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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida

Facebook / Pe. Robson

Advogado declarou esperar que o pe. Robson possa finalmente retornar à vida normal e às atividades pastorais.

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida de Televisão na última quarta-feira, 20 de janeiro. Nessa data, o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, desembargador Walter Carlos Leme, decidiu não considerar o pedido que o Ministério Público do mesmo Estado havia apresentado para continuar investigando o sacerdote e a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), fundada por ele.

Em agosto de 2020, o pe. Robson de Oliveira havia sido acusado de utilizar a associação em proveito próprio, supostamente desviando grande parte do dinheiro que os fiéis doavam à entidade para que fosse direcionado à manutenção e expansão do Santuário do Divino Pai Eterno, situado na cidade de Trindade, próxima de Goiânia.

Em outubro, o Tribunal de Justiça de Goiás determinou o trancamento da ação contra o pe. Robson por falta de provas. A sentença, pronunciada pelo desembargador Nicomedes Domingos Borges, foi acompanhada pelos membros do tribunal de modo unânime.

Em 4 de dezembro, o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás autorizou a retomada da investigação e, três dias depois, o Ministério Público o denunciou, assim como a outras 17 pessoas, por “organização criminosa” e “lavagem de dinheiro”. Logo depois, porém, mais uma sentença do TJ-GO, agora emitida pelo desembargador Leobino Chaves Valente, voltou a determinar o bloqueio do processo, decisão esta que foi reforçada em 17 de dezembro pelo Superior Tribunal de Justiça.

Em 11 de janeiro, o MP-GO requereu que o presidente do Tribunal de Justiça, Walter Carlos Lemes, acolhesse um recurso pedindo mais uma revisão da decisão dos desembargadores. Este é o pedido que, no dia 20, não foi acatado pelo Tribunal.

Processo contra pe. Robson está arquivado definitivamente, noticiou a Rede Vida

O advogado do sacerdote, Pedro Paulo de Medeiros, declarou esperar que o pe. Robson possa finalmente retornar à vida normal e às atividades pastorais depois dos últimos meses de afastamento. Durante as investigações, ele se prontificou a renunciar ao cargo de presidente da Afipe e de reitor do Santuário.

Para o advogado, o processo “transitou em julgado”, o que ele próprio explica dizendo que foi arquivado de modo definitivo, sem que restem pendências do pe. Robson para com a justiça.

No tocante à situação eclesial do sacerdote, a respectiva análise fica agora por conta da sua congregação, a dos padres redentoristas.

Neste último sábado, 23 de janeiro, um grupo de fiéis organizou uma manifestação diante do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, pedindo que o pe. Robson volte a celebrar Missas e a presidir a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).

Confira a matéria da Rede Vida:

https://youtu.be/V7VQFaRYabI

Aleteia

O amor da Igreja pela vocação dos consagrados

Vatican News
https://youtu.be/9CTEV9fS7Wk

Dom João Braz de Aviz envia uma saudação a todos os consagrados por ocasião do Dia Mundial da Vida Consagrada, festa da Apresentação do Senhor ao templo: "Alguns de nós entregaram a sua vida servindo aos irmãos neste momento de dificuldade, outros continuam servindo em ambientes onde existem certo perigo. Mas que possamos pensar que tudo isso faz parte da nossa vocação, faz parte do nosso modo de seguir Jesus Cristo. E que você seja feliz e que possamos construir agora muito mais ainda no espírito da Fratelli tutti do Papa Francisco".

Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano

Este ano de 2021, a celebração do dia 2 de fevereiro será especial por dois motivos: marca a 25a edição do Dia Mundial da Vida Consagrada e a primeira vez que se festeja em meio a uma pandemia, já que em 2020 o coronavírus estava começando a entrar no vocabulário e, sobretudo, na rotina de todo o mundo.

Dos 25 anos que a Igreja celebra este Dia Mundial, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz está há 10 anos à frente da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Em todo este tempo, Dom João ressalta que sempre sentiu o amor do Santo Padre, o seu cuidado para que a vocação seja bem vivida, que se centralize no que é mais importante: o olhar e o amor de Cristo por cada pessoa.

Pandemia: sofrimento e graça

Em entrevista ao Vatican News, Dom João fala também de como a pandemia impactou na vida consagrada, que define como um "momento de sofrimento e de graça".

De sofrimento porque muitos institutos foram foco de contágio, com a perda de vidas humanas. De graça porque criou espaços novos que antes não havia devido à correria do dia a dia: mais tempo para oração, para o diálogo em comunidade e para pensar problemas arquivados.

Foi para encurtar a distância com os consagrados que a Congregação decididiu divulgar uma carta em vista do dia 2 de fevereiro. No texto, a "Fratelli tutti" do Papa Francisco é apresentada como uma bússola para a vida consagrada, um antítodo ao individualismo e um convite a olhar as diferenças em função da fraternidade.

Mas para Dom João, a encíclica do Pontífice é uma exortação a inverter a pirâmide que constitui a Igreja: "O povo de Deus tem que estar em cima, é a referência, e quem tem ministérios particulares deve ser a raiz, o fundamento que ajuda a fidelidade a Cristo".

Vatican News

Estudante é impedida de fazer o Enem usando objetos religiosos

© Jeffrey Bruno / ALETEIA

Ela foi obrigada a retirar uma pulseira em formato de terço e um escapulário que estava usando; supervisora teria argumentado que "a prova é laica".

A mãe de uma estudante usou as redes sociais para fazer um desabafo: a filha dela foi impedida de usar uma pulseira em formato de terço e um escapulário durante a segunda prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).

O caso aconteceu em uma escola – que serve como local de prova – na Vila Mariana, em São Paulo.

De acordo com a publicação, a supervisora da sala pediu para que a estudante retirasse os acessórios religiosos que estava usando. Além disso, a fiscal teria argumentado que “a prova é laica”.

A mãe da estudante, Cristina Mariotti, explicou:

“Hoje fomos buscar nossa filha após o 2o dia do ENEM, à R. Doutor Álvaro Alvim, 90 – Vila Mariana. Ao entrar no carro ela nos informou que a supervisora da sala pediu que ela retirasse a pulseira de prata em formato de terço e o escapulário pra fazer a prova pois, segundo afirmação da supervisora, A PROVA É LAICA!!!!!! Mesmo questionando o porquê desta atitude e uma vez que, no domingo passado não houve nenhuma solicitação, minha filha acabou cedendo e tirou… AGORA EU PERGUNTO: ISTO TEM FUNDAMENTO?”

 O fato gerou revolta entre os católicos, que comentaram na publicação de Cristina Mariotti. Muitos falam em perseguição religiosa, já que na primeira prova a estudante usava os mesmos acessórios e não precisou retirá-los para seguir fazendo o exame.

O que não pode no Enem

site do Ministério da Educação tem uma seção em que informa o que é permitido e o que é proibido durante a realização das provas do Enem. Tanto o site quanto o edital do Enem não mencionam a proibição de artigos religiosos por parte dos estudantes. Os materiais que os participantes não podem portar durante a prova, de acordo com o MEC, são os seguintes:

  • Óculos escuros e artigos de chapelaria, como boné, chapéu, viseira, gorro ou similares;
  • Caneta de material não transparente, lápis, lapiseira, borrachas, réguas, corretivos;
  • Livros, manuais, impressos, anotações;
  • Protetor auricular;
  • Relógio de qualquer tipo;
  • Quaisquer dispositivos eletrônicos, como telefones celulares, smartphones, tablets, wearable tech, máquinas calculadoras, agendas eletrônicas e/ou similares, ipods®, gravadores, pen drive, mp3 e/ou similar;
  • Alarmes, chaves com alarme ou com qualquer outro componente eletrônico;
  • Fones de ouvido e/ou qualquer transmissor, gravador e/ou receptor de dados, imagens, vídeos e mensagens.

Cristofobia: aluno é forçado a tirar crucifixo para participar de foto na escola

por Francisco Vêneto

A cristofobia não existe, dizem os "especialistas", mas ataca novamente mesmo assim: fotógrafa "sugeriu" que o crucifixo era um "insulto".

A cristofobia não existe, segundo os autodeclarados “especialistas”, mas a sua inexistência não a impede de manifestar-se todos os dias. A grande mídia se desvia do assunto, mas os fatos se multiplicam como parte da normalidade – sobretudo nos países supostamente democráticos e liberais do primeiro mundo ocidental.

Dias atrás, o jornal sueco Dagen noticiou o enésimo caso de cristofobia cotidiana no país. Segundo a matéria, de fato, um estudante de 15 anos foi “gentilmente convidado” a tirar o crucifixo do pescoço para participar de uma foto da escola.

Só uma “sugestão” – afinal, a cristofobia “não existe”…

Quem fez a “sugestão” foi a fotógrafa, alegando que o crucifixo era considerado um “insulto” (!) Já o insulto da fotógrafa ao aluno cristão foi candidamente vendido como “gentileza” para com as outras religiões. Alunas com o véu islâmico, aliás, não receberam “sugestão” alguma para retirá-lo.

O estudante relatou ao jornal que seu crucifixo estava pendurado ao pescoço por uma corrente comprida. Mesmo assim, acharam “politicamente mais correto” mandar retirá-lo. Ou “sugerir”, como se de fato fosse apenas uma sugestão.

O jovem declarou, além disso, que a situação o deixou constrangido:

“Eu fiquei um pouco chocado. Nunca tinha passado por isso antes. Então tirei o meu crucifixo e coloquei no bolso. Não me senti bem”.

Foi ele quem apontou a contradição entre o episódio do crucifixo e o fato de que o mesmo tipo de “sugestão” não foi dado a seguidores de outras religiões:

“Eu sei que aqueles que usam o véu não precisam tirá-lo. Claro, eu não queria que isso acontecesse. Mas se eu fui forçado a tirar a minha cruz, o mesmo teria que valer para os outros símbolos religiosos”.

O pai do aluno criticou a omissão da direção da escola, que não agiu para frear a “gentil intolerância” da fotógrafa. Ele observou:

“Pode parecer um assunto de pouca importância. Mas, no fim das contas, o assunto-chave é o tipo de sociedade que nós queremos e quanto vale a nossa liberdade religiosa. Por isso, um incidente como este se torna sério. É uma questão de princípio”.

Aleteia 

Papa institui o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

Papa Francisco presidiu o Ângelus no Palácio Apostólico.
Foto: Vatican Media

Vaticano, 01 fev. 21 / 09:05 am (ACI).- O Papa Francisco anunciou, no final da oração do Ângelus no Vaticano no domingo, 31 de janeiro, a instituição do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja no quarto domingo de julho, “próximo à festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus”.

O Santo Padre explicou que o objetivo deste Dia Mundial é promover o encontro entre as gerações, dos netos com os avós e dos avós com os netos, para “conservar as raízes e transmitir”.

O Pontífice recordou que em 2 de fevereiro, “celebraremos a festa da Apresentação de Jesus no Templo, quando Simeão e Ana, ambos idosos, iluminados pelo Espírito Santo, reconheceram Jesus como o Messias”.

Observou que “o Espírito Santo ainda desperta pensamentos e palavras de sabedoria nos idosos: sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raízes dos povos. Eles nos lembram que a velhice é um presente e que os avós são o elo entre as diferentes gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé”.

O Papa lamentou que “os avós tantas vezes são esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de conservar as raízes e transmitir”.

Por isso, afirmou, “decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja, todos os anos, no quarto domingo de julho, próximo à festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus".

“É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque - como diz o profeta Joel - os avós diante dos netos sonharão, terão a ilusão e os jovens, tomando força dos avós, seguirão adiante, profetizarão. E precisamente 2 de fevereiro é a festa do encontro dos avós com seus netos”, concluiu o Papa Francisco.

Primeiro fruto do ano da família

Em um comunicado do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, divulgada após o anúncio do Papa Francisco, o Prefeito do Dicastério, Cardeal Kevin Joseph Farrell, explicou que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos "é o primeiro fruto do Ano da Família Amoris Laetitia, um dom para toda a Igreja que vai permanecer ao longo dos anos”.

“O cuidado pastoral dos idosos é uma prioridade que não pode mais ser adiada, para cada comunidade cristã. Na encíclica Fratelli tutti, o Santo Padre nos recorda que ninguém se salva sozinho. Nesta perspectiva, é necessário valorizar a riqueza espiritual e humana que foi transmitida através das gerações”.

Não deixar os avós sozinhos

A insistência na importância das gerações anteriores é uma constante na pregação do Papa Francisco.

No dia 26 de julho, festa de São Joaquim e Santa Ana, o Santo Padre convidou “os jovens a fazer um gesto de ternura para com os idosos, sobretudo os mais solitários, nos lares e residências, aqueles que não veem seus entes queridos há tantos meses".

Na ocasião, o Papa convidou a não deixar os avós sozinhos e lembrou às gerações mais novas que os mais velhos “são suas raízes. Uma árvore separada de suas raízes não cresce, não dá flores e frutos. É por isso que a união com suas raízes é importante”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

ACI Digital

B. LUDOVICA ALBERTONI, VIÚVA ROMANA

B. Ludovica Albertoni, Giovan Battista Gaulli 

"No passado, fui mais do meu marido do que de mim mesma, sem poder me dedicar a vós, Jesus. Agora, vivendo apenas por mim, deixo ser minha para ser totalmente vossa".
Nem sempre é fácil pertencer a uma família nobre: é claro que a sobrevivência é garantida, mas há obrigações, às vezes muito onerosas, às quais é preciso se submeter. Isso Ludovica sabia muito bem.
Nascida em 1474, era filha do patrício romano, Estêvão Albertoni, e de Lucrécia Tebaldi. Ao chegar à idade adulta, teve que renunciar à sua vocação para se casar, conforme o desejo da sua família.

Oração como escola da vida

Mas vamos por ordem. Ludovica ficou órfã de pai com apenas dois anos de idade. Sua mãe casou-se novamente, mas ela foi criada pela avó e algumas tias, que lhe deram uma educação cultural e católica.
Aos 20 anos, Ludovica teve que se casar, contra a sua vontade, com o nobre do bairro romano de Trastevere, Tiago de Cetera, de caráter rude e instável. Não obstante, a jovem foi uma esposa fiel e lhe deu três filhas.

O abraço à "Senhora Pobreza"

Com a idade de 32 anos, porém, Ludovica ficou viúva. Ao ganhar a contenda com seu cunhado, sobre a herança do seu marido, distribuiu os bens entre suas filhas e ofereceu toda a sua parte e si mesma aos pobres.
Há muito tempo, frequentava a vizinha igreja de São Francisco de Ripa era guiada, em seu caminho espiritual, pelos Frades Menores, que a acompanharam na decisão de se tornar Terciária franciscana.
Seguindo as pegadas do Pobrezinho de Assis, Ludovica dedicou-se, de modo particular, a tirar as jovens da rua e da ignorância, educando-as, pessoalmente, e ensinando-lhes uma profissão honesta com a qual se manter.
Em 1527, durante o Saque de Roma pelos Lanzichenecchi, ela não poupou esforços para ajudar o povo romano, abrindo-lhes até as portas da sua casa, que a levou a receber o título de "Mãe dos pobres".

A devoção dos romanos

Ludovica faleceu com a idade de 60 anos e foi sepultada, segundo o seu desejo, na Capela de Santana, na igreja de São Francisco de Ripa, em Trastevere. Ali, foi imediatamente venerada pelos romanos, que conheciam a sua fama de bondosa, mas também os episódios de êxtase e levitação que o Senhor quis dar-lhe em vida.
Precisamente como mística, o artista, Gian Lorenzo Bernini, dedicou-lhe uma famosa estátua, obra-prima da escultura barroca.
Ludovica Albertoni foi beatificada pelo Papa Clemente X, em 1671, e é venerada como co-padroeira de Roma.

Vatican News

Santa Veridiana

Sta. Veridiana | A12

Veridiana nasceu em 1182, na Itália, e viveu quase toda a vida enclausurada numa minúscula cela. Pertencente a uma família nobre e rica, os Attavanti, Veridiana levou uma vida santa. Sua pessoa era tão querida que durante a vida recebeu a visita de Francisco de Assis.

Veridiana sempre utilizou a fortuna familiar em favor dos pobres. Um dos prodígios atribuídos a ela mostra bem o tamanho de sua caridade. Consta que certa vez um dos seus tios, muito rico, deixou a seus cuidados grande parte de seus bens, que eram as colheitas de suas terras. Mesmo sendo um período de carestia, o tio nem pensava nos pobres e vendeu a colheita toda. Mas quando o comprador chegou para retirar a mercadoria nada havia no celeiro. Veridiana tinha dado tudo aos pobres.

O tio ficou furioso e ordenou a Veridiana que solucionasse o problema, já que fora a causadora dele. No dia seguinte, na hora marcada, as despensas estavam novamente cheias. Um sinal da presença de Deus na vida da jovem italiana.

Veridiana, após uma peregrinação ao túmulo de Tiago em Compostela, decidiu-se pela vida religiosa e reclusa. Para que não se afastasse da cidade, seus amigos e parentes construíram então uma pequena cela, próxima ao Oratório de Santo Antônio, onde ela viveu 34 anos de penitência e solidão. A cela possuía uma única e mínima janela, por onde ela assistia a missa e recebia suas raras visitas e refeições, também minúsculas, suficientes apenas para que não morresse de fome.

Conta-se que sua santa morte, em 01 de Fevereiro de 1242, foi anunciada pelo repicar dos sinos de Castelfiorentino, sem que ninguém os tivesse tocado.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão
A vida de solidão e recolhimento marcam o profundo amor que Veridiana ofereceu a Deus. Ao lado desta atitude de vida, está também o zelo pelos pobres e abandonados. Oração e ação, marcas essenciais da vida cristã.
Oração
Santa Veridiana, pedimos por vossa intercessão, que Deus nos dê a graça de sermos humildes e praticarmos com ardor verdadeiros atos de caridade, engrandecendo o coração de Deus e ajudando o próximo. Amém!

Portal A12

domingo, 31 de janeiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 7/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 14

Como pode a história estabelecer uma lei contrária à razão? Considerando a interpretação espiritual, não será mais razoável crer que isto sucede como figura e que, através do que foi dito, o Legislador quis propor um ensinamento? O ensinamento é este: que quem se empenha na luta da virtude contra o vício deve fazê-lo desaparecer em seus primeiros brotos. De fato, com a destruição dos primeiros brotos, se destrói também o que lhes segue em continuação, como nos ensina o Senhor no Evangelho, ordenando quase com as mesmas palavras destruir os primogênitos dos vícios egípcios; exorta-nos assim a cortar a concupiscência e a ira (Mt 5, 22 e 28), e a não ter medo nem da sujidade do adultério, nem da mancha do homicídio, pois nenhum destes males tem consistência por si mesmo, mas que é a cólera que leva a cabo o homicídio e o desejo é que conduz ao adultério. Precisamente porque aquele que engendra o mal, antes do adultério produziu o desejo e antes do crime produziu a cólera, quem destrói o primogênito destrói totalmente a descendência que segue o primogênito, do mesmo modo que quem golpeou a cabeça da serpente matou com o mesmo golpe o corpo que rasteja atrás. Porem isto não poderia acontecer se previamente não tivessem sido borrifadas as ombreiras das portas com aquele sangue que afugenta o Exterminador (Ex 12, 23). E se queremos captar com maior exatidão o sentido de quanto se diz, a história no-lo insinua através destas coisas: através da morte do primogênito e através da proteção da entrada com o sangue. Ali, com efeito, se destrói o primeiro movimento do mal e aqui mesmo, pelo verdadeiro cordeiro, se afasta a primeira entrada do mal em nós. Pois uma vez que o exterminador esteja dentro, não o expulsaremos com um simples pensamento; vigiemos com a Lei, para que nem se quer comece a entrar em nós. A vigilância e a segurança consistem em sinalizar com o sangue do cordeiro o montante e as ombreiras da entrada (Ex 12, 22). A Escritura nos explica estas coisas da alma com figuras; também a ciência profana as intuiu ao distinguir a alma em seu aspecto racional, concupiscível e irascível. Deles - diz - o irascível e o concupiscível estão abaixo, sustentando cada um a parte racional da alma, e assim a parte racional, tendo subjugadas as outras duas, as governa e, por sua vez, é sustentada por elas: é impulsionada ao valor pelo apetite irascível e é elevada pelo apetite concupiscível à participação no bem. Enquanto a alma se encontra estabilizada nesta disposição, estando segura por pensamentos virtuosos como se fossem cavilhas, dá-se uma cooperação para o bem de todas as faculdades entre si: a parte racional dá segurança por si mesma às partes que lhe estão submetidas e, por sua vez, recebe o mesmo benefício da parte delas. Porem se a ordem for invertida e o que está acima passar par baixo, caindo para a parte em que é pisada, a razão fará subir sobre si as disposições concupiscível e irascível, e então, o exterminador entrará no interior, sem que se oponha a ele nenhum repúdio proveniente do sangue, isto é, sem que a fé em Cristo ajude no combate àqueles que se encontram nestas disposições. Manda borrifar com sangue primeiro o montante, e besuntar depois as ombreiras de um lado e outro. Como poderia alguém untar primeiro o que está acima, se não estivesse em cima? Não estranhes se estes dois episódios - a morte dos primogênitos e a aspersão do sangue - não acontecem igualmente aos israelitas, e não repudies, por causa disto, nossa consideração a respeito da destruição do mal, como se estivesse fora da verdade. Interpretamos a diferença entre os nomes hebreu de egípcio como a diferença entre a virtude e o vício. Se, pois, o sentido espiritual sugere entender o israelita como o bom, não seria coerente que alguém tentasse matar as primícias dos frutos da virtude, mas aquelas cuja destruição é mais útil que sua conservação. Assim pois, coerentemente, aprendemos com Deus que é necessário destruir as primícias da estirpe egípcia, para que seja destroçado o mal, aniquilado com a destruição de seus primeiros brotos. Esta interpretação está de acordo com a história. A proteção dos filhos dos israelitas tem lugar por meio da aspersão do sangue para que o bem chegue à plenitude; por outro lado, aquele que ao amadurecer haveria de constituir o povo egípcio, este é destruído antes que chegue à plenitude no mal. O que segue está de acordo com a interpretação espiritual que propusemos, acomodando-se ao sentido do discurso. Prescreve-se, com efeito, que se converta em nosso alimento o corpo daquele do qual fluiu este sangue que, mostrado nos montantes das portas, afasta o exterminador dos primogênitos dos egípcios. A atitude dos que levam à boca esta comida há de ser sóbria e conforme com pessoas que têm pressa, não como a que se vê naqueles que se divertem em banquetes, cujas mãos estão soltas, as vestes sem cingir, os pés livres de calçados de viagem. Aqui tudo é o oposto. Os pés estão aprisionados nos sapatos, o cinturão cinge as pregas da túnica aos rins e, na mão, o bastão que defende dos cães (Ex 12, 11). E neste atavio, a comida é posta diante deles sem nenhuma preparação complicada, mas elaborada apressadamente sobre o fogo, de forma improvisada. Os convidados a devoram rapidamente, a toda pressa, até que todo o corpo do animal tenha sido consumido. Comem tudo o que é comestível em redor dos ossos, porem não tocam no que está dentro, pois é proibido romper os ossos deste animal. O que sobra de comida é consumido pelo fogo (Ex 12, 9-10 e Nm 9, 12). De tudo isto se depreende com clareza que a Escritura está visando um significado mais elevado, já que a Lei não nos ensina o modo de comer, para estas coisas é suficiente guia a natureza, a qual colocou em nós o apetite, mas através disto quer significar outra coisa. De fato, que tem a ver com a virtude ou o vício a comida ser apresentada de uma forma ou de outra, com a cintura cingida ou sem cingir, descalços os pés ou com os sapatos, tendo o bastão na mão ou o havendo deixado? Resulta claro, ao contrário, o que significa simbolicamente a preparação do aparato de viagem. Convida-nos diretamente a que reconheçamos que na vida presente estamos de passagem, como caminhantes, impelidos desde o nascimento até à morte pela mesma necessidade das coisas. E que é necessário que as mãos, os pés e tudo o demais estejam preparados para esta saída a fim de ter segurança no caminho. Para que não sejamos feridos nos pés desprotegidos e descalços pelos espinhos desta vida, os espinhos poderiam ser os pecados, protejamo-los com a defesa dos sapatos. Isto é a vida casta e austera, que quebra e dobra por si mesma as pontas dos espinhos, e evita que o mal penetre dentro de nós com um começo pequeno e imperceptível. Uma túnica que flutua solta sobre os pés e que se enreda entre as pernas seria um estorvo para quem anda corajosamente por este caminho, segundo Deus. Neste contexto, poderíamos entender a túnica como a relaxação prazenteira nos cuidados desta vida a qual uma mente sábia, convertendo-se em cinturão do caminhante, reduz e aperta. Que o cinturão é a temperança, se atesta pelo lugar ao qual cinge. O bastão que defende das feras é a palavra da esperança, com a qual sustentamos a alma em suas fadigas e afugentamos os que ladram. O alimento para nós preparado no fogo comparo com a fé cálida e ardente que acolhemos sem demora, de que comemos quanto de comestível está à mão do que come, enquanto deixamos de lado, sem buscar e sem espiar curiosamente, a doutrina que está velada em conceitos duros e dificilmente assimiláveis, entregando ao fogo um alimento semelhante. Para explicar os símbolos utilizados em relação a isto, dizemos o seguinte: alguns dos ensinamentos divinos têm um sentido exeqüível; não convém recebê-los preguiçosamente nem de má vontade, mas saciar- nos, como famintos impelidos pelo apetite, dos ensinamentos que estão diante de nós, de forma que o alimento se converta em robustecimento para nossa saúde. Outros ensinamentos são obscuros, como o indagar qual é a substância de Deus, ou o que existia antes da criação, ou o que há alem das aparências, ou que necessidade marca os acontecimentos, e todas as coisas deste estilo que são investigadas pelos curiosos; é necessário deixar que estas coisas só sejam conhecidas pelo Espírito Santo, que penetra as profundidades de Deus, como diz o Apóstolo (1Co 2, 10). Com efeito, ninguém que esteja familiarizado com a Escritura ignora que nela o Espírito freqüentemente é lembrado e é designado como fogo. Somos levados a esta interpretação pela advertência da Sabedoria: Não especules sobre o que te ultrapassa (Eclo 3, 22), isto é, não rompas os ossos do ensinamento, pois não te é necessário o que está escondido (Eclo 3, 23).

Capítulo 15

Assim é que Moisés tira o povo do Egito. Do mesmo modo, todo o que segue as pegadas de Moisés livra da tirania egípcia a todos aqueles a quem chega a palavra. Penso que os que seguem a quem os conduz à virtude não devem ser privados da riqueza egípcia, nem carecer dos tesouros estrangeiros, mas devem levar consigo todas as coisas que pertencem a seus adversários por empréstimo. Isto é o que Moisés manda o povo fazer (Ex 12, 35-36). Que ninguém, tomando isto ao pé da letra, entenda o propósito do Legislador como se ele mandasse despojar os ricos e se convertesse assim em condutor da injustiça. Ninguém que considere atentamente as leis que seguem em continuação proibindo a injustiça contra os que estão perto, tanto aos que estão acima como aos que estão abaixo, diria na verdade que o Legislador tivesse ordenado isto, ainda que a alguns pareça ser justo que, com este subterfúgio os israelitas paguem a si mesmos os salários pelos trabalhos prestados aos egípcios. Com efeito, uma ordem assim não estaria livre da acusação de não estar limpa de mentira e engano. De fato, quem toma uma coisa emprestada, e sendo alheia não a devolve a seu dono, comete injustiça por privá-lo dela; e se esta coisa é sua, ao menos é chamado mentiroso por enganar a quem a tinha com a esperança de tirar proveito. Por esta razão, mais apropriada que a interpretação literal, é a interpretação espiritual que exorta aqueles que buscam uma vida livre através da virtude a abastecer-se com a riqueza estrangeira na qual se glorificam os que são alheios à fé. Assim ocorre com a ética, a física, a geometria, a astronomia, a dialética e todas as demais ciências que são cultivadas por quem não pertence à Igreja. O guia da virtude exorta a tomá-las de quem, no Egito, as possui em abundância, e a usá-las quando forem necessárias a seu tempo, quando seja necessário embelezar o divino templo do mistério com as riquezas da inteligência. Na verdade, aqueles que haviam entesourado para si esta riqueza a apresentaram a Moisés quando trabalhava na construção da tenda do testemunho, prestando cada um sua contribuição para a preparação das coisas santas. Podemos ver que isto também ocorre hoje. Muitos apresentam à Igreja de Deus, como um dom, a cultura pagã. Assim fez o grande Basílio que adquiriu formosamente a riqueza egípcia no tempo de sua juventude, a dedicou a Deus, e embelezou com esta riqueza o verdadeiro tabernáculo da Igreja.

ECCLESIA Brasil

Deixem as igrejas abertas o dia todo

Guadium Press

O cardeal de Valencia, Mons. Antonio Cañizares, escreveu uma carta, no dia 25 de janeiro, a todos os diocesanos.  

Redação (29/01/2021 17:37Gaudium Press) No momento em que aumentam os números de casos de pessoas infectadas pelo coronavirus, o cardeal escreve uma carta a toda a Diocese de Valência, dando palavras de alento, esperança e confiança em Deus.

“Não tenhais medo!” diz o cardeal, “em uma situação difícil, é a hora de avivar a fé e fortalecê-la. Muito me entristeci ao ler esta manchete no jornal: O esquecimento de Deus em plena pandemia.”

Diante disso, ele escreveu: “não podemos permanecer quase impassíveis, resignados e sem esperança. É a hora de Deus, que não nos deixa e nem permitirá que nos afundemos na pandemia.”

De fato, em todos os acontecimentos trágicos na história, a população se reunia nas igrejas ou fazia procissões para alcançar de Deus a paz e o afastamento dos flagelos. “O próprio Deus no-lo mostra em tantos testemunhos ao longo da história, em momentos difíceis e em provas, como acontece hoje.”

A Eucaristia

No entanto, para viver e aumentar a fé acrescenta o cardeal “é preciso participar da Eucaristia, escutar a Palavra de Deus nela, tomar parte na celebração do mistério da fé, comungar realmente – comer o Pão da Vida – não só espiritualmente. Rezar e adorar o Santíssimo, realmente presente neste sacramento da fé, da verdade e da caridade.”

Em seguida, ele pede aos sacerdotes que celebrem presencialmente a Eucaristia, não só por internet ou outros meios. E para isso ele declara “que eles têm não só permissão mas a súplica; quantas vezes seja necessário ou oportuno fazê-lo, que o façam, guiados pela prudência, mesmo que numericamente poucos fieis participem, mesmo que estejam sozinhos ou quase, sempre guardando as medidas de prudência e responsabilidade necessárias. A fé não se mantém sem a Eucaristia.”

Pede também: “deixai as igreja abertas o dia todo com o Santíssimo exposto para que os fieis possam estar com o Senhor, orando e adorando-O e vós também. O povo fiel necessita da Eucaristia.”

Catequese em família

O cardeal convida as famílias a rezar, a ler e comentar a Sagrada Escritura em casa: “que se dê em família a catequese ou o ensino da fé aos pequenos ou aos jovens sem pudor, temor e vergonha, com liberdade, ânimo e fé.” Ele propõe que as paróquias e a Delegação diocesana ofereçam o material para a catequese.

E por fim, agradece a todos que ajudam no ministério pastoral com sacrifícios e generosidade. E conclama os sacerdotes a reforçar a oração pessoal já que “não podemos esquecê-la nem deixar alguma brecha por onde o mal possa entrar.”

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Demolição de cruz em Córdoba: bispo pede mais respeito

diocesisdecordoba.com
por Fundação AIS

A retirada da Cruz do espaço público – posteriormente terá sido atirada para uma lixeira pública – veio inflamar o debate sobre a questão da liberdade religiosa na Espanha.

Na quarta-feira, dia 20 de Janeiro, funcionários do município de Aguilar de la Frontera, na província espanhola de Córdoba, procederam à demolição e posterior remoção de uma cruz existente num pequeno largo defronte do Convento das Carmelitas Descalças.
A operação, que obrigou à utilização de uma grua, foi acompanhada por diversos populares que protestaram e procuraram opor-se à retirada do símbolo religioso que data do final da década de trinta do século passado.
Os protestos inundaram também as redes sociais e está já a decorrer uma recolha de assinaturas, por parte da organização “advogados cristãos” para que a Justiça faça reverter esta decisão da autarquia local. Até ao momento, já teriam sido recolhidas mais de cem mil assinaturas.
O Bispo de Córdoba, D. Demetrio Fernández, pronunciou-se sobre a retirada deste símbolo cristão da via pública, pedindo para que os “sentimentos religiosos” da comunidade cristã “sejam respeitados”.
A decisão de retirada da cruz do largo defronte do Convento das freiras Carmelitas baseia-se na lei da “Memória Histórica” em que se procura erradicar do espaço público símbolos que contenham elementos de exaltação do regime franquista. Esta situação é contestada pela comunidade cristã local pois uma inscrição alusiva ao governo do General Franco que existiu na Cruz, já tinha sido demolida pelas autoridades locais na década de 1980.
A retirada da Cruz do espaço público – posteriormente terá sido atirada para uma lixeira pública – veio inflamar o debate sobre a questão da liberdade religiosa no país.
D. Demetrio pediu, durante uma missa celebrada na paróquia local, que as autoridades “sejam respeitosas para com os nossos sentimentos religiosos”.

Aleteia

Papa ao Tribunal Apostólico: a preocupação com os filhos, após nulidade matrimonial

A audiência com o Papa na Sala Clementina

Francisco, na audiência desta sexta-feira (29) de inauguração do Ano Judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana, no Vaticano, direcionou o discurso ao tema do matrimônio legalmente declarado nulo e de uma questão relevante: “o que será dos filhos e da parte que não aceita a declaração de nulidade?”. Francisco enalteceu aos oficiais, mas também estendeu o apelo a bispos e colaboradores das Igrejas locais, a importância de considerar "o bem integral das pessoas" diante de efeitos desastrosos que uma decisão sobre a nulidade matrimonial pode acarretar: "se esforcem para exercer essa diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento", tanto ao cônjuge abandonado quanto aos filhos.

Andressa Collet – Vatican News

Como tradicionalmente acontece todo início de ano, o Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira (29), no Vaticano, prelados auditores, oficiais e colaboradores para a inauguração do Ano Judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana. Em discurso, o Pontífice procurou fazer uma ligação com o argumento de 2020 que toca boa parte das decisões do Tribunal atualmente: “por um lado, a falta de fé, que não ilumina a união conjugal como deveria; por outro, os aspectos fundamentais dessa união que, além da união entre homem e mulher, incluem o nascimento e o dom dos filhos e o crescimento deles”.

Francisco, enaltecendo a harmonia entre a jurisprudência da Rota Romana e o magistério pontifício, reforçou “a figura teológica da família como efeito do matrimônio, conforme prefigurado pelo Criador”, um “fruto do projeto divino, pelo menos para a prole gerada. Os cônjuges, com os filhos doados por Deus, são aquela nova realidade que chamamos de família”.

O tema da nulidade do matrimônio

O discurso do Papa, então, foi direcionado ao tema do matrimônio legalmente declarado nulo e de uma questão relevante: “o que será dos filhos e da parte que não aceita a declaração de nulidade?” Em se tratando do bem integral das pessoas, as escolhas diante dessa “árdua transição dos princípios aos fatos” irão afetar diretamente as crianças:

“A nova união sacramental, que se segue à declaração de nulidade, será certamente uma fonte de paz para o cônjuge que a pediu. Entretanto, como explicar aos filhos que - por exemplo – a sua mãe, abandonada pelo pai e muitas vezes não disposta a estabelecer um outro vínculo matrimonial, recebe a Eucaristia dominical com eles, enquanto o pai, convivente ou aguardando a declaração de nulidade do matrimônio, não pode participar da mesa eucarística?”

O Papa recordou que esse tipo de questionamento sobre o tema da família já foi feito em várias sedes, como nas assembleias dos bispos de 2014 e 2015. Os Padres Sinodais perceberam o quanto é difícil, “às vezes impossível, oferecer respostas”. Diante a tantas preocupações e sofrimentos, “um instrumento pastoral útil” da Igreja é a Exortação Apostólica Amoris laetitia, tanto que, em 19 de março, começa o “Ano da Família Amoris laetitia”. No documento, explicou o Pontífice, são dadas “indicações claras para que ninguém, especialmente os pequenos e os que sofrem, seja deixado sozinho ou tratado como um meio de pressão entre pais divididos (cf. Exortação Apostólica Amoris laetitia, 241).”

Francisco, então, fez um apelo ao exercício de uma missão “carregada de sentido pastoral”, sobretudo quando se trata de uma “delicada decisão sobre nulidade ou não de uma união conjugal”:

“Caros Juízes, nos seus julgamentos, não deixem de dar testemunho desta ansiedade apostólica da Igreja, considerando que o bem integral das pessoas exige que não permaneçamos inertes diante dos efeitos desastrosos que uma decisão sobre a nulidade matrimonial pode acarretar. Ao Tribunal Apostólico de vocês, assim como aos outros Tribunais da Igreja, é solicitado que ‘os procedimentos para o reconhecimento de casos de nulidade sejam mais acessíveis e ágeis, se possível, completamente gratuitos" (ibidem, 244). A Igreja é mãe, e vocês, que têm um ministério eclesial numa área tão vital como a atividade judiciária, são chamados a se abrir aos horizontes desta difícil pastoral, mas não impossível, que diz respeito à preocupação com os filhos, como vítimas inocentes de tantas situações de ruptura, divórcio ou de novas uniões civis (cf. ibidem, 245).”

Diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento

O Papa lembrou que “muitas vezes a declaração de nulidade matrimonial é pensada como um ato frio de uma mera decisão jurídica”, mas que não deve ser assim. “Não devemos nos cansar de dedicar toda a atenção e cuidado à família e ao matrimônio”, enfatizou Francisco, não esquecendo que todas as decisões terão efeitos diretos nos filhos.

Ao final do discurso dirigido aos colaboradores do Tribunal Apostólico, o Papa aproveitou para também fazer um apelo aos bispos para que “se abram sempre mais ao desafio ligado a essa temática”. É um caminho, caminho eclesiológico e pastoral necessário para não deixar à intervenção somente das autoridades civis, “os fiéis que sofrem por julgamentos não aceitos e sofridos”.

“É mais urgente do que nunca que os colaboradores do bispo, em particular o vigário judicial, os agentes da Pastoral Familiar e, especialmente os párocos, se esforcem para exercer essa diaconia de tutela, cuidado e acompanhamento do cônjuge abandonado e eventualmente dos filhos, que sofrem as decisões, por mais justas e legítimas que sejam, de nulidade matrimonial.”

Processo breve ainda gera resistência

Ao final do discurso escrito, o Papa, improvisando, agradeceu o trabalho realizado pelo decano que, em alguns meses, deverá deixar o cargo por completar 80 anos. Um agradecimento a dom Pio Vinto Pinto "pela tenacidade que teve em levar adiante a reforma dos processos matrimoniais. Apenas uma sentença, depois o processo breve, que foi como uma novidade, mas era natural porque o bispo é o juiz". Francisco, aproveitou a oportunidade, para contar que recebeu muitos telefonemas e cartas após a promulgação do processo breve - "que teve e tem muitas resistências" e que, segundo as determinações do Papa, confia a decisão sobre uma eventual nulidade ao bispo diocesano: "o juiz é o bispo. Ele deve ser ajudado pelo vigário judicial, deve ser ajudado pelo promotor de justiça, ele deve ser ajudado. Mas ele é o juiz, não pode lavar as mãos. E voltar a isso que é a verdade evangélica". 

Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF