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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Cristofobia deve aumentar na Europa, prevê Relatório sobre a Liberdade Religiosa

Rafal Cichawa - Shutterstock
por Francisco Vêneto

Levantamento, que será publicado em abril, aponta que os cristãos continuam sendo a religião mais perseguida do mundo.

Cristofobia deve aumentar na Europa, prevê o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo, realizado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). O documento será divulgado na íntegra em abril, mas a filial da fundação pontifícia em Portugal antecipou nesta terça-feira que a situação dos cristãos “tem vindo a piorar” e que “há sinais de uma crescente hostilidade e ressentimento em relação aos crentes na Europa”.

O detalhado Relatório sobre a Liberdade Religiosa no mundo é publicado a cada 2 anos pela fundação, a fim de conscientizar a sociedade sobre a cristofobia e a perseguição religiosa, bem como para exigir ações das autoridades visando proteger o direito fundamental ao livre e responsável exercício da religiosidade.

Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da fundação, confirmou que a situação piorou em todo o mundo, agravada pelas consequências da pandemia de covid-19.

“Durante este período, muitos cristãos, já oprimidos, sofreram uma verdadeira via sacra de pobreza, exclusão e discriminação”.

Exemplificando por que a comunidade cristã continua sendo a mais perseguida em todo o planeta, o presidente internacional da AIS destacou três casos:

  • o da África, “que voltou a ser um continente de mártires”;
  • o do Médio Oriente, em situação “extremamente grave” com a persistência da ameaça jihadista, embora haja “pequenos sinais de esperança”;
  • e a da Ásia, onde “movimentos nacionalistas e regimes autoritários estão dificultando a vida de muitos cristãos”.

Cristofobia deve aumentar na Europa

Mas Heine-Geldern também alerta contra a discriminação cada vez mais perceptível na Europa. Nesse continente supostamente democrático e livre, vem crescendo a hostilização aos crentes sob a omissão dos meios de comunicação social.

“Em muitos países, mesmo não havendo perseguição pública visível, há cada vez mais ressentimento e hostilidade em relação aos crentes. Isto está ficando cada vez mais evidente na Europa. Os cristãos de hoje são confrontados com a tentativa de destruir as raízes cristãs da sociedade e construir uma sociedade exclusivamente individualista, sem Deus”.

Entre as várias formas de perseguição aos cristãos, Heine-Geldern ressalta a “tentativa de radicalizar os indivíduos e impor à força uma visão fundamentalista do mundo islâmico” em várias partes do mundo, “semeando terror e violência e falsificando a religião e o nome de Deus”.

O próximo Relatório sobre a Liberdade Religiosa a ser publicado pela Fundação AIS cobrirá os 2 anos transcorridos entre o final de 2018 e o de 2020. Normalmente, o relatório é divulgado em novembro, mas, no ano recém-terminado, a pandemia forçou o adiamento da publicação para abril de 2021.

Aleteia

BISPO DE CAMAÇARI (BA) DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO COM DESEMPREGO POR CONTA DO FECHAMENTO DAS FÁBRICAS DA FORD NO BRASIL

CNBB

O bispo da diocese de Camaçari, dom João Carlos Petrini, emitiu nesta terça-feira, 12, uma nota por ocasião do encerramento das atividades das fábricas da Ford no Brasil, inclusive em Camaçari. Na nota ele demonstra preocupação com as pessoas que ficarão desempregadas e todo impacto que isso causa na sociedade.

No texto, o bispo afirma que tal decisão atinge não somente os que dispunham de emprego direto e os terceirizados, mas o comércio, grande e pequeno, movido pelos recursos colocados em circulação por tão grande número de trabalhadores.

“A problemática levantada pelo anúncio da Ford envolve diversos setores: a própria empresa, os empregados e terceirizados com suas famílias, as autoridades municipais, estaduais e federais, os sindicatos. Então, um setor, no caso a Ford, não pode tomar decisões autônomas que afetam de maneira gravíssima os outros setores”.

Confira a nota na íntegra:

NOTA POR OCASIÃO DA CRISE NA FORD

A Diocese de Camaçari vem, por meio desta nota, manifestar a preocupação com o sofrimento de milhares de pessoas que estão perdendo o emprego pelo fechamento das fábricas da Ford no Brasil, inclusive, em Camaçari.

Esta decisão atinge não somente os que dispunham de emprego direto e os terceirizados, mas o comércio, grande e pequeno, movido pelos recursos colocados em circulação por tão grande número de trabalhadores.

A problemática levantada pelo anúncio da Ford envolve diversos setores: a própria empresa, os empregados e terceirizados com suas famílias, as autoridades municipais, estaduais e federais, os sindicatos. Então, um setor, no caso a Ford, não pode tomar decisões autônomas que afetam de maneira gravíssima os outros setores.

O bom uso da razão exige que todos os fatores em jogo sejam adequadamente considerados, na busca de soluções que possam dar atenção à complexidade dos problemas. Se a Ford tem o direito de reorganizar sua produção, mais adequada ao mercado e incorporando novas tecnologias, os empregados têm o direito de garantir a sobrevivência das próprias famílias, as autoridades públicas têm o direito de evitar o colapso social numa cidade como Camaçari, com previsíveis problemas da ordem social, os sindicatos têm o direito de defender a justiça nas relações entre o capital e o trabalho.

Pedimos que todos os setores envolvidos no problema apresentado pela Ford, se encontrem para dialogar e negociem os passos mais adequados, compreendendo melhor as exigências de todos e elaborando respostas que permitam atravessar este período de transição, minimizando danos e sofrimentos para cada setor.

Se é necessário um tempo para a transição de uma estrutura produtiva que atualmente pouco responde à demanda do mercado, o caminho melhor será promover a cooperação de todos os setores afetados por essa crise, (Empresa, Empregados, Município, Governo Estadual; Governo Federal, Sindicatos) para ofertar aos que hoje estão ameaçados de desemprego cursos de atualização tecnológica, de modo que possam ser incorporados à nova etapa de produção que está sendo projetada, negociando detalhadamente a parte que cada setor pode assumir nessa tarefa, os prazos e os modos de realização.

O Papa Francisco nos recordou na Carta Encíclica “Irmãos Todos” que todos procedemos do mesmo Criador e Pai, todos somos chamados a cooperar para edificar e bem e a paz na sociedade, todos somos responsáveis, uns pelos outros.

Assim, “cresceremos em tudo em direção àquele é a Cabeça, Cristo, cujo corpo, em sua inteireza, bem ajustado e unido por meio de toda junta e ligadura, com a cooperação harmoniosa de cada uma de suas partes, realiza o seu crescimento para a sua própria edificação no amor”. (Carta aos Efésios 4, 15-16).

Camaçari 12 de janeiro de 2021
Dom João Carlos Petrini

CNBB

Modificado o rito de imposição das Cinzas em tempo de pandemia

Papa Francisco durante rito de imposição das
Cinzas no início da Quaresma de 2020
(Vatican Media) 

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou uma nota especificando os procedimentos a serem seguidos pelos sacerdotes durante a celebração da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma: máscara e fórmula recitada apenas uma vez.

Vatican News

A situação de saúde causada pela crise pandêmica do coronavírus continua exigindo uma série de atenções que também se refletem em âmbito litúrgico. Tendo em vista o início da Quaresma deste ano, na quarta-feira 17 de fevereiro, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou em seu site as disposições a serem seguidas pelos celebrantes no rito de imposição das Cinzas.

“Feita a oração de bênção das cinzas e depois de as ter aspergido com água benta sem dizer nada - precisa a nota -, o sacerdote, voltado para os presentes, diz uma só vez para todos a fórmula que se encontra no Missal Romano: ‘Convertei-vos e acreditai no Evangelho’, ou ‘Lembra-te que és pó da terra e à terra voltarás’.”

Depois, prossegue a nota, “o sacerdote lava as mãos, coloca a máscara protegendo o nariz e aboca, e impõe as cinzas a todos os presentes que se aproximam dele, ou, se for mais conveniente, aproxima-se ele do lugar daqueles que estão de pé. O sacerdote pega nas cinzas e deixa-as cair sobre a cabeça de cada um, sem dizer nada”.

Vatican News

LITURGIA DA IGREJA DÁ INÍCIO À PRIMEIRA PARTE DO TEMPO COMUM

CNBB

Após as Solenidades e festas do Tempo do Natal, a Igreja iniciou, na última segunda-feira, a primeira parte do Tempo Comum, que corresponde à maior parte das celebrações nos meses que se seguem. Neste ano, a Igreja celebra o ano B, dedicado à reflexão do Evangelho de São Marcos.

A caminhada proposta pela Liturgia da Igreja Católica inicia com o Tempo do Advento, que marca a abertura do Ano Litúrgico. No corrente ciclo litúrgico, a Igreja celebra o Ano B, iniciado em 29 de novembro de 2020. Esta primeira parte é dedicada à preparação para o Tempo do Natal, que segue da celebração do nascimento de Jesus até a Festa do Batismo do Senhor, celebrada no último domingo.

O Tempo Comum, nessa primeira etapa, vai até a Quarta-feira de Cinzas, quando a Igreja inicia a Quaresma, na preparação para a Páscoa.

“Com o início do tempo comum somos convidados a sair em Missão e anunciar a boa nova do Evangelho, somos convidados a sermos mensageiros da esperança e da alegria e a construir aqui na terra o Reino de Deus, esse reino que é paz, amor, perdão e misericórdia. Somos chamados a edificá-lo aqui na terra e a vive-lo de maneira plena no céu”, ensina o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta.

O Evangelho proclamado nessa segunda-feira, 11 de janeiro, (cf. Mc 1,14-20) fala da missão à qual o povo de Deus é chamado: que é de anunciar o Reino de Deus. “Após o batismo realizado por João no Jordão, Jesus inicia a sua vida pública e começa a chamar os apóstolos para segui-Lo. A alegria de quem era chamado era tamanha, pois largavam todo o trabalho que realizavam para seguir a Jesus. É isso que Jesus espera de nós hoje, que também deixemos para trás tudo aquilo que nos impede de segui-lo e que a alegria seja contagiante em nossa vida”, destaca dom Orani.

CNBB

Papa Francisco: Deus é o Amigo fiel e seu amor nunca falha

Papa Francisco na Audiência Geral Foto: Vatican Media

Vaticano, 13 jan. 21 / 08:54 am (ACI).- Na audiência geral desta quarta-feira, 13 de janeiro, o Papa Francisco descreveu a importância de rezar a Deus, mesmo nos momentos difíceis, e lembrou que o fundamento do louvor é que “Deus é o Amigo fiel, e o seu amor nunca falha".

“Os Santos e as Santas demonstram-nos que podemos louvar sempre, nos momentos bons e maus, pois Deus é o Amigo fiel. Este é o fundamento do louvor: Deus é o Amigo fiel, e o seu amor nunca falha. Ele está sempre ao nosso lado, espera-nos sempre”, indicou o Papa.

Nesta linha, o Santo Padre disse que alguém definiu Deus como “sentinela” porque está “está próximo de ti e faz com que vás em frente com segurança”, por isso, o Papa convidou: “nos momentos difíceis e escuros, encontremos a coragem de dizer: ‘Bendito és tu, ó Senhor’. Louvar o Senhor. Isto far-nos-á bem”.

Ao continuar com a sua série de catequeses sobre a oração, o Pontífice se detém em “uma passagem crítica da vida de Jesus” contada no Evangelho de São Mateus “depois dos primeiros milagres e da participação dos discípulos no anúncio do Reino de Deus, a missão do Messias sofre uma crise. João Batista duvida: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?'”.

Desta forma, o Santo Padre reconheceu que “na vida há sempre momentos escuros, momentos de noite espiritual, e João está a passar um momento como esse”.

O Papa assinalou o exemplo de Jesus para indicar a importância de louvar a Deus e destacou o capítulo 11 de São Mateus que descreve um “momento de decepção”, quando o povo mostrou hostilidade pelos sinais prodigiosos de Jesus e justamente naquele momento, “Jesus não eleva ao Pai uma lamentação, mas um hino de júbilo: ‘Bendigo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos’".

“Em plena crise, em plena escuridão na alma de tantas pessoas, como João Batista, Jesus bendiz o Pai, Jesus louva o Pai. Mas, porquê?”, perguntou o Papa.

Em primeiro lugar, o Santo Padre explicou que Jesus Cristo louvou a Deus Pai graças à filiação divina, já que "antes de mais, louva-o pelo que é: ‘Pai, Senhor do céu e da terra’" e acrescentou que "Jesus rejubila-se no seu espírito porque sabe e sente que o seu Pai é o Deus do universo e, vice-versa, o Senhor de tudo o que existe é o Pai, ‘o meu Pai’. O louvor brota desta experiência de sentir-se o ‘filho do Altíssimo’. Jesus sente-se filho do Altíssimo”.

Além disso, o Papa explicou que “Jesus louva o Pai porque prefere os pequeninos” e acrescentou que “é o que Ele próprio experimenta, pregando nas aldeias: os ‘entendidos’ e os ‘sábios’ permanecem desconfiados e fechados, fazem cálculos; enquanto os ‘pequeninos’ abrem-se e acolhem a mensagem”.

Por isso, o Santo Padre encorajou: “também nós devemos regozijar-nos e louvar a Deus porque as pessoas humildes e simples aceitam o Evangelho” e recordou “estas pessoas simples, esta gente humilde que vai em peregrinação, que reza, canta, louva, gente à qual talvez faltam muitas coisas, mas a humildade leva-as a louvar a Deus”.

“No futuro do mundo e nas esperanças da Igreja há sempre os ‘pequeninos’: aqueles que não se consideram melhores do que os outros, que estão conscientes dos próprios limites e dos seus pecados, que não querem dominar os outros, que em Deus Pai se reconhecem todos irmãos”, alertou.

Neste sentido, o Papa sublinhou que “naquele momento de aparente fracasso, no qual tudo é escuridão, Jesus reza, louvando o Pai” por isso encorajou “a julgar de um modo diferente as nossas derrotas pessoais, as situações em que não vemos claramente a presença e a ação de Deus, quando parece que o mal prevalece e não há maneira de o impedir”.

“Jesus, que tanto recomendou a oração de súplica, precisamente no momento em que teria motivos para pedir explicações ao Pai, ao contrário passa a louvá-lo. Parece uma contradição, mas a verdade está nisto”, acrescentou.

Desta forma, o Papa explicou que o momento de louvor "deve ser praticado não só quando a vida nos enche de felicidade, mas sobretudo nos momentos difíceis, nos momentos escuros quando o caminho é íngreme" e também "Jesus que no momento escuro louva o Pai. Pois aprendemos que através daquela subida, daquele caminho difícil, daquela vereda cansativa, daquelas passagens desafiadoras, se consegue ver um novo panorama, um horizonte mais aberto”.

“Louvar é como respirar oxigênio puro: purifica-te a alma, faz com que olhes para longe, não te aprisiona no momento difícil e escuro das dificuldades”, acrescentou o Papa.

Oração de São Francisco

Então o Santo Padre recordou o exemplo de São Francisco de Assis quando escreveu a oração do "Cântico das Criaturas" no final da sua vida, oração que "não o compôs num momento de alegria, de bem-estar, mas, pelo contrário, no meio das dificuldades".

O Papa relatou que São Francisco escreveu esta oração quando “estava quase cego e sentia na sua alma o peso de uma solidão que nunca tinha sentido antes: o mundo não mudou desde o início da sua pregação, ainda há aqueles que se deixam dilacerar por disputas e, além disso, ele ouve aproximar-se os passos da morte”.

“Poderia ser o momento da desilusão, daquela extrema desilusão e a percepção do próprio fracasso. Mas naquele instante de tristeza, naquele momento de escuridão, Francisco reza. De que modo reza?  ‘Louvado sejais, ó meu Senhor…’. Reza louvando. Francisco louva a Deus por tudo, por todos os dons da criação e até pela morte, que com coragem chama ‘irmã’, ‘irmã morte’”, frisou o Papa.

Por fim, o Santo Padre destacou que "estes exemplos dos Santos, dos cristãos, também de Jesus, de louvar a Deus nos momentos difíceis, abrem-nos as portas de um caminho muito grande rumo ao Senhor e purificam-nos sempre. O louvor purifica sempre”, então concluiu perguntando: “para quem é útil o louvor? Para nós ou para Deus?".

“A prece de louvor é útil para nós”, o Papa respondeu com o prefácio comum IV do Missal Romano que diz: “não necessitais do nosso louvor, mas através de um dom do vosso amor chamais-nos a dar-vos graças; os nossos hinos de bênção não aumentam a vossa grandeza, mas obtêm para nós a graça que nos salva”.

ACI Digital

Senhor, Mostra-Nos O Pai E Isso Nos Basta

S. Hilário | Canção Nova

Santo Hilário de Poitiers (c. 315-367)

Jesus disse: «Se ficastes a conhecer-Me, conhecereis também o meu Pai. E já O conheceis, pois estais a vê-Lo.» Quem se vê é Jesus Cristo homem. Os apóstolos têm diante dos olhos o seu aspecto exterior, isto é, a sua natureza de homem, ao passo que Deus, liberto de toda a carne, não é reconhecível num miserável corpo carnal. Como é então que conhecer a Cristo é conhecer também o Pai?

Estas palavras inesperadas perturbam o apóstolo Filipe, pois a fraqueza do seu espírito humano não lhe permite compreender uma afirmação tão estranha. […] Então, com a impetuosidade que resultava da sua familiaridade e da sua fidelidade de apóstolo, ele diz ao Mestre: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta.» Não é que deseje contemplar o Pai com os olhos físicos; mas pede para compreender aquilo que vê com esses olhos. Porque, vendo o Filho na sua forma humana, não compreende como foi que, desse modo, viu o Pai. […]

O Senhor responde-lhe então: «Há tanto tempo estou convosco e não Me conheces, Filipe?», repreendendo-o por ignorar quem Ele era. […] Porque é que não O tinham reconhecido, a Ele que há tanto tempo procuravam? É que, para O reconhecerem, tinham de reconhecer que a divindade, a natureza do Pai, estava nele. Na verdade, todas as obras que Ele tinha feito eram próprias de Deus: caminhar sobre as águas, dar ordens ao vento, realizar coisas impossíveis de compreender, como transformar a água em vinho e multiplicar os pães […], afugentar os demônios, curar doenças, dar remédio às enfermidades do corpo, corrigir malformações congênitas, perdoar os pecados, devolver a vida aos mortos. Tudo isso fora feito pelo seu corpo de carne, e tudo isso Lhe permite proclamar-Se Filho de Deus. Daí a sua reprimenda e a sua queixa: por causa da realidade misteriosa do seu nascimento humano, eles não se tinham apercebido da natureza divina que realizava estes milagres na natureza humana que o Filho tinha assumido […].

A Trindade, VII, 34-36

[…] «Crede em Mim: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim». O que significa este «Crede em Mim»? Trata-se de uma expressão que se ilumina por meio da seguinte: «Mostra-nos o Pai». Cristo ordena aos seus apóstolos que acreditem nele para lhes reforçar a fé, essa fé que tinha pedido para ver o Pai. Porque não tinha bastado ao Senhor dizer: «Quem Me vê, vê o Pai». […] O Senhor quer que acreditemos nele, para que a convicção íntima da nossa fé não corra o risco de ser cancelada. […] Acreditemos, ao menos com base no testemunho das suas obras, que o Filho de Deus é Deus, que nasceu de Deus e que o Pai e o Filho são um; que um está no outro pelo poder da sua natureza divina, e que nenhum deles existe sem o outro. Aliás, o Pai a nada renuncia daquilo que possui pelo facto de estar no Filho, enquanto este recebe do Pai tudo aquilo pelo qual é Filho.

Serem reciprocamente um no outro, possuírem a unidade perfeita de uma natureza essencial, que o Filho único e eterno seja inseparável da verdadeira natureza divina do Pai, tal maneira de ser não pertence àquilo que tem uma natureza material. Não, esse estado de facto em que uma pessoa habitando noutra a faz viver é uma característica própria de Deus, o Filho único […]. Pois cada uma delas existe pelo fato de uma não ser sem a outra, dado que a natureza do ser que existe é a mesma, quer se trate daquele que engendra ou daquele que nasce.

É este o sentido dos textos: «Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30), «Quem Me vê, vê o Pai», e «Eu estou no Pai e o Pai está em Mim». O Filho não é diferente nem inferior ao Pai […]; o Filho de Deus, nascido de Deus, manifesta em Si a natureza do Deus que O engendra.

A Trindade, VII, 41
Fonte: Evangelho Cotidiano

Ecclesia

S. HILÁRIO, BISPO DE POITIERS E DOUTOR DA IGREJA

S. Hilário  (© BAV, Vat. lat. 8541, f. 102r)

Origens e conversão

As notícias sobre a vida deste verdadeiro Defensor Fidei são poucas, mas abundantes as obras teológicas que nos deixou.

Nascido em uma família abastada gálico-romana e pagã, Hilário recebeu uma sólida formação literária e filosófica. Entretanto, só depois da sua conversão ao cristianismo, – como ele mesmo declarou em uma das suas obras – conseguiu entender o sentido do destino do homem. Com a leitura do prólogo do Evangelho de São João, começou a dar orientação à sua busca interior.

Já adulto, casado e pai de uma filha, Hilário recebeu o Batismo e, entre os anos 353 e 354, foi eleito Bispo de Poitiers.

Luta contra a heresia

O período histórico, em que Hilário viveu, era caracterizado por um pluralismo religioso e cultural, que, com pesadas polêmicas, colocava em risco o núcleo central da fé cristã. De modo particular, as doutrinas de Ário, Ebion e Fotino – só para citar algumas – encontraram terreno fértil, tanto no Oriente quanto no Ocidente, por difundirem heresias trinitárias e cristológicas, que comprometiam o núcleo central da fé cristã.

Com coragem e profunda competência, Hilário começou a sua “luta” contra a polêmica trinitária e, de modo especial, contra o arianismo. Por sua parte, ele afirmava que Cristo podia ser o salvador dos homens, somente como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Neste clima incandescente, Hilário pagou com o exílio seu compromisso pelo restabelecimento da ordem, no pensamento teológico, e pelo retorno da verdade.

Exílio e retorno a Poitiers

Durante o século IV, sob o império de Constâncio, filho do imperador Constantino o Grande, Hilário escreveu uma súplica ao imperador – Liber II ad Constantium – pedindo-lhe para se defender, publicamente, na sua presença, das acusações que Saturnino de Arles lhe havia imputado, injustamente, considerando-o traidor da verdadeira fé evangélica, que, como tal, o obrigava ao exílio na Frígia - atual Turquia - por quatro anos.

Subornado pelos arianos, que queriam se livrar de Hilário, Constantino o manda de volta a Poitiers, onde, ao invés, foi acolhido com triunfo. Ali, retomou suas atividades pastorais, contando com a colaboração do futuro Bispo de Tours, São Martinho, que, sob a direção de Hilário, fundou, em Ligugé, o mosteiro mais antigo da Gália, com o objetivo de deter os efeitos da heresia.

Nos últimos anos de vida, Hilário compôs um volume, com comentários de 58 Salmos, como também escritos exegético-teológicos e hinos de teor doutrinal. Entre as suas obras, destaca-se o Comentário sobre o Evangelho de Mateus, o mais antigo em língua latina. Suas obras foram publicadas por Erasmo de Rotterdam, em Basileia, em 1523, 1526 e 1528. Santo Hilário de Poitiers faleceu no ano 367.

Palavras de Bento XVI

Em 2007, continuando o ciclo de catequeses sobre os Padres Apostólicos, o Papa Bento XVI deteve-se sobre a figura de Hilário de Poitiers, resumindo o núcleo da sua doutrina nesta fórmula do Santo: “Deus não sabe ser nada mais, senão amor; não sabe ser outra coisa, senão Pai. Quem ama não é invejoso; quem é Pai o é na sua totalidade. Este nome não admite acordos, como se Deus fosse Pai, em certos aspectos, e não em outros”.

Vatican News

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

O BATISMO NAS DOUTRINAS DE SÃO CIRILO DE JERUSALÉM E DE ALEXANDRIA

Padres Apostólicos | Centro Loyola - PUC-Rio
por Dom Vital Corberllini
Bispo de Marabá (PA)

O batismo é graça do Senhor no qual Ele o concede ao ser humano o dom de serem, na adoção, seus filhos e suas filhas. O sacramento nos introduz no mistério de Deus Uno e Trino, na vida da Igreja e na missão no mundo, de testemunhar o Cristo e em obras caritativas que glorifiquem a Deus. A seguir, nós veremos alguns pontos desta doutrina nos grandes bispos chamados de Cirilo, um de Jerusalém e o outro de Alexandria. Os dois personagens foram fiéis à doutrina nicena na defesa da divindade do Verbo de Deus diante do arianismo que negava a divindade do Senhor e foram pastores dedicados às suas comunidades.

            A deposição da túnica

            São Cirilo de Jerusalém, bispo do século IV, falou aos catecúmenos que desejavam receber o batismo. Entrando no batistério, eles eram convidados a depor a túnica, o hábito, que era imagem do homem velho, com as suas ações das quais eles eram despojados. Eles permaneceram sem as devidas roupas, imitando também nisto Cristo sem roupa sobre a cruz, no qual pela sua condição, despojou os principados e os poderes, triunfando sobre todo o orgulho humano do alto da cruz. Se junto deles carregavam os poderes inimigos com o hábito velho, com a roupa velha, pelo ser humano idoso, uma vez despojada como a esposa de Cristo, eram criaturas novas em Cristo. Se eles ficaram despojados diante do olhar de todos e não eram envergonhados eram imagens de Adão, primeiro ser humano plasmado, que não sentiu vergonha por estar naquela posição porque foi à condição da vida humana antes do pecado.

            A sagrada piscina

            Eles eram conduzidos à sagrada piscina do divino batismo, como Cristo o foi da cruz ao sepulcro localizado, bem próximo. Cada catecúmeno era interrogado se acreditava no nome do Pai e do filho e do Espírito Santo. São Cirilo encorajou as pessoas que proclamaram a profissão de fé, de salvação e por três vezes imergiram na água e por três vezes emergiram das mesmas[1].

            Batizados em Cristo

            São Cirilo de Jerusalém afirmou que uma vez batizados e revestidos de Cristo, tornaram-se conforme ao Filho de Deus, imitando-o nas suas ações. Deus que nos predestinou à adoção nos tornou semelhantes ao corpo glorioso do Cristo. Eles participavam do Cristo ungido, ditos cristos, ungidos, porque eles receberam o penhor do Espírito Santo e porque era imagem do Senhor Jesus.

            O batismo de Jesus

            Jesus entrou no Rio Jordão e comunicada à água, a fragrância, o aroma, da divindade, saiu e se cumpriu nele a vinda substancial do Espírito Santo, onde o semelhante pousou sobre o semelhante. De uma forma também semelhante, disse São Cirilo aos recém batizados que ao sair da piscina das sagradas fontes foi dado o crisma, como símbolo do penhor da unção no qual foi ungido Cristo Jesus. Esta unção é o Espírito Santo que ungiu Cristo não por pessoas humanas, mas foi ungido pelo Pai, constituído Salvador de todo o mundo que o ungiu de Espírito Santo.

            A crucificação, morte e ressurreição de Cristo

            O bispo de Jerusalém traçou um paralelo entre a vida de Cristo Jesus nos seus últimos momentos com aqueles que os recém-batizados receberam na noite santa. Assim como Cristo foi crucificado, sepultado, ressuscitado, eles, pelo batismo foram feitos dignos de serem com Ele crucificados, sepultados, ressuscitados, sendo também novas criaturas pela crisma. O Senhor foi ungido com o óleo espiritual de exultação, isto é, com o Espírito Santo, chamado de óleo de júbilo, sendo a fonte da alegria espiritual. No entanto eles foram ungidos com o crisma, tornando-se assim participantes e seguidores do Cristo e da Igreja[2].

            O céu se abriu

            São Cirilo de Alexandria, bispo do século V afirmou que Jesus ao ser batizado, abençoou as águas, e as purificou por nossa causa. Era, pois necessário que o Verbo do Pai, abaixando-se até aniquilar-se e não desdenhando de descer até fazer-se semelhante a nós, se tornasse por nós exemplo e o caminho para com toda obra boa. O evangelista Lucas disse que o céu se abriu como se fosse fechado por longo tempo (cfr. Lc 3,21). O céu se abriu e o ser humano sobre a terra se uniu aos santos anjos, aos céus. O Espírito Santo desceu uma segunda vez como para dar um segundo início do gênero humano e antes de tudo sobre Cristo, segundo o desígnio de salvação, e Cristo o recebeu não por si, mas para nós, porque nós tenhamos vida nele e por ele, receber toda riqueza de graças. A voz do Pai fez-se ouvir sobre Cristo no momento do santo batismo, como se por meio dele e nele envolvesse o ser humano que está sobre a terra que disse o Pai para Jesus que Ele é o seu Filho amado (cfr. Mt 3,17)[3]

            O batismo de Jesus marcou inicio de sua missão salvadora no mundo. Nós também somos chamados a viver o nosso batismo nos diversos ambientes, familiares, comunitários e sociais.

[1] Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi mistagogica, 2, 2-8. In: La teologia dei padri, v. IV. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pgs. 147-148.

[2] Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi mistagogica, 2, 2-8. In: La teologia dei padri, v. IV, Idem, pgs. 148-150.

[3] Cfr. Cirillo di Alessandria, Commmento al Vangelo di Luca, 3,21. In: Nuove Letture dei giorni, testi dei padri d´oriente e d´occidente per tutti i tempi liturgici. Scelta a cura dei fratelli e delle sorelle della Comunità di Bose. Edizioni QIQAJON, Comunità di Bose. 2012, Magnano (BI), pgs. 83-84.

CNBB

Para abortistas a “matança de inocentes faz parte do progresso”, diz Episcopado

depositphotos
Abortistas propagam a ideia de que o direito à vida não é inviolável desde a concepção até a morte e afirmam que a matança de inocentes faz parte do progresso.

São Domingos – República Dominicana (11/01/2021, 13:30, Gaudium Press) A propósito de uma anunciada reabertura do debate sobre as causas do aborto, a Conferência do Episcopado Dominicano publicou um comunicado recordando a doutrina da Igreja sobre este ponto e assinalando que a Constituição do país é incompatível com a legalização do crime da matança de inocentes.

Guadium Press

A Declaração dos bispos da República Dominicana ressalta alguns pontos oportunos de serem relembrados e difundidos.
Inicialmente os pastores da Igreja Católica na República Dominicana destacam que após um ano tão difícil como foi 2020, quando a pandemia da covid-19 castigou a população e trouxe tanto luto, surge no horizonte ainda carregado de brumas a promessa da discussão no fórum nacional de um ponto que tanto confunde a população: o aborto.
Uma temática tratada com a intenção de promover a morte de milhares de nascituros baseando-se em apelativos eufemísticos que conduzem à ideia de que matar indefesos inocentes faz parte do progresso.

“Nossa intenção, dizem os prelados dominicanos, não é apresentar uma nova doutrina, mas enfatizar o que sempre dissemos sobre ela, em linha com o Magistério da Igreja Católica”.

A Nação Dominicana está indissoluvelmente unida a Deus, ao Deus da vida, ao Deus do amor

No seu comunicado, os bispos afirmam que “a Nação Dominicana está indissoluvelmente unida a Deus, ao Deus da vida, ao Deus do amor”.
O lema nacional “Deus, Pátria e Liberdade” coloca Deus como o centro dos valores nacionais. Quando tratamos da vida humana, nós, cristãos, a entendemos como um dom de Deus, tendo sido criados “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26).
Em nosso país, recordam os prelados, a vida é o primeiro direito civil mencionado em nossa Constituição: “O direito à vida é inviolável desde a concepção até a morte.”

A vida é um direito anterior a toda legislação, sem vida não há possibilidades de usufruir de nenhum outro direito

De acordo com nossa própria Constituição, o Estado não pode aplicar a pena de morte mesmo aos piores infratores, pois diz: “Em nenhum caso a pena de morte pode ser fixada, pronunciada ou aplicada”.
Então, como aceitar que em nosso país o aborto seja consagrado, nas chamadas três causas, em que se mata criaturas inocentes, o nascituro?

A supremacia constitucional –lembram os bispos– é imposta tanto aos governantes quanto aos governados: “Qualquer lei, decreto, resolução, regulamento ou ato contrário a esta Constituição é nulo e sem efeito” (art. 6º).
Incorporar o aborto em nossa legislação, em qualquer circunstância, é uma flagrante violação constitucional, aprovar princípios que levam ao aborto seria uma violação grave do direito à vida, destacam os bispos no comunicado recentemente publicado.

A criança no ventre da mãe tem uma vida individual, com identidade genética própria e comprovada singularidade e irrepetibilidade: é um ser humano

Os Bispos dominicanos destacam que a ciência mostra que a criança no ventre da mãe tem uma vida individual, com identidade genética própria e comprovada singularidade e irrepetibilidade.
Os Prelados sublinham que o nascituro não é uma vida parcial, que em seu processo de desenvolvimento se tornará um ser humano, mas se desenvolve desde o início como um ser humano.
Com o avanço da medicina –recordam– está sendo mostrado com cada vez mais precisão que existe vida humana desde o momento da concepção.

Pretendem repetir Herodes e antigas religiões que sacrificavam inocentes

Os bispos citam o Papa que lembra que o aborto faz parte do que ele mesmo chama de cultura do descarte.
Em tempos de ignorância, o sacrifício de crianças fazia parte da atividade de antigas religiões e culturas que, de maneira cruel e errônea de buscar vitórias na guerra ou nas chuvas e nas boas colheitas, assassinavam seus filhos indefesos.
Hoje o espírito do perverso de Herodes, vitimador de inocentes, continua presente em Congressos, Governos e Organizações Internacionais de apoio à cultura do hedonismo e do materialismo, que tanto destrói o ser humano., diz o comunicado.

É indignante ver seres humanos celebrar o fato de que uma mãe possa assassinar seu próprio filho, e que faça disso um direito

Os Bispos dominicanos afirmam-se chocados por saber que “em nossa sociedade há quem pense que sacrificar crianças inocentes sob nomes eufemísticos como uma decisão sobre o próprio corpo, direitos sexuais e reprodutivos podem ser vistos como parte de um autêntico progresso”.
Para os Prelados, “Causa perplexidade e indignação ver seres humanos que celebram o fato de que uma mãe pode assassinar seu próprio filho, e que se pretende fazer disso um direito”.

Falsos argumentos eufemísticos para defender a matança de inocentes

Os bispos recordam em seu comunicado argumentos improcedentes, slogans bem estudados para promover o aborto.
Entre eles aquele em que se alega perigo à vida da mãe, erroneamente denominado “aborto terapêutico”.

Para este ponto, os Bispos esclarecem:
“O termo “terapêutico” é utilizado para fins de confusão.
“Na medicina, esse termo significaria “cura”, mas neste caso o aborto não é uma terapia nem cura absolutamente nenhuma doença.
Além disso, a ética médica indica que, no caso de complicações na gravidez, esforços proporcionais devem ser feitos para salvar a mãe e o filho e nunca ter a morte premeditada de uma delas como saída. ”

Os Prelados tratam dos casos de “gravidez resultante de estupro”. É o estupro utilizado para sensibilizar o público a favor do aborto

Para eles, “estimular a mãe a desabafar sua frustração ou raiva deslocando-a em vingança contra seu próprio filho, só produz impactos com resultados muito negativos e atitudes autodestrutivas na mente”.
“É óbvio que o crime hediondo de estupro é utilizado para sensibilizar o público a favor do aborto, apresentando como agressor a criança inocente de uma possível concepção brutal. ”

Eugenia, o argumento que defende o aborto por motivos de defeito no feto

No comunicado os refutam o argumento que favorece o aborto nos casos defeito físico da criança ou por suspeita dele, conhecido como “aborto eugênico”, que se baseia no falso postulado de que só “os sãos” são os que devem estabelecer o critério de valor de quando uma vida vale ou não, teríamos motivos suficientes para matar o deficiente já nascido. (JSG)

https://gaudiumpress.org/

Depois de 54 anos, celebram primeira Missa no rio Jordão, onde Jesus foi batizado

Custódia da Terra Santa

https://youtu.be/v_0p8VS3RJY

JERUSALÉM, 12 jan. 21 / 09:07 am (ACI).- Os franciscanos da Custódia da Terra Santa celebraram a festa do Batismo do Senhor com a primeira Missa celebrada em 54 anos às margens do rio Jordão, onde Jesus foi batizado.

No domingo, 10 de janeiro, respeitando as disposições do governo para prevenir contágios por Covid-19, uma delegação de 50 fiéis, diplomatas e sacerdotes participou da Missa na Capela de São João Batista, localizada na Cisjordânia, a oeste de Rio Jordão.

Eucaristia foi presidida pelo Custódio da Terra Santa, Pe. Francesco Patton, que estava acompanhado pelo Núncio Apostólico em Jerusalém, Dom Leopoldo Girelli, entre outros sacerdotes.

“Para nós, hoje é a festa do Batismo de Jesus. Comemoramos quando João Batista batizou Jesus no rio Jordão”, disse Pe. Patton a The Times of Israel.

“Hoje é uma festa especial, porque passados ​​54 anos e três dias, tivemos a oportunidade de celebrar pela primeira vez a nossa liturgia, a Santa Missa, dentro da nossa casa [a capela] e este é um dia muito importante para nós”, acrescentou.

Em sua homilia, Pe. Patton lembrou que a última Missa oferecida no Santuário foi em 7 de janeiro de 1967. “Estavam um sacerdote inglês, Pe. Robert Carson, e um sacerdote nigeriano, Pe. Silao Umah”, disse. Os presbíteros assinaram seu nome em um registro de santuários que foi recuperado em 2018.

“Hoje, 54 anos e 3 dias depois, poderíamos dizer que no início do ano 55 desde que se encerrou este registro, ao final desta celebração da Eucaristia, estaremos reabrindo esse mesmo registro, viraremos a página e em uma nova página poderemos escrever a data de hoje, 10 de janeiro de 2021, e assinar com os nossos nomes, para testemunhar que este lugar, que tinha se transformado em campo de batalha, campo minado, é mais uma vez um campo de paz, um campo de oração”, acrescentou.

Após a Missa, foi realizada a bênção do convento que custodia a capela de São João Batista. Posteriormente, os participantes seguiram em procissão até o rio Jordão, onde os frades leram uma passagem do Livro dos Reis e então Pe. Patton mergulhou seus pés descalços.

A celebração aconteceu 54 anos depois que terminaram de limpar o local das minas que restaram da guerra de 1967 entre Israel e Jordânia.

Restauração do local do Batismo de Jesus

Em 1932, a Custódia da Terra Santa comprou o terreno “Qasr al-Yahud”, nome oficial do local do Batismo de Jesus no Vale do Rio Jordão, Cisjordânia. Este local era visitado por peregrinos desde 1641.

Tempos depois, os franciscanos construíram um convento com uma pequena igreja chamada São João Batista que foi confiada aos frades de Jericó.

No entanto, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, os franciscanos tiveram que fugir e perderam aquele local de oração. Pouco depois, todo o terreno se tornou um campo minado, por isso, peregrinos e turistas foram proibidos de entrar por se tratar de uma zona militar.

No ano 2000, um pequeno acesso foi aberto por ocasião da viagem apostólica de São João Paulo II à Terra Santa durante o Jubileu, mas após a segunda intifada foi fechado novamente.

Desde 2011, uma longa operação de desminagem foi realizada em toda a área e pelo menos 4 mil minas foram removidas.

Em 2018, teve início um projeto de 1,15 milhão de dólares para a remoção de minas. Metade do projeto foi financiada pelo Ministério da Defesa de Israel e a outra metade por doadores privados. Há três meses, os franciscanos receberam novamente o convento.

De acordo com a revista israelense, Pe. Patton agradeceu ao presidente de Israel, Reuven Rivlin, por pressionar as autoridades israelenses para concluir a remoção das minas e reabilitar o local para a adoração dos cristãos.

“Agradecemos particularmente ao presidente [Reuven] Rivlin, foi ele quem pressionou para realizar este tipo de restituição dos lugares sagrados às igrejas e para desenvolver a área para os peregrinos”, disse Pe. Patton.

Oito igrejas estão espalhadas por quase 250 acres de terra que fazem fronteira com o local onde Jesus Cristo foi batizado. Infelizmente, as minas terrestres ainda estão espalhadas em muitas partes do território israelense conquistado durante a guerra.

Os funcionários israelenses afirmam que entre os 3 mil artefatos explosivos nas proximidades do local do batismo, também há armadilhas explosivas colocadas por militantes palestinos, bem como explosivos da época em que o território estava sob controle jordaniano.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF