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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 5/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

III. Segunda Catequese Mistagógica

Sobre o Batismo e leitura da epistola aos romanos: «Ou ignorais que todos nós que fomos batizados para Cristo Jesus fomos batizados para [participar da] sua morte?»1 até: «Pois que não estais sob a lei, mas sim sob a graça».

1. Úteis vos são as cotidianas mistagogias e os novos ensinamentos que vos anunciam novas realidades, e isto tanto mais a vós que fostes renovados da vetustez para a novidade. Por isso é necessário que vos proponha o que se segue à instrução mistagógica de ontem, a fim de que compreendais a significação simbólica do que foi realizado por vós no interior do edifício.

III.1 Despojamento dos vestidos

2. Logo que entrastes, despistes a túnica. E isto era imagem do despojamento do velho homem com suas obras.3 Despidos, estáveis nus, imitando também nisso a Cristo nu sobre a cruz. Por sua nudez despojou os principados e as potestades e no lenho triunfou corajosamente sobre eles. As forças inimigas habitavam em vossos membros. Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-la, mas possa dizer com a esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos: «Tirei minha túnica, como irei revesti-la?». Ó maravilha, estáveis nus à vista de todos e não vos envergonhastes. Em verdade éreis imagem do primeiro homem Adão, que no paraíso andava nu e não se envergonhava.

III.2 Unção

3. Depois de despidos, fostes ungidos com óleo exorcizado desde o alto da cabeça até os pés. Assim, vos tornastes participantes da oliveira cultivada, Jesus Cristo. Cortados da oliveira bravia, fostes enxertados na oliveira cultivada e vos tornastes participantes da abundância da verdadeira oliveira. O óleo exorcizado era símbolo, pois, da participação da riqueza de Cristo. Afugenta toda presença das forças adversas. Como a insuflação dos santos e a invocação do nome de Deus, qual chama impetuosa, queima e expele os demônios, assim este óleo exorcizado recebe, pela invocação de Deus e pela prece, uma tal força que, queimando, não só apaga os vestígios dos pecados, mas ainda põe em fuga as forças invisíveis do maligno.

III.3 Imersão batismal

4. Depois disto fostes conduzidos pela mão à santa piscina do divino batismo, como Cristo da cruz ao sepulcro que está à vossa frente. E cada qual foi perguntado se cria no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar, e fostes imersos três vezes na água e em seguida emergistes, significando também com isto, simbolicamente, o sepultamento de três dias de Cristo. E assim como nosso Salvador passou três dias e três noites no coração da terra , do mesmo modo vós, com a primeira imersão, imitastes o primeiro dia de Cristo na terra, e com a imersão, a noite. Como aquele que está na noite nada enxerga e ao contrário o que está no dia tudo enxerga na luz, assim vós na imersão, como na noite, nada enxergastes; mas na emersão, de novo vos encontrastes no dia. E no mesmo momento morrestes e nascestes. Esta água salutar tanto foi vosso sepulcro como vossa mãe. E o que Salomão disse em outras circunstâncias, sem dúvida, pode ser adaptado a vós: «Há tempo para nascer, e tempo para morrer». Mas para vós foi o inverso: tempo para morrer, e tempo para nascer. Um só tempo produziu ambos os efeitos e o vosso nascimento ocorre com vossa morte.

III.4 Efeitos místicos

5. Oh! fato estranho e paradoxal! Não morremos em verdade, não fomos sepultados em verdade, não fomos crucificados e ressuscitados em verdade. A imitação é uma imagem; a salvação, uma verdade. Cristo foi crucificado, sepultado e verdadeiramente ressuscitou. Todas estas coisas nos foram agraciadas a fim de que, participando, por imitação, de seus sofrimentos, em verdade logremos a salvação. Oh! amor sem medida! Cristo recebeu em suas mãos imaculadas os pregos e padeceu, e a mim, sem sofrimento e sem pena, concede graciosamente por esta participação a salvação.

6. Ninguém, pois, creia que o batismo só obtém a remissão dos pecados, como o batismo de João só conferia o perdão dos pecados. Também nos concede a graça da adoção de filhos. Mas nós sabemos, com precisão, que como é purificação dos pecados e prodigalizador do dom do Espírito Santo, é também figura da Paixão de Cristo. Por isso clama a propósito Paulo, dizendo: «Ou ignorais que todos nós, que fomos batizados para Cristo Jesus, fomos batizados para [participar da] sua morte? Com ele fomos sepultados pelo batismo». Talvez dissesse estas coisas por causa de alguns, dispostos a ver o batismo como prodigaizador da remissão dos pecados e da adoção, mas não como participação, por imitação, dos verdadeiros sofrimentos de Cristo.

7. Para que aprendêssemos que tudo o que Cristo tomou sobre si foi por nós e pela nossa salvação, tudo sofrendo em verdade e não em aparência e para que nos tornássemos participantes dos seus sofrimentos, exclamava veementemente Paulo: «Se fomos plantados com [Ele] pela semelhança de sua morte, também o seremos pela semelhança de sua ressurreição». Boa é a ex-pressão «plantados com Ele». Logo que foi plantada a verdadeira vide, nós também pela participação do batismo da sua morte «fomos plantados». Fixa a mente com toda a atenção nas palavras do Apóstolo. Não disse: Fomos plantados com Ele pela morte, mas, pela semelhança da morte. Deveras, houve em Cristo uma morte real, pois a alma se separou do corpo. Houve verdadeiramente sepultamento, pois seu corpo sagrado foi envolvido em lençol limpo e foi verdadeiro tudo o que nele ocorreu. Para nós há a semelhança da morte e dos sofrimentos. Quando se trata da salvação, porém, não é semelhança e sim realidade.

8. Todas estas coisas foram ensinadas suficientemente: retende tudo em vossa memória, rogo-vos, para que eu, ainda que indigno, possa dizer-vos: «Amo-vos porque sempre vos lembrais de mim e conservais as tradições que vos transmiti». Ademais, poderoso é Deus que de mortos vos fez vivos, para conceder-vos que andeis em novidade de vida. A Ele a glória e o poder, agora e pelos séculos. Amém.

ECCLESIA

PRECISAMOS FALAR DELA

Imagem: Revista Bula
por Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

O ano que terminou não será esquecido, foi o “ano da Covid-19”. Nele nos despedimos de muitas vidas, ceifadas pela pandemia. Dizia um filósofo que qualquer adeus tem sabor de morte (A. Schopenhauer). Nossa existência neste tempo, mais que nunca, está marcada pelas despedidas e pela morte.

Morte é assunto “tabu” em nossa cultura, desfaz qualquer roda de conversa. Precisamos, porém, falar do morrer e do luto, este último, durante a pandemia, não está sendo possível realizar como se deveria, mas que, assim como a própria morte, faz parte da vida. Como indicava o escritor G. Lapouge, “desde a infância da humanidade, os funerais são um dos sinais que separam os animais dos homens”.

Nossa sociedade censura a morte silenciando sobre ela. Para o homem moderno com a tecnologia avançada, inteligência artificial, a morte deve ser a grande ausente. É permitido somente ao homem pré-moderno falar da morte como um evento pessoal. Contudo, os meios de comunicação de massa somente falam da morte como espetáculo, algo que atinge os outros, os estranhos e não a mim.

A morte é censurada por estragar o projeto hedonista de prazer ilimitado e a necessidade de felicidade absoluta. O silêncio sobre a morte se faz porque ela, agora, está dessacralizada, não acontece na presença das outras pessoas. Não tem papel social, é algo pessoal que deve se passar na esfera privada. Enfim, a negação da morte é fruto da euforia da técnica na sociedade atual, técnica que resolve todos os problemas… menos este.

A tentativa, porém, de negar e esconder a morte não obtém sucesso. A pandemia trouxe à tona sua dura realidade. Para qualquer pessoa individualmente, ela continua sendo ameaça, mesmo quando inconfessável. A crise sanitária atual nos coloca diante da morte. Vamos compreendendo nossa finitude, coletiva e pessoal. É dramático, desagradável, mas necessário falar da morte e do morrer, do humano sofrer e do sepultamento dos mortos, com a dignidade que merecem.

Os ritos profanos e religiosos do corpo presente, que duravam em média 24 horas e que se inserem no dever de honrar os mortos e sepultá-los, já não estão podendo ser celebrados. Nos velórios ocorrem momentos decisivos para os familiares processarem o luto. Enterrar os mortos com dignidade é agradecer a vida que tiveram entre nós. É um dever e uma honra.

A falta de celebrar o luto é prejudicial às pessoas. Ver o corpo do falecido é de fundamental importância para o trabalho psicológico do luto. Assim, se incorpora a imagem do morto à memória dele vivo, integrando nos que ficam, a completude daquela vida. A lembrança do defunto quando vivo sem a lembrança dele morto, faz tudo parecer absurdo, irreal. Fica um vazio, como de algo inacabado. A energia afetiva de cada um se revolta contra esta realidade absurda. Para a realização do trabalho interior do luto é fundamental que o inconsciente e o consciente possam contar com a imagem do morto.

Para muitos o velório e as exéquias não servem para nada. É tempo perdido de jogar conversa fora e atrasar o enterro. Atrapalha o ritmo normal das coisas. Se o tempo perdido, excepcionalmente por alguns, na celebração das exéquias já parece absurdo, o que diriam do tempo consagrado a este serviço pelos sacerdotes e ministros das exéquias? Neste tempo de pandemia os padres e ministros da Igreja Católica tem prestado um grande conforto às famílias, muitos se arriscando para orar e “encomendar” os mortos, um derradeiro conforto dado pela fé, diante da perda irreparável.

Se numa sociedade do “descartável”, como a chama o papa Francisco, os idosos e doentes devem ser descartáveis, que se dirá dos mortos? Do modo como caminhamos, Deus nos livre, mas se chegará à cremação para os corpos dos ricos e o aterro sanitário para os pobres. É preciso respeitar os mortos! Os cemitérios às vezes mal cuidados, assaltados, parecem rodoviárias com bares, lanchonetes, circulação intensa e salas inadequadas com acústica imprópria para celebrações.

Na fé cristã sabe-se que a vida não é tirada, mas transformada, pois, não morremos, entramos na vida definitiva. Somente saberemos viver bem se soubermos encarar a morte de frente, como Jesus Cristo o fez. Morrendo na cruz ele destruiu a morte e deu-nos a vida que dura para sempre. Ele mesmo disse: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só. Mas se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24).

CNBB

São Lucas era realmente médico?

Vladimir Borovikovsky | Public Domain
por Philip Kosloski

São Lucas usou muitos termos da medicina em seus Evangelhos, razão pela qual os estudiosos acreditam que ele era, de fato, médico.

Conhecido como o autor de um dos quatro Evangelhos, São Lucas é frequentemente descrito como o santo padroeiro dos médicos.

Tradicionalmente, acredita-se que São Lucas tenha sido um médico de profissão, de acordo com a prática da medicina grega da época.

A Enciclopédia Católica oferece um breve resumo dessa crença.:

“Ele era um médico de profissão, e São Paulo o chamava de ‘caríssimo médico’ (Colossenses 4,14). Essa ocupação implicava uma educação liberal, e seu treinamento médico é evidenciado por sua escolha de linguagem médica. Plummer sugere que ele pode ter estudado medicina na famosa escola de Tarso, rival de Alexandria e Atenas, e possivelmente conhecido São Paulo lá. Com base em seu conhecimento íntimo do Mediterrâneo oriental, conjeturou-se que ele tinha uma longa experiência como médico a bordo de um navio.”

Além disso, um livro do início do século 20 intitulado Luke the Physician (“Lucas, o Médico”) explica melhor esse raciocínio:

“Os termos do diagnóstico em [Atos 28, 8] πυρετούς και δυσεντερία συνεχόμενος, (ataques de febre gástrica) são clinicamente exatos e podem ser comprovados pela literatura médica. Além disso, pode-se concluir com grande probabilidade [Atos 28, 9] que o próprio autor atuou em Malta como médico.”

São Lucas e a terminologia médica

Ademais, existem outros exemplos que mostram um conhecimento incomum da terminologia médica na época. Por essa razão, muitos estudiosos da Bíblia concluem que São Lucas provavelmente era um médico.

De acordo com um artigo sobre as práticas de saúde na Grécia antiga, a assistência médica no antigo mundo greco-romano teria “focado a prática médica na abordagem natural e no tratamento de doenças, destacando a importância de compreender a saúde do paciente, independência de espírito, e a necessidade de harmonia entre o ambiente individual, social e natural, conforme refletido no Juramento de Hipócrates.”

Acima de tudo, isso coloca São Lucas como um grande modelo para todos os profissionais da medicina e um poderoso intercessor no céu.

U.S. Air Force Photo/Tech | Sgt. Jason W. Edwards

Oração a São Lucas para quem vai passar por uma cirurgia

O padroeiro dos médicos é conhecido por sua poderosa intercessão.

Qualquer procedimento cirúrgico causa pavor, né? Isso porque não sabemos o que vai acontecer ou se a operação será bem sucedida. Aconteça o que acontecer, Deus estará conosco. Nestes momentos de medo e insegurança por causa de um problema de saúde, podemos invocar Jesus através da intercessão de São Lucas, que, segundo a tradição, era médico.

A devoção ao santo é comum entre os profissionais da Medicina e por aqueles que são submetidos a tratamentos e cirurgias.

Aqui está uma oração comum ao santo padroeiro dos cirurgiões, pedindo que os médicos sejam capazes de “curar os males do corpo e do espírito”. Reze por você e por quem estiver precisando!

São Lucas, que foste o mais santo dos médicos,também foste encorajado pelo Espírito celestial do amor.Ao detalhar fielmente a humanidade de Jesus, mostraste Sua divindade e Sua genuína compaixão por todos os seres humanos.Inspira nossos médicos com seu profissionalismo e com a divina compaixão por seus pacientes.Capacita-os a curar os males do corpo e do espírito, que afligem tantos em nossos dias.Amém.

Aleteia

Bispos dos EUA a Biden: Vamos colaborar, mas sem renunciar a defender a vida e a família

Joe Biden. Crédito: European Parliament/
Pietro Naj-Oleari (CC BY-NC-ND 2.0)

WASHINGTON DC, 20 jan. 21 / 12:56 pm (ACI).- Em uma mensagem dirigida a Joe Biden, o segundo presidente “católico” dos Estados Unidos, os bispos afirmaram que estão dispostos a colaborar como fazem com todas as administrações, mas sem renunciar a defender os valores fundamentais como a vida e a família, levando em consideração a posição pró-aborto expressa pelo novo mandatário.

É o que afirma a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), em um comunicado por ocasião da posse de Joseph R. Biden como presidente dos Estados Unidos ao meio-dia (horário local) de hoje, 20 de janeiro.

Biden, que concorreu pelo Partido Democrata, tem como sua vice-presidente a abortista Kamala Harris. Além disso, nomeou Samantha Power, defensora do aborto e ex-embaixadora dos EUA na ONU, como administradora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

“Para os bispos da nação, a contínua injustiça do aborto continua sendo a 'prioridade preeminente'. Embora preeminente, não significa "única". Temos uma preocupação profunda com as muitas ameaças à vida e à dignidade humanas em nossa sociedade. Mas, como ensina o Papa Francisco, não podemos ficar calados quando quase um milhão de nascituros são aniquilados anualmente em nosso país com o aborto”, assinala o comunicado assinado pelo presidente da USCCB, Dom José Gomez.

Por isso, escreveu, “em vez de impor novas expansões do aborto e da contracepção, como prometeu, tenho esperança de que o novo presidente e sua administração trabalharão com a Igreja e outras pessoas de boa vontade. Minha esperança é que possamos iniciar um diálogo para abordar os complicados fatores culturais e econômicos que motivam o aborto e desanimam as famílias".

Em seu comunicado, o presidente da USCCB disse que os bispos esperam poder "trabalhar com o presidente Biden, sua administração e com o novo Congresso". “Como acontece com todas as administrações, haverá áreas nas quais estaremos de acordo e nas quais trabalharemos juntos, mas também haverá áreas nas quais teremos desacordos de princípios e uma forte oposição”, assinalou.

Dom Gomez recordou que Biden “será nosso primeiro presidente em 60 anos a professar a fé católica. Em uma época de secularismo crescente e agressivo na cultura norte-americana, quando os crentes religiosos enfrentam muitos desafios, será revigorante interagir com um presidente que evidentemente compreende, profunda e pessoalmente, a importância da fé e das instituições religiosas".

"Observo com muita esperança e motivação a experiência pessoal e piedade do Senhor Biden, seu comovente testemunho de como sua fé lhe trouxe consolo em tempos difíceis e trágicos e seu compromisso de muito tempo com a prioridade que o Evangelho estabelece para os pobres", escreveu.

No entanto, recordou que “o nosso novo presidente se comprometeu a seguir certas políticas que promoveriam males morais e ameaçariam a vida e a dignidade humanas, mais seriamente nas áreas de aborto, contracepção, casamento e gênero. A liberdade da Igreja e a liberdade dos fiéis de viverem de acordo com suas consciências é motivo de profunda preocupação”.

Analistas consideram que entre as primeiras decisões de Biden, uma vez assumida a presidência, seriam a revogação da Protect Life Rule (Regra para a Proteção da Vida) e da ampliação da Política da Cidade do México.

A Protect Life Rule impede que organizações que realizam ou recomendam abortos recebam fundos do “Programa de Planejamento Familiar do Title X”. Com efeito, isso fez com que a Planned Parenthood deixasse de receber aproximadamente 60 milhões de dólares anuais em verba federal.

A Política da Cidade do México proíbe o financiamento federal de organizações não governamentais internacionais que promovem o aborto como método de planejamento familiar.

Dom Gomez assinalou que “o aborto é um ataque direto à vida que também fere a mulher e enfraquece a família. Não é apenas um assunto privado, mas gera situações problemáticas em aspectos fundamentais como a fraternidade, a solidariedade e a inclusão na comunidade humana. Também é uma questão de justiça social”.

“Não podemos ignorar a realidade de que as taxas de aborto são muito mais altas entre os pobres e as minorias e que o procedimento é usado regularmente para eliminar crianças que nasceriam com deficiência”, expressou.

“Minha esperança é que igualmente trabalhemos juntos para finalmente colocar em prática uma política familiar coerente neste país que reconheça a importância crucial dos casamentos e da criação sólidos para o bem-estar das crianças e a estabilidade das comunidades. Se o presidente, com pleno respeito pela liberdade religiosa da Igreja, participasse nesta conversa, seria de grande ajuda para restaurar o equilíbrio civil e curar as necessidades do nosso país”, afirmou.

O presidente da USCCB assinalou que os bispos católicos não são atores partidários ativos, mas pastores "responsáveis ​​pelas almas de milhões de norte-americanos e defensores das necessidades de todos os nossos próximos"; e quando falam sobre os problemas da vida pública norte-americana, tentam conscientizar e contribuir com princípios baseados no Evangelho e nos ensinamentos sociais da Igreja.

“Jesus Cristo revelou o plano de amor de Deus pela criação e a verdade sobre a pessoa humana, que foi criada à sua imagem e semelhança, dotada da dignidade, dos direitos e das responsabilidades dados por Deus e chamada a um destino transcendente”, indicou. Essas realidades, acrescentou, "estão refletidas na Declaração da Independência e na Declaração dos Direitos".

“Trabalhamos com todos os presidentes e todos os congressos. Em alguns temas estamos mais do lado dos democratas, enquanto em outros estamos mais do lado dos republicanos. Nossas prioridades nunca são partidárias. Somos católicos em primeiro lugar, e buscamos apenas seguir fielmente a Jesus Cristo e promover sua visão de fraternidade e comunidade humanas”, escreveu o presidente da USCCB.

Dom Gomez, que pediu a Deus que conceda a Biden "sabedoria e coragem" para liderar o país, disse que o chamado do novo presidente "para a reconciliação nacional e a unidade é bem-vindo em todos os níveis. É algo de que precisamos urgentemente diante do trauma em nosso país causado pela pandemia do coronavírus e pelo isolamento social, que só agravaram as longas e intensas divisões entre nossos concidadãos”.

“Como fiéis, entendemos que a cura é um dom que só podemos receber da mão de Deus. Sabemos também que a reconciliação real requer uma escuta paciente daqueles que não estão de acordo conosco e a vontade para perdoar e superar os desejos de represálias. O amor cristão nos chama a amar nossos inimigos e a abençoar aqueles que se opõem a nós e a tratar os outros com a mesma compaixão que desejamos para nós”, escreveu o Arcebispo de Los Angeles.

“Estamos todos sob o olhar atento de Deus, que é o único que pode julgar as intenções dos nossos corações. Rezo para que Deus conceda ao nosso novo presidente, e a todos nós, a graça de buscar o bem comum com toda sinceridade".

“Confio todas as nossas esperanças e ansiedades neste novo momento ao terno coração da Santíssima Virgem Maria, mãe de Cristo e padroeira desta nação excepcional. Que ela nos guie pelos caminhos da paz e nos ofereça a sabedoria e a graça do verdadeiro patriotismo e do amor à pátria”, concluiu o presidente da USCCB.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

O pesar de Francisco pelas vítimas da explosão em Madri

O prédio onde ocorreu a explosão em Madri, nesta quarta-feira 
(AFP or licensors)

Num telegrama ao arcebispo da capital espanhola, cardeal Osoro Sierra, assinado pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, o Papa reza pelas vítimas e feridos da explosão em Madri e os confia à misericórdia do Senhor. Expressa sua proximidade e afeto “a todos os filhos do amado povo” espanhol.

Alessandro Di Bussolo/Mariangela Jaguraba – Vatican News

Depois de tomar conhecimento, nesta quarta-feira (20/01), “da dolorosa notícia sobre a grave explosão num edifício na Calle Toledo em Madri”, que custou a vida de quatro pessoas, o Papa Francisco enviou um telegrama de pesar, assinado pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao arcebispo da capital espanhola, cardeal Carlos Osoro Sierra.

A explosão aconteceu por volta das 15h desta quarta-feira e destruiu os últimos quatro andares de um prédio na Calle Toledo, no centro de Madri, causando 4 mortos, um deles um sacerdote recentemente ordenado de 36 anos, e 10 feridos. Segundo a Polícia, a explosão foi causada por um vazamento de gás ocorrido durante o controle de alguns trabalhadores, que estão entre as vítimas, na caldeira e no sistema de aquecimento do prédio.

O Pontífice confia as vítimas e os feridos à misericórdia do Senhor

Segundo o telegrama, o Papa “expressa sua proximidade e afeto nestes momentos difíceis” ao cardeal, ao clero e a todos os filhos do amado povo espanhol. Francisco dirige orações ao Senhor e confia de maneira especial “à sua misericórdia o descanso eterno das vítimas, assim como dos feridos e suas famílias”. Por fim, invocando a intercessão materna de Nossa Senhora de Almudena, o Pontífice “concede de coração a bênção apostólica reconfortante, como sinal da esperança cristã no Senhor Ressuscitado”.

No edifício o centro da Caritas e salões paroquiais

O edifício abriga o centro paroquial da igreja da Virgen de la Paloma, que fica atrás. Há escritórios, um centro de acolhimento da Caritas, salas de reunião e três apartamentos para sacerdotes. Nenhum dos sacerdotes em serviço na paróquia foi vítima da explosão. Felizmente, os idosos da casa de repouso Los Nogales e as crianças de uma escola próxima ao prédio, que estavam na aula no momento da explosão, não foram feridos.

Osoro Sierra: estou com os fiéis da Paróquia de La Paloma

O arcebispo de Madri, cardeal Carlos Osoro Sierra, chegou ao local da explosão, e num tuíte escreveu: “Estou com alguns fiéis perto da Paróquia de La Paloma, onde houve uma forte explosão. Rezo pela comunidade cristã neste momento difícil e rezo pelas vítimas.”

Sacerdote morto na explosão

O pe. Rubén Pérez Ayala de 36 anos morreu durante a noite, em Madri, devido aos graves ferimentos causados pela explosão. Internado no hospital logo após a deflagração, o sacerdote faleceu à 1h30 da manhã. Seu irmão Pablo, também sacerdote diocesano, administrou-lhe o Sacramento da Unção dos Enfermos. A morte do pe. Ruben segue-se à de outras três pessoas que morreram ontem à tarde. As condolências foram expressas pelo arcebispo de Madri, cardeal Carlos Osoro Sierra, que num tuíte agradeceu ao pe. Rubén Pérez por “sua vida de dedicação a Cristo e à sua Igreja”.

Ordenado sacerdote apenas sete meses atrás pelo arcebispo de Madri, pe. Rubén Pérez disse numa entrevista, publicada no site diocesano, que “a felicidade não está em viver tudo para si mesmo, mas em doar-se aos outros”. A paróquia da “Virgen de la Paloma” foi sua primeira missão sacerdotal. Em junho, celebrando sua primeira missa, pe. Rubén Pérez convidou os fiéis a “olhar para o Senhor, a confiar Nele”, que é “nossa alegria e nossa paz”.

Vatican News

Violenta explosão destrói edifício paroquial no centro de Madri

Imagens da explosão. Foto: Captura Twitter ‘Emergencias Madrid'
MADRI, 20 jan. 21 / 12:05 pm (ACI).- Uma explosão destruiu quatro andares de um edifício pertencente à Paróquia ‘Virgem de la Paloma’, na rua Toledo, no centro de Madri. O prédio ficou parcialmente destruído.
ACI Digital
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A explosão se deu devido a um vazamento de gás e ocorreu por volta das 15h00 (hora local da Espanha). Afetou o lar de idosos ‘Los Nogales’, administrado pela paróquia, juntamente com o Colégio de La Salle, localizado na propriedade vizinha.

Segundo afirmaram fontes da Arquidiocese citadas por Telemadrid, a explosão ocorreu no momento em que a caldeira do prédio estava sendo reparada.

O edifício paroquial acolhia os salões e quartos dos sacerdotes da paróquia da ‘Virgem de la Paloma’.

Ao menos três pessoas faleceram, entre elas, o técnico, pai de 4 filhos, que estava consertando a caldeira. O edifício segue pegando fogo no momento porque a intervenção dos bombeiros não é possível devido ao risco de novas explosões.

‘Emergencias Madrid’ informou que há vários feridos. Um deles é um sacerdote da paróquia que foi encaminhado ao hospital. Também há um leigo desaparecido.

https://twitter.com/i/status/1351910332193759235

Não há feridos entre os funcionários ou residentes do lar de idosos, confirmou o diretor da instituição a Televisión Española. Também não há vítimas entre os alunos ou professores do Colégio de La Salle, cujo pátio estava fechado devido aos efeitos da tempestade que há dias atinge a capital da Espanha.

https://twitter.com/i/status/1351921991071244290

O Arcebispo de Madri, Cardeal Carlos Osoro, foi à região para consolar os fiéis da paróquia ‘de La Paloma’ e, segundo assinalou em uma mensagem divulgado em seu perfil oficial do Twitter, reza “pela comunidade cristã nesse momento de dificuldade e peço pelas vítimas”.

Diversos vizinhos, entre eles idosos do lar, estão refugiados em cafeterias do bairro. A explosão afetou outros edifícios próximos, quebrando vidros e com desprendimento de destroços. Várias unidades da polícia e do corpo de bombeiros se deslocaram para a região.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

Do Tratado sobre as Virgens, de Santo Ambrósio, bispo

Sta. Inês | Canção Nova

(Lib. 1, cap. 2.5.7-9:PL 16, [edit. 1845], 189-191)            (Séc.IV)

Ainda não preparada para o sofrimento
e já madura para a vitória!

Celebramos o natalício de uma virgem: imitemos sua integridade; é o natalício de uma mártir: ofereçamos sacrifícios. É o aniversário de Santa Inês. Conta-se que sofreu o martírio com a idade de doze anos. Quanto mais detestável foi a crueldade que não poupou sequer tão tenra idade, tanto maior é a força da fé que até naquela idade encontrou testemunho.

Haveria naquele corpo tão pequeno lugar para uma ferida? Mas aquela que quase não tinha tamanho para receber o golpe da espada, teve força para vencer a espada. E isto numa idade em que as meninas não suportam sequer ver o rosto zangado dos pais e choram como se uma picada de alfinete fosse uma ferida!

Mas ela permaneceu impávida entre as mãos ensanguentadas dos carrascos, imóvel perante o arrastar estridente dos pesados grilhões. Oferece o corpo à espada do soldado enfurecido, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela. Levada à força até os altares dos ídolos, estende as mãos para Cristo no meio do fogo, e nestas chamas sacrílegas mostra o troféu do Senhor vitorioso. Finalmente, tendo que introduzir o pescoço e ambas as mãos nas algemas de fero, nenhum elo era suficientemente apertado para segurar membros tão pequeninos.

Novo gênero de martírio? Ainda não preparada para o sofrimento e já madura para a vitória! Mal sabia lutar e facilmente triunfa! Dá uma lição de firmeza apesar de tão pouca idade! Uma recém-casada não se apresaria para o leito nupcial com aquela alegria com que esta virgem correu para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada não de belas tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.

Todos choram, menos ela. Muitos se admiram de vê-la entregar tão generosamente a vida que ainda não começara a gozar, como se já tivesse vivido plenamente. Todos ficam espantados que já se levante como testemunha de Deus quem, por causa da idade, não podia ainda dar testemunho de si. Afinal, aquela que não mereceria crédito se testemunhasse a respeito de um homem, conseguiu que lhe dessem crédito ao testemunhar acerca de Deus. Pois o que está acima da natureza, pode fazê-lo o Autor da natureza.

Quantas ameaças não terá feito o carrasco para incutir-lhe terror! Quantas seduções para persuadi-la! Quantas propostas para casar com algum deles! Mas sua resposta foi esta: “É uma injúria ao Esposo esperar por outro que me agrade. Aquele que primeiro me escolheu para si, esse é que me receberá. Por que demoras, carrasco? Pereça este corpo que pode ser amado por quem não quero!” Ficou de pé, rezou, inclinou a cabeça.

Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado, tremer a mão que desfecharia o golpe, e empalidecerem os rostos temerosos do perigo alheio, enquanto a menina não temia o próprio perigo. Tendes, pois, numa única vítima um duplo martírio: o da castidade e o da fé. Inês permaneceu virgem e alcançou o martírio.

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S. INÊS, VIRGEM E MÁRTIR

S. Inês, Puccio Capanna  (© Musei Vaticani)

“Pura e casta”

O nome Inês, em grego, significa “pura e casta”. Para os historiadores, isto significa um sobrenome, que identifica Santa Inês, uma das mártires mais veneradas pela Igreja.

Transcorria o ano 304, ápice de ferocidade anticristã, por ordem o imperador Diocleciano. No entanto, alguns estudiosos situam este acontecimento durante a perseguição de Valeriano, 40 anos antes.

Sobre Inês não se sabe nada, exceto a paixão do seu martírio, cujas notícias, nem sempre unívocas, estão disseminadas em vários documentos posteriores à sua morte.

Ódio e graça

A tradição fala de um amor não correspondido do filho do Prefeito de Roma por Inês que, com apenas treze anos, não quis aceitar a proposta do nobre. Na verdade, a jovem havia feito o voto de castidade por Cristo.

Quando o Prefeito foi informado sobre a sua consagração, desencadeou sua vingança: Inês devia entrar no círculo das vestais, que ofereciam culto à deusa protetora de Roma. A jovem recusou-se e a vingança tornou-se mais cruel: passou do templo ao prostíbulo, sendo exposta, na Praça Navona, entre as demais prostitutas. As narrações hagiográficas dizem que Inês, em virtude de uma proteção especial, conseguiu, também naquela situação, manter a sua pureza.

Como um cordeiro

O ódio contra a jovem aumentou em uma espiral de violência crescente. Inês foi condenada à fogueira, mas as chamas nem chegaram a tocar. Então, com um golpe de espada na garganta, ela entregou sua vida.

A iconografia representa Inês com um cordeiro sempre ao lado, porque seu destino foi o mesmo reservado a estes pequenos ovinos.

Todos os anos, no dia 21 de janeiro, festa litúrgica de Santa Inês, são abençoados dois cordeirinhos, criados pelas Irmãs da Sagrada Família de Nazaré. Com a sua lã, as Irmãs confeccionam os sagrados Pálios, que o Papa impõe sobre os novos Arcebispos metropolitanos, em 29 de junho, dia de São Pedro e São Paulo.

Virtudes superiores à natureza

Os restos mortais de Santa Inês encontram-se em uma urna de prata, a pedido do Papa Paulo V, na Basílica a ela dedicada na Via Nomentana, em Roma. A Basílica foi construída, por desejo da princesa Constantina, filha do imperador Constantino I, sobre a Catacumba, na qual foi sepultado seu corpo.

Santo Ambrósio escreveu sobre Santa Inês: “A sua consagração superava a sua idade; suas virtudes superavam a própria natureza. Assim, seu nome parece não ter sido uma escolha humana, mas uma profecia do seu martírio, uma antecipação do que ela devia ser”.

Vatican News

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 4/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

II. Primeira Catequese Mistagógica

Os recém-iluminados e leitura da primeira epístola católica de São Pedro desde: «Estai alerta e vigia» até o final da epístola 1, do mesmo Cirilo e do bispo João.

II.1 Finalidade destas catequeses

1. Desde há muito tempo desejava falar-vos, filhos legítimos e muito amados da Igreja, sobre estes espirituais e celestes mistérios. Mas como sei bem que a vista é mais fiel que o ouvido2, esperei a ocasião presente, para encontrar-vos, depois desta grande noite, mais preparados para compreender o que se vos fala e levar-vos pelas mãos ao prado luminoso e fragrante deste paraíso. Além disso, já estais melhor preparados para apreender os mistérios todo divinos que se referem ao divino e vivificante batismo. Uma vez, pois, que vos proporemos uma mesa com doutrinas de iniciação perfeita, é necessário ensinar-vos com precisão, para penetrardes o sentido do que se passou convosco nesta noite batismal.

2. Entrastes primeiro no adro do batistério. Depois vos voltastes para o Ocidente e atentos escutastes. Recebestes então a ordem de estender a mão, e renunciastes a satanás como se estivesse ali presente. É preciso que saibais que na história antiga há uma figura deste gesto. Quando o faraó, o mais inumano e cruel tirano, oprimia o povo livre e nobre dos hebreus, Deus enviou Moisés a tirá-los desta penosa escravidão dos egípcios. Com sangue de cordeiro eram ungidas as ombreiras das portas, a fim de que o exterminador passasse pelas casas que ostentassem o sinal do sangue. Assim, o povo dos hebreus foi admiravelmente libertado. Quando, depois da libertação, faraó os perseguiu e viu o mar abrir-se maravilhosamente diante deles, avançou mesmo assim ao encalço deles e, submerso instantaneamente, foi engolido pelo Mar Vermelho.

3. Passai agora comigo das coisas antigas às novas, da figura à realidade. Lá Moisés foi enviado por Deus ao Egito; aqui Cristo, do seio do Pai, foi enviado ao mundo. Aquele para tirar o povo oprimido do Egito; Cristo para livrar os que no mundo são acabrunhados pelo pecado. Lá o sangue do cordeiro afastou o anjo exterminador; aqui o sangue do Cordeiro Imaculado, Jesus Cristo, constitui um refúgio contra os demônios. Aquele tirano perseguiu até o mar este povo antigo; e a ti, o demônio atrevido, impudente e príncipe do mal, te segue até as fontes mesmas da salvação. Aquele afogou-se no mar; este desaparece na água da salvação.

II.2 Renúncia a satanás

4. Entretanto, ouves, com a mão estendida, dizer como a um presente: «Eu renuncio a ti, satanás». Quero também falar-vos porque estais voltados para o Ocidente, pois é necessário. O Ocidente é o lugar das trevas visíveis e como aquele [satã] é trevas, tem o seu poder nas trevas. Por essa razão, simbolicamente olhais para o Ocidente e renunciais a este príncipe tenebroso e sombrio. O que então cada um de vós, de pé, dizia? Renuncio a ti, satanás, a ti mau e crudelíssimo tirano: já não temo, dizias, a tua força. Pois Cristo a destruiu, fazendo-me participe de seu sangue e de sua carne, a fim de abolir a morte pela morte e eu não estar eternamente sujeito à escravidão. Renuncio a ti, serpente astuta e capaz de todo mal. Renuncio a ti, que armas insídias e, simulando amizade, praticaste toda sorte de iniqüidade e sugeriste a nossos primeiros pais a apostasia. Renuncio a ti, satanás, artífice e cúmplice de todo mal.

5. Em seguida, numa segunda fórmula, és ensinado a dizer: «E a todas as tuas obras». Obras de satanás são todos os pecados, aos quais é necessário renunciar, assim como quem foge de um tirano atira para longe de si todas as armas dele. Todo o gênero de pecado está, pois, incluído nas obras do diabo. Aliás, sabes que tudo quanto dizes naquela hora tremente está inscrito nos livros invisíveis de Deus. Se, pois, fores surpreendido fazendo algo contrário a estes, serás julgado como transgressor. Renuncias, portanto, às obras de satanás, isto é, a todas as ações e pensamentos contrários à promessa.

6. Depois dizes: «E a toda a sua pompa». Pompa do diabo é a mania do teatro, das corridas de cavalo, da caça e de toda vaidade desta espécie. Dela pede o santo ser livrado, dizendo a Deus: «Não permitais que meus olhos vejam a vaidade». Não te entregues desenfreadamente à mania do teatro, onde se encontram os espetáculos obscenos dos atores, executados com insolências e com toda sorte de indecências, e com danças furiosas de homens efeminados. Nem tampouco sejas daqueles que na caça se expõem a si mesmos às feras, para contentar o infeliz ventre, os quais, querendo regalar o estômago com petiscos, se tornam alimentos dos animais selvagens. Exprimindo-me melhor, por causa deste seu deus, o ventre 14, arriscam sua vida em combate singular. Foge também das corridas de cavalos, espetáculo insano que leva as almas à perdição. Porque tudo isto é pompa do diabo.

7. Mas ainda tudo o que é exposto nos templos dos ídolos e nas suas festas, quer sejam carnes ou pães ou coisas semelhantes, inquinados pela invocação dos demônios infames, são contados como pompa do diabo. Pois, assim como o pão e o vinho da eucaristia, antes da santa epíclese da adorável Trindade, eram simplesmente pão e vinho, mas depois da epíclese o pão se torna corpo de Cristo e o vinho sangue de Cristo, da mesma maneira estes alimentos que pertencem à pompa de satanás, por sua própria natureza simples, tornam-se, pela invocação dos demônios, impuros.

8. Depois disto tu dizes: «E a teu culto». Culto do diabo é a prece feita nos templos dos ídolos, tudo que se faz em honra dos simulacros inanimados: acender luzes ou queimar incenso perto de fontes e rios, como fazem alguns que, enganados por sonhos e demônios, chegam a isso, crendo que encontram a cura de doenças corporais. Não vás atrás destas coisas. Augúrios, adivinhação, agouros, amuletos, inscrições em lâminas, magias ou outras artes más são culto do diabo. Foge, portanto, de tudo isto. Se a eles sucumbes, depois de teres renunciado a satanás e aderido a Cristo, experimentarás um tirano mais cruel. Aquele que antes te tratou talvez como familiar e te libertou da dura escravidão, agora está fortemente irritado contra ti. De Cristo serás privado e experimentarás àquele [satanás]. Não ouviste o que a antiga história nos conta de Lot e suas filhas? Não se salvou ele com as filhas, tendo alcançado a montanha, enquanto sua mulher se transformou em estátua de sal para sempre, constituindo uma recordação de sua má vontade e de seu olhar curioso para trás? Cuida, pois, de ti mesmo e não te voltes novamente para trás, depois de teres posto a mão no arado, para a prática amarga desta vida. Foge antes para a montanha para junto de Jesus Cristo, a pedra talhada não por mãos e que encheu a terra.

II.3 Profissão de fé

9. Quando, então, renuncias a satanás, rompendo todo pacto com ele, quebras as velhas alianças com o inferno. Abre-se para ti o paraíso de Deus, que ele plantou para o lado do oriente, donde por sua transgressão foi expulso nosso primeiro pai. Disto é símbolo o te voltares do Ocidente para o Oriente, lugar da luz. Então te foi ordenado que dissesses: «Creio no Pai e no Filho e no Espírito Santo e no único batismo de penitência». Disto vos falamos extensamente, nas catequeses anteriores, como no-lo permitiu a graça de Deus.

10. Fortalecido por estas palavras, vigia. Pois nosso adversário o diabo, como foi lido, anda ao redor, buscando a quem devorar. Deveras, nos tempos anteriores a este, a morte devorava, poderosa. Depois do batismo sagrado da regeneração, Deus enxugou toda lágrima de todas as faces. Com efeito, já não choras por teres te despido do velho homem, mas estás em festa porque te revestiste com a vestimenta da salvação, Jesus Cristo.

11. Tudo isto se realizou no edifício exterior. Se aprouver a Deus, quando nas Catequeses Mistagógicas seguintes entrarmos no Santo dos Santos, conheceremos, então, os símbolos das coisas que lá se realizam.

A Deus glória, poder e magnificência, com o Filho e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.

ECCLESIA

Papa pede que se lute pela unidade porque o diabo sempre divide

Papa Francisco na biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 20 jan. 21 / 08:47 am (ACI).- Na audiência geral de 20 de janeiro, o Papa Francisco advertiu que “rezar significa lutar pela unidade” e advertiu que “o nosso inimigo, o diabo, sempre divide”.

“Rezar significa lutar pela unidade. Sim, lutar, porque o nosso inimigo, o diabo, como a própria palavra diz, é o divisor. Jesus pede a unidade no Espírito Santo, fazer unidade. O diabo divide sempre porque para ele é conveniente dividir”, advertiu o Papa.

Nesse sentido, o Santo Padre destacou que o demônio “insinua a divisão, em todo o lado e de todas as maneiras, enquanto o Espírito Santo faz convergir sempre em unidade”.

“O diabo, em geral, não nos tenta com a alta teologia, mas com as fraquezas dos irmãos. Ele é astuto: amplia os erros e defeitos dos outros, semeia a discórdia, provoca a crítica e cria divisão”, assinalou.

Em vez disso, o Papa recordou que “o caminho de Deus é outro: Ele aceita-nos como somos, ama-nos muito, mas ama-nos como somos e aceita-nos como somos; aceita-nos diferentes, aceita-nos pecadores, e impele-nos sempre para a unidade”.

Instrumentos para unidade

Nesse sentido, o Santo Padre disse que “podemos examinar-nos e perguntar-nos se, nos locais onde vivemos, estamos a fomentar conflitos ou a lutar para crescer em unidade com os instrumentos que Deus nos deu: a oração e o amor”.

Em seguida, o Papa condenou a fofoca, falar mal dos outros, porque aumenta a “conflitualidade” e advertiu que “o mexerico é a arma mais à mão que o diabo tem para dividir a comunidade cristã, para dividir a família, para dividir os amigos, para dividir sempre”. Por sua vez, “o Espírito Santo inspira-nos sempre a unidade”.

Por fim, o Santo Padre destacou que “Neste tempo de graves dificuldades, a oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos. É urgente pôr de lado os particularismos a fim de promover o bem comum, e para isso o nosso bom exemplo é fundamental” e acrescentou que “é essencial que os cristãos continuem o caminho rumo à unidade plena e visível”.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF