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domingo, 7 de fevereiro de 2021

B. PIO IX, PAPA

Abençoado Pio IX, Basílica de São Paulo Extramuros 

“Os inimigos de Deus desaparecem, um por um, e a Igreja permanece. Passaremos por tribulações, mas jamais vencidos" (Discurso à Ação Católica).

"Joãozinho bondoso": assim era chamado quando criança, em Senegália, província de Ancona, onde nasceu. Era vivaz e gostava de brincar, como todas as crianças. No entanto, nas tardes de sexta-feira, reunia jovens e adultos na praça, ao redor do Crucifixo, aos quais falava sobre o Evangelho. Começou a sua educação com os Padres Esculápios. Frequentavam, com assiduidade, a Confissão e a Eucaristia, até quando, aos 17 anos, decidiu se tornar padre. Assim, transferiu-se para Roma, onde estudou no Colégio Romano.

"Simplesmente padre"

Assim era definido pelo seu irmão Gabriel, porque Giovanni Maria se sentia como tal, não obstante a sua nomeação como Arcebispo, a imposição do chapéu cardinalício e eleição como Sucessor de Pedro. Com efeito, era simplesmente um padre, um pastor que queria ganhar tantas almas para Jesus e queria se tornar santo.
Foi ordenado sacerdote em 1819 e, aos 35 anos, foi nomeado Bispo de Espoleto. Depois, transferindo-se para Ímola, em 1840, foi criado Cardeal e, em 1846, eleito sucessor de Gregório XVI, com o nome de Pio IX.

Pontificado de Pio IX

Durante seu longo pontificado, Pio IX governou a Igreja em um período de grandes revoltas políticas na Itália. De fato, após as insurreições, em 1848, foi obrigado a se exilar em Gaeta, enquanto em Roma se instalava a República Romana dos Mazzini, que declarou a queda do poder temporal do Papa. Em 1850, graças à ajuda de alguns príncipes católicos e à intervenção francesa, Pio IX retornou ao seu lugar. Desde então, presenciou a proclamação do Reino da Itália, em 1861, e a ascensão de Roma como capital da Itália, em 1871.

Amor pela Verdade

Muito devoto de Nossa Senhora, no dia da Imaculada Conceição, em 1854, Pio IX definiu o dogma de fé de que Maria havia sido concebida sem pecado original e que era Santíssima desde o início da sua existência.
No dia 8 de dezembro de 1869, sob a proteção da Imaculada Conceição, inaugurou o Concílio Ecumênico Vaticano I, que reuniu Bispos de todas as partes do mundo em Roma.
Em 1870, com a Constituição “Pastor Aeternus”, Pio IX estabeleceu o dogma da infalibilidade do Papa, enquanto ensina “ex-cathedra”, como mestre da fé e da vida cristã, com a devida autoridade concedida por Cristo. O Papa faleceu em 1878 e foi beatificado por São João Paulo II no ano 2000, durante o Grande Jubileu.
Em uma época de fortes contrastes políticos e grandes incertezas, Pio IX entoava sempre esta oração, que por ele chamada "contra o erro":

Dulcíssimo Jesus, nosso divino Mestre, Vós que sempre tornastes vãs as astúcias infames dos fariseus, com as quais eles dirigiam sempre a Vós, destruí as conspirações dos ímpios e de todos aqueles que, na mesquinhez das suas almas, tentam seduzir e subjugar o vosso Povo com suas falsas sutilezas.
Iluminai todos nós, vossos discípulos, com a luz da vossa graça, para que não sejamos corrompidos pela astúcia dos sábios deste mundo; sábios que difundem, por toda parte, seus erros e seus sofismas funestos, para arrastar também nós para o seu abismo.
Concedei-nos a luz da fé forte para desmascarar as insídias dos ímpios; acreditar, com firmeza, nos dogmas da vossa Igreja e rejeitar, com constância, as máximas enganadoras.

Vatican News

SÃO RICARDO

S. Ricardo | Canção Nova

São Ricardo, padroeiro dos pais de família.

Um Santo que foi Rei

O Rei da Inglaterra Egberto l, que governou por 11 anos o país, morreu no ano de 675, deixando vago o Cargo , pois seu filho Eadric l ainda era uma criança. Então, Ricardo, que era seu tio, assumiu a coroa e governou até que seu sobrinho atingisse a idade certa. No ano de 685, Ricardo l passa o trono da Inglaterra para o sobrinho e legítimo herdeiro, Eadric l. Pouco depois, Ricardo ficou viúvo. Por isso, ele e seus três filhos foram morar no mosteiro de Waltham, seguindo todas as regras de São Bento.

Sábio conselheiro

São Ricardo foi Rei da Inglaterra. Ele foi considerado por seus contemporâneos como um dos melhores conselheiros, pois tinha grande sabedoria. Sempre resolvia as contendas com dialogo e paz. Não ficou muito tempo como Rei, porque queria oferecer seu tempo e seu dinheiro para Deus. Teve 3 filhos que o seguiram e também se tornaram santos: São Vinebaldo, São Vilibaldo e Santa Valberga.

Viagem dos monges

Após alguns anos morando no mosteiro, Ricardo e os filhos se tornaram sacerdotes. Querendo aprofundarem-se na vida espiritual, planejaram fazer uma viagem. Iriam primeiro para Roma e, depois de visitarem as relíquias de São Pedro e São Paulo, iriam para Jerusalém cumprir o resto de sua peregrinação santa.

Morte de São Ricardo

Assim, saíram da Inglaterra entrando pela França e, após um longo tempo de viagem a pé, São Ricardo ficou gravemente doente. Por isso, pararam na cidade de Luca, na Toscana, para que fosse atendido e medicado. A família planejava seguir viagem, mas por causa da gravidade da enfermidade, São Ricardo não suportou e morreu. Era o ano de 722.

Milagres de são Ricardo

O povo começou a chamá-lo de Rei Santo, pois quando foi enterrado na Igreja de São Frediano, muitos milagres começaram a acontecer favorecendo as pessoas que rezavam em seu tumulo. Por isso, começaram a vir romarias de todos os lugares da Europa para rezarem no túmulo de São Ricardo.

Missão dos filhos de São Ricardo

Os filhos de São Ricardo passaram, então, a divulgar os milagres que aconteciam por intercessão do pai. Vilibaldo tornou-se Bispo de Eichstat, Vunibaldo tornou-se Abade de Heidenheim. A filha de São Ricardo,  Valberga, tornou-se Abadessa na Inglaterra. Por causa do exemplo do pai, os filhos se tornaram Santos. Por isso, São Ricardo é o Padroeiro dos pais de família.

Oração a São Ricardo

"São Ricardo, vós que soubestes com tanto a amor e responsabilidade encaminhar vossos filhos pela senda da virtude da santidade com vossas palavras, ensinamentos, exemplos de vida, intercedei junto a Deus para que as crianças e jovens de hoje possam obter, por vossa graça, pais com esse mesmo amor pelas almas de seus filhos, pois a única e maior herança que podemos dar a eles é o caminho que os conduza aos Céus. Por Cristo Nosso Senhor. Amém! São Ricardo, rogai por nós."

Cruz da Terra Santa

sábado, 6 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 13/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 30

O olho da alma de Moisés, instruído nestas coisas e em outras semelhantes, purificado pela visão do tabernáculo e elevado por tais maravilhas, novamente ascende ao cume de outros conhecimentos, ao ser instruído sobre as vestimenta sacerdotal. A ela pertencem a túnica, o efod, aquele peitoral que brilhava com os múltiplos fulgores das pedras, o turbante em torno da cabeça e a lâmina (Ex 28, 36) que estava em cima; os calções, as romãs, as campainhas. Depois, por cima de tudo, o oráculo com o juízo, e a verdade que aparece em um e em outro (Ex 28, 30); e, em fim, as correntinhas que unem ambas as partes e nas quais estão inscritos os nomes dos patriarcas. Os nomes mesmo das vestimentas fazem supérflua uma consideração total e particularizada de cada detalhe. Com efeito, que vestes corporais têm como nome juízo, oráculo ou verdade? Isto nos demonstra claramente que a palavra, por meio destas coisas, não nos está descrevendo uma vestimenta perceptível com os sentidos, mas um ornamento da alma tecido com a prática da virtude. Jacinto é a tinta da túnica que cai até os pés. Alguns dos que nos precederam na interpretação dizem que o relato, com esta tinta, designa o ar. De minha parte, não seria capaz de decidir com exatidão se a plenitude desta cor tem algo em comum com a cor do ar. Contudo, não repudio esta interpretação, pois seu sentido é coerente com uma aplicação à vida virtuosa, já que significa que quem quer consagrar-se a Deus e oferecer seu próprio corpo para o sacrifício e converter-se em vítima viva do sacrifício vivo e do culto espiritual (Rm 12, 1), não deve danificar sua alma com a vestimenta de uma vida dissipada e carnal, mas fazer leves como uma teia de aranhas, pela natureza dos costumes, todas as vestes da vida, e aproximar de si o que leva ao alto, o que é leve e aéreo, para tecer de novo esta natureza corporal, de forma que, quando ouvirmos a trombeta escatológica, nos encontremos sem carga e leves à voz de quem convoca e, levantados ao ar, sejamos elevados juntamente com o Senhor (1Ts 4, 17), sem que nenhum peso nos arraste para a terra (1Co 15, 42-44). Quem conforme a exortação do Salmista fez adelgaçar sua alma como a aranha (Sal 38, 12), se revestiu daquela túnica arejada que vai da cabeça aos pés. Com efeito, a Lei não quer que a virtude esteja mutilada. As campainhas de ouro colocadas entre as romãs designam o esplendor das boas obras. Com efeito, duas são as coisas com as quais se realiza a virtude: com a fé em Deus e com uma vida segunda a consciência. O grande Paulo aplica estas romãs e estas campainhas à vestidura de Timóteo ao dizer que deve ter fé e consciência reta (1Tm 1, 19).

Capítulo 31

Assim pois, que a fé ressoe com som puro e grande na pregação da santa Trindade; que a vida imite a natureza do fruto da romã. Sua aparência é de algo incomestível por estar recoberta com uma casca dura e rugosa, porem seu interior é agradável de ver pela maneira variada e formosa da localização do fruto. E é ainda mais agradável de saborear, por seu doce paladar. O modo de vida sábio e austero não é agradável nem suave aos sentidos, porem está cheio de boas esperanças e amadurecendo tempo oportuno. Quando nosso jardineiro abrir a romã da vida no tempo oportuno e mostrar a beleza do que se guarda nela, então a participação nos próprios frutos será doce para quem os desfrute. Pois diz o divino Apóstolo que toda disciplina no presente não parece trazer gozo, senão tristeza, essa é a primeira impressão de quem toca a romã, porém depois dá um fruto de paz (Hb 12, 11). Esta é a doçura do interior comestível. No texto se ordena que a túnica esteja também com franjas (Ex 28, 35). As franjas são pendentes esféricos colocados no vestido para adorno e não por necessidade. Aprendemos com isto que é necessário medir a virtude não só pelo preceito, mas que devemos buscar também o que está alem do exigido, de forma que se acrescenta ao vestido algo de adorno. Assim se comportava Paulo, que unia de sua parte franjas formosas aos preceitos. Ainda que a Lei prescreva que todos os que servem o altar vivam do altar (1Co 9, 13-14), e que todos os que anunciam o Evangelho vivam disso, ele prega gratuitamente o Evangelho, passando fome, sede e estando nu (2Co 11, 7 e 1Co 4, 11). Estas são as formosas franjas, acrescentadas por nós, que embelezam a túnica dos mandamentos. Ainda mais, em cima da túnica, colocam-se as peças de tela que caem dos ombros e que cobrem até o peito e a espádua, unidas entre si por dois broches em cada lado dos ombros. Estes broches são de pedras que levam gravados os nomes dos patriarcas, seis em cada um. O tecido destas peças de tela é de diversas cores: o jacinto se entrelaça com a púrpura, e o vermelho carmim se mescla com o linho fino; o fio de ouro está entremeado com todas estas cores a ponto de fazer resplandecer uma única formosura em um tecido de tão diversas cores. O que aprendemos com isto é o seguinte: a parte superior do vestido, que se converte propriamente em adorno do coração, é feita da mescla de muitas virtudes. O jacinto se entrelaça com a púrpura, pois a dignidade real se une à pureza da vida. O escarlate se mescla com o linho, porque o resplandecente e límpido da vida cresce juntando-se com o vermelho do pudor. O ouro que brilha entre estas cores designa o tesouro escondido em uma vida assim.

Capítulo 32

Os nomes dos patriarcas, gravados junto aos ombros, contribuem não pouco a nosso ornamento, pois a vida dos homens se encontra enriquecida com os exemplos de boas obras que eles nos deram. Sobre este ornamento das peças de tela, ainda desce, desde cima, outro ornamento. Os escudos de ouro fixados em cada lado dos ombros, sustentando entre eles um objeto de ouro de forma quadrangular resplandecente com doze pedras colocadas em fila. Quatro filas, cada uma com três pedras. Entre elas não havia nenhuma igual à outra, mas cada uma brilhava com seus resplendores especiais. Esta era a forma destes ornamentos. A interpretação dos escudos pendentes dos ombros designa as duas partes da armadura contra o inimigo. Da mesma forma que a virtude está dirigida, como dissemos a pouco, pela fé e pela boa consciência, uma parte e outra é protegida com a defesa dos escudos, e se faz invulnerável ante os dardos do inimigo graças às armas da justiça a direita e a esquerda (2Co 6, 7). O ornamento quadrado que pende dos escudos de uma e outra parte e no qual, gravados em pedras, estão os patriarcas que dão nome às tribos, designa o véu que protege o coração. O relato nos ensina através das vestes que aquele que afastou o perverso arqueiro com estes escudos, adorna a própria alma com todas as virtudes dos patriarcas, cada um resplandecendo de forma diferente no tecido da virtude. A forma quadrada significa a estabilidade no bem, pois um objeto com esta forma é difícil de desarticular, por estar apoiado uniformemente nos ângulos pela retidão dos lados. As correntinhas com que estes ornamentos se aderem aos braços, parece-me que ensinam que, no que se refere à vida superior, é necessário unir a filo prática à que se realiza na contemplação, de forma que o coração se converte em símbolo da contemplação e os braços das obras. A cabeça adornada por diadema significa a coroa destinada aos que viveram retamente. Ela é adornada com o nome que está gravado na lâmina de ouro (Ex 28, 36) com caracteres indizíveis. Quem está revestido com tais ornamentos não leva calçado a fim de não estar sobrecarregado na estrada, nem ser entorpecido com um revestimento de peles mortas, conforme a interpretação que já fizemos na exegese do acontecimento da montanha. Com efeito, como poderia o calçado ser ornamento dos pés, se já na primeira iniciação do mistério foi afastado como estorvo para a subida? Aquele que passou através das sucessivas ascensões que consideramos, leva nas mãos as tábuas feitas por Deus e que contêm a Lei divina. Estas se quebram ao chocar-se com a dureza da resistência dos pecadores. A classe de pecado foi a idolatria. Os idólatras haviam esculpido a imagem de um bezerro, que, uma vez destruída por Moisés, foi dissolvida em água que se fez beber os que haviam pecado até que desaparecesse totalmente a matéria que havia sido posta ao serviço da impiedade dos homens (Ex 32, 15- 20). O relato anunciou então, profeticamente, coisas que principalmente aconteceram agora entre nós, em nosso tempo.

ECCLESIA Brasil

Personalidades católicas e aborto: uma grave responsabilidade que deve ficar clara

Shutterstock_-Sebastian Kaulitzki
por Francisco Vêneto

Diretor da União dos Juristas Católicos de São Paulo recorda: "É incompatível dizer-se católico e, ao mesmo tempo, apoiar o aborto".

Personalidades católicas e aborto: uma grave responsabilidade que deve ficar clara. Este é o mote de um artigo publicado pelo advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal, doutorando em Direito Civil pela Faculdade de Direito da USP e diretor da União dos Juristas Católicos de São Paulo. Seu artigo “O papel do homem público católico em face do aborto“, foi divulgado em janeiro de 2021 pelo jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana.

O advogado começa observando que, assim como 2020 ficou marcado pela pandemia de uma doença mortal que literalmente interrompeu o mundo, também o ano de 1920, exatamente um século antes, ficou marcado pelo início de outra pandemia mortal, que nunca foi interrompida.

Vale acrescentar que, pelo contrário, ela se alastrou e foi se tornando endêmica, pois a disfarçaram de “vacina”: até hoje ela é apresentada, por retórica ideológica, como “solução de saúde pública”. De fato, só entre 2015 e 2019, segundo estimativas da OMS confirmadas pelo Instituto Guttmacher, a pandemia do aborto legalizado matou no mundo cerca de 73 milhões de seres humanos POR ANO.

Foi sob a revolução soviética que, em novembro de 1920, aprovou-se a primeira lei do mundo autorizando o aborto. A partir do âmbito comunista, ela foi se expandindo para outras sociedades não comunistas, mas cada vez mais secularizadas, graças a denominadores ideológicos comuns com a ideologia materialista e utilitarista que embasa o comunismo.

Esta expansão, no entanto, foi acontecendo pela pressão de decisões judiciais e leis impulsionadas por lobbies, o que fez com que, na quase totalidade dos casos, a maioria da população se manifestasse contra a legalização do extermínio de seres humanos inocentes nos seus primeiros estágios de desenvolvimento. O aborto, quase sempre, foi legalizado não conforme e em favor da democracia, mas a despeito da democracia: contra, portanto, a vontade da maioria.

É importante recordar que a Igreja Católica não rechaça o aborto apenas com base em crença religiosa, mas sim, fundamentalmente, com base na lei natural e na objetividade científica e biológica. Um ser humano, afinal, é um ser humano a partir da sua concepção, quando os gametas de seus genitores se fundem e geram um novo ser humano diferenciado de seus pais e em pleno e contínuo processo natural de desenvolvimento, próprio de todo indivíduo da espécie humana. Este novo ser humano já é pessoa por obviedade biológica e, para ser reconhecido, respeitado e defendido como pessoa, não precisa nem depende de nenhuma data convencionada arbitrariamente por um grupo de parlamentares ou magistrados, por mais que alguns destes se arroguem a inexistente prerrogativa de definir que um ser humano só deve ser reconhecido como ser humano a partir da semana 12 no país X, da semana 14 no país Y, da semana 16 no país W. A própria arbitrariedade dessas “datas de validade” do aborto legal já escancara que não se trata de um critério natural, mas meramente ideológico.

Personalidades católicas e aborto: uma grave responsabilidade que deve ficar clara

Mesmo ficando claro que o aborto é preponderantemente uma questão de biologia e moral e não de crença religiosa, Miguel da Costa Carvalho Vidigal corrobora também os aspectos distintamente católicos ligados à defesa da vida do nascituro, sobretudo em relação às personalidades públicas que se declaram católicas.

Em seu artigo, ele destaca:

  • É incompatível dizer-se católico e, ao mesmo tempo, apoiar o aborto.
  • Do ponto de vista bíblico, a base para condenar o aborto é o quinto mandamento da Lei de Deus, “não matarás”.
  • Santo Agostinho, interpretando o Antigo Testamento, afirma que a alma já está presente desde o seio materno.
  • São Jerônimo, em sua Carta a Eustochium, condena expressamente o “parricídio dos próprios filhos não nascidos”.
  • São Basílio enfatiza que “qualquer pessoa que propositadamente elimina um feto incorre nas penas de assassinato. Nós não especulamos se o feto está formado ou não formado”.
  • Já no século I, a Igreja Católica condenava o aborto como ato imoral, e, no concílio de Elvira, nos anos 300, determinou a excomunhão para quem o praticasse, independentemente do estágio de desenvolvimento do bebê.
  • O Código de Direito Canônico de 1983 corrobora, no cânon 1398, a excomunhão “latae sententiae” para quem participa ou colabora com a realização de um aborto. Isto quer dizer que essa excomunhão é automática.
  • Em 2004, o então cardeal Joseph Ratzinger, que viria a ser eleito Papa como Bento XVI, reforçou que as personalidades políticas católicas que promovem o aborto devem ser claramente informadas pelos seus padres sobre o ensinamento da Igreja.
  • No mesmo documento, Ratzinger recorda que esses políticos devem abster-se da Sagrada Eucaristia, que pode e deve ser-lhes recusada. O documento cita o cânon 915 do Código de Direito Canônico: “Não sejam admitidos à Sagrada Comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto”.

Miguel da Costa Carvalho Vidigal menciona também a clara exposição escrita por dom José Guerra Campos, bispo de Cuenca, na Espanha. Mediante carta pastora, o bispo esclarece que todo católico é moralmente obrigado a denunciar, repudiar e exigir a revogação das leis pró-aborto porque o silêncio perante elas é cúmplice de uma verdadeira matança de inocentes. No tocante às responsabilidades do político, dom José Guerra Campos detalha:

“Os católicos que favorecem o aborto em postos de autoridade e de função pública, na medida em que cooperam para a realização de um aborto concreto e efetivo, incorrem evidentemente na mesma excomunhão. Às vezes não se poderá determinar se a ação das autoridades recai em um aborto concreto e efetivo, ou se se restringe a fomentar possibilidades e facilidades gerais para sua concretização. Neste caso será duvidosa a excomunhão; mas não é duvidosa a sua tremenda responsabilidade moral, ordinariamente maior que a dos executores, nem é duvidoso que merecem reprovação pública e penas espirituais, embora estas não se contraiam automaticamente. Os que implantaram a lei do aborto são autores conscientes e contumazes do que o Papa qualifica de ‘gravíssima violação da ordem moral’, com toda a sua carga de nocividade e de escândalo social (…) Os católicos em cargo público, que promovem ou facilitam com leis ou atos de governo — e em todo caso protegem juridicamente — a prática do crime do aborto, não poderão escapar à qualificação moral do crime do aborto, não poderão escapar à qualificação moral de pecadores públicos. Como tais terão de ser tratados — particularmente no uso dos Sacramentos — enquanto não repararem segundo suas possibilidades o gravíssimo mal e escândalo que produziram”.

Miguel da Costa Carvalho Vidigal observa que, recentemente, países como Argentina e Coreia do Sul aprovaram novas legislações favoráveis ao aborto livre. Ele questiona:

“Houve católicos no meio desses políticos que votaram tais leis? Houve quem lhes trouxesse de forma clara a condenação pela qual incorrerão cada vez que um aborto for efetivado no amparo legal que criaram? Mais ainda: haverá católicos dispostos a seguir os ensinamentos de dom José Guerra Campos e a continuar firmes no combate e na luta contra aquilo que o Papa Francisco classificou como assassinato intrauterino?”

O diretor da União dos Juristas Católicos de São Paulo finaliza:

“Que Nossa Senhora, Mãe do Salvador, tenha piedade do mundo por este século de mortes, perpetradas contra os mais indefesos e inocentes dos seres humanos, e nos faça sempre prontos a combater este que é, certamente, um dos principais erros do mundo moderno”.

Aleteia 

Líder católico de Hong Kong é nomeado para o Prêmio Nobel da Paz

Martin Lee Chu-ming / Crédito: Okstartnow -
Wikimedia Commons (CC0 1.0)

HONG KONG, 05 fev. 21 / 01:20 pm (ACI).- El líder católico de 82 anos, Martin Lee Chu-ming, presidente fundador do Partido Democrata de Hong Kong y reconhecido como um dos defensores mais destacados da democracia e dos direitos humanos do território, foi nomeado ao Prêmio Nobel da paz deste ano.

Por quase 40 anos, Lee, que é apelidado de "Pai da Democracia" em Hong Kong, tem feito manifestações pelo sufrágio universal em sua região. Ele foi o presidente fundador, em 1990, do primeiro partido pró-democracia de Hong Kong, os Democratas Unidos de Hong Kong, e liderou o sucessor do partido, o Partido Democrata, enquanto atuava na legislatura do território durante mais de duas décadas.

Lee também ajudou a redigir a Constituição de Hong Kong.

Os membros do Partido Conservador Norueguês, Mathilde Tybring-Gjedde, e Peter Frolic, nomearam Lee para o Nobel, chamando o advogado de "uma fonte de inspiração para o movimento pró-democracia em Hong Kong e para os defensores da liberdade em todo o mundo".

A polícia de Hong Kong prendeu Lee, junto com 14 outros manifestantes pró-democracia, em 18 de abril de 2020. Lee foi preso por participar em protestos de 2019 contra um projeto de lei de extradição, agora retirado, que teria permitido ao Governo chinês extraditar supostos criminosos de Hong Kong a terra firme para serem julgados.

Lee, atualmente, está em liberdade provisória com um julgamento que começará em 16 de fevereiro.

Hong Kong é uma região administrativa especial da China. Os habitantes de Hong Kong desfrutam de liberdade de culto e evangelização, enquanto na China continental há uma longa história de perseguição contra os cristãos que vão contra o Governo.

Milhões de cidadãos de Hong Kong, incluindo muitos católicos, participaram nos últimos anos de protestos pró-democracia em larga escala na ex-colônia britânica, que chegaram ao auge durante o verão de 2019. Nos últimos anos, Pequim reforçou o controle sobre o território da ilha com uma onda de repressão.

Uma nova Lei de "Segurança Nacional" para Hong Kong entrou em vigor em 1º de julho de 2020, imposta diretamente por Pequim. Foi criticada por ser muito ampla em suas definições de terrorismo, sedição e conspiração estrangeira.

Segundo a lei, uma pessoa condenada pelos crimes antes mencionados receberá um mínimo de 10 anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua.

Durante agosto de 2020, vários proeminentes ativistas pela democracia foram presos e acusados, incluindo Agnes Chow, uma ativista católica pela democracia de 23 anos. Chow foi franca em seu apoio aos direitos civis na ex-colônia britânica.

Também entre os presos em agosto estava Jimmy Lai, um executivo católico dos meios de comunicação que apoiou o movimento pró-democracia de Hong Kong nos últimos 30 anos. Um grupo de quase 200 policiais prendeu Lai, em 10 de agosto, junto com pelo menos nove outras pessoas relacionadas ao Apple Daily, o jornal fundado por Lai em 1995.

Após essas prisões, o administrador apostólico, Cardeal John Tong Hon, escreveu ao clero local uma advertência para que não mencionem políticas em suas homilias, segundo Apple Daily.

Lai ficou em liberdade provisória sob fiança por um tempo, mas no início de dezembro foi acusado de conspiração estrangeira. Se condenado, poderia receber uma sentença de prisão perpétua. Lai também foi acusado no início de dezembro de 2020 de violar os termos de um contrato de locação de sua empresa, a Next Digital Media.

Depois de outro breve período de liberdade provisória, Lai foi obrigado a voltar para a prisão em 31 de dezembro, onde permanecerá até uma audiência este mês. Espera-se que o julgamento comece em abril.

Em novembro, três dos ativistas pró-democracia, incluindo Chow, se confessaram culpados de acusações relacionadas ao seu papel em uma “assembleia ilegal” em 2019. No mês seguinte, foram condenados a meses de prisão, com a possibilidade de enfrentarem mais acusações.

Em 6 de janeiro de 2021, a polícia de Hong Kong prendeu mais de 50 pessoas por aparentes violações da lei de segurança, incluindo vários políticos e organizadores que participaram de "primárias" não oficiais para selecionar candidatos da oposição nas próximas eleições.

O território estava planejando realizar eleições parlamentares em setembro de 2020, mas as autoridades as adiaram, citando os perigos representados pela pandemia do coronavírus.

Nos últimos meses, a Diocese de Hong Kong emitiu diretrizes para as escolas católicas sobre a “promoção dos valores corretos da identidade nacional” e respeitar os símbolos nacionais chineses, incluindo a bandeira e o hino nacional. Também bloqueou uma campanha publicitária católica a favor da democracia e uma oração que seria publicada nos jornais locais.

A Diocese de Hong Kong permanece sem um bispo permanente, pois a diocese é dirigida desde 2019 pelo Cardeal Tong, que se aposentou em 2017 e retornou após a morte inesperada do anterior bispo de Hong Kong.

Na semana passada, a Grã-Bretanha abriu um novo caminho para a cidadania britânica para residentes de Hong Kong, concedendo aos que têm status de nacionalidade britânica (no exterior) viver, estudar e trabalhar na Grã-Bretanha por cinco anos e, eventualmente, solicitar a cidadania, informou a NBC News. Espera-se que cerca de 300 mil habitantes de Hong Kong aproveitem o visto e deixem Hong Kong, projeta o governo britânico.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

Comunhão para quem não se confessa há muito tempo: pode?

Philippe Lissac / Godong
por Arquidiocese de São Paulo

Padre responde a dúvida de leitora sobre o acesso à comunhão para quem não se confessa há muito tempo (no caso, há mais de 45 anos).

Comunhão para quem não se confessa há muito tempo: pode? Esta questão foi abordada pelo pe. Cido Pereira em sua coluna de perguntas e respostas no jornal O São Paulo, da arquidiocese paulistana.

Ele havia recebido este questionamento de uma leitora:

“Meu marido vai à missa e comunga, mas sua confissão foi no nosso casamento, 45 anos atrás. E agora?”

Eis a resposta do sacerdote:

“A pessoa que me mandou essa pergunta preferiu não se identificar. Mas é curioso isso, minha irmã. Eu garanto que seu marido todas as tardes quando chega do serviço, antes de tomar a refeição gostosa que você preparou com amor para ele, faz questão de tomar um banho. Assim, ele descansa, se purifica e pode participar da refeição e aproveitar melhor dela. Também quando ele é convidado para um almoço, não vai de qualquer jeito. Vai alinhado, banho tomado, roupa nova. É uma forma de carinho e respeito por quem o convidou”.

Comunhão para quem não se confessa há muito tempo

O padre prosseguiu:

“Não se confessar e ir comungar sempre é complicado. Pode esconder a presunção de ser imune do pecado. E a experiência do pecado faz parte de nossa condição humana. Comungar sempre sem buscar a purificação pela Confissão pode também esconder uma falta de consciência da importância do sacramento da Penitência. E é complicado valorizar um sacramento e desprezar outro, não acha? Você, minha irmã, quer saber se seu marido está pecando. Seria muito fácil dizer que sim, que ele está pecando. Acontece que há uma santa que nos livra do pecado. É a ‘santa ignorância’. Quando eu não tenho noção de que minhas atitudes estão desagradando a Deus, eu não estou cometendo pecado. A Igreja ensina que para haver pecado é preciso que haja matéria grave, consciência de que é pecado e vontade de pecar. Em vez de falar que seu marido está pecando, eu prefiro, então, acreditar que ele está precisando crescer na fé e na consciência do que Deus espera dele. A falta de evangelização provoca atitudes como a de seu esposo. Creio, porém, que ele deve ser um bom esposo. E Jesus que ele recebe sempre na Comunhão um dia haverá de transformar a vida dele para melhor. Fique com Deus, minha irmã. Que Ele abençoe você e sua família”.

Aleteia 

Uma fundação pontifícia utiliza o Papa Francisco para difundir ideologia de gênero?

Alejandro Prosdocimi, do jornal argentino Clarín, conversa com o
Papa Francisco sobre os livros “Com Francisco ao meu lado”,
de Scholas Occurrentes. Crédito: Vatican Media

Vaticano, 05 fev. 21 / 02:29 pm (ACI).- A fundação pontifícia Scholas Occurrentes, que considera o Papa Francisco como fundamental para o seu funcionamento, teria usado a figura e a reputação do Santo Padre para divulgar o material de doutrinação sobre a ideologia de gênero para crianças em pelo menos uma dezena de países da América Latina.

Desde 2015, com o emblema de Scholas Ocurrentes, a coleção de livros "Com Francisco ao meu lado" é publicada em conjunto com jornais da Argentina, México, Espanha, Colômbia, Equador, Guatemala, El Salvador, Peru, Nicarágua e Bolívia, incluindo entre as suas páginas conceitos de ideologia de gênero.

Entre as páginas da coleção está o conto dirigido às crianças intitulado “Soy um perro!” (Sou um cachorro, tradução livre ao português), que apresenta a história do esforço de um “gatinho branco baixinho e corajoso” que queria ser reconhecido publicamente como um cão.

No final da história dirigida às crianças, o gato faz com que os cachorros o reconheçam como um deles graças à defesa de um burro que se identifica como cavalo.

Ao explicar a história "para pais e educadores", Scholas afirma que "nossa imagem e sentido de nós mesmos se desenvolve ao longo de nossas vidas".

Outra das histórias publicadas por Scholas, intitulada “Chiquillería” (Criançada, em tradução livre ao português), afirma que “há crianças que têm pai e mãe. Um de cada. Outros, dois de cada. Outros, um e dois. Ou dois e um”. O fragmento é ilustrado com duas crianças de mãos dadas com dois personagens que usam saias.

No "guia para pais e educadores", Scholas destaca que a história "Chiquillería" ensina que "a diversidade vai além do grupo social ou da cultura a que pertencemos" e inclui "os traços que não somos capazes de mudar: inclui idade, características físicas, gênero e orientação sexual”.

Cada um dos livros da coleção publicada por Scholas Ocurrentes traz um desenho do Papa Francisco e inclui frases do Santo Padre em suas primeiras páginas.

Ao anunciar a divulgação da coleção nos diversos países, informaram que contavam com o apoio do Vaticano e do Papa Francisco.

O jornal equatoriano El Universo informou em 2015 que seu subeditor, César Pérez Barriga “esteve na Cidade do Vaticano para assinar o convênio proposto com Scholas. Lá, foi apresentado o material bibliográfico e, inclusive, os diretores de meios assistentes cumprimentaram” o Santo Padre pessoalmente.

Por sua vez, para divulgar a coleção, o jornal argentino Clarín utilizou um pequeno fragmento de vídeo no qual o Papa Francisco afirma que “90% das cartas das crianças vêm com desenho”.

Além da edição realizada em parceria com o jornal mexicano Milenio, Scholas divulgou “Com Francisco ao meu lado” com o apoio do Governo da Cidade do México por ocasião da visita do Santo Padre em 2016.

ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, enviou pedidos de transparência ao Governo da Cidade do México, em outubro de 2020, para saber como essa publicação foi financiada e quantos exemplares foram impressos, sem obter resposta até o momento.

Em um e-mail enviado em 12 de janeiro de 2021 a Virginia Priano, diretora de comunicação da Fundação Pontifícia, ACI Prensa perguntou quanto dinheiro foi investido e quanto foi recebido em doações por ocasião da publicação “Com Francisco ao meu lado”, assim como o motivo das publicações que promovem a ideologia de gênero. Também perguntou a Scholas Occurrentes se os livros realmente receberam a aprovação do Papa Francisco e do Vaticano.

Priano não respondeu a esse e-mail nem a um recordatório enviado em 2 de fevereiro.

ACI Prensa ligou para Virginia Priano pelo WhatsApp em 3 de fevereiro. Depois de atender e desligar a chamada, o telefone italiano da diretora de Comunicações da Scholas Occurrentes não estava mais disponível, de modo que as mensagens não são mais recebidas e sua foto não pode mais ser vista, como quando um usuário foi bloqueado do sistema de mensagens.

Novas chamadas e mensagens encaminhadas de outro telefone também permaneceram sem resposta.

O que é Scholas Occurrentes e qual é sua relação com o Papa Francisco?

A Scholas Occurrentes define-se no seu site como “somos instituição e somos história, a história do nosso caminhar. Somos isso que contamos e nos contam de nós mesmos... uma instituição aberta ao encontro que nos recria. Como uma obra de arte, guardando as diferenças, vamos escutando o que é esse único de Scholas".

Além disso, estabelece sua origem “na cidade de Buenos Aires quando Jorge Bergoglio era Arcebispo sob o nome de 'Escola de Vizinhos', integrando alunos de escolas públicas e privadas, de todas as confissões religiosas, a fim de educar os jovens como cidadãos no compromisso pelo bem comum”.

Scholas Occurrentes assegura que tem "escritórios na Argentina, Chile, Cidade do Vaticano, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Haiti, Japão, Itália, México, Moçambique, Panamá, Paraguai, Portugal e Romênia"; embora ACI Prensa saiba que a suposta sede nos Estados Unidos deixou de funcionar para fins práticos.

Também está presente “com sua rede em 190 países, integrando mais de 400 mil centros educacionais e atingindo mais de um milhão de crianças e jovens em todo o mundo”.

Scholas Occurrentes foi oficialmente constituída em 14 de maio de 2015, na Espanha, "a pedido da Santa Sé", e tem como objetivos "promover, melhorar a educação e conseguir a integração das comunidades, com foco nas de menos recursos", assim como “promover campanhas de sensibilização sobre os valores humanos”.

Em 15 de agosto de 2015 foi instituída a fundação na Argentina. Nesse mesmo dia, o Papa Francisco assinou um quirógrafo - um decreto pontifício - instituindo as Scholas Occurrentes "como Fundação de Direito Pontifício", assegurando que se trata de uma "rede mundial de escolas que compartilham seus bens, tendo objetivos comuns, com especial atenção àquelas com menos recursos”.

Scholas Occurrentes, os promotores do aborto e milhões em doações

Usando também a imagem do Santo Padre, a Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes lançou sua “Universidade do Sentido”, uma série de conferências virtuais cujos palestrantes incluem conhecidos promotores do aborto legal, como o filósofo Darío Sztajnszrajber e a escritora Luisa Valenzuela.

ACI Prensa teve acesso a documentos financeiros de Scholas Occurrentes que revelam como, sem construir uma única escola para crianças e jovens de baixa renda em qualquer parte do mundo, a fundação pontifícia recebe milhões de dólares em doações e convênios.

No entanto, uma quantia significativa desses milhões de dólares seria usada para pagar honorários, viagens e escritórios.

Só em 2016, a Scholas Occurrentes gastou quase 5,2 milhões de dólares em “honorários profissionais” para sua filial argentina e outro milhão de dólares em “honorários temporários”.

Do mesmo modo, usou mais de 448 mil dólares para "salários e encargos sociais". Em “aluguel de escritórios”, a Scholas Occurrentes gastou mais de 324 mil dólares naquele ano. Outros 300 mil dólares foram para "telefonia móvel".

Em seu “Projecto Ágora. Criação de uma Rede Social Mundial baseada na Educação: Scholas”, a fundação pontifícia afirma que “o Papa é um ativo fundamental para Scholas e, portanto, é necessário um modelo de desenvolvimento que permita à Scholas Global ter amplo controle sobre o uso de sua imagem em todos seus capítulos/sedes”.

Consultas enviadas por ACI Prensa a Scholas Occurrentes sobre a convocação de palestrantes a favor do aborto e o uso de milhões de dólares que recebem em doações permanecem sem resposta desde setembro de 2020.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. DOROTEIA, VIRGEM E MÁRTIR

S. Doroteia, Lucas Cranach, o Velho

Doroteia era uma jovem que, no final do século III, viveu em Cesareia, na Capadócia, uma região da Ásia Menor, onde florescia uma das primeiras comunidades cristãs. Ao abraçar a fé no Senhor, desde pequena distinguiu-se pelo longo tempo que passava em oração, pelo sacrifício do jejum e pelas obras de caridade com o próximo.

A perseguição de Saprício

Naquela época, a Cesareia estava sob o comando do pretor Saprício, perseguidor dos cristãos. Tendo sido informado da fama de Doroteia, mandou prendê-la, obrigando-a a oferecer sacrifícios aos deuses. Apesar das ameaças de ser lançada na fogueira, a jovem permaneceu firme na sua decisão de não abjurar à sua fé. Então, Saprício a confiou a outras duas jovens, Crista e Calista, que, antes dela, haviam renunciado a Jesus para salvar suas vidas. A ideia do perseguidor, porém, deu êxito contrário: Doroteia converteu as duas jovens ao cristianismo. Assim, ambas as donzelas sofreram o martírio antes dela.

O milagre da cesta de maçãs e rosas

Ao ser conduzida ao patíbulo, Doroteia manteve a promessa, que havia feito, muito tempo antes, ao juiz Teófilo que, durante a sentença de condenação à morte por decapitação, a desafiou dizendo: "Envie-me maçãs e rosas do paraíso". Então, pouco antes de ser assassinada, o juiz viu um anjo que, em pleno inverno, lhe entregou uma cesta com três rosas e três maçãs. Imediatamente, ele também acreditou.

O poder da conversão

Como havia acontecido com Crista e Calista, a grande fé de Doroteia, sustentada por um evento prodigioso, levou ao Senhor outra alma: a de Teófilo, que, por sua profissão de fé, também foi condenado à morte. De fato, a sua memória litúrgica está associada à de Santa Doroteia, no mesmo dia 6 de fevereiro.

Vatican News

SS. PAULO MIKI PRESBÍTERO E COMPANHEIROS, MÁRTIRES JAPONESES

Mártires cristãos de Nagasaki, século XVII 

São Paulo Miki tem muitas primazias: além de ser o primeiro mártir cristão japonês do Japão - e não um missionário estrangeiro - também teve a primazia de ter sido o primeiro religioso nativo do País do Sol Nascente, embora não tenha conseguido ser ordenado sacerdote, devido à falta de um Bispo.
Paulo nasceu em Kyoto, capital cultural do arquipélago, em 1556, provavelmente em uma família convertida por São Francisco Xavier, que, em 1550, transcorreu dois anos no país, para aonde levou, pela primeira vez, a Companhia de Jesus. Trinta anos depois, a comunidade cristã local já contava 200 mil fiéis.

Um dos primeiros cristãos do Japão

Aos cinco anos de idade, Paulo recebeu o Batismo e foi enviado para estudar no Colégio dos Jesuítas, dos quais nunca mais se separou. Por causa da sua língua e cultura, encontrou muitas dificuldades em estudar latim; em compensação, tornou-se um especialista em religiosidade local, que fez dele um excelente pregador, capaz de manter contato com as autoridades budistas.
Naqueles anos, o clima era turbulento, por isso Paulo voltou para a sua casa, após uma visita a Roma, onde foi recebido pelo Papa Gregório XIII, que também era repleto de amor por Jesus. Percorreu todos os cantos do seu país, levando a Palavra e suscitando muitas conversões.

A perseguição de Shogun

De repente, a situação no país mudou: um pouco, por causa do comportamento dos cristãos marinheiros espanhóis, que chegavam ao Japão; depois, pelas divergências entre as Ordens missionárias, que chegaram ao país, em 1596. Então, Shogun Hideyoshi, militar samurai, começou uma violenta perseguição contra os cristãos. Paulo foi preso e, no cárcere, encontrou 6 Franciscanos, 3 Jesuítas e 17 leigos convertidos, inclusive 2 meninos muito jovens.

Martírio como Jesus na cruz

Foram 27 os mártires que morreram crucificados no monte Tateyama de Nagasaki, em 5 de fevereiro 1597. Da sua cruz, Paulo perdoou seus algozes e pronunciou um sermão final apaixonado, exortando todos a seguir a Cristo para serem salvos. Como Cristo, pouco antes de expirar, Paulo invocou a Deus Pai, em cujas mãos entregou seu espírito.
Paulo Miki foi canonizado, três séculos mais tarde, pelo Papa Pio IX. Precisamente naqueles anos, seu martírio, narrado em um livro, inspirou a obra missionária de um seminarista vêneto, Daniel Comboni, futuro apóstolo da “África”.

Vatican News

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 12/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História da Moisés

Capítulo 27

O que foi dito não parecerá obscuro a quem acolheu com retidão o mistério de nossa fé. Há certamente um só ser entre todos, que existia antes dos séculos e que foi criado nos últimos tempos, embora não tivesse necessidade de ser criado no tempo (Col 1, 17). Com efeito, como teria tido necessidade de nascimento temporal Aquele que existia antes dos tempos e dos séculos? Por nós, que por causa de nossa inconsideração nos havíamos afastado do ser, aceitou ser criado como nós para levar novamente a ser ao que se havia afastado do ser. Este é o Deus Unigênito, que abarca em si mesmo o universo, e que plantou sua tenda de campanha entre nós (Jo 1, 14). Ao ouvir chamar tenda a um bem tão elevado, não se turbe o amigo de Cristo, como se com o significado desta expressão se diminuísse a grandeza da natureza de Deus. Não existe nenhum outro nome digno para expressar esta natureza, pois todos são igualmente incapazes de uma definição adequada, sejam aqueles que valorizamos pouco, sejam aqueles com os quais cremos vislumbrar algo da grandeza dos conceitos. Assim como todos os demais nomes, cada um com significado parcial, são empregados piedosamente para indicar o poder de Deus - como médico, pastor, protetor, pão, videira, caminho, porta, mansão, água, pedra, fonte e todos os demais nomes que se usam para Ele -, assim também agora, o chamamos tenda em um sentido digno de Deus. De fato, o poder que contem o universo inteiro, no qual habita toda a plenitude da divindade (Col 2, 9), a proteção comum de tudo, que abrange o universo, é chamado tenda com todo o direito. Porem é necessário que a visão esteja em harmonia com este nome, isto é, que cada uma das coisas vistas nos leve à consideração de um conceito digno de Deus. E posto que o grande Apóstolo diz que o véu da tenda inferior é a carne (Hb 10, 20) por estar tecida de fios diferentes que indicam - penso - a substância dos quatro elementos, talvez também ele tenha tido a visão da tenda nos santuários celestiais, quando por meio do Espírito lhe foram revelados os mistérios do paraíso (2Co 12, 4), será oportuno, partindo desta interpretação de uma parte, harmonizar com ela a contemplação da toda a tenda. O simbolismo da tenda pode ser esclarecido por meio das mesmas palavras do Apóstolo. Pois em algum lugar diz do Unigênito, ao que conhecemos designado como tenda: Tudo foi criado por Ele, as coisas visíveis e as invisíveis, os tronos, as potestades, os principados, as dominações, as virtudes (Col 1, 16).

Capítulo 28

Por conseguinte, as colunas reluzentes de prata e recamadas de ouro, os suportes e argolas e aqueles querubins que cobriam a arca com suas asas e todas as outras coisas que contêm a descrição da tenda, se alguém as considera tendo presentes as realidades do alto, são as forças supramundanas que estão na tenda e que, conforme a vontade de Deus, sustenta o universo. Ali estão nossos verdadeiros suportes, que foram enviados para o serviço, por causa dos que hão de herdar a salvação (Hb 1, 14), os quais aderidos a nossas almas como anéis, elevam acima da virtude os que estão Afixados à terra. O texto, que chama querubim ao que cobre com suas asas os objetos secretos colocados na arca da aliança (Ex 25, 18-20), confirma a interpretação que fizemos da tenda. Sabemos que este é o nome das potências que estão em torno da natureza divina, e que Isaías e Ezequiel puderam vislumbrar (Is 6, 2 e Ez 10, 1-17). O fato de que a arca da aliança esteja oculta pelas asas não deve produzir estranheza a quem ouve. De fato, está escrito em Isaías simbolicamente o mesmo em relação às asas. O que aqui se chama arca da aliança, ali é chamado face (Is 6, 2). Em um lugar se oculta com as asas a arca, e em outro a face, significando o mesmo, no meu entender, em ambos os lugares: que é inacessível a contemplação das coisas inefáveis. E se ouvindo falar das lâmpadas que surgem de um só pé e se dividem em muitos braços para que se difunda por toda parte uma luz generosa e abundante, não errarás se entenderes que nesta tenda brilham os variados fulgores do Espírito, como diz Isaías ao dividir em sete as iluminações do Espírito (Is 11, 2 e Ap 4, 5). Quanto ao propiciatório, penso que sequer necessite de interpretação, uma vez que o Apóstolo já colocou a descoberto seu sentido profundo quando disse: A quem Deus propôs como propiciatório (Rm 3, 25). Por altar e incensário, entendo a adoração das criaturas celestes que se realiza continuamente naquela tenda. De fato, diz que não só a língua dos que estão na terra e abaixo da terra (Flp 2, 10), mas também a dos que estão nos céus dirige seu louvor àquele que é Princípio de todas as coisas. Este é o sacrifício agradável a Deus: o fruto dos lábios (Hb 13, 15 e Is 57, 19), como diz o Apóstolo, e o bom perfume das orações (Ap 5, 8). E se entre estes objetos se considera a pele tingida de vermelho e as crinas entrelaçadas, tampouco se cortará a coerência de nossa interpretação. Na visão das coisas divinas, o olhar profético verá prefixada ali a paixão salvadora, conforme simboliza cada uma das coisas enumeradas: na cor vermelha, o sangue; nas crinas, a morte. No corpo, as crinas estão privadas de sensibilidade; por esta razão se convertem em símbolo apropriado da morte.

Capítulo 29

Quando o profeta considera o tabernáculo celestial, o contempla através destes símbolos. Se depois considera a tenda inferior, posto que muitas vezes a Igreja é chamada Cristo por Paulo, poderíamos entender, com todo o direito, que estes nomes designam os servidores do divino mistério, os que a palavra chama também colunas da Igreja, julgando que estes nomes designam os apóstolos, os mestres e os profetas (Col 1, 18 e 1Co 12, 12 e Ef 1, 23 e Ga 2, 9). Com efeito, não só são colunas da Igreja Pedro, João e Tiago, nem só João Batista foi lâmpada que ilumina, senão que todos os que com seu esforço sustêm a Igreja e os que, por suas obras, se convertem em luminárias, são chamados colunas e lâmpadas (Jo 5, 35). Vós sois a luz do mundo (Mt 5, 14), disse o Senhor aos Apóstolos. E o divino Apóstolo, dirigindo-se a outros, manda novamente que sejam colunas, dizendo : Sede firmes e inquebrantáveis (1Co 15, 58). E edificou Timóteo como coluna formosa, fazendo-o, como disse com suas próprias palavras, coluna e fundamento da verdade (1Tm 3, 15). Neste tabernáculo, vemos oferecidos perpetuamente, de manhã e à tarde, o sacrifício de louvor e o incenso da oração (Hb 13, 15). O grande Davi nos dá a entender isto dirigindo a Deus o incenso da oração em perfume e suavidade, e oferecendo o sacrifício com a elevação das mãos (Sal 140, 2 e Ef 5, 2). Ao ouvir falar de peles, se reconhecerá facilmente os que se purificam da mancha dos pecados na água sacramental. Piscina era João, purificando no Jordão com o batismo de penitência; piscina era Pedro, que conduziu até a água três mil pessoas, e isto de uma só vez; piscina de Candace foi Felipe, e todos os que causam a graça em quantos recebem a participação do dom (At 2, 41 e At 8, 27-40). Talvez não nos afastemos do conveniente se interpretarmos que os tapetes, que unidos entre si rodeiam circularmente a tenda, significam a unanimidade de amor e de paz entre os crentes, pois Davi o entende assim quando diz: Fiz da paz teus limites (Sal 147, 14). A pele tingida de vermelho e as cobertas de crinas para completar o adorno da tenda, poderiam ser entendidas respectivamente como a mortificação da carne de pecado (Rm 8, 3) - da que é símbolo a pele tingida de vermelho -, e a austeridade da vida em continência, coisas com as quais o tabernáculo da Igreja se embeleza especialmente. As peles, com efeito, que não têm em si mesmas a força vital que provem da natureza, se torna colorida com a imersão na tinta vermelha, a qual ensina que a graça que floresce por meio do Espírito não nasce senão naqueles que deram morte ao pecado em si mesmos. E se com o tecido vermelho se designa no relato o pudor casto, isto deixamos ao juízo de quem queira pensar assim. O trançado de crinas, que proporciona um tecido áspero e grosso, alude à áspera austeridade que debilita nossas paixões familiares. A vida em virgindade, que mortifica a carne de quem assim vive, mostra em si todos estes traços (1Co 9, 27). O fato de que o interior da tenda, que se chama Santo dos Santos, esteja vedado à maioria, não pensamos que destoe da coerência de nossa interpretação. Pois na verdade é coisa santa, e coisa santa entre as santas, intangível e inacessível à maioria, a verdade dos seres. Posto que está colocada na parte mais íntima e secreta da tenda do mistério, nós não devemos nos ocupar inoportunamente do conhecimento dos seres que estão alem de nossa compreensão, crendo sim que o procurado existe, ainda que não seja patente aos olhos de todos, mas que permanece inefável nas regiões secretas do espírito.

ECCLESIA Brasil

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF