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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Como os Reis magos, olhemos para os céus!

Guadium Press
O mês de dezembro nos convida a levantar a cabeça para o alto e contemplar as estrelas.

Redação (10/12/2020 09:22Gaudium Press) São Francisco de Sales ensina que as dificuldades da vida são vencidas olhando para o céu. À semelhança dos antigos navegadores que se guiavam mais pelas estrelas do que por mapas ou aparelhos, também o homem deve orientar-se pelas luzes celestes, mais do que pela inconstância ou violência das ondas.

A Igreja condena a astrologia e por isso não vamos cair aqui no erro de querer interpretar o movimento dos corpos celestes para dar-lhe algum significado. Porém, a alma contemplativa sabe ver na natureza reflexos do Criador e de sua Providência. Observando as maravilhas do mundo ao redor, somos convidados a pensar em Deus e em sua ação no curso da História.

Neste mês de dezembro, o último do conturbado ano de 2020, o céu está cheio de manifestações extraordinárias.

Primeiramente, um espetáculo aberto a todo o mundo: a chuva de meteoros Geminídeos. Chamado pelos especialistas de “rei das chuvas de meteoros”, o fenômeno será avistado entre os dias 13 e 14. Aqueles que estiverem em lugares mais escuros, poderão contemplar um chuvisco amarelo, verde e azul nos céus.

Já o segundo acontecimento celeste será privilégio de poucos, pois um eclipse solar total só acontece a cada 18 meses, e é visível em pequenas partes do globo. Desta vez, os galardoados serão os argentinos e os chilenos. O eclipse ocorrerá também no dia 14.

Por fim, perto deste triste Natal, no dia 21, contemplaremos um evento que nem sequer nossos bisavós ou tataravós puderam ver: Saturno e Júpiter parecerão estar quase próximos um do outro, fundindo-se numa única bola luminosa. É claro que a aproximação se dá apenas do nosso ponto de observação, ou seja, da Terra. Mas para os entusiastas das maravilhas do Universo, é um fenômeno raríssimo: a última vez que os dois planetas estiveram tão próximos foi em 1623!

O que estes acontecimentos celestes têm a ver conosco? Em que nos interessam estes fatos de cunho científico?

É conhecida a passagem do evangelho de São Mateus em que Jesus fala dos fatos que precederão os dias de aflição: sinais aparecerão no céu (Mt 24,29).

Nada de previsões apocalípticas ou milenaristas! Não. Mas sempre será verdade que Deus Se comunica ao homem através destes meios extraordinários. Ele faz brilhar no céu uma estrela, anunciando seu nascimento. Ele escurece de repente a terra em plena tarde, no dia do Calvário.

Também hoje Deus nos fala. Discreto, quase num sussurro, Ele nos convida a elevar as vistas para o céu no fim do trágico ano de 2020. O que Nosso Senhor quer nos dizer?

Carentes de verdadeiros líderes, homens fortes e crentes em Deus, fomos sacudidos neste ano por toda sorte de tempestades. Não há quem nos indique os rumos, e aqueles que tentam fazê-lo, parecem mais querer nos levar para o fundo dos mares do que nos conduzir ao porto da salvação. Enquanto uns nos impedem de se reunir para adorar a Deus, outros cruzam os braços e nada dizem. Ficamos, então, ao sabor das ondas, carentes de chefes.

Entretanto, como aos antigos navegantes, Deus nos convida a olhar para o céu, porque os astros nos guiarão. Ele não abandona seu povo. Cedo ou tarde, uma estrela brilhará nos céus do mundo para nos conduzir aos pés de Jesus, sob o olhar de Maria, como outrora aconteceu aos Reis magos.

Por Paulo da Cruz

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S. Gregório de Nissa: Vida de Macrina (Parte 2/3)

S. Gregório de Nissa
Veritatis Splendor

Basil morre depois de uma nobre carreira

Enquanto isso, Basil, o famoso santo, fora eleito bispo da grande igreja de Cesaréia. Ele promoveu Pedro à sagrada ordem do sacerdócio, consagrando-o em pessoa ao cerimonial místico. E desta maneira um avanço adicional em direção à dignidade [974 C] e à santidade foi feito em suas vidas, agora que a filosofia fora enriquecida pelo sacerdócio.

Oito anos depois disso, o renomado Basil partiu dos homens para viver com Deus, para a dor geral de sua terra nativa e de todo o mundo. Agora, quando Macrina ouviu as notícias sobre a calamidade em seu distante retiro, afligiu-se, de fato, na alma, por tão grande perda como ela não se sentiria por uma calamidade, pois como não ser levada ao sofrimento, que muitas vezes foi sentido até mesmo pelos inimigos da verdade?

Mas, como dizem, o teste do ouro somente acontece depois de várias fornadas, então, se qualquer impureza escapar à primeira fornalha, ele pode ser separado na segunda, e outra vez na última de todas quando a impureza do metal fundido puder ser removida ? consequentemente é mais acurado testar o ouro puro se a cada fornada não mostrar nenhuma impureza. Assim acontecia também no caso dela (de Macrina).

Quando seu nobre caráter fora testado  por essas difíceis aproximações de dificuldades, em cada sentido o metal de sua alma  provava ser puro e imaculado. O primeiro teste foi a perda do irmão (Naucratius), o segundo, a morte de sua mãe, o terceiro ocorreu quando a grande glória da família, o grande Basil, foi removido da vida humana. Assim ela permaneceu, como uma invencível atleta sem a sabedoria alquebrada pelo assalto dos infortúnios.

Gregório decide visitar sua irmã

No nono mês ou pouco mais tarde após este desastre, um sínodo de bispos reuniu-se na Antioquia, no qual também tomamos parte. E quando nos dispersamos, cada um indo para casa antes que o ano acabasse, então eu [976 A], Gregório, senti desejo de visitar Macrina. Pois um longo período transcorrera em que as visitas foram impedidas pela distração com os problemas que suportei, estando constantemente voltado para fora do meu país pelos líderes da heresia. E quando eu avaliei o tempo decorrido durante o qual as aflições nos impediram de encontrar-nos face a face, não menos que oito anos, ou muito próximo desse período, pareciam ter passado.

Agora, quando eu havia cumprido a maior parte da viagem e estava a um dia de distância, uma visão apareceu-me num sonho e encheu-me com ansiosas antecipações do futuro. Parecia-me que carregava relíquias de mártires em minhas mãos: um luz veio delas, tal como [976 B] vinda de um espelho claro quando é colocado voltado para o sol, de forma que meus olhos foram cegados pelo brilho dos raios. A mesma visão voltou-me ao espírito vividamente três vezes aquela noite. Eu não podia entender claramente o enigma do sonho, mas vi infortúnio para minha alma e observei cuidadosamente a fim de julgar a visão pelos acontecimentos.

Quando aproximei-me do retiro no qual Macrina levava sua vida angélica e celestial, perguntei, em primeiro lugar, a um dos servos sobre meu irmão, se estava em casa. Ele nos contou que este havia saído havia quatro dias, e entendi, o que de fato era o caso, que ele havia ido encontrar-nos por outro caminho. Então perguntei sobre a grande senhora. Ele disse que ela estava muito doente, e eu fiquei mais impaciente para continuar e completar o resto da viagem, por uma certa ansiedade e um medo premonitório do que estava vindo furtivamente [976 C] e me inquietando.

Gregório vem ao mosteiro e encontra Macrina em seu leito de morte

Mas quando eu cheguei ao verdadeiro mosteiro já havia rumores anunciando a minha chegada para a irmandade. Então toda a companhia de homens correu de seus cômodos para nos encontrar, porque era costume deles honrar os amigos indo encontrá-los. Mas a associação das virgens na ala feminina esperava modestamente na igreja pela nossa chegada.

Porém, quando as orações e as bênçãos haviam acabado, e as mulheres, depois de reverentemente inclinarem suas cabeças para recebê-las, retiraram-se para seus próprios aposentos, e nenhuma delas ficou conosco. Eu adivinhei a explicação: a abadessa não estava com elas. Um homem levou-me para casa onde estava a minha grande irmã, e [976D] abriu a porta. Então entrei naquela morada sagrada.

Encontrei-a terrivelmente aflita com sua fraqueza. Ela não estava deitada numa cama ou leito, mas no chão; um saco tinha sido estendido numa tábua e outra tábua apoiava sua cabeça, tão ideal como um travesseiro, sustentando os tendões de seu pescoço de maneira inclinada e segurando-o confortavelmente. Quando ela me viu próximo à porta, ela ergueu-se pelos cotovelos, mas não pôde vir encontrar-me. Sua força tinha sido drenada pela febre.

Mas, ao colocar suas mãos no chão e inclinar-se do estrado o máximo que podia, ela mostrou o respeito [978A] devido à minha posição. Então, ela levantou sua mão para Deus e disse: ?Este favor Vós também me concedeste, oh, Deus, e não privou-me do meu desejo, porque Vós comoveste o teu servo para visitar aquela feita pela Vossa mão.?

Temendo afligir o meu espírito, ela deteve seus gemidos e fez grandes esforços para ocultar, na medida do possível, a sua dificuldade para respirar. E de todas as maneiras  tentava ser alegre, tomando a precedência em uma em conversa amigável, e nos dando a oportunidade de fazer perguntas. Quando ao longo da conversação mencionou-se o grande Basil, minha alma entristeceu-se e meu rosto ficou abatido.

Mas estava ela tão longe de sentir a minha aflição [978 B], que tratou a menção ao santo como uma oportunidade ainda para uma filosofia mais elevada, discutindo vários assuntos, inquirindo sobre os problemas humanos e revelando na conversa o objetivo divino associado aos desastres. Além disso, discutiu sobre a vida futura.
 Como se ela estivesse inspirada pelo Espírito Santo, pareceu-me que minha alma, pelo auxílio de suas palavras, era elevada da natureza mortal e colocada no santuário celeste.

E assim como aprendemos na história de Job que o santo foi atormentado em todas as partes de seu corpo com desconfortos por causa da deteriorização de seus ferimentos, e mesmo dessa forma não permitiu que dor [978 C] afetasse o poder da sua razão, ao contrário, apesar das dores corporais, não diminuiu suas atividades nem interrrompeu os sublimes sentimentos de seu discurso, similarmente eu vi o caso desta grande mulher.

A febre estava drenando-lhe as forças e conduzindo-a à morte, mas ela refrescava seu corpo como se ele estivesse com frescor e então mantinha sua mente desimpedida na contemplação das coisas celestes, de nenhuma maneira prejudicada por sua terrível fraqueza. E se minha narrativa não se estendesse por uma extensão inconsciente eu contaria tudo em ordem, como ela melhorava quando discursava para nós sobre a natureza da alma e explicava a razão da vida na carne, e porque o homem foi feito, e porque ele era mortal, e a origem da morte e a natureza da viagem da morte para a vida outra vez. Em tudo o que [978D] ela contava, sua história era clara e ordenada, como se inspirada pelo poder do Santo Espírito, e mesmo o fluxo da sua linguagem era como uma fonte cuja água fluía ininterruptamente.

Macrina dispensa Gregório para ele descansar

Quando nossa conversa havia acabado, ela disse: ?É hora, irmão, de descansares teu corpo por enquanto já que este está exausto com a grande labuta da tua viagem.?

E embora eu considerasse um grande e genuíno descanso encontrá-la e ouvir suas palavras nobres, ela queria tanto que tive de obedecer a minha senhora, encontrei uma bela árvore que me aguardava nos jardins vizinhos, e descansei à sombra do caminho das vinhas.

Mas era impossível ter algum sentimento de [980 A] satisfação quando meu espírito estava aflito com sombrias antecipações porque a visão secreta de meu sonho parecia agora estar revelada a mim pelo que vi. Pois a imagem que havia visto era de fato verdadeira ? as relíquias de um santo mártir que havia morrido em pecado, mas agora resplandecia com o  poder que residia no Espírito. Expliquei isto para um dos que me ouviram contar o sonho anteriormente.

Estávamos, como se pode supor, num estado desanimador, esperando tristes ocasiões quando Macrina de algum modo adivinhando o nosso estado de espírito, nos enviou um mensageiro com novidades mais animadoras, e solicitou-nos para ficar com boa disposição e ter melhores esperanças por ela porque estava sentindo uma mudança para o melhor. Isso não foi dito agora para enganar, mas a mensagem [980 B] era de fato verdadeira embora não soubéssemos naquele momento.

Pois na verdade, tal como um corredor que havia ultrapassado seu adversário e já se encontrava próximo do fim do estádio, tal como se ele se aproximasse do assento do juiz e visse a coroa da vitória, rejubila-se interiormente como se já houvesse atingido seu objetivo e anunciasse sua vitória aos seus simpatizantes, entre os espectadores ? em tal estado de espírito ela também nós dizia para dividir melhores esperanças para ela pois ela já olhava para o prêmio da chamada ao Céu, e tudo pronunciando as palavras do apóstolo: Daqui em diante está guardada para mim a coroa da justiça que o justo Juiz me dará porque eu lutei um bom combate, terminei o caminho, mantive a fé.?

De acordo, sentindo-nos felizes com as boas [980 C] novas, começamos a apreciar a visão que se colocavam ante nós. Elas eram muito variadas e os arranjos davam grande prazer na medida em que a grande senhora era cuidadosa mesmo nessas insignificâncias.

Gregório revê Macrina, que conta os acontecimentos de sua infância

Mas quando a vimos outra vez, pois ela não nos permitia passar o tempo sozinhos na ociosidade, começou a contar-nos sua vida passada, começando pela infância, e descrevendo tudo em ordem como numa história. Ela contou tanto o quanto podia lembrar-se da vida de nossos pais, e os acontecimentos que ocorreram antes e depois do meu nascimento.

Mas seu objetivo em todas as partes era a gratidão a Deus porque ela descrevia nossos pais não do ponto de vista da reputação que tinham aos olhos de seus contemporâneos devido às suas riquezas, mas como um exemplo da bênção divina.

Os pais de meu pai tiveram seus bens confiscados por serem cristãos. Nosso avô  materno [980 D] foi morto pela ira imperial, e todas as suas possessões transferidas para outros donos. No entanto, suas vida abundaram tanto na fé que ninguém era nomeado acima deles naqueles tempos. E além disso, depois que sua herança foi dividida em nove partes de acordo com o número de filhos, a parte de cada um aumentou tanto pela bênção de Deus que as rendas de cada filho excederam a prosperidade dos pais.

Mas quando chegaram à própria Macrina, ela não conservou nada das coisas que lhe foram atribuídas na divisão eqüitativa entre irmãos e irmãs, porém toda a sua parte foi entregue aos homens da Igreja de acordo com o mandamento divino. Além disso, sua vida tornou-se tal pelo auxílio divino que suas mãos nunca cessaram de trabalhar de acordo com o mandamento. Ela nunca procurou por ajuda de nenhum ser humano, nem a caridade deu-lhe a oportunidade de uma existência confortável.

Nunca os suplicantes foram em direção contrária, mas ela jamais apelou por ajuda, porém Deus secretamente abençoava as pequenas raízes dos seus bons trabalhos até que crescessem como uma poderosa fruta.

Como eu contasse minhas próprias dificuldades e tudo pelo que passei, primeiro meu exílio pelas mãos do Imperador Valenciano por causa da  fé, e depois a confusão na Igreja, que convocou-me para conflitos e julgamentos, minha grande irmã disse: ?Tu não cessarás de ser insensível às bênçãos divinas? Não remediarás a ingratidão da tua alma? Não compararás a tua posição com aquela dos nossos [982 B] pais?

E ainda, com relação às coisas do mundo, nós pudemos gabar-nos de sermos bem nascidos e pensar que viemos de uma família nobre. Nosso pai era muito estimado como jovem pelo seu conhecimento; de fato sua fama estabeleceu-se por todas as cortes de lei da província. Subseqüentemente, embora ele ultrapassasse a todos em retórica, sua reputação não se estendeu além de Ponto. Mas ele estava satisfeito em ter a fama em sua própria terra.?

?No entanto tu,? ela disse, ?é renomado em cidades, povos e países. Igrejas citam-te como um aliado e dirigente, e não vês a graça de Deus em tudo isso? Falhas em reconhecer a causa de tais bênçãos, que foram as preces de nossos pais, preces que agora estão elevando-te cada vez mais para cima, tu que tens uma pequena ou nenhuma capacidade para tal sucesso??

Assim ela falou, e desejei que a duração do dia se estendesse além, que ela nunca cessasse de encantar nossos ouvidos com a sua doçura. Mas a voz do coro estava nos convocando para o serviço noturno, e me enviando à igreja, (ficando) a grande dama mais uma vez isolada para rezar a Deus. E assim ela passou a noite.

Os acontecimentos do dia seguinte: as últimas horas de Macrina

Mas quando o dia raiou, estava claro para mim pelo que tinha visto que era o derradeiro limite da sua vida na carne já que a febre consumira toda a sua força. Porém, ela, considerando a fraqueza de nossas mentes, planejava como nos distrair de nossas tristes antecipações, e mais uma vez com aquelas suas lindas palavras dissipou o que havia do sofrimento de seu espírito com [982 D] uma curta e difícil respiração.

Muitas, em verdade, e variadas foram as emoções de meu coração com o que vi. Porque a natureza estava me afligindo e me fazendo triste, apenas como era esperado já que eu não podia mais ter esperanças de ouvir tal voz outra vez. Nem estava ainda reconciliado com o pensamento de perder a glória comum da nossa família, mas minha mente, como se inspirada por esse espetáculo, imaginou que ela realmente ficaria acima da sorte comum.

Pois mesmo no seu último suspiro não encontrou nada a duvidar na esperança da Ressurreição, nem mesmo temeu a partida desta vida, mas com a mente elevada continuou a discutir até o seu último suspiro as convicções que havia formado desde o início sobre esta vida ? tudo isso me pareceu mais que humano. Mais parecia como se algum anjo tivesse adquirido a forma humana com um tipo de encarnação para quem isso não era nada [984]. Um estranho para quem a mente permaneceria sem perturbação uma vez que não tinha nenhum parentesco ou apego por essa vida da carne, e então a carne não levava a mente a pensar nas suas aflições.

Portanto, acho que ela revelou para os circunstantes aquele divino e puro amor pelo noivo invisível, que ela mantinha escondido e alimentado em locais secretos da alma, e proclamou a secreta disposição do seu coração de correr em direção a Ele, a quem desejava, aquele com quem ela poderia rapidamente estar, livre das correntes do corpo. Porque em toda a verdade seu caminho foi dirigido em direção à virtude e nada mais poderia alterar a sua atenção.

A prece de morte de Macrina

[984 B] A maior parte do dia havia agora passado, e o sol estava declinando em direção ao oeste. Sua ânsia não diminuiu, mas ao aproximar-se de seu fim, como se discernisse a beleza do Noivo mais claramente, apressou-se em direção ao Amado com grande avidez.

Tais pensamentos ela proferiu, não mais para nós que estávamos presentes, mas para Ele em pessoa a quem fitava fixamente. Seu leito foi virado em direção ao leste; e cessando de conversar conosco, falou dali em diante para Deus em oração fazendo súplicas com as mãos e sussurrando com uma voz baixa, de forma que nós podíamos apenas ouvir o que era dito. Tal era a sua prece; não temos dúvidas que atingiu [984C] Deus, e que ela, também, estava ouvindo a Sua voz:

?Vós, Oh Senhor, nos libertastes do medo da morte. Vós fizestes o fim desta vida o começo para nós da verdadeira vida. Por uma estação descansastes nossos corpos no sono e acordastes-nos de novo na última trombeta. Destes nossa terra, que ocupastes com vossas mãos para manter a terra em segurança. Um dia tirareis de novo o que houvestes dado, transfigurando com imortalidade e graça nossos repugnantes e mortais traços. Salvastes-nos da maldição e do pecado, tendo tornado ambos para nossa causa.

Quebrastes as cabeças do dragão que se apoderou de nós com suas mandíbulas, no abismo escancarado (aberto) pela desobediência. Mostrastes-nos o caminho da ressurreição, quebrando os portões do inferno, e arruinou quem tem poder na morte ? o diabo. Destes um sinal para aqueles que vos temem no símbolo da Cruz Sagrada, [984 D] para destruir os adversários e salvar nossas vidas. Oh, Deus eterno, a quem estive ligada desde o ventre de minha mãe, Aquele a quem minha alma amou com todas as suas forças, Aquele a quem dediquei minha carne e meu espírito, da juventude até agora ? destes-me um anjo de luz para conduzir-me para o lugar de refrescamento, onde é a água do repouso, no seio dos Pais Sagrados. Vós que quebraste a espada flamejante e restaurastes para o Paraíso o homem que foi crucificado convosco e implorou vossos perdões, lembrai-vos de mim, também, em vosso reino; porque eu também fui crucificada convosco, tendo pregado minha carne na cruz por medo de Vós, e de Vossos julgamentos tive medo.

Não deixeis que o terrível abismo me separe de vossos eleitos. Não deixeis [986 A] o caluniador postar-se contra mim no caminho; nem deixeis meus pecados serem encontrados ante Vossos olhos, se em qualquer coisa pequei em palavra ou ação ou pensamento, deixei perdido pela fraqueza da nossa natureza. Oh Vós que tem o poder na terra para perdoar os pecados, perdoai-me para que eu seja revigorada e possa ser encontrada diante Vós quando eu abandonar meu corpo, sem manchas em minha alma. Mas possa a minha alma ser recebida em Vossas mãos pura e imaculada, como um oferecimento diante Vós.?

Quando disse estas palavras, ela selou seus olhos, boca e coração com a cruz. E gradualmente, sua língua calou-se com a febre, não pôde mais articular palavras, e sua voz desvaneceu-se, e somente pelo tremor de seus lábios e o mover de suas mãos, percebíamos que estava rezando.

Enquanto isso a noite chegou e uma lamparina [986 B] foi trazida. Imediatamente ela abriu a órbita de seus olhos e olhou em direção à luz, claramente desejando repetir a oração de ação de graças ao acender das luzes. Mas sua voz falhou e ela preencheu sua intenção no coração e pelo mover de suas mãos enquanto seus lábios movimentavam-se em simpatia com seu desejo interior.

Mas quando ela terminou o agradecimento, e sua mão voltou-se para o rosto para fazer o sinal que significava o fim da prece, deu um último e profundo suspiro e fechou juntamente sua vida e sua prece.

Gregório realiza os últimos ofícios

[986 C] E agora que ela estava sem respirar e quieta, lembrando a ordem que ela havia dado em nosso primeiro encontro, dizendo-me que ela desejava suas mãos postas nos olhos, e que os ofícios costumeiros do corpo fossem feitos por mim, eu coloquei suas mãos, entorpecidas pela doença, em sua face santificada, para que não parecesse que eu negligenciava o seu pedido. Pois seus olhos não necessitavam nada para compô-los, estando cobertos graciosamente pelas pálpebras, tal como acontece no sono natural. os lábios estava confortavelmente fechados e as mãos postas reverentemente sobre o peito, e todo o corpo tinha automaticamente ficado na posição correta, e de forma alguma precisavam da ajuda de assentadores.

Portal Veritatis Splendor

Papa Francisco: Todos devemos contribuir ao respeito pelos Direitos Humanos

Imagem referencial. Papa Francisco no Vaticano.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 10 dez. 20 / 10:21 am (ACI).- O Papa Francisco indicou que “cada um é chamado a contribuir com coragem e determinação ao respeito dos Direitos Humanos fundamentais de cada pessoa”.

Assim indicou o Santo Padre em 10 de dezembro, por ocasião do 72º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH), adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, em Paris.

Em mensagem enviada por meio de sua conta oficial no Twitter @Pontifex_pt, o pontífice recordou o ensinamento de Jesus na passagem do Evangelho de São Mateus ao capítulo 25 para destacar a importância de respeitar os direitos humanos das pessoas "invisíveis", isto é, de "quem tem fome e sede, quem está nu, doente, estrangeiro ou detido".

Cada um é chamado a contribuir com coragem e determinação ao respeito dos #DireitosHumanos fundamentais de cada pessoa, especialmente daquelas "invisíveis": de quem tem fome e sede, quem está nu, doente, estrangeiro ou detido (Mt 25,35-36).

O texto do Evangelho comentado pelo Papa Francisco refere-se ao ensinamento de Jesus sobre o Juízo Final (São Mateus 25,34-40) no qual as pessoas justas herdarão o Reino que “vos foi preparado desde o início do mundo” porque deram de comer ao faminto, de beber ao sedento, acolheram o peregrino, vestiram a quem estava nu, visitaram os doentes e os presos.

Em 25 de novembro, o Santo Padre também escreveu que é necessário que todos "façam muito mais pela dignidade de cada mulher", pois as mulheres são muitas vezes "ofendidas, espancadas, violentadas, levadas à prostituição".

Nesse sentido, em 1º de janeiro de 2020, o Papa rejeitou a violência sofrida por muitas mulheres no mundo e destacou que “toda a violência infligida à mulher é uma profanação de Deus”.

Na ocasião, o Santo Padre lamentou que as mulheres "sejam continuamente espezinhadas, espancadas, violentadas, obrigadas à prostituição e a privar a vida que trazem no seio”.

Da mesma forma, em 10 de dezembro de 2018, o Santo Padre incentivou ir contracorrente para proteger os direitos humanos no mundo e citou “os nascituros aos quais são negados o direito de vir ao mundo, naqueles que não têm acesso aos meios indispensáveis para uma vida digna, nos que são excluídos de uma educação adequada, naqueles que são injustamente privados do trabalho ou forçados a trabalhar como escravos, nos que estão detidos em condições desumanas, nos que sofrem torturas ou não têm a possibilidade de se redimir, nas vítimas de desaparecimentos forçados e suas famílias”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. DÂMASO I, PAPA

ArqSP

Dâmaso era espanhol, mas não se descarta que ele possa ter nascido em Roma, no ano 305. Culto e instruído, ocupou o trono da Igreja de 366 a 384. Foi considerado um dos mais firmes e valentes sucessores de Pedro. Sem temer as ameaças e protecionismos imperiais, demitiu de uma só vez todos os bispos que mantinham vínculo com a heresia ariana, trazendo estabilidade à Igreja através da unidade, da obediência e respeito ao papa de Roma.

Sua eleição foi tumultuada por causa da oposição. Houve até luta armada entre as facções, vitimando cento e trinta e sete pessoas. Mas, ao assumir, o então papa Dâmaso I trouxe de volta a tradição da doutrina à Igreja, havendo um florescimento de ritos, orações e pregações durante seu mandato. Devem-se a ele, por exemplo, os estudos para a revisão dos textos da Bíblia e a nova versão em latim feita pelo depois são Jerônimo, seu secretário.

Em seu governo, a Igreja conseguiu uma nova postura e respeito na sua participação na vida pública civil. Os bispos podiam escrever, catequizar, advertir e condenar. Esse papa sabia como ninguém fazer-se entender com os impérios e reinados e conseguia paz para que a Igreja se autogerisse. Foi uma figura digna do seu tempo, pois conviveu com grandes destaques do cristianismo, como os santos: Ambrósio, Agostinho e Jerônimo, só para citar alguns.

Além de administrador, era, também, um poeta inspirado pelas orações e cânticos antigos e um excelente arqueólogo. Graças a ele as catacumbas foram recuperadas, com o próprio papa percorrendo-as para identificar os túmulos dos mártires e dar-lhes as devidas honras. Nesse mesmo local exaltou os mártires em seus famosos "Títulos", ou seja, epigramas talhados nas pedras pelo calígrafo Dionísio Filocalo, com os lindos poemas que escrevia especialmente para cada um.

Dâmaso I escolheu, pessoalmente, o túmulo no qual gostaria que fossem depositados seus restos mortais. Na cripta dos papas, localizada nas Catacumbas de São Calisto, ao término dos seus escritos em honra deles, deixou registrado: "Aqui, eu, Dâmaso, gostaria que fossem depositados meus espólios. Mas temo perturbar as piedosas cinzas dos mártires".

Ao morrer, em 384, com quase oitenta anos, foi sepultado num solitário e humilde túmulo na via Andreatina, que ele, discreto, preparara para si. Santo papa Dâmaso I é venerado no dia 11 de dezembro.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

As profecias de Isaías

Guadium Press
Ao longo do período litúrgico do Advento, temos escutado várias leituras do livro do Profeta Isaías. Qual é o aspecto mais importante de suas profecias?

Redação (09/12/2020 11:06Gaudium Press) Grandiosa é a cena da visão que teve Isaías, no ano 740 antes de Cristo. Deus está sentado num elevado trono, no Templo; junto d’Ele, os Serafins cantam: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama sua glória!” A este brado, as portas estremecem em seus gonzos e o recinto enche-se de fumaça.

Ele grita: “Ai de mim! Estou perdido porque sou um homem de lábios impuros, e, entretanto, meus olhos viram o Senhor dos exércitos!” Um dos serafins, porém, aplica-lhe na boca uma brasa viva, dizendo: “Tendo esta brasa tocado teus lábios, teu pecado foi tirado, e tua falta, apagada”. Nesse instante, ouve ele a voz do Senhor que pergunta:

— Quem enviarei Eu? E quem irá por nós?

— Eis-me aqui, enviai-me — prontificou-se ele. Deus o enviou, e ele transmitiu com fidelidade a palavra do Altíssimo para o povo eleito e todas as nações da terra.

Oito séculos antes, ele anunciou com tantos pormenores a vinda do Messias, que um comentarista chega a afirmar: “Isaías escreveu antecipadamente o Evangelho”.

“Apóstolo” e “Evangelista”

Quase nada relata a Escritura Sagrada sobre a vida de Isaías. Sabe-se apenas que era de nobre família, casou-se e teve, pelo menos, dois filhos aos quais deu nomes carregados de mistério e simbolismo: Sear-Iasub (Um-resto-voltará) e Maher-Shalat-Hash-Baz (Pronto-saque-próxima-pilhagem).

Entretanto, suas palavras e seu nome ressoam em incontáveis passagens do Novo Testamento. Tudo quanto dizem os outros profetas sobre o Reino universal de Deus, a ser instaurado pelo Messias, está de alguma forma contido no livro de Isaías, Profeta messiânico por excelência.

De todos os profetas — são 17 os que deixaram obra escrita — nenhum fez o relato completo da vinda do Redentor. Cada um deu sua contribuição parcial para a formação do grandioso conjunto. Seus oráculos se fizeram ouvir sobretudo sob os reis de Judá e na época do Cativeiro de Babilônia, mas a obra só ficou concluída com Malaquias, o derradeiro dos profetas.

E quando no deserto o Precursor indicou aos judeus “o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1,29), ficou dita a última palavra: estava presente o Simbolizado, Jesus de Nazaré; as expressões simbólicas não mais tinham razão de ser.

Entretanto, quem mais contribuiu para a construção desse magnífico edifício profético foi Isaías, a ponto de poder ele ser considerado o profeta messiânico por excelência.

Tudo quanto havia de bom na humanidade clamava a Deus, implorando a vinda do Redentor. Isaías exprime, em forma de oração, esse ardente desejo: “Derramai das alturas, ó Céus, o vosso orvalho, e as nuvens façam chover o Justo; abra-se a terra e brote a felicidade e ao mesmo tempo faça germinar a justiça” (45, 8).

E é ele ainda quem declara que Jesus será da estirpe de Davi, cujo pai era Jessé: “Um ramo novo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor (…) o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será sua morada” (11, 1-10).

Narração antecipada do Evangelho

Quando o Arcanjo Gabriel saudou a Virgem Maria na humilde casa de Nazaré, cumpriu-se uma das mais importantes profecias de Isaías: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (7, 14).

Em termos poéticos, anuncia ele, com oito séculos de antecedência, a entrada do Messias neste mundo: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz” (9, 1).

Previsão cujo cumprimento São João comprova em seu Evangelho, empregando os mesmos vocábulos: “A luz resplandece nas trevas (…) a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1, 5 e 9).

São Lucas relata como o próprio Jesus confirma que em sua Pessoa Divina se cumpriam os oráculos desse grande profeta:

Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor’. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir” (Lc 4, 16-21 – Is 61, 1-2).

Não menos categóricas são suas previsões a respeito da Paixão e Morte do Salvador: “Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades (…) como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador, Ele não abriu a boca. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. (…) ao morrer, achava-se entre malfeitores” (53, 5-9).

Ao ler tudo isso, não se pode deixar de concordar com a afirmação de um comentarista: “Isaías escreveu antecipadamente o Evangelho”.

Aspecto importante das profecias

Entretanto, as profecias não se limitam à vinda do Filho de Deus, sua Paixão, Morte e Ressurreição. Elas abrangem também a fundação e a expansão de sua Igreja, construída sobre a rocha inabalável. Deve ela, entretanto, resplandecer muito mais, na terra inteira. São bem ilustrativos, a este respeito, os dois trechos abaixo, de Isaías:

No fim dos tempos, acontecerá que a montanha da casa do Senhor estará colocada no cume das montanhas. Todos as nações acorrerão para ela, e virão numerosos povos, dizendo: Vinde, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacó; ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas” (2, 1-3).

O profeta se vale da realidade conhecida (o monte do Templo, em Jerusalém), como símbolo para exprimir aquilo que lhe é revelado: na era messiânica, a montanha da casa do Senhor (a Igreja Católica) estará estabelecida “no cume das montanhas”, isto é, colocada em posição de ser vista e reconhecida por todas as nações da terra. Pelo esplendor de sua luz, ela atrairá a si todos os povos e lhes ensinará o caminho da salvação.

Mais adiante, novo oráculo mostra o imenso amor de Deus pela sua Igreja, a qual Ele recobrirá dos mais preciosos ornamentos da santidade, simbolizados da seguinte forma:

Eis que eu alinharei tuas pedras e te edificarei em pedras de jaspe, sobre alicerces de safira. Farei tuas portas de cristal, e de pedras preciosas todo o teu recinto. Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor” (54, 11-13).

De que modo, e quando, se cumprirão por inteiro essas profecias? Não se referem elas ao triunfo do Imaculado Coração anunciado por Nossa Senhora em Fátima?

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 36 Dezembro 2004. Ir. Mariana Morazzani Arráiz,EP.

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6 orações a São José muito especiais para este Ano de São José

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São José e a Sagrada Família
por Francisco Vêneto

Para rezar neste ano dedicado pelo Papa Francisco ao santo esposo de Nossa Senhora, pai adotivo de Jesus e padroeiro da Igreja.

6 orações a São José muito especiais para este Ano de São José: aqui vão algumas sugestões de preces específicas para momentos e intenções que você possa ter ao longo deste ano dedicado pelo Papa Francisco ao grande e santo esposo de Nossa Senhora, pai adotivo de Jesus e padroeiro da Igreja Católica (8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021).

6 orações a São José

1 – A antiga oração a São José que é “conhecida por nunca ter falhado”

Esta oração foi encontrada nos primórdios do cristianismo. Em 1505, foi enviada pelo Papa ao imperador Carlos, quando ele estava indo para a batalha de Lepanto. Segundo a tradição, quem ler esta oração, ouvi-la ou guardá-la consigo nunca morrerá de morte súbita nem se afogará, nem será atingido por veneno ou cairá nas mãos do inimigo, nem será queimado em qualquer fogo ou rendido na batalha. A tradição também convida a rezá-la durante nove manhãs por qualquer intenção. Ela é conhecida por nunca ter falhado.

Ó São José, cuja proteção é tão grande, tão forte e tão imediata diante do trono de Deus, a vós confio todas as minhas intenções e desejos. Ajudai-me, São José, com a vossa poderosa intercessão, a obter todas as bênçãos espirituais por intercessão do vosso Filho adotivo, Jesus Cristo Nosso Senhor, de modo que, ao confiar-me, aqui na terra, ao vosso poder celestial, Vos tribute o meu agradecimento e homenagem. Ó São José, eu nunca me canso de contemplar-Vos com Jesus adormecido nos vossos braços. Não ouso aproximar-me enquanto Ele repousa junto do vosso coração. Abraçai-O em meu nome, beijai por mim o seu delicado rosto e pedi-Lhe que me devolva esse beijo quando eu exalar o meu último suspiro. São José, padroeiro das almas que partem, rogai por mim! Amém.

2 – Oração para pedir que São José seja seu protetor

Esta breve oração consta no “Manual de São José”: é uma prece para pedir que ele interceda diariamente por você.

Ó São José, esposo da Virgem Mãe de Deus, a mais gloriosa advogada de todos os que estão em perigo ou em sua derradeira agonia e a mais fiel protetora de todos os servos de Maria, vossa amada esposa! Na presença de Jesus e Maria, a partir deste momento, eu vos escolho como meu poderoso patrono e advogado, a fim de que obter a graça de uma morte feliz. Decido firmemente e pretendo nunca vos abandonar, nem dizer ou fazer qualquer coisa contra a vossa honra. Recebei-me, portanto, como vosso servo constante e recomendai-me à proteção constante de Maria, vossa amada esposa, e às eternas misericórdias de Jesus, meu Salvador. Ajudai-me em todas as ações da minha vida. Agora ofereço-me à glória maior e eterna de Jesus e Maria, bem como à vossa. Amém.

3 – Oração a São José para pedir proteção contra o mal

O Papa Leão XIII escreveu uma encíclica sobre São José e, no final, compôs uma oração ao pai adotivo de Jesus, pedindo sua ajuda na proteção contra o mal. Eis esta oração:

A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio de vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade, que vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus conquistou com o Seu sangue, e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder. Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo. Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; assim como outrora salvastes da morte a vida do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade. Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo, e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Assim seja.

4 – Oração a São José para quando você for viajar

Ó São José, que acompanhastes Jesus e Maria em todas as viagens e que fostes chamado de patrono de todos os viajantes, acompanhai-nos neste caminho que estamos prestes a fazer. Sede nosso guia e protetor; olhai por nós; preservai-nos de todos os acidentes e perigos para a alma e o corpo; auxiliai-nos em nosso cansaço e ajudai-nos a santificá-lo oferecendo-o a Deus. Fazei-nos sempre cientes de que somos estrangeiros peregrinos neste mundo e que o céu é o nosso lar verdadeiro, e ajudai-nos a perseverar no caminho que para lá nos conduz. Pedimo-vos em especial que nos protejais e ajudeis na última grande viagem do tempo à eternidade, para que, sob a vossa orientação, possamos chegar ao reino da felicidade e da glória, para ali repousar eternamente convosco na companhia de Jesus e Maria. Amém.

5 – Oração a São José pela proteção dos filhos

Ó glorioso São José! Foi a vós que Deus confiou os cuidados de Seu Filho unigênito nos muitos perigos deste mundo. Nós vos pedimos que tomeis sob a vossa proteção especial os filhos que Deus nos deu. Através do santo Batismo, eles se tornaram filhos de Deus e membros da Sua santa Igreja. Nós os consagramos hoje a vós! Que, por meio desta consagração, eles possam também tornar-se vossos filhos adotivos. Guardai-os, guiai os seus passos na vida, formai os seus corações segundo os corações de Jesus e Maria. São José, que sentistes a tribulação e a preocupação dos pais quando o Menino Jesus esteve perdido, protegei os nossos queridos filhos no tempo e para a eternidade. Sede seu pai e conselheiro. Fazei-os, como Jesus, crescer em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Preservai-os da corrupção do mundo e dai-nos um dia a graça de nos unirmos no Céu para sempre. Amém.

6 – Oração a São José para dormir em paz

Ó querido São José, eu decido, todas as noites, antes de fechar os olhos para o sono, recitar estas aspirações: Jesus, Maria e José, ofereço-vos meu coração e minha alma. Jesus, Maria e José, socorrei-me na minha última agonia. Jesus, Maria e José, que minha alma respire em paz convosco. Amém.

Aleteia 

NA SIMPLICIDADE DE UMA MANJEDOURA

Ehow
por Dom Severino Clasen
Arcebispo de Maringá (PR)

“Vamos a Belém, ver este acontecimento que o Senhor nos revelou” (Lc 2,15).

A ação litúrgica, no mês de dezembro, está recheada de enfeites, novenas e esperanças. O mundo comercial tem ofertas mercadológicas para saturar as ruas, casas comerciais, chegando a exaustão. Dentro de tanta convulsão, convocamos as pessoas de fé, celebrar com alegria a festa de aniversário do nascimento de Jesus.

No dia 25 de dezembro, em tempo de pandemia, isolamento social, limite de fiéis nas igrejas, celebraremos o santo Natal.

Silenciosamente, Deus se manifesta ao mundo, nascendo numa estrebaria com a presença de animais.

Deus se encarna na simplicidade de uma manjedoura, distante dos poderosos, mudo para os falsos profetas que agridem pastores, portadores da paz, da esperança e da justiça.

Natal é tempo de olhar para dentro de si mesmo e deixar ecoar o grito dos pastores na forma dos pobres, índios, negros, enfermos, minorias oprimidas de nossa sociedade. A canção natalina se fará ouvir somente pela harmonia interior, consciência madura e equilibrada que o Papa Francisco nos aponta em Fratelli Tutti, “o essencial de uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra em que cada uma nasceu ou habita” (n.1).

Esta é a verdadeira mensagem natalina. Descobrir a simplicidade do Menino Deus que vem sem alardes e fanfarras ao mundo, deve ser experimentado no seio da família, através do diálogo como os pastores, comunicando que o rumo é Belém, “vamos ver o que lá aconteceu”. O brilho da estrela, ergue os olhos ao infinito para contemplar as maravilhas de Deus no coração de todas as pessoas, sentindo a ternura de Maria que dá à luz da justiça, faz os Reis magos retornar por outro caminho, aproxima dos animais e da criança recém-nascida, nos ensinando a relação amorosa com toda a obra criada.

Natal é tempo de conversão e alerta para nos aproximarmos dos mais necessitados, do respeito pela vida, da união na família, no cuidado pela ecologia e pela fraternidade universal e social.

Natal de verdade supera preconceitos, elimina pensamentos vingativos, educa para o olhar sem julgamentos, desprezo e egoísmo. Natal preparado pela oração, meditação, acolhimento da Palavra de Deus devolvendo para as pessoas batizadas a alegria original da fé cristã e despertando nos pagãos e incrédulos que há sinais de bondade no seio da humanidade que busca a luz apontando novo rumo para uma sociedade em pandemia, regida pelas falsas notícias e pelo ódio.

Os pastores, provavelmente, não tinham o hábito de frequentar as sinagogas, mas foram os primeiros a receber a notícia do Menino Jesus. Eles deixaram a lida de pastores e foram rumo a Belém: “os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam” (Lc 2,16-17).

Que o nosso final de ano, exaustos de espera de novos tempos, superação da pandemia, nos encha também de alegria. Busquemos no silêncio do lar, através da oração, da orientação da nossa mãe Igreja, o sabor da percepção de celebrar a vinda de Deus para toda a humanidade.

Deixemo-nos tomar pela alegria, visto e sentido em primeiro lugar pelos pastores, e nos aproximemos de Maria e José, pessoas simples, sem preconceito, para descobrir que o Menino Jesus, deve ser encontrado no nosso coração e acalentando nossa vida de ternura, serenidade, da fraternidade universal.

Deixemo-nos conduzir pela estrela de Belém e assumamos, através de nossa fé, o compromisso para melhorar nossas relações na família e na comunidade.

Rezemos pelas famílias que perderam entes queridos, vítimas da Covid-19 e tenhamos um Natal de paz e uma ano de esperança em 2021.

Que seja essa a fonte de alimento para um Feliz Natal e Ano de 2021 com as bênçãos do Menino de Belém.

CNBB

A SENHORA DO ADVENTO

ArqBrasília

Nesse período litúrgico do Advento, Maria, a Santíssima Virgem do Advento, nos convida a percorrer o itinerário que irá nos conduzir em direção ao mistério da Encarnação do Verbo de Deus. É desejo de Maria que todos e cada um de nós, juntos a Ela, descubramos com renovado ardor o valor inexcedível do conhecimento do amor de Cristo.

Em nossa preparação para o Natal, é sempre bom e necessário querer ter o privilégio de se aproximar de Belém, do presépio do Menino Deus, amparados pela humildade e pelos exemplos de virtudes que encontramos no autêntico culto a Maria e, por isso, nós queremos elevar os nossos olhares suplicantes para  Nossa Senhora, para que Ela nos demonstre quais são os requisitos necessários para se viver a  regeneração espiritual e moral que nos faz testemunhas credíveis das maravilhas operadas por Deus, no nosso tempo e em nossa história.

Nesse itinerário espiritual que nos conduz em direção ao Presépio de Belém, Maria, a doce e singela Virgem do Advento, nos faz perceber que a caridade e a piedade, alimentadas na fecunda fonte da Sagrada Escritura e da reta participação nos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, nos colocam em pleno contato com os mananciais de uma sólida vida espiritual, solidíssimo fundamento em que se há de alicerçar nossa caminhada na fé e na santidade.

Iluminados pela Luz provinda de Belém, sentimos no coração a grata e imperiosa incumbência de bradar que “a notícia do nascimento de Jesus representa o grande sinal da benevolência divina para com os homens. No divino Redentor, contemplado na pobreza da gruta de Belém, pode-se divisar um convite a nos aproximar, com confiança, d’Aquele que é a esperança, d’Aquele que é a esperança da humanidade”. (Papa João Paulo II, “L’Osservatore Romano, Ed. Port., n.º 47”). A Santíssima Virgem Maria não se cansa de interceder por nós diante de Nosso Senhor Jesus Cristo. Demonstremos a Ela que, graças à sua poderosa intercessão, estamos mantendo a graça, a paz e o amor de Deus em nossas almas e, consequentemente, em união com o nosso Redentor, não temos medo ou receios de enfrentar com grandeza de ânimo as obrigações de nossas vidas de batizados e de membros do Corpo Místico de Cristo.

Contemplando as atitudes e os gestos de amor demonstrados pela Virgem do Advento, descobrimos, à luz da fé, a geografia espiritual da terra santa de Belém, que é fecunda em conquistas de desprendimento, gestos de serviço e de obras de misericórdia. Em Belém, terra de pastores, temos a plena convicção de que, diante de Deus, ninguém é estrangeiro, pois nos reconhecemos filhos de um mesmo Pai! Em Belém, terra-pão, degustamos o valor insubstituível da Eucaristia, que imprime em nosso ser um maior sentido de Deus e de tudo aquilo que é sagrado em nossas vidas e incrementa um maior apreço pela Igreja, como instituição de Salvação, mediante os sacramentos, sinais sensíveis da graça que Jesus Cristo, em Seu amor, nos legou!

É vital que manifestemos nossa adesão à geografia de Belém por meio da prática, sem reservas, da virtude da caridade e do constante empenho em conquistar novos discípulos para o Reino de Deus! Maria, a Virgem do Advento, é também a Mãe da Igreja, que nos faz perceber que ser um cidadão, um homem ou uma mulher redimidos pelo Menino Deus que nasceu em Belém, é saber ser um profeta, um sacerdote e um rei que, na prática e na concretização da virtude da esperança, demonstra com coerência que “é grande em nós o desejo de que a Igreja de Deus seja qual Jesus a quer: una, santa, toda encaminhada à perfeição a que Ele a chamou e de que a tornou capaz”. (Papa Paulo VI, “Encíclica Ecclesiam Suam, n.º 19”).

Quanto maior for o tempo que dedicarmos à nossa preparação para o Natal, maior será a nossa convicção de que Maria, a Mãe de Cristo, nos torna integralmente acessível o compêndio do Advento. Ela própria pode e deve ser reconhecida como o compêndio do Advento; afinal, quem se preparou da melhor forma para servir ao Senhor? Quem melhor vivenciou a realidade da graça por amar sem reservas ao Messias esperado? Quem, sem titubear, soube dizer “sim!” e permanecer nessa doação incondicional?

Se soubermos auscultar o que a Santíssima Virgem Maria nos diz, perceberemos que na vida da fé não existem práticas de devoção exclusivamente masculinas ou femininas e que na preparação do Natal, não só as mulheres, mas também todos os homens, são chamados a participar da organização das novenas e da montagem dos presépios. Nesse sentido, caso alguém nos interrogue porque um homem participa de novenas e da montagem de um presépio, questione-o: “Quem te disse que fazer novenas não é varonil? Serão varonis essas devoções, sempre que as pratique um varão com espírito de oração e penitência!” (São Josemaría Escrivá, “Caminho n.º 574”). Como homens e mulheres, seres humanos resgatados pelo nosso Redentor, salmodiemos: “A Verdade brotou da terra!” (Sl 84,12). Como homens e mulheres, imagem e semelhança de Deus, declaremos que “todo aquele que em seu coração crê para obter a justiça, concebe a Cristo. Quem, com suas palavras, o confessa pela boca, para alcançar a Salvação, dá à luz a Cristo!” (Santo Agostinho, “Sermão 191,4”)

Para concluir, quero mais uma vez convidá-los a voltar os olhos e a alma para Nossa Senhora, a dulcíssima e amada Virgem do Advento, invocando, com renovada e filial confiança, a sua poderosa mediação e intercessão em favor da paz no mundo e da concretização da justiça em todos em povos e nações! Em silêncio, no fundo do fundo da nossa alma, rezemos a antífona do Advento, suplicando: “Ó santa Mãe do Redentor, porta do céu, estrela do mar, socorre o teu povo, que anela por ressurgir. Tu que, acolhendo a saudação do anjo na admiração de toda a criação, geraste o teu Criador. Mãe sempre virgem, tem piedade de nós, pecadores!”

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Arquidiocese de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF