possível lucrar a indulgência plenária

Pintura de São José e imagem de arquivo do Papa Francisco.
Foto: ACI Prensa - Vatican Media

Vaticano, 08 dez. 20 / 10:26 am (ACI).- O Papa Francisco convocou um Ano de São José a partir desta terça-feira, 8 de dezembro, a 8 de dezembro do próximo ano 2021, durante o qual a Igreja Católica concederá indulgências de acordo com uma série de condições estabelecidas pela Penitenciária Apostólica.

Por meio de um decreto aprovado pelo Pontífice e assinado pelo Penitenciário-Mor, Cardeal Mauro Piacenza, o Santo Padre convocou este Ano de São José para comemorar os 150 anos do Decreto Quemadmodum Deus, por meio do qual o Beato Pio IX declarou Santo José Padroeiro da Igreja.

“Comovido pelas circunstâncias graves e sombrias em que se encontrava a Igreja, acossada pela hostilidade dos homens, proclamou São José Padroeiro da Igreja Universal”, explica o Decreto aprovado nesta terça-feira, 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição.

Com a convocação deste Ano de São José, pretende-se, continua o Decreto, “que todos os fiéis com o seu exemplo (de São José) possam fortalecer diariamente a sua vida de fé em plena realização da vontade de Deus”.

“Todos os fiéis terão assim a possibilidade de se comprometer, mediante a oração e as boas obras, a obter com a ajuda de São José, chefe da celeste Família de Nazaré, consolo e alívio das graves tribulações humanas e sociais que hoje afligem o mundo contemporâneo".

Para obter a indulgência plenária, destaca-se no Decreto, devem ser cumpridas as condições prescritas pela Igreja para tal efeito: confissão sacramental, comunhão eucarística e rezar pelas intenções do Santo Padre.

As modalidades nas quais se concederá a indulgência plenária no Ano de São José, que começa hoje, são as seguintes:

“A indulgência plenária é concedida àqueles que meditarem pelo menos durante 30 minutos na oração do Pai-Nosso, ou participarem em um Retiro Espiritual de pelo menos uma jornada no qual se realize uma meditação sobre São José”.

“Aqueles que, com o exemplo de São José, realizem uma obra de misericórdia corporal ou espiritual poderão lucrar o dom da indulgência plenária”.

“Para que todas as famílias cristãs se sintam encorajadas a recriar o mesmo ambiente de íntima comunhão, amor e oração que se vivia na Sagrada Família, é concedida a indulgência plenária pela oração do Santo Terço nas famílias e entre os noivos”.

“A indulgência plenária pode ser lucrada por aqueles que confiem cotidianamente suas atividades à proteção de São José e cada fiel que invoque com a oração a intercessão do Artesão de Nazaré para que, quem se encontre procurando emprego, possa encontrar ocupação e que o trabalho de todos seja digno”.

“A indulgência plenária é concedida aos fiéis que recitem as Ladainhas a São José (para a tradição latina), ou o Akathistos a São José, inteiro ou pelo menos uma parte (para as tradições bizantinas), ou outra oração a São José propriamente dita de outras tradições litúrgicas pela Igreja perseguida ad intra e ad extra e para o alívio de todos os cristãos que sofrem alguma forma de perseguição”.

Além disso, "para reafirmar a universalidade do patrocínio de São José sobre a Igreja, além dessas razões, a Penitenciária Apostólica concede indulgência plenária aos fiéis que recitarem qualquer oração legalmente aprovada ou ato de piedade em homenagem a São José".

“Por exemplo, 'A ti, oh, San José', especialmente de 19 de março a 1º de maio, na festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José; no domingo de São José (segundo a tradição Bizantina); no dia 19 de cada mês e todas as quartas-feiras, dia dedicado à memória do Santo segundo a tradição latina”.

O Decreto termina especificando que “no atual contexto de emergência sanitária, o dom da indulgência plenária estende-se de modo particular aos idosos, aos doentes, aos moribundos e a todos aqueles que por motivos legítimos não podem sair de casa, aos quais, com a alma livre de todo pecado e com a intenção de cumprir, na medida do possível, as três condições habituais, em casa ou onde estiverem devido à doença, recitem um ato de piedade em homenagem a São José , consolo dos enfermos e padroeiro da boa morte, oferecendo com fé a Deus as dores e sofrimentos da vida”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. JOÃO DIOGO CUAUHTLATOATZIN

S. João Diogo Cuauhtlatoatzin, Miguel Cabrera

Na manhã do dia 9 de dezembro de 1531, um índio de 57 anos passava por um terreno pedregoso, onde até as plantas não cresciam.
Alguns anos antes foi batizado com o nome de Juan Diego, mas seu nome original era "Cuauhtlatoatzin", que, em asteca, quer dizer "grito da águia".

Certo dia, o camponês estava indo da sua aldeia à Cidade do México: era um sábado, dia em que os missionários espanhóis dedicavam à catequese. Ao chegar à colina Tepeyac, Juan Diego foi atraído por uma coisa estranha: um canto de passarinhos, que nunca havia ouvido antes e, depois, uma voz suave rompeu o silêncio e o chamou: "Juantzin, Juan Dieguinho"! O homem subiu para o cume da colina e se defrontou com uma jovem mulher, cujo vestido brilhava como o sol. Ele se ajoelhou diante dela e maravilhado a ouviu dizer: “Eu sou a Perfeita sempre Virgem Maria, mãe do Deus único e verdadeiro”.

Um sinal para acreditar

A Senhora confiou uma tarefa a Juan Diego: narrar ao Bispo o que lhe havia acontecido, para que construísse um templo mariano aos pés da colina. Não era fácil narrar uma coisa incrível! De fato, o Bispo, Dom Zumarraga, não acreditou no que disse.
À noite, sobre a colina, o fracasso da sua narração não impediu a Senhora a convidar Juan Diego a tentar novamente, no dia seguinte.
Desta vez, o Bispo fez-lhe algumas perguntas a mais sobre a aparição, permanecendo sempre cético. No entanto, pediu ao índio para levar-lhe um sinal, para que seu conto não fosse uma fábula.
O camponês apresentou o pedido à Senhora, que concordou em lhe mandar um sinal no dia seguinte. Porém, aconteceu um imprevisto: o índio soube que seu tio enfermo estava em fim de vida. Depois de uma noite de sofrimento, o homem sentiu a necessidade urgente de chamar um sacerdote. Assim, na manhã do dia 12, Juan Diego pôs-se a caminho, mas, ao chegar a Tepeyac, procurou mudar de rota para evitar um novo encontro com a Senhora.

O prodígio da tilma

Seu gesto foi inútil. A Senhora apareceu novamente diante dele e lhe perguntou o motivo de tanta pressa. Envergonhado, o camponês jogou-se no chão e, pedindo perdão, explicou-lhe tudo. A senhora o acalmou, dizendo: “Seu tio está curado”! Ao invés, convidou Juan Diego a subir a colina para recolher algumas flores e levá-las ao Bispo. Entre as pedras, tinham nascido lindas "flores de Castela", uma coisa impossível em meados de dezembro. O índio recolheu algumas flores e as colocou na sua “tilma”, um manto de lona grosseira que usava, e foi para a Cidade do México.
Depois de uma longa espera, foi levado até o Bispo. Juan Diego conta-lhe os novos acontecimentos e, depois, abriu seu manto diante dos presentes. Naquele instante, em sua “tilma” ficou estampada a imagem da Virgem, o ícone que se tornou famoso e venerado em todos os lugares.

O guardião da Virgem

Desde então, o caminho ficou aplainado. O Bispo pediu para ser acompanhado até ao local das aparições e, assim, começaram as obras. Em 26 de dezembro, já estava pronta a primeira Capela aos pés da colina do milagre. Juan Diego, viúvo há alguns anos, pediu e conseguiu permissão para morar em uma pequena casa adjacente à Capela.
Por mais 17 anos, até 1548, São Juan Diego permaneceu o fiel guardião de Nossa Senhora, a Virgem morena.
Em 31 de julho de 2002, São João Paulo II o proclamou Santo.

Vatican News

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O SIGNIFICADO DO PRESÉPIO

CaféPress

O presépio é um sinal característico do tempo litúrgico do Natal. Em sua beleza e simplicidade, o presépio é uma escola de vida na qual podemos aprender a pedagogia de Cristo e o segredo da autêntica alegria e, por isso, é motivo de entusiasmo para nós sabermos que diversas famílias cristãs conservam o hábito de montar o presépio em seus lares.

O simples gesto de montar um presépio, por si só, já é uma catequese, pois “o sinal admirável do presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar admiração e encanto. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De fato, o presépio é como um Evangelho vivo que transborda das páginas da Sagrada Escritura”. (Papa Francisco, Admirabile Signum, nº 1).

A primeira lição que adquirimos no desenvolvimento da montagem de um presépio é a seguinte: nós temos que vivenciar, em nossa realidade cotidiana, tudo aquilo que o presépio representa, isto é, a caridade, a humildade e o desprendimento, pois, como nos ensina Chesterton: “Ninguém podia imaginar que Deus viesse viver entre os homens e conversasse com funcionários romanos e cobradores de impostos. Mas a mão de Deus que tinha moldado as estrelas converteu-se de repente na mãozinha de uma criança que choraminga num berço”.

O Menino Deus que choraminga na Manjedoura é Jesus Cristo, o nosso Redentor, o Messias esperado, o Príncipe da Paz, O Emanuel, o Deus conosco a quem devemos recorrer com confiança, porque o Seu amor dá um novo sentido a cada uma das nossas aspirações.

Este Menino Deus quer ser acolhido por todos, ou seja, pelos pobres e pelos humildes – representados pelos pastores – e pelos ricos e intelectuais – representados pelos Magos do Oriente. Esta é a segunda lição que aprendemos diante do cenário da natividade de Cristo: a salvação é para todos. Mas, de um modo especial, Cristo tem um apreço especial por todos os excluídos e os marginalizados.

Diante do presépio, nós somos convidados a perceber que todo aquele que se encontra com Cristo é transformado pela alegria e se converte em um mensageiro desta feliz notícia: Deus está no meio de nós, Ele nos ama e nos chama à vivência da paz e da santidade. Ele conforta o nosso coração e responde às nossas expectativas mais nobres. “Ele é o Deus vivo que permanece para sempre, Seu reino não será destruído e Seu poder durará eternamente; Ele é o libertador e o Salvador, que opera sinais e maravilhas no céu e na terra!” (Dn 6, 27-28).

O Menino Deus, que nasceu da Virgem Santa Maria, mesmo sem palavras, manifesta-se com os sinais da misericórdia, do acolhimento, do perdão e da esperança. Deste modo, reconhecemos que o Menino Jesus é o centro de tudo, o coração do mundo, da nossa história e da nossa existência. Quando aceitamos o convite de caminhar todos os dias ao lado deste Menino que nos foi dado, percebemos que “o presépio é também expressão da ação de graças Àquele que decidiu compartilhar a nossa condição humana, na pobreza e na simplicidade”. (Papa Bento XVI, Audiência em 22 de dezembro de 2010).  Quando aceitamos o convite para permanecermos com o coração em brasas pelo contato com o Cristo, nós somos as pessoas de boa vontade, os bem-aventurados que recebem o anúncio da paz, proclamado pelos Anjos na gruta de Belém.

O exercício de montar um presépio é um ato de nobreza que proporciona saudáveis momentos de meditação e de questionamentos: sabemos buscar o Cristo que está no presépio e na Eucaristia ou estamos nos perdendo por entre centenas de propostas deste mundo pagão? Estamos acolhendo o Cristo no presépio de nosso coração ou Ele ainda está suplicando por uma morada em nossa alma? As respostas a estas perguntas podem ser obtidas na montagem de um presépio, pois montar um presépio não é coisa de criança, um mero divertimento para os nossos filhos, mas é, sim, algo grandioso e pode ser considerado, acima de tudo, um fecundo testemunho da fé cristã que continua surpreendendo os corações dos mansos e dos humildes que não se cansam de bradar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados!”.

No final da montagem de um presépio, na meditação do infinito amor de Deus, se soubermos somar os conhecimentos sistemáticos relativos à natividade de Cristo, nós sentiremos em nossa alma a certeza de que a esperança está consolidada em nosso íntimo. Deus se despojou de tudo e se fez um pequeno Menino para nos ensinar a viver os valores, as virtudes, a graça e a Verdade em sua centralidade.

Na vivência da pedagogia do presépio, nós acolhemos o nascimento de Cristo em nossos corações e testemunhamos que o Natal é um fecundo caminho transformador. Neste caminho, nós contamos com a intercessão da Virgem Maria e de São José, que nos convidam a acolher o Menino Deus e nos ensinam a cuidar do Cristo que vive em nós. Contemplando a Sagrada Família – Jesus, Maria e José – devemos permitir que a ternura de Deus nos alcance sempre mais e faça de todos nós discípulos missionários do Menino Deus que professam que a mansidão, a unidade e a fraternidade são sinais da nossa pertença ao Cristo que nos impulsiona ao serviço missionário da Igreja.

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF