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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 3/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 3

Com efeito, quem estava livre de culpa permanecia incólume, enquanto que com a mesma força, ao mesmo tempo e no mesmo lugar, era castigado o culpado. Ao comando de Moisés todo tipo de água se converteu em sangue para o Egito, ao ponto de que também os peixes morressem por causa da densidade carnosa em que se havia transformado a água; o sangue, por outro lado, voltava a se converter em água para os hebreus, quando a tomavam. Aqui os magos reaparecem para simular, na água que tinham os hebreus, a aparência de sangue (Ex 7, 20-22). Sucedeu o mesmo com as rãs que invadiram o Egito: sua aparição até uma proliferação de tal magnitude não pode ser avaliada como uma conseqüência da natureza, mas que o comando dado à espécie das rãs modificou a natureza conhecida destes animais. Todo o Egito foi atormentado por estes animais que invadiram inclusive as casas, enquanto a vida dos hebreus se mantinha limpa dessas coisas repugnantes (Ex 7, 25-29). Da mesma forma, a atmosfera não permitia aos egípcios nenhuma distinção entre a noite e o dia; permaneciam em um obscuridade uniforme, enquanto para os hebreus, nas mesmas circunstâncias, nada havia mudado em relação ao habitual. E do mesmo modo com relação a todas as demais coisas: o granizo, o fogo, os mosquitos, as pústulas, as moscas, a nuvem de gafanhotos. Cada uma, segundo sua própria natureza, feriu os egípcios; os hebreus, ao contrário, sabiam do sofrimento de seus vizinhos por rumores e relatos, pois não experimentaram em si mesmos o ataque dessas calamidades. Depois, a morte dos primogênitos fez mais clara a diferença entre o povo hebreu e o egípcio: uns se desfaziam em lamentações pela perda dos seres mais queridos (Ex 12, 29); os outros permaneciam em total tranqüilidade e segurança, porque tinham a salvação confirmada pela aspersão do sangue e por haverem marcado as portas com sangue, como senha, em cada um dos lados das ombreiras e no montante que as unia (Ex 10, 21-23). Depois disso, enquanto os egípcios estavam abatidos pelo desastre dos primogênitos e choravam sua desgraça, solitários ou todos juntos, Moisés começou a dirigir o êxodo dos israelitas, após haver advertido que levassem consigo, como empréstimo, a riqueza dos egípcios. Quando já se passavam três dias de caminho fora do Egito – conta-nos a história – pareceu insuportável ao Egípcio que Israel não permanecesse na escravidão e, havendo mobilizado todos os seus súditos para a guerra, correu atrás do povo com sua cavalaria. Este, quando viu o arrancar da cavalaria e da infantaria, sendo inexperiente nas artes da guerra e estando pouco acostumado a estes espetáculos, deixou-se levar imediatamente pelo medo e rebelou-se contra Moisés. A história conta também este feito paradoxal de Moisés: que sua atividade foi dupla. Com efeito, com a voz e a palavra dava ânimo aos israelitas e os exortava a ter boas esperanças, e ao mesmo tempo apresentava a Deus suas súplicas em seu coração em favor daqueles que se encontravam em tal apuro, e era instruído por meio do conselho divino sobre como poderia fugir de tal perigo (Ex 12, 31-14, 5). Pois Deus mesmo, como conta a história, escutava sua voz silenciosa. Uma nuvem guiava o povo por virtude divina, não por sua própria natureza. Sua substância, com efeito, não era formada por alguns vapores ou exalações como resultado de que o ar se houvesse feito mais denso por causa de substância úmida e de sua compressão pelos ventos, mas era algo muito maior e que excedia a compreensão humana. Como atesta a Escritura, aquela nuvem era um prodígio tal que, quando os raios do sol brilhavam abrasadores, se convertia em uma proteção para o povo, fazendo sombra para os que estavam em baixo e umedecendo o calor excessivo do ar com uma água fina; durante a noite se transformava em fogo, iluminando os israelitas com o resplendor de sua própria luz desde o entardecer até o nascimento do dia (Ex 13, 21-23).

Capítulo 4

Moisés olhava para a nuvem e ensinava o povo a seguir este fenômeno. Então chegaram ao mar Vermelho. Ali, enquanto a nuvem dirigia a marcha, as tropas dos egípcios cercaram completamente o povo por traz, sem lhe deixar possibilidade de escapar por nenhuma parte, encurralado entre seus terríveis inimigos e o mar. Foi então que Moisés, reconfortado com a força divina, fez o mais incrível de tudo. Tendo se aproximado da margem, golpeou o mar com seu bastão. O mar se fendeu com o golpe. E, como costuma acontecer com o vidro que começando a se rachar em uma parte a fenda chega diretamente até o outro extremo, assim, fendido todo aquele mar em uma extremidade pelo bastão, a fenda das ondas se estendeu até a margem oposta. Onde o mar se havia dividido, Moisés desceu até o fundo; junto com todo o povo, estava nas profundezas, com o corpo enxuto e iluminado pelo sol. No fundo seco do mar, atravessou a pé os abismos, sem temer aquela muralha de ondas que se haviam formado de um lado e de outro: uma fortificação reta, feita dos lados deles, da solidificação do mar (Ex 14, 19-22). Porem, quando o Faraó entrou com os egípcios no mar pelo caminho aberto recentemente entre as ondas, as águas se uniram novamente com as águas; o mar fechando-se sobre si mesmo segundo sua forma primitiva, mostrou a superfície da água novamente unida, enquanto os israelitas, na margem oposta, se refaziam do grande esforço de sua marcha através do mar. Então cantaram a Deus um canto de vitória por haver erguido para eles um troféu sem derramamento de sangue, posto que os egípcios haviam sido aniquilados sob as águas com todo seu exército, seus cavalos, seus carros e suas armas (Ex 14, 26-15, 21). Depois disto, Moisés continuou avançando e, após haver percorrido durante três dias um caminho sem água, encontrou-se em grandes dificuldades ao não ter como saciar a sede do exército. Havia uma lagoa de água salobra, mais amarga que a água do mar, ao redor da qual acamparam. Estavam ali sentados em torno da água, devorados pela ânsia de água. Moisés, impelido por uma inspiração divina, tendo encontrado um pedaço de pau naquele lugar, atirou-o na água que, imediatamente, se converteu em potável pela própria força daquele lenho, que transformou a natureza da água de salobra em doce (Ex 15, 22-25). Posto que a nuvem empreendesse novamente a marcha para adiante, eles se puseram também em marcha seguindo o movimento de seu guia. Faziam sempre o mesmo, parando onde a detenção da nuvem lhes dava o sinal de descanso, e empreendendo a marcha precisamente quando a nuvem recomeçava a guia- los. Seguindo este guia, chegaram a um lugar regado por água potável, banhado generosamente por doze fontes e que recebia a sombra de um bosque de palmeiras. As palmeiras eram setenta. Apesar de número tão pequeno, bastavam para produzir grande admiração a quem as olhava porque eram de excepcional beleza e altura (Ex 15, 27). Tendo o guia se posto novamente em movimento, isto é, a nuvem conduz o exército dali para outro lugar. Este era um deserto de areia seca que queimava, sem uma única gota de água que umedecesse aquele lugar. Aqui o povo foi atormentado novamente pela sede. Uma pedra situada a uma certa altura, golpeada com a vara por Moisés, deu água doce e potável mais que suficiente para a necessidade do exército (Ex 17, 1-6). Ali mesmo se acabou a provisão de alimentos que haviam trazido do Egito para o caminho. O povo foi acossado pela fome e teve lugar o milagre maior de todos: o alimento não lhes brotava da terra como seria natural, mas vinha gotejado de cima, do céu, em forma de orvalho. Pois ao amanhecer do dia caía para eles um orvalho. Este orvalho se convertia em alimento para os que o recolhiam. O que caía não eram gotas líquidas de água, como ocorre normalmente com o orvalho, mas em lugar de gotas de água caíam grãos parecidos com gelo; sua forma era redonda como semente de coentro, e seu sabor parecia a doçura do mel (Ex 16, 14).

ECCLESIA Brasil

Papa: recordar o Holocausto para que não aconteça outra vez

Vatican News
https://youtu.be/VNiD98qK8oM

Recordar e vigiar foram palavras usadas por Francisco ao citar o "Dia da Memória" e todas as vítimas do regime nazista. "Recordar é uma expressão de humanidade, recordar é sinal de civilidade."

Vatican News

No final da Audiência Geral de hoje, o Papa recordou o “Dia da memória” e as vítimas do Holocausto e todas as pessoas perseguidas e deportadas pelo regime nazista. 

Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas abateram os portões de Auschwitz, revelando ao mundo, pela primeira vez, a realidade do genocídio.

Recordar e vigiar foram palavras usadas por Francisco: 

“Recordar é uma expressão de humanidade, recordar é sinal de civilidade, recordar é condição por um futuro melhor de paz e de fraternidade, recordar é também estar atentos porque essas coisas podem acontecer outra vez, começando com propostas ideológicas que querem salvar um povo e acabam por destruir um povo e a humanidade. Fiquem atentos a como começou este caminho de morte, de extermínio, de brutalidade.”

O "Dia da memória" foi instituído pelas Nações Unidas em 2005 e tem como objetivo rememorar a data histórica em que tropas soviéticas invadiram o campo de concentração em Auschwitz, libertando cerca de 7 mil sobreviventes do massacre nazista. Estima-se que 1 milhão de judeus e de outras minorias étnicas morreram nos campos de extermínio do regime nazista.

Vatican News

Papa Francisco pede para não instrumentalizar a Bíblia

O Papa Francisco na audiência geral na biblioteca.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 27 jan. 21 / 08:30 am (ACI).- Na audiência geral desta quarta-feira, 27 de janeiro, o Papa Francisco pediu não instrumentalizar a Bíblia nem se aproximar com "segundas intenções", mas abrir nossos corações às Sagradas Escrituras para nos tornarmos "tabernáculos" das palavras de Deus.

“Devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O crente não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica ou moral, mas porque espera um encontro; sabe que essas palavras foram escritas no Espírito Santo, e que por isso nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas, devem ser compreendidas, para que o encontro se realize”, disse o Papa.

Nesta linha, o Santo Padre explica que “através da oração realiza-se uma nova encarnação do Verbo. E nós somos os ‘tabernáculos’ onde as palavras de Deus querem ser recebidas e guardadas, para poder visitar o mundo”.

Ao continuar com sua série de catequeses sobre a oração, o Pontífice refletiu sobre a “oração com as Sagradas Escrituras” e destacou que as palavras da Bíblia “não foram escritas para permanecer presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração" já que "a Palavra de Deus vai ao coração".

Desta forma, o Papa advertiu que “a Bíblia não pode ser lida como um romance”, mas que a leitura da Sagrada Escritura “deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem” porque “a oração é um diálogo com Deus”.

Em seguida, o Santo Padre nos convidou a pensar que “aquele versículo da Bíblia foi escrito também para mim, há muitos séculos, para me trazer uma palavra de Deus” e acrescentou que “foi escrito para cada um de nós”.

“Esta experiência acontece a todos os crentes: uma passagem da Escritura, ouvida muitas vezes, de repente um dia fala-me e ilumina uma situação que estou a viver. Mas é necessário que eu esteja presente nesse dia, no encontro com essa Palavra, que esteja ali, ouvindo a Palavra", disse.

Neste sentido, o Papa recordou que “todos os dias Deus passa e lança uma semente no terreno da nossa vida. Não sabemos se hoje encontrará terra árida, silvas, ou terra fértil que faça crescer essa semente (cf. Mc 4, 3-9). Depende de nós, da nossa oração, do coração aberto com que nos aproximamos das Escrituras para que elas possam tornar-se para nós a Palavra viva de Deus”.

Além disso, o Santo Padre incentivou a ler "as Escrituras para que elas ‘nos leiam’”, pois "é uma graça ser capaz de se reconhecer nesta ou naquela personagem, nesta ou naquela situação" e acrescentou que "a Palavra de Deus, impregnada do Espírito Santo, quando é recebida com um coração aberto, não deixa as situações como antes, nunca, muda alguma coisa. E esta é a graça e a força da Palavra de Deus”.

“A Bíblia não é escrita para uma humanidade genérica, mas para nós, para mim, para ti, para homens e mulheres em carne e osso, homens e mulheres que têm nome e sobrenome, como eu, como tu”, indicou.

Da mesma forma, o Papa destacou que “através da oração, a Palavra de Deus vem habitar em nós e nós habitamos nela... É assim que a Palavra de Deus se faz carne – permito-me usar esta expressão: faz-se carne - naqueles que a acolhem em oração".

Por isso, o Santo Padre recordou uma “bela expressão” encontrada em alguns textos antigos que descrevem que “os cristãos se identificam tão intimamente com a Palavra que, mesmo se todas as Bíblias do mundo fossem queimadas, um ‘molde’ dela ainda poderia ser salvo através da marca que deixou na vida dos santos”.

Protege do maligno

Da mesma forma, o Papa destacou que a Palavra de Deus “inspira bons propósitos e apoia a ação; dá-nos força, dá-nos serenidade, e até quando nos põe em crise, nos dá paz” e acrescentou que “em dias ‘maus’ e confusos, assegura ao coração um núcleo de confiança e amor que o protege dos ataques do maligno".

Nesta linha, o Santo Padre afirmou que “um bom cristão deve ser obediente, mas deve ser criativo. Obediente porque ouve a Palavra de Deus; criativo, porque tem dentro o Espírito Santo que o impele”.

Por isso, o Papa reconheceu que se incomoda um pouco quando ouve os cristãos "a recitar versículos da Bíblia como papagaios. ‘Oh, sim, o Senhor diz…, Ele assim o quer…'" e perguntou: “com aquele versículo, encontraste-te com o Senhor?". Porque “não é apenas um problema de memória: é um problema de memória do coração, aquela que te abre para o encontro com o Senhor. E aquela palavra, aquele versículo, leva-te ao encontro com o Senhor”.

“As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável. Que o Senhor nos conceda, a todos nós, haurir delas cada vez mais através da oração”, concluiu o Papa.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. ÂNGELA MÉRICI, VIRGEM, FUNDADORA DAS URSULINAS

S. Ângela Mérici, Capela das Irmãs Ursulinas, Liubliana 

Não mais nos conventos, mas no mundo: eis o eixo cartesiano da espiritualidade de Santa Ângela Mérici que, com o testemunho de sua vida, conseguiu dar nova forma à dignidade das mulheres.
Ângela nasceu em Desenzano de Garda, perto de Bréscia, norte da Itália, em 21 de março de 1474. Desde a infância, tinha um forte sentido religioso: à noite, a família se reunia em torno do pai, João, para ouvir a leitura da vida dos santos. Graças a essas leituras, Ângela começou, aos poucos, a nutrir uma devoção especial para com Santa Úrsula, a nobre jovem britânica, do século IV, martirizada com seus companheiros; esta santa teve uma grande influência no amadurecimento da sua espiritualidade.

Terciária franciscana

Aos 15 anos, Ângela perdeu, prematuramente, a irmã e seus pais; então se mudou para Saló, onde foi acolhida na casa do tio materno. Naqueles anos, surgiu-lhe o desejo de levar uma vida mais austera e penitencial, a ponto de optar por ser terciária franciscana. Cinco anos depois, com a morte de seu tio, a jovem voltou para Desenzano, onde se dedicou às obras de misericórdia espirituais e corporais, sempre acompanhando o trabalho manual com a oração e o recolhimento.

Visão de uma "escada celeste"

Certa vez, enquanto estava em oração, a futura Santa teve a visão de uma procissão de anjos e virgens, que tocavam e cantavam hinos. Entre eles, Ângela viu também sua irmã falecida, que lhe anunciou: "Você vai fundar uma companhia de virgens". Nos séculos seguintes, a iconografia hagiográfica representou esta visão como uma "escada celeste", que une o céu e a terra.

Cegueira repentina

No entanto, em 1516, os superiores franciscanos enviaram Ângela a Bréscia para assistir uma viúva, Catarina Patendola. Na cidade, a jovem reforçou sua ideia de um laicato, cada vez mais comprometido no âmbito caritativo, mas enriquecido pela sensibilidade feminina.
Ao receber uma segunda visão, Ângela decidiu fazer uma peregrinação a diversos lugares sagrados: Mântua e o Monte Sagrado de Varallo, suas primeiras etapas, seguidas, em 1524, pela Terra Santa. Precisamente durante esta viagem às origens do cristianismo aconteceu um prodígio singular: de repente, Ângela perdeu a visão, que a recuperará ao voltar da Terra Santa, enquanto rezava diante do Crucifixo. Bem longe de desanimar, Ângela Mérici aceitou a deficiência momentânea como sinal da Providência, para poder olhar os Lugares Santos, não com os olhos do corpo, mas com os do espírito. "Vocês imaginam – disse ela mais tarde - que esta cegueira me foi enviada para o bem da minha alma?"

Nascimento da "Companhia de Santa Úrsula"

Ao regressar à Itália, em 1525, por ocasião do Ano Santo, Ângela foi em romaria à “Cidade Eterna”, onde consolidou seu carisma, tanto que o Papa Clemente VII lhe propôs de permanecer em Roma. Entretanto, a jovem decidiu voltar a Brescia, porque queria, finalmente, dar cumprimento à sua "visão celeste".
Enfim, em 25 de novembro de 1535, junto com doze colaboradoras, Ângela Mérici fundou a "Companhia das renunciadoras de Santa Úrsula" (“renunciadoras" porque não usavam o hábito religioso tradicional), com uma Regra de vida original: estar fora do Convento para se dedicarem à instrução e à educação das jovens mulheres, com voto de obediência ao Bispo e à Igreja.

Revolução da graça

A ideia da fundadora foi uma verdadeira revolução da graça: toda mulher consagrada podia santificar a sua vida na "Sociedade", não apenas em um Convento, atuando no mundo e na própria Igreja de pertença.
Em uma época em que as mulheres que não eram casadas ou enclausuradas podiam correr o risco de ser marginalizadas, Ângela ofereceu-lhes uma nova condição social: ser "virgens consagradas no mundo", capazes de se santificar para santificar a família e a sociedade.

Canonização em 1807

Em 1539, o estado de saúde de Ângela Mérici piorou, vindo a falecer em 27 de janeiro de 1540, com a idade de 66 anos. Seus restos mortais descansam na igreja de Santa Afra, em Bréscia, onde ainda são venerados, hoje denominado Santuário de Santa Ângela.
No entanto, a sua fama de santidade aumentou tanto que, em 1544, o Papa Paulo III elevou a Companhia a um Instituto de Direito Pontifício, permitindo às Ursulinas atuar também além dos confins da Diocese.
Ângela Mérici foi beatificada, em 1768, pelo Papa Clemente XIII, e canonizada, em 24 de maio de 1807, pelo Papa Pio VII. Uma estátua, em sua memória, esculpida em 1866, pelo escultor Pietro Galli, encontra-se na Basílica Vaticana.

Testamento espiritual

Em seu testamento espiritual, destinado às Ursulinas, lê-se: “Suplico-lhes de recordar e manter gravadas em suas mentes e corações todas as suas filhinhas, uma por uma; não apenas seus nomes, mas também suas condições, natureza e estado, enfim tudo delas. Isso não lhes será difícil se as abraçarem com profunda caridade. Esforcem-se, com amor e com mão gentil e suave, não com imperiosidade e aspereza, para ser agradáveis em tudo". "Além do mais, - concluiu - cuidado por não querer alguma coisa, a todo custo, porque Deus deu a cada um o livre arbítrio, sem forçar ninguém; Ele apenas propõe e aconselha".

Vatican News

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 2/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 1

Diz-se que Moisés viu a luz quando a lei do tirano proibia manter vivos os varões que nascessem (Ex 1, 16) e que com sua graça pressagiava já toda a graça que com o tempo haveria de reunir. Parecia tão belo já em fraldas (Ex 2, 2), que seus pais resistiram a destruí-lo com a morte. Depois, quando a ameaça do tirano se fez mais forte, não o atiraram sem mais à corrente do Nilo, mas o colocaram em uma cesta cujas junções haviam sido calafetadas com breu e piche, e desta forma o entregaram à corrente. Assim o explicam aqueles que refizeram cuidadosamente a história que a ele se refere. Guiada por uma força divina, a cesta arribou a uma encosta transversal, levada a este lugar pelo próprio movimento das águas. A filha do rei veio à região da praia onde se encontrava a cesta e, sendo alertada pelos vagidos que vinham da caixa, converteu-o em achado da rainha. Imediatamente, a princesa, vendo a beleza que resplandecia dele, encheu-se de benevolência e o adotou como filho. E posto que ele rechaçasse instintivamente um peito estranho, foi alimentado com o peito materno graças a um ardil de parentes (Ex 2, 1-9). Durante sua educação de príncipe, instruído nas ciências estrangeiras, ao sair da infância não escolheu as coisas que eram tidas em grande apreço pelos estrangeiros, nem deixou ver que confessava como mãe àquela mãe inventada que o havia feito filho adotivo, mas retornou à sua mãe natural e se misturou com os que eram de sua estirpe. Tendo-se originado uma briga entre um hebreu e um egípcio, tomou o partido do compatriota e matou o egípcio (Ex 2, 11–13). Pouco depois, quando brigavam dois hebreus, tentou acalmar a querela fazendo-os notar que, entre irmãos, é bom tomar como árbitro das divergências a natureza e não a ira (Ex 2, 13–15). Rechaçado por aquele que se inclinava à injustiça (Ex 2, 16-21) (At 7, 23-28), fez desta afronta o ponto de partida para uma filo mais alta: depois disto, tendo se afastado da convivência com a multidão (Ex 2, 15), passa a vida na solidão e contrai parentesco com um estrangeiro sagaz para discernir o melhor e acostumado a julgar os costumes e a vida dos homens. Bastou a este uma única ação – refiro-me ao ataque dos pastores – para descobrir a virtude do jovem: como havia lutado pela justiça sem pensar em seu próprio proveito, mas por achar que o justo é valioso por sua própria natureza, e como castigara a injustiça dos pastores, que não haviam feito nenhum dano a ele. Tendo admirado o jovem por estas coisas, e estimando que, apesar de sua manifesta pobreza, sua virtude era mais valiosa que uma grande riqueza, entrega-lhe sua filha por esposa, e permite-lhe levar uma vida segundo seus desejos.

Capítulo 2

Ele escolheu conduzir nos montes uma vida solitária, afastada do tumulto das praças e dedicada a guardar os rebanhos no deserto. A história nos conta (Ex 3, 1-6) que, passado algum tempo nesta vida, Moisés recebeu uma surpreendente aparição de Deus: em um tranqüilo meio dia, reluziu ante seus olhos uma luz mais forte que a luz do sol; estranhando o inusitado do espetáculo, levantou os olhos para o monte e viu um arbusto do qual saia um resplendor como de fogo. Como os ramos da planta estavam verdes como se as chamas fossem orvalho, disse a si mesmo estas palavras: vamos e vejamos este grande espetáculo. Isto nos diz que o prodígio da luz não somente se mostrou a seus olhos mas, o que é mais impressionante de tudo, seus ouvidos foram iluminados com os resplendores da luz. Com efeito, a graça da luz foi distribuída a ambos os sentidos: os olhos foram iluminados com os resplendores da luz, e os ouvidos foram levados à luz com instruções puríssimas. Isto é, a voz que saía daquela luz proibiu Moisés de aproximar-se do monte com calçados feitos de peles mortas; quando ele livrou seus pés dos calçados, tocou assim aquela terra que estava iluminada com a luz divina. Depois dessas coisas, não julgo oportuno que o discurso se entretenha muito na história deste homem, para ater-nos mais a nosso propósito, fortalecido com a teofania que vira, recebeu a missão de livrar o seu povo da escravidão dos egípcios. E para que melhor se convencesse da força que recebia do alto, ele, por disposição de Deus, faz a experiência com o que tem nas mãos. Esta foi a experiência: o bastão que sua mão deixou cair se animou, e quando foi retomado por suas mãos, voltou a ser o que era antes de transformar-se em animal. Depois o aspecto de sua mão quando a tira do seio se transforma em um branco como de neve, e re-introduzida ao seio recobra seu aspecto natural (Ex 4, 2-7). Quando Moisés descia do Egito levando consigo sua esposa, que era estrangeira, e os filhos que tinha tido com ela, conta-se que um anjo saiu-lhe ao encontro causando-lhe um medo de morte, e que a mulher o aplacou com o sangue da circuncisão do menino. Foi então que ocorreu o encontro com Aarão que fora impelido por Deus para este encontro (Ex 4, 24-28). Ambos convocam então o povo para uma assembléia geral e anunciam aos que estavam oprimidos pelo padecimento dos trabalhos, a libertação da escravidão. Sobre este tema ele teve uma conversa com o tirano. Por causa dessas coisas, aumentou a cólera do tirano contra os que dirigiam os trabalhos e contra os israelitas: aumentou então o tributo de ladrilhos, e enviou uma ordem mais pesada, de forma que os israelitas não só padeciam pelo barro, mas também eram sobrecarregados por causa da palha e das canas (Ex 5, 1-23). Depois o Faraó, este era o nome do tirano egípcio, tentou fazer frente, com os encantamentos dos feiticeiros, aos prodígios que eles faziam pela vontade de Deus. Quando Moisés tornou a converter seu bastão em animal ante os olhos dos egípcios, a magia pareceu realizar o mesmo prodígio nos bastões dos magos. Porem o engano foi desmascarado, pois a serpente surgida da transformação do bastão de Moisés, ao comer os troncos dos magos, isto é, as serpentes, demonstrou assim que os bastões dos magos não tinham nenhuma força para se defender e nem para viver, mas apenas a aparência de um truque mágico para verem os olhos daqueles que eram fáceis de enganar (Ex 7, 8-12). Quando Moisés viu que todos os súditos estavam de acordo com o príncipe da maldade, fez vir uma praga geral sobre todo o povo egípcio, sem que ninguém escapasse da experiência dos males. E para infligir este castigo aos egípcios, cooperaram com ele os mesmos elementos que vemos no universo: a terra, a água, o ar, o fogo, que trocaram suas forças conforme a vontade dos homens.

ECCLESIA Brasil

Papa reconhece um novo mártir e sete novos servos de Deus

Guadium Press

Cidade do Vaticano (21/01/2021 11:30, Gaudium Press) Na manhã desta quinta-feira, 21 de janeiro, o Papa Francisco recebeu em audiência o Cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Durante o encontro, o Pontífice autorizou a promulgação de Decretos de reconhecimento de um martírio e sete novos Servos de Deus.

O Santo Padre reconheceu o martírio do Servo de Deus Giovanni Fornasini, sacerdote diocesano; nascido em 23 de fevereiro de 1915 em Pianaccio di Lizzano em Belvedere (Itália), e morto por ódio à Fé, em San Martino di Caprara (Itália), em 13 de outubro de 1944.

Também foram reconhecidas as virtudes heroicas dos seguintes Servos de Deus:

– Servo de Deus Miguel Arcanjo Maria Antonio Vinti, sacerdote diocesano; nascido em 18 de janeiro de 1893 em Grotte (Itália), faleceu em 17 de agosto de 1943.

– Servo de Deus Ruggero Maria Caputo, sacerdote diocesano; nascido no dia 1° de maio de 1907 em Barletta (Itália), faleceu em 15 de junho de 1980;

– Serva de Deus Maria Giuseppa di Gesù (nascida Elisabetta Prout), Fundadora da Congregação das Irmãs da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo; nasceu em 2 de setembro de 1820 em Shrewsbury (Inglaterra) e morreu em Sutton (Inglaterra) em 11 de janeiro de 1864;

– Servo de Deus Tiago Masarnau Fernández, fiel leigo; nascido em 10 de dezembro de 1805 em Madrid (Espanha), faleceu em 14 de dezembro de 1882;

– Servo de Deus Pasquale Canzii, seminarista; nascido em 6 de novembro de 1914 em Bisenti (Itália) e falecido em Penne (Itália), em 24 de janeiro de 1930;

– Servo de Deus Jérôme Lejeune, fiel leigo; nascido em 13 de junho de 1926 em Montrouge (França) e falecido em Paris (França) em 3 de abril de 1994;

– Serva de Deus Adelaide Bonolis, fiel leiga, Fundadora das Obras de Assistência e Redenção Social; nascida em 14 de agosto de 1909 em Milão (Itália), faleceu em 11 de agosto de 1980. (EPC)

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Arcebispo explica o que é e qual é a importância da conversão

Imagem referencial. Crédito: Ben White / Unsplash

PIURA, 25 jan. 21 / 01:35 pm (ACI).- Dom José Antonio Eguren, Arcebispo Metropolitano de Piura, no norte do Peru, explicou o que é a conversão e a sua importância na vida dos cristãos.

Em sua homilia ao celebrar a Santa Missa do dia 24 de janeiro, refletindo sobre o Evangelho de São Marcos no qual Jesus chama a “converter-se e acreditar na Boa Nova”, Dom Eguren explicou que “conversão significa 'mudança de mentalidade', mas não se trata apenas de um modo distinto de pensar a nível intelectual, mas da revisão do próprio modo de agir à luz dos critérios evangélicos”.

“Com efeito, a conversão ou metanóia a que somos chamados consiste no esforço de interiorizar e assimilar os valores evangélicos que contrastam com as tendências dominantes presentes no mundo”, sublinhou.

O Arcebispo de Piura frisou que "a conversão implica despojar-nos dos pensamentos, sentimentos, comportamentos e hábitos que se opõem ao Evangelho ou que prescindem dele, para nos revestirmos daqueles pensamentos, sentimentos e comportamentos do Senhor Jesus, o homem novo e perfeito".

“A conversão é um processo que abrange toda a nossa vida. É despertado e sustentado pela graça que conta com a nossa livre colaboração”, destacou.

O Prelado peruano ressaltou que “a conversão é o fruto do encontro com Jesus. Por isso que ‘conversão e crer’ se implicam mutuamente”.

“O encontro com Jesus vivo nos move à fé, a qual exige a conversão como um processo permanente e constante que abrange toda a vida”, expressou.

“Queridos irmãos, isso é converter-se, isso é crer. Quando Jesus apareceu no horizonte de suas vidas, Simão Pedro, André, Tiago e João, deixaram tudo: barco, redes, pai, trabalhos, para ir com Jesus”, lembrou.

Dom Eguren indicou que “o Senhor atraiu todo o seu interesse e coração. Todo o anterior ficou para trás, porque Jesus era muito mais valioso e importante que aquilo que deixavam”.

"Só o conhecimento de Cristo foi capaz de fazer com que mudassem suas vidas de forma tão radical".

O Arcebispo peruano destacou que “no caminho da conversão se trata de ser verdadeiros discípulos, aspirando incessantemente a deixar-se educar pelo Espírito Santo, através da ação materna de Santa Maria, para que nos tornemos 'outros Cristos'”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Vacina contra Covid para indígenas no Brasil: entre fake news e discriminação, a esperança

Povo Guajajara é vacinado no interior do Maranhão

Muitos indígenas no país já comemoram a chegada do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 nas aldeias, apesar da desinformação que desestimula indígenas a se vacinarem, mas como “um sinal de esperança para ter o povo vivo por mais tempo”, declara uma indígena Guajajara do Maranhão. Isso nas aldeias, porque os indígenas que vivem em contexto urbano são excluídos do cronograma prioritário de imunização - cerca de 46% da população indígena no Brasil. Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi, pede “urgência" em "reconhecer o total desse grupo prioritário e alcançá-lo em sua totalidade”.

Andressa Collet - Vatican News

Os indígenas fazem parte dos grupos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19 no Brasil, segundo o Plano Nacional de Vacinação apresentado pelo governo federal. Porém, dom Roque Paloschi, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à CNBB que atua em defesa dos direitos dos povos indígenas, recorda que o cronograma de imunização prioritária que contempla pouco mais de 410 mil indígenas “não inclui a totalidade da população indígena que vive no Brasil” porque exclui quem vive nas aldeias urbanas:

“O critério adotado demonstra racismo institucional, uma vez que define como indígenas apenas povos que vivem em aldeias de terras indígenas homologadas, ignorando os povos que vivem em contexto urbano que, segundo dados do Censo IBGE, de 2010, são cerca de 46% da população indígena no Brasil. O termo usado pelo ministro da Saúde, ‘indígenas aldeados’, nos remete ao período da ditadura militar que representa uma discriminação, onde o governo pretende definir de forma arbitrária quem é e quem não é índio, estabelecendo assim um conflito com a Constituição Brasileira, com os marcos legais nacionais e internacionais, e com o Movimento Indígena. O Censo populacional de 2010 indica a existência de quase 900 mil indígenas no Brasil. O Plano Nacional de Vacinação, portanto, precisa reconhecer o total desse grupo prioritário e alcançá-lo em sua totalidade.”

A declaração de dom Roque é um reforço à uma nota divulgada pelo Cimi em 18 de janeiro quando se posiciona sobre essa “exclusão de indígenas” do Plano de Vacinação do país e, assim, ao acesso à saúde pública. O texto ainda recorda que indígenas que vivem no contexto urbano, em grande parte, foram expulsos dos seus territórios por invasores, o que não justificaria a exclusão no cronograma de vacinação: “o fato do indígena estar fora da aldeia não faz com que ele deixe de ser indígena”, salienta a nota do Cimi.

O conselho também traz dados de um estudo da Universidade Federal de Pelotas em que aponta que a prevalência do coronavírus entre a população indígena urbana (5,4%) é cinco vezes maior do que a encontrada na população não indígena (1,1%). Por isso, o presidente do Cimi fala em nome do Movimento Indigenista e pede “urgência na vacinação de toda a população indígena do país”.

O lado mais vulnerável da pandemia

Em quase um ano de pandemia, de acordo com os dados do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena, integrado por lideranças indígenas, 46.508 indígenas foram contaminados pela Covid-19 e 929 faleceram em decorrência da doença, afetando diretamente 161 povos em todo o Brasil. A vacina, portanto, através da imunização em massa, vai ajudar a combater a disseminação do coronavírus sobretudo nos grupos mais vulneráveis, como dos indígenas.

“Essa vacina é a esperança da nossa sobrevivência.”

Tomar a vacina também é combater contra a desinformação nas aldeias

A vacina da sobrevivência

No interior do Maranhão, no Território Indígena do Rio Pindaré, que fica no município de Bom Jardim, a mais de 200 Km de São Luís, a vacina já é uma realidade para o povo Guajajara, apesar dos desafios enfrentados dentro das aldeias para combater um outro vírus, o da desinformação que desestimula indígenas a se vacinarem. Em depoimento a Genilson Guajajara, que participa do Coletivo de Comunicação Pinga-pinga das comunidades tradicionais do Maranhão, a Arlete Viana dos Santos Guajajara contou sobre o momento histórico e de esperança vivido na terra indígena. Ela é a atual presidente da Associação Indígena Comunitária Mainumy:

“Pra mim e acredito que para muitos parentes, a chegada dessa vacina dentro dos territórios indígenas é sinal de esperança de ter o nosso povo vivo por mais tempo. Porque, essa maldita doença, ela já matou muitos e muitos parentes. Então, para gente é uma esperança muito grande de ter o nosso povo vivo por mais tempo. É uma pena que existe muito fake News. Tem pessoas que acham que estão vivendo somente para espalhar essas fake News, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro. Então, isso acaba atrapalhando muita a questão da vacinação dentro dos territórios. Mas, assim, nós enquanto lideranças, temos esse papel de, na verdade, fazer articulação e desmentir essas fake news dentro dos territórios. Como podemos fazer isso? Chamando os parentes, conversando e explicando como é que funciona a vacina. Enfim, fazendo a nossa parte mesmo para o bem de toda a nossa população, porque essa vacina ela é a esperança de sobrevivência nossa.”

Vatican News

Local do batismo de Jesus é na Jordânia, não em Israel

Producer | CC BY-SA 3.0
por J-P Mauro

"Betânia além da Jordânia" é o lugar onde Cristo foi batizado e hoje é Patrimônio Mundial da UNESCO.

O Patriarca Latino de Jerusalém reafirmou o local do batismo de Jesus Cristo como na margem oriental do rio Jordão, na Jordânia. A Igreja Católica identificou “Betânia além da Jordânia”, um Patrimônio Mundial da UNESCO, como o lugar onde João Batista batizou Jesus Cristo.

O arcebispo Pierbattista Pizzaballa fez a declaração para esclarecer a confusão sobre a localização do importante local cristão. Em uma notícia recente, Israel anunciou a conclusão de um projeto para remover minas terrestres de um “local de batismo” no lado oeste do rio Jordão.

O arcebispo Pizzaballa disse ao Catholic News Service:

“É claro a partir do histórico, arqueológico e, na verdade, todos os pontos de vista que o verdadeiro local do batismo de Jesus Cristo (no rio Jordão) está no lado jordaniano. Tradicionalmente, historicamente e de acordo com a Bíblia, é deste lado.”

“Betânia além da Jordânia” foi escavada há mais de 25 anos, revelando fundações de igrejas dos romanos e bizantinos. Acredita-se que esses edifícios foram construídos para comemorar o local do batismo de Cristo. Desde então, “Betânia além da Jordânia” se tornou um ponto de encontro para os peregrinos, recebendo mais de 100.000 visitantes por ano.

Uma benção para o turismo

Na entrevista ao CNS, o arcebispo Pizzaballa passou a chamar a capela de São João Batista, do lado israelense, de atração turística. Ele sugeriu que, enquanto nas proximidades de “Betânia além do Jordão”, não é o local do batismo de Jesus. Ele disse:

“Existem milhões de peregrinos do outro lado (Israel e Cisjordânia) e eles querem explorar o lugar. A lógica deles é que temos milhões de peregrinos que não podem ir à Jordânia, então eles oferecem o outro lado. Agora, após a preparação do local, eles viram o potencial turístico e, suponho, de negócios.”

O debate sobre a localização foi amplamente encerrado em 2015, quando a UNESCO nomeou “Betânia além da Jordânia” como Patrimônio Mundial. A UNESCO tomou a decisão após seguir a orientação de dois papas. Em 2000, São João Paulo II esteve presente na inauguração de “Betânia além da Jordânia”, ocasião em que o pontífice reconheceu o local como tal. Este sentimento foi ainda apoiado pelo Papa Bento XVI, quando visitou o local em 2009.

No lado israelense do rio, dezenas de minas terrestres colocadas em meados do século 20 foram finalmente removidas. A capela de São João Batista voltou recentemente aos seus antigos zeladores franciscanos e as missas foram retomadas. Espera-se que a área, do outro lado do rio do local do batismo jordaniano, acrescente vários prédios de igrejas e se torne uma atração turística popular.

Aleteia

Nancy Pelosi ataca pró-vidas católicos e evangélicos nos EUA por causa do aborto

Nancy Pelosi. Crédito: Gage Skidmore (CC BY-SA 2.0)

WASHINGTON DC, 25 jan. 21 / 11:16 am (ACI).- Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes nos Estados Unidos, atacou os pró-vidas no país por sua oposição ao aborto e disse que "estavam dispostos a jogar toda a democracia por água abaixo só por causa deste tema”.

Em um episódio de 18 de janeiro do podcast "You and Me Both with Hillary Clinton" (Você e eu com Hillary Clinton), Pelosi disse que os pró-vidas foram “culpados” pela eleição de Trump. “Acredito que Donald Trump só é presidente por conta de suas posturas contrárias ao direito de a mulher decidir”, ou seja, devido às suas fortes posturas pró-vida.

A congressista afirmou que os norte-americanos estavam dispostos a “jogar toda a democracia por água abaixo” apenas por causa do apoio de Biden ao tema dos direitos reprodutivos. Do mesmo modo, destacou que o apoio de eleitores pró-vidas e religiosos a Trump era um tema que "como católica, me dava muita pena”.

Quando Hillary Clinton concorreu com Trump em 2016, a plataforma do Partido Democrata se destacou por sua postura extrema em relação ao aborto. Isso incluía, pela primeira vez, um apelo para rejeitar a Emenda Hyde que evita o uso de impostos para pagar abortos. Essa política foi apoiada por ambos partidos durante 50 anos.

No podcast de 18 de janeiro, a presidente da Câmara disse que quando Trump elaborou uma lista de juízes que nomearia como presidente, foi como um chamariz "para os evangélicos, católicos e todos os demais: uma mulher não terá o direito de escolher".

Os bispos dos Estados Unidos assinalaram que, embora o fim da pobreza e a pena de morte não possam ser ignorados, o fim do aborto continua sendo uma "prioridade proeminente" para eles, "porque ocorre no santuário da família e pelo número de vidas que são destruídas”.

Clinton disse que uma das "terríveis ironias" da postura pró-vida foi o declínio na taxa de aborto durante o mandato de presidentes democratas. A ex-senadora disse que "com a contracepção adequada, a educação e as conversas livres de estigmas, os números podem continuar caindo".

“Portanto, o que é incrivelmente triste é que aqueles que, na minha opinião e experiência, não veem este assunto como uma prioridade, tenham usado essas questões e preocupações legítimas, e sim, a compreensão da fé, para obter e usar o poder”, continuou Clinton.

Pelosi comentou depois que aqueles que "se recusam a interromper a gravidez" devem "amar a contracepção" e que aqueles que se opõem a isso são hipócritas porque eles mesmos não têm famílias numerosas.

“Muitas dessas pessoas não têm 13 filhos. E como alguém que teve cinco filhos quase exatamente em seis anos, disse aos meus colegas que quando tenham cinco filhos em seis anos podem vir falar comigo como católicos”, indicou Pelosi.

Embora Clinton esteja correta sobre a queda na taxa de aborto na década de 1990, não disse nada sobre o fato de que, nos Estados Unidos, as taxas de aborto atingiram o pico no início da década de 1980 e têm diminuído continuamente desde então, independentemente do partido político que esteve na presidência.

Em 2011, a taxa de aborto no país estava abaixo da taxa de 1973, ano de Roe vs. Wade que legalizou a prática no país.

E embora Clinton e Pelosi atribuíssem o declínio na taxa de aborto ao uso de anticoncepcionais, o Instituto Guttmacher revelou que as taxas de aborto nos Estados Unidos começaram a cair mais acentuadamente desde 2008, muito antes da promulgação do mandato contraceptivo da lei de cuidado da saúde.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF