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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Cristãos na Nigéria enfrentam genocídio calculado, denuncia bispo

Imagem referencial. Crédito: Unsplash

Abuja, 22 dez. 20 / 10:00 am (ACI).- O bispo de Gboko (Nigéria), Dom William Avenya, disse aos membros do Congresso, no dia 17 de dezembro, que o mundo não deveria ignorar o "genocídio" enfrentado pelos cristãos no país.

Dom Avenya testemunhou na quinta-feira em uma audiência sobre "Conflitos e Assassinatos no Cinturão Médio da Nigéria" da Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, uma comissão parlamentar bipartidária.

"O assassinato em massa de cristãos no cinturão médio da Nigéria, segundo todos os padrões, cumpre com os critérios para ser definido como um genocídio calculado segundo a Convenção sobre Genocídio”, ressaltou.

O Prelado indicou que "é deprimente que nossa região do Cinturão Médio tenha realmente se tornado um vale de lágrimas, uma região onde enterros em massa são muito comuns".

O Cinturão Médio é uma região fértil que se estende pela parte central da Nigéria e, nos últimos anos, tem sido palco de uma crescente violência, onde muitas aldeias agrícolas em um local predominantemente cristão foram atacadas.

O International Crisis Group assinalou que houve uma média de mais de 2 mil mortes por ano, entre 2011 e 2016, no Cinturão Médio.

O subsecretário do Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho do Departamento de Estado, Robert Destro, indicou que 600 pessoas morreram no Cinturão Médio este ano, número quase seis vezes maior do que no norte do país.

Cristãos e muçulmanos na Nigéria têm sofrido um número crescente de ataques violentos por militantes Fulani e grupos terroristas como o Estado Islâmico Província de África Ocidental (Iswap), anteriormente Boko Haram, e o novo grupo Boko Haram que se separou de Iswap.

De acordo com a agência de refugiados da ONU (ACNUR), estima-se que mais de dois milhões estão "deslocados internamente" na Nigéria.

Os membros do Congresso e autoridades do Departamento de Estado indicaram que as causas da violência são complexas.

O copresidente da comissão, Chris Smith, acrescentou que os Fulani são pastores nômades que povoam a região mais ampla do Sahel, alguns foram levados para o sul, para o Cinturão Médio, pela desertificação causada pela mudança climática.

“O principal promotor do conflito dominante na região do Cinturão Médio são os extremistas Fulani, que parecem motivados em grande parte pelo chauvinismo étnico-religioso, em sua maioria contra agricultores cristãos - embora eu observe que em outros lugares os muçulmanos xiitas também são vítimas, e que os conflitos entre os sunitas também existem dentro da comunidade muçulmana”, disse Smith.

Muitos dos ataques denunciados contra as aldeias são "massacres", disse Smith, já que civis são alvo de assassinatos, violência e estupros.

Em 2017, os bispos católicos informaram um número e intensidade crescentes de ataques de Fulanis, que utilizavam armamentos sofisticados nunca antes vistos em confrontos anteriores entre pastores e agricultores.

Alguns bispos enfatizaram a natureza etnorreligiosa dos ataques, afirmando que os militantes Fulani, em sua maioria muçulmanos, visam especificamente os povoados e igrejas cristãs.

O Embaixador dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa, Sam Brownback, disse na quinta-feira que a violência "frequentemente se desdobra em termos de fé", mesmo que os conflitos não sejam de origem religiosa.

As organizações não governamentais alertaram sobre "implicações cada vez mais religiosas" do conflito no ano passado, com relatos sobre o incêndio de locais religiosos e conversões forçadas de algumas vítimas de sequestro.

Dom Avenya acusou o governo nigeriano de não proteger os cristãos do Cinturão Médio.

"Como é possível explicar um cenário no qual até centenas de aldeães inocentes e indefesos morrem em um só ataque e ninguém diz nada a respeito?”, perguntou.

"Parece que o sistema não apenas permitiu, mas também está ajudando a entronizar as visões supremacistas de um grupo religioso sobre outros", disse.

Destro disse que os líderes religiosos e políticos e os grupos de ajuda enfatizaram a falta de segurança no país e assinalou que as comunidades locais não têm recursos para se proteger e processar os perpetradores de violência.

“Se uma comunidade liga para o equivalente nigeriano do 911, ninguém atende. Não há proteção policial efetiva”, disse.

A audiência aconteceu depois que a mídia internacional relatou mais dois ataques a civis nesta semana. Em 15 de dezembro, o grupo terrorista islâmico Boko Haram admitiu sua culpa pelo sequestro de centenas de crianças em uma escola no estado de Katsina, no noroeste, e no sudeste do país um sacerdote nigeriano foi sequestrado por quatro homens armados na segunda-feira e depois libertado na quarta-feira.

Devido à violência contínua contra civis na Nigéria, o Departamento de Estado designou a Nigéria, na semana passada, como um “País de Preocupação Especial (PCCh)” pela primeira vez na história, uma lista reservada para os países com os piores registros em matéria de liberdade religiosa, como China, Coreia do Norte e Arábia Saudita.

A designação é "esperançosamente um verdadeiro alerta" para o governo, disse Smith, e assinalou que, se não houver uma resposta adequada à designação, os Estados Unidos deveriam considerar o uso de sanções.

Publicado originalmente em CNA.

ACI Digital

Papa Francisco no Panamá: recordando a JMJ 2019

Papa Francisco saudado por jovens no Panamá  (Vatican Media)

Assinalamos aqui o essencial das palavras do Papa no Panamá. Partindo do dia 27 de janeiro com o anúncio oficial da Jornada portuguesa que decorrerá em 2023. Lisboa evocará essa data acolhendo os símbolos da JMJ.

Rui Saraiva - Cidade do Porto

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Portugal na cidade de Lisboa no ano 2023. Uma grande responsabilidade para a capital portuguesa e para o país. Uma missão muito especial para a diocese de Lisboa.

O anúncio oficial de que a próxima JMJ seria em Portugal foi feito pelo Cardeal Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, no domingo 27 de janeiro de 2019 no Campo São João Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá.

Sé de Lisboa acolhe os símbolos da JMJ

Evocando esse momento tão importante a organização da JMJ Lisboa 2023 acolherá na Sé de Lisboa os símbolos da JMJ, precisamente, no dia em que se completam dois anos após o anúncio. Será na quarta-feira, 27 de janeiro, o acolhimento que a Cruz Peregrina e o ícone de Nossa Senhora “Salus Populi Romani”, em modo oficial em Lisboa. Uma celebração que decorre em tempo de pandemia de covid-19 e em momento de confinamento geral em Portugal. Por isso terá transmissão nas plataformas digitais.  

Entretanto, recordemos aqui o essencial das palavras do Papa Francisco na Jornada do Panamá naquela que foi a 26ª Viagem Internacional do Santo Padre. Participaram mais de 600 mil jovens de 156 países acompanhados por 480 bispos. Uma organização de mais de 20 mil voluntários. Cobriram o encontro mais de 2500 jornalistas.

Jovens, “construtores de pontes”

Foi no Campo de Santa Maria La Antígua na Faixa Costeira da cidade do Panamá que o Papa Francisco foi acolhido na quinta-feira dia 24 de janeiro para a XXXIV edição das Jornadas Mundiais da Juventude.

Centenas de milhares de jovens saudaram o Santo Padre efusivamente e escutaram com grande atenção as suas palavras. A acolher o Papa representantes jovens dos cinco continentes.

Do continente europeu era português o rapaz que acolheu o Santo Padre. Joaquim Goes, o seu nome.

Francisco assinalou que este grande evento de juventude é tempo de encontro na pluralidade para que os jovens sejam “construtores de pontes”. O Papa exortou os jovens a viverem um “sonho comum” que a todos envolve: “um sonho chamado Jesus”: “A cultura do encontro é apelo e convite a termos a coragem de manter vivo um sonho comum”.

“O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz e o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi derramado e gravado a fogo no coração de cada homem e mulher, no teu e no meu, com a esperança de aí encontrar espaço para crescer e desenvolver-Se. Um sonho chamado Jesus, semeado pelo Pai com a confiança que crescerá e viverá em todo o coração” – disse o Papa.

O Papa recordou as palavras de S. Óscar Romero: “O cristianismo é uma Pessoa que me amou tanto, que reivindica e pede o meu amor. O cristianismo é Cristo”.

Um encontro no amor de Cristo – disse Francisco – “um amor que não se impõe nem esmaga, um amor que não marginaliza nem obriga a estar calado, um amor que não humilha nem subjuga. É o amor do Senhor: amor diário, discreto e respeitador, amor feito de liberdade e para a liberdade, amor que cura e eleva” – declarou o Papa frisando que o amor em Cristo é “serviço” e “doação”.

Na sua intervenção inicial aos jovens reunidos nas Jornadas Mundiais da Juventude, o Papa Francisco recordou o amor com o qual Maria, Mãe de Jesus, disse sim: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua Palavra”.

Junto da Cruz para acolher e acompanhar quem sofre

Dia 25 de janeiro, Via Sacra dos Jovens com o Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá: nas várias estações os jovens refletiram sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos migrantes, dos mártires cristãos, a violência sobre as mulheres, a corrupção, o terrorismo, o aborto. Rezaram pelo ecumenismo, pelos Direitos Humanos, pela defesa do ambiente.

Francisco na sua reflexão começou por assinalar “o caminho de Jesus para o Calvário” como sendo “um caminho de sofrimento e solidão que continua nos nossos dias”. Um sofrimento que continua numa sociedade onde impera a indiferença “que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos” – disse o Papa.

O Santo Padre reconheceu que também nós, amigos do Senhor, nos deixamos “levar pela apatia” e pelo “imobilismo”, pois “é fácil cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”

“Para Vós, Senhor, não é assim! Na cruz, identificastes-Vos com todo o sofrimento, com quem se sente esquecido” – declarou o Papa lembrando o “grito sufocado das crianças impedidas de nascer e de tantas outras a quem se nega o direito a ter uma infância, uma família, uma instrução”.

Francisco lembrou também as “mulheres maltratadas”, os “olhos tristes dos jovens que veem ser arrebatadas as suas esperanças de futuro por falta de instrução e trabalho digno” e aqueles que “caem nas redes de pessoas sem escrúpulos”, os jovens que se deixam absorver “numa espiral de morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano”.

O Santo Padre recordou ainda os que vivem na solidão e os que são rejeitados pela sociedade; os idosos que são “abandonados e descartados”; “os povos nativos despojados das suas terras”; a mãe Terra “ferida nas suas entranhas”.

Uma “sociedade que perdeu a capacidade de chorar e comover-se à vista do sofrimento” – afirmou.

Francisco perguntou-se se somos hoje capazes de consolar e acompanhar quem sofre, permanecendo ao pé da Cruz. A este propósito recordou Maria, Mãe de Jesus, “mulher forte” que disse “sim” que “apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança” – disse o Santo Padre.

O Papa afirmou que “também nós queremos ser uma Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes de tantos cristos que caminham ao nosso lado”.

E com Maria “aprendemos a dizer sim” no apoio a quem precisa na família, não nos calando perante uma “cultura dos maus-tratos” e do “abuso, do descrédito e agressão”. Dizer sim acolhendo os abandonados, os que perderam a sua terra, a família ou o emprego.

“Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar” – declarou o Papa.

Ide e testemunhai

No dia 27 de janeiro, domingo, no Estádio Rommel Fernández, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários que organizaram e prestaram serviço nas Jornadas Mundiais da Juventude do Panamá.

O Santo Padre ouviu vários testemunhos de jovens que colaboraram ativamente na realização deste grande encontro de juventude.

Agradeceu as palavras que lhe foram dirigidas e referiu que após esta experiência das JMJ os jovens que participaram como voluntários já sabem o que significa o que é uma missão e sublinhou como é importante não deixar que “as limitações” e “as fraquezas” nos “bloqueiem e impeçam de viver a missão” a que Deus nos chama.

Francisco assinalou, em particular, a importância da oração na organização de um evento como as JMJ:

“Preparastes cada detalhe com alegria, criatividade e empenho, e com muita oração. Porque, se for rezada, sente-se a realidade em profundidade. A oração dá espessura e vitalidade a tudo o que fazemos. Rezando, descobrimos que fazemos parte duma família maior de quanto possamos ver e imaginar” – afirmou o Papa.

No culminar desta grande experiência de fé, o Santo Padre declarou ser este o momento de enviar os voluntários na missão de testemunhar a todos o que viveram:

“Ide e contai, ide e testemunhai, ide e transmiti o que vistes e ouvistes. Tudo isto, queridos amigos, dai-o a conhecer, não com muitas palavras, mas – como fizestes aqui – com gestos simples do dia a dia, aqueles que transformam e fazem novas todas as coisas”.

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Lisboa em 2023. Não obstante a pandemia e o atual confinamento geral que vigora em Portugal, os jovens portugueses estão a preparar em espírito de serviço a JMJ 2023. Orientados pelo lema proposto pelo Papa Francisco: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”.

Laudetur Iesus Christus

Vatican News

0 razões pelas quais o Terço é tão poderoso

Imagem referencial/ Crédito: Pixabay

REDAÇÃO CENTRAL, 19 jan. 21 / 05:00 am (ACI).- Pe. Dwight Longenecker, pároco de Our Lady of the Rosary, em Carolina do Sul (Estados Unidos), compartilhou um novo artigo para ‘National Catholic Register’ com 10 razões pelas quais a oração do Terço é uma das mais "poderosas".

“Os santos dizem. Os papas dizem. O Terço é uma arma poderosa contra o mal. Mas, já parou para descobrir por quê?”, escreveu o presbítero na introdução de seu recente artigo. 

A seguir, as 10 razões que explicam o poder do Terço:

1. Porque o Terço envolve a vontade

Sobre o primeiro ponto, Pe. Longenecker explicou: “A vontade humana é poderosa porque é compartilhar o poder de Deus. Dá-nos a vontade de escolher fazer o bem ou fazer o mal, e essa vontade, em si mesma, é uma arma poderosa no âmbito espiritual. É por isso que Satanás visa nos escravizar e incapacitar nossa vontade através de vícios. Quando nossa vontade se une à vontade de Deus através da oração, literalmente aproveitamos a fonte de poder de Deus”.

2. Porque o Terço é físico

O sacerdote revelou que, quando “usamos os aspectos físicos da oração”, como adotar uma postura intencional ou sacramentais como “velas abençoadas, água benta, incensos e quadros ou imagens sagradas”, então, “estamos usando as ferramentas que possuímos e que Satanás não possui”, o que significa uma vantagem.

Pe. Longenecker lembrou que “os anjos, e isso inclui os demônios, são criaturas puramente espirituais. Eles não têm a forma física e, portanto, são inferiores a nós”.

3. Porque o Terço envolve nossas funções linguísticas

O também escritor de livros espirituais recorda que "Satanás não tem os meios da fala física"; em troca, o homem recebeu de Deus "línguas para louvá-lo" e "cordas vocais e ânimo para falar e cantar".

“Por isso, devemos rezar o Terço em voz alta, movendo nossos lábios. Isso compromete nosso corpo físico e nosso intelecto, através dos quais podemos produzir fala”, acrescentou.

4. Porque o Terço implica nossa imaginação

Pe. Longenecker detalha que, quando meditamos os mistérios do Terço, envolvemos a parte não verbal de nossa mente, que se comunica através de imagens "de uma maneira positiva e purificadora".

“Satanás gosta de cativar nossa imaginação através de imagens pecaminosas. Essas imagens podem ser comunicadas através da Internet, televisão ou qualquer estímulo visual, mas também quer que nossa imaginação permaneça em imagens que são destrutivas. Portanto, nossa imaginação pode ser usada para fantasias luxuriosas, imaginações violentas contra nossos inimigos ou desfrutar de lembranças negativas”, recordou.

Portanto, disse que meditar os mistérios do Terço "limpa nossa imaginação e compromete e usa a imaginação para promover a vontade de Deus em vez do mal".

5. Porque recitar o Terço através da linguagem leva à meditação

O sacerdote explica que "nossas mentes geralmente funcionam de maneira linguística: usando a fala e os conceitos da fala para pensar em problemas, pensar no futuro, planejar o que vem depois etc.".

Então, quando se reza o Terço, a imaginação pode ser "limpa" com "a meditação".

"Ao rezar o Terço, esse canal de nossa mente está ocupado e as portas podem se abrir para a imaginação e o que eu chamo de partes ‘sub-linguísticas’ do nosso ser", afirmou.

6. Porque com o Terço é possível acessar experiências passadas para curá-las

Pe. Longenecker comenta que "as emoções verdadeiras são irracionais e inexplicáveis" e, portanto, é "na área emocional da alma onde temos nossas experiências fundamentais".

“No útero materno e nos estágios pré-linguísticos da vida, experimentamos a vida de maneira irracional e emocional. Enquanto rezamos o Terço e o canal linguístico está ocupado e o canal imaginativo está ocupado, o Espírito Santo pode acessar as experiências sub-linguísticas, profundas e cruas de nossos primeiros dias. Se houver feridas e más lembranças emocionais, a Mãe Maria poderá curá-las”, explicou o presbítero.

7. Porque, com o Terço, aplicam-se os mistérios curativos

“Escrevi mais sobre como isso funciona no meu livro 'Rezando o Terço para a cura interna', mas basta dizer que, ao rezar o Terço, os mistérios sobre o nascimento, o ministério, a paixão e a glória de Cristo se abrem e o Espírito Santo os aplica às nossas próprias necessidades internas. Onde há impurezas, são eliminadas. Onde há más lembranças, são curadas. Onde há feridas, o doutor Jesus e a enfermeira Maria atendem às nossas necessidades”, disse o presbítero.

8. Porque o Terço é a arma ideal para a batalha espiritual

Pe. Longenecker foi muito claro neste ponto: “Satanás odeia o Terço. Odeia Maria. Odeia o Evangelho. Odeia Deus. Odeia Cristo, o Senhor. Odeia a oração do Senhor. Odeia a Ave-Maria. Ele odeia você toda vez que reza o Terço por tudo que descrevi anteriormente, porque está entrando no território que ele quer reivindicar como dele. Ele quer controlar a sua vontade e você lhe tira isso. Ele quer controlar as suas palavras, mas você lhe tira isso. Ele quer ter controle sobre sua imaginação, mas você lhe tira isso. Ele quer ter controle sobre suas emoções e seus primeiros anos de vida; você lhe tira isso".

9. Porque as mesmas vitórias sobre o mal descritas nos Evangelhos se aplicam à vida real

O presbítero disse que, "em muitos sentidos, os mistérios do Evangelho dão vida à vitória de Cristo sobre Satanás e, rezando o Terço, podemos aplicar essas vitórias contra a obra de Satanás no mundo".

10. Porque o Terço é acessível e fácil para todos

Finalmente, para Pe. Longenecker, é “incrivelmente surpreendente” que Deus, através do Terço, gere “uma cura muito profunda na vida individual e no mundo da maneira mais acessível e fácil”.

“Não é necessário realizar longas sessões de psicanálise ou aconselhamento. Em vez disso, homens, mulheres, meninos e meninas comuns podem simplesmente rezar o Terço. Todas essas coisas boas acontecem mesmo quando não somos conscientes de que estão ocorrendo estes aspectos profundos de rezar”, ressaltou.

Publicada originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

São Mário

São Mário | ArqSP

A memória de São Mário está ligada ao martírio do século terceiro. Junto com ele está a memória de outros mártires: Marta, sua esposa, Audifax e Ábaco, supostamente seus filhos e o padre Valentim. Os cinco testemunhos foram narrados cerca de um século depois dos fatos, o que dificulta separar fatos de tradições orais. 

A tradição conta que Mário e sua família veio da Pérsia para Roma, venerar os túmulos de Pedro e Paulo. Nos arredores da cidade acabaram ajudando o padre Valentim a enterrar os corpos de duzentos e sessenta mártires, que jaziam decapitados e abandonados ao lado de uma estrada. Eles foram flagrados no cemitério e presos. 

Todos morreram, pois não renegaram a fé e se recusaram a prestar culto ao imperador. Os homens foram decapitados na Via Cornélia e Marta, mesmo informando que ainda não havia recebido o batismo, também morreu, afogada num poço fora dos muros de Roma. 

Reflexão:

Ainda que fruto de tradição antiquíssima, a história de Mário é exemplo de uma vida familiar integra e unida. Assumir a fé em Cristo e testemunhar em família esta fé, garantiu-lhe a glória dos altares. Que nossas famílias sejam celeiros de fé e que ensinemos aos filhos e netos o amor ao Pai do Céu.

Oração:

Senhor Jesus, ressuscitado dentre os mortos pelo poder do Espírito Santo, e que vives pelos séculos junto ao Pai: aumenta nossa fé, robustece nossa esperança e dá-nos beber da fonte de teu amor, para que não declinem nossas forças enquanto peregrinamos até a Jerusalém celeste. Amém.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 2/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

I.3 Particularidades da Igreja de Jerusalém

Através das próprias catequeses de São Cirilo podemos ter uma idéia da Igreja de Jerusalém. O costume da catequese era cuidadosamente observado em Jerusalém. Se em outras Igrejas a exposição do Credo se resumia a duas, três ou mais apresentações, em Jerusalém se lhe dedicava todo o tempo da Quaresma. Compreende-se o motivo pelo qual o conjunto das catequeses nos oferece todo um sistema doutrinário. Na Catequese Preliminar ele nos faz ver a importância conferida a esta ação catequética: «Aprende o que ouves e guarda-o para sempre. Não creias serem estas homilias habituais. Também elas são boas e dignas de fé» 3.

Cirilo pronuncia as catequeses na Igreja da Ressurreição e na Capela do Santo Sepulcro. Para que alguém fosse admitido ao catecumenato exigia-se, segundo menciona Eusébio, a imposição das mãos e a oração. O primeiro Concílio de Constantinopla (381) nos fala dos exorcismos e da insuflação, feitos em três dias consecutivos. No primeiro dia, diz o Concílio, fazemo-los cristãos; no segundo catecúmenos; no terceiro os exorcizamos, soprando por três vezes o rosto e os ouvidos e assim os catequizamos4. São Cirilo se refere expressamente aos exorcismos5, os quais são recebidos com a face coberta com um véu: «O teu rosto foi coberto com um véu, a fim de que todo o teu pensamento não estivesse disperso, e o olhar, divagando, não fizesse vagar também o coração» 6.

Após o primeiro grau de Catecumenato passa-se ao dos Competentes com todo um período de preparação e que antecedia em algumas semanas à Páscoa. O bispo lhes dirigia uma exortação, seguida da inscrição nos registros da Igreja. Esta se fazia, em Jerusalém, no princípio da Quaresma e num mesmo dia. Recebiam então o nome de fiéis. «Vê que, sendo chamado fiel, tua intenção não seja de um infiel» 8.

Findo o que se seguia à preparação imediata para o batismo que compreendia duas partes principais:

a) Preparação ascética: que Cirilo descreve na Catequese Preliminar, na primeira e na segunda Catequese. Três obras a caracterizam: o jejum, a penitência e a confissão dos pecados.

Jejum: o jejum se estendia, na comunidade jerosolimitana, pelo espaço de 40 dias, inclusive os sábados e domingos, e abarcava também a abstinência de vinho e carnes. Além deste jejum quaresmal existia o jejum pascal, muito mais rigoroso.

Penitência: acentua-se não só a penitência externa, mas também a interna como meio imprescindível para uma digna recepção do batismo. Diz Cirilo: «Prepara teu coração para receberes as doutrinas, para participares dos sagrados mistérios». É o convite à renúncia a todo mau hábito e à purificação dos pecados. «Deixa desde já toda obra má; que tua língua não fale palavras inconvenientes; que teu olhar já não peque mais e que teu espírito não se ocupe com coisas vãs.” Este espírito de penitência é fruto da graça de Deus implorada na oração. Por isso Cirilo insiste que seus ouvintes sejam assíduos à oração: “Reza com insistência a fim de que Deus te faça digno dos celestes e imortais mistérios. Não cesses nem de dia nem de noite”. Quarenta dias, no entanto, é pouco tempo de preparação para os que viveram entregues às vaidades. Daí a necessidade de receber com toda devoção os exorcismos, assistir às catequeses com pureza de intenção.

Confissão: São Cirilo desenvolve de modo todo especial o inciso sobre a confissão dos pecados. No início da primeira Catequese ele exclama: «Vós que estais cobertos com o manto das transgressões e estais ligados com as cadeias dos vossos pecados, escutai a voz profética que diz: Lavai-vos, purificai-vos». Em outra Catequese ele repete: «Quão excelente é confessar-se».

A segunda Catequese é praticamente uma grande exortação à confissão apresentada não como mero relato de pecados, mas expressando uma situação existencial e conseqüente vontade de mudar de vida. Os termos que ocorrem para designar a confissão são significativos: (confissão) e (penitência).

b) Preparação catequética: Nota-se aqui a diferença da Igreja de Jerusalém das demais Igrejas. Como já dissemos acima, em Jerusalém se emprega toda a Quaresma para explicar o Credo, enquanto nas demais igrejas a exposição do Credo se restringe a duas ou mais apresentações. Cirilo profere vinte e três catequeses, o que por si só exprime a importância que é dada à catequese na preparação batismal. As dezoito primeiras se dirigem aos que se preparam para o batismo e comentam basicamente o Credo artigo por artigo. As últimas cinco são pronunciadas para os recém-batizados, durante a semana da Páscoa, na capela do Santo Sepulcro. As cinco tratam da doutrina, dos ritos e cerimônias dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia. 

I.4 Apresentação geral de sua obra

Como já assinalamos Cirilo pronuncia vinte e três catequeses que podem ser divididas em dois blocos distintos: As dezoito primeiras pronunciadas em preparação para o batismo e as cinco últimas aos já batizados. Quase todas foram proferidas na Igreja do Santo Sepulcro e, como observa J. Quasten, «uma nota conservada em diversos manuscritos recorda que elas foram copiadas em estenografia, ou, ainda; que elas representam a transcrição de um de seus ouvintes, e não uma cópia «manu propria» do bispo». Precede às dezoito primeiras uma alocução preliminar ou introdução geral, na qual Cirilo prepara os ouvintes para receber, com maior proveito, as instruções pré-batismais. Após uma ardorosa recepção: «Já vos impregna, ó iluminandos, o odor da bem-aventurança»20, o bispo acentua a necessidade da penitência e purificação dos pecados, da prece e da disciplina pessoal e de uma intenção livre de todo interesse mundano para se aproximar do sacramento de iniciação. O mesmo é repetido nas duas primeiras catequeses, que versam sobre o pecado e a penitência. Na terceira, ele trata do batismo e de seus efeitos. A quarta é um breve compêndio da doutrina sobre a fé. Aí ele expõe as verdades necessárias ao homem para que ele se salve. Em primeiro lugar, alude ao Credo onde se professa o Deus Criador, seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo. Em seguida, apresenta a doutrina cristã sobre o homem, sua natureza, sua vida moral e seu fim último. Finalmente, discorre sobre o conhecimento de Deus e de nós mesmos, fundado na Sagrada Escritura.

Da quinta à décima oitava Catequese Cirilo dá uma explicação detalhada dos artigos do Credo, que se aproxima muito da fórmula do Concílio de Constantinopla (381). Por exemplo, na quinta ele expõe a palavra Credo. Segue-se o primeiro artigo: “Creio em um só Deus” e assim por diante.

As Catequeses Mistagógicas (19-23) versam sobre os sacramentos recebidos pelos neófitos na vigília pascal. Doutrina que permanecera até então oculta. Daí o nome de catequeses mistagógicas. Nas duas primeiras, o bispo busca explicar as cerimônias que precederam ao batismo. Na terceira fala da Confirmação; na quarta da Eucaristia e na quinta trata da Divina liturgia.

ECCLESIA

A testemunha é aquele que oferece seu corpo

Revista Galileu - Globo

mar/abr - 2012


O cardeal Georges Cottier: a imagem da lua ajuda a perceber a natureza da Igreja e o horizonte da sua missão


pelo cardeal Georges Cottier


Lendo o L’Osservatore Romano, fiquei impressionado com um artigo escrito pelo cardeal Kurt Koch e publicado em 27 de janeiro passado com um título um tanto singular. O artigo se intitulava “Eclesiologia lunar”. E resenhava o livro Chiesa cattolica. Essenza, realtà, missione, do cardeal Walter Kasper, recentemente publicado na Itália pela editora Queriniana. Nas passagens do livro que a resenha ajudou a valorizar, encontrei deixas que me parecem preciosas, sobretudo tendo em vista o Ano da Fé e o próximo sínodo dos bispos sobre a nova evangelização.


O título da resenha do cardeal Koch remete a uma analogia tradicional aplicada à Igreja já pelos Padres dos primeiros séculos e retomada também na Idade Média: aquela segundo a qual a natureza da Igreja pode ser entendida usando a figura da lua. A lua traz luz à noite, mas a luz não vem dela, vem do sol. Assim é a Igreja: ela traz luz ao mundo, mas essa luz não é sua. É a luz de Cristo. “A Igreja”, comenta o cardeal Koch em sua resenha, “não deve querer ser sol, mas alegrar-se por ser lua, por receber toda a sua luz do sol e fazê-la resplandecer dentro da noite”. Ao receber a luz de Cristo, a Igreja vive toda a sua plenitude de letícia, “já que ela”, como confessou Paulo VI no Credo do povo de Deus, “não possui outra vida a não ser a da graça”.

 

Na vigília do Ano da Fé, a imagem da lua ajuda a perceber também quais são a natureza da Igreja e o horizonte próprio de sua missão.


A comparação com a lua não deve ser tomada como uma marginalização da missão da Igreja. A Igreja é a seu modo responsável pela luz de Cristo que é chamada a refletir. Essa luz não deve ser obscurecida. A Igreja deve refletir, e não ofuscar ou apagar em si esse reflexo. Como faz a lua durante a noite, ela deve difundir a luz de Cristo na noite do mundo, que, abandonado a si mesmo, permaneceria no pecado e na sombra da morte. Era o que notava Paulo VI em seu discurso de abertura da segunda sessão do Concílio Vaticano II: “Só depois desta obra de santificação interior, poderá a Igreja mostrar o seu rosto ao mundo inteiro, dizendo: quem me vê a mim, vê a Cristo, assim como Cristo disse de si mesmo: ‘Quem me vê a mim, vê também o Pai’” (Jo 14,9).

 

A imagem da lua ajuda também a entender a dinâmica própria da missão a que a Igreja é chamada. Como o mesmo Paulo VI reconhecia na exortação apostólica Evangelii nuntiandi (1975), “o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres”, e, se escuta os mestres, “é porque eles são testemunhas”. Nietzsche falou de “desconfiança metódica”. Nesse sentido, sobretudo em nossos tempos, a forma mais adequada e mais desarmante com que a luz da palavra de Deus se oferece ao mundo é a do testemunho. Também nisso a imagem da lua sugere pontos de reflexão e conforto.


A testemunha é por definição um teste, alguém que testifica algo de um outro, sem acrescentar coisas suas. Também o testemunho de fé cristã não coincide com lançar-se em atividades, com um acréscimo de outros compromissos às coisas da vida. Muito menos significa fazer propaganda ou proselitismo de certas ideias.


A testemunha é aquele que oferece seu corpo, põe à disposição a concretude de sua condição humana para que nela aja e resplandeça a graça do Senhor. Fazendo, assim, exatamente o que faz a lua, sobre cujo corpo opaco se reflete a luz irradiada pelo sol. “Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto”, escreve São Paulo na Carta aos Romanos (Rm 12,1). E, como sugeriu Bento XVI em sua recente Lectio divina dada no Seminário Romano Maior, a oferta do nosso corpo, da nossa vida cotidiana é a condição pela qual “o nosso corpo unido ao corpo de Cristo torna-se glória de Deus, torna-se liturgia”, e o próprio corpo se torna “a realização da nossa adoração”. A ação da graça sobre a vida das testemunhas se manifesta na santidade, que justamente por isso não é uma conquista reservada a poucos, mas uma possibilidade real que se apresenta à vida concreta de todos os batizados, como sugeriu também o beato João Paulo II na carta apostólica Novo millennio ineunte. A santidade é o que melhor expressa o íntimo mistério da Igreja.


A realidade que permite o encontro dos homens com Cristo é a própria vida de seus discípulos, que não são ativistas de uma mensagem extrínseca em relação às suas vidas. Como ensina o Concílio Vaticano II, a graça opera sobre eles de modo que a riqueza de seu dom não pode ser retida e quase sequestrada de maneira egoísta, como uma posse da qual excluir os outros. Ao contrário, esta se comunica gratuitamente por força própria, resplandecendo no fulgor da fé, da esperança e da caridade que dá testemunho de Cristo na própria vida dos cristãos: “fide, spe, caritate fulgentes”, como está escrito no parágrafo 31 da Lumen gentium. Disse uma vez padre Luigi Giussani: “Nós damos o verdadeiro anúncio por meio daquilo que Cristo perturbou na nossa vida, acontece por meio da perturbação que Cristo realiza em nós: tornamos Cristo presente por meio da mudança que Cristo realiza em nós. É o conceito de testemunho”.


O que vale para cada indivíduo batizado vale também para a Igreja. A Igreja não tem de inventar nada. Como faz a lua com o sol, ela apenas põe seu corpo à disposição para que a graça possa refletir-se nele. Quando a Igreja pretende atestar a si mesma, não parece nem atraente nem alegrada e consolada pelo Senhor. E mesmo as questões eclesiais acabam fatalmente por ser marcadas por aquela “vanglória que vai contra a verdade e não me pode fazer feliz e bom” a que acenou Bento XVI em seu último encontro com os párocos de Roma.


Para a Igreja, como para cada cristão, essa oferta de seu corpo e de sua condição para que neles aja e resplandeça a graça do Senhor se exprime como pedido, ou seja, como oração. Porque é simples pôr à disposição, essa oferta tem como forma própria o pedido, ou seja, a oração. É nesse sentido que devem ser registradas as palavras do cardeal Kasper no final do seu livro, quando escreve que “a Igreja do futuro será sobretudo uma Igreja de orantes”. Na invocação da oração que pede, mas também na oração de louvor, atestamos a nossa dependência de Deus. Nela o que se acentua não é a sujeição, mas o fato de sermos agraciados. Sendo criaturas livres, a nossa liberdade se realiza na satisfação de acolher o dom, de modo que produzam fruto em nós recursos dele que para nós seriam impensáveis.

 

O testemunho dos cristãos e a missão da Igreja se realizam num contexto que é muitas vezes marcado por contrariedades e oposições. São os sofrimentos apostólicos, de que já falava São Paulo. Em muitos países ocidentais vemos o surgimento de movimentos anticristãos agressivos. Cresce a negação da fé. Cresce também a Igreja, mas os cristãos sofrem perseguições em muitas partes do mundo. Tudo isso não nos deve surpreender. Os evangelhos, as cartas de São Paulo e também o Apocalipse já nos dizem que a perseguição faz parte da condição da Igreja neste mundo. E com o último Concílio a Igreja reencontrou de maneira mais intensa o que sempre soube e viveu em seus santos, como Francisco de Assis: que diante de dificuldades e perseguições há uma maneira evangélica, gostaria quase de dizer um “estilo” evangélico, de reagir, que é o descrito nas Bem-Aventuranças. Há, porém, uma certa maneira de responder às adversidades que continua a ter como perspectiva última aquilo que se expressou, no passado, nas Cruzadas. Às vezes ouvimos discursos que tomam como ponto de partida as perseguições ou a chamada “cristianofobia” para estabelecer estratégias de batalha. No entanto, os próprios acontecimentos da história já esclareceram a todos que a perspectiva da Cruzada representa uma mundanização e uma instrumentalização do cristianismo, e seu esgotamento representou uma libertação e uma vantagem para a Igreja. Além disso, faz-nos sempre perder o foco pensar que existem épocas mais amadas por Deus do que outras. É uma tentação milenarista que não corresponde ao autêntico sensus fidei. Deus ama também o nosso tempo, com todos os seus problemas. Em vez de nos dobrarmos em nostalgias utópicas e enganadoras, é preciso olhar para o que o Concílio Vaticano II definiu como sinais dos tempos. Por exemplo, os intensos fenômenos migratórios atuais representam uma circunstância concreta para experimentar de verdade – e talvez pela primeira vez de maneira tão intensa – a universalidade do Evangelho. Hoje um europeu, para encontrar e conhecer um chinês, já não precisa percorrer milhares de quilômetros. Ele encontra os chineses, os indianos, os árabes cotidianamente nas metrópoles e nas pequenas cidades de sua nação. A situação é em certo sentido semelhante à vivida e abraçada por Santo Agostinho, quando a chegada de novos povos marcou o fim de uma certa fase histórica, mas abriu novas possibilidades de difusão para a força desarmada do anúncio cristão.

 

Nesse sentido, são um conforto para todos as palavras proferidas por Bento XVI nos últimos tempos. Quando o Papa repete que “a Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós”, e quando acrescenta que “a Igreja não se autorregula, não confere a si mesma o seu próprio ordenamento, mas recebe-o da Palavra de Deus, que escuta na fé e procura compreender e viver”, essas expressões, usadas na homilia para a festa da cátedra de São Pedro, atingem com realismo amoroso e apaixonado o próprio mistério da Igreja. E podem ajudar a todos a intuir os perigos e as possibilidades que marcam o caminho da Igreja no tempo nas atuais circunstâncias.


Revista 30Dias


Santo Inácio de Loyola: os 3 tipos de humildade

Pixabay - CC0

A humildade, segundo o criador dos Exercícios Espirituais, é um processo crescente.

O primeiro tipo de humildade é necessário à salvação eterna

E consiste em me rebaixar e me humilhar tanto quanto me for possível, para obedecer em tudo à Lei de Deus, Nosso Senhor, de tal modo que, mesmo que me tornassem senhor de todas as coisas criadas neste mundo ou mesmo que estivesse em risco a minha própria vida temporal, nunca pensaria em transgredir um mandamento, fosse ele divino ou humano.

O segundo tipo de humildade é uma humildade mais perfeita que a primeira

E consiste nisto: encontro-me num ponto em que não desejo nem sou propenso a possuir a riqueza mais do que a pobreza, a querer a honra mais do que a desonra, a desejar uma vida longa mais do que uma vida curta, quando as alternativas não afetam o serviço de Deus, Nosso Senhor, nem a salvação da minha alma.

O terceiro tipo de humildade é a humildade mais perfeita

É quando, incluindo a primeira e a segunda, sendo iguais o louvor e a glória da Sua divina majestade, para imitar a Cristo, Nosso Senhor, e me assemelhar a Ele mais eficazmente, desejo e escolho a pobreza com Cristo pobre em vez da riqueza, o opróbrio com Cristo coberto de opróbrios em lugar de honrarias; e desejo mais ser tido por insensato e louco por Cristo, que, antes de todos, foi tido como tal, do que “sábio e prudente” neste mundo (Mt 11, 25).

Aleteia

Papa reitera: a unidade é sempre superior ao conflito

Celebração das Vésperas na Basílica São Paulo-fora-dos-muros,
em 25 de janeiro de 2018  (Vatican Media)

"Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto" é o tema da semana de Oração pela Unidade dos Cristão desse ano.

Jackson Erpen - Vatican News

Nos apelos que costuma fazer após rezar o Angelus, o Papa Francisco recordou o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que no hemisfério norte é celebrada de 18 a 25 de janeiro, enfatizando que “a unidade é sempre superior ao conflito:

Amanhã é um dia importante: tem início a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, o tema refere-se à advertência de Jesus: "Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto" (cf. Jo 15,5-9). Na segunda-feira, 25 de janeiro, concluiremos com a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo fora-dos muros, juntamente com os representantes das outras comunidades cristãs presentes em Roma. Nestes dias rezemos juntos para que se cumpra o desejo de Jesus: "Que todos sejam um" (Jo 17, 21). A unidade, que é sempre superior ao conflito.

A celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo fora-dos-muros terá transmissão em português pelo Vatican News.

A Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), traduziu para o português subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e para todo o ano 2021, preparados e publicados conjuntamente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

A primeira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, nos moldes da atual, nasceu por iniciativa do inglês Spencer Jones, anglicano, e do estadunidense Paul James Francis Wattson, episcopal (anglicano americano). No ano de 1907, o rev. Jones sugeriu a instituição, em 29 de junho de cada ano, de um dia de oração pelo retorno dos anglicanos, e de todos os outros cristãos, à unidade com a Sé Romana. No ano seguinte Wattson ampliou a ideia, propondo-a em forma de uma oitava para pedir a Deus "a volta de todas as outras ovelhas ao aprisco de Pedro, o único pastor". É precisamente a este ano (1908) que o nascimento oficial da semana em curso é convencionalmente atribuído. Wattson decidiu iniciar a oitava no dia da festa da Confissão de Pedro (uma variante protestante da festa da Cátedra de São Pedro que se festejava em 18 de janeiro) e de concluí-la com a festa da Conversão de São Paulo. Desde então, essas duas datas (18 e 25 de janeiro) marcam o início e o fim da Oitava no Hemisfério Norte. No hemisfério Sul, por sua vez, as Igrejas geralmente celebram a Semana de Oração no período de Pentecostes.

Vatican News

Estes são os 3 chamados que Deus faz ao longo da vida, segundo o Papa Francisco

Papa Francisco durante a oração do Ângelus. Foto: Vatican Media

Vaticano, 17 jan. 21 / 12:30 pm (ACI).- O Papa Francisco presidiu a oração do Ângelus neste domingo, 17 de janeiro, e explicou quais são os 3 chamados que Jesus faz a cada um ao longo da vida: o chamado à vida, o chamado à fé e o chamado a um estado de vida particular.

Do Palácio Apostólico do Vaticano, o Pontífice explicou que cada um desses chamados "é uma iniciativa do seu amor".

O primeiro chamado de Deus é para a vida. “Com a qual nos constitui como pessoas; é um chamado individual, porque Deus não faz as coisas em série”.

Depois, “Deus nos chama à fé e para fazer parte da sua família, como filhos de Deus”.

E, finalmente, “Deus nos chama a um estado particular de vida: a doar-nos no caminho do matrimônio, no do sacerdócio ou na vida consagrada”.

O Papa explicou que estes chamados “são formas diferentes de realizar o projeto de Deus, aquele que Ele tem para cada um de nós, que é sempre um plano de amor. Mas Deus chama sempre. E a maior alegria para cada crente (para cada fiel) é responder a este chamado, oferecer-se inteiramente ao serviço de Deus e dos irmãos”.

“Mas diante deste chamado do Senhor que nos chega de mil maneiras, mesmo por meio de pessoas, acontecimentos felizes e tristes, às vezes a nossa atitude pode ser de rejeição, porque nos parece em contraste com as nossas aspirações; e também o medo, porque o consideramos muito exigente e incômodo. Mas o chamado de Deus é amor, e se responde a ele somente com o amor".

O Santo Padre explicou este ensinamento a partir do Evangelho deste segundo domingo do tempo comum, onde se apresenta “o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos”.

“A cena se passa no rio Jordão, um dia após o batismo de Jesus. E foi o próprio João Batista quem apontou o Messias para dois deles com estas palavras: 'Eis o Cordeiro de Deus!'”.

Aqueles dois discípulos, “confiando no testemunho do Batista, seguem Jesus que o percebe e pergunta: ‘O que estais procurando?’, E perguntam-lhe: 'Mestre, onde moras?' Jesus não responde: "Eu moro em Cafarnaum ou Nazaré", mas diz: "Vinde ver". Não é um cartão de visita, mas um convite para uma reunião”.

“Os dois o seguem e naquela tarde permanecem com Ele. Não é difícil imaginá-los ali sentados, fazendo perguntas a ele e, sobretudo, ouvindo-o, sentindo que seus corações se aquecem sempre mais, enquanto o Mestre fala”.

“Eles sentem a beleza das palavras que correspondem à sua maior esperança. E de repente descobrem que, à medida que escurece à sua volta, explode neles, em seus corações, uma luz que somente Deus pode dar”.

Terminado o encontro com o Mestre, “eles saem e voltam com seus irmãos, essa alegria, essa luz transborda de seus corações como um rio caudaloso. Um dos dois, André, diz a seu irmão Simão - a quem Jesus chamará Pedro quando o encontrar-: ‘Encontramos o Messias’".

Esse encontro com Jesus, explicou o Papa Francisco, é um encontro “que nos fala do Pai, nos faz conhecer o seu amor. E assim também em nós surge espontaneamente o desejo de comunicá-lo às pessoas que amamos: ‘Encontrei o Amor’, ‘encontrei o Messias’, ‘encontrei Jesus’, ‘encontrei o sentido da minha vida’. Em uma palavra: ‘Encontrei Deus’.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF