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domingo, 24 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 8/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

VI.6 O Pater

11. Depois disso, tu dizes aquela oração que o Salvador transmitiu aos discípulos, atribuindo a Deus, com pura consciência, o nome de Pai e dizes: «Pai nosso, que estás nos céus». Ó incomensurável benignidade de Deus! Aos que o tinham abandonado e jaziam em extremos males, é concedido o perdão dos males e a participação da graça, a ponto de ser invocado como Pai. Pai nosso que estás nos céus. 1 Os céus poderiam bem ser os que portam a imagem do celestial, nos quais Deus habita e vive.

12. «Santificado seja teu nome». Santo é por natureza o nome de Deus, quer o digamos ou não. Mas uma vez que naqueles que pecam por vezes é profanado, segundo o que se diz: «Por vós meu nome é continuamente blasfemado entre as nações», oramos que em nós o nome de Deus seja santificado. Não que por não ser santo chegue a sê-lo, mas porque em nós ele se torna santo quando nos santificamos e praticamos obras dignas de santificação.

13. «Venha o teu reino». É próprio de uma alma pura dizer com confiança: «Venha o teu reino». Quem ouviu Paulo dizer: «Que o pecado não reine em vosso corpo mortal» e se purificar em obra, pensamento e palavra, dirá a Deus: «Venha o teu reino».

14. «Seja feita a tua vontade, assim no céu como na terra». Os divinos e bem-aventurados anjos de Deus fazem a vontade de Deus, como Davi dizia no salmo: «Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, heróis poderosos, que executais sua palavra». Rezando, pois, com vigor, dize isto: como nos anjos se faz a tua vontade, Senhor, assim na terra se faça em mim.

15. «Nosso pão substancial dá-nos hoje». O pão comum não é substancial. Mas este pão é substancial, pois se ordena à substância da alma. Este pão não vai ao ventre nem é lançado em lugar escuso mas se distribui sobre todo o organismo, em proveito da alma e do corpo. O «hoje» equivale a dizer de «cada dia» , como também dizia Paulo: «Enquanto perdura o hoje».

16. «E perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores». Temos muitos pecados. Caímos, pois, em palavra e em pensamento e fazemos muitas coisas dignas de condenação. «E se dissermos que não temos pecado, mentimos», como diz João. Fazemos com Deus um pacto pedindo-lhe nos perdoe nossos pecados como também nós perdoamos ao próximo suas dívidas. Tendo presente, portanto, o que recebemos em troca do que damos, não sejamos negligentes, nem deixemos de perdoar uns aos outros. As ofensas que se nos fazem são pequenas, simples, fáceis de reconciliar. As que nós fazemos a Deus são enormes e temos necessidade só de sua benignidade. Cuida, então, que por faltas pequenas e simples contra ti não te excluas do perdão, por parte de Deus, dos pecados gravíssimos.

17. «E não nos induzas em tentação», Senhor. Porventura com isto o Senhor nos ensina a pedir que de modo algum sejamos tentados? Como se encontra em outro lugar: «Aquele que foi tentado não tem experiência» e ainda: «Tende por suma alegria, meus irmãos, se cairdes em diversas provações»? Mas jamais entrar em tentação é o mesmo que ser submerso por ela. A tentação, pois, se assemelha a uma torrente difícil de atravessar. Os que, então, não são submersos nas tentações, atravessam, como bons nadadores, sem serem arrastados pela corrente. Os que não são assim, uma vez que entram, são submersos. Assim, por exemplo, Judas, entrando na tentação da avareza, não passou a nado, mas, submergindo, afogou-se corporal e espiritualmente. Pedro entrou na tentação de negação, mas, tendo entrado, não submergiu; antes, nadando com vigor, se salvou da tentação.

Escuta novamente, em outro lugar, o coro dos santos todos rendendo graças por terem sido subtraídos à tentação: «Tu nos provaste, ó Deus, acrisolaste-nos como se faz com a prata. Deixaste-nos cair no laço; carga pesada puseste em nossas costas; submeteste-nos ao jugo dos tiranos. Passamos pelo fogo e pela água, mas tu nos conduziste ao refrigério». Tu os vês falar abertamente de sua travessia sem serem vencidos? «Tu nos conduziste ao refrigério». Chegar ao refrigério é ser livrado da tentação.

18. «Mas livra-nos do Mal». Se a expressão «não nos induzas em tentação» significasse não sermos de modo algum tentados, não se diria: «Mas livra-nos do Mal». O Mal é o demônio, nosso adversário, do qual pedimos ser libertos.

Depois, terminada a prece, dizes: «amém», selando com este amém – que significa «faça-se» – o que se contém na oração ensinada por Deus.

VI.7 Comunhão

19. Depois disso, diz o sacerdote: «As coisas santas aos santos». As coisas são as oferendas aí colocadas, pois receberam a vinda do Espírito Santo. Santos sois também vós, julgados dignos do Espírito Santo. As coisas santas, então, convêm aos santos. Em seguida vós dizeis: «Um é o santo, um o Senhor, Jesus Cristo». Verdadeiramente um é o santo, santo por natureza. Nós, porém, se santos, o somos não pela natureza, mas pela participação, ascese e prece.

20. Depois dessas coisas, ouvis o cantor que, com uma melodia divina, vos convida à comunhão dos santos mistérios, dizendo: «Provai e vede como o Senhor é bom». Não confieis o julgamento ao gosto corporal, mas à fé inabalável. Pois provando não provais pão e vinho, mas o corpo e sangue de Cristo que aqueles significam.

21. Ao te aproximares [da comunhão], não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: «Amém». Com segurança, então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder. Pois se algo perderes é como se tivesses perdido um dos próprios membros. Dize-me, se alguém te oferecesse lâminas de ouro, não as guardarias com toda segurança, cuidando que nada delas se perdesse e fosses prejudicado? Não cuidarás, pois, com muito mais segurança de um objeto mais precioso que ouro e pedras preciosas, para dele não perderes uma migalha sequer?

22. Depois de teres comungado o corpo de Cristo, aproxima-te também do cálice do seu sangue. Não estendas as mãos, mas inclinando-te, e num gesto de adoração e respeito, dize «amém». Santifica-te também tomando o sangue de Cristo. E enquanto teus lábios ainda estão úmidos, roça-os de leve com tuas mãos e santifica teus olhos, tua fronte e teus outros sentidos. Depois, ao esperares as orações [finais], rende graças a Deus que te julgou digno de tamanhos mistérios.

23. Conservai inviolavelmente essas tradições e vós mesmos guardai-vos sem ofensa. Não vos separeis da comunhão nem pela mancha do pecado vos priveis desses santos e espirituais mistérios.

«O Deus da paz santifique-vos completamente.
Conserve-se inteiro o vosso espírito,
e a vossa alma e o vosso corpo sem mancha,
para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo»,
a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém.»

Mais sobre São Cirilo de Jerusalém em SOPHIA..

FONTES DA CATEQUESE / 12 - Coordenador: Frei Alberto Beckhäuser, O.F.M.

SÃO CIRILO DE JERUSALÉM - CATEQUESES MISTAGÓGICAS

Tradução de Frei Frederico Vier, O.F.M. - Introdução e notas de Frei Fernando Figueiredo, O.F.M. - Petrópolis, Editora Vozes Ltda., 1977

ECCLESIA

Senado francês revoga lei que facilitava o aborto e acabava com a objeção de consciência

Senado francês | InfoCatólica
Senadores anulam lei aprovada pela Assembleia Nacional que visava expandir facilidade para a realização do aborto que, na França, chegou a 230 mil em 2019: um aborto a cada três nascimentos.

Redação (23/01/2021, 13:45, Gaudium Press) O Senado da França votou a favor de uma proposta que anula lei aprovada pela Assembleia Nacional que estendia e facilitava casos de realização do aborto.

Na votação da moção que rejeitou a lei aprovada há meses pela Assembleia Nacional, 201 senadores votaram a favor e 142 contra.

O projeto de lei agora anulado visava estender o período do aborto de 12 para 14 semanas, abolir o período de reflexão de dois dias em caso de sofrimento psicossocial, eliminar a cláusula de consciência específica para médicos e enfermeiras e, por fim, estender a possibilidade de as parteiras realizarem abortos até a décima semana de gestação.

Destaques de pronunciamentos de senadores durante a votação

A senadora Florence Lassarade destacou que “o estágio de 12 semanas não foi determinado por acaso, é nessa época que o embrião se torna um feto”. A senadora observou que com 14 semanas é possível determinar 99% do sexo do bebê.

Já o senador Pierre Charon afirmou em seu pronunciamento durante a discussão que “o alongamento da demora judicial é a manifestação de uma falha nas políticas de saúde. Na verdade, o número de abortos é impressionante.”

Ele afirmou que nesse sentido, a contracepção, há muito apresentada como meio de prevenção do aborto, falhou. Nesse sentido, o senador recordou que a própria Laurence Rossignol, promotora e defensora da lei agora rejeitada, afirmou: “3 em cada 4 abortos são realizados por mulheres que usam anticoncepcionais”.

Por sua vez, Colette Mélot denunciou: “230 mil abortos em 2019 é demais!” Em 2019, houve um aborto para cada 3 nascimentos na França. (JSG)

(Da Redação Gaudium Press, com informações e foto InfoCatólica)

Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações 2021

Papa Francisco na Audiência Geral. Foto: Vaticano Media

Vaticano, 24 jan. 21 / 08:37 am (ACI).- A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou no sábado, 23 de janeiro, a mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que acontecerá no dia 16 de maio, Solenidade da Ascensão do Senhor, com o tema: “Vem e verás. Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

O tema do Dia Mundial das Comunicações de 2021 se baseia na passagem do Evangelho de São João (Jo 1, 46) e o Santo Padre quis “dedicar a Mensagem à chamada a ‘ir e ver’, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação dum jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social”.

O jornalismo “como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas”, escreveu o Papa.

A seguir o texto completo da mensagem do Papa Francisco:

 “Vem e verás” (Jo 1, 46). Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são

Queridos irmãos e irmãs!

O convite a «ir e ver», que acompanha os primeiros e comovedores encontros de Jesus com os discípulos, é também o método de toda a comunicação humana autêntica. Para poder contar a verdade da vida que se faz história (cf. Mensagem para o LIV Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de janeiro de 2020), é necessário sair da presunção cómoda do «já sabido» e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspetos. «Abre, maravilhado, os olhos ao que vires e deixa as tuas mãos cumular-se do vigor da seiva, de tal modo que os outros possam, ao ler-te, tocar com as mãos o milagre palpitante da vida»: aconselhava o Beato Manuel Lozano Garrido aos seus colegas jornalistas. Por isso, este ano, desejo dedicar a Mensagem à chamada a «ir e ver», como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: tanto na redação dum jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social. «Vem e verás» foi o modo como a fé cristã se comunicou a partir dos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia.

Gastar as solas dos sapatos

Pensemos no grande tema da informação. Há já algum tempo que vozes atentas se queixam do risco dum nivelamento em «jornais fotocópia» ou em noticiários de televisão, rádio e websites que são substancialmente iguais, onde os géneros da entrevista e da reportagem perdem espaço e qualidade em troca duma informação pré-fabricada, «de palácio», autorreferencial, que cada vez menos consegue intercetar a verdade das coisas e a vida concreta das pessoas, e já não é capaz de individuar os fenómenos sociais mais graves nemas energias positivas que se libertam da base da sociedade. A crise editorial corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem «gastar a sola dos sapatos», sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Mas, se não nos abrimos ao encontro, permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas com a capacidade que têm de nos apresentar uma realidade engrandecida onde nos parece estar imersos. Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar.

Aqueles detalhes de crónica no Evangelho

Aos primeiros discípulos que querem conhecer Jesus, depois do seu Batismo no rio Jordão, Ele responde: «Vinde e vereis» (Jo 1, 39), convidando-os a permanecer em relação com Ele. Passado mais de meio século, quando João, já muito idoso, escreve o seu Evangelho, recorda alguns detalhes «de crónica» que revelam a sua presença no local e o impacto que teve na sua vida aquela experiência: «era cerca da hora décima», observa ele! Isto é, as quatro horas da tarde (cf. 1, 39). No dia seguinte (narra ainda João), Filipe informa Natanael do encontro com o Messias. O seu amigo, porém, mostra-se cético: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe não procura convencê-lo com raciocínios, mas diz-lhe: «vem e verás» (cf. 1, 45-46). Natanael vai e vê, e a partir daquele momento a sua vida muda. A fé cristã começa assim; e comunica-se assim: com um conhecimento direto, nascido da experiência, e não por ouvir dizer. «Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos…»: dizem as pessoas à Samaritana, depois de Jesus Se ter demorado na sua aldeia (cf. Jo 4, 39-42). O método «vem e verás» é o mais simples para se conhecer uma realidade; é a verificação mais honesta de qualquer anúncio, porque, para conhecer, é preciso encontrar, permitir à pessoa que tenho à minha frente que me fale, deixar que o seu testemunho chegue até mim.

Agradecimento pela coragem de muitos jornalistas

O próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão. Temos que agradecer à coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas. Seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade.

Numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a «ir e ver». Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico, de manter uma «dupla contabilidade». Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. Quem nos contará a expetativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África? Deste modo as diferenças sociais e económicas a nível planetário correm o risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas anti-Covid, com os pobres sempre em último lugar; e o direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado da sua valência real. Mas, também no mundo dos mais afortunados, permanece oculto em grande parte o drama social das famílias decaídas rapidamente na pobreza: causam impressão, mas sem merecer grande espaço nas notícias, as pessoas que, vencendo a vergonha, fazem a fila à porta dos centros da Cáritas para receber uma ração de víveres.

Oportunidades e insídias na web

A rede, com as suas inumeráveis expressões nos social, pode multiplicar a capacidade de relato e partilha: muitos mais olhos abertos sobre o mundo, um fluxo contínuo de imagens e testemunhos. A tecnologia digital dá-nos a possibilidade duma informação em primeira mão e rápida, por vezes muito útil; pensemos nas emergências em que as primeiras notícias e mesmo as primeiras informações de serviço às populações viajam precisamente na web. É um instrumento formidável, que nos responsabiliza a todos como utentes e desfrutadores. Potencialmente, todos podemos tornar-nos testemunhas de acontecimentos que de contrário seriam negligenciados pelos meios de comunicação tradicionais, oferecer a nossa contribuição civil, fazer ressaltar mais histórias, mesmo positivas. Graças à rede, temos a possibilidade de contar o que vemos, o que acontece diante dos nossos olhos, de partilhar testemunhos.

Entretanto foram-se tornando evidentes, para todos, os riscos duma comunicação social não verificável. Há tempo que nos demos conta de como as notícias e até as imagens sejam facilmente manipuláveis, por infinitos motivos, às vezes por um banal narcisismo. Uma tal consciência crítica impele-nos, não a demonizar o instrumento, mas a uma maior capacidade de discernimento e a um sentido de responsabilidade mais maduro, seja quando se difundem seja quando se recebem conteúdos. Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controlo que podemos conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar.

Nada substitui o ver pessoalmente

Na comunicação, nada pode jamais substituir, de todo, o ver pessoalmente. Algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as. Na verdade, não se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos. O intenso fascínio de Jesus sobre quem O encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-No falar. Com efeito, n’Ele – Logos encarnado – a Palavra ganhou Rosto, o Deus invisível deixou-Se ver, ouvir e tocar, como escreve o próprio João (cf. 1 Jo 1, 1-3). A palavra só é eficaz, se se «vê», se te envolve numa experiência, num diálogo. Por esta razão, o «vem e verás» era e continua a ser essencial.

Pensemos na quantidade de eloquência vazia que abunda no nosso tempo, em todas as esferas da vida pública, tanto no comércio como na política. «Fala muito, diz uma infinidade de nadas. As suas razões são dois grãos de trigo perdidos em dois feixes de palha. Têm-se de procurar o dia todo para os achar, e, quando se encontram, não valem a procura». Estas palavras ríspidas do dramaturgo inglês aplicam-se também a nós, comunicadores cristãos. A boa nova do Evangelho difundiu-se pelo mundo, graças a encontros pessoa a pessoa, coração a coração: homens e mulheres que aceitaram o mesmo convite – «vem e verás –, conquistados por um «extra» de humanidade que transparecia brilhou no olhar, na palavra e nos gestos de pessoas que testemunhavam Jesus Cristo. Todos os instrumentos são importantes, e aquele grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eletrónicas; mas foram a sua fé, esperança e caridade que impressionaram os contemporâneos que o ouviram pregar e tiveram a sorte de passar algum tempo com ele, de o ver durante uma assembleia ou numa conversa pessoal. Ao vê-lo agir nos lugares onde se encontrava, verificavam como era verdadeiro e frutuoso para a vida aquele anúncio da salvação de que ele era portador por graça de Deus. E mesmo onde não se podia encontrar pessoalmente este colaborador de Deus, o seu modo de viver em Cristo era testemunhado pelos discípulos que enviava (cf. 1 Cor 4, 17).

«Nas nossas mãos, temos os livros; nos nossos olhos, os acontecimentos»: afirmava Santo Agostinho, exortando-nos a verificar na realidade o cumprimento das profecias que se encontram na Sagrada Escritura. Assim, o Evangelho volta a acontecer hoje, sempre que recebemos o testemunho transparente de pessoas cuja vida foi mudada pelo encontro com Jesus. Há mais de dois mil anos que uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. Por isso, o desafio que nos espera é o de comunicar, encontrando as pessoas onde estão e como são.

Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos,
e partir à procura da verdade.

Ensinai-nos a ir e ver,
ensinai-nos a ouvir,
a não cultivar preconceitos,
a não tirar conclusões precipitadas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.

Roma, em São João de Latrão, na véspera da Memória de São Francisco de Sales, 23 de janeiro de 2021.

ACI Digital

III Domingo do Tempo Comum - B

Dom Paulo Cesar Costa
Arcebispo de Brasília

O Reino de Deus está Próximo

A primeira leitura colocou diante de nós a pregação de Jonas. Jonas deve dirigir-se à grande cidade de Nínive. Ela é uma cidade pagã.  O centro da pregação do profeta é “ainda quarenta dias e Nínive será destruída” (Jonas 3,4).  Os ninivitas acreditam em Deus, fazem penitência e Deus salva a cidade. O livro de Jonas nos mostra que o amor de Deus não é exclusivo de Israel, mas aberto a todo homem e mulher que se voltam para Ele com o coração sincero, arrependendo-se de sua maldade, de seu pecado. Deus é paciente e espera do homem a conversão, a mudança de vida, de atitudes. Os “Quarenta dias” significam o tempo da paciência de Deus. Nínive, hoje, representa a grande cidade moderna na sua grande complexidade e que deve ser objeto da nossa evangelização, da nossa missão, onde o anúncio do amor de Deus deve encontrar cada ser humano.

O Evangelho nos apresenta Jesus, que, depois da prisão de João Batista, vai para a Galiléia pregando o Evangelho de Deus: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc1, 15). No Evangelho de São Marcos, grande parte do seu ministério, Jesus o desenvolve na Galiléia; ela é a pátria de Jesus.  É na Galiléia que Jesus coloca em movimento o anúncio do Reino de Deus. A expressão “Reino de Deus” quer dizer que chegou o tempo – e  este se dá com Jesus de Nazaré – em que Deus está reinando na história. Jesus, através dos seus gestos, milagres e da sua pregação, coloca em movimento o Reinado de Deus. O Reino de Deus é inseparável de Jesus Cristo.  Não é simplesmente a prática do bem, da justiça etc. O cristianismo não se resume simplesmente em uma ética, é seguimento de uma pessoa, Jesus Cristo. Na origem do caminho de fé, não está uma decisão ética, mas o encontro com a pessoa de Jesus Cristo que muda a vida, a existência, faz tomar rumos novos, caminhos novos.  Papa Francisco afirma que “Jesus Cristo é a descoberta fundamental, que pode fazer uma mudança decisiva na nossa vida, enchendo-a de significado”.

O Evangelho termina com o chamamento de alguns discípulos. Jesus os encontra onde eles estão. Estão no seu ambiente de trabalho, conduzindo a sua vida ordinária. Simão e André que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores; Tiago e João, filhos de Zebedeu, consertavam as redes. São chamados a se tornarem pescadores de homens. Eles seguiram Jesus. Jesus nos encontra onde estamos, nas situações concretas da vida, no dia-a-dia. Jesus não lhes oferece nenhuma segurança, nenhum projeto de vida. O chamado é para segui-lo. É num caminho de discipulado, é seguindo Jesus que vamos tomando as suas feições e nos tornando discípulos- missionários.

Seguir Jesus é a grande riqueza da nossa vida. Os ninivitas e os quatro primeiros discípulos de Jesus são exemplo de escuta obediente do anúncio da salvação. Ontem foram eles, hoje, somos nós. Que a escuta do Senhor, que continua nos falando hoje, molde o nosso coração de discípulos missionários.

Folheto: O Povo de Deus

Arquidiocese de Brasília

S. FRANCISCO DE SALES, BISPO DE GENEBRA, DOUTOR DA IGREJA, FUNDADOR DA ORDEM DA VISITAÇÃO, PADROEIRO DA IMPRENSA CATÓLICA

S. Francisco de Sales, Francisco Bayeu y Subìas 

Francisco nasceu em Thorens-Glières, França, em uma nobre e antiga família de Barões de Boisy, na província de Savoia. Estudou nos melhores colégios franceses e, para satisfazer o sonho de seu pai de seguir a profissão de Jurisprudência, estudou Direito na Universidade de Pádua, onde amadureceu certo interesse pela teologia. Ao formar-se, com o máximo das notas, regressou à França, em 1592, onde se escreveu na Ordem dos Advogados. Porém, seu grande desejo era ser padre, tanto que, no ano seguinte, em 18 de dezembro, foi ordenado sacerdote, com 26 anos de idade. Três dias depois, celebrou sua Primeira Missa. Nomeado arcipreste do Capítulo da Catedral de Genebra, Francisco manifestou seus dons zelo e caridade, diplomacia e equilíbrio.

Com o agravar-se do Calvinismo, ofereceu-se como voluntário para evangelizar a região de Chablais. Nas suas pregações, em busca do diálogo, depara-se com portas fechadas, neve, frio, fome, noites ao relento, emboscadas, insultos e ameaças. Então, aprofundou a doutrina de Calvino, para compreendê-la melhor e explicar as diferenças com o credo católico. Ao invés de recorrer só à pregação e ao debate teológico, criou um sistema de publicação, ou seja, fixar em lugares públicos ou levar de porta em porta folhetos impressos, com a explicação das verdades da fé, de modo simples e eficaz. As conversões não foram muitas, mas cessaram as hostilidades e os preconceitos contra o catolicismo.

A seguir, Francisco estabeleceu-se em Thonon, capital de Chablais, onde se dedicou, entre outras coisas, às visitas aos enfermos, às obras de caridade e aos encontros pessoais com os fiéis. Depois, pediu sua transferência para Genebra, cidade símbolo da doutrina Calvinista, com o desejo de atrair muitos fiéis para a Igreja católica.

Episcopado em Genebra e encontro com Francisca de Chantal

Em 1599, Francisco foi nomeado Bispo coadjutor de Genebra e, após três anos, a diocese passou completamente sob seus cuidados, com sede em Annecy. Ali, entregou-se totalmente, sem reservas: visitas às paróquias, formação do clero, reorganização dos mosteiros e conventos, maior dedicação à pregação, às catequeses e às iniciativas para os fiéis; com seu catecismo em forma de diálogo e sua perseverança e doçura na direção espiritual, conseguiu várias conversões.

Em março de 1604, durante uma pregação quaresmal em Dijon, conheceu Joana Francisca Fremyot de Chantal, com a qual instaurou uma grande amizade e uma profunda direção espiritual epistolar. Em 1608, dedicou-lhe um livro intitulado Filotea ou Introdução à vida devotaFilotea era o nome ideal de quem ama ou quer amar a Deus. Francisco escreveu este volume para resumir, em modo conciso e prático, os princípios da vida interior e ensinar a amar a Deus, com todo o coração e com todas as forças, na vida diária. Sua intenção era dar uma formação, plenamente cristã, a quem vivia no mundo e tinha tarefas civis e sociais. Esta sua obra teve um grande sucesso!

Fundação da Congregação da Visitação

A longa e intensa colaboração entre Francisco e Joana produziu grandes frutos espirituais, entre os quais a fundação da Congregação da Visitação de Santa Maria, em 1610, em Annecy, com a finalidade de visitar e socorrer os pobres.

Oito anos mais tarde, a Congregação tornou-se Ordem Contemplativa e as monjas foram chamadas Visitandinas. Francisco escreveu suas Constituições, inspiradas na regra de Santo Agostinho. No entanto, Joana de Chantal acrescentou-lhe a determinação de que as religiosas se dedicassem também à educação e instrução das crianças, especialmente de famílias abastadas.

Em 1616, Francisco escreveu Teotimo ou Tratado do amor de Deus, uma obra de extraordinário conteúdo teológico, filosófico e espiritual, como uma longa carta ao amigo “Teotimo” sobre a vocação essencial de cada homem: “viver é amar”. O texto indicava os melhores meios para um encontro pessoal com Deus.

Francisco de Sales faleceu no dia 28 de dezembro de 1622, em Lyon, com a idade de 52 anos. No ano seguinte, seus restos mortais foram trasladados para Annecy.

Vatican News

sábado, 23 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Catequeses Mistagógicas (Parte 7/8)

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Catequeses Mistagógicas

VI. Quinta Catequese Mistagógica

E leitura da epístola católica de São Pedro: «Despojai-vos, pois, de toda malícia e falsidade e maledicência» etc.

VI.1 A Celebração Eucarística

1. Pela benignidade de Deus, ouvistes de maneira suficiente, nas reuniões precedentes, sobre o batismo, a crisma e a participação do corpo e sangue de Cristo. Mas agora é necessário ir adiante, para coroar o edifício espiritual de vossa instrução.

2. Vistes o diácono oferecer água ao pontífice e aos presbíteros que rodeiam o altar de Deus para lavarem-se. Não a deu, absolutamente, por causa da sujeira corporal. Não é isso. Pois com o corpo sujo nem sequer teríamos entrado na igreja. Mas lavar as mãos é símbolo de que nos devemos purificar de todos os pecados e de todas as faltas. Já que as mãos são símbolo das obras, lavamo-las, indicando evidentemente a pureza e a irrepreensibilidade das obras. Não ouviste como o bem-aventurado Davi te introduziu neste mistério ao dizer: «Lavarei as mãos entre os inocentes e andarei ao redor do teu altar, Senhor»? Então, lavar as mãos é estar limpo de pecado.

3. Depois o diácono proclama: «Acolhei-vos mutuamente e dai-vos o ósculo da paz». Não suponhas que este ósculo seja como os que os amigos íntimos se dão na praça pública. Este ósculo não é assim. Mas este ósculo une as almas entre si e é para elas penhor de esquecimento de todos os ressentimentos. É sinal de que as almas se unem e afastam toda lembrança de toda injúria. Por isso Cristo disse: «Quando fores apresentar uma oferta perante o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem algo contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois volta para apresentar a tua oferta». Então, o ósculo é reconciliação, e é por esta razão que é santo, como o bem-aventurado Paulo o proclama alhures: «Saudai-vos uns aos outros no ósculo santo». 4 E Pedro: «Saudai-vos uns aos outros no ósculo de caridade». 5

VI.2 Introdução à anáfora

4. Depois disso o sacerdote proclama: «Corações ao alto!» Verdadeiramente, nesta hora mui tremenda, é preciso ter o coração no alto, junto de Deus, e não embaixo, na terra, nas coisas terrenas. Com autoridade, pois, o sacerdote ordena que nesta hora se abandonem todas as preocupações da vida e os cuidados domésticos e que se tenha o coração no céu, junto ao Deus benevolente.

Vós então respondeis: «Já os temos no Senhor!» assentindo à ordem por causa do que confessais. Ninguém esteja presente dizendo apenas com a boca: «Nós os temos no Senhor», tendo a mente voltada para as preocupações da vida. Sempre devemos estar lembrados de Deus. Se isso é impossível pela fraqueza humana, naquela hora isto é o que mais deve ser procurado.

5. Depois diz o sacerdote: «Demos graças ao Senhor». Deveras, devemos agradecer-lhe, porque sendo indignos chamou-nos a tamanha graça que nos reconciliou, sendo seus inimigos, e nos fez dignos da adoção do Espírito.6 E vós dizeis: «É digno e justo». Pois quando damos graças nós fazemos algo digno e justo. Ele nos beneficiou não com a justiça, mas além de toda justiça, fazendo-nos dignos de grandes bens.

VI.3 Anáfora, prece de louvor

6. Depois disso mencionamos o céu, a terra e o mar, o sol e a lua, os astros, toda criatura racional e irracional, visível e invisível, os anjos e arcanjos, as virtudes, dominações, principados, potestades, tronos, os querubins de muitas faces e, com vigor, dizemos com Davi: «Celebrai comigo o Senhor». Lembramo-nos ainda dos serafins, que Isaías, no Espírito Santo, contemplava. Estavam colocados em círculo ao redor do trono de Deus. Com duas asas cobriam o rosto, com outras duas os pés, e com mais duas voavam e diziam: «Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos».9 Por isso recitamos essa doxologia que nos foi transmitida pelos serafins, para que neste canto nos associemos aos exércitos celestes.

VI.4 Epíclese

7. Depois de santificados por esses hinos espirituais, suplicamos ao Deus benigno que envie o Espírito Santo sobre os dons colocados, para fazer do pão corpo de Cristo e do vinho sangue de Cristo. Pois tudo o que o Espírito Santo toca é santificado e transformado.

VI.5 Intercessões

8. Em seguida, realizado o sacrifício espiritual, o culto incruento, em presença dessa vítima de propiciação, invocamos a Deus pela paz comum das igrejas, pelo bem-estar do mundo, pelos imperadores, pelos exércitos e aliados, pelos doentes, pelos aflitos e, em geral, todos nós rezamos por todos aqueles que têm necessidade de socorro e oferecemos essa vítima.

9. Depois fazemos menção dos que adormeceram, primeiro dos patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, para que Deus, por suas preces e intercessão, aceite nossa súplica. Depois ainda rezamos pelos santos padres, bispos adormecidos e, enfim, por todos os que nos precederam, persuadidos de que será de máximo proveito para as almas, pelas quais a súplica é elevada ante a santa e tremenda vítima.

10. E quero persuadir-vos com um exemplo. Sei que muitos dizem: Que aproveita à alma que parte deste mundo com faltas ou sem elas, se é mencionada na oferenda [eucarística]? Porventura, se um rei banisse aos que se rebelaram contra ele, e se em seguida seus companheiros, trançando uma coroa, a presenteiam ao rei em favor dos condenados, não lhes concederá a remissão dos castigos? Do mesmo modo nós também, apresentando a Deus as súplicas pelos adormecidos, embora tenham sido pecadores, nós não trançamos uma coroa, mas apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados, tornando propício em favor deles e em nosso o Deus benigno.

ECCLESIA

A fórmula para banir o mal do mundo, segundo São João Paulo II

Derrick CEYRAC | AFP
por Philip Kosloski

Ele acreditava firmemente que o mal e a violência no mundo só poderiam ser derrotados com o bem.

É tentador querermos “combater fogo com fogo”, especialmente ao lidarmos com a violência ou injustiça no mundo. No entanto, São João Paulo II acreditava que lutar contra o mal com mais mal só criaria problemas.

Em uma mensagem para o Dia da Palavra pela Paz em 2005, o pontífice polonês explicou seu raciocínio:

“Escolhi como tema para o Dia Mundial da Paz de 2005 a exortação de São Paulo na Carta aos Romanos: «Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem» (12,21). O mal não se derrota com o mal: de fato, por aí, em vez de vencermos o mal, somos por ele derrotados”.

Mal versus valores morais

Esta pode ser uma mensagem desafiadora, especialmente quando nos sentimos ameaçados pelo mal no mundo. No entanto, São João Paulo II permanece firme em sua mensagem para combater o mal, em todas as suas formas, com o bem:

“Contemplando a situação atual do mundo, não se pode deixar de constatar uma impressionante difusão de numerosas manifestações sociais e políticas do mal: desde a desordem social à anarquia e à guerra, da injustiça à violência contra o outro e à sua supressão. Para orientar o seu próprio caminho entre as solicitações opostas do bem e do mal, a família humana tem urgente necessidade de valer-se do patrimônio comum de valores morais que o mesmo Deus lhe deu. Por isso, a quantos estão decididos a vencer o mal com o bem, São Paulo convida a cultivar atitudes nobres e desinteressadas de generosidade e de paz (cf. Rm 12,17-21). Nenhum homem, nenhuma mulher de boa vontade pode esquivar-se ao compromisso de lutar para vencer o mal com o bem. É uma batalha que se combate validamente somente com as armas do amor. Quando o bem vence o mal reina o amor, e onde reina o amor reina a paz.”

Enfim, se desejamos paz no mundo e o fim da divisão e da violência, devemos contra-atacar com caridade e bondade. Caso contrário, estaremos apenas adicionando combustível às chamas.

Aleteia

Congresso Nacional de Honduras proíbe o aborto

Congresso Nacional Hondurenho | Guadium Press
Congresso Nacional Hondurenho aprovou reforma constitucional que protege a proibição absoluta do aborto e estabelece “Escudo contra o aborto em Honduras”.

Tegucigalpa – Honduras (22/01/2021, 16:35, Gaudium Press) Uma iniciativa denominada “Escudo contra o aborto em Honduras” protege o artigo 67 da Constituição hondurenha e foi apresentada no último dia 11 de janeiro pelo vice-presidente do país, Mario Pérez, que alegou que “todo ser humano tem direito à vida”.

A reforma foi aprovada em sua totalidade pela maioria da Câmara, com 88 votos a favor proteção à vida e 32 votos contrários.

Legislação hondurenha impede que se pratique qualquer tipo de aborto, em qualquer circunstância

A legislação hondurenha impede que se pratique qualquer tipo de aborto em qualquer circunstância, algo que não vai mudar no futuro, apesar das pressões internacionais e de organizações abortistas.

A própria ONU pediu a Honduras que não aprovasse a medida tomada ontem, quinta-feira, 21 de janeiro.

Congresso Nacional Hondurenho aprovou reforma constitucional que protege a proibição absoluta do aborto e estabelece “Escudo contra o aborto em Honduras.
Guadium Press

Considera-se proibida e ilegal a prática de qualquer forma de interrupção da vida do que está por nascer

A partir de agora, o Artigo 67 da Constituição de Honduras fica assim estabelecido:

“Considera-se proibida e ilegal a prática de qualquer forma de interrupção da vida do que está por nascer, de quem se deve respeitar a vida em todo momento.
Serão nulas e inválidas as disposições legais que estabeleçam o contrário”.

Bispos dos Estados Unidos saúdam medidas de Biden sobre migração

Uma demonstração a favor dos Dreamers.
Crédito: Pax Ahimsa Gethen (CC BY-SA 4.0)

WASHINGTON DC, 23 jan. 21 / 06:00 am (ACI).- Os bispos dos Estados Unidos saudaram a decisão do presidente Joe Biden de interromper, em seu primeiro dia de mandato, algumas deportações e manter o programa DACA que favorece jovens imigrantes.

“Aplaudimos que o presidente Biden tenha restabelecido o programa DACA e o encorajamos fortemente a que ele e o Congresso gerem uma legislação que permita que os Dreamers tenham cidadania”.

Assim indicaram os bispos em um comunicado assinado pelo presidente do Episcopado e Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gomez, e Dom Mario Dorsonville, Bispo Auxiliar de Washington e Chefe do Comitê de Migração.

O presidente Barack Obama criou em 2012 o Programa de Ação Diferida os Chegados na Infância (DACA), que favorece os dreamers, que chegaram ilegalmente ao país. Cerca de 800 mil pessoas foram beneficiadas com o mesmo.

A administração Trump tentou desde 2017 fechar o programa, ao não aceitar novos beneficiários, e deu ao Congresso seis meses para emitir uma lei, algo que não aconteceu. Depois disso, o governo procurou encerrar o programa, mas vários cortes o impediram.

Em junho de 2020, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o procedimento do governo para encerrar o programa era ilegal.

O Supremo Tribunal enviou o caso de volta ao governo, que anunciou que continuaria a não aceitar novos beneficiários enquanto o programa estava sendo revisado, e concedeu um ano de renovação aos beneficiários do mesmo.

A equipe de transição de Biden prometeu que enviará uma lei migratória ao Congresso para, entre outras coisas, oferecer um caminho para a cidadania para os dreamers e aqueles com Status de Proteção Temporária (TPS).

Dom Dorsonville também saudou outras decisões migratórias de Biden, incluindo a revogação de uma ordem executiva de Trump de 2017 que expandiu e intensificou a fiscalização da imigração e deportações de imigrantes indocumentados.

O diretor interino do Departamento de Segurança Interna declarou na quarta-feira uma suspensão de 100 dias nas deportações de alguns imigrantes indocumentados.

"As ações de quarta-feira por parte da nova administração são primeiros passos importantes para garantir que a aplicação da lei de imigração em nosso país seja equilibrada e humana", disse Dom Dorsonville.

“Muitas pessoas experimentaram uma aplicação dura da lei na fronteira entre Estados Unidos e México e dentro dos Estados Unidos, fazendo com que famílias fossem desnecessariamente separadas”, lamentou.

"Nossa fé católica reconhece o direito das nações de controlar suas fronteiras, mas ainda podemos defender o Estado de Direito sem negar refúgio aos vulneráveis, ao mesmo tempo que reconhecemos a importância e a necessidade da unidade familiar", disse.

Entre suas primeiras ações como presidente na quarta-feira, 21 de janeiro, Biden também tomou algumas medidas executivas para acabar com a proibição de viagens de alguns países africanos e de maioria muçulmana, assim como deter a construção do muro de fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Catholic Relief Services (CRS), instituição de caridade da Igreja nos Estados Unidos que ajuda muitos imigrantes, elogiou o caminho proposto por Biden para a cidadania para os beneficiários do TPS, e indicou que esta política protege “as pessoas e famílias vulneráveis” de países como El Salvador, Honduras e Haiti.

“Com base em nossa presença na América Latina e nossos parceiros da Igreja na região, sabemos que esses países não estão preparados para reintegrar seus cidadãos e estão sobrecarregados pelas consequências de desastres naturais, insegurança e Covid-19”, disse o vice-presidente da missão de CRS Mobilização e promoção, Bill O'Keefe, à CNA, agência em inglês do grupo ACI.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

África. Bispos: Promover formação bíblica, conhecer a Bíblia é encontrar Jesus

Palavra de Deus na Sagrada Escitura 

Qual é a situação do apostolado bíblico em África? A esta pergunta quis responder a conferência online organizada no dia 20 de janeiro pela Federação Bíblica Católica (CBF) e o Centro Bíblico Católico para a África e Madagáscar (Bicam), dirigido pelo Padre Albert Ngengi Mundele. O evento foi ocasião para tratar das traduções e da formação bíblica no Continente africano, conhecido pelo seu amor à Palavra de Deus.

Cidade do Vaticano

Os trabalhos da videoconferência – segundo informa a agência Aci Africa – centraram-se em particular nas traduções da Bíblia para as línguas locais africanas, dificultadas pela falta de fundos e estruturas adequadas, e na necessidade de uma maior "oralidade na proclamação da palavra de Deus". Apesar disso, o Padre Xene Sanchez, diretor da "Verbum Bible", uma editora de livros religiosos dirigida pelos Missionários Verbitas na República Democrática do Congo, deu exemplos daquilo pelo qual a África é conhecida, ou seja, o "seu particular amor pela Palavra de Deus".

África primeiro Continente a traduzir a Bíblia

“A África é o primeiro continente com maior número de traduções da Bíblia - explicou o padre Sanchez - o que é surpreendente porque é um território menor em relação à Ásia. E mesmo assim, foi o primeiro a traduzir a Bíblia”. As estatísticas também dizem, prosseguiu o missionário Verbita, que os africanos “seguem apenas aos latino-americanos na compra da Bíblia, facto que, no contexto das dificuldades financeiras em que vive a população local, representa um grande testemunho de amor que essa tem pelas Sagradas Escrituras”.

Responder às seitas com interpretação correcta da Bíblia

O “número de voluntários para a formação bíblica” é também muito alto, sublinhou ainda o padre Sanchez, porque “o povo tem realmente muita fome” dela. Por isso, acrescentou o sacerdote, a formação deverá ser sempre "mais eficaz": em África, de facto, existem muitas seitas às quais devemos responder com "a interpretação correcta das Sagradas Escrituras". Daí a esperança de que a Bíblia esteja "disponível para todos os africanos de todas as idades, posições sociais e condições económicas".

Encorajar posse pessoal da Bíblia

A conferência virtual contou também com a presença do Padre Rafael Simbine Junior, responsável da Comissão para a Evangelização do SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar), o qual destacou que “tornar conhecido e amado o Evangelho abre o caminho para o encontro pessoal com Jesus Cristo”. Nesta óptica, o Padre Simbine sugeriu de "encorajar a posse pessoal da Bíblia, tanto por parte do clero e das pessoas consagradas como da dos fiéis leigos".

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF