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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Cardeal preso injustamente escreve sobre seus dias na prisão

George Pell. Crédito: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

SYDNEY, 15 dez. 20 / 09:16 am (ACI).- O vaticanista italiano Sandro Magister publicou em seu blog Settimo Cielo algumas prévias do primeiro volume do “Prison Journal” (em tradução livre ao português, Diário da Prisão) do Cardeal George Pell, preso injustamente por pouco mais de um ano na Austrália, após ser acusado de abuso sexual de menores que nunca cometeu.

Entre outros temas, o Purpurado reflete nesta prévia sobre os católicos na China, o papel do Papa emérito, a exortação apostólica sobre o amor na família Amoris laetitia; e a liberdade religiosa. Suas reflexões foram publicadas pela Ignatius Press.

Em 2019, o Cardeal Pell foi condenado à prisão acusado de abusar de dois menores. No entanto, em 7 de abril deste ano, foi libertado, depois que a Suprema Corte da Austrália concluiu que o júri no julgamento do Cardeal não agiu de maneira razoável, ao não encontrar possibilidade de dúvida nas acusações que enfrentava. Foi absolvido de todas as acusações.

Relatos de que o Cardeal Angelo Becciu teria transferido dinheiro para a Austrália para armar uma cilada para o Cardeal Pell atraíram a atenção internacional.

O Papa Francisco retirou o cardeal Becciu de seu cargo como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e retirou seus direitos cardinalícios, incluindo a impossibilidade de participar do próximo conclave.

Até 2017, o Cardeal Pell liderou um esforço incentivado pelo Santo Padre para ordenar e esclarecer as finanças do Vaticano, que por muito tempo careceram de procedimentos, controles ou supervisão centralizados. O Cardeal entrou em conflito nesse trabalho com o Cardeal Becciu, que serviu no Vaticano como Substituto do Secretário de Estado.

Entre outras coisas, o Cardeal Becciu agiu para cancelar um contrato que o Cardeal Pell havia feito para uma auditoria externa das finanças do Vaticano.

Este primeiro volume das memórias e reflexões do Cardeal Pell na prisão tem 350 páginas e se refere aos primeiros 5 meses de sua prisão em Melbourne.

O Cardeal escrevia duas ou três páginas por dia que “quase sempre começavam com as suas reflexões sobre as duas leituras matinais do Breviário, uma da Bíblia e outra dos Padres da Igreja, e terminavam com uma oração”, explica Magister.

Sua cela era pequena e tinha a permissão para sair por meia hora para um pátio, sozinho. Recebia visitas duas vezes por semana. Ele não tinha permissão para celebrar a Missa e a de domingo assistia na televisão. Na zona da prisão onde estava havia assassinos e terroristas. Era submetido, como os demais, a frequentes verificações antidrogas e revistas corporais.

No entanto, diz o vaticanista, “não há nada de triste em seus diários. Em vez disso, são calmos e reconfortantes, aqui e ali com um fio de ironia. Os jogos de futebol e rúgbi australianos têm nele um comentarista partícipe. A escrita é simples e profunda ao mesmo tempo. O lamento está ausente”.

Os católicos da China

“Meu tempo na prisão não é um piquenique, mas se torna um período de férias em comparação com outras experiências na prisão. Meu bom amigo Jude Chen, natural de Xangai e agora residente no Canadá, escreveu-me sobre a prisão que sua família sofreu sob os comunistas chineses”, escreveu o Cardeal Pell em seu diário.

“Em 1958, o irmão de Jude, Paul, um seminarista, e a irmã Sophie, uma estudante do ensino médio, foram presos por serem católicos e passaram trinta anos em duas prisões diferentes, para Sophie no frio da China setentrional. A família tinha direito a uma visita de 15 minutos por mês, quando estavam em uma prisão de Xangai, e uma carta de 100 palavras por mês ao longo de três décadas. O avô de Jude, Simon, que era rico e havia construído uma igreja paroquial dedicada à Santíssima Trindade, teve todas as suas propriedades confiscadas. Jude o amava e os dois viveram na mesma casa por nove anos até a morte do idoso. Jude conta que quando perguntado sobre a sua propriedade confiscada, ele respondia: 'Tudo veio de Deus e será restituído a Deus'.

“Após o início da Revolução Cultural na primavera de 1966, os Guardas Vermelhos invadiram sua casa e ficaram desapontados ao descobrir que o avô Simon havia morrido. Consequentemente, destruíram seu túmulo, saquearam a casa e forçaram a mãe de Jude a queimar todos os seus objetos religiosos. O pai de Jude foi despedido como professor e rebaixado a porteiro".

“Aos onze anos e no ensino fundamental, Jude foi forçado a confessar aos seus quarenta colegas da turma que era um criminoso de uma família criminosa. Recorda também que seu professor dizia aos seus colegas para que se mantivessem longe dele”.

“Aos dezessete anos, o próprio Jude foi enviado durante oito anos para um campo de trabalho no subúrbio de Xangai. Enquanto estava para ir embora, seus pais lhe deram esta instrução: ‘Jude, não conserve ódio no seu coração, mas somente amor’. Este é o combustível sagrado que dá força à Igreja”.

Amoris laetitia

“A fidelidade a Cristo e ao seu ensinamento permanece indispensável para algum catolicismo fecundo, para algum despertar religioso. Este é o motivo pelo qual as ‘aprovadas’ interpretações argentinas e maltesas de Amoris laetitia são tão perigosas: vão contra o ensinamento do Senhor sobre o adultério e o ensinamento de São Paulo sobre as disposições necessárias para receber devidamente a Sagrada Comunhão”, escreve o Cardeal.

“Nos dois Sínodos sobre a Família, algumas vozes proclamaram em alta voz que a Igreja era um hospital de campanha ou um porto de refúgio. Mas esta é apenas uma imagem da Igreja e está longe de ser a mais adequada ou relevante, porque acima de tudo a Igreja deve mostrar como não adoecer e como escapar dos naufrágios, e aqui os mandamentos são essenciais. O próprio Jesus ensinou: 'Se guardares os meus mandamentos, permanecerás no meu amor' (Jo 15,10)”.

O papel do Papa Emérito

“Sou a favor da tradição milenar de que os Papas não renunciam, de que continuam até a morte, porque isso ajuda a manter a unidade da Igreja. Os avanços na medicina moderna complicaram a situação, permitindo que os papas de hoje e de amanhã provavelmente vivam muito mais do que seus predecessores, embora sua saúde esteja gravemente debilitada”, escreve o Cardeal Pell.

“Mas é necessário esclarecer os protocolos sobre o papel de um Papa que renunciou, para reforçar as forças de unidade. Embora o Papa aposentado possa manter o título de 'Papa Emérito', deveria ser reintegrado ao Colégio Cardinalício e passar a ser conhecido como 'Cardeal X, Papa Emérito', não deveria usar a batina papal branca e não deveria ensinar publicamente”.

“Por reverência e amor ao Papa, muitos relutariam em impor tais restrições a alguém que já se sentou na cátedra de Pedro. Essas medidas provavelmente seriam melhor introduzidas por um Papa que não tenha um predecessor ainda vivo”.

Theodore McCarrick

Em uma das páginas de seu diário, o Cardeal Pell conta que recebeu um cartão do ex-cardeal Thedore McCarrick, expulso do estado clerical pelos abusos sexuais que cometeu durante décadas.

“Tem oitenta e nove anos e assinou ‘Ted McCarrick, Catholicus, olim cardinalis’, que em latim significa ‘Católico, alguma vez cardeal’. Sempre foi cortês comigo e um habilidoso ‘arrecadador de fundos’ e criador de contatos, bem conectado em todos os níveis e especialmente com os Democratas [norte-americanos]. Infelizmente, causou muitos danos em mais de um sentido".

“Embora eu reze explicitamente todos os dias pelas vítimas, nunca mantive uma categoria em minha lista de oração pelos sacerdotes abusadores e bispos delinquentes. Deveria remediar isso e rezei por Ted McCarrick, 'olim cardinalis'".

Israel Folau e a liberdade religiosa

“Israel Folau é um brilhante jogador de rúgbi, originário de Tonga e um homem piedoso, de fé cristã simples, um protestante da velha guarda, que não tem tempo para as festas católicas do Natal e da Páscoa, muito menos para a devoção à Virgem”, escreve o Cardeal Pell em seu diário.

“Parafraseou e modificou a lista de São Paulo daqueles que não 'herdarão o Reino de Deus', publicando sua advertência no Instagram: 'Bêbados, homossexuais, adúlteros, mentirosos, fornicadores, ladrões, ateus, idólatras. O inferno espera por vocês. Arrependam-se". No entanto, os funcionários do sindicato do rugby o despediram por incitar ao ódio”.

“Este caso criará precedentes importantes na luta pela liberdade religiosa, e o Lobby Cristão Australiano mostrou sentido comum ao apoiar Folau. Embora não seja a favor de condenar as pessoas ao inferno, porque este é um assunto de Deus, Folau está simplesmente afirmando os ensinamentos do Novo Testamento, quando detalha as atividades não compatíveis com a pertença ao Reino dos Céus”.

“O que é estranho é que nenhuma reclamação tenha surgido de idólatras, adúlteros, mentirosos, ladrões, fornicadores, etc., pedindo sua expulsão e demissão. Eu me pergunto quantos daqueles que foram hostis a Folau são cristãos e como podem acreditar no paraíso e no inferno. Quem está seguro de suas próprias convicções não se preocupa muito com a expressão de pontos de vista diferentes e opostos, sobretudo se os considera desprovidos de sentido”.

“Pelo contrário, as forças cada vez mais grosseiras do politicamente correto não aceitam que todas as pessoas sejam tratadas com respeito e amor, mas exigem, em nome da tolerância, não só que a atividade homossexual seja legal como os casamentos do mesmo sexo, mas todos devem aprovar essas atividades, pelo menos publicamente; e que todos sejam impedidos de pregar os ensinamentos cristãos sobre casamento e sexualidade em qualquer espaço público. Este seria precisamente o fim da liberdade religiosa”.

"Quando se perde de vista a Deus em meio à névoa, seja esta a névoa da luxúria, de possuir ou do poder, violam-se as defesas da razão e da verdade”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Santa Nina

Santa Nina | rs21

No século IV, vivia, nas terras pagãs entre o mar Negro e o mar Cáspio, hoje território da Geórgia, uma jovem escrava cristã chamada Nina ou Nuné. Era o tempo do imperador Constantino e ela havia nascido na Capadócia, atual Turquia, e fora aprisionada por ocasião da invasão dos bárbaros aos confins orientais do Império Romano. Nina era uma escrava que demonstrava toda sua fé em Cristo, na alegria com que enfrentava as dificuldades e os sofrimentos.

 

Esse fato chamou a atenção dos pagãos com quem convivia. Assim, teve a oportunidade de ensinar a palavra de Cristo a todos os que a cercavam. Tornou-se tão conhecida que passaram a chamá-la de “Cristiana”, a serva cristã.

 

A antiga tradição russa narra que, certa vez, uma senhora procurou-a, pedindo que solicitasse a intervenção de Deus para que seu filho, gravemente enfermo, não morresse. Nina se ajoelhou aos pés da cama onde estava a criança e rezou com tanto fervor que o menino abriu os olhos, sorriu e levantou-se na frente de todos. Foi o bastante para que toda a região mostrasse interesse pela religião da serva de Cristo. Quanto mais prodígios ela promovia, mais catequizava e convertia os pagãos.

 

Até que, um dia, a rainha desse povo, chamada Nana, adoeceu gravemente e nenhum remédio conseguia fazê-la melhorar. Tentaram de tudo. Nada parecia possível. Então, alguém se lembrou dos chamados “poderes” da serva cristã. Como último recurso, foram sugeridos à rainha, que mandou chamá-la. Assim, essa humilde escrava foi ao palácio atender a rainha, levando consigo apenas a certeza de sua fé e a confiança de suas orações. Logo conseguiu curar a soberana.

 

Enquanto ela se recuperava, seu marido, o rei Mirian, certo dia, saiu em comitiva para uma caçada. Mas o grupo acabou isolado no bosque devido a uma violentíssima tempestade. A situação era crítica, com trovões e raios incendiando árvores, pedras rolando ao vento e atingindo pessoas. O pavor tomou conta de todos, clamaram por seus deuses, mas nada acontecia. Lembrando-se da rainha, o rei decidiu rezar para o Deus de Cristiana. Uma luz, então, foi vista saindo do céu, a tempestade cessou e todos puderam regressar sãos e salvos à Corte. Nesse instante, o rei sentiu a fé invadir seu coração.

 

Ao voltar, procurou a escrava Nina e lhe pediu que falasse tudo o que sabia sobre sua religião. Acabou catequizado e convertido. Entretanto os reis Mirian e Nana não podiam ser batizados, pois na Corte não havia nenhum bispo. Seguindo a orientação de Cristiana, o rei enviou esse pedido ao imperador Constantino. Nesse meio tempo, mandou construir a primeira igreja cristã, de acordo com uma planta feita sob orientação de Nina, já liberta. Quando chegou o primeiro bispo da Geórgia acompanhado de um grupo de sacerdotes missionários, encontraram o povo já abraçando a doutrina de santa Nina, como os fiéis a chamavam por força de sua piedade e prodígios de fé. Com facilidade, converteram a nação inteira, a partir da grande solenidade do batismo do casal real.

 

Depois, junto com o bispo, o rei Mirian e a rainha Nana construíram o Mosteiro Samtavro, anexo àquela igreja, onde mais tarde foram sepultados. Nele também viveu alguns anos santa Nina, que morreu no ano 330.

 

Venerada pelos fiéis como padroeira da Geórgia, suas relíquias estão guardadas na Catedral da Metiskreta, antiga capital do país. Seu culto foi confirmado, sendo realizado, no Oriente, em 14 de janeiro, enquanto a Igreja de Roma a comemora no dia 15 de dezembro.


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Santa Maria Crucificada de Rosa

S. Maria Crucificada | rs21

Santa Maria Crucificada de Rosa nasceu em 1813, em Bréscia, Itália, com o nome de Paula Francisca Maria. De família nobre, muito cedo ela perdeu a mãe, e como a família era numerosa, ela teve que assumir a administração da casa. Mas, ao lado dos trabalhos e preocupações domésticas, ela começou a envolver-se com os problemas sociais, principalmente aqueles que diziam respeito às operárias pobres e aos empregados da indústria de seu pai, que tentou casá-la com um rapaz pertencente à nobreza, mas seu orientador espiritual, padre Francisco Pinzoni, um sacerdote equilibrado e prudente, conseguiu demovê-lo da idéia.

 

A vida de Maria Francisca mudou radicalmente, quando no ano 1836 uma grande epidemia de peste assolou a Itália, e ela resolveu entregar-se de corpo e alma aos cuidados com os doentes. Os estragos causados pela epidemia fizeram-na dar o passo definitivo. Enfrentou a resistência do pai, até conseguir autorização para seguir sua vocação. Ajudada por Gabriela Bernati, também de família nobre, ela fundou a Congregação das Servas da Caridade. Depois da peste veio a guerra contra a Áustria, e ambos os acontecimentos deixaram um rastro de morte e desolação na Itália. A cidade de Bréscia que já havia sofrido os efeitos da peste, passou agora a sentir os efeitos da guerra conta os austríacos. Maria Crucificada e suas companheiras trabalharam incansavelmente cuidando dos doentes e feridos.

 

A consolidação da Congregação foi difícil, mas pouco a pouco ela foi se firmando e se expandindo, e o trabalho das irmãs passou a ser reconhecido. Em 1850 ela solicitou do Papa a aprovação do novo Instituto, e no ano 1542, ela e mais 25 irmãs fizeram os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência. A esses votos as Servas da Caridade acrescentaram o voto de dedicar a vida ao cuidado com os doentes e portadores de peste. Hoje a Congregação se encontra espalhada por todos os continentes. Maria Crucificada faleceu em 15 de dezembro e foi canonizada por Pio XII em 1954.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

ANO DE SÃO JOSÉ

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

O Papa Francisco – devoto ardoroso de São José e responsável por incluir esse grande santo nas Orações Eucarísticas II, III e IV do Missal Romano, conforme Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos emitido em 1º de maio de 2013 – decretou que de 8 de dezembro deste ano a 8 de dezembro de 2021 é o Ano de São José. Além das indulgências deste tempo santo, somos convidados a conhecer mais e melhor a São José venerado com o culto de protodulia.

         De início, notamos que a Escritura fala pouco de São José. Algumas de suas passagens nos parecem, porém, suficientes para compreender aquele que a Igreja chama de “homem justo”. Vejamos: Mt 1,16: “Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo”; Mt 1,18-20: “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo’” e continua, no versículo 24, como conclusão dos fatos: “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa”.

         Mateus narra também a fuga de Maria e José com o Menino Jesus para o Egito por medo do rei Herodes, após a partida dos magos, segundo Mt 2,13-15: “Depois de sua partida, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar’. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Do Egito chamei meu filho”. Ainda em Mt 2,19-23: “Com a morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe e retorna à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino’. José levantou-se, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel. Ao ouvir, porém, que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai Herodes, não ousou ir para lá. Avisado divinamente em sonhos, retirou-se para a província da Galileia e veio habitar na cidade de Nazaré, para que se cumprisse o que foi dito pelos profetas: Será chamado Nazareno”.

Já Lucas, 2,1-5, assim diz: “Naqueles tempos, apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Esse recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida”. Dando um passo além, o mesmo evangelista diz – em 2,16 – que, no nascimento de Jesus numa manjedoura, os pastores, avisados pelos anjos, “Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura”. No mesmo capítulo, Lucas aponta indiretamente para a presença de São José ao lado de Maria e do Menino Jesus (cf. vers. 22. 27. 33. 39. 41. 42-43. 48. 51). Formam, assim, a Sagrada Família, modelo às famílias de todos os tempos.

Estas poucas citações demonstram São José como homem justo, temente a Deus e protetor valioso de Jesus-Menino e de Maria, sua mãe. Deus escolhe para fazer acontecer seu grande projeto divino os meios humanos mais simples. Como ensina a Igreja, sem ter de precisar de nós, Deus quer precisar de nós para realizar o seu grandioso projeto de amor e salvação. Projeto do qual São José participa com seu modo discreto, quase anônimo, e com poucas palavras…, mas é venerado, na Igreja, com o culto de protodulia, como afirmamos; ou seja, dentre todos os santos e santas, o primeiro (prõtos) a merecer deferência, depois da grande veneração (hiperdulia) à Mãe de Deus, Maria Santíssima, é São José, o pai adotivo de Jesus. Dentre as várias devoções populares a esse grande santo temos o de ser ele o Padroeiro da boa morte, por ter expirado nos braços de Jesus e Maria, São José de botas, demonstrando estar sempre pronto a proteger a família e a Igreja, São José dormindo, a apresentar a serenidade nascida da confiança inabalável em Deus etc.

Levando em consideração tudo isso – além do que diz a Tradição – a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos por um Decreto, emitido em 1º de maio de 2013, diz: “em virtude das faculdades concedidas pelo Sumo Pontífice Francisco, de bom grado decreta que o nome de São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, seja, a partir de agora, acrescentado na Oração Eucarística II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano. O mesmo deve ser colocado depois do nome da Bem-aventurada Virgem Maria como se segue: na Oração Eucarística II: ‘ut cum beata Dei Genetrice Virgine Maria, beato Ioseph, eius Sponso, beatis Apostolis’, na Oração Eucarística III: ‘cum beatissima Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum beatis Apostolis’; na Oração Eucarística IV: ‘cum beata Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum Apostolis’. Para os textos redigidos em língua latina utilizam-se as fórmulas agora apresentadas como típicas. Esta Congregação ocupar-se-á em prover à tradução nas línguas ocidentais mais difundidas; para as outras línguas a tradução deverá ser preparada, segundo as normas do Direito, pelas respectivas Conferências Episcopais e confirmadas pela Sé Apostólica através deste Dicastério”.

         Surge agora a pergunta: por que o Santo Padre, o Papa Francisco, escolheu 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, para o início do Ano Josefino? – Porque ele marca o 150º aniversário da promulgação do decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, intitulado Quaemadmodum Deus, com o qual o Beato Pio IX, em 1870, declarou São José, padroeiro da Igreja universal. Aquele Papa, no tempo histórico conturbado da unificação da Itália, recorreu ao casto esposo da Virgem Maria e pai adotivo do Salvador, de modo que, no citado documento, se pode ler o seguinte: “Decreto de Sua Santidade o Papa Pio IX. À Cidade [de Roma] e ao Mundo. Da mesma maneira que Deus [Quaemadmodum Deus] havia constituído José, gerado do patriarca Jacó, superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando a plenitude dos tempos, estando para enviar à Terra o Seu Filho Unigênito, Salvador do Mundo, escolheu outro José, do qual o primeiro era figura, fê-lo Senhor e Príncipe de sua casa e propriedade e elegeu-o guarda dos seus tesouros mais preciosos”.

“De fato, ele teve como esposa a Imaculada Virgem Maria, da qual nasceu, pelo Espírito Santo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que perante os homens dignou-se ter sido considerado filho de José e lhe foi submisso. E Aquele que tantos reis e profetas desejaram ver José não só viu, mas com Ele conviveu e com paterno afeto abraçou e beijou; e além disso, nutriu cuidadosamente Aquele que o povo fiel comeria como Pão descido dos Céus para conseguir a vida eterna. Por esta sublime dignidade, que Deus conferiu a este fidelíssimo servo seu, a Igreja teve sempre em alta honra e glória o Beatíssimo José, depois da Virgem Mãe de Deus, sua esposa, implorando a sua intercessão em momentos difíceis”. Feito este belo resumo da devoção a São José, quis Pio IX “confiar a si mesmo e os fiéis ao potentíssimo patrocínio do Santo Patriarca José, quis satisfazer os desejos dos Excelentíssimos Bispos e solenemente declarou-o Patrono da Igreja Católica”.

Eis que, em 2020, Francisco comemora os 150 anos do Decreto Quaemadmodum Deus com a publicação da Carta Apostólica Patris Corde [Coração de Pai], de 8 de dezembro de 2020, que deve ser lida na íntegra. Volto-me, agora, às indulgências concedidas para este Ano Josefino, de acordo com a fala de Dom Krzysztof Józef Nykiel, regente da Penitenciaria Apostólica. Explica ele que “o decreto da Penitenciaria Apostólica pretende especificar a forma como o dom da indulgência plenária é concedido aos fiéis por ocasião do Ano de São José, em virtude do que o próprio Papa Francisco estabeleceu. Portanto, a Penitenciaria concede a indulgência plenária aos fiéis que, além das condições habituais previstas pela Igreja – confissão sacramental, comunhão eucarística e a oração segundo com as intenções do Santo Padre – pratiquem cinco atos particulares de piedade ou obras de caridade ligadas ao modelo representado pelo pai putativo de Jesus. As obras indulgenciais consistem em abrir-se à vontade de Deus, em tomar tempo para a meditação pessoal ou para participar de um retiro espiritual, seguindo o exemplo de José, sempre pronto a aceitar a vontade de Deus; em fazer-se instrumento de justiça e misericórdia do Pai através da realização de obras de misericórdia corporais e espirituais, como José, o ‘homem justo’ (Mateus 1,19); na renovação da comunhão com Deus dentro da própria família e entre os noivos, através da recitação do Santo Terço; na santificação do próprio trabalho confiando-o à intercessão de São José ou rezar por aqueles que são privados de uma ocupação digna; na intercessão pelos cristãos que sofrem formas de perseguição através da oração das ladainhas a São José ou outras fórmulas de oração próprias dos ritos das Igrejas Orientais”.

Perguntado se o Ano Josefino leva em conta o contexto de pandemia, Dom Nykiel respondeu: “Certamente. Invocar o patrocínio de São José à Igreja universal significa, antes de tudo, elevar a ele pedidos de intercessão para pôr um fim a esta pandemia, que está causando tanto sofrimento e dor em todo o mundo, tanto em termos de vítimas como de doentes, assim como em suas pesadas consequências sociais e econômicas. Além disso, no texto do decreto é feita menção especial àqueles que, devido às consequências do contágio, estão impossibilitados de preencher as condições para receber indulgência (os idosos, os doentes, os moribundos). Confiando na intercessão de São José, no conforto dos doentes e do santo padroeiro da boa morte, a indulgência se estende a todos eles se, com espírito desapegado de qualquer pecado e com a intenção de cumprir as condições o mais rápido possível, recitarem um ato de misericórdia em honra do Santo” (Cinco gestos para assemelhar a São José. Vatican.va, 10/12/2020).

Gostaria de terminar com a indicação de um livro e da transcrição de um ensinamento sobre o pai adotivo de Jesus. O livro é São José na vida de Cristo e da Igreja, do Pe. Maurício Meschler, SJ (Cultor de Livros). Obra preciosa que na primeira parte, traça o perfil modesto e humilde do patriarca de Nazaré, para a seguir apresentar a vida de São José na Igreja, o culto que os fiéis lhe prestam e as múltiplas graças que decorrem das suas virtudes. O ensinamento se deve a Santa Teresa d’Ávila, mística carmelita e doutora da Igreja, que diz: “E tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e me encomendei muito a ele […] Não me lembro até hoje de haver-lhe suplicado nada que não me tenha concedido. É coisa que espanta as grandes mercês que me fez Deus por meio deste bem-aventurado santo, e dos perigos de que me livrou, tanto de corpo como de alma; que a outros santos parece que lhes deu o Senhor graça para socorrer em uma necessidade; mas a este glorioso santo tenho experiência de que socorre em todas, e quer o Senhor nos dar a entender, que assim como a ele esteve submetido na terra, pois como tinha nome de pai, sendo guardião, nele podia mandar, assim no céu faz o quanto lhe pede”.

Aprendamos também nós, neste Ano Josefino, a recorrer, ainda com mais fervor, a São José e peçamos a ele que alcance de Deus a graça de imitarmos suas virtudes. Amém!

CNBB

Dom Paulo Cezar Costa toma posse como o 5º arcebispo da arquidiocese de Brasília.

Pascom | ArqBrasília

A arquidiocese de Brasília está em festa!

Nomeado pelo papa Francisco no último dia 21 de outubro, Dom Paulo Cezar tomou posse da arquidiocese de Brasília neste sábado (12), em cerimônia restrita na Catedral de Brasília, na Capital Federal. Dom Paulo Cezar sucede a Dom Sergio, que em junho deste ano, assumiu a arquidiocese de São Salvador, BA.

Na celebração de posse estiveram presentes familiares de Dom Paulo, amigos, bispos, cardeais, o clero, representantes de pastorais e movimentos arquidiocesanos e autoridades.

Pascom | ArqBrasília

Em sua homilia, o arcebispo fala que “só o amor de Deus pode nos ajudar a construirmos uma sociedade brasileira mais a altura da grandeza de Deus e da dignidade do ser humano, criado a imagem e semelhança de Deus.”

Pascom | ArqBrasília

Ao final da celebração, em meios as homenagens, a equipe de liturgia leram uma mensagem saudando o novo arcebispo. Leia na íntegra:

“Bendito o que vem em Nome do Senhor!” (Lc 13, 35). Estamos aqui reunidos na Igreja Mãe de nossa Arquidiocese, a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Padroeira do Brasil e de Brasília, um lugar de grandes celebrações, de encontros significativos na fé e de inúmeros envios missionários, para acolher, com entusiasmo e esperança, nosso novo pastor, o Exmo. Revmo. Dom Paulo Cezar Costa.

Dom Paulo Cezar, quando lemos a sua primeira carta a nossa Arquidiocese, começamos a perceber os sinais de sua paternidade, a sua sabedoria, a sua ternura, cuidado e firmeza que são a garantia de que o rebanho do Povo de Deus que habita no Distrito Federal será conduzido na direção indicada o santo Evangelho. Neste intuito, cremos que o seu lema episcopal: “Tudo suporto pelos eleitos” (2 Tm 2, 10) é uma clara demonstração de que alegrias e tristezas, sombras e luzes, dias e noites fazem parte do sim nosso cotidiano, mas, em Cristo, temos tudo o que é necessário para permanecermos firmes no testemunho da alegria do Evangelho.

Quis o bom Deus que hoje no dia a Igreja em que a igreja celebra a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, a Padroeira da América Latina, nós o acolhêssemos como nosso pastor. Inspirados por Maria, também nós cantássemos, afinal nossa alma rejubila de alegria crendo que o Senhor fez grandes coisas em nosso favor nesses 60 anos de arquidiocese, e também agora, quando ele acolhe as nossas súplicas.

Dom Paulo, sinta-se abraçado, acolhido em cada um dos recantos de nossa arquidiocese que é extensa nos seus territórios, assim como é também grande em generosidade alegria e no amor no servir

Amados irmãos e irmãs, o tempo da espera terminou. Deus ouviu as nossas preces e agora é o tempo de realizarmos uma nova semeadura, caminhando com dom Paulo. Seja bem-vindo, Dom Paulo Cezar. Que a sua presença à frente da Arquidiocese de Brasília cumule-a ainda mais de alegria por tê-lo como pastor! Hoje o recebemos como o nosso arcebispo, nosso pai espiritual, nosso irmão, para ser nosso amigo, para ser nosso Pastor. E queremos dizer: “muito obrigado por vir, obrigado pelo sim a Deus, obrigado pela sua generosidade em ser nosso bispo

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Pascom | ArqBrasília

Arquidiocese de Brasília

Como manter acesa a chama da nossa fé?

ANDREI_SITURN | Shutterstock
por Prof. Felipe Aquino

Sem fé é impossível agradar a Deus.

“Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6). A Igreja ensina que a fé é a virtude (teologal), “dada por Deus”, que nos leva a crer em Deus e em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer. Pela fé, “o homem livremente se entrega todo a Deus”. O cristão procura conhecer e fazer a vontade de Deus, já que “o justo viverá da fé” (Rm 1,17) e “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6). A fé em Deus nos leva a voltar só para Ele como nossa origem e nosso fim, e a nada preferir a Ele e nem substituí-lo por nada.

A fé é como uma chama que precisa de combustível para se manter acessa. É como uma plantinha que precisa de água todo dia, sol e adubo, para crescer a cada dia.

Para a fé viver e crescer é necessário uma vida de oração diária, de intimidade com Deus, de amizade com o “divino Amigo”, partilhando com Ele todos os sofrimentos e alegrias.

A fé se torna forte quando meditamos as Suas Palavras e obedecemos o que Ele ordena, sem medo e sem dissimulação. “Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Hb 12,1).

Nossa fé se fortalece quando O recebemos na Eucaristia onde Ele se dá no Pão para ser “alimento e remédio” para a nossa vida. Ele disse que quem come a Sua carne e bebe o Seu Sangue “permanece Nele”, “viverá por Ele” e será ressuscitado no último dia.

A fé cresce e se fortalece quando se ama a Deus e ao próximo, pois, a fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6). “É morta a fé sem obras” (Tg 2,26); sem a esperança e o amor a fé não une plenamente o cristão a Cristo e não faz dele um membro vivo de seu Corpo.

Igreja

A fé não é apenas algo individual, mas coletivo, é da Igreja. Muitos fraquejam na fé porque vivem na “sua” fé; pobre e fraca. Temos de viver na fé “da Igreja”, tudo o que ela recebeu de Cristo e nos ensina. Jesus disse a Igreja: “Quem vos ouve a Mim ouve, quem vos rejeita a Mim rejeita…”(Lc 10,16). Só tem fé inabalável aquele que crê e vive o que ensina a Santa Igreja, Esposa do Senhor, pois ela é o Seu “braço estendido em nossa história”. A Igreja nunca teve crise de fé.

O que pode apagar a nossa fé? Os nossos pecados. Então, lutar contra os pecados é o melhor meio de manter acesa a fé. Uma vida de tibieza (relaxamento espiritual), mata a fé. Dai a importância da Confissão, sem demora, sempre que o pecado assaltar nossa alma. Nada de auto piedade e de falso orgulho, corramos depressa ao sacerdote Daquele que derramou seu Sangue para nos perdoar em qualquer momento. Não permita que a erva daninha do pecado vá matando a planta da fé no jardim da sua alma.

Para manter a fé acesa é preciso renovar a cada dia a nossa confiança em Deus, abandonar a vida em suas mãos como a criança que se abandona no colo da mãe e não se preocupa. Viver na fé significa conhecer a grandeza e a majestade de Deus, e então, viver em ação de graças por tudo o que somos e que Dele recebemos. “Que é que possuís que não tenhas recebido?” (1 Cor 4,7). “Como retribuirei ao Senhor todo o bem que me fez?” (Sl 116,12)

Viver na fé significa confiar em Deus em qualquer circunstância, mesmo na adversidade. Como dizia Santa Teresa: “Nada te perturbe, nada te assuste, Deus não muda, a paciência tudo alcança, quem a Deus tem nada falta. Só Deus basta!” “Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rom 8,28).

A fé exige também dar testemunho de Cristo. “Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens também o renegarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32-33).

Quanto mais se exercita a fé, mais ela cresce em nós e se fortalece; quanto menos a exercitamos, mais se torna raquítica.

Aleteia

Domingo Gaudete: alegria, onde está ela?

Guadium Press
Como explicar que numa vida permeada de sofrimentos e contrariedades se encontre alegria? Isso é incompreensível ao homem de hoje, acostumado desde a mais tenra idade a buscá-la onde ela não se encontra.

Redação (13/12/2020 08:05Gaudium Press“Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo, alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4,4s).

Da Antífona de entrada, a Igreja recolhe o característico nome do III Domingo do Advento: “Gaudete”.

Passagens como: “Se alegra o meu espírito em Deus, meu salvador” (Lc 1, 47) “Exulto de alegria no Senhor” (Is 60, 10). “Irmãos, estai sempre alegres!” (I Ts 5, 16) e compõem o belo quadro da Liturgia deste dia. Até mesmo a cor litúrgica – o róseo – nos fala de alegria.

A alegria – a verdadeira alegria – sempre foi sinal distintivo da Santa Igreja Católica. Com o coração repleto deste nobre sentimento, os mártires entregaram suas vidas pelo nome de Jesus; e as virgens, os doutores, os religiosos e os ascetas de todos os tempos com ela imolaram sua existência terrena a Deus.

Como explicar que numa vida permeada de sofrimentos e contrariedades se encontre alegria? Isso é incompreensível ao homem de hoje, acostumado desde a mais tenra idade a buscá-la onde ela não está.

Afastai-vos de toda espécie de maldade

A alegria cristã – a verdadeira – é indissociável das virtudes. Na segunda leitura (1 Ts 5, 16-24), o Apóstolo, depois de recomendar a santa alegria, nos incita a “afastarmos de toda espécie de maldade”, pois deseja que “o próprio Deus da paz nos santifique totalmente, a fim de sermos conservados sem mancha alguma para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Tomemos e analisemos, então, dois dos vícios funestos que mais arrastam o homem contemporâneo à obtenção de falsas alegrias: a luxúria e a soberba.

Prometem alegria, conduzem à frustração. Afastemo-nos, pois, dessas “espécies” funestas de maldade.

A falsa alegria da impureza e do orgulho

O horror e a vergonha acompanham visivelmente o pecado da incontinência. A decepção e a má tristeza também.

Por que trocar uma consciência tranquila e, mais do que isso, a amizade com Deus e a posse do Reino Celeste por míseros instantes de um prazer ilícito, que escraviza a vontade e faz definhar a inteligência? Mísero simulacro de alegria, tão apregoado e seguido, infelizmente, em nossos dias!

Por outro lado, o pecado da vanglória não traz consigo aquela repulsa e rejeição próprias à impureza; nem por isso deixa de ser gravíssimo pecado.

Todo soberbo é, de certa forma, um ladrão, pois levanta-se com a glória e a honra que são próprias de Deus, e que o Senhor reserva unicamente para Si: “a minha glória não darei a outro” (Is 42, 8). Porque o soberbo quer usurpar essa glória de Deus, e levantar-se com ela, atribuindo-a a si.[1]

E se, sob o pretexto de sermos alegres, falamos ou agimos com vanglória, lembremo-nos destes conselhos de São Felipe Néri, conhecido como “Santo da alegria”: “Mantenham-se longe dos lugares de diversões mundanas, pois estes nos põe sempre em perigo de pecar” e “Nunca digais uma palavra em louvor próprio, nem sequer por brincadeira”[2].

Sirvam-nos, enfim, de exemplo, as palavras repletas de profunda humildade saídas dos lábios de São João Batista, e que figuram no Evangelho de hoje (Jo 1, 6-8.19-28):

“Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias.

            A Liturgia deste Domingo Gaudete nos convida a buscarmos a alegria em sua única e verdadeira fonte: Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo Coração é a Fons totius consolationis. Quem cumpre seus Mandamentos e sua vontade, com verdadeira alegria e entusiasmo, não ficará sem a devida recompensa.

Por Afonso Costa

https://gaudiumpress.org/

"Francisco é Pedro. E Pedro nós amamos." Card. Braz de Aviz fala da proximidade do Papa aos consagrados

DomTotal

https://youtu.be/aFg48aX3nYc

“Para nós, Francisco é Pedro. Pedro nós não criticamos, Pedro nós não avaliamos, Pedro nós obedecemos, nós amamos”: palavras do Card. João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para a Vida Consagrada. Em entrevista ao Vatican News, o cardeal brasileiro fala da coragem e da presença de religiosos e religiosas nas áreas de risco e faz seus votos de feliz aniversário para o Papa Francisco, que em 17 de dezembro completará 84 anos.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

“Um ano muito frutuoso”: este é o balanço que o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Card. João Braz de Aviz, faz do ano de 2020 para a vida consagrada.

Para Dom João, o drama causado pela Covid-19 demonstrou a coragem e a disponibilidade de religiosos e religiosas de servir nos lugares e situações mais difíceis.

Um empenho por parte dos consagrados que foi acompanhado de perto pelo Papa. Do Pontífice, aliás, o cardeal brasileiro ressalta o seu lado paternal, sempre próximo e pronto a dialogar, e citou como exemplo os comprimidos enviados por Francisco para evitar gripe.

“Eu vejo os religiosos, os consagrados, as consagradas num caminho de muita disponibilidade. Normalmente, existe até uma coragem muito grande de ir às áreas de risco, de não deixar de servir onde é possível servir, de partir para os lugares mais difíceis. Por exemplo, no Brasil nós temos algumas congregações que têm missões na África. Eu vi agora a disponibilidade de irmãs e de padres de irem para esta área de Cabo Delgado (Diocese de Pemba – Moçambique, ndr), que tem tantos problemas e tantas ameaças de vida. E estão indo com naturalidade servir e testemunhar. Neste sentido, me parece um ano muito frutuoso.”

O senhor teve a oportunidade de falar com o Papa Francisco sobre o empenho dos religiosos?

“Nós o atualizamos constantemente. Ele segue tudo, estamos sempre também tomando decisões juntos. A gente fica impressionado de como ele é pai, como ele busca estar próximo. Dias atrás, recebemos aqui até uns comprimidinhos para prevenir gripe. Isso comove a gente: é alguém que está ali, que está à disposição, a serviço. Essa nova carta sobre São José, que deixa a gente também tão feliz, porque ele pega pelo lado da cotidianidade, da simplicidade. Talvez a figura de São José seja a mais bonita neste tempo agora da Covid.

"Para nós é fundamental a nossa comunhão com o Santo Padre, nós repetimos isso constantemente. Para nós, Francisco é Pedro. Pedro nós não criticamos, Pedro nós não avaliamos, Pedro nós obedecemos, nós amamos, nós dialogamos com ele e ainda mais Pedro quando ele procura por si mesmo este diálogo com a gente. O Dicastério tem se beneficiado muito disso."

Dia 17 de dezembro, o Papa celebrará 84 anos. Quais são seus votos antecipados ao Pontífice?

"Sinto-me muito perto do Papa, seja pela experiência de fé, seja pelo ministério, seja também por esta missão de cardeal que tenho aqui em Roma. Realmente para mim o Papa é um ponto central do meu caminho e do meu caminho como missão na Igreja. Quero desejar ao Papa que Deus possa conceder a ele muita saúde. O Papa tem sido admirável com 83, 84 anos com esta disposição de trabalho e com esta capacidade de criar coisas novas que sinalizem a presença de Deus. Então o que a gente quer desejar é que o Papa seja protegido fortemente por Deus e seja amado fortemente pela Igreja. Nós sabemos que Deus dá a cada tempo o Papa que é necessário. Nós damos graças a Deus porque Francisco está à frente da Igreja."

Por fim, Dom João recorda uma das imagens marcantes deste ano de 2020: o Papa sozinho na Praça São Pedro em 27 de março para a bênção Urbi et Orbi:

"Ficou para mim sobretudo aquela imagem do crucifixo que salvou Roma da peste, que eu nem sabia que existia, aquela chuva pingando no crucifixo, o Papa sem nenhuma proteção embaixo do crucifixo, olhando, e esta Praça totalmente vazia e o Papa caminhando perto de Cristo. O Papa Francisco nos ajuda muito a compreender as coisas não só pelas palavras que ele diz, mas pelas imagens que ele permite a gente de observar. Esta figura da Praça vazia, esta Praça que estamos sempre acostumados a ver cheia, uma Praça colorida com as pessoas do mundo inteirinho e com todos os tipos de tendência, e agora a gente sente que a Praça não tem mais ninguém, mas tem um coração que está ali, que é fiel a Cristo e conduz a Igreja a Cristo."

Vatican News

Papa Francisco: A felicidade não é fácil de alcançar, é preciso trabalhar

Papa Francisco no Ângelus | Vatican News

Vaticano, 13 dez. 20 / 09:50 am (ACI).- O Papa Francisco assinalou, durante a oração do Ângelus deste domingo, 13 de dezembro, no Vaticano, que a alegria é uma característica inerente ao cristianismo. A felicidade, explicou, mostra a proximidade do cristão com Deus: "Quanto mais perto de nós o Senhor está, maior é a alegria".

No entanto, também destacou que ser feliz não é fácil: “O caminho da alegria não é fácil, não é um passeio. É preciso trabalhar para ser feliz". E citou como exemplo João Batista, que "percorreu um longo caminho para chegar a testemunhar Jesus". “Deixou tudo, desde jovem, para colocar Deus em primeiro lugar, para escutar com todo seu coração e com todas as suas forças a Palavra”.

O Santo Padre sublinhou que “o convite à alegria é característico do tempo do Advento: a espera do nascimento de Jesus, a espera que vivemos é alegre, um pouco como quando esperamos a visita de uma pessoa que amamos muito, por exemplo, um bom amigo que não vemos há muito tempo, um parente”.

“Estamos em alegre espera. E esta dimensão da alegria emerge especialmente hoje, terceiro domingo, que se abre com a exortação de São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor’. Alegrai-vos. A alegria cristã”.

O Papa indicou que o motivo da alegria cristã é a proximidade do Senhor: “Quanto mais perto de nós está o Senhor, mais estamos na alegria; quanto mais longe está, mais estamos na tristeza. Esta é uma regra para os cristãos”.

O Pontífice enfatizou que “a primeira condição da alegria cristã: descentralizar-se de si e colocar Jesus no centro”, e novamente citou o exemplo de João Batista.

“João foi um líder em sua época. Sua fama se espalhou por toda a Judeia e além, até a Galileia. Mas não cedeu nem mesmo por um instante à tentação de atrair a atenção sobre si: ele sempre orientava para Aquele que estava por vir. Dizia: ‘Ele é aquele que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias’. Sempre apontando para o Senhor, como a Virgem, sempre aponta para o Senhor: ‘Fazei o que Ele disser’. O Senhor está sempre no centro, os santos, inclusive, estão fora, apontando o Senhor. E quem não aponta o Senhor, não é santo”.

Colocar Cristo no centro, continuou o Papa Francisco, “não é alienação, porque Jesus é efetivamente o centro, é a luz que dá sentido pleno à vida de cada homem e mulher que vem a este mundo. É o mesmo dinamismo do amor que me leva a sair de mim mesmo não para me perder, mas para me reencontrar enquanto me dou, enquanto busco o bem do outro”.

De modo especial, “o Batista é modelo para os que na Igreja são chamados a anunciar Cristo aos outros: podem fazê-lo somente no distanciamento de si mesmos e da mundanidade, não atraindo as pessoas a si, mas orientando-as a Jesus”.

“A alegria é isto”, insistiu o Papa, “orientar a Jesus. E a alegria deve ser a característica da nossa fé. Também nos momentos mais ruins, saber que o Senhor está comigo, que o Senhor está conosco, que o Senhor ressuscitou”.

“O Senhor é o centro da nossa vida. É o centro da nossa alegria. Pense bem hoje: como me comporto? Sou uma pessoa feliz que sabe transmitir a alegria de ser cristão? Ou sou sempre como aqueles tristes que parecem estar no velório? Se não tenho a alegria da minha fé, não poderei dar testemunho e os outros dirão: 'Mas se a fé é assim triste, melhor não tê-la'.”, concluiu o Papa Francisco.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

S. JOÃO DA CRUZ, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA, CARMELITA DESCALÇO

S. João da Cruz  (© Ordine dei Carmelitani Scalzi)

“Hoje, vou recitar o Ofício divino no céu”!

A vida religiosa e a vocação Carmelita foram evidentes no final da formação de João – no civil Juan de Yepes Álvarez – filho de um casal muito pobre da antiga Castela, perto de Ávila.

Em 1563, com 18 anos, saiu do Colégio dos Jesuítas de Medina do Campo, onde havia estudado ciências humanas, retórica e línguas clássicas. Logo a seguir, o encontro com Teresa de Ávila mudou suas vidas. João a conheceu, quando era sacerdote, e ficou imediatamente envolvido e fascinado pelo plano de Reforma de Teresa, também no ramo masculino da Ordem. Trabalharam juntos, partilhando ideais e propostas e, em 1568, inauguraram a primeira Casa para os Carmelitas Descalços, em Duruelo, província de Ávila. Naquela ocasião, ao criar com outros a primeira comunidade masculina reformada, João acrescentou ao seu nome “da Cruz”, com o qual ficou universalmente conhecido.

Em fins de 1572, a pedido de Santa Teresa, João da Cruz tornou-se confessor e vigário do Mosteiro da Encarnação, em Ávila, onde a santa era priora. Mas, nem tudo foi um mar de rosas: a adesão à reforma comportou para João diversos meses de prisão por acusações injustas. Conseguiu fugir, correndo risco, com a ajuda de Santa Teresa. Ao retomar as forças, começou um caminho de grandes incumbências, até à morte, em consequência de uma longa doença e enormes sofrimentos.

São João da Cruz despediu-se de seus coirmãos, que recitavam as Laudas matutinas, em um Convento, próximo a Jaén, entre os dias 13 e 14 de dezembro de 1951. Suas últimas palavras foram: “Hoje, vou recitar o Ofício divino no céu!”. Seus restos mortais foram transladados para Segóvia.

São João da Cruz foi beatificado, em 1675, pelo Papa Clemente X e canonizado, em 1726, pelo Papa Bento XIII.

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF