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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

SS. TIMÓTEO E TITO, BISPOS, DISCÍPULOS DE S. PAULO

SS. Timóteo e Tito, Monreale

Vida de Timóteo

Timóteo nasceu em Listra, a cerca de 200 km. ao nordeste de Tarso. Era filho de mãe judaica e de pai pagão. Quando São Paulo passou por aqueles lugares, no início da sua segunda visita missionária, escolheu Timóteo como companheiro de viagem, por que “ele era muito estimado pelos irmãos de Listra e Icônio” (At 16,2), mas o fez circuncidar “por causa dos Judeus que viviam naquela região” (At 16,3).

Com o Apóstolo dos Gentios, Timóteo atravessou a Ásia Menor e foi até à Macedônia. Depois, acompanhou Paulo a Atenas, de onde foi enviado à cidade de Tessalônica; dali, prosseguiu para Corinto, onde colaborou na evangelização no istmo da cidade.

A figura de Timóteo destaca-se como um pastor valoroso. Segundo a posterior História eclesiástica de Eusébio, Timóteo foi o primeiro Bispo de Éfeso. Algumas de suas relíquias encontram-se, desde 1239, na catedral de Térmoli, na região italiana de Molise, provenientes de Constantinopla.

Vida de Tito

Tito, de família grega ainda pagã, foi convertido por São Paulo em uma das suas viagens apostólicas, tornando-se seu colaborador, companheiro e irmão na missão. O Apóstolo dos Gentios levou-o consigo a Jerusalém, por ocasião do chamado Concílio Apostólico, - que aconteceu no momento crucial da controversa sobre o batismo dos Gentios – quando o Apóstolo se opôs categoricamente à circuncisão deste cristão de Antioquia. Assim, Tito tornou-se símbolo vivo do valor universal do Cristianismo, independente da nacionalidade, raça e cultura.

Quando Timóteo partiu para Corinto, Paulo confiou a Tito a tarefa de levar aquela comunidade rebelde à obediência. De fato, ele conseguiu estabelecer a paz entre a Igreja em Corinto e o Apóstolo dos Gentios. A seguir, Tito foi novamente enviado por Paulo a Corinto – qualificando-o como “meu companheiro e colaborador” (2 Cor 8,23) – para levar a cabo as coletas pelos cristãos de Jerusalém. Ulteriores notícias, provenientes das Cartas Pastorais, o apresentam como Bispo de Creta.

Dois servos fiéis do Evangelho

Paulo fez circuncidar o discípulo Timóteo, mas não Tito, que também levou consigo a Jerusalém, para participar do Concílio Apostólico. Assim, Paulo apresenta seus dois colaboradores como homens da circuncisão e homens da não circuncisão; homens da lei e homens da fé.

Segundo a tradição, São Paulo escreveu duas Cartas a Timóteo e uma a Tito. São as duas únicas Cartas do Novo Testamento enviadas a pessoas e não à comunidade.

O Apóstolo, já idoso, deixa-se levar com algumas anotações, com ricas expressões de carinho por seus dois discípulos, demonstrando também sua satisfação por lhes confiar a missão de anunciar o Evangelho.

Segundo Papa Bento XVI, Timóteo e Tito “ensinam-nos a servir o Evangelho com generosidade, sabendo, porém, que isso também comporta um serviço à própria Igreja”.

Vatican News

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 1/20)

São GREGÓRIO DE NISSA
(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

Prefácio

Os aficionados pelas corridas de cavalos, embora aqueles a quem apóiam nos esforços das corridas não se descuidem um instante em suas tentativas de ser velozes, nas arquibancadas e envolvendo com os olhos todo o certame, gritam no desejo de os ver triunfar, e com os gritos incitam ao cocheiro e aos cavalos – ao menos assim o crêem - a um impulso mais forte; dobram os joelhos ao mesmo tempo que os cavalos e estendem as mãos para a frente, agitando-as como um chicote. Não atuam assim porque estas coisas causem a vitória, mas pelo interesse que sentem pelos participantes, que os leva a mostrar sua preferência com a palavra e com o gesto. Algo semelhante me parece acontecer contigo, o mais estimado dos amigos e irmãos: enquanto no estádio das virtudes te empenhas valentemente na competição divina e avanças com passos ágeis e rápidos para a recompensa do chamado que vem de cima, te animo com minhas palavras, e te apresso, e te exorto a aumentar o esforço para ser mais veloz. Atuo assim não como quem se deixa levar por um impulso irrefletido, mas como quem proporciona a um filho querido tudo o que lhe é grato. Como na carta que me enviaste recentemente me pedes um conselho para a vida perfeita, me pareceu conveniente te propor com minhas palavras algo que talvez só te será útil se se converter para ti em um exemplo eficaz de obediência. Com efeito, se eu, que estou colocado no lugar de pai para tantas almas, considero conveniente a meus cabelos brancos aceder ao pedido de tua juventude virtuosa, tanto mais conveniente será que se reforce em ti a disposição à docilidade, agora que a tua juventude tem sido instruída por mim a uma obediência voluntária. E já basta deste tema. Iniciemos já o assunto proposto, tomando a Deus como guia de nosso discurso. Pediste-me, meu querido, que te trace um esboço de qual é a vida perfeita, com a intenção evidente de aplicar a tua própria vida – se o que procuras se encontra em minha resposta – a graça indicada por minhas palavras. Sinto-me igualmente incapaz destas coisas: confesso que se encontra acima de minhas forças tanto o definir com palavras em que consiste a perfeição, como o mostrar em minha vida o que o espírito entende dela. Talvez não só eu, mas também muitos dos grandes e avançados na virtude confessarão que uma coisa assim também não é alcançável para eles. Explicarei com a maior clareza o que estou tentando dizer, para não parecer, dizendo-o com as palavras do Salmo, que tenho temor onde não deve haver temor (Sal 13, 5). Em todas as coisas pertencentes à ordem sensível, a perfeição está circunscrita por alguns limites, como sucede com a quantidade contínua ou descontínua. Com efeito, tudo aquilo que se pode medir quantitativamente se encontra em limites bem definidos, e alguém que considere um pedaço ou o número dez sabe bem que, para essas coisas, a perfeição consiste em ter um começo e um fim. Por outro lado, com relação à virtude, aprendemos com o Apóstolo que o único limite de perfeição consiste em não ter limite. Aquele divino Apóstolo, grande e elevado de pensamento, correndo sempre pelo caminho da virtude, jamais cessou de se lançar para a frente, pois lhe parecia perigoso deter-se na corrida. Por que? Porque todo o bem, pela própria natureza, carece de limites, e só é limitado pela presença de seu contrário, como a vida é limitada pela morte e a luz pelas trevas; em geral, tudo aquilo que é bem tem seu fim naquilo que é considerado o oposto do bem. Assim como o fim da vida é o começo da morte, assim também o deter-se na corrida pela virtude é o princípio da corrida ao vício.

Por este motivo, não nos enganava nosso raciocínio ao dizer que, no que diz respeito à virtude, é impossível uma definição da perfeição, já que demonstramos que tudo que se encontra demarcado por alguns limites não é virtude. E como eu disse que para aqueles que vão atrás da virtude é impossível alcançar a perfeição, esclarecerei meu pensamento com relação a esta questão. O Bem em sentido primeiro e próprio, aquele cuja essência é a Bondade, esse mesmo é a Divindade. Esta é chamada com propriedade – e é realmente – tudo aquilo que implica sua essência. Como já foi demonstrado que a virtude não tem mais limite alem do vício, e foi demonstrado também que na Divindade não cabe o que é contrário, conclui-se conseqüentemente que a natureza divina é infinita e ilimitada. Portanto, quem busca a verdadeira virtude não busca outra coisa senão Deus, já que Ele é a virtude perfeita. Com efeito, a participação do Bem por natureza é completamente desejável para quem o conhece, e, alem disso, o Bem é ilimitado; segue-se, pois, necessariamente que o desejo de quem busca participar dele é co-extensivo com aquilo que é ilimitado, e não se detém jamais. Portanto, é impossível alcançar a perfeição, pois, como já dissemos, a perfeição não está circunscrita por nenhum limite; o único limite da virtude é o ilimitado. E como poderá alguém chegar ao limite prefixado, se este limite não existe? Porem o fato de havermos demonstrado que o que buscamos é totalmente inatingível, não justifica que se possa descuidar do preceito do Senhor, que diz: Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste. Com efeito, aqueles que têm bom senso julgam grande ganância não carecer de uma parte dos bens verdadeiros, ainda que seja impossível alcançá-los de forma completa. Deve-se portanto, por todo ardor em não estar privado da perfeição possível e, em conseqüência, em alcançar dela tanto quanto sejamos capazes de receber em nosso interior. Talvez a perfeição da natureza humana consista em estar sempre dispostos a conseguir um maior bem. Parece-me oportuno tomar a Escritura como guia nesta questão. De fato, a voz de Deus diz por meio da profecia de Isaías: Lançai os olhos para Abraão vosso pai, e para Sara que vos deu à luz (Is 51,2). A palavra divina faz esta exortação àqueles que erram longe da virtude, para que assim como os navegantes que se desviaram de sua rota para o porto corrigem-se de seu erro graças a um sinal que se lhes faz visível – vendo um sinal de fogo posto no alto ou em cima de um monte – assim também aqueles que erram no mar da vida levados por uma mente sem timoneiro, se dirijam novamente ao porto da vontade divina seguindo o exemplo de Abraão e Sara. A natureza humana se divide em feminino e masculino, e a escolha entre virtude e vicio se apresenta igualmente ante ambos os sexos. Por esta razão, a palavra divina oferece o exemplo de virtude correspondente a cada uma das partes, para que, olhando cada uma para o que lhe é afim – os homens para Abraão e a outra parte para Sara – as duas se encaminhem para a vida virtuosa com exemplos que lhe sejam próximos. Também será suficiente para nós a lembrança de um destes personagens ilustres por sua vida, para fazê-lo desempenhar o papel de guia, e mostrar assim como é possível que a alma chegue ao porto seguro da virtude, onde já não estará exposta de nenhuma forma às tempestades da vida, e onde não correrá o risco de cair no abismo do vicio por causa dos sucessivos embates das ondas das paixões.

Talvez a história destes homens ilustres tenha sido escrita detalhadamente para isto: para que a vida dos que vêm depois se dirija para o bem imitando as coisas que foram feitas precedentemente com retidão. Talvez alguém diga: se eu não sou caldeu como sabemos que foi Abraão, nem fui criado pela filha do Egípcio como conta a história de Moisés, nem tenho nada em comum na forma de viver com nenhum destes homens de outros tempos, como conformarei minha vida com a de um deles, se não tenho como imitar a alguém que me é tão afastado em sua forma de viver? Respondemos que não pensamos que ser caldeu seja vicio ou virtude, nem que ninguém se encontre afastado da vida virtuosa por viver no Egito ou habitar na Babilônia. Pelo contrário, nem Deus se faz conhecer somente na Judéia daqueles que são dignos, nem Sião, entendido em sentido literal, é a casa de Deus (Sal 75, 2-3). Portanto, teremos necessidade de uma interpretação mais sutil e de um olhar mais agudo para discernir sempre, a partir da história, de que caldeus ou egípcios havemos de nos distanciar e de que cativeiro da Babilônia devemos escapar para conseguir a vida bem-aventurada. Daqui para a frente, em nosso discurso, tomamos Moisés como modelo de vida. Em primeiro lugar, recorreremos rapidamente sua vida, conforme a conhecemos pela divina Escritura; depois buscaremos o significado espiritual correspondente à história, para receber um ensinamento sobre a virtude. Assim conheceremos em que consiste para os homens a vida perfeita.

ECCLESIA Brasil

O que a conversão de São Paulo nos ensina sobre Cristo

Antoine Mekary / Godong

A vida cristã consiste em abraçar a religião, em ter uma conversão forte na fé, até o ponto de se tornar cada vez mais homens e mulheres evangélicos, vivendo neste mundo "à imagem e semelhança de Deus". Mas o que isso significa e como conseguimos essa conversão?

A conversão de São Paulo no caminho de Damasco é exemplar. É uma das razões das quais é a única que comemoramos no ano litúrgico, no dia 25 de janeiro. Não comemoramos a conversão de Santo Agostinho, nem a de São Francisco, nem a do Beato Charles de Foucauld, mas sim a de São Paulo, porque ele é de certo modo o arquétipo de toda conversão cristã. Então, temos que entender o que é.

A conversão, para São Paulo, não consistia apenas em renunciar às suas opiniões e mudar seu comportamento, mas em renunciar à imagem que tinha de si mesmo, em morrer em si mesmo para revestir-se de Cristo. Ele não apenas passou da condição de fariseu para a de cristão praticante e atencioso. Ele se tornou uma “nova criatura em Cristo” (2 Cor 5,17). Assim é a mesma coisa com todos nós. O apelo de Cristo à conversão é um convite a entrar em comunhão com Ele, até o ponto de poder dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Desde a sua conversão, esta é a única coisa que realmente contou aos olhos de São Paulo. Nem a circuncisão, nem a lei, nem as obrigações alimentares, mas Cristo.

Convertam-se para se tornarem homens e mulheres evangélicos

Nossa vida cristã é basicamente um processo de conversão. Trata-se de nos libertar de toda forma de escravidão para assemelharmos cada vez mais ao próprio Deus, que nos criou à sua imagem e semelhança. Se não nos convertermos, se não nos tornarmos mais semelhantes a Cristo depois de anos de vida “cristã”, então corremos o risco de ser neste mundo meras caricaturas de Deus e, vamos enfrentá-lo, uns escândalos ambulantes para aqueles que só conhecem o Evangelho por ouvir dizer. Agora, como diziam os antigos: Corruptio optimipessima, a corrupção dos melhores é a pior de todas!

Quantas vezes já ouvimos este tipo de comentário de pessoas escandalizadas pelos “católicos dominicais”: “Você diz que é cristão e passa o tempo fazendo isso ou sem fazer aquilo”. E é que a autêntica vida cristã não consiste apenas em ir à missa de domingo e em acreditar nos 598 números do resumo do Catecismo da Igreja Católica (embora isso seja ótimo, obviamente). A vida cristã consiste em ter uma conversão até o ponto de nos tornarmos cada vez mais homens e mulheres evangélicos, vivendo neste mundo “à imagem e semelhança de Deus”. Portanto, o essencial da conversão cristã pode ser dito em duas palavras: divinização e libertação. Converter-se é unir-se a Deus e libertar-se do que é contrário à ele.

Deus nos uniu à sua própria vida

O Oriente cristão não hesita em falar de “divinização” para expressar esta vocação cristã. “Porque esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, o Filho do homem: para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina, se torne um filho de Deus”, disse Santo Irineu de Lyon (século II). Santo Atanásio de Alexandria (século IV) acrescentou: “Porque o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus”. Até Santo Tomás de Aquino (1225-1274) concordou: “O Filho Unigênito de Deus, querendo nos tornar participantes da sua divindade, assumiu a nossa origem para que, feito homem, fizesse dos homens deuses”.

Hoje em dia, hesitamos na hora de usar essa linguagem. E, no entanto, não há nada mais clássico e mais verdadeiro do que isto: Deus, desde a criação da humanidade, não teve outro propósito senão tornar o homem semelhante à Ele. O pecado de Adão e do homem condenou aquele plano original, mas a obediência de Cristo à Cruz o restaurou. Em Cristo, tornamo-nos “participantes da origem divina” (2 Pedro 1, 4). Certamente, não somos divinos do ponto de vista da origem – ainda somos humanos – mas somos do ponto de vista da vida divina que flui em nossa alma desde o batismo. Deus nos juntou à sua própria vida. A graça que transborda em nossa alma é uma participação em sua própria vida, mas se isso for verdade, como podemos mudar tão pouco? Por que é tão difícil para nós ter uma conversão de verdade? Em parte, é porque não tornamos esta verdade nossa. Acreditamos vagamente que somos filhos de Deus, por isso não entramos totalmente no mistério que nos foi dado viver aqui e agora.

Visto que o que somos profundamente não é muito visível mesmo aqui embaixo, sempre somos levados a diminuir o mistério de nossa vida cristã. O Diabo, que entende muito bem qual é a pergunta, nos testa (e nos odeia!) da mesma forma que testou (e odiou) Jesus no deserto, tentando nos fazer duvidar do nosso ser profundo: “Se tu és o Filho de Deus”, quer dizer: “Se tu és o que pretendes ser, isso deveria ser visto um pouco mais!”. O Diabo quer nos cegar para nossa verdadeira identidade (Deus em nós e nós em Deus). E é a armadilha em que caímos sempre que tentamos construir nossa personalidade em algo diferente de Deus. Então, assumimos uma certa qualidade superficial para nosso eu profundo e, em última análise, é uma forma sutil de idolatria mas gostamos de adorar esse querido “eu” que pensamos que somos; e como percebemos que a conversão vai arrancá-lo de nós, resistimos, deixamos a Hora de Deus e a nossa para amanhã.

Uma conversão é uma libertação

Cada conversão é um mistério pascal: um mistério de crucificação e ressurreição, porque ter uma conversão “numa nova criatura” só pode ser feito ao preço da morte do “homem velho” (isto é, muitas vezes, do homem novo em quem acreditamos ser!). No entanto, embora seja algo a que todos estamos muito apegados, trata-se da imagem que fazemos de nós mesmos (seja ela positiva ou negativa, além disso). Saulo, que planejava chegar com orgulho a Damasco para levar os discípulos de Cristo cativos para lá, deve ter, após seu encontro com Jesus, entrado na cidade cego e conduzido pela mão. Foi necessário que seu “ego” fosse quebrado para que seu “eu profundo” pudesse emergir. Foi necessário que o fariseu que ele foi, fosse “crucificado” com Cristo para poder ressuscitar cristão.

No terceiro relato de sua conversão, no capítulo 26 dos Atos dos Apóstolos, há um detalhe que nos diz o quão difícil deve ter sido a luta com Deus para Saulo. Tendo se tornado cristão, ele contou esta frase que Cristo lhe disse no caminho: “Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo? Você se machuca ao chutar o ferrão”. Chutar contra o ferrão é o que o boi faz quando se recusa a avançar, embora receba a aguilhada do boiadeiro. Jesus, portanto, compara Saulo a um boi que resiste e se machuca por resistir. É também comovente ver que ele não lhe diz: “Você me desrespeita resistindo a mim” ou “Você é cruel e saberá da minha raiva se continuar assim”. Também não diz: “Acho difícil suportar isso”, mas sim: “É difícil para você”, “É muito difícil para você”. É um pouco como dizer: “Não vou falar sobre o dano que você está causando a mim, mas olhe um pouco para o dano que você está causando a si mesmo!”

A conversão cristã não é apenas uma conversão moral ou uma libertação do pecado (Paulo não nos diz: “Antes eu fazia coisas erradas, agora faço coisas certas”); é uma conversão que atinge no fundo de todo o nosso ser pessoal, uma libertação em relação a tudo o que, em nossa pessoa, resiste a Deus.

Aleteia

Fumaça sagrada! Por que a Igreja usa incenso na Missa?

Lidia Muhamadeeva - Shutterstock
por Philip Kosloski

Conheça o significado desta tradição milenar.

O Catecismo nos lembra que a oração envolve muito mais do que a nossa alma: “De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo que ora” (Catecismo 2562).

Por essa razão, as formas públicas de culto da Igreja contêm vários elementos que são visíveis e envolvem nossos sentidos corporais. O Catecismo também nos ensina que “os sinais e os símbolos ocupam um lugar importante na vida humana. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual, exprime e percebe as realidades espirituais através de sinais e símbolos materiais. Como ser social, o homem tem necessidade de sinais e de símbolos para comunicar com o seu semelhante através da linguagem, dos gestos e de ações. O mesmo acontece nas suas relações com Deus” (Catecismo 1146).

Todos os sentidos

Para ajudar a envolver todos os nossos sentidos durante a celebração da Missa, elevando nossos corpos e almas a Deus, a Igreja, durante séculos, usou o incenso como um sinal exterior importante.

O incenso era uma parte vital da adoração para muitas religiões antigas, incluindo o culto judeu de Deus. No Tabernáculo, assim como no Templo, Deus ordenou que um “altar de incenso” fosse construído. Deus mandou também que Aarão, o sumo sacerdote, queimasse “um incenso perpétuo perante o Senhor ao longo de suas gerações” (Êxodo 30: 8).

A frase mais conhecida que menciona o incenso no Antigo Testamento também está ligada a essa tradição: “Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde” (Salmos 141:2).

Os cristãos rapidamente adotaram o uso do incenso, e isso aparece no livro do Apocalipse, onde São João descreve: “A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus (Apocalipse 8: 4).

Simbologia

À luz das passagens descritas acima, o significado primário por trás do uso do incenso é simbolizar nossas orações se elevando a Deus. Quando vemos o incenso, lembramos que o sacerdote está lá para reunir nossos pedidos e implorar em nosso nome diante de nosso Deus amoroso e misericordioso.

O incenso também lembra a realidade celestial da Missa. Conecta nossa celebração à liturgia celestial retratada no livro do Apocalipse, e lembra-nos que a Missa é um lugar de encontro entre o céu e a terra.

Por último, a nuvem grossa de incenso geralmente turva nossa visão do altar. Isso é uma coisa boa e nos lembra da natureza misteriosa da Missa. Nossas mentes mortais não podem compreender plenamente o mistério que está sendo celebrado diante de nossos olhos; o incenso torna essa realidade ainda mais tangível.

Enfim, embora o uso de incenso possa parecer estranho, lembre-se de que essa tradição tem raízes espirituais profundas e tem sido parte da adoração divina há milhares de anos.

Aleteia

Papa pede que Assembleia Eclesial da América Latina não seja uma elite com ideologia

CNBB

Vaticano, 25 jan. 21 / 09:08 am (ACI).- O Papa Francisco encorajou neste dia 24 de janeiro que a próxima Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe “não seja uma elite separada do santo povo fiel de Deus" com uma ideologia, porque "não se esqueça, somos todos parte do povo de Deus, somos todos parte dele".

Ao participar da cerimônia virtual de anúncio da Assembleia Eclesial, que se realizará de 21 a 28 de novembro de 2021 com sede no México e sob o lema "Somos todos discípulos missionários em saída", o Santo Padre manifestou o desejo de "estar ao lado de vocês neste momento e na preparação até novembro”.

O Papa destacou que “é a primeira vez” que se realiza uma Assembleia eclesial. “Não é uma Conferência do Episcopado Latino-americano como as anteriores, a última, Aparecida. Hoje ainda temos muito que aprender”.

“Não, é outra coisa. É uma reunião do Povo de Deus: leigas, leigos, consagradas, consagrados, sacerdotes, bispos, todo o povo de Deus que vai caminhando. Se reza, se fala, se pensa, se discute, se busca a vontade de Deus”, indicou.

O Papa Francisco destacou que o evento deve ser realizado “junto com o povo de Deus: que esta Assembleia não seja uma elite separada do santo povo fiel de Deus. Junto com o povo: não se esqueça, somos todos parte do povo de Deus, somos todos parte dele”.

“Fora do povo de Deus surgem as elites, as elites iluminadas por uma ideologia ou outra, e esta não é a Igreja”, advertiu.

O Santo Padre frisou que “a Igreja se dá no partir do pão, a Igreja se dá com todos, sem exclusão. Uma Assembleia de Igreja é o sinal de uma Igreja sem exclusão.”

Outro ponto importante que o Papa destacou em sua mensagem de vídeo “é a oração. O Senhor está em nosso meio. Que o Senhor se faça ouvir, daí nosso pedido de que Ele esteja conosco”.

Ao finalizar a sua mensagem, o Papa disse: “acompanho vocês com as minhas orações e os meus bons desejos. E sigam em frente, com coragem. Que Deus abençoe vocês. E, por favor, não se esqueçam de rezar por mim”.

Na cerimônia de anúncio da Assembleia Eclesial também participaram o Arcebispo de Trujillo (Peru) e presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), Dom Miguel Cabrejos Vidarte; o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Walmor Oliveira de Azevedo; o Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, Marc Ouellet; e o Arcebispo de Monterrey e presidente da Conferência do Episcopado Mexicano, Rogelio Cabrera López.

O evento culminou com a celebração da Santa Missa na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, presidida pelo Arcebispo Primaz do México, Cardeal Carlos Aguiar Retes.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

O rosto de São Paulo: às vezes homem, às vezes anjo

A reconstrução do rosto de São Paulo

Na festa da sua conversão, nesta segunda-feira, 25 de janeiro, um projeto conjunto entre o Departamento de Arqueologia Sacra da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI) e uma artista espanhola revela a reconstrução do rosto de São Paulo. A aparência do Apóstolo “está em perfeita harmonia com a única descrição disponível”, encontrada nos Atos de Paulo e Tecla, e segundo o ícone mais antigo encontrado em junho de 2009 nas catacumbas de Santa Tecla, em Roma. "A pesquisa e os recursos da técnica podem ajudar a proporcionar uma imagem aproximada daquele homem de rosto muito marcante, olhar incisivo e presença envolvente", comentou o cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo.

Andressa Collet – Vatican News

O 25 de janeiro é de aniversário da cidade de São Paulo e de também de festa para o Estado e arquidiocese que festejam o seu padroeiro. Na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, a Igreja no mundo recorda o dia em que – o então chamado Saulo, seu nome original – alcançou a conversão, a caminho de Damasco: Jesus o transformou de perseguidor dos cristãos ao maior Apóstolo do seu Evangelho. Segundo o cardeal Odilo Pedro Scherer, "São Paulo é muito inspirador para a nossa Igreja, pelo seu imenso amor a Cristo e ao Evangelho, seu ardor missionário e sua capacidade de perseverar na missão, apesar de tantos contratempos e sofrimentos".

O ícone mais antigo de São Paulo

Nascido na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia, Saulo aparentava ser um jovem baixo e magro, com feições morenas e de olhos escuros. Com a conversão, viajou o mundo, evangelizando e sendo perseguido, tanto que foi martirizado em Roma. As relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Já o ícone mais antigo do apóstolo foi encontrado há pouco mais de 10 anos também na capital italiana, como explica o especialista em relíquias da Arquidiocese de São Paulo, Fábio Tucci Farah, que também é um dos fundadores do Departamento de Arqueologia Sacra da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI): 

“Em junho de 2009, o L’Osservatore Romano divulgou uma descoberta extraordinária nas catacumbas de Santa Tecla: o ícone mais antigo de São Paulo, datado entre o final do século quarto e início do quinto. Abaixo de uma espessa camada removida por laser, especialistas da Pontifícia Academia Romana de Arqueologia descobriram o afresco de um homem calvo de rosto magro e comprido, barba escura, nariz avantajado. Embora São Paulo possua uma vasta – e variada – iconografia, o ícone descoberto nas catacumbas de Santa Tecla está em perfeita harmonia com a única descrição disponível de sua aparência, encontrada nos Atos de Paulo e Tecla, um texto apócrifo que remonta, possivelmente, ao século segundo. Nele, São Paulo aparece como um homem de pequena estatura, com as sobrancelhas unidas, careca, de pernas arqueadas, olhos encovados e um grande nariz aquilino."

“Com poesia: às vezes, parecia um homem. Às vezes, um anjo.”

E foi justamente com essas características e com o afresco encontrado nas catacumbas que Farah e a artista espanhola, Gyrleine Costa, recriaram o rosto de São Paulo. O projeto segue as linhas de trabalho já desenvolvidas para representar o retrato artístico de Santa Joana d’Arc e a reconstrução facial artística de São Tiago Zebedeu, um dos apóstolos mais próximos de Jesus e testemunha de Sua Transfiguração. O especialista brasileiro, então, dá detalhes da nova criação:

“Para esse trabalho, também levamos em consideração algumas características étnico-raciais, o modo de vida de São Paulo e, claro, a personalidade que salta de suas inúmeras epístolas. Não queríamos simplesmente apresentar o retrato de um fariseu de Tarso, que percorreu milhares de quilômetros como missionário, no século I. Nosso objetivo era apresentar um homem com semblante de anjo que falasse às pessoas do século XXI. Um missionário que, passados quase dois milênios, ainda encanta a plateia.”

Projeto em parceria com o Museu de Arte Sacra de SP

Segundo o arcebispo de São Paulo, "conhecer melhor a sua figura humana é um desejo natural, embora ele tenha vivido em tempos ainda desprovidos dos recursos fotográficos, hoje tão comuns e acessíveis a todos em nossos dias. No entanto, a pesquisa e os recursos da técnica podem ajudar a proporcionar uma imagem aproximada daquele homem de rosto muito marcante, olhar incisivo e presença envolvente".

O especialista em relíquias revela, assim, em primeira mão, que a reconstrução facial de São Paulo faz parte de um projeto que está sendo desenvolvido em parceria com o Museu de Arte Sacra de São Paulo chamado “A Verdadeira Face dos Apóstolos de Cristo”. Oportunamente, o trabalho vai ganhar uma exposição para apresentar a reconstrução artística do rosto de todos os apóstolos. 

Vatican News

Papa adverte que a salvação não é automática, requer nossa conversão

Papa Francisco na oração do Ângelus na biblioteca.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 24 jan. 21 / 09:32 am (ACI).- Durante a oração do Ângelus neste domingo, 24 de janeiro, o Papa Francisco advertiu que "a salvação não é automática", mas é um dom de amor que exige uma resposta livre e nossa conversão.

Ao refletir sobre a passagem do Evangelho de São Marcos deste terceiro domingo do tempo comum (Mc 1,14-20), que relata quando Jesus Cristo disse “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”, o Santo Padre sublinhou que“ Jesus não usou meias palavras”, mas antes dirigiu uma mensagem “que nos convida a refletir sobre dois temas essenciais: o tempo e a conversão”.

“A salvação não é automática; a salvação é um dom de amor e como tal oferecido à liberdade humana. Quando se fala de amor, se fala de liberdade: um amor sem liberdade não é amor, pode ser interesse, pode ser medo, muitas coisas, mas o amor é sempre livre e como tal, requer uma resposta livre: requer conversão”, disse o Papa.

Nesse sentido, o Santo Padre destacou que conversão é “mudar a mentalidade e mudar a vida: não mais para seguir os modelos do mundo, mas o de Deus, que é Jesus, seguir Jesus, como Jesus fez e como Jesus nos ensinou".

“Esta é uma mudança decisiva de visão e atitude. De fato, o pecado trouxe ao mundo uma mentalidade que tende à afirmação contra os outros e até contra Deus”, advertiu.

Por isso, o Papa alertou para o perigo da “mentalidade do engano, que tem sua origem no pai do engano, no grande mentiroso, o diabo, o pai da mentira, é assim que Jesus o define”.

Deste modo, o Santo Padre convidou a “reconhecer nossa necessidade de Deus e de sua graça; a ter uma atitude equilibrada em relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humilde para com todos; a conhecer e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros", porque "para cada um de nós, o tempo em que podemos acolher a redenção é curto: é a duração de nossa vida neste mundo".

Em seguida, o Papa relatou uma ocasião em que administrou o Sacramento da Unção dos Enfermos a um idoso que lhe disse "minha vida voou, eu acreditava que era eterna" e acrescentou que é isso que "nós, os idosos, sentimos".

“A vida é um dom do amor infinito de Deus, mas é também um momento para verificar nosso amor por Ele. Portanto, cada momento, cada instante de nossa existência é um tempo precioso para amar a Deus e ao próximo, e assim entrar na vida eterna”, acrescentou o Papa.

Neste sentido, o Santo Padre sublinhou que “cada vez, cada fase tem seu próprio valor e pode ser um momento privilegiado de encontro com o Senhor” e acrescentou que “a fé nos ajuda a descobrir o significado espiritual destes tempos: cada um deles contém um chamado particular do Senhor, ao qual podemos dar uma resposta positiva ou negativa”.

Assim, o Papa recordou o exemplo da resposta de Simão, André, Tiago e João que “eram homens maduros, tinham o seu trabalho como pescadores, tinham vida familiar... E, no entanto, quando Jesus passou e os chamou, eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram”.

“Queridos irmãos e irmãs, estejamos atentos e não deixemos Jesus passar sem recebê-lo. Santo Agostinho dizia: 'Tenho medo de Deus quando passa'. Medo de quê? De não o reconhecer, de não o ver, de não o receber”, afirmou o Papa.

Por fim, o Santo Padre rezou para que a Virgem Maria “nos ajude a viver cada dia, cada momento como um tempo de salvação, no qual o Senhor passa e nos chama a segui-lo. Cada um de acordo com sua própria vida. E que a Virgem nos ajude a converter da mentalidade do mundo, aquelas fantasias do mundo que são fogos de artifício, para a do amor e do serviço ”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

CONVERSÃO DO APÓSTOLO PAULO

Conversão do apóstolo Paulo, Fra Angelico 

«Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada? De acordo com o que está escrito: por sua causa somos mortos todos os dias, fomos reputados como ovelhas para abate. Mas em todas estas coisas nos esforçamos pela graça d’Aquele que nos amou. Eu estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos, nem os poderes, nem coisas presentes, nem o futuro, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus por nós em Cristo Jesus, nosso Senhor» (Rm 8, 35-39).

O Senhor é paciente e a sua graça se manifesta de muitas maneiras e em muitos lugares. Ele esperou Saulo no caminho de Damasco para mudar seu coração e torná-lo Santo e um de seus Apóstolos mais fiéis; abraçou-o com sua Luz e sua Voz enquanto ele galopava rumo à cidade, onde se refugiavam muitos cristãos, que o Sumo Sacerdote o havia autorizado a expulsar.

Fariseu de nascimento e defensor da ortodoxia

Saulo era judeu, pertencente à seita dos fariseus, a mais rigorosa. Por isso, para ele, que se formou na escola de Gamaliel, era muito natural transformar a mais fiel observância da lei mosaica na mais terrível perseguição dos primeiros cristãos. Depois de expulsá-los de Jerusalém, decidiu expulsá-los até de Damasco, onde haviam se escondido. O Senhor o esperava bem ali.

Encontro com Jesus

Ao cair do cavalo, Saulo teve medo daquela força misteriosa e perguntou: "Quem é você?". E ouviu: "Aquele Jesus que você persegue". E perguntou ainda: "Senhor, o que quer que eu faça?". E lhe respondeu de novo: "Vá a Damasco e lá lhe mostrarei a minha vontade". Assim, cego e mudo, mas com espírito renovado, chegou a Damasco, onde ficou três dias em jejum e oração constante, até a chegada do sacerdote Ananias - outro Santo que a Igreja também celebra hoje - que o batizou no amor de Cristo e lhe deu, novamente, não apenas a visão dos olhos, mas também a do coração.

Evangelização no caminho

Paulo começou a sua pregação precisamente em Damasco, para depois continuar em Jerusalém. Ali, encontrou-se com Pedro e com os outros apóstolos. No início, os apóstolos estavam desconfiados, mas, depois, o acolheram entre eles e lhe falaram longamente sobre Jesus.
Em seguida, Paulo voltou para Tarso, sua cidade natal, onde continuou sua obra de evangelização, defrontando-se sempre com a perplexidade de muitos, judeus e cristãos, pela sua mudança de vida.
Por fim, Paulo deixou Tarso e se deslocou para Antioquia, onde manteve contato com a comunidade local. Ele foi o primeiro e verdadeiro missionário da história, que sentiu a necessidade de levar a Palavra a todos os povos. Desde então, ninguém pôde separá-lo do amor de Cristo.

Vatican News

domingo, 24 de janeiro de 2021

Da Constituição Sacrossanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II

Imagem: Editora Cléofas

Da Constituição Sacrossanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, do Concílio Vaticano II

(N.7-8.106)                 (Séc.XX)

Cristo sempre presente em sua Igreja

Cristo está sempre presente em sua Igreja, principalmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois quem o oferece agora, através do ministério dos sacerdotes, é aquele mesmo que se ofereceu na cruz, como, mais intensamente ainda, sob as espécies eucarísticas. Está presente pela sua virtude nos sacramentos, pois quando alguém batiza é Cristo quem batiza. Está presente por sua palavra, pois é ele quem fala, quando se lê a Sagrada Escritura na Igreja. Está presente, enfim, na oração e salmodia da Igreja, ele que prometeu: Onde dois ou três se reúnem em meu nome, aí estou no meio deles.

De fato, nesta obra tão grandiosa em que Deus é perfeitamente glorificado e santificados os homens, Cristo une estreitamente a si sua esposa diletíssima, a Igreja, que invoca seu Senhor e, por ele, presta culto ao eterno Pai.

Portanto, com razão, considera-se a liturgia como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, onde os sinais sensíveis significam e, do modo específico a cada um, realizam a santificação do homem. Assim, pelo Corpo místico de Jesus Cristo, isto é, sua Cabeça e seus membros, se perfaz o culto público integral. Por este motivo, toda celebração litúrgica, por ser ato do Cristo sacerdote e de seu Corpo, a Igreja, é a ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra obra da Igreja iguala no mesmo título e grau.

Participando da liturgia terrena saboreamos antecipadamente a liturgia que se celebra na santa cidade, a Jerusalém celeste, para onde nos dirigimos como peregrinos, lá onde Cristo se assenta à direita de Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo. Juntamente com todos os exércitos celestes, cantamos hinos de glória ao Senhor. Venerando a memória dos santos, esperamos ter parte em sua companhia. Finalmente, estamos na expectativa do Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, que aparecerá, Ele, nossa vida, e nós também apareceremos com Ele na glória.

A Igreja, seguindo a tradição dos apóstolos cuja origem remonta ao próprio dia da ressurreição, celebra o mistério pascal cada oito dias, que por isto se chama dia do Senhor ou domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para escutar a palavra de Deus e participar da eucaristia, a fim de se lembrarem da paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus, dando graças a Deus que os recriou para a esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo, dentre os mortos. Assim é o domingo a festa primordial e, como tal, seja apresentado e inculcado à piedade dos fiéis para que se lhes torne dia de alegria e de descanso dos trabalhos. Todas as outras celebrações, a não ser que sejam realmente de máxima importância, não passem à sua frente porque é o fundamento e o cerne de todo o ano litúrgico.

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Nas pegadas de Jesus Cristo, devemos seguir firmes

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A fé em Jesus nos leva a vivermos como Ele viveu; e a maneira de Jesus viver é totalmente contrária ao modelo de vida que nos é apresentado pelo mundo tão conturbado. Somos convidados a sermos testemunhas fiéis na fé, na caridade, no bom exemplo cristão, porque “O Bem nunca Muda”. Por isso, durante este espaço da vida que temos aqui na Terra, precisamos ser adestrados no amor. Assim como aprendemos a cantar cantando, a nadar nadando, a tocar violão tocando, também se aprende amar amando.

Por isso Deus nos pôs ao lado uns dos outros e nos fez família. Suscitou no coração de cada um de nós a capacidade de amar. Na vida, há momentos de luz e de sombras: às vezes, tudo parece claro; outras vezes, não se vê bem quase nada. Nossa fé passa também por períodos contrastantes que até se alternam num ciclo de presença e de ausência. Trata-se de uma pedagogia da vida, do próprio mistério de Deus que se dá a conhecer, mas nos indica que Ele se ausenta sem deixar de estar presente. Esse aparente paradoxo traz consigo uma possibilidade de nos fazer crescer na fé. Para quem crê, não é difícil descobrir a misteriosa, mas real presença de Cristo.

Como caminhar seguindo os passos de Jesus?

Caminhar nas pegadas de Jesus, hoje, é ser chamado a uma vida comunitária, como resistência contra-cultural, enraizada no silêncio, na solidão e na oração, em solidariedade com todos, especialmente os mais pobres de nossa sociedade. Assim como as plantas não crescem se puxarmos suas folhas, mas ao contrário, só crescerão quando as regarmos e oferecemos o calor do sol e uma terra fértil, assim também somos nós. Ninguém cresce se não encontrar um ambiente que ofereça gratuitamente amor declarado, presença sincera, verdade amorosa, vibrante encorajamento. É dessa forma que fazemos com que plantas e pessoas cresçam tornando-se tudo o que possuem como semente.

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S. J. da Cruz OCDS-BH Adorador noturno Boa Viagem

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF