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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Rádio Vaticano completa 90 anos: a voz do Papa para o mundo inteiro

A sede da Rádio Vaticano em primeiro plano tendo como
fundo a Basílica Vaticana 

A estação de rádio projetada e construída por Guilherme Marconi, encomendada pelo Papa Pio XI, completa 90 anos. Hoje, a emissora da Santa Sé fala 41 idiomas. O responsável pela Rádio fala de duas novidades para este aniversário: uma nova página web e a rádio Web.

MASSIMILIANO MENICHETTI

Quase 12 mil horas de transmissão em um ano, incluindo transmissões ao vivo, programas informativos, litúrgicos e musicais. Esta é a carteira de identidade da Rádio Vaticano, a emissora da Santa Sé, criada por Pio XI, que a confiou à Companhia de Jesus, e que foi construída por Guilherme Marconi noventa anos atrás. Hoje transmitimos em 41 idiomas e todos os dias levamos as palavras do Evangelho e a voz do Papa para o mundo inteiro.

Este aniversário é particularmente desafiador para nós. Estamos celebrando nosso 90º aniversário enquanto uma das maiores provações para toda a humanidade está em andamento devido à pandemia da COVID-19. Nossa missão sempre foi a de não deixar ninguém sozinho e levar a esperança do anúncio cristão, a voz do Papa e ler os fatos à luz do Evangelho. Este momento nos questiona e nos desafia ainda mais. Quando, por exemplo, em 9 de março de 2020, o Papa Francisco decidiu celebrar a missa ao vivo na Casa Santa Marta, permitindo que o mundo inteiro rezasse com ele, nossos esforços, técnicos e editoriais, se multiplicaram. Recordamos que naquele período em muitas nações as celebrações estavam suspensas. Além do serviço transmissões ao vivo em várias línguas, criamos novos programas, podcasts e audiolivros, para estar perto de todos, para alcançar todos os cantos do planeta. Nestes meses, além de informar, continuamos a reunir e contar histórias de proximidade, de alívio, de solidariedade. Mostramos o rosto da Igreja e daquela parte da sociedade que constrói pontes, muitas vezes silenciosamente, ajuda e inclui.

Segundo as estatísticas e as pesquisas mais recentes, a rádio goza de excelente saúde. Em muitas partes do mundo, além de ser uma emissora de ondas, transmite também imagens, mensagens, interação. O Rádio vive com as redes sociais, e se tornou parte delas. É certamente imediatismo e rapidez. Nossa vocação é levar a Boa Nova a todos e para isso usamos ondas e bit. A reforma desejada pelo Papa Francisco também nos projetou em uma nova dimensão, caracterizada pela integração com outras mídias, a começar pelo jornal L’Osservatore Romano. Os funcionários da Rádio Vaticano, provenientes de 69 nações, possibilitaramo nascimento do portal Vatican News, que conta com fluxos vídeos, fotográficos, áudio e textuais. Para dar um exemplo: os podcasts da Rádio também são difundidos através das redes sociais do Dicastério para a Comunicação, e frequentemente são acompanhados por imagens e gráficas. E também, as reportagens ou programas de rádio muitas vezes tornam-se páginas web e artigos do L'Osservatore Romano. Somos a expressão de um grande trabalho de equipe e ainda estamos caminhando.

A Rádio Vaticano sempre falou muitos idiomas, mas não tínhamos programações linguísticas especiais. A rádio Web, que agora está sendo criada, estreará em italiano, francês, inglês, espanhol, português, alemão e armênio. Ao longo deste ano, serão criados quase 30 canais ao vivo, correspondentes ao mesmo número de idiomas, que podem ser ouvidos tanto na página da rádio, especialmente desenvolvida em sinergia com o Vatican News, como através do aplicativo da Rádio Vaticano. Será dado um amplo espaço à música e à liturgia em latim.

A Rádio Vaticano transmite via satélite, DAB+, digital terrestre, internet e, naturalmente por ondas hertzianas. Não devemos esquecer que em particular as ondas curtas representam o forte apelo do Papa Francisco, que é o de alcançar as periferias do mundo. Ficamos muito impressionados com o testemunho do padre Pierluigi Maccalli, que foi sequestrado no Níger em 2018 e libertado em outubro de 2020. Após sua libertação, ele expressou seu desejo de nos visitar. Contou-nos que durante sua prisão no deserto do Saara, deram-lhe um pequeno rádio com ondas curtas, que se tornou sua "janela de ar puro". Graças a esse radinho, "apesar de ter que ser reparado várias vezes e de estar aberto em duas partes", ele nos ouvia em francês e italiano e também com o rádio foi possível participar da Missa de Pentecostes com o Papa. Uma proximidade, nos disse, que jamais esquecerá. E nós, desde que conhecemos esta história, sempre que estudamos como otimizar as transmissões para a África, carregamos em nossos corações o que chamamos de Emissões Maccalli.

Hoje, ao celebrarmos estes 90 anos, olhamos para frente, com a força e a consciência de nossas raízes e o desejo de levar a luz do Evangelho a todo o mundo. Todo bom caminho requer a consciência de onde se vem e saber em que direção se está indo. A Rádio Vaticano tem uma grande história de serviço, em apoio da fé, da liberdade, da verdade, da Igreja, uma história marcada por décadas de gestão por parte dos Jesuítas, que ainda são responsáveis por muitas redações. Pio XI, em sua primeira radiomensagem, dirigiu-se "a todos os povos e a toda criatura"; e Pio XII através da Statio Radiophonica Vaticana apelou nos microfones da Rádio para que as tensões não levassem ao abismo da Segunda Guerra Mundial: naqueles anos sombrios, a Rádio realizou um serviço admirável, atuando como ponte, ajudando a obter notícias sobre o destino de milhares de pessoas desaparecidas ou presas.  A Rádio superou todas as barreiras: durante os anos do totalitarismo foi ouvida por muitas pessoas clandestinamente, com o risco de suas vidas, porque essa era a única maneira de participar da Missa. Também recordamos do desafio do Concílio contado em cerca de 3.000 horas de transmissão, das muitas viagens internacionais e, mais uma vez, dos membros fundadores da EBU (European Broadcasting Union), a maior associação global de mídia de serviço público. Vivemos os impensáveis 72 dias, que começaram com a morte de Paulo VI e ficaram na história como o "Ano dos Três Papas", que pôs toda a estrutura da mídia à prova. Enfrentamos a revolução digital, seguida pelas transmissões via satélite, e desafios contínuos até a pandemia que vivemos hoje, sempre com o objetivo de estar perto de todas as pessoas que procuram e desejam ouvir.

Vatican News

Existem demasiadas armas no mundo, afirma o Papa Francisco

Papa Francisco em uma imagem de arquivo. Foto: Vatican Media

Vaticano, 09 fev. 21 / 02:12 pm (ACI).- "No mundo, existem demasiadas armas". Assim se expressou de forma clara e direta o Papa Francisco durante o discurso pronunciado aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, que recebeu em audiência na segunda-feira, 8 de fevereiro.

O Santo Padre qualificou como um "sinal encorajador" a entrada em vigor, em 22 de janeiro, do Tratado para a Proibição das Armas Nucleares, “bem como a prorrogação por mais cinco anos do Novo Tratado sobre a Redução das Armas Estratégicas (o chamado New START) entre a Federação Russa e os Estados Unidos da América”.

Além disso, o Papa recordou as suas recentes palavras na Encíclica Fratelli tutti, nas quais destacou que “se tomarmos em consideração as principais ameaças contra a paz e a segurança com as suas múltiplas dimensões neste mundo multipolar do século XXI, (...) muitas dúvidas emergem acerca da insuficiência da dissuasão nuclear para responder de modo eficaz a tais desafios”.

O Pontífice se reafirmou em suas palavras e reforçou que “não é sustentável um equilíbrio baseado no medo, quando de fato ele tende a aumentar o temor e a ameaçar as relações de confiança entre os povos”.

Da mesma forma, acrescentou que “este esforço no campo do desarmamento e da não proliferação de armas nucleares, que, apesar das dificuldades e reticências, é preciso intensificar, deveria ser feito igualmente no que diz respeito às armas químicas e convencionais”.

Foi neste contexto que afirmou que existem demasiadas armas no mundo, e recordou algumas palavras de São João XXIII pronunciadas em 1963: “A justiça, a reta razão e o sentido da dignidade humana terminantemente exigem que se pare com essa corrida ao poderio militar, que o material de guerra, instalado em várias nações, se vá reduzindo duma parte e doutra, simultaneamente”.

Papa Francisco lamentou que com o pulular de armas “aumenta a violência a todos os níveis e vemos ao nosso redor um mundo dilacerado por guerras e divisões, sentimos crescer cada vez mais a exigência de paz, duma paz que não é apenas ausência de guerra, mas é uma vida rica de sentido, construída e vivida na realização pessoal e na partilha fraterna com os outros”.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

ACI Digital

S. ESCOLÁSTICA VIRGEM, IRMÃ DE S. BENTO

S. Escolástica virgem, Sacro Speco de Subiaco

“Quem ama mais, pode mais”!

Este desafio aconteceu com Bento de Núrsia, mas a vencedora foi sua irmã gêmea, Escolástica, que se consagrou ao Senhor, desde muito jovem. Vivendo à sombra do irmão, pai do monacato ocidental, foi sempre fiel intérprete da sua Regra.

Presume-se que Escolástica, primeira monja beneditina, viveu entre os anos 480 e 543. Natural de Núrsia, região italiana da Úmbria, foi uma dócil aluna de Bento, do qual recebeu a sabedoria do coração, a ponto de superar seu mestre: é o que narra São Gregório Magno nos seus “Diálogos”, único texto de referência, com poucas menções sobre a vida desta Santa; ele descreve ainda um particular episódio, no qual ela revela uma acentuada personalidade humana e grande profundidade espiritual.

Vocação religiosa, nas pegadas do irmão

Segundo a história de Escolástica, diz-se que era filha de Eutrópio, descendente de uma antiga família de Senadores romanos, os Anici, e de Cláudia, morta logo depois do parto dos gêmeos; com 12 anos, foi mandada a Roma, junto com seu irmão Bento, onde ficaram profundamente escandalizados pela vida desregrada da cidade. Bento tornou-se eremita, por primeiro, enquanto Escolástica, herdeira do patrimônio familiar e revelando-se distante dos bens terrenos, pediu ao pai para dedicar-se à vida religiosa. Antes, entrou para um mosteiro, próximo de Núrsia, e, depois, transferiu-se para Subiaco, seguindo o irmão, que havia fundado a Abadia de Monte Cassino, ao leste de Nápoles. Ali, em apenas sete quilômetros de distância, fundou o mosteiro de Piumarola, onde, com as coirmãs, seguiu a Regra de São Bento, que deu origem ao ramo feminino da Ordem dos Beneditinos.

A regra do silêncio

Era normal para Escolástica recomendar a observância da regra do silêncio e evitar conversas com pessoas estranhas no mosteiro, mesmo se fossem visitantes devotos. Ela costumava repetir: “Fiquem em silêncio ou falem de Deus, pois o que, neste mundo, pode ser tão digno para se falar senão sobre Ele?”. Escolástica gostava de falar, a respeito de Deus, sobretudo com o irmão Bento, com o qual se encontrava uma vez por ano. O local onde faziam diálogos espirituais era uma casinha, situada no meio da estrada entre os dois mosteiros.

O milagre que desafiou Bento

São Gregório Magno narra que, no último dos seus encontros, datado de 6 de fevereiro de 543, - pouco antes da sua morte, - Escolástica pediu ao irmão para prolongar a conversa até na manhã do dia seguinte, mas Bento se opôs para não violar a Regra. Então, Escolástica implorou ao Senhor para não deixar o irmão partir, debulhando-se em pranto. A seguir, um temporal inesperado e violento obrigou Bento a ficar com ela, levando-os a conversarem toda a noite.

A primeira reação de Bento com o temporal improviso foi, porém, de contrariedade: “Que Deus onipotente possa lhe perdoar, irmã. O que você fez?”. E Escolástica respondeu: “Eu lhe implorei para ficar e você não me ouviu; pedi a Deus e Ele me atendeu. Agora, pode ir, se quiser; deixe-me e volte ao seu mosteiro”. Foi uma espécie de revanche da irmã, que não pôde se entristecer pelo amadíssimo irmão; pois ele mesmo lhe havia ensinado a se dirigir a Deus, com todas as forças, durante as dificuldades. Assim se destacaram os dotes femininos de Escolástica: docilidade, perseverança e também audácia ao obter o que desejava fortemente.

Unidos em Deus, na vida e na morte

Três dias depois deste encontro, - segundo São Gregório, - Bento recebeu a notícia da morte da irmã com um sinal divino: viu a alma da sua irmã subir ao céu em forma de uma pomba branca. Então, quis enterrá-la na sepultura, que havia preparado para si, onde também foi enterrado, pouco tempo depois. “Como seus pensamentos sempre estiveram voltados para Deus era justo seus corpos também ficassem unidos na mesma sepultura”.

Hoje, quem visita a majestosa Abadia de Monte Cassino, - após 15 séculos de história, - pode experimentar a emoção de estar diante do túmulo dos Santos irmãos, os pioneiros de um grande número de seguidores de Deus.

Vatican News

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

PAIS DA IGREJA: Sobre a Vida de Moisés (Parte 16/20)

São GREGÓRIO DE NISSA

(Aprox. 330-395)

Sobre a Vida de Moisés

Tradução segundo a Patrologia Grega de Migne
com base na versão de D. Lucas F. Mateo

História de Moisés

Capítulo 39

Isto é o mais paradoxal de tudo: como a quietude é o mesmo que o movimento. Com efeito, quem corre não está quieto, e quem está quieto não marcha para cima; aqui, ao contrário, o permanecer estável se origina do caminhar para cima. Isto quer dizer que quanto mais sólida e firmemente alguém se mantém no bem, tanto mais consuma a corrida da virtude. Quem é instável e vacilante quanto à base de suas convicções, por carecer de uma segura estabilidade no bem, sacudido pelas ondas e levado de um lado a outro, como diz o Apóstolo (Ef 4,14), ao estar agitado e duvidoso em sua concepção dos seres, jamais alcançará a virtude. Os que sobem uma costa de areia, ainda que dêem grandes passos, fadigam-se com pouco resultado, pois seus pés se afundam sempre juntamente com a areia; se esforçam no movimento, porem deste movimento não obtêm nenhum avanço. Porém se alguém, como diz o salmo, tira seus pés do seio do abismo (Sal 40, 3), e os coloca sobre a pedra, - e a pedra é Cristo, virtude perfeita (1Co 10, 4) -, quanto mais firme e imóvel se faz no bem conforme o conselho de São Paulo (1Co 15, 58), tanto mais veloz corre sua corrida, servindo-se da estabilidade como de asas: em sua marcha para cima, o coração, por sua segurança no bem, lhe serve de asas.

Capítulo 40

Assim pois Deus, ao mostrar a Moisés o lugar, o excita à corrida. Ao prometer-lhe estabilidade sobre a pedra, mostra-lhe a forma de correr este certame divino. Quanto ao espaço que há na fenda, ao que o relato chama buraco, formosamente o interpretou o divino Apóstolo com suas próprias palavras, dizendo que uma morada celestial não feita por mão de homem está preparada, na esperança, para aqueles cuja tenda terrena tenha sido desfeita (2Co 5, 1). Aquele que na verdade tiver consumado a corrida, como diz o Apóstolo (2Tm 4, 7), naquele estádio amplo e espaçoso a que a palavra divina chama lugar, e tiver guardado efetivamente a fé, como diz o símbolo, este, tendo assentado seus pés sobre a fenda, será recompensado com a coroa da justiça pelas mãos do presidente do certame. Este prêmio é chamado pela Escritura de diversas formas. O mesmo que é chamado aqui cavidade da fenda, em outros lugares é chamado jardim de felicidade, tenda eterna, morada junto do Pai, seio do patriarca, terra dos viventes, água do descanso, Jerusalém celestial, reino dos céus, prêmio dos eleitos, coroa de graças, coroa de felicidade, coroa de formosura, torre de poder, banquete de festa, estar sentado junto de Deus, trono para julgar, lugar ilustre, tenda escondida (Gn 3, 23; Lc 16, 9; Jo 14, 2; Lc 16, 22; Is 38, 11; Sal 23, 2; Ga 4, 26; Mt 3, 2; Flp 3, 14; Pr 1, 9 e 4, 9; Is 62, 3; Sal 61, 4; Ap 3, 21; Sal 89, 15; Is 56, 5; Sal 27, 5). Assim pois, dizemos que a entrada de Moisés na fenda designa a mesma realidade que todas estas expressões. Posto que a fenda é interpretada por Paulo como Cristo (1Co 10, 4), e cremos que em Cristo está a esperança de todos os bens, e sabemos, com efeito, que nEle estão todos os tesouros dos bens (Col 2, 3), quem alcançou algum bem, esse certamente está em Cristo, o qual contem todo bem. Quem avançou até este ponto e esteve protegido pela mão de Deus, como pôs em relevo o relato, a mão talvez seja a força de Deus, criadora dos seres, o Unigênito de Deus por meio do qual foram feitas todas as coisas (Jo 1, 3), o qual é também lugar para quem corre; é, segundo sua própria expressão (Jo 14, 6 e 1Tm 4, 7), caminho dos que correm, e é também rocha para quem está firme, e casa para os que alcançaram o repouso, esse se sentirá chamar, e verá as costas do que chama, isto é: marchará atrás do Senhor Deus (Dt 13, 5), conforme prescreve a Lei. Também o grande Davi, ao ouvir isto, o entendeu, quando diz a quem habita sob a proteção do Altíssimo: Ele cobrirá com suas asas (Sal 91, 4), que é o mesmo que encontrar-se atrás de Deus, pois as asas se encontram nas costas, e grita com relação a si mesmo: minha alma aderiu a Ti, tua direita me sustentou (Sal 53, 9). Vês como concorda o salmo com o relato? Da mesma forma que este diz que a direita protegeu a quem estava aderido a Deus, assim também ali a mão toca em quem espera na fenda a palavra divina, e lhe pede que o siga. Também o Senhor que, ao converter-se em plenitude da própria Lei, recebia a riqueza de Moisés, dirige-se de forma parecida a seus discípulos, e revela claramente as coisas que haviam sido ditas em figuras, quando diz se alguém quer vir atrás de Mim (Lc 9, 23). Não diz: "Se alguém quer ir adiante de Mim". E dirigiu o mesmo convite a quem suplicava pela vida eterna: Vem e segue-me (Lc 18, 22). Pois bem, quem segue vê as costas. Portanto, Moisés, que anseia por ver Deus, recebe o ensinamento de como é possível ver Deus: seguir a Deus aonde quer que Ele conduza, isto é ver Deus. Sua passagem indica que guia a quem o segue. Para quem ignora o caminho, não é possível percorrê-lo com segurança senão seguindo atrás de quem guia. Por esta razão aquele que guia, indo adiante, mostra o caminho a quem o segue, e quem segue não se separará do bom caminho se olhar continuamente para as costas de quem conduz.

Capítulo 41

Quem em seu movimento se deixa levar para os lados, ou se coloca olhando o guia de frente, inventa outro caminho para si, e não aquele que lhe mostra o guia. Por esta razão diz Deus ao que é guiado: Meu rosto não será visto por ti (Ex 33, 20), isto é, não te ponhas de frente a quem te guia, pois obviamente o caminho seria em sentido contrário. O bem não olha de forma oposta ao bem, mas o segue. O que conhecemos como contrário ao bem, isto se o põe de frente. O mal olha para a virtude em sentido contrário; ao passo que a virtude não é olhada de forma oposta pela virtude. Por esta razão, Moisés não olha agora a Deus de frente, mas vê o que está atrás dEle. Pois quem olha de frente não viverá, como atesta a palavra divina: Ninguém verá a face do Senhor e viverá (Ex 33, 20). Vês quão importante é aprender a seguir a Deus: aquele que aprendeu a colocar-se às costas de Deus, depois daquelas altas ascensões e daquelas terríveis e maravilhosas teofanias, já quase na consumação de sua vida, apenas se acha digno desta graça. A quem desta forma segue Deus, não detém nenhuma das contradições suscitadas pelo mal. Pois após isto, nasce a inveja dos irmãos. A inveja, a paixão malvada primordial, pai da morte, primeira porta do pecado, raiz do mal, origem da tristeza, mãe das desgraças, fundamento da desobediência, princípio do paraíso convertendo-se em serpente para dano de Eva. A inveja nos separou com um muro da árvore da vida, nos despojou das vestimentas sagradas e, para vergonha, nos revestiu com folhas de figueira. A inveja armou Caim contra sua natureza, e inaugurou a morte castigada sete vezes. A inveja fez escravo José. A inveja é incentivo portador de morte, arma oculta, enfermidade de nossa natureza, veneno bilioso, putrefação voluntária, dardo cruel, loucura da alma, fogo que abrasa o coração, chama que devora as entranhas. Para ele, é uma desgraça não o próprio mal, mas o bem alheio e, vice versa, é um bom sucesso não o bem próprio, mas o mal do próximo. A inveja, que se entristece com os êxitos dos homens e se alegra com suas desgraças. Dizem que os abutres, devoradores de cadáveres, são aniquilados pelo perfume, pois sua natureza se fez afim do insalubre e pútrido. Assim também quem está dominado por esta enfermidade se consome com a boa sorte do próximo como com a presença de um perfume, e ao ver algum sofrimento por alguma desgraça, revoa sobre ele, e mete seu bico torcido, trazendo à luz os aspectos ocultos da desgraça. A inveja atacou a muitos antes de Moisés. Arrojando-se contra este grande homem, se pulveriza como um vaso de argila estraçalhado contra uma pedra. Nisto, sobretudo, se mostrou o prêmio de caminhar atrás de Deus como fez Moisés; ele havia corrido no lugar divino, havia permanecido firme sobre a fenda e, metido em seu vão, havia sido protegido pela mão de Deus, e havia marchado atrás de quem guiava, sem vê-lo face a face mas olhando suas costas. E que ele alcançou por si mesmo a felicidade ao seguir a Deus se demonstra por ter se mostrado mais elevado que um tiro de arco. A inveja, com efeito, enviou seu dardo contra ele, porem o tiro não alcançou a altura em que se encontrava Moisés. A corda do arco da maldade não teve força suficiente para lançar esta paixão tão longe para que o contagiasse esta enfermidade partindo dos que já haviam caído nela. Aarão e Maria, roídos pela paixão da inveja, se converteram em um arco feito de selos de barril lançando contra ele a palavra como um dardo.

ECCLESIA Brasil

Bispos comentam polêmica gerada por texto-base da Campanha da Fraternidade 2021

Dom Odilo Scherer e Dom Adair José Guimarães /
Fotos: Captura de vídeo

REDAÇÃO CENTRAL, 08 fev. 21 / 12:00 pm (ACI).- Neste ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica e seu texto-base tem gerado polêmicas por fazer referências a conteúdos ligados à ideologia de gênero; frente a isso, o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, e o Bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães fizeram recentemente alguns comentários.

A Campanha da Fraternidade (CF) é celebrada pela Igreja no Brasil no tempo da Quaresma. A cada cinco anos, é realizada de forma ecumênica, como ocorre neste ano de 2021, quando tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e como lema o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14).

Nos últimos dias, começou-se a questionar, sobretudo nas redes sociais, o conteúdo do texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE)2021, por seu conteúdo de ideologia de gênero.

O texto afirma em um de seus trechos que “é importante salientar que as relações sociais de classe, de gênero, de raça, de etnia estão historicamente interligadas”.

Em seguida, afirma que um “grupo social que sofre as consequências da política estruturada na violência e na criação de inimigos, é a população LGBTQI+”, e cita dados do ‘Grupo Gay da Bahia’ apresentadas no Atlas da Violência 2020 para falar sobre a violência contra essas pessoas.

Questionado sobre esta polêmica durante o programa ‘Diálogos de Fé’, transmitido ao vivo por seu Facebook no último domingo, 7 de fevereiro, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, explicou que “a Campanha da Fraternidade, todos os anos, propõe um tema” e que “normalmente é a CNBB, tem uma comissão da CNBB que prepara os textos, é o Conselho Pastoral da CNBB que aprova o texto”.

Entretanto, continuou, “de cinco em cinco anos, a Campanha da Fraternidade é promovida de forma Ecumênica”, como neste ano. Sendo assim, “o texto-base não foi preparado pela CNBB, foi preparado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), do qual também faz parte a Igreja Católica no Brasil”.

O Purpurado pontuou que a CF “é uma campanha de evangelização popular. Durante a Quaresma, sempre se aborda um aspecto da dimensão social da nossa fé. Nossa fé em Deus tem sempre a dimensão social, da caridade, da fraternidade. Sem a fraternidade, nossa fé em Deus pode estar sendo vazia”, disse.

Sobre a CFE deste ano, Dom Odilo assinalou que ,“antes que a Quaresma se inicie, nós já estamos com uma polêmica em torno do texto-base”, o qual “dá a reflexão básica sobre o tema”.

“Acho que essa polêmica precisa baixar um pouco a fervura. Acho que esta polêmica está movida por um monte de preconceitos”, disse, assinando que é algo movido por “paixão antiecumênica” e “por acusações infundadas contra a CNBB”.

“Enfim, é uma polêmica também marcada por polarização ideológica. Acusa de ideologia de um lado, mas comete o mesmo erro de posição ideológica oposta, dura, fechada. Ora, tudo o que não precisa em uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, quando o objetivo é justamente aproximar as igrejas, é promover uma iniciativa boa juntos, nos aproximar mais. Cristo é nossa paz”, declarou

Para o Arcebispo de São Paulo, a polêmica em torno da Campanha da Fraternidade “esqueceu o foco. Cristo é nossa paz”.

Porém, o Purpurado ressaltou: “Eu admito que no texto-base haja posições que podem ser criticas, que podem ser não compartilhadas. Eu posso fazer também as minhas observações sobre questões que talvez eu não diria desse modo, mas, pelo amor de Deus, o foco é outro”.

Assim, indicou que se pode fazer observações em relação ao texto-base, “mas, não esqueça a Campanha da Fraternidade, não esqueça o objetivo, não esqueça o tema, não esqueça o lema”. Para Dom Odilo, “não é quem escreveu a Campanha da Fraternidade que deve ficar no centro, não é quem escreveu o texto-base da campanha e que eu não estou de acordo com uma série de questões, não é isso que deve se tornar o centro da Campanha da Fraternidade”.

Desse modo, exortou a esquecer “um pouco essa polêmica”. “O que tiver que ser criticado, vamos criticar com serenidade. Mas, jogar essa polêmica antes mesmo de iniciar a Campanha da Fraternidade dessa forma não tem cabimento, não é de caridade em relação à Igreja e falta com a verdade também”.

Por sua vez, durante a homilia da Missa celebrada no último domingo, o Bispo de Formosa, Dom Adair José Guimarães, convidou a manter o foco em Cristo, em vez de se preocupar com a Campanha da Fraternidade.

“Não fechemos os nossos corações, não fiquemos escutando coisas que não tem nada a ver com nossa fé, toda essa confusão com Campanha da Fraternidade. Esquece isso. Isso não tem a menor importância para nós. Ele basta, o Cristo”, declarou.

Em seguida, pontuou que “aqueles que querem velejar contra a doutrina da Igreja não terão as suas empreitadas bem-sucedidas”.

“Quem está fora do rumo, quem não segue a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério Ordinário da Igreja bate com a cabeça no muro, como tem batido a Teologia da Libertação, que não tem dado frutos”, acrescentou.

Segundo o Bispo, “muita gente teima nisso e perde tempo porque não descobre a beleza do sagrado, de uma espiritualidade viva e ficam apegados às coisas passageiras deste mundo, sem olhar para o alto”.

“Olhemos para Deus, Ele nos conforta em Cristo, através dos santos, dos anjos e através dos seus sacramentos”, concluiu.

ACI Digital

Você vive a sua história ou a história que Deus tem para você?

tommaso79 | Shutterstock
por Talita Rodrigues

Você escolhe viver a sua história e não a história que Deus preparou para você quando ignora completamente os sinais que Ele te envia.

Quem me conhece sabe que eu sempre digo: “Considerando o fato de Deus ter nos dado o livre arbítrio, temos apenas duas histórias para viver nesta vida. Uma delas é a grande história que Deus preparou para nós, e a outra é a história que nós queremos viver.”

Temos a velha mania de pensar que encerrar ciclos é necessários e doloroso demais. Seja ele de uma amizade que já não te faz bem, de um relacionamento amoroso que tirou o melhor de você ou qualquer outro ciclo que você julgue importante. Temos medo da dor e, por isso, preferimos viver um conta-gotas de dor.

Devido à essa mania errônea, acabamos presos no tempo, mesmo que ele passe. Ficamos de mãos atadas para tentar algo novo, para conhecer um novo amor e até mesmo para nos darmos uma chance de sermos ainda mais felizes.

Como viver a história que Deus tem para nós

E aí você me pergunta: “Mas, Talita, como viver a história que Deus tem para mim?”

Bom, para viver a história que Deus preparou para você, muitas vezes, é preciso aceitar o fim de algo que já se encerrou. Não insista. Deixe Deus guiar sua vida. Respeite o fim de um ciclo que se encerrou e confie em Deus. Creia que Deus só permite o que Ele escreveu em sua história de vida.

Temos o costume prejudicial e errôneo de deixar que o nosso coração humano guie uma determinada situação para benefício próprio. Ou seja: você escolhe viver a sua história e não a história que Deus preparou para você quando ignora completamente os sinais de Deus, e insiste em algo que já terminou e que te faz mal. É simplesmente tóxico.

Já escrevi em outros textos, e repito: encontro  pessoas magníficas presas em relacionamentos completamente falidos. Presas em relacionamentos que só causam dor, insegurança e infelicidade. A cada dia, vivem mais uma pequena dose de dor.

Sabemos que somos humanos, e que sim, despedidas e finais de ciclos que foram importantes para nós em algum momento doem. E como! Mas é melhor viver a dor de forma total a passar a vida inteira sentindo uma pequena dose de dor todos os dias.

Renunciar à própria vontade

Escolher viver a história que Deus preparou para você quer dizer – na maioria das vezes – renunciar à sua própria vontade. Quer dizer que você deve aceitar sem questionar, e que deve viver as demoras e consequentemente os planos de Deus para a sua vida.

Deixe doer apenas uma vez. Evite doses diárias de dor para o resto de sua vida. Deus sabe o que é melhor para você e para a sua vida a partir daqui, a partir do fim. O que parece ser o fim, para Deus, é apenas o começo de algo novo.

Escolha viver a história que Deus escreveu para você, por mais que isso te custe o preço de uma despedida doída.

Vai passar. Sempre passa. E no final das contas, percebemos que sim, a cabeça elaborou, o coração  aceitou, e a vida seguiu para a vontade de Deus.

Aleteia

Campeão do Super Bowl lança documentário que ensina a verdade por trás do aborto

https://youtu.be/QjnUt5mPE4s

, 08 fev. 21 / 11:16 am (ACI).- O campeão do Super Bowl XXXIX, Benjamin Watson, lançou um novo documentário que entrevista pessoas de todo o espectro político em uma tentativa de gerar empatia e compreensão no debate sobre o aborto, a fim de que se fale com a verdade.

Intitulado "Divided Hearts of America", o filme estreou inicialmente em 17 de setembro, mas foi disponibilizado nas plataformas de vídeo Amazon Prime e Google Play no início deste mês.

Watson, estrela da Liga Nacional de Futebol Americano que venceu o Super Bowl XXXIX com o Philadelphia Eagles, entrevistou mais de 30 especialistas de uma variedade de campos e antecedentes sócio-políticos para o documentário.

Expressou sua esperança de que o filme "revele a verdade sobre o aborto, as leis, a história e para onde se dirige o nosso país".

“Eu acredito na santidade da vida, seja no útero ou no seu leito de morte. Essa é a minha convicção. Mas com o filme, vou envolver aqueles que discordam e ouvir seus raciocínios. A primeira coisa que procuro é a empatia dos dois lados", acrescentou.

Escrito e dirigido por Chad Bonham, o documentário apresenta uma variedade de pessoas que compartilham suas opiniões sobre o aborto. Entre outros temas, o público escutará discussões sobre os efeitos negativos que o aborto teve nas mulheres e afro-americanos. O próprio Watson é afro-americano.

“É importante, como afro-americanos, que entendamos a história do aborto”, assinala uma mulher no trailer.

“Na cidade de Nova York, o lar da Planned Parenthood, durante décadas, houve mais bebês negros abortados que nascidos vivos. Durante décadas”, disse outro homem.

Entre outros, o filme inclui entrevistas com Alveda King, sobrinha de Dr. Martin Luther King, Jr; o ex-candidato presidencial e neurocirurgião Dr. Ben Carson; e Dra. Monica Ruberu, obstetra e palestrante pró-vida.

“O que mais noto [depois de um aborto] é que as mulheres ficam emocionalmente traumatizadas. Devem lidar com a ansiedade e a depressão dessa perda e a sociedade lhes diz que deveriam gritar seus abortos e que deveriam se orgulhar dessa escolha, mas por dentro estão em uma grande confusão”, disse Ruberu, na página do filme no Facebook.

“Acho que muitas pessoas estão vendo o que está acontecendo. Estão reconhecendo que a vida é sagrada. Com todo o conhecimento que acumulamos ... podemos criar vida? Não. Isso deveria dizer algo sobre como é sagrada", acrescenta Carson.

Publicado originalmente em CNA.

ACI Digital

Era professora no Brasil, tornou-se monja na Alemanha e evangeliza o mundo pela internet

Irmã Martina / Foto: Captura de vídeo

REDAÇÃO CENTRAL, 09 fev. 21 / 06:00 am (ACI).- Irmã Martina é uma religiosa beneditina brasileira, da Abadia de St. Walburga na Alemanha, e recentemente lançou uma série de vídeos em seu canal do Youtube, que podem contribuir para muitas pessoas superarem as dificuldades do isolamento social imposto pela pandemia.

O projeto conta com apoio não só de suas irmãs de mosteiro, como também de ex-alunos, os quais sentiam saudades das aulas da então professora Marta Braga, que ensinou em diversos Seminários no Brasil, antes de ingressar na vida monástica.

Em entrevista à ACI Digital, Ir. Martina contou como tudo começou, desde o seu chamado vocacional até a concretização deste projeto que traz vídeos formativos em português, inglês e alemão.

Nascida no Rio de Janeiro, Marta Braga é a caçula de uma família católica de 10 filhos. Seu pai era engenheiro e, devido ao trabalho, moraram também na Bahia e em São Paulo. “Nossa vida em casa era cheia de atividades culturais e religiosas e sempre fomos muito ligados ao Mosteiro de São Bento do Rio [de Janeiro]”, recordou.

Como professora, ensinou “em escolas primárias e secundárias” e, mais tarde, fez Doutorado na Universidade de Navarra, na Espanha. Ao retornar para o Brasil, ensinou História da Igreja e Doutrina Social Católica em Seminários e cursos de Teologia em Petrópolis, Niterói, Nova Friburgo e Rio de Janeiro, além de dar palestras em outros lugares do país.

“Minha vida era muito ativa e cheia de responsabilidades, mas Deus me deu o privilégio de poder cuidar dos meus pais velhinhos e estar cercada pela família numerosa e excelentes amigos e alunos”, lembrou.

Durante todo esse percurso de sua vida, indicou Ir. Martina, o chamado vocacional “estava sempre lá, de alguma forma”. “Meus pais tinham uma fé católica muito sólida e saudável, uma fé que se relacionava profundamente com o mundo cultural e intelectual e com o amor do próximo. Nos braços deles aprendi o cerne da minha vida religiosa”, garantiu, sublinhando que também contou com a ajuda de “sacerdotes, amigos, retiros, leituras, vida de sacramento e oração, o trabalho com a Teologia”.

“Mas tudo isso de uma forma nunca exagerada; pelo contrário, a fé sempre me impulsionou a ser mais profundamente humana e 'normal', por assim dizer. Mesmo em meio às muitas atividades e viagens e amizades, uma voz sempre me parecia dizer que Deus tinha ainda outro plano para mim. Esse plano Ele foi mostrando aos poucos, sem pressa. Isso nem sempre foi fácil, por causa da minha própria impulsividade. Mas Ele sabia tudo e tinha o Seu tempo”, relatou.

E aquela sua ligação como Mosteiro de São Bento também contribuiu para decidir ingressar na vida monástica. “A imagem dos monges cantando gregoriano sempre me atraiu pela paz, profundidade e estabilidade da sua vida”, contou, destacando que também colaborou seu “temperamento” que sempre a levou “na direção de uma vida católica sólida e experimentada, como a que eu tinha vivido na minha família”.

Além disso, indicou que, “embora conhecesse e aprendesse muito com vários movimentos católicos mais modernos, o meu amor pela História também me fazia buscar algo mais antigo, mais provado pelo tempo”.

Então, quando estava estudando na Europa, passou a visitar mosteiros, “aproveitando da famosa hospitalidade beneditina que me permitia pagar a estadia com o meu trabalho junto com as Irmãs”.

Por outro lado, uma irmã dela que mora nos Estados Unidos fez contato com a Abadia de St. Walburga no Colorado, fundada pelas religiosas alemãs. “E foi através dessa minha irmã que eu visitei o meu mosteiro aqui na Alemanha pela primeira vez, treze anos antes de finalmente pedir para entrar, já aos quarenta anos de idade!”, recordou.

Segundo Ir. Martina, a Abadia alemã “tem uma história de quase mil anos e justamente a solidez e experiência que buscava”. “Além do típico silêncio e quietude da via monástica, eu acho aqui também a ligação entre fé, cultura e intelectualidade que para mim sempre foi tão essencial”.

E é essa “associação entre fé e cultura” que faz o projeto dos vídeos de formação no Youtube “possível e recomendável”.

Ir. Martina admitiu que sente “muitas saudades de ensinar”. Além disso, afirmou, “vivendo aqui na Alemanha, sinto falta de fazer alguma coisa pelo Brasil, pela minha pátria e pela minha gente que eu amo tanto”.

“Tudo isso convergiu agora para esse projeto, cujo estopim foi a situação de isolamento que todos vivemos por causa do vírus. Pensei comigo que, na clausura, eu não sinto muito as dificuldades da distância social, mas que eu podia, talvez, aproveitar o momento para fazer algo que ajudasse os outros a suportá-la”, contou a religiosa, que teve o apoio de “muitos antigos alunos”.

O objetivo, conforme explicou, “é muito simples e modesto: anunciar, comunicar e alegrar-se na fé”.

Inicialmente, a ideia era gravar os vídeos apenas em português, “para o Brasil”. Porém, como esses “tiveram certo sucesso”, a irmã da religiosa que mora nos Estados Unidos pediu que ela gravasse também em inglês, “para os sete filhos dela e suas famílias”. Estes acabaram “enviando para amigos e conhecidos” e agora, Ir. Martina tem recebido retorno até de “amigos na Inglaterra”.

De acordo com a religiosa, as duas versões já lhe “tomam bastante tempo”. Entretanto, o capelão da Abadia sugeriu que ela “fizesse também uma versão em alemão porque a Igreja na Alemanha é rica materialmente, mas infelizmente pobre em temas de doutrina e moral”. Assim nasceu a versão em alemão, com a devida aprovação da abadessa.

Na primeira série sobre “Liberdade & Fé”, aborda os “valores da vida monástica que podem também, com muito proveito, ser vividos pelas pessoas no mundo”.

Posteriormente, contou, “aparecerão outras séries, mas ainda não sei sobre quais temas... certamente algo que tenha a ver com a minha experiência de professora”.

Segundo ela, os “vídeos serão sempre caseiros e modestos, feitos com o coração e sem pretensão de profissionalismo midiático. É como uma conversa entre amigos”, indicou Ir. Martina, ressaltando que, “embora as circunstâncias da clausura e do fuso horário tornem impossível uma interação real por vídeo”, tem recebido “feedback das pessoas através de e-mail e as amizades vão assim se formando”.

No entanto, sublinhou, o importante é “que tudo permaneça sempre humilde e modesto: algo nascido do coração e da experiência e submetido à vontade e à graça de Deus! Quem faz todo o resto é Ele...”, concluiu.

Para assistir aos vídeos de Ir. Martina, acesse AQUI.

ACI Digital

Ser idoso é um presente de Deus

Vatican News

Foi apresentado, nesta terça-feira, o documento da Pontifícia Academia para a Vida sobre a condição da “terceira idade” depois da pandemia.

Davide Dionisi/Mariangela Jaguraba – Vatican News

“A velhice: o nosso futuro. A condição dos idosos depois da pandemia.” Este é o título do documento publicado, nesta terça-feira (09/02), com o qual a Pontifícia Academia para a Vida (PAV), de acordo com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, propõe uma reflexão sobre os ensinamentos a serem extraídos da tragédia causada pela difusão da Covid-19, sobre suas consequências para hoje e para o futuro próximo de nossas sociedades.

Repensar o modelo de desenvolvimento

Ensinamentos que evidenciaram uma dupla consciência: “Por um lado, a interdependência entre todos e, por outro, a presença de fortes desigualdades. Estamos todos à mercê da mesma tempestade, mas num certo sentido, também se pode dizer que estamos remando em barcos diferentes: os mais frágeis estão afundando todos os dias. É indispensável repensar o modelo de desenvolvimento de todo o planeta”, afirma o documento, que retoma a reflexão já iniciada com a Nota de 30 de março de 2020 (Pandemia e Fraternidade Universal), prosseguida da Nota de 22 de julho de 2020 (A Humana Communitas na Era da Pandemia). Reflexões desatualizadas sobre o renascimento da vida) e com o documento conjunto com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Vacina para todos. Vinte itens para um mundo mais justo e saudável) de 28 de dezembro de 2020. A intenção é “propor o caminho da Igreja, mestra de humanidade, a um mundo transformado pela Covid-19, a mulheres e homens em busca de sentido e esperança para suas vidas”.

A Covid-19 e os idosos

Durante a primeira onda da pandemia, uma proporção considerável de mortes pela Covid-19 ocorreu nas instituições para idosos, lugares que deveriam proteger a “parte mais frágil da sociedade” e onde a morte atingiu desproporcionalmente mais em relação à casa e ao ambiente familiar. “O que aconteceu durante a Covid-19 impede de descartar a questão com uma busca por bodes expiatórios, por culpados individuais. Por outro lado, é necessário que se levante um coro em defesa dos excelentes resultados daqueles que evitaram o contágio nos asilos. Precisamos de uma nova visão, de um novo paradigma que permita à sociedade cuidar dos idosos”.

Em 2050, dois bilhões de pessoas com mais de 60 anos

O documento da PAV evidencia que “do ponto de vista estatístico e sociológico, homens e mulheres têm geralmente hoje uma expectativa de vida mais longa. Esta grande transformação demográfica representa, de fato, um desafio cultural, antropológico e econômico”. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2050, haverá dois bilhões de pessoas com mais de 60 anos no mundo: uma a cada cinco pessoas será idosa. “Portanto, é essencial tornar nossas cidades lugares inclusivos e acolhedores para os idosos e, em geral, para todas as formas de fragilidade”.

Ser idoso é um presente de Deus

Em nossa sociedade, prevalece muitas vezes a ideia da velhice como uma idade infeliz, sempre entendida apenas como a idade da assistência, da necessidade e das despesas para o tratamento médico. “Ser idoso é um presente de Deus e um enorme recurso, uma conquista a ser salvaguardada com cuidado, mesmo quando a doença se torna incapacitante e surge a necessidade de cuidados integrados e de alta qualidade. É inegável que a pandemia reforçou em todos nós a consciência de que a riqueza dos anos é um tesouro a ser valorizado e protegido”, ressalta o documento.

Um novo modelo para os vulneráveis

Quanto à assistência, a PAV indica um novo modelo especialmente para os mais frágeis inspirado na pessoa “A implementação deste princípio implica uma intervenção articulada em diferentes níveis, que realiza um cuidado contínuo entre a própria casa e alguns serviços externos, sem cesuras traumáticas, não adequadas à fragilidade do envelhecimento”, especifica o documento, observando que “as casas de repouso devem se requalificar num contínuo sócio-sanitário, ou seja, oferecer alguns de seus serviços diretamente nos domicílios dos idosos: hospitalização em casa, cuidando da pessoa individual com respostas de assistenciais moduladas nas necessidades pessoais em baixa ou alta intensidade, onde a assistência social e sanitária integrada e o cuidado domiciliar continuam sendo o pivô de um novo e moderno paradigma”. Em substância, espera-se reinventar uma rede mais ampla de solidariedade “não necessariamente e exclusivamente baseada em vínculos de sangue, mas articulada de acordo com as pertenças, amizades, sentimentos comuns, generosidade recíproca na resposta às necessidades dos outros”.

O encontro entre gerações

Quanto ao confronto com os jovens, o documento evoca um “encontro” que possa levar para o tecido social “aquela nova seiva de humanismo que tornaria a sociedade mais solidaria”. Muitas vezes o Papa Francisco exortou os jovens a ficarem perto de seus avós”, acrescentando que “o homem que envelhece não se aproxima do fim, mas do mistério da eternidade. Para entender isto ele precisa se aproximar de Deus e viver na relação com Ele. Cuidar da espiritualidade dos idosos, de sua necessidade de intimidade com Cristo e de partilha da fé é uma tarefa de caridade na Igreja”. O documento deixa claro que “é somente graças aos idosos que os jovens podem redescobrir suas raízes, e é somente graças aos jovens que os idosos recuperam a capacidade de sonhar”.

A fragilidade como magistério

O testemunho que os idosos podem dar através de sua fragilidade também é precioso. “Ele pode ser lido como um magistério, um ensinamento de vida”, observa a reflexão, esclarecendo que “a velhice também deve ser entendida neste horizonte espiritual: é a idade propícia do abandono a Deus. À medida que o corpo enfraquece, a vitalidade psíquica, a memória e a mente diminuem, a dependência da pessoa humana de Deus parece cada vez mais evidente.”

A mudança cultural

Por fim, um apelo: “Toda a sociedade civil, a Igreja e as diversas tradições religiosas, o mundo da cultura, da escola, do voluntariado, do espetáculo, da economia e das comunicações sociais devem sentir a responsabilidade de sugerir e apoiar medidas novas e incisivas, para que seja possível acompanhar e cuidar dos idosos em contextos familiares, em suas próprias casas e, em todo caso, em ambientes domésticos que mais se assemelham a uma casa do que a um hospital. Esta é uma mudança cultural a ser implementada.”

Vatican News

S. APOLÔNIA, VIRGEM E MÁRTIR DE ALEXANDRIA NO EGIPTO

Sta. Apolônia | VaticanMedia

Santa Apolônia, Padroeira dos dentistas e dos que sofrem dos dentes.

Registros históricos

Santa Apolônia viveu no tempo do império romano por volta do ano 249. Era o tempo do imperador Felipe, que foi derrotado por Décio. Este tornou-se um dos  mais cruéis perseguidores dos cristãos. Apolônia era filha de um rico magistrado de Alexandria, cidade importante do Egito, então sob o domínio do império Romano. Apolônia teve sua história contada pelo então Bispo de Alexandria, São Dionísio, em cartas ao Bispo Fabio de Antioquia.

Perseguição

Na sétima investida do Imperador Décio contra os cristãos, ela foi capturada. Como Décio sempre fazia, Apolônia foi obrigada a renunciar a sua fé cristã pelas forças do império. Além disso, foi obrigada a prestar culto aos deuses romanos e a obedecer o Imperador. Santa Apolônia, porém, firme na fé e tomada por uma coragem impressionante, negou-se a obedecer. Por isso, ela passou a sofrer terríveis torturas em praça pública, diante de todo o povo, que se impressionava com tudo o que via.

Padroeira dos dentistas

Em meio às grandes torturas que sofreu sem negar sua fé, Santa Apolônia teve seus dentes arrancados por pedras afiadas. Mesmo sofrendo a dor lancinante de ter seus dentes quebrados, ela não renunciou à sua fé em Jesus Cristo. Ao ver sua firmeza na fé, os carrascos quebraram sua face com pancadas. Em seguida, foi condenada a morrer queimada. Depois de sua morte, seus dentes foram recolhidos e levados para vários mosteiros. Existe um dente e um pedaço de sua mandíbula no Mosteiro de Santa Apolônia em Florença, Itália.

Morte de Santa Apolônia

Depois de todos os sofrimentos pelos quais tinha passado, Santa Apolônia ainda reunia forças para mostrar a todos sua fé inabalável. Assim, mesmo amarrada, ela própria se jogou na fogueira onde morreria, dizendo que preferia a morte a renunciar sua fé em Cristo Jesus. Deus, porém, protegeu Santa Apolônia e ela escapou ilesa da fogueira. Muitos dos presentes se converteram ao presenciar este fato. Então os algozes lhe deram vários golpes de espada e lhe deceparam a cabeça. Santa Apolônia faleceu no ano de 249.

Reverência de Santo Agostinho

Mais tarde Santo Agostinho explicou que esse ato de Santa Apolônia foi inspirado pelo Espírito Santo, como um ato de coragem ao enfrentar todas as forças da época em nome de Jesus Cristo.

Canonização e festa

Santa Apolônia foi canonizada no ano 300. Seu culto é mais conhecido e divulgado na Europa, principalmente na Alemanha, França e Itália. Sua festa litúrgica é realizada no dia 9 de fevereiro. Ela é padroeira da Odontologia e dos cirurgiões-dentistas, dos que sofrem de dores na boca e problemas nos dentes.

Representação

Por ter tido os seus dentes arrancados ela é representada por uma imagem de uma senhora com vestes simples, adornada de um véu. Tem a seus pés uma palma e um fórceps na mão segurando um dente.

Oração a Santa Apolônia

"Óh bom Deus. Rogamos que a intercessão da gloriosa mártir de Alexandria, Santa Apolônia, nos livre de todas as enfermidades do rosto e da boca. Lembrai-vos principalmente das criaturas inocentes e indefesas. Afastai, se possível, a amargura das dores de dente. Iluminai, fortificai e protegei os cirurgiões-dentistas, para que sempre se dediquem ao próximo com o amor que de vós emana, e nos seja dado usufruir de vosso reino. Santa Apolônia, intercedei a Deus por nós. Amém."

Cruz da Serra Santa

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF